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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE MEDICINA – FM DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL MEDICINA LEGAL E DEONTOLOGIA APOSTILA DE MEDICINA LEGAL MANAUS - 2010 Universidade Federal do Amazonas Departamento de Patologia e Medicina Legal Apostila de Medicina Legal Programa de Monitoria 2010/1 Criado e Desenvolvido – monitora Márcia Karam Revisado e Atualizado¹ – monitor David Lunière Gonçalves Revisado e Aualizado² - monitores Rebecca Stabenow e Rodrigo Botelho Caldeira Orientados e Supervisionados pelo professor: Helder Freitas Alagia Material Didático que esta apostila contém: Introdução à Medicina Legal Documentos Médico-Legais Perícia e Peritos Dactiloscopia Tanatologia Exame de Corpo de Delito (Quesitos Oficiais) Traumatologia Asfixiologia Sexologia Forense Obstetrícia Forense (Gravidez, parto) Aborto Infanticídio Sexologia Criminal Transtornos de Sexualidade INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL Conceito: É a medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais. É a aplicação dos conhecimentos médicos cirúrgicos a legislação. Trata de assuntos médicos que haja interesse policial ou judiciário constituindo-se como arte (técnica própria) e ciência (preceitos próprios) e está ligada tanto ao direito constituído (legislação em vigor) quando ao direito constituendo (legislação que vai ser elaborada). Definição: As inúmeras relações com outras ciências, bem como o seu extenso raio de atividade tornam a Medicina Legal difícil de ser definida com precisão. Em geral, cada definidor, conceitua esta ciência, levando em consideração sua forma de atuação, como entende sua prática, sua contribuição e sua importância diante dos justos e elevados reclamos da sociedade. Assim os autores têm, ao longo dos anos, intentado inúmeras definições dentre as quais se destacam: "É a arte de fazer relatórios em juízo". (Ambrósio Paré) "É a aplicação de conhecimentos médicos aos problemas judiciais". (Nério Rojas) "É a ciência do médico aplicada aos fins da ciência do Direito". (Buchner) "É a arte de pôr os conceitos médicos ao serviço da administração da justiça". (Lacassagne) "É a medicina a serviço das ciências jurídicas e sociais". (Genival V. de França) Sinonímia: medicina forense, medicina judiciária, antropologia forense, medicina criminal Classificação: Levando-se em consideração o enfoque ou destinação, a Medicina Legal pode ser classificada em histórica, profissional, doutrinária ou didática. Esta divisão é feita para facilitar o estudo dos diversos ramos desta complexa atividade. - Medicina Legal Histórica: dividida em Pericial, Legislativa, Doutrinária e Filosófica - Medicina Legal Profissional: Pericial, Criminalísticas e Antropologia Médico-Legal - Medicina Legal Didática: Geral e Especial A Medicina Legal Especial é a que apresenta uma subdivisão maior, a saber: - Antropologia médico-legal: estuda a identidade e a identificação médico-legal e judiciária -Traumatologia médico-legal: trata das lesões corporais sob o ponto de vista jurídico -Tanatologia médico-legal: estudo da morte, seus fenômenos e sua legislação -Sexologia médico-legal: vê a sexualidade do ponto de vista normal, anormal e criminoso -Genética médico-legal: especifica questões voltadas ao vínculo genético -Criminalísticas: investiga tecnicamente os indícios materiais do crime -Criminologia: preocupa-se com aspectos da criminogênese, do criminoso da vitima e do ambiente -Infortunística: estuda os acidentes e doenças de trabalho -Psicologia Judiciária: analisa o psiquismo normal e as causas que podem deformar a capacidade de entendimento da testemunha, da confissão, do delinqüente e da vítima -Psiquiatria médico-legal: estuda transtornos mentais e problemas da capacidade civil, do ponto de vista médico-forense . -Toxicologia médico-legal: estuda os cáusticos e venenos e os procedimentos periciais nos casos de envenenamento -Vitiologia: trata da vítima como elemento inseparável na justificativa dos delitos. Obs.: Diceologia: Estuda as obrigações, direitos e deveres do médico. Deontologia: Estuda o exercício legal, ilegal da medicina, ética médica, responsabilidade e honorários médicos. DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS "Documento: Qualquer base do conhecimento fixada materialmente e disposta de maneira que se possa utilizar para consulta, de estudo, prova etc.". (A. B. de Holanda) "Título ou diploma ou declaração escrita que serve de prova".(da Cunha) "Documentos médico-judiciários: São instrumentos escritos, ou simples exposições verbais mediante os quais o médico fornece esclarecimentos a justiça" Conceito: É toda informação escrita, por um médico, por qualquer razão, em que matéria médica de interesse jurídico é relatada. É evidente que se trata de profissional habilitado, na forma da legislação vigente, e que tenha praticado ato médico específico. Espécies: 1. Notificações: “São comunicações compulsórias feitas pelos médicos às autoridades competentes de um fato profissional, por necessidade social ou sanitária, como acidente do trabalho, doenças infecto-contagiosas, uso habitual de substâncias entorpecentes ou crime de ação pública que tiverem conhecimento e não exponham o cliente a procedimento criminal”. (G.V.França) 2. Atestados: apresentam particularidades conforme o caso a que se destinam. Consiste em uma afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas conseqüências. 3. Relatório: É a descrição minuciosa de um fato médico e de suas conseqüências, requisitadas por autoridade competente. O relatório recebe o nome de AUTO quando é ditado pelo perito ao escrivão, durante ou logo após, e denominado de LAUDO quando é redigido pelo(s) próprio(s) perito(s), posteriormente ao exame. Obs: Conceitualmente há diferenças entre auto e laudo, na prática, porém, estas diferenças tendem a desaparecer. Exemplo típico de auto é o chamado “auto de corpo de delito”. A vítima dirige-se ao plantão do Pronto Socorro Oficial e, ao ser atendida, já se abre o inquérito. Além do médico clínico, ali se encontra o legista, que dita ao escrivão suas observações médico-legais. Faz-se, assim, simples relatório imediato, ditado e sem responder a quesitos. Entretanto, os “autos de exame necroscópico” do Instituto Médico Legal são fornecidos a posteriori, por escrito e respondendo a quesitos, o que seria próprio de laudo. Verifica-se que as diferenças estão desaparecendo e os dois termos chegam a se confundir no uso diário. 4. Pareceres: É a resposta escrita de autoridade médica, de comissão de profissionais ou de sociedade científica, a consulta formulada com o intuito de esclarecer questões de interesse jurídico PERÍCIA E PERITOS Provas: É a soma dos fatos produtores da convicção dentro do processo. Importância: "O poder judiciário não pode apreciar todos os fatos ou negócios jurídicos sem a colaboração de técnicos ou de pessoas doutoras em determinados assuntos, razão pela qual se torna necessária a perícia". Objeto da Perícia Médico-Legal: A) Sobre pessoas vivas (idade, diagnóstico, verificação) B) Sobre pessoas mortas (cadáveres, esqueletos) C) Sobre semoventes (domésticos, pegadas, unhadas) D) Sobre objetos ou instrumentos (balística, dactiloscópico,manchas) Peritos: Todo técnico que designado pela justiça, recebe o encargo de mediante exames específicos, prestar esclarecimentos necessários e indispensáveis a solução de uma demanda processual. Modalidades: A) OFICIAIS: (médico-legistas e peritos criminais) a) Formação Universitária b) Dentro das Normas do Concurso c) Conhecimento Especializado B) LOUVADOS, NOMEADOS, DESIGNADOS, NÃO OFICIAIS, "AD HO”: a) Formação Universitária b) Inscrição no Órgão de Classe c) Comprovação da Especialidade d) Indicação por Livre Escolha do Juiz C) ASSISTENTES TÉCNICOS: Peritos indicados pelas partes nos juízos civil e trabalhista. Não participam no foro criminal. Corpo de Delito: O exame de corpo de