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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ANATOMIA MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA Cerebelo, do latim, pequeno cérebro (diminutivo latino de Cerebrum), é posterior do TE, formando o teto do IV Ventrículo, mas conectado a ele pelos Pedúnculos Cerebelares. Repousa na fossa cerebelar do Osso Occipital que forma a base do crânio. Está separado do lobo occipital do cérebro por uma prega de duramáter chamada Tenda do Cerebelo. O cerebelo é importante para a manutenção da postura, o equilíbrio, a coordenação dos movimentos e para a aprendizagem de habilidades motoras (como o Núcleo Olivar). Também está envolvido em funções cognitivas. Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 1. ANATOMIA GERAL O cerebelo é dividido em uma parte ímpar (uma estrutura apenas) e mediana, o VÉRMIS CEREBELAR (Do latim, vermis, significa Verme – forma alongada e mole); e estruturas pares, mais laterais, os HEMISFÉRIOS CEREBELARES. Na face ventral essas estruturas são separadas nitidamente por sulcos. A superfície é separada por sulcos transversais que separam finas lâminas chamadas Folhas do cerebelo (do Latim, Folium – uma folha; folias é o plural de folium no latim). Quando os sulcos são mais fundos, chamamos de Fissuras do Cerebelo, geralmente delimitando lóbulos que contém várias folias. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Essa separação do cerebelo por sulcos, fissuras e lóbulos aumentam a área (superfície) do cerebelo sem aumentar o volume, como ocorre no cérebro. Internamente, o cerebelo possui um centro de substância branca (Corpo Medular do Cerebelo) que emite lâminas brancas para a periferia. É revestido por uma camada de substância cinzenta chamada Córtex Cerebelar. No corpo medular existem 4 pares de núcleos de subst. Cinzenta imersos na subst. Branca, os Núcleos Centrais do Cerebelo: Núcleo Denteado, Núcleo Interpósito (núcleo emboliforme e Globoso) e, Núcleo Fastigial. Esses núcleos são importantes por emitir fibras eferentes do cerebelo para partes do TE e Cérebro. • LÓBULOS E FISSURAS Os lóbulos tem uma parte em contato com o vérmis e outra livre, contida nos hemisférios. Os lóbulos são duplos, ou seja, simétricos. Temos 17 lóbulos e 8 fissuras, mas os mais importantes são os Lóbulos Nodulares e Flóculos (Lobo Floculonodular), Tonsila, Lóbulo anterior, Lóbulo posterior, Fissura Posterolateral e Fissura Prima. O NÓDULO é um lóbulo do vérmis e fica bem em contato com o teto do IV Ventrículo num corte sagital, enquanto o FLÓCULO só é visivel num corte sagital mais lateral, pois é um lóbulo do hemisfério, dá para identificá-lo abaixo do Pedúnculo Cerebelar Médio (PCM). O nódulo e flóculo se juntam e formam o Lóbulo Floculonodular, separados do restante do cerebelo pela Fissura posterolateral. É responsável pela manutenção do equilíbrio e postura. As TONSILAS compõem a parte mais inferior do Cerebelo, em contato com a parte dorsal do Bulbo. Em situações patológicas pode sofrer herniação, ou seja, “descer” para o forame magno, comprimindo o Bulbo e interrompendo o fluxo de líquor. Caso o paciente tenha uma tonsila mais baixa que o normal, a punção de líquor pode piorar a situação e pode ser fatal, aumentando a pressão intracraniana e comprimindo partes importantes do Bulbo. Esses lóbulos podem se juntar e formar Lobos, como os Lobo Floculonodular (separados pela Fissura Posterolateral – estrutura a parte do corpo do cerebelo) e Lobo Anterior e Posterior, separados pela Fissura Prima. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 2. MICROANATOMIA E NÚCLEOS DO CEREBELO O cérebro e cerebelo constituem o Sistema Nervoso Suprassegmentar (ou seja, parte do SNC sem contato com os nervos, sem ser de onde eles emergem. O SN segmentar é o periférico, a medula e o tronco encefálico). Assim, ambos possuem um córtex de substância cinzenta que envolve um centro medular (corpo medular do Cerebelo). Esse centro de massa branca possui ilhas de massa cinzenta chamadas núcleos (núcleos centrais do cerebelo). O córtex cerebelar possui 3 camadas de células: Camada Molecular (mais externa, superficial), Camadas de células de Purkinje (intermediária) e, Camada Granular (mais interna). A Camada Intermediária, de Purkinje, é a mais importante. Os dendritos das células de Purkinje se ramificam na Camada Molecular, enquanto o axônio longo vai para os núcleos centrais do cerebelo (inibem). Esses axônios formam as fibras eferentes do córtex cerebelar. A Camada Molecular possui fibras paralelas, células estreladas e células em cesto (em cesto: possui ramificações dos axônios que abraçam o corpo das células de Purkinje). Já a Camada Granular possui as células granulares (Grânulos do cerebelo). São células pequenas mas com muitos dendritos e um axônio longo, que atravessa a camada intermediária (de Purkinje) e se bifurca em T ao chegar na Camada Molecular. Os ramos dessa bifurcação formam as fibras paralelas, responsáveis pela sinapse com muitos neurônios de Purkinje ao mesmo tempo. A camada Granular possui ainda as Células de Golgi (?). • CONEXÕES INTRÍNSECAS DO CEREBELO – TRAJETO DAS FIBRAS DENTRO DO CEREBELO As fibras que entram no cerebelo (Aferentes) vão para o córtex e podem ser de dois tipos: As fibras Musgosas e as fibras Trepadeiras (se enrolam na Purkinje). As fibras Trepadeiras vem dos Núcleos Olivares Inferiores (OLIVOCEREBELARES), enquanto as Musgosas (Vias Aferentes sem ser olivocerebelar) são vias comuns para diversas vias que adentram no cerebelo. Ambas são glutamatérgicas (Glu), ou seja, são excitatórias. As fibras Trepadeiras (OLIVOCEREBELARES) se enrolam no neurônio de Purkinje e excitam-no (ação direta). Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp As fibras Musgosas vão para a camada granular, se ramificam e excitam células granulares (única célula excitatória do córtex) que, por sua vez, excitam as de Purkinje (fibras paralelas – ação indireta). As células de Purkinje são inibitórias, ou seja, inibem por meio do neurotransmissor GABA os neurônios dos núcleos centrais. Forma-se um CIRCUITO BÁSICO: Impulsos nervosos para o cerebelo → fibras Musgosas → ativação dos Núcleos Centrais → ativação das células Granulares → fibras Paralelas → células de Purkinje → inibição dos neurônios dos núcleos centrais. A ação dos neurônios dos núcleos centrais do cerebelo é modulada pela ação inibitória das células de Purkinje. Esse circuito é modulado pelas outras células (Células de Golgi + Células em Cesto + Células Estreladas) que também agem inibindo (neurotransmissor GABA). Também há penetração no Cerebelo de fibras noradrenérgicas e serotoninérgicas vindas do locus ceruleus e dos Núcleos da Rafe. 2.1. NÚCLEOS CENTRAIS DO CEREBELO Há 4 núcleos centrais do Cerebelo: Núcleo Denteado, Núcleo Emboliforme, Núcleo Globoso e Núcleo Fastigial. O NÚCLEO FASTIGIAL é o mais medial, está bem próximo da linha média e no ápice do triângulo que forma o IV Ventrículo. O NÚCLEO DENTEADO é o maior deles, o mais lateral e tem um aspecto pregueado igual ao Núcleo Olivar Inferior. Já os NÚCLEOS GLOBOSO e EMBOLIFORME são chamados Núcleo Interpósito por estar entre o Fastigial e o Denteado e possuir semelhanças estruturais e funcionais. Desses 4 núcleos chegam axônios das fibras de Purkinje e saem fibras eferentes do Cerebelo. Eles estão banhados em substância branca (Corpo Medular do Cerebelo), Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicampcomposta por fibras aferentes do cerebelo (Pedúnculos Cerebelares→Córtex Cerebelar) e fibras formadas pelos axônios das células de Purkinje (Córtex Cerebelar→Núcleos centrais). 