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Etica 1

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UNIDADE 1
A profissão de advogado tem, aos nossos olhos, uma dignidade quase sacerdotal. Toda a vez que a exercemos com a nossa consciência, consideramos desempenhada a nossa responsabilidade. Empreitada é a dos que contratam vitórias forenses. Nós nunca nos comprometemos ao vencimento de causas, nunca endossamos saques sobre a consciência dos tribunais, nunca abrimos banca de vender peles de ursos antes de mortos. Damos aos nossos clientes o nosso juízo com o nosso conselho, a nossa convicção com o nosso zelo; e, depois, quanto ao prognóstico e à responsabilidade, temos a nossa condição por igual à do médico honesto, que não canta vitórias antecipadas como os curandeiros, nem se há por desonrado, quando não debela casos fatais. Nós outros advogados não dispomos, sequer, nas relações com a clientela, do poder que exercem os médicos sobre os seus doentes: na medicina, entre a ciência e a cura apenas intervém os decretos da Providência; ao passo que, no foro, entre o direito e a sentença se metem os erros da justiça humana, a cuja discrição está o destino das causas. Não venham, pois, quando uma delas soçobra, concluir pela culpa do conselho temerário, ou do patrocínio desastrado; porque não é no bom ou no mau êxito dos pleitos que está o critério da honestidade dos litígios, ou o do merecimento dos patronos. No quase meio século que já mede a nossa carreira forense, temos lido, muitas vezes, a honra de perder abraçado com as suas causas mais justas, mais santas, mais gloriosas, para, anos depois, recebermos o consolo dos nossos reveses, vendo laurear os princípios, com que, tempos antes, havíamos sido esmagados.
A regulamentação da advocacia no Brasil
A atividade profissional da advocacia existe no Brasil desde quando ele começou a ser colonizado. Os juristas vinham de Portugal onde cursavam seus cursos jurídicos por longos anos. Somente os mais ricos tinham condições de enviar seus filhos para estudar no exterior, porque, era um investimento de alto custo.
No Brasil os cursos jurídicos foram criados em 1827, dando origem aos cursos jurídicos. Somente em 1930, através do Decreto nº 19408 de 18 de novembro de 1930, foi criada a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB com o objetivo de assegurar o cumprimento regular da profissão do advogado.
Atualmente, o Estatuto dos Advogados do Brasil – OAB é regulamentado pela Lei nº 8906/94 datada de 4 de julho de 1994. No Estatuto dos Advogados estão estabelecidos os seguintes Títulos:
Da advocacia;
Da Ordem dos Advocacias no Brasil;
Do processo na OAB.
O Estatuto dos Advogados estabelece no seu artigo 2º fala do papel do advogado no bom desempenho da justiça.
Art. 2º
O advogado é indispensável à administração da justiça.
§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta Lei.
(Lei nº8906 de 4 de julho de 1994. Dispões sobre o Estatuto dos Advogados do Brasil-OAB)
Takeda (2010) muito bem descreve o significado do que é ser advogado:
A palavra advogado deriva do latim ad-vocatus, ou seja, aquele que é chamado em defesa. Desta forma, com fundamento na história e na própria etimologia, é possível definir o advogado como aquele que é convocado para acastelar uma causa ou uma pessoa, buscando mais a realização da justiça do que os honorários, embora estes lhe sejam legalmente devidos.
Através do descrito acima, podemos verificar que a profissão do advogado é essencial para assegurar a ampla defesa prevista no artigo 5º, LV da CRFB.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; ”
O artigo 133 da Constituição Federal brasileira de 1988, protege o exercício da advocacia dispondo o seguinte:
“Art.133 - o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.
Ética Profissional
A Ética geral se confunde com o conceito de moral. A filosofia trata a moral e a ética. Na visão do filósofo Immanuel Kant apud Namba (KANT, Immanuel apud NANBA, Edison. Ética, Bioética e Biodireito. Editora Atlas. 2015. São Paulo. Pág. 5), o significado de moral do comportamento não reside em resultados externos, mas na pureza da vontade e na retidão dos propósitos do agente considerado.
Segundo Nalini apud Namba (NALINI, José Renato apud NANBA, Edison. Ética, Bioética e Biodireito. Editora Atlas. 2015. São Paulo. Pág. 6.), a visão de Kant dissocia a moral das ideias de prazer e utilidade. Kant traduz uma conduta valiosa no âmbito moral se motivação consistir apenas no reconhecimento do bem.
