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Aula 01
Direito Agrário p/ AGU - Procurador Federal
Professor: Thiago Leite
 
 
 
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DIREITO AGRÁRIO ± PROCURADOR FEDERAL 
Teoria, jurisprudência e questões 
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Sumário 
1 ± Reforma Agrária ± Panorama Geral........................................................ 2 
2 ± Reforma Agrária - Características .......................................................... 9 
3 ± Reforma Agrária - Objetivos ............................................................... 10 
4 ± Jurisprudência correlata ..................................................................... 12 
5 - Questões .......................................................................................... 15 
6 - Resumo da Aula ................................................................................ 19 
 
 
 
 
 
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1 ± Reforma Agrária ± Panorama Geral 
 
Na aula passada vimos o conceito do 
direito agrário e os princípios que 
regem a matéria. Agora estamos 
prontos para estudarmos um dos temas 
mais importantes do Direito Agrário, 
que é a Reforma Agrária. Antes de 
detalharmos o assunto, é importante 
voltarmos um pouco à aula passada 
para relembrar que a estrutura 
IXQGLiULD� HP� QRVVR� SDtV� KHUGRX� GR� ³6LVWHPD� GH� 6HVPDULDV´, como principal 
característica, a alta concentração de terras (formando o que se chama de 
latifúndio). Esse sistema decorrente do processo de colonização acabou por 
acentuar a desigualdade social no campo, pois reservou grandes porções de 
WHUUDV�j�SRXFRV�³IHOL]DUGRV´��HQTXDQWR�D�JUDQGH�PDLRULD�GD�SRSXODomR�GR�FDPSR�
vivia na miséria. Nem a Lei de Terras nem o Regime Republicano conseguiram 
corrigir tais distorções e o problema persiste até hoje (até porque geralmente 
não interessa a quem está no poder a correção de tal problema). 
Mas o que é, afinal, reforma agrária? O legislador se encarregou de responder no 
artigo 1º, §1º do Estatuto da Terra: 
 
 
 
 
Ou seja, diante do problema histórico da concentração de terras no Brasil surge 
a necessidade da reforma agrária, que nada mais é que um conjunto de 
medidas voltadas para a correção desse problema, com a distribuição 
mais justa da terra, de modo a garantir a todos o direito à propriedade, 
ao trabalho, enfim, a uma vida digna. 
O interessante é que, no processo de colonização do Brasil, na medida em que 
foram surgindo latifúndios (grandes porções de terras concentradas nas mãos 
.
Considera-se Reforma Agrária o
conjunto de medidas que visem a
promover melhor distribuição da
terra, mediante modificações no
regime de sua posse e uso, a fim de
atender aos princípios de justiça
social e ao aumento de
produtividade
 
 
 
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de poucos) também foram sendo criados minifúndios (pequenas porções de 
terras que, ante seu reduzido tamanho, não possibilita o seu adequado 
aproveitamento). Ambos são igualmente nocivos. 
 
 
 
 
 
 
Atentar para o fato de que na categoria 
³ODWLI~QGLR´� SRGHP� H[LVWLU� WDQWR� WHUUDV�
produtivas quanto improdutivas. Além do 
mais, a área do terreno não é o único fator de 
FDUDFWHUL]DomR� GD� WHUUD� FRPR� ³ODWLI~QGLR´��
pois também deve ser levado em consideração o nível de aproveitamento 
da terra, ou seja, um imóvel de 1 módulo rural (pequeno, portanto) que 
esteja improdutivo é caracterizado como latifúndio. 
 
Como consequência natural deste processo de formação agrária no país, em que 
se privilegiou a alta concentração de terras, houve o surgimento de uma classe 
de excluídos no campo, pessoas as quais não foram dadas oportunidades de 
acesso à terra e, porque não dizer, a uma vida digna. 
Sem acesso à terra, aos meios de produção, a financiamento, ao emprego e à 
renda, esses excluídos começaram a se organizar para lutar por seus direitos 
básicos, dando origem a diversos Movimentos Sociais, tais como o MST 
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). 
 