delito direto é aquele realizado por perito para provar a materialidade do crime. As infrações penais podem deixar vestígios (delicta facti permanentis), como o homicídio, a lesão corporal, e não deixar vestígios (delicta facti transeuntis), como as injúrias verbais, o desacato. O corpo de delito vem a ser o conjunto de vestígios deixados pelo fato criminoso. Verifica-se que os exames de corpo de delito e as outras perícias são, em regra, feitos por peritos oficiais, e na sua ausência o exame poderá ser feito por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas de preferência as que tiverem habilitação técnica, relacionada à natureza do exame. Necropsia: A necropsia é um exame interno feito no cadáver a fim de constatar a causa mortis feita, pelo menos, seis horas após o óbito, exceto nos casos de morte violenta, quando será suficiente um simples exame externo do cadáver, não havendo infração penal a ser apurada, ou mesmo havendo infração penal a ser apurada, se as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para verificação de alguma circunstância relevante (art. 162 CPP). Exumação: A exumação é o procedimento de desenterramento do cadáver para exame cadavérico interno e externo para constatação da causa mortis. Para tanto, deverá a autoridade tomar as providências afim de que, em dia e hora prefixados, se realiza a diligência, lavrando-se, a respeito, o auto consubstanciado (arts. 163/165 CPP). O administrador do cemitério deverá indicar a sepultura, sob pena de incorrer em crime de desobediência (art. 330 CP). Serviço de Verificação de Óbito: Serviço criado pela legislação, de diversos estados, com a finalidade precípua de se verificar ou esclarecer, mediante exame necroscópico, a causa real da morte, nos casos em que esta tenha ocorrido de forma não violenta sem assistência médica, ou com assistência médica quando houver necessidade e apurar a exatidão do diagnóstico. DACTILOSCOPIA Conceito: É o processo de identificação humana, baseado no estudo das cristas papilares dos dedos, impressos num suporte qualquer. Fundamentos: Biológicos: Perenidade Imutabilidade Unicidade. Técnicos: Praticabilidade e Classificabilidade Desenhos: IMPRESSÃO DIGITAL: Ajuntamento de linhas (pretas e brancas) sobre determinada superfície. LINHAS PRETAS: Impressões das cristas papilares. LINHAS BRANCAS: Paralelas as anteriores (sulcos) PONTOS BRANCOS: Sobre as linhas pretas. Correspondem as aberturas dos ductos excretores das glândulas sudoríparas. Disposição das Linhas: SISTEMA BASAL- Conjunto de linhas paralelas ao sulco que separa a segunda da terceira falange. SISTEMA MARGINAL - Conjunto de linhas das bordas e extremidades da terceira falange. Ao redor do núcleo. SISTEMA NUCLEAR - Entre os sistemas anteriores. DELTA: Ponto de encontro dos três sistemas. Tipos Fundamentais: Comparação: V – verticilo .......... – 4 – dois deltas E – presilha externa – 3 – um delta à esquerda I – presilha interna . – 2 – um delta à direita A – arco .................. – 1 – ausência de delta Fórmula Dactiloscópica: MÃO DIREITA ------------------- MÃO ESQUERDA 1º DEDO (polegar) – sempre será letra DEMAIS DEDOS – números E – 1122 _______ I – 4421 TANATOLOGIA Do Grego: TANATOS = MORTE - LOGOS = ESTUDO Definição: É a parte da Medicina Legal que estuda a morte, seus fenômenos e sua legislação. MORTE: Extinção da vida. Consiste na cessação definitiva de todas as funções de um organismo vivo, seus fenômenos vitais, bem como funções cerebrais, circulatórias e respiratórias. Porém, essas funções não cessam todas no mesmo instante, resultando em certa dificuldade para se determinar o exato momento da morte. No âmbito da Medicina Legal, define Nerio Rojas: “O término legal da existência civil da pessoa.” Conceitos: Tanatolegislação: Conjunto de dispositivos legais concernentes a morte e ao destino dos cadáveres. Tanatognose = Tanatodiagnóstico: Diagnóstico de morte real e o conjunto de sinais biológicos e propedêuticos que a caracterizam. Tanatografia: Descrição dos sinais que caracterizam os períodos pré agônico e agônico. Tanatosemiologia: Parte da tanatologia que estuda os fenômenos cadavéricos. Cronotanatognose: Parte da tanatologia que estuda os meios de determinação do tempo decorrido entre a morte e o exame cadavérico. Tipos de Morte: Morte Real: Quando apresenta sinais conclusivos de morte que são os resultantes da transformação cadavérica. Morte Aparente: Estado passageiro do organismo em que parecem abolidas suas funções vitais (= morte clínica). Ex.: narcolepsia Morte Súbita: Imprevista, atingindo pessoas em aparente estado de saúde ou enfermas e que não era prevista. Morte Agônica: Extinção lenta e progressiva das funções vitais. Morte Violenta: Desencadeada por ação abrupta e intensa ou continuada e persistente de um agente mecânico, físico ou químico sobre o organismo. Morte Suspeita: Etiologia não esclarecida ou possibilidade de crime. Morte Natural: Resulta de alterações orgânicas ou perturbações funcionais, provocada por agentes naturais, inclusive os patogênicos sem interferência de fatores mecânicos na sua produção. Morte Encefálica: Abolição total e definitiva das funções vitais relacionadas a um dano encefálico irreversível, conservando-se por meios artificiais as funções de vida vegetativa. Morte por Inibição: Desproporção entre a escassa intensidade da ação traumática ou irritativa em áreas sensíveis ou todo o corpo, e sua conseqüência. Morte Materna: Segundo OMS: “Morte havida por qualquer causa em mulher grávida, ou dentro dos quarenta e dois dias do puerpério, independentemente da duração da prenhez e do local de implantação do ovo.” Morte Neonatal: É a morte, por qualquer causa, de um bebê durante o trabalho de parto ou após o seu nascimento por um período de 28 dias. Morte Piedosa = Eutanásia: É quando uma pessoa, com uma doença em estágio terminal, pede para morrer de uma forma rápida e suave, dando fim ao sofrimento de uma doença incurável Cadáver: Corpo sem vida de homem ou animal. Após a morte o organismo sofre alterações causadas por agentes físicos, químicos e biológicos. Decomposição cadavérica: Alterações de partes moles até a esqueletização. Fenômenos Cadavéricos Variam quanto à natureza, aspecto e duração, pois sofrem influências de variáveis como: estado de nutrição, circunstâncias da morte, condições climáticas do local e meteorológicas, forma de inumação e local. Para se verificar a certeza da morte é necessária a observação cuidadosa dos fenômenos cadavéricos. Estes podem ser divididos em dois: Fenômenos Abióticos avitais ou vitais negativos e Fenômenos Transformativos. Não existe um sinal patognomônico de morte até surgirem os fenômenos transformativos do cadáver porque, na realidade, amorte não é um momento, mas um processo gradativo. Quanto mais distante o momento da morte, mais complicado o seu diagnóstico. 