A ética assume uma conduta de juízo de valor acerca de uma determinada matéria, no caso da Ética jurídica, podemos entender como sendo uma conduta moral, reta e socialmente aceita para a conduta do profissional que exerce a função de grande relevância na administração da justiça.
No estudo da disciplina Ética Profissional e Deontologia, além das questões éticas também estudaremos a Deontologia. O termo Deontologia procura estabelecer uma relação entre o bem e o mal, disciplinando de alguma forma a distinção entre os deveres e o direito dos agentes. A Deontologia jurídica busca estudar a fonte da moralidade profissional. A moralidade busca trazer o que é reto, a atitude esperada de conduta dentro da profissão.
O nobre jurista Miguel Reale manifesta-se sobre a ciência no campo da ética, criando a “teoria normativa da ação”, que descreve:
Os conhecimentos científicos tornam, às vezes, mais urgente a necessidade de uma solução sobre o problema da obrigação moral, mas não implicam qualquer solução, positiva ou negativa. O problema do valor do homem como ser que age, ou melhor, como o único ser que se conduz, põe-se de maneira tal que a ciência se mostra incapaz de resolvê-lo. Este problema todo verdadeira Filosofia, que não pode deixar de exercer uma função teleológica, no sentido do aperfeiçoamento moral da humanidade e na determinação essencial do valor do bem, quer para o indivíduo, que para a sociedade.
De acordo com essa teoria desenvolvida pelo jurista Miguel Reale, enfatizamos a importância que a ação do homem tem em relação aos impactos sociais que podem decorrer dela. Toda a ação pode causar impactos positivos ou negativos. No que tange a ética profissional faz-se necessário zelar para que as ações profissionais estejam sempre dentro do estabelecido nas normativas profissionais, no desenvolvimento das ações profissionais não deve ser considerado somente a ética pessoal, mas deve ser priorizada a ética profissional.
No decorrer do estudo da disciplina vocês serão convidados a discutir os aspectos relevantes do exercício profissional, onde serão traçados os caminhos do exercício profissional ético e que cumpra a sua função social.
Entendendo este conceito de Ética, Moral e a importância da Deontologia para entender de que forma a profissão de advogado deve ser exercida de acordo com o Código de Ética da profissão. Convém enfatizar que o advogado, ao ingressar no quadro efetivo da OAB, deve exercer suas funções nos limites estabelecidos nas normativas que regulamentam a profissão.
Para agir com ética o advogado deve preocupar-se em relacionar-se com seu cliente mantendo alguns comportamentos que visam proteger a relação e seguir os parâmetros éticos, podemos citar alguns exemplos:
SIGILO: Manter o sigilo das informações prestadas pelo cliente é um dever ético do advogado.
LEALDADE: Cabe ao advogado que patrocina a ação buscar a melhor solução para resolver a causa ou o litígio. O cliente confiou ao advogado a sua demanda e o advogado deve ser leal por todo o seu mandato.
INDEPENDENCIA: Em se tratando de um profissional liberal, não possui subordinaçãoe dependência com o seu cliente, agirá sempre de acordo com sua ética profissional.
Aspectos Históricos da criação da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB
A criação dos cursos jurídicos no Brasil ocorreu em 11 de agosto de 1827, pelo Imperador Dom Pedro I, e o primeiro curso jurídico no Brasil foi instalado na cidade de Olinda, visando receber os estudantes de Direito que moravam no Brasil, diminuindo os custos de manutenção desses estudantes, que para estudarem em Portugal envolvia altos investimentos financeiros.
A partir da criação dos cursos jurídicos no Brasil, com o aumento de profissionais em exercício, tornou-se necessária a organização de uma estrutura organizacional que tivesse como objetivo regular e fiscalizar o exercício da profissão.
No dia 7 de agosto de 1843 foi criado o Instituto dos Advogados do Brasil- IAB, cujo o objetivo estabelecido no art. 2º da lei de sua criação, que o principal objetivo do instituto seria criar a Ordem dos Advogados do Brasil.