2.2. DIVISÃO MORFOFUNCIONAL DO CEREBELO Essa divisão funcional se baseia nas conexões do Cerebelo com os outros núcleos ligados à Medula Espinal, ao Cérebro e aos Núcleos Vestibulares do TE. Assim, há 3 áreas: o Vestibulocerebelo, o Espinocerebelo e o Cerebrocerebelo. Tal divisão se baseia na divisão do corpo do cerebelo (tudo menos o lobo floculonodular) nas zonas laterais, intermédia e medial, sem limites anatômicos visíveis entre as zonas lateral e medial. O Vestíbulocerebelo é o Lobo Floculonodular e tem conexões com o Núcleo Fastigial e com os Núcleos Vestibulares do TE. (Fibras Vestibulocerebelares – equilíbrio e postura). O Espinocerebelo é o Vérmis (zona medial) + Zona intermédia dos Hemisférios. Tem conexões com a ME (Fibras Espinocerebelares – coordenação e execução do movimento). O Cerebrocerebelo é a Zona Lateral dos Hemisférios e tem conexões com o Córtex Cerebral (Fibras Corticocerebelares – planejamento motor). Essa divisão morfofuncional é importante para estudar as conexões extrínsecas do cerebelo, ou seja, as vias que chegam e saem do Cerebelo (VIAS EFERENTES E AFERENTES), Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp conectando-o com o restante do corpo. É importante sabe que o Cerebelo controla as áreas homolaterais do corpo, ou seja, as fibras não cruzam de lado. Logo, uma lesão no lado direito do cerebelo causa sintomas no lado direito do corpo (ipsilateral). • VESTIBULOCEREBELO A principal via Aferente do cerebelo é a do Fascículo VestibuloCerebelar, que origina nos núcleos vestibulares do TE e vão para o Lobo Floculonodular do Cerebelo pelo PCI. Trazem informações de propriocepção inconsciente da posição da cabeça a partir do ouvido interno (parte vestibular). Essa informação é importante para a manutenção do equilíbrio e postura corporal. Na via Eferente temos axônios dos neurônios de Purkinje saindo do lobo Floculonodular e fazendo sinapse com os neurônios dos núcleos vestibulares medial e lateral (do TE). Os neurônios do núcleo Vestibular Lateral modulam os Tratos Vestibuloespinhais lateral e medial (SISTEMA MOTOR MEDIAL DA ME), responsáveis pelo controle da musculatura axial e extensora dos membros, importantes para a manutenção do equilíbrio, da postura e, principalmente, da MARCHA. Já os neurônios do Núcleo Vestibular Medial são inibidos pelas fibras de Purkinje pelas vias eferentes e controlam os movimentos oculares e da cabeça através do Fascículo Longitudinal Medial. • ESPINOCEREBELO O espinocerebelo possui conexões SENSITIVAS com a ME por meio dos tratos Espinocerebelar anterior e Espinocerebelar Posterior, que adentram no cerebelo pelos Pedúnculos Cerebelares Superior e Inferior. Essas fibras terminam no córtex cerebelar, mais especificamente, no córtex das zonas medial e intermédia. Pelo Trato Espinocerebelar Posterior, o cerebelo recebe informação proprioceptiva dos músculos, tendões e articulações, permitindo avaliar a postura e a velocidade da movimentação. Já as fibras do Trato Espinocerebelar Anterior informa ao cerebelo o Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Nota No vestibulocerebelo não há conexão com os núcleos centrais do cerebelo, as proprias fibras de purkinje vão até o TE. Branda Nota Propriocepção Inconsciente do núcleo Torácico da ME, que sobre pelos tratos espinocerebelares Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp grau de atividade do Trato Corticoespinhal na ME (como o movimento está sendo colocado em prática). Depois de processada as informações, o Espinocerebelo envia fibras para o Núcleo Rubro (Mesencéfalo) e para o Tálamo. Essas fibras tem origem nos axônios dos neurônios de Purkinje da zona intermédia que fazem sinapse com os neurônios dos Núcleo Interpósito, que formam as vias Interpósito-Rubroespinhal e Interpósito- Tálamo-Cortical. A Via Interpósito-Rubroespinhal sai dos núcleos interpósitos e vai para o Núcleo Rubro, agindo sobre os neurônios motores do Trato Rubroespinhal. A Via Interpósito-Tálamo-Cortical sai dos núcleos interpósitos e vai para as áreas motoras do córtex cerebral (Giro Pré-Central), onde se origina o Trato Corticoespinhal. Esse núcleo Interpósito influencia diretamente os neurônios motores do grupamento lateral da CA da Medula (músculos distais dos membros – movimentos delicados). Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Outra via Eferente do Espinocerebelo é a formada pelos axônios das fibras de Purkinje da Zona medial que, ao fazer sinapse com os neurônios do Núcleo Fastigial, formam o Trato Fastigiobulbar composto por duas vias: Via Fastigio-vestibulares (Núcleo Fastigial→Núcleos Vestibulares do Bulbo, controlando o Trato Vestíbuloespinhal) e Via Fastígio-Reticulares (Núcleo Fastigial→Formação Reticular do Bulbo, controlando o Trato Reticuloespinhal). O trato FastigioBulbar comprova também a influência do cerebelo sobre os neurônios motores do grupamento medial da CA da Medula (músculos proximais dos membros e do esqueleto axial – manutenção da postura e equilíbrio). O Cerebelo é o maestro do sistema motor! Logo, do Núcleo Interpósito vai para o Tálamo e para o Córtex; do Núcleo Fastigial vai para a Formação Reticular e Núcleo Vestibular (Bulbo). • CEREBROCEREBELO A via Aferente do cerebrocerebelo é a Via Córtico-Ponto-Cerebelar (Corticocerebelares), trazendo informações das áreas motoras e não motoras do córtex cerebral para o cerebelo e passando pela Ponte. Fibras saem das áreas motoras do córtex cerebral e passam pelos núcleos Pontinos, originando as fibras pontinas (ou Ponto-Cerebelares). Essas fibras entram no cerebelo pelo Pedúnculo Cerebelar Médio e vão para o córtex cerebelar da Zona Lateral. A via Eferente do cerebrocerebelo começa nos axônios das fibras Purkinje da zona lateral que vão para o Núcleo Denteado e fazem sinapses com esses neurônios. Os axônios desses neurônios vão para o Tálamo oposto e depois para as áreas motoras do córtex cerebral onde se origina o trato Corticoespinhal. Essa via se chama Via Dento-Talâmica- Cortical. Importante no planejamento motor e início do movimento. Assim, o núcleo denteado age sobre os músculos distais dos membros – movimento delicado. Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 3. ASPECTOS CLÍNICOS DO CEREBELO As funções do cerebelo é a manutenção do equilíbrio e da postura, controle do tônus muscular, controle dos movimentos voluntários, aprendizagem motora e funções cognitivas específicas. • MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO E POSTURA É desempenhada pelo Vestíbulocerebelo, contraindo músculos axiais e proximais dos membros para manter o equilíbrio do corpo e a postura normal, bípede. Essa informação de contração moderada é transmitida para os neurônios motores pelo Trato Vestíbuloespinhal. • TÔNUS MUSCULAR O controle do tônus muscular é realizado pelos núcleos centrais do cerebelo, especificamente o Denteado e o Interposto. Esses núcleos estimulam os neurônios motores pelos Tratos corticoespinhal e rubroespinhal a contrair o músculo mesmo sem movimento, apenas para dar o tônus. • MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS O cerebelo coordena os movimentos voluntários, como andar ou mexer os braçospara pegar alguma coisa. Com isso, lesões do cerebelo causam ATAXIA, ou seja, falta de coordenação dos movimentos voluntários por erro do cálculo de força (coloca muita força para pegar um copo de plástico e amassa), erro de extensão (estica muito o braço pra pegar um objeto e passa dele ou não estica o suficiente, a mira é ruim), e erro de direção do movimento (mira ruim também, estico o braço para o lado do objeto e não consigo pegar). O cerebelo participa do planejamento do movimento e da correção dele enquanto está acontecendo. O Cerebrocerebelo recebe informações das áreas de associação do córtex cerebral (funções psíquicas superiores) que expressam a intenção do movimento. Essa informação é levada pela via Córtico-ponto-cerebelar (Córticocerebelar) até o cerebelo, que converte em um PLANO MOTOR, que é devolvido para essas áreas associativas do córtex cerebral por outra via, a Dento- Talamo-Cortical. No córtex cerebral, as áreas pré-motora e motora suplementar associam as informações do plano motor recebido pelo Cerebelo com o seu próprio plano motor e cria um geral. Esse plano motor (intenção do movimento) geral é colocado em prática ativando 2 neurônios da área motora primária. Os axônios desses neurônios descem pelo Trato Corticoespinhal e fazem sinapse com os neurônios motores da CA da medula, iniciando o movimento. Depois do movimento estar acontecendo, ele manda aferencias para o cerebelo para que ele possa controlá-lo. Essas aferências sobem pelo Trato Espinocerebelar e chega ao cerebelo (Espinocerebelo), informando-o como que o movimento está sendo executado. O cerebelo envia correções desse movimento pela via Interpósito- Talamo-Cortical até as áreas motoras do córex cerebral. Dessa área descem comandos pelo trato Corticoespinhal até os neurônios motores da CA. Assim, o espinocerebelo compara o movimento sendo executado (prática) com o plano motor (teoria), fazendo as correções possíveis. O espinocerebelo recebe aferências corticais e espinhais, enquanto o cerebrocerebelo recebe apenas aferencias corticais. Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O núcleo Denteado é ativado antes do início do movimento (planejamento motor - Cerebrocerebelo), enquanto o núcleo Interpósito é ativado apenas após o movimento iniciar (correção do movimento – Espinocerebelo). >> Movimento Balístico: São os movimentos rápidos em que não há tempo para fazer correcções durante a execução. Estes movimento são pré-programados e a ordem motora é executada (apenas o Núcleo Denteado é ativado, ou seja, apenas o Cerebrocerebelo). Tal como nos outros movimentos voluntários, o plano motor do cerebelo também existe e todo o mecanismo descrito anteriormente se mantém; no entanto, não há tempo para realizar nenhuma correcção (o espinocerebelo não participa). Assim, o movimento pode ser errado, como jogar uma pedra e acertar o vidro da casa, ou jogar a bola de basquete e errar a cesta. Esses movimentos não dá tempo de corrigir, apenas de planejar como fazer. • APRENDIZAGEM MOTORA A aprendizagem motora é quando executamos a mesma atividade (atividade motora repetitiva) várias vezes e fazemos cada vez mais rápido e melhor. O cerebelo participa dessa aprendizagem pelas fibras Olivocerebelares, que vem do Núcleo Olivar Inferior (olivas do Bulbo) e entram no Córtex Cerebelar como fibras Trepadeiras que se enrolam nas células de Purkinje, regulando sua excitabilidade. Essas FIBRAS TREPADEIRAS modifcam a resposta das células de Purkinje às fibras Musgosas, ou seja, são oposas. As Trepadeiras sinalizam o erro no movimento repetitivo e deprimem as fibras paralelas ativas, permitindo a correção do movimento. Assim, com a repetição da atividade, essas fibras ficam mais atentas aos pequenos erros e o movimento melhora com o tempo. As Trepadeiras comparam as informações sensoriais esperadas com a que ocorre na realidade, vindas pelas fibras Olivocerebelares. O circuito Rubro – Olivo – Cerebelo é uma alça importantíssima do funcionamento do Cerebelo. Com isso, lesão no Cerebelo ou no Núcleo Olivar Inferior dificulta/impede a aprendizagem motora, a pessoa não consegue fazer movimentos repetitivos melhores e mais rápidos. Ex.: movimentos de escrita, digitação, costura etc. • FUNÇÕES COGNITIVAS DO CEREBELO Branda Destacar Branda Destacar Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp São funções não motoras realizadas pelo Cerebrocerebelo em conexão com o Córtex Pré-frontal. Ex.: resolver quebra-cabeças, associar palavras a verbos, resolver mentalmente operações aritméticas, reconhecer figuras complexas. 4. CORRELAÇÕES CLÍNICAS DO CEREBELO Os 3 principais sintomas de lesão no cerebelo são: Incoordenação dos movimentos (ATAXIA), perda do equilíbrio e, diminuição do tônus muscular (hipotonia). A incoordenação dos movimentos é caracterizada pela MARCHA ATÁXICA (marcha instável igual de um bêbado, andando de pernas abertas para ampliar sua base de sustentação). Essa incoordenação dos movimentos também afeta a fonação, pois o paciente fala com voz arrastada. A perda do equilíbrio pode ser visualizada pela dificuldade do paciente manter-se na posição ereta, principalmente de pés juntos. Ocorre também diminuição do tônus da musculatura esquelética (HIPOTONIA) pois é o cerebelo que permite o tônus dos músculos, auxiliando na postura. Não é coincidência a lesão cerebelar ter sintomas parecidos com a embriaguez, pois o álcool afeta as células de Purkinje do Cerebelo. Todos esses distúrbios e lesões cerebelares podem ter diversas causas, como malformações congênitas, hereditárias, infecciosas, neoplásicas, traumas etc. Geralmente essas lesões no cerebelo causam sintomas do mesmo lado do corpo (IPSILATERAIS) e os sintomas das diversas síndromes se misturam (aparecem juntas). Assim, dependendo do local da lesão podemos diferir lesões do vérmis e lesões de hemisfério. As LESÕES DE HEMISFÉRIOS são ipsilaterais e afeta a coordenação do movimento. Já a LESÕES DE VÉRMIS causa perda do equilíbrio, marcha atáxica e fala arrastada (pois o vérmis é o centro vocal). Contudo, quando essas lesões são localizadas no córtex e na infância, o Cerebelo tem capacidade de se recuperar (plasticidade). 