1) Fenômenos Abióticos Avitais ou Vitais Negativos: Evidenciam a extinção da vida e se dividem em Imediatos e Tardios ou Consecutivos. a) Imediatos - Insensibilidade - Imobilidade - Amolecimento - Face Hipocrática (Imóvel, relaxada, sem expressão) - Relaxamento de esfíncteres - Inexcitabilidade elétrica - Cessação da respiração - Cessação da circulação b) Tardios ou Consecutivos - Desidratação - Resfriamento do Corpo - Hipostases Cadavéricas - Rigidez Cadavérica - Desidratação: Decréscimo do peso, apergaminhamento da pele, dessecamento das mucosas dos lábios, modificação dos globos oculares. - Resfriamento do Corpo: Com a morte cessam os processos aeróbios, o corpo tende a igualar sua temperatura com o meio; e, a velocidade com que este resfria vai depender de fatores intrínsecos e fatores extrínsecos. • Intrínsecos: Idade (crianças e idosos resfriam mais rápido) Constituição corporal (magros e caquéticos mais que obesos) Doenças termogênicas (pode aumentar a temperatura) • Extrínsecos: Vestes Umidade Arejamento Proteção Na prática, aproximadamente... Crianças 20h Adultos 24 a 26h Para: Flamineo Favero: 1.5 graus centigrados por hora. Lombroso dissociação axilo/retal de 5 graus e indicio de morte Keith-Simps: primeiras 12h = 1 grau por hora após 12h = 0.5 grau por hora Regra de Bouchut: Relação aproximada da temperatura do cadáver e o tempo de óbito. (em temperatura ambiente entre 5 a 15 graus) Nas primeiras 12h = 0.8 a 1 grau por hora Nas 12h seguintes = 0.3 a 0.5 grau por hora Fórmula de Glaister: Avaliação do tempo decorrido de morte N - C H = --------- 1.50 Onde: H = horas de óbito C = temperatura retal do cadáver N = temperatura retal normal - Hipóstases Cadavéricas ou Livores: Manchas hipostáticas que se formam nas partes declives dos cadáveres, em conseqüência do acúmulo de sangue nestas regiões, sob ação da gravidade. Iniciam o aparecimento em geral entre 2 a 3h após a morte, fixando-se definitivamente em 8 a 12h. Possuem coloração violácea e começam em forma de estrias ou manchas arredondadas que se reúnem em placas, até alcançar grandes superfícies do corpo. São úteis para verificar a movimentação do cadáver. - Rigidez Cadavérica: Ocorre devido à desidratação e acidificação dos tecidos (devido a glicose anaeróbia decorrente da supressão de O2 celular). Iniciam-se logo após a morte, na mandíbula depois da 2ª hora; em seguida nuca (2-4h), tórax, membros superiores, abdômen e membros inferiores. Toma todo o corpo dentro de 3 a 6h. Se caso ocorrer manipulação do cadáver com rigidez cadavérica, este não voltará a ficar rígido novamente. Lei de Nysten – Somer e Larcher: sequência do aparecimento e desaparecimento da rigidez cadavérica = crânio-podálico Instalação: Mandíbula Nuca Tórax Membros superiores Abdômen Membros inferiores Desaparecimento: Na mesma sequência em 2 a 3 dias Regra de Niderkorn (quanto à instalação da rigidez cadavérica): Precoce: antes de 3h Normal: entre 3 – 6h Tardia: entre 6 – 9h Muito Tardia: após 9h Espasmo cadavérico: Tipo de rigidez cadavérica que se fixa instantaneamente a atitude que o individuo apresentava no último momento de vida. 2) Fenômenos Transformativos: dividem-se em Destrutivos e Conservadores. a) Destrutivos: - Autólise: Fenômenos anaeróbicos que ocorrem na célula. Devido a falta de circulação, as trocas nutritivas celulares são prejudicadas e as células sofrem ação de acidificação pelos fermentos. - Maceração: Processo especial de transformação que sofre o cadáver do feto no útero materno, do 6° a 9º mês de gravidez. A epiderme se destaca facilmente. Pode ser séptica ou asséptica. - Putrefação: Decomposição fermentativa da matéria orgânica por ação de diversos germes e fenômenos daí decorrentes.( = fermentação pútrida). Proteínas Albumoses Peptonas Aminoácidos Ptomaínas Cetoácidos Corpos fenólicos Mercaptanos Desdobram-se até: Amoníaco Uréia Ácidos graxos voláteis Gás sulfídrico Indol Escatol Ptomaína: acalóide animal ---- substância básica aminada proveniente do desdobramento de aminoácidos Neuridina Neurina (carne de pescados) Tiroxina (leite e queijos) Putrescina (sólidos, cristalizado, solúvel em água, fétido). Cadaverina É necessária a participação ativa de agentes microbianos Ex.: Germes aeróbios Proteus vulgaris Escherichia coli Estafilococcus albus Germes anaeróbios Clostridium (perfringens, sporogenes, septicus) Fermentação de glicídios e lipídios Fungos ( = levedos) Lactobacilos A putrefação divide-se em 4 fases ou períodos: 1. Período de Coloração ou Cromático: Inicia-se entre 18 a 24h com o aparecimento da mancha verde abdominal, localizada inicialmente na fossa ilíaca direita (Ceco) e posteriormente generaliza-se. É decorrente da ação bacteriana que produz gás sulfídrico que se une a hemoglobina resultando em sulfahemoglobina. Dura aproximadamente entre 7 a 12 dias. 2. Período Enfisematoso, Gasoso ou Deformativo: Inicia-se no fim da primeira semana estendendo-se por um período de 30 dias. Observa-se: Gases putrefativos no TCS Flictenas pútridas Descolamento da epiderme Edema generalizado Protrusão de olhos e língua Pele enegrecida (“cabeça de negro”) Líquidos espumosos em órgãos parenquimatosos Distensão abdominal Compressão de grandes vasos Circulação póstuma de Brouardel 3. Período Coliquativo ou de Redução de Tecidos: Pode durar de alguns meses a 2-3 anos. É a dissolução pútrida do cadáver cujas partes moles reduzem de volume pela desintegração progressiva dos tecidos. Observa-se: Decomposição dos tecidos Desagregação da estrutura corpórea Massa pastosa, semi-líquida, enegrecida e fétida Putrilagem Surge um grande número de larvas de insetos. Larvas, pupas e insetos podem informar o tempo de morte de acordo com a forma evolutiva encontrada. A ação da fauna e flora cadavérica pode alterar muito o corpo. Dípteros (moscas), coleópteros, ácaros, leptópteros e heminópteros são exemplos de fauna cadavérica. 4. Período de Esqueletização: Os ossos ficam quase livres, presos apenas pelos ligamentos articulares e tornam-se cada vez mais frágeis e leves. b) Conservadores: - Mumificação: Ocorre desidratação rápida, impedindo a ação microbiana de putrefação. Ocorre de forma natural, em locais de clima quente ou muitoseco ou ainda arenos. Pode ser também de forma artificial. - Saponificação ou Adipócera: Transformação de cadáver em substância de consistência untuosa, mole e quebradiça, amarelo-escura, com aparênca de cera ou sabão. Ocorre em terrenos argilosos. Dentre alguns fatores que favorecem podemos citar: idade jovem, obesidade e intoxicação por álcool. - Calcificação: Petrificação do corpo, mais recente em fetos mortos retidos no útero, formando litopédios (“crianças de pedra”). - Corificação: Ocorrem em cadáveres que ficam acolhidos em urnas metálicas, de preferência urnas de zinco, fechadas hermeticamente. O corpo é preservado da decomposição e apresenta a pele e cor de aspecto de couro curtido recentemente. Ação da Fauna e Flora Cadavéricas Fauna Cadavérica (larvas, pupas e ninfas): Dípteros dos Gêneros: Musca (mosca comum) Caliphora Lucilia Sarcophaga Processo: durante os três primeiros meses alimentam-se dos líquidos normais e patológicos dos cadáveres. Outros dípteros dos Gêneros: Pyophila Anthomya Tireophora Ophyra, etc... Coleópteros dos Gêneros: Corynetes Necrophorus Silpha Hister Saprinus, etc... Processo: são atraídos pelos produtos da fermentação butírica caseica amoniacal das quais se nutrem. Ácaros dos Gêneros: Uropada Tyroglyphus Glyciphagus Serrator, etc... Processo: absorvem os restos humorais dos cadáveres, dessecando-os. Lepidópteros dos Gêneros: Aglossa Tinea Tineola, etc... Outros coleópteros dos Gêneros: Attagenus Anthrenus Tenebrio Ptinus, etc... Processo: levam a esqueletização, consumindo pele, tendões, e ligamentos. Flora Cadavérica ( = fungos em cadáveres inumados): Atinge pele, boca, traquéia e estômago Aparecimento: Verão ---- 4 – 6 dias Inverno ---- 10 – 14 dias O primeiro a surgir é o Gênero Mucor (mofo comum) 1 – 2 dias. ---- penicilum ---- aspergilus Fermentação gordurosa ---- Oosphora, Eurotium, etc... Esqueletização ---- Trichoderma, Cylindrium, etc... A mumificação favorece, não desenvolve em cadáveres expostos. QUESITOS OFICIAIS Consistem em critérios de análises que visam ajudar a esclarecer se as lesões corporais são leves ou pesadas durante o exame de corpo de delito. 1. Se há ofensa à integridade corporal ou a saúde do paciente. 2. Qual o instrumento ou meio que produziu a lesão. Ex.: Instrumento: perfurante, cortante, contundente ou suas respectivas variáveis. Meio: Insidioso (a pessoa não sabe que está sendo agredida) ou físico. 3. Se produzido por fogo, veneno, asfixia, tortura, meio insidioso ou cruel. 4. Se levou a prejuízo das ocupações habituais por mais de 30 dias. 5. Se levou a perigo de vida. 6. Se levou a debilidade permanente, perda ou inutilização de membro, sentido ou função. 