‡ Minifúndio: imóvel rural de área e
possibilidades inferiores às da
propriedade familiar (artigo 4º, IV do
Estatuto da Terra). Devido à sua
pequena área, torna inviável o
progresso pleno de seus proprietários,
devendo ser gradualmente extinto.
‡ Latifúndio: imóvel rural:
a) de área superior a 600 módulos
fiscais; ou
b) de área igual ou superior a 1 módulo
até 600 módulos que seja mantido
improdutivo ou subaproveitado, mesmo
que voltados para fins especulativos.
(artigo 4º, V do Estatuto da Terra).
 
 
 
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Sem entrar em discussões ideológicas acerca da legalidade ou não das ações 
levadas a cabo por Movimentos Sociais como o MST (tais como invasão a prédios 
públicos, invasão de propriedades produtivas, destruição de plantações, etc.) o 
importante é termos consciência de que o surgimento desses movimentos 
não foi obra do acaso, mas se deu como decorrência de um modelo 
agrário adotado pelas elites do país. E a solução que parece mais adequada 
a ser adotada não é a criminalização desses movimentos, mas sim a reformulação 
do sistema agrário nacional, com uma distribuição de terras que permita ao 
homem do campo as condições para seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que 
garanta aos empreendedores rurais o direito de desenvolverem suas atividades, 
ajudando o país a crescer. Esse é o principal objetivo a ser alcançado pela reforma 
agrária. 
Importante frisar que os entes públicos, ante qualquer ação tida por 
ilegal praticada por movimentos sociais, devem atuar em defesa do 
interesse público, que é indisponível, inclusive exercendo o poder de 
polícia (medidas como reintegração de posse, interdito possessório, 
ações reparatórias, fiscalização, etc.), haja vista que o processo de 
reforma agrária deve respeitar o império da lei (STF, ADIN 2.213 MC). 
 
Percebe que o conflito agrário no País nasce de uma tensão decorrente do 
sistema agrário nacional, arcaico, retrógrado e que privilegia a concentração de 
terras em detrimento da exclusão do homem 
do campo? 
O episódio mais triste e marcante, no país, 
relacionado a conflitos de terra é o famoso 
³Massacre de Eldorado do Carajás´��
ocorrido em 1996 no Município de Eldorado dos 
Carajás, no Sul do Pará, quando a Polícia 
Militar do Estado acabou enfrentando um 
grupo de aproximadamente 1.500 sem-terra 
que protestavam contra a demora na 
desapropriação de terras para a reforma agrária. Esse enfrentamento acabou 
com 19 sem-terra mortos e chocou o país. Como reação a este lamentável 
‡ O MST surgiu na década de 80 como
um movimento de ativismo político e
social que busca a justiça social no
campo, com uma melhor distribuição
de terras e a garantia das condições
necessárias para a sua exploração,
de modo que a propriedade cumpra
sua função social
a
 
 
 
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episódio o Governo Federal, uma semana depois, recriou o Ministério da ReformaAgrária. 
 
Mas a reforma agrária não se contenta apenas com uma melhor distribuição de 
terras, pois, como visto no conceito legal do instituto, também envolve medidas 
voltadas para o uso da propriedade. Não basta apenas distribuir terras; após 
essa distribuição deve ser garantido ao homem do campo as condições 
necessárias para o adequado aproveitamento da terra. 
E como se daria esse aproveitamento da terra? Com a adoção de instrumentos 
legais, econômicos e sociais voltados para a exploração da terra, de modo a 
garantir o cumprimento da função social da propriedade. Podemos citar como 
exemplos a abertura de linhas especiais de financiamento para o produtor rural, 
venda de insumos com preços subsidiados, acesso facilitado ao maquinário, 
disponibilização de tecnologia de ponta ao produtor, garantia de compra do 
produto oriundo da atividade rural familiar por um preço mínimo, etc. 
A ideia central é distribuir terra ao homem do campo, e municiá-lo com as 
condições necessárias para que ele explore a terra e seja competitivo no 
mercado, gerando emprego, renda e riqueza para o pais. 
 
 
 
Mas, na prática, como se instrumentaliza a reforma agrária? Existem basicamente 
dois métodos: o coletivista e o privatista. 
 