4.1. SÍNDROMES CEREBELARES São causadas em geral por lesões ou tumores que danificam algumas áreas do cerebelo, mas não ele todo. Causam sintomas específicos e distintos dos acima. São conhecidos 3 síndromes com base nos seus sintomas: Sindrome do Vestíbulocerebelo, síndrome do espinocerebelo e síndrome do cerebrocerebelo. ➢ SÍNDROME DO VESTÍBULOCEREBELO Ocorre perda da capacidade de regular o movimento do corpo durante a marcha ou manutenção da postura, como também perda dos movimentos oculares conjugados durante a movimentação lateral da cabeça (nistagmo também ocorre). Há ataxia (marcha com base alargada) com olhos abertos ou fechados, com tendência à queda. Pode ser evidenciada pelo Sinal de Romberg Negativo. Caso o indivíduo esteja em decúbito dorsal, os movimentos dos membros não é afetado pois o cerebelo capta informações proprioceptivas dos tratos Espinocerebelares (deitado é normal) Essa síndrome geralmente acometem crianças menores de 10 anos que tiveram algum tumor/lesão no teto do IV Ventrículo, comprometendo o Nódulo e o Flóculo (Lobo Floculonodular). Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda DestacarBranda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ➢ SÍNDROME DO ESPINOCEREBELO É caracterizada por erros na execução motora porque acomete áreas que normalmente processam informações proprioceptivas dos tratos Espinocerebelares. Assim, o movimento das articulações, por exemplo, não são corretamente executados. O paciente estica o membro e ultrapassa o alvo ou para antes de chegar ao alvo. Isso é chamado de DISMETRIA, o erro na precisão do movimento, direção e extensão. Como há redução do trato rubroespinhal e corticoespinhal, ocorre perda do tônus muscular esquelético. Ocorre também ataxia dos membros com tremor terminal, ou seja, ao tentar alcançar um alvo a mão do paciente faz caminhos ondulantes e imprecisos, segurando apenas o ar ao redor do alvo e tremendo. Também pode causar nistagmo e alteração da fala (fala arrastada) por lesão do vérmis (controle vocal) ou núcleo fastigial. ➢ SÍNDROME DO CEREBROCEREBELO Ocorre por lesão na zona lateral do cerebelo, causando atraso no início do movimento, decomposição do movimento multiarticular (realiza movimentos complexos que usam várias articulações ao mesmo tempo de forma quebrada; fica parecendo enferrujado), disdiadococinesia, rechaço, tremor e dismetria. A DISDIADOCOCINESIA é a dificuldade de realizar movimentos rápidos e alternados. Ex.: tocar a ponta do polegar com a ponta do indicador e do dedo médio, trocando rapidamente. O RECHAÇO é um sinal da flexão do antebraço. Colocamos uma resistência ao movimento de flexão do antebraço e ao retirarmos, o movimento de flexão tem que ter uma força menor, pois foi retirado o empecilho. No paciente com lesão cerebelar, a força continua a mesma depois que foi retirado o empecilho e a flexão do antebraço é tão forte que pode bater no próprio rosto. Isso ocorre porque na lesão do cerebelo não há coordenação do antagonismo dos grupos musculares, ou seja, os músculos extensores do antebraço não atuam muito bem como antagonistas dos músculos flexores. O TREMOR causado por lesões cerebelares é maior no final do movimento, ou seja, quando está prestes a pegar no alvo ele oscila um pouco. A DISMETRIA é a execução defeituosa de movimentos para alcançar um alvo, pois o paciente não dosa a força e o grau de extensão dos movimentos. É testada pelo exame de toque no próprio nariz com olhos abertos e, depois, com olhos fechados. Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar Branda Destacar
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