7. Se levou a incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável ou deformidade permanente. Obs.: Tortura: a pessoa tem consciência da agressão, mas não pode fazer nada. Cruel: quando não existe apenas intenção de ferir e sim de sofrimento prolongado. Perigo de vida: situação real que precisa de intervenção médica. Risco de vida: possibilidade de perder a vida. TRAUMATOLOGIA FORENSE Estuda as lesões e estados patológicos, imediatos ou tardios, produzidos por violência sobre o corpo humano Traumatismo: (trauma): Qualquer lesão, aberta ou fechada, produzida no organismo pela ação mecânica de um agente exógeno. Lesão: É toda perturbação da integridade anatômica ou funcional do órgão. O meio ambiente pode impor ao homem as mais diversas formas de energias causadoras de danos pessoais. Essas modalidades de energia dividem-se em: 1) Energia de ordem mecânica; 2) Energia de ordem física; 3) Energia de ordem química; 4) Energia de ordem físico-química; 5) Energia de ordem bioquímica; 6) Energia de ordem biodinâmica; 7) Energia de ordem mista. 1) ENERGIA DE ORDEM MECÂNICA São aquelas energias capazes de modificar os estados de movimento ou repouso do corpo, produzindo lesões em parte ou no todo. Esses meios atuam por meio de pressão, percussão, tração, torção, compressão, descompressão, explosão, deslizamento e contrachoque. Os meios mecânicos classificam-se em: Perfurantes, Cortantes, Contundentes, Pérfuro-Cortantes, Pérfuro-Contundentes e Corto-Cortundentes. E que por sua vez produzem, respectivamente, feridas puntiformes, cortantes, contusas, pérfuro-cortantes, pérfuro-contusas e corto-contusas. � Lesões Produzidas por Instrumentos Perfurantes: Essas lesões são causadas por instrumentos ou meios finos, alongados, pontiagudos e com diâmetro transverso, causando danos graves na profundidade do corpo da vítima. O orifício de entrada tem formato de ponto (ovalado) com reduzidas dimensões e é pouco sangrante. Ex.: agulhas, alfinetes, espinhos, etc. � Lesões Produzidas por Instrumentos Cortantes: São lesões causadas através de um gume ou meio menos afiado e o mecanismo de ação ocorre por deslizamento do gume sobre os tecidos atingidos. As características dessas lesões são: regularidades das bordas, ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida, vertentes regulares, regularidades do fundo da lesão, hemorragia abundante, predominância do comprimento sobre a profundidade, afastamento das bordas da ferida e presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento. Ex.: faca, canivete, navalha, etc. � Lesões Produzidas por Instrumentos Contundentes: Entre os agentes mecânicos, os contundentes são os maiores causadores de dano. Dentre as lesões produzidas por esses instrumentos temos: a rubefação, a escoriação, equimose, hematoma, bossa sanguínea, fraturas, luxações, entorses, roturas de vísceras internas e feridas contusas. As características de uma ferida produzida por instrumentos contundentes são: bordas irregulares, escoriadas e equimosadas; fundo irregular, vertentes irregulares, presença de pontes de tecidos íntegros ligando as vertentes, pouco sangrante, irregularidade de vasos, nervos e tendões no fundo da lesão e ângulo tendendo à obtusidade. Ex.: martelo, pedra, bastão, cacetete, etc. � Lesões Produzidas por Instrumentos Pérfuro-Cortantes: São instrumentos que possuem ponta e gume, agindo, portanto, por pressão e secção. Há os de um gume, dois gumes, três gumes ou triangulares. As lesões produzidas por instrumento de um só gumeapresentam ferimentos em forma de botoeira com fenda regular, com um ângulo agudo e outro arredondado e sua largura é notadamente maior que a espessura da lâmina que produziu a lesão. Os ferimentos causados por armas de dois gumes apresentam uma fenda de bordas iguais e ângulos agudos. E, as feridas causadas por armas de três gumes apresentam forma triangular. Ex.: Instrumento pérfuro-cortante de um gume: faca de ponta Instrumento pérfuro-cortante de dois gumes: punhal, peixeira, canivete Instrumento pérfuro-cortante de três gumes: lima � Lesões Produzidas por Instrumentos Pérfuro-Contundentes: A maioria dos instrumentos que causa esse tipo de lesão são os projéteis de arma de fogo. Nas feridas produzidas por projéteis, deve-se considerar o orifício de entrada, o trajeto e o orifício de saída. Arma de Fogo: São as peças constituídas de um ou dois canos, aberto numa das extremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil. A munição compõe-se de cinco partes: a) Estojo ou cápsula: É um receptáculo de latão ou papelão prensado, de forma cilíndrica contendo os outros elementos da munição; b) Espoleta: É a parte do cartucho que se destina a inflamar a carga. É constituído de fulminato de mercúrio, de sulfeto de antimônio e de nitrato de bário. c) Bucha: É um disco de feltro, cartão, couro, borracha, cortiça ou metal, que se separa a pólvora do projétil. d) Pólvora: É uma substância que explode pela combustão. Há a pólvora negra e a pólvora branca. Esta última não tem fumaça. Ambas produzem de 800 a 900 cm3 de gases por grama de peso. Em geral são compostas de carvão pulverizado, enxofre e salitre. e) Projétil: É o verdadeiro instrumento pérfuro-contundente, quase sempre de chumbo nu ou revestido de níquel ou qualquer outra liga metálica. Os mais antigos eram esféricos. Os mais modernos são cilíndricos-ogivais. Mecanismo de Ação: O projétil desloca-se da arma graças a combustão da pólvora, quando ganha movimento de rotação propulsão, ao atingir o alvo atuam por pressão, havendo afastamento e rompimento das fibras. O alvo é também atingido por compressão de gases que acompanha o projétil. Tiros Encostados: O orifício de entrada nos tiros encostados apresenta forma irregular, denteada ou com entalhes devido à ação dos gases que deslocam e dilaceram os tecidos. Em torno desse tipo de ferimento encontramos crepitações gasosas na tela subcutânea proveniente da infiltração dos gases. Esse tipo de ferimento é conhecido como câmara de mina de Hoffman ou boca de mina de Hoffman. Tiros à Curta Distância: O orifício de entrada nos tiros de curta distância apresenta: formas arredondadas ou ovalar, orla de escoriação, bordas invertidas, halo de enxugo, zona de tatuagem, zona de esfumaçamento, zona de queimadura, aréola equimótica e zona de compressão de gases. Tiros à Distância: O orifício de entrada nos tiros à distância apresenta: formas arredondadas ou ovalar, orla de escoriação, aréola equimótica, halo de enxugo e bordas reviradas para dentro. � Importante: • Sinal de Bonnet: Formações de halos hemorrágicos nas vísceras • Sinal de Benasi: Pólvora depositada ao redor do orifício de entrada dos projéteis. Orifício de Entrada: (elementos): a) Zona de Contusão: Deve-se ao arrancamento da epiderme motivado pelo movimento rotatório do projétil antes de penetrar no corpo, pois sua ação é de início contundente. b) Aréola Equimótica: É representada por uma zona superficial e relativamente difusa da hemorragia oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhanças do ferimento. c) Orla de Enxugo: É uma zona que se encontra nas proximidades do orifício, de cor quase sempre escura que se adaptou às faces da bala, limpando-as dos resíduos de pólvora. d) Zona de Tatuagem: É mais ou menos arredondada, nos tiros perpendiculares, ou de formas crescentes nos oblíquos. É resultante da impregnação de partículas de pólvora incombustas que alcançam o corpo. e) Zona de Esfumaçamento: É produzida pelo depósito de fuligem da pólvora ao redor do orifício de entrada. f) Zona de Chamuscamento ou Queimadura: Tem como responsável a ação super aquecida dos gases que atingem e queimam o alvo. g) Zona de Compressão de Gases: Vista apenas nos primeiros instantes no vivo. É produzida graças à ação mecânica dos gases, que acompanha o projétil quando atingem a pele. � Lesões Produzidas por Instrumentos Corto-Contundentes: A ação desses instrumentos se faz pelo deslizamento, pela percussão, bem como pela pressão. As características desse tipo de lesão são bordas irregulares e escoriadas, vertentes regulares, fundo regular com tecidos seccionados ou fraturados. Ex.: machado, enxada, terçado, etc. Obs.: Diferenciação das Lesões: A) RUBEFAÇÃO: alteração vasomotora da região; dura cerca de duas horas no máximo; B) EDEMA: derrame seroso; C) ESCORIAÇÃO: perda traumática da epiderme (serosidade, gotas de sangue, crosta); D) EQUIMOSE: derrame hemático que infiltra e coagula nas malhas do tecido. Permite dizer qual o ponto onde se produziu a violência. Indica a natureza do atentado. Pode afirmar se o indivíduo achava-se vivo no momento do traumatismo. Indica a data provável da violência. 