Coletivista: está fundado na doutrina socialista, e consiste na 
nacionalização da terra, com a passagem da propriedade para o Estado, 
que detém os meios de produção, reservando ao homem do campo 
apenas o direito de uso da terra. Tal sistema mostrou-se ultrapassado e 
fracassou por onde passou. 
 
Privatista: é próprio do sistema capitalista, e consiste na ideia de que a 
terra pertence a quem a explora (seja pequeno, médio ou grande 
produtor), pois os bens existem para a satisfação do homem, que devem 
exercer esse direito de modo a garantir o cumprimento da função social 
da propriedade (ou seja, o direito de propriedade não é absoluto). É o 
método adotado e perseguido na Reforma Agrária realizada no Brasil. 
‡ A agricultura familiar produz 70%
dos alimentos consumidos pelos
brasileiros.
a
 
 
 
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Atualmente o responsável pela execução 
da reforma agrária no país é o Instituto 
Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária ± INCRA, autarquia federal criada em 1970 e presente em todos os 
Estados da Federação através de suas Superintendências Regionais. 
 
 
 
A reforma agrária se materializa basicamente através da distribuição de terras 
aos beneficiários. Mas a que título se dá essa distribuição? Anote! 
 
Títulos de domínio, tais como venda e doação 
Concessão de uso 
Concessão de direito real de uso (CDRU) previsto no artigo 7º 
do Decreto-Lei 271/67 (introduzido pela Lei 11.481/2007) 
*Os conceitos acima devem ser estudados no direito civil e no direito 
administrativo. 
 
Decreto-Lei 271/67 
Art. 7o É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares 
remunerada ou gratuita, por tempo certo ou indeterminado, como direito real 
resolúvel, para fins específicos de regularização fundiária de interesse social, 
urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento 
sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios 
de subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas urbanas. 
 
A Constituição Federal, em seu artigo 189, 
estabelece que os beneficiários da reforma agrária 
receberão títulos de domínio ou de concessão 
de uso. Ocorre que, como visto acima, também 
existe a possibilidade de concessão de direito 
real de uso (CDRU), possibilidade essa introduzida pela Lei 11.481/2007. 
Algumas bancas se apegam à literalidade da norma constitucional e consideram 
‡ O STF possui entendimento recente de que
qualquer desapropriação para fins de
reforma agrária (mesmo que não seja a
desapropriação sanção) só pode ser feita
pela União (RE 482.452).
 
 
 
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como correta a questão que trata apena dos dois primeiros institutos, deixando 
de lado a CDRU. Portanto, o candidato deverá prestar atenção nas demais 
alternativas na hora de responder à questão. 
 
CF/88 
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária 
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de 
dez anos. 
Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao 
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos 
e condições previstos em lei. 
 
 
E quem são os beneficiários da reforma agrária? Indistintamente, o homem e 
a mulher, independente do estado civil, conforme determinada o artigo 19 da 
Lei 8.629/93, mas deve ser observada uma ordem de preferência, a saber: 
 
1º) ao desapropriado, ficando-lhe assegurada a preferência para a 
parcela na qual se situe a sede do imóvel; 
 
2º) aos que trabalham no imóvel desapropriado como posseiros, 
assalariados, parceiros ou arrendatários; 
 
3º) aos ex-proprietários de terra cuja propriedade de área total 
compreendida entre um e quatro módulos fiscais tenha sido alienada 
para pagamento de débitos originados de operações de crédito rural ou 
perdida na condição de garantia de débitos da mesma origem; 
 
4º) aos que trabalham como posseiros, assalariados, parceiros ou 
arrendatários, em outros imóveis; 
 
5º) aos agricultores cujas propriedades não alcancem a dimensão da 
propriedade familiar; 
 
6º) aos agricultores cujas propriedades sejam, comprovadamente, 
insuficientes para o sustento próprio e o de sua família. 
 
Havendo empate na ordem de preferência, o legislador priorizou os chefes de 
família numerosa cujos membros se proponham a trabalhar a terra objeto 
da reforma agrária. 
 