Durante muitos anos o IAB tentou, sem sucesso, aprovar a lei que criava a OAB. Esta tentativa atravessou o período Imperial e a República Velha, que chegaram ao fim sem que se conseguisse formalizar a lei de criação da OAB.
A Revolução de 1930, trouxe ao poder o presidente provisório Getúlio Vargas, que criou através do Decreto nº 19408/30, artigo 17, a tão esperada Ordem dos Advogados do Brasil.
A partir da sua criação pelo Decreto nº 19408/30 surgiu a necessidade de elaborar um Regulamento para a OAB, para isso foi nomeada uma comissão de advogados. Essa comissão trabalhou por muito tempo, e em 14 de dezembro de 1931, o governo provisório, pelo Decreto nº 20784/31 aprovou o Regulamento da OAB.
Após a aprovação do Regulamento, foi necessária a elaboração do Regimento Interno do órgão, que estabeleceria a competência de cada um dos órgãos criados na estrutura da OAB. O Regimento Interno foi elaborado e foi aprovado em 13 de março de 1933, passando, desde essa data, a conhecermos o papel de cada um dos órgãos internos da OAB.
Comitiva de Getúlio Vargas (ao centro) fotografada por Claro Jansson a caminho do Rio de Janeiro após a vitoriosa Revolução de 1930.
Já estruturada a OAB e tendo seus membros inscritos, mostrou-se necessária a elaboração do Código de Ética da Profissão, que busca estabelecer os padrões éticos para o exercício profissional e as sanções a serem impostas pelo descumprimento do estabelecido no Código de Ética. Em 25 de julho de 1934 foi aprovado o Código de Ética da Profissão.
Podemos observar que a construção das normativas da OAB durou alguns anos e atravessou um período histórico controverso.
A OAB possui uma finalidade corporativa e institucional, embora sendo uma entidade pública, gozando de autonomia financeira e administrativa, não possui vinculação hierárquica com a administração pública. O § 5º do art. 45 estabelece a imunidade tributária total da OAB, onde não serão tributados os bens, rendas e serviços. Desta forma possui uma natureza jurídica sui generis, cabendo ao próprio órgão estabelecer a organização interna.
A todos os atos da OAB deve ser dado publicidade, os atos devem ser publicados na integra ou em resumo na imprensa oficial, ou afixados em lugar visível no fórum.
Convém enfatizar que a atual estrutura organizacional da OAB foi estabelecida através da Lei nº 8906 de 4 de julho de 1994, no título II, capítulo I, art. 44 e 45.
A Estrutura organizacional da OAB
O artigo 44 da Lei nº 8906/94 determina que a OAB tem por finalidade defender a Constituição e o Estado democrático de direito, zelando por assegurar os direitos humanos, a justiça social, buscando a melhor aplicação da lei, e a melhor aplicação da lei, e a melhor atuação das instituições jurídicas. O artigo em seu inciso II atribui aos advogados a função de representação, defesa e o exercício ético da profissão.
No artigo 45 da mesma lei estabelece quais os órgãos que compõem a OAB. Convém enfatizar que cada órgão da OAB possui uma função especial dentro da estrutura do órgão nacional – OAB Brasil.
Nos incisos que compõem o artigo 45 estão estabelecidos os órgãos da OAB. Os parágrafos que compõem o artigo 45 trazem alguns aspectos relevantes para entendermos como está organizada esta instituição:
O Conselho Federal: O § 1º trata do Conselho Federal da Ordem do Advogados do Brasil especificamente. O Conselho Federal é sediado na capital federal, Brasília. O Conselho Federal apresenta personalidade jurídica própria. O Conselho Federal é o órgão maior da OAB e nele são estabelecidas as normas gerais de regulação da advocacia.
Os Conselhos Seccionais: As normativas regulamentares dos Conselhos Seccionais estão no § 2º do artigo 45. Esses Conselhos Seccionais têm personalidade jurídica própria e desempenha suas funções jurisdicionais no território de seus Estados-membros e no Distrito Federal.
As Subseções: As Subseções gozam de autonomia em relação ao Conselho Seccional conforme o estabelecido no §3º do artigo 45 da Lei nº 8906/94.
As Caixas de Assistência dos Advogados: O mesmo artigo em seu § 4º traz a importância da Caixa de Assistência dos Advogados que veremos mais profundamente na aula 3 desta mesma unidade.

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