1º dia: lívida ou vermelha - 2º e 3º dia: arroxeada - 4º e 6º dia: azul - 7º ao 10º dia: esverdeada - 10º ao 12º dia: amarela-esverdeada - 12º ao 17º dia: amarela E) HEMATOMA: é uma coleção hemática produzida pelo sangue extravasado de vasos calibrosos, não capilares, que descola a pele e afasta a trama dos tecidos formando uma cavidade circunscrita onde se deposita. F) BOSSA SANGUÍNEA: é um hematoma em que o derrame sanguíneo impossibilitado de se difundir nos tecidos moles em geral, por planos ósseos subjacentes, coleciona determinando a formação de verdadeiras bossas. H) LUXAÇÃO: é o afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades. I) FRATURA: é a solução de continuidade, parcial ou total dos ossos submetidos à ação de instrumentos contundente. 2) ENERGIA DE ORDEM FÍSICA Nesta categoria se classificam a Temperatura, Eletricidade, Pressão Atmosférica e Radioatividade. Em se falando de temperatura o calor, o frio e as oscilações de temperatura são as suas modalidades. � Calor Quanto à forma de aplicação temos o calor difuso e o calor direto. No calor difuso temos a insolação (exposição do corpo ao calor solar, particulamente na cabeça) e a intermação (exposição do corpo ao calor irradiante do sol em locais abrigados do sol ou calor artificial). No calor direto temos como conseqüência as queimaduras que variam em extensão e em profundidade, sendo que a gravidade e o prognóstico dependem mais da extensão do que da profundidade. A classificação segundo Hoffman são: • Queimadura de 1º grau: encontra-se eritema (sinal de Cristianson), pele íntegra, edema de derme, não produz cicatriz, pode ter alteração da pigmentação, não se evidenciam no cadáver reação vital. • Queimadura de 2º grau: encontra-se eritema, flictemas, derme escura e apergaminhada, necrose de coagulação, trombose de vasos superficiais e subcutâneos. • Queimadura de 3º grau: encontra-se necrose de partes moles, ausência de reação inflamatória celular (cicatrização por segunda intenção), hipotrofia da pele cicatricial e menos dolorosa. • Queimadura de 4º grau: carbonização do plano ósseo, corpos de adultos podem reduzir a estatura de 100 a 120 cm, há algumas posições assumidas pelo cadáver como a de “lutador” e a “opistótona”. Importante: • Vapores, gases e chamas tendem a causar lesões ascendentes. Já os líquidos causam lesões descendentes. • Não confundir queimadurade 4º grau com carbonização • Mais de 20% do corpo queimado = Perigo de vida Interesse em avaliar as queimaduras: • Nos vivos o Local das lesões; o Sequelas; o Incapacidades funcionais; o Deformidade permanente; o Causa reação inflamatória • Nos mortos o Determinar a causa jurídica (acidental, suicídio, homicídio); o Se produzida em vida ou após a morte; o Não causa reação inflamatória; o Ocorre retirada das camadas. Cremação: • Se manifesto interesse; • Se for interesse de saúde pública; • Se o atestado do óbito for firmado por 02 médicos ou 01 legista; • Se ocorreu morte violenta, deve ser autorizado pela autoridade jurídica. � Frio Quanto à forma de aplicação temos a individual e a coletiva. A ação do frio causa o resfriamento do corpo, alterações sensoriais, tonteiras, sonolências, delírios, convulsões, incoordenação motora e anestesias. A ação localizada do frio, também conhecida como Geladura produz lesões muito parecidas com as queimaduras pelo calor e tem sua classificação em graus: - 1º grau: palidez e rubefação, pele anserina; - 2º grau: eritema e flictenas; - 3º grau: necrose de partes moles; - 4º grau: gangrena ou desarticulação (pés de trincheira) Achados necroscópicos: Hipóstases vemelho-claras, sangue de tonalidade menos escura, isquemia cerebral, congestão polivisceral, pode haver disjunção de suturas, coagulabilidade diminuída do sangue, congestão cardíaca, espumas sanguinolentas em vias aéreas e flictenas � Eletricidade A eletricidade natural (cósmica, atmosférica ou meteórica) e a eletricidade artificial ou industrial (eletroplessão) podem atuar como energia danificadora. A energia natural pode causar a fulminação (quando o raio provoca o óbito) e a fulguração (quando o raio provoca lesões corporais na vítima). As lesões podem ser temporárias ou definitivas e o óbito pode ser imediato ou tardio. Ocorrem 3 mecanismos lesivos: paralisação ou inibição dos centros nervosos, temperatura e grandes deslocamentos do ar que pode projetar o corpo causando lesões corporais. As condições que aumentam a condutividade são: ambientes úmidos, vestes molhadas, suor, terra (pés descalços), apoio em superfície metálica, pedra, cimento, grandes superfícies de contato com um condutor e maior tempo de contato com um condutor. Quanto às tensões: - Até 250 V (baixa voltagem): fibrilação cardíaca - 250-1200 V (média voltagem): tetanização da musculatura respiratória e fibrilação cardíaca. - Acima de 1200 V (alta voltagem): inibição do SNC, morte dos neurônios e morte encefálica. Características das lesões eletro-específicas ou marca elétrica de Jellinek: São geralmente de pequenas dimensões, elípticas, bordos a pique, fundo irregular, consistência dura, cor enegrecida, não sangrante. Obs.: As queimaduras provocadas por esses agentes são geralmente de 3º grau no local em contato com o condutor e com a terra. � Pressão Atmosférica Quando altera para mais ou para menos do padrão normal, pode ocasionar danos a saúde ou a vida do homem. A pressão atmosférica normal é de 760mmHg. Hiperbárica: A proximidade do centro da terra aumenta a pressão. A profundidade do mar afeta mergulhadores; túneis profundos afetam mineiros. Ocorre nesse caso o chamado “Mal dos Caixões”. Intoxicação pelo oxigênio, nitrogênio e gás carbônico. Fisiopatologia: está relacionada principalmente a descompressão brusca. Hipobárica: A pressão diminui com a altitude. Com o ar rarefeito ocorre diminuição da concentração de gases sanguíneos, causando o fenômeno chamado de “Mal das Montanhas.” � Radioatividade Existe a natural, que são substâncias radioativas como o césio, por exemplo; e, a artificial como os aparelhos de Raio X e explosões atômicas. Radiodermites: - Agudas: • 1º grau: depilatória e eritematosa; • 2º grau: pápulo-eritematosa, geralmente com ulceração dolorosa recoberta por crosta serosa purulenta de cicatrização difícil, produz placa esbranquiçada de pele rugosa, frágil de características atípicas; • 3º grau: zona de necrose que são chamadas de úlceras de Roentgen. - Crônicas: • Ulcero-atrófica: telangectasia ou neoplasma. Chamada de câncer cutâneo dos radiologistas, geralmente epitelioma pavimentoso. 3) ENERGIA DE ORDEM QUÍMICA São substâncias que em contato com os tecidos vivos e por ação física, química e biológica podem causar danos à vida e a saúde. Podem agir externamente: Cáusticos Podem agir internamente: Venenos As de efeito coagulante são aquelas que desidratam os tecidos e lhes importam escaras endurecidas e de tonalidade diversa, como por exemplo, o nitrato de prata, o acetato de cobre dentre outros. As de efeito liquefaciente produzem escaras úmidas, moles e tem como modelo a soda, o potássio e a amônia. 4) ENERGIA DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA Aqui se enquadram as asfixias que podem ser de causas fortuitas, violentas e externa e circunstâncias as mais variadas. ASFIXIOLOGIA Conceito: Síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência de O2 por impedimento mecânico, consistindo na supressão da respiração, decorrente da energia físico-química. Pode ainda ser denominada como a falta ou suspensão da respiração, ou a falta de pulso. 