 
 
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NÃO PODEM SER BENEFICIADOS COM TERRAS ORIUNDAS DA 
REFORMA AGRÁRIA (artigo 20 da Lei 8.629/93) 
 
O proprietário rural, salvo nos casos 1º, 4º e 5º vistos acima 
Aquele que exerce função pública ou autárquica 
Aquele que exerce função em órgão paraestatal ou 
atribuição parafiscal 
Aquele que já foi contemplado, anteriormente, com terras 
provenientes de reforma agrária 
 
Além do mais, os beneficiários da reforma agrária devem assumir algumas 
obrigações (compromissos) decorrentes dessa política estatal. E quais são 
elas? Simples: 
 
OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS PELOS BENEFICIÁRIOS DA REFORMA 
AGRÁRIA (artigos 21 e 22 da Lei 8.629/93) 
 
Cultivar o imóvel, direta e pessoalmente, ou por meio de sua família 
ou de cooperativas 
Não ceder o uso a terceiros pelo prazo mínimo de 10 anos (prazo de 
inegociabilidade) 
Após o período mínimo de 10 anos o imóvel poderá ser alienado, 
desde que a nova área não venha a integrar imóvel rural com área 
superior a 2 módulos fiscais 
 
O descumprimento das obrigações assumidas pelos beneficiários 
(também atinge os sucessores) acarretará a rescisão do contrato e o 
retorno do imóvel para o órgão alienante ou cedente. Ou seja, tanto na 
transferência de domínio quanto na concessão de uso ou na CDRU o 
contrato conterá cláusulas resolutivas (em caso de descumprimento o 
contrato é rescindido). 
 
 
 
 
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Talvez o mais importante instrumento da reforma agrária seja a desapropriação, 
motivo pelo qual será objeto exclusivo de uma próxima aula. 
 
2 ± Reforma Agrária - Características 
 
Prosseguindo no estudo devemos citar, como características próprias da 
Reforma Agrária, o que segue: 
 
 
a) Forma de intervenção do Estado na propriedade, pois dentre os 
principais instrumentos da reforma agrária estão a desapropriação e a 
tributação; 
 
b) Especificidade, pois cada país adotará um modelo de Reforma Agrária que 
se adapte melhor às suas peculiaridades; 
 
c) Transitoriedade, pois na medida em que os latifúndios e os minifúndios 
forem sendo eliminados (melhor distribuição de terras) a Reforma Agrária 
será cada vez menos necessária; 
 
d) Atrelamento a uma Política Agrária eficiente, haja vista que a 
distribuição de terras deve ser implementada em conjunto com medidas 
que garantam o cumprimento da função social da propriedade (linhas de 
crédito, acesso a equipamentos, subsídios governamentais, etc.); 
 
e) Natureza Constitucional, pois a Reforma Agrária lança suas raízes no 
texto constitucional, que consagrou como objetivo fundamental a justiça 
social (artigo 3º, I), além de erigir tal valor como vetor de observância da 
ordem econômica (artigo 170) e da ordem social (artigo 193), além de 
tratar profundamente da função social da propriedade. 
 
f) Redimensionamento das áreas mínimas e máximas da terra (entre 
1 e 600 módulos), contribuindo para a extinção do minifúndio e do 
latifúndio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CARACTERÍSTICAS DA REFORMA AGRÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 ± Reforma Agrária - Objetivos 
 
A Reforma Agrária em nosso País está centrada e voltada para o atingimento de 
2 (dois) grandes objetivos, quais sejam: 
 
 
 
1) Promover a justiça social; 
 
 
 
 
 
2) Promover o aumento da produtividade. 
 
 
 
 
Como decorrência destes dois supra princípios surgem todos os demais, tais como 
a preservação do meio ambiente, a diminuição do êxodo rural, a criação de uma 
classe média rural, a gradual extinção do latifúndio e do minifúndio, o aumento 
do nível de emprego, a garantia da segurança alimentar, etc. Nesta toada o artigo 
16 do Estatuto da Terra estabelece: 
Forma de 
intervenção do 
Estado na 
propriedade
Especificidade
Transitoriedade
Atrelamento a uma 
Política Agrária 
eficiente
Natureza 
Constitucional
Redimensionamento 
das áreas mínimas e 
máximas
 
 
 
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Art. 16. A Reforma Agrária visa a estabelecer um 
sistema de relações entre o homem, a propriedade 
rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça 
social, o progresso e o bem-estar do trabalhador 
rural e o desenvolvimento econômico do país, com 
a gradual extinção do minifúndio e do latifúndio. 
 
O Decreto nº 55.891/65, em seu artigo 1º, detalha o disposto acima: 
 
Art. 1º A Reforma Agrária a ser executada e a 
Política Agrícola a ser promovida, de acordo com os 
direitos e obrigações concernentes aos bens 
imóveis rurais, na forma estabelecida na Lei nº 
4.504, de 30 de novembro de 1964, Estatuto da 
Terra, terão por objetivos primordiais: 
I - A Reforma Agrária: a melhor distribuição da 
terra e o estabelecimento de um sistema de 
relações entre o homem, a propriedade rural e o uso 
da terra, que atendam aos princípios da justiça 
social e ao aumento da produtividade, garantindo o 
progresso e o bem-estar do trabalhador rural e o 
desenvolvimento do País, com a gradual extinção 
do minifúndio e do latifúndio. 
 
Objetivos decorrentes da justiça social e do aumento da produtividade: 
 
9 Geração de ocupação e renda 
9 Desconcentração e 
democratização da estrutura 
fundiária 
9 Redução do êxodo rural 9 Produção de alimentos básicos 
(segurança alimentar) 
9 Combate à fome e à miséria 9 Interiorização dos serviços 
públicos básicos 
9 Promoção da cidadania 9 Diversificação do comércio e 
serviços no meio rural 
9 Preservação do meio ambiente 9 Criação de uma classe média rural 
 
 
 
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Na verdade, os objetivos almejados pela reforma agrária só serão alcançados em 
nosso país quando Estado e sociedade deixarem de compreender a terra como 
XPD� ³mercadoria´� H� SDVVDUHP� D� WUDWi-OD� FRPR� ³instrumento de 
desenvolvimento social´��FRPR�Mi�SUHYr�D�&RQVWLWXLomR�)HGHUDO�DR�LQVWLWXLU�D�
função social da propriedade como requisito para o exercício legítimo da terra. 
Para termos uma noção de quão longe ainda estamos de alcançarmos um modelo 
agrário justo e solidário, apenas 1% dos proprietários de terras no país detém 
nada mais nada menos que 50% de todas as terras. 
 
 
 
4 - Jurisprudência Correlata 
 
 
 
Agravo regimental no recurso extraordinário. Desapropriação de imóvel rural 
para fins de reforma agrária. Artigo 184 da Constituição Federal. 
Competência da União. Precedente. 
1. A competência para a desapropriação para fins de reforma agrária 
é exclusiva da União. 
2. Não cabe aos estados-membros ou aos municípios, a pretexto de 
se utilizarem da desapropriação por interesse social prevista no art. 
5º, inciso XXIV, da CF, implementarem projetos que visem a 
estabelecimento de colônias agrícolas e assentamentos rurais, cujos 
fins são inerentes à reforma agrária. 3. Agravo regimental a que se 
nega provimento. 
(STF, RE 482.452, de 10/05/2016) 
 
...RELEVÂNCIA DA QUESTÃO FUNDIÁRIA - O CARÁTER RELATIVO DO 
DIREITO DE PROPRIEDADE - A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE - 
IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE REFORMA AGRÁRIA - NECESSIDADE DE 
NEUTRALIZAR O ESBULHO POSSESSÓRIO PRATICADO CONTRA BENS 
PÚBLICOS E CONTRA A PROPRIEDADE PRIVADA - A PRIMAZIA DAS LEIS E 
DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. 
- O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis 
que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, 
descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), 
legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada, 
observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os 
procedimentos fixados na própria Constituição da República. - O 
acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e 
adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais 
 
 
 