1) Fase de Irritação Dispnéia Inspiratória: Dura aproximadamente 1 minuto. O indivíduo ainda possui consciência. Dispnéia Expiratória: Dura aproximadamente 3 minutos. O individuo perdeu a consciência e apresenta convulsões clônicas e tônicas (produção de ácido láctico = perturbação da sensibilidade). 2) Fase de Esgotamento Período inicial ou de morte aparente Período terminal: Dura por volta de 3 minutos até sobrevir a morte. Há relaxamento dos esfíncteres Tríade da Asfixia: � Sangue fluido e escuro (exceto no afogamento) � Congestão polivisceral � Equimose visceral ou mancha de Tardieu (ocorre nas regiões sub- pleurais, sub-epicárdicas e sub-conjuntivas) Sinais Gerais da Asfixia: Classificam-se em externos e internos. � Externos: • Cianose da pele (face: edema, pele escurecida, olhos e língua protusos, esclera avermelhada e estase mecânica da veia cava inferior) • Equimose da pele e mucosas (arredondadas, pequena dimensões) • Cogumelo de espuma (apresenta-se na boca e ocorre devido à mistura de com os líquidos dos pulmões. É raro de se observar, pois a força da água leva o cogumelo embora) • Resfriamento cadavérico lento � Internos: • Equimoses pleurais (são equimoses diminutas do tamanho da cabeça de um alfinete, localizando-se sob a pleura visceral dos pulmões) • Congestão polivisceral (fígado e mesentério, o baço se apresenta com pouco sangue devido às contrações • Fluidez sanguínea (cor escura, não coagula) Classificação das Asfixias: 1) Puras: Por gases irrespiráveis 1. Confinamento (falta de O2, inspira CO2) 2. Por inalação de CO 3. Outros gases do ambiente Por obstrução das vias respiratórias 1. Sufocação direta 2. Sufocação indireta Transformação do meio gasoso em meio líquido (Afogamento) Transformação do meio gasoso em meio sólido ou pulverulento (Soterramento) 2) Complexas: Com anomexia e excesso de CO2, hipercapnéia, interrupção da circulação cerebral e inibição por compressão dos elementos nervosos do pescoço. a) Constrição passiva do pescoço exercida pelo peso do corpo. (Enforcamento)b) Constrição ativa do pescoço pela força muscular. (Estrangulamento) 3) Mistas: Em que se confundem e se superpõem em graus variados os fenômenos respiratórios, circulatórios e nervosos. (Esganadura) Os asfixiamentos podem se classificar também em: 1) Com constrição do pescoço; 2) Sem constrição do pescoço; 3) Introdução do indivíduo em meio ambiente adverso do ar atmosférico 1) Com constrição do pescoço: � Enforcamento: ação de um lado pela força do próprio peso da vítima. � Estrangulamento: ação de um lado pela força adversa ao peso da vítima. � Esganadura: ação no pescoço é executada diretamente pelas mãos. 2) Sem constrição do pescoço: � Sufocação Direta: Oclusão das vias aéreas pelo uso de materiais como tecido, papel, plástico, almofadas, travesseiros. Pode ser natural ou homicida, mas a maioria dos casos é acidental, ocorrendo na primeira infância onde se encontram corpos estranhos nas vias aéreas. � Sufocação Indireta: É quando ocorre compressão tóraco-abdominal, impedindo os movimentos respiratórios. 3) Introdução do indivíduo em ambiente adverso do ar atmosférico: � Soterramento: Colocação do indivíduo em meio pulverulento. Substituição do meio gasoso pelo meio sólido � Confinamento: Colocação do indivíduo em meio fechado hermeticamente sem ventilação e com permanência prolongada. � Afogamento: Penetração de líquidos nas vias aéreas. Note que não é necessária a submersão do corpo, como pode acontecer com bêbados e epilépticos. Enforcamento Conceito: É a interrupção da passagem de ar atmosférico pelas vias respiratórias em decorrência da constrição do pescoço por um laço fixo, agindo o próprio corpo como força ativa. É mais comum nos suicídios, homicídios, acidente ou suplício. 1) Laços Moles: lençóis, cortinas e gravatas 2) Laços Duros: cordões, fios de arame e cordas 3) Laços Semi-rígidos: cintos de couro O enforcamento pode ser: � Completo: A vítima fica totalmente suspensa sem tocar em qualquer ponto de apoio. � Incompleto: A vítima fica parcialmente suspensa sendo apoiada pelos pés, joelhos ou outra parte do corpo. � Típico: O nó se encontra no lado posterior do pescoço. � Atípico: O nó se encontra em outra localização do pescoço. ] Causa da morte por enforcamento: � Respiratória � Circulatória � Nervosa Evolução: A morte pode surgir rápida ou tardiamente 1) Fenômenos apresentados durante o enforcamento: - Período Inicial: Sensação de calor, zumbidos, sensações luminosas da vista, perda da consciência produzida pela interrupção da circulação cerebral - 2º Período: Convulsões e excitações do corpo - 3º Período: Sinais de morte aparente até a morte real, com cessação da respiração e circulação. Padrões das lesões no enforcamento: � Lesões Externas: • Sulco geralmente único, oblíquo de baixo para cima e de diante para trás • Interrompido ao nível do nó • Bordos desiguais • Cianose da pele e equimose conjuntiva � Lesões Internas: • Fratura do corpo da tireóide • Fratura do hióide • Raramente Sinal de Amussat (lesão na túnica íntima da carótida) • Raramente Sinal de Friedberg (lesões e sufusões da túnica externa da carótida) • Raramente fratura de vértebra Aspectos do cadáver: Cabeça voltada para o lado oposto do laço fletido e para frente. Rosto arroxeado. Líquido ou espuma sanguinolenta nas narinas e boca. Língua cianótica e protusa. Olhos protusos. Otorragia e manchas de hipóstases na metade inferior do corpo. Apresenta rigidez cadavérica mais tardiamente e com uma maior duração de tempo. Estrangulamento Conceito: É a asfixia mecânica que ocorre uma constricção do pescoço, que causa e embaraço à livre entrada de ar no aparelho respiratório, feito por meio de um laço acionado pela força muscular da própria vítima ou estranho. Padrões das lesões no estrangulamento: � Lesões Externas: • Sulco tem sede, em geral, na laringe, de decalque do laço tipicamente transverso ao pescoço ou horizontal, raramente se apergaminha • Falta a interrupção do nó • Bordos apresentam cor violácea e são iguais por uniformidade do decalque � Lesões Internas: • Hemorragias intramusculares • Infiltração abaixo do sulco • Raramente lesões na laringe • Presença dos sinais gerais de asfixia (cianose da face = tumefeita, vultuosa e violácea; equimose conjuntiva) Esganadura Conceito: É a constrição da região anterior do pescoço pelas mãos, em que impede a passagem de ar atmosférico pelas vias respiratórias até os pulmões. Mecanismo de Ação: É sempre homicida. É impossível a forma suicida ou acidental. Na esganadura, o mecanismo de morte, se deve principalmente a asfixia pela obturação da glote, graças à projeção da base da língua sobre a porção posterior da faringe. São importantes também os efeitos decorrentes da compressão nervosa do pescoço, levando ao fenômeno de inibição. A obliteração vascular é de interesse insignificante. Tudo faz crer que a asfixia é o principal elemento responsável pelo êxito letal. Os sintomas são desconhecidos, a vítima cai logo em estado de inconsciência. Padrões de lesões na esganadura: � Lesões Externas: • Equimoses e escoriações provocadas pela pressão violenta de dedos em unhas (estigmas ou marcas ungueais) ao redor do pescoço • Cianose da face • Congestão das conjuntivas � Lesões Internas: • Hemorragias dos músculos (estruturas profundas do pescoço) • Fraturas da laringe • Fraturas de apófise estilóide • Fratura do hióide • Raramente lesão na carótida Soterramento Conceito: É a asfixia que se realiza pela permanência do indivíduo num meio sólido ou semi-sólido, de sorte que as substâncias aí contidas penetram na árvore respiratória, impedindo a entrada de ar e produzindo a morte. Padrões de lesões no Soterramento: � Lesões Externas: • Presença de massa recobrindo o corpo, total ou parcialmente • Presença de traumas externos em graus variáveis, chegando a ter até fraturas com exposição óssea e de massa encefálica. (fraturas costais, hemorrágicas, compressões pulmonares, cardíacas