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disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos de 
realização da função social da propriedade. A desapropriação, nesse 
contexto - enquanto sanção constitucional imponível ao descumprimento da 
função social da propriedade - reflete importante instrumento destinado a 
dar conseqüência aos compromissos assumidos pelo Estado na ordem 
econômica e social. - Incumbe, ao proprietárioda terra, o dever 
jurídico- -social de cultivá-la e de explorá-la adequadamente, sob 
pena de incidir nas disposições constitucionais e legais que 
sancionam os senhores de imóveis ociosos, não cultivados e/ou 
improdutivos, pois só se tem por atendida a função social que 
condiciona o exercício do direito de propriedade, quando o titular do 
domínio cumprir a obrigação (1) de favorecer o bem-estar dos que 
na terra labutam; (2) de manter níveis satisfatórios de 
produtividade; (3) de assegurar a conservação dos recursos 
naturais; e (4) de observar as disposições legais que regulam as 
justas relações de trabalho entre os que possuem o domínio e 
aqueles que cultivam a propriedade. O ESBULHO POSSESSÓRIO - 
MESMO TRATANDO-SE DE PROPRIEDADES ALEGADAMENTE IMPRODUTIVAS 
- CONSTITUI ATO REVESTIDO DE ILICITUDE JURÍDICA. - Revela-se 
contrária ao Direito, porque constitui atividade à margem da lei, sem 
qualquer vinculação ao sistema jurídico, a conduta daqueles que - 
particulares, movimentos ou organizações sociais - visam, pelo 
emprego arbitrário da força e pela ocupação ilícita de prédios 
públicos e de imóveis rurais, a constranger, de modo autoritário, o 
Poder Público a promover ações expropriatórias, para efeito de 
execução do programa de reforma agrária. - O processo de reforma 
agrária, em uma sociedade estruturada em bases democráticas, não 
pode ser implementado pelo uso arbitrário da força e pela prática de 
atos ilícitos de violação possessória, ainda que se cuide de imóveis 
alegadamente improdutivos, notadamente porque a Constituição da 
República - ao amparar o proprietário com a cláusula de garantia do 
direito de propriedade (CF, art. 5º, XXII) - proclama que "ninguém 
será privado (...) de seus bens, sem o devido processo legal" (art. 
5º, LIV). - O respeito à lei e à autoridade da Constituição da 
República representa condição indispensável e necessária ao 
exercício da liberdade e à prática responsável da cidadania, nada 
podendo legitimar a ruptura da ordem jurídica, quer por atuação de 
movimentos sociais (qualquer que seja o perfil ideológico que 
ostentem), quer por iniciativa do Estado, ainda que se trate da 
efetivação da reforma agrária, pois, mesmo esta, depende, para 
viabilizar-se constitucionalmente, da necessária observância dos 
princípios e diretrizes que estruturam o ordenamento positivo 
nacional. - O esbulho possessório, além de qualificar-se como ilícito civil, 
também pode configurar situação revestida de tipicidade penal, 
caracterizando-se, desse modo, como ato criminoso (CP, art. 161, § 1º, II; 
Lei nº 4.947/66, art. 20). - Os atos configuradores de violação possessória, 
além de instaurarem situações impregnadas de inegável ilicitude civil e 
 
 
 
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penal, traduzem hipóteses caracterizadoras de força maior, aptas, quando 
concretamente ocorrentes, a infirmar a própria eficácia da declaração 
expropriatória. Precedentes. O RESPEITO À LEI E A POSSIBILIDADE DE 
ACESSO À JURISDIÇÃO DO ESTADO (ATÉ MESMO PARA CONTESTAR A 
VALIDADE JURÍDICA DA PRÓPRIA LEI) CONSTITUEM VALORES ESSENCIAIS 
E NECESSÁRIOS À PRESERVAÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA. - A 
necessidade de respeito ao império da lei e a possibilidade de invocação da 
tutela jurisdicional do Estado - que constituem valores essenciais em uma 
sociedade democrática, estruturada sob a égide do princípio da liberdade - 
devem representar o sopro inspirador da harmonia social, além de significar 
um veto permanente a qualquer tipo de comportamento cuja motivação 
derive do intuito deliberado de praticar gestos inaceitáveis de violência e de 
ilicitude, como os atos de invasão da propriedade alheia e de desrespeito à 
autoridade das leis da República. 
...Não é lícito ao Estado aceitar, passivamente, a imposição, por 
qualquer entidade ou movimento social organizado, de uma agenda 
político-social, quando caracterizada por práticas ilegítimas de 
invasão de propriedades rurais, em desafio inaceitável à integridade 
e à autoridade da ordem jurídica. - O Supremo Tribunal Federal não pode 
validar comportamentos ilícitos. Não deve chancelar, jurisdicionalmente, 
agressões inconstitucionais ao direito de propriedade e à posse de terceiros. 
Não pode considerar, nem deve reconhecer, por isso mesmo, 
invasões ilegais da propriedade alheia ou atos de esbulho 
possessório como instrumentos de legitimação da expropriação 
estatal de bens particulares, cuja submissão, a qualquer programa 
de reforma agrária, supõe, para regularmente efetivar-se, o estrito 
cumprimento das formas e dos requisitos previstos nas leis e na 
Constituição da República. 
(STF, ADIN 2.213 MC) 
 
³$� GHVDSURSULDomR� GH� LPyYHO� UXUDO� SDUD� ILQV� GH� UHIRUPD� DJUiULD��
modalidade extrema de intervenção do estado na propriedade 
privada, constitui mecanismo de implementação de justiça social no 
campo, por intermédio da justa distribuição da propriedade rural e 
da renda fundiária´� �WUHFKRV� GR� YRWR� GR� 0LQLVWUR�0DXUR� &DPSEHOO�
Marques, no REsp 1.046.178) 
 
Reforma Agrária. Movimento Sem-Terra. Movimento popular visando 
a implantar a reforma agrária não caracteriza crime contra o 
patrimônio. Configura direito coletivo, expressão da cidadania, 
visando a implantar programa constante da Constituição da 
República. A pressão popular é própria do Estado de Direito 
Democrático. 
(HC nº. 5.574/SP ± 6ª T. ± Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, j. 8-4-97) 
 
 
 
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AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - INVASÃO DE 
PROPRIEDADE RURAL - MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-
TERRA - CONCESSÃO DE LIMINAR EM REINTEGRAÇÃO DE POSSE, 
MULTA E DETERMINAÇÃO DE DISTANCIAMENTO DO LOCAL - 
DIREITO À PROPRIEDADE - CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL. 
- A Reforma Agrária deve ser realizada pelos órgãos executivos 
responsáveis pela distribuição das terras que não cumprem os 
requisitos legais da função social. Para tanto, há um processo legal 
que deve ser cumprido, não se permitindo ao Judiciário, frente à 
omissão do Poder Executivo em fazê-lo, admitindo ocupações ilegais 
a imóveis, em desrespeito a direito de terceiros. A determinação de 
distanciamento do imóvel antes invadido se justifica quando se 
constata que, após a desocupação determinada, houve nova 
tentativa de invasão, de modo que a medida permita maior e mais 
eficaz fiscalização e impedimento de nova invasão. 
 
...A função de desapropriação de terras para a realização da 
reforma agrária é atribuição exclusiva dos entes estatais, por 
expressa determinação constitucional e legal, não podendo ser 
delegada ou tolerada a assunção de tal tarefa por particulares e/ou 
movimentos alegadamente interessados na implementação de tal 
política pública, eis que é vedado aos jurisdicionados a prerrogativa 
de fazer, com as próprias mãos, aquilo que entendem como sendo 
ação prática conducente à realização da tão almejada justiça 
social... 
(TJMG, AI 10024131154908001) 
 
 
5 - Questões 
 
 
 
Questão 01 ± (FCC ± 2015 ± Juiz Substituto do Piauí) 
Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma 
agrária receberão APENAS títulos de: 
a) concessão de uso inegociáveis pelo prazo de dez anos ou títulos de 
domínio. 
b) domínio ou de concessão de uso, sendo ambos inegociáveis pelo prazo de 
dez anos. 
 
 
 
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c) domínio inegociáveis pelo prazo de dez anos. 
d) concessão de uso inegociáveis pelo prazo de dez anos. 
e) domínio inegociáveis pelo prazo de dez anos ou títulos de concessão de