etc.) � Lesões Internas: • Presença de substâncias estranhas na cavidade oral, nasal, traquéia, brônquios, além da possível presença dessas substâncias nas vias digestivas altas. • Presença dos sinais gerais de asfixia Confinamento Conceito: É a asfixia causada pela permanência do indivíduo num ambiente restrito e/ou fechado, sem condições de renovação do ar respirável, sendo consumido o oxigênio pouco a pouco e o gás carbônico acumulado gradativamente. Há duas teorias que explicam a morte por confinamento: � Explicação Química: Existe aumento de gás carbônico e diminuição de O2 � Explicação Física: Existe aumento da temperatura e concentração do vapor d’água. Mecanismo de Ação (Fisiopatologia): Na respiração normal, exige-se um ambiente externo contendo ar respirável, com oxigênio em quantidade aproximada de 21%. Quando no ar atmosférico o oxigênio atinge 7% surgem distúrbios relativamente graves, sobrevivido a morte, se esta taxa é em torno de 3%. No confinamento há uma diminuição progressiva do suprimento de oxigênio ao organismo concomitante aumento do teor de anidro carbônico no sangue (hipercapnéia)simultaneamente, o ar satura-se de vapor d’água, dificultando a eliminação deste pelos pulmões e pela transpiração, o que contribui consideravelmente para que se instale a asfixia. Afogamento Conceito: É um tipo de asfixia mecânica, produzida pela penetração de um meio líquido nas vias respiratórias impedindo a passagem de ar até os pulmões e ou inundando os alvéolos e impedindo a hematose Pode ser acidental, suicida ou homicida. Divide-se em duas fases: 1) Fase de Defesa: a) Período de Dispnéia b) Parada da Respiração 2) Fase de Não Defesa ou Impotência: ocorre perda da consciência, insensibilidade, asfixia e morte. Pode ocorrer em água salgada e em água doce. A denominação água doce é pouco específica e serve apenas para diferenciar da água salgada. Inclui-se genericamente na modalidade “doce”, as águas fluviais, lacustres, pluviais, de piscinas e mesmo salobras. Há nítido contraste entre as características do afogamento ocorrido em água doce com o de água salgada. AGUA DOCE: a morte ocorre com hipervolemia (ICC – edema agudo de pulmão) porque a água doce é hiposmolar em comparação com o plasma. AGUA SALGADA: a morte ocorre com hipovolemia porque a água salgada é hiperosmolar em comparação com o plasma. Obs.: osmolaridade do plasma entre 280 e 300 mosm. Classificação do Afogamento: � Afogamento por Imersão: Simulação de afogamento (Afogamento BRANCO ou falso afogamento). Após a morte da vítima, ela é posta em um ambiente líquido. � Afogamento por Submersão: Verdadeiro afogamento (Afogamento AZUL ou Síndrome Pulmonar Humoral). Afogamento Branco de Parrot: A morte ocorre por inibição ao tocar na água. Necessita-se para isso de uma predisposição constitucional, lesão cardiovascular agravada por choque térmico. Neste afogamento não se encontra nenhum sinal de asfixia. Formas do Afogamento: � Forma rápida: O indivíduo submerge rapidamente permanecendo no interior da água, sucedendo-se as fases de asfixia num período aproximado de 5min. � Forma lenta: A vítima luta, reage, vai ao fundo e retorna à superfície várias vezes, morrendo depois de grande resistência. Turdes descreve três fases no afogamento: � Período de Resistência ou Dispnéia: Permanece a consciência, defende-se conservando os movimentos reflexos. � Período de Grandes Inspirações e Convulsões: Há uma série de inspirações profundas com penetração violenta de líquidos nos pulmões. � Período de Morte Aparente: ausência de respiração, reflexos e insensibilidade até sobrevir à morte real. Outra maneira para descrever as fases no afogamento: I – Inspiração voluntária inicial II – Apnéia ou pausa respiratória III – Respiração involuntária IV – Convulsões V – Paralisia Padrão de lesões no afogamento: � Lesões Externas: • Hipotermia: ocorre devido ao equilíbrio térmico mais fácil no meio líquido • Pele anserina (pele de galinha): contração de fibras musculares. Comum nas espáduas, face externa da coxa e braços • Retração do mamilo, escroto e pênis • Maceração da epiderme (mãos e pés): destacam-se como dedos de luva, inclusive junto com as unhas • Cogumelo de espuma: nota-se nas fossas nasais e cavidade bucal • Escoriações na região frontal, joelhos, dorso das mãos e face superior dos pés • Erosão dos dedos e corpos estranhos sob as unhas: devido a resistência do indivíduo ao se debater na água. Encontramos sob as unhas areia, lama, iodo, etc. • Equimose da face e conjuntiva: principalmente em líquidos espessos como as latrinas e pântanos � Lesões Internas: • Diluição do sangue • Presença de líquido nas vias respiratórias: poderá dizer o tipo do meio líquido pela presença de corpos estranhos, fungos, lama ou material fecal. • Presença de corpos estranhos no líquido das vias respiratórias: encontram-se maciçamente nos afogados em latinas • Lesões dos pulmões: aumentados, distendidos, enfisema aquoso e equimoses • Manchas de Paltauf: Hemorragias sub pleurais (equimoses vermelho claro com 2 ou mais cm de diâmetro, pela ruptura das paredes alveolares) • Equimose de Tardieu • Presença de líquidos no aparelho digestivo Putrefação nos afogados: É acelerada após a retirada do corpo, mais pronunciada em segmento cefálico com aparecimento de mancha verde na face ou na parte superior do tórax, devido à posição do corpo submerso com a cabeça mais baixa que os pés. A rigidez cadavérica é precoce. A flutuação do cadáver é mais precoce em água salgada. Monóxido de Carbono (CO) Mecanismo de Ação (Fisiopatologia): O monóxido de carbono tem uma afinidade pela hemoglobina cerca de 250 vezes maior que o oxigênio, formando um composto bastante estável – a carboxihemoglobina. O óbito nesses casos ocorre quando cerca de 2/3 da hemoglobina transforma-se em carboxihemoglobina com concentração do CO em ar confinado na proporção de 1:500. A causa da morte pode ser suicida, acidental ou homicida. � Necropsia: • Rigidez cadavérica precoce • Putrefação tardia • Tonalidade rósea da face • Coloração vermelho-carminada das hipóstases • Músculos e vísceras avermelhado • Sangue fluido de coloração vermelho-vivo associado a outros sinais comuns das síndromes de asfixia SEXOLOGIA FORENSE Conceito: É parte da Medicina Legal que estuda os problemas médico-legais ligados ao sexo. É objeto de estudo da sexologia forense todos os fenômenos ligados ao sexo e suas implicações no âmbito jurídico. Definições: • A TIV ID A D E SEX U A L : b asicam ente é o co m p o rtam ento fisiológico , q u e visa p recisam ente atend er a d u as fin alid ad es: p ro criação e o rg asm o . • PRO C R IAÇÃ O : p erp etu ação d a espécie • O RG A SM O : é o acm e d o p razer sex u al o u libid o q u e é co n seg uid o o u satisfeito através d a realização d o s ato s sex u ais , d aí a d en o m in ação “ato libidin o so ” . • A TO H ETERO SEX U A L ju ridicam ente dito N O R M A L o u CO N JU NÇÃ O CA RN A L : é a interação sex u al entre u m h o m em e u m a m ulh er q u e resulta n o ato d e p en etração d o pênis n a v agin a (cóp ula tópica - “im m issio p enis in vagin a m ”) , co m o u sem o rg asm o d e u m o u d e am b o s o s p arceiro s , co m o u sem ejaculação ( “im issio sem inis ”) , seg uid o o u não d e fecu nd ação e g ravid ez . O b s .: P ara fin s m édico s leg ais , a cóp ula tópica so m ente é co n sid erad a se o pênis ultrap assar ohím en , situ ad o ju stam ente entre a v ulv a e a v agin a , o u q u e d a relação resulte g ravid ez . H ím en s: C o n ceito : O hím en é u m a m em b ran a m u co sa q u e sep ara a v ulv a d a v agin a . A p resenta u m a b o rd a liv re , q u e fo rm a o ó stio , o rifício d e m o rfologia v ariad a , p o r o nd e esco a o flu x o m en stru al e q u e se ro m p e u su alm ente n o p rim eiro co ntato sex u al; e , o utra d e in serção o u b asal q u e se co ntin u a co m a m u co sa v ulv o v agin al . P o ssui aind a u m a face v estib ular (v ulv ar) e o utra intern a o u v agin al . P od em ser: � A co m issu rad o s: • Im p erfu rad o s: sem ab ertu ra • A n ulares: o rifício circular , o v alar o u elíptico • S em ilu n ares: ab ertu ra em fo rm a d e crescente • H elicoid ais: a m em b ran a d escrev e cu rv as em hélice • S eptad o s: co m septo s tran sv ersal , lo ngitudin al o u oblíq u o , d elim itand o d ois o rifício s • C rib rifo rm es: m em b ran a criv ad a p o r várias ab ertu ras reg ulares o u irreg ulares . “E m ch u v eiro ” � C o m issu rad o s: • Bilabiad o s: tran sv ersais o u lo ngitudin ais • T rilabiad o s: três v alv as o u três co m issu ras • Q u ad rilabiad o s: q u atro v alv as o u q u atro co m issu ras • M ultilabiad o s o u C o rolifo rm es: a m em b ran a to m a fo rm a d e flo r � A típico s: • F en estrad o s: co m u m o rifício g rand e e o utro p eq u en o • C o m apêndices salientes • C o m apêndices p end entes � M últiplo s R uptu ra x E ntalh e : O ó stio (o rifício) d o hím en p od e ap resentar irreg ularid ad es , tanto d evid o a fato res co ngênito s co m o à fato res trau m ático s (co m o a p en etração) . E xistem d ois tip o s d e irreg ularid ad es: o entalh e e a ruptu ra . • E ntalh e: p o u co p rofu nd o , não alcançand o a b o rd a d a p ared e v agin al; o s entalh es têm âng ulo s ab erto s e b o rd as reg ulares , ap resentam disp o sição sim étrica e não tem sin ais inflam ató rio s , e , histologicam ente , tem o m esm o epitélio d a m em b ran a . • R uptu ra: é p rofu nd a , às v ezes ap resenta sin ais inflam ató rio s , a b o rd a é irreg ular e co n stituíd a d e u m tecid o cicatricial (o p ro cesso cicatricial se co m pleta d entro d e 3 sem an as) . A té 21 dias é p o ssív el d eterm in ar a d ata d a ruptu ra . R uptu ra d o H ím en : P od e o co rrer n a b o rd a liv re d o ó stio o u em q u alq u er o utra p arte d a m em b ran a . A s ruptu ras d o ó stio , em g eral , p rod u zem h em o rragia lev e e p assag eira . P od em ser classificad as em : • C o m pleta: o co rrer d a b o rd a liv re até a b o rd a d e in serção , ju nto à p ared e v agin al • In co m pleta: q u and o não ating e a b o rd a d e in serção e se d etêm em plen a m em b ran a . • R ecente: até ap ro xim ad am ente 21 dias (o p ro cesso d e cicatrização já se d eu p o r co m pleto se ultrap assar este p razo) • A ntig a: d eco rrid o m ais d e 21 dias • P eculiares: carú n culas m itrifo rm es n a m ulh er q u e já p ariu . O b s .: A cicatrização se dá em m edia ao s 21 dias , o p eríod o d e sang ram ento até 3 dias , o d e o rv alh o sang uín eo e eq uim o se d e 2 a 6 dias; co m b o rd as esb ranq uiçad as , co m ex sud ação o u sup u ração , d e 6 as 12 dias; co m b o rd as d e cicatrizes recentes d e colo ração ró sea d e 10 a 20 dias . H ím en C o m placente: É aq u ele q u e tolera a co nju nção carn al sem se ro m p er , ap resentand o -se co m o u m a m em b ran a elástica e/o u g eralm ente p eq u en a . H im en o rrafia: É a reco n strução d o hím en esp o ntân ea , q u e é m uito rara (q u and o há rep o u so entre as relaçõ es) o u cirú rgica . O BSTETRÍC IA FO R EN SE G ra vid ez C o n ceito : P od e ser d efinid o co m o o interv alo d e tem p o d eco rrid o entre o m o m ento d e fecu nd ação , co m a fix ação d o ó v ulo n a p ared e uterin a , e a exp ulsão d o feto e seu s an ex o s através d o p arto . Fisiologia : � Ciclo M en stru al a) M en arca: P rim eira m en stru ação . b) Início d o Ciclo : É aq u ele q u e inicia o flu x o m en stru al . c) Ú ltim o dia d o Ciclo : S e dá coin cid entem ente co m o início d o ciclo seg uinte . E m m édia d u ra q u atro sem an as o u 28 dias . d) O v ulação : C aracterizao m o m ento fértil d a m ulh er � Ciclo G ravídico : O ó v ulo é fecu nd ad o n a tro m p a - o v o - p ro cesso d e nid ação im planta -se n a p ared e uterin a - em b riogên ese - d esen v olvim ento fetal - p arto - term in a co m a exp ulsão d o feto e d o s an ex o s (d eq uitação) . O diag nó stico d e g ravid ez se dá p o r: • Sin ais d e p resu nção : m astalgia , p olaciú ria , náu seas , so n olên cia • Sin ais d e P rob abilid ad e: atraso m en stru al , am olecim ento d o colo , alteraçõ es d a m am a . • Sin ais d e certeza: m o vim ento fetal (ativ o s e p assiv o s) , β - H CG , U S , b atim ento cardíaco fetal Im p o rtân cia d o diag nó stico d e g ravid ez : • In v estig ação d e p aternid ad e; • Sim ulação d e g ravid ez; • Infanticídio; • A n ulação d e casam ento . D u ração d e u m a g ravid ez : • 180 a 300 dias • M édia d e 270 dias P a rto C o n ceito : C o nju nto d e fenô m en o s fisiológico s e m ecânico s cuja fin alid ad e é a exp ulsão d o feto viáv el e d o s an ex o s , d o s ó rgão s g enitais m atern o s . T em p o : - C o ntração U terin a - D ilatação - R uptu ra d a B olsa - E xp ulsão – D eq uitação D iag nó stico d e tem p o d eco rrid o d e u m p arto : • P arto recente • P arto tardio � P arto recente o Sin ais g enitais � Ed em a d e g rand es lábio s e p eq u en o s lábio s; � E v entu ais sin ais d e episioto m ia; (in cisão p ara facilitar a saíd a d o feto) � In v olução uterin a; � Lóq uio s . (secreção g enital q u e o co rre apó s o p arto) o Sin ais extra -g enitais � Flacid ez d a p ared e abd o m in al; � Pig m entação d a linh a A lb a; � Pig m entação d o s m am ilo s; � Clo asm a aind a p ersistente; � E strias g ravídicas; (d eco rrem d a red ução rep entin a d e v olu m e d o abdô m en) � H ip ertrofia d o s tubérculo s d e M o ntg o m ery . � P arto tardio o Sin ais g enitais � V ulv a flácid a entre ab erta; � Cicatriz d e episioto m ia , ev entu alm ente � H ím en red u zid o a carú n culo s; � A lteraçõ es d o colo uterin o . o Sin ais extra -g enitais � Pig m entação d o s m am ilo s; � Pig m entação d a linh a A lb a . A celeração e antecip ação d o p arto : São p ro cesso s o nd e o co rre o p arto em u m p eríod o m en o r d o q u e o n o rm al (9 m eses) . � A celeração : É p ro v o cad a p o r lesõ es co rp o rais à g estante , q u e p ro v o cam a exp ulsão d o feto d e seu útero , ind ep end ente d e o feto já alcançar u m g rau d e d esen v olvim ento suficiente p ara a vid a extra -uterin a . Q u and o estas lesõ es são p ro v o cad as p o r terceiro s , p od em ser caracterizad as co m o crim e (art . 129 C P) � A ntecip ação : É q u and o o m édico intervém n o p ro cesso d e g estação , escolh end o o m o m ento m ais ad eq u ad o p ara a realização d o p arto . E xistem certas d o enças , e m esm o p roblem as relacio n ad o s à aptidão d a m ulh er p ara o p arto , q u e p od em fazer co m q u e o m édico escolh a p ela su a antecip ação . P u erpério : P eríod o d e in v olução e recup eração d a g enitália m atern a apó s o p arto , n u m p eríod o d e 6 sem an as . Classificação d o p u erpério : • Im ediato : 1 a 10 dias • T ardio : 10 a 45 dias • R em oto : apó s 45 dias D iag nó stico d o p u erpério : • N o útero : o A té o 10 ⁰ dia é u m ó rgão abd o m in al; o A pó s esse tem p o reto rn a a p elv e; o N a lactante a in v olução é m ais rápid a . • N o colo uterin o o Im ediatam ente: b o rd o s irreg ulares e disten sív eis; o A pó s 12 h o ras: am plam ente ab erto; o A pó s 03 dias: p erm eáv el a p olp a digital; o N o 10 ⁰ dia: o rifício extern o é p erm eáv el . • N a v agin a o Inicialm ente flácid a , pálid a , am pla e esp aço sa . Tip o s d e lóq uio s : • R ub ro : até o 5 ⁰ dia • S ero so o u flav o : d o 5 ⁰ dia ao 10 ⁰ dia • A lb a: d o 10 ⁰ dia ao 20 ⁰ dia A b o rto M o rte fetal: O co rre em q u alq u er fase d o ciclo g ravídico • P reco ce: até 20 ⁰ sem an a • Interm ediária: 20 ⁰ a 28 ⁰ sem an a • T ardia: apó s a 28 ⁰ sem an a A b o rto : Interrupção d a g ravid ez . E xp ulsão o u extração d o co n cepto viv o o u m o rto p esand o m en o s d e 500g . (m en o r q u e 22 sem an as co m pletas d e id ad e g estacio n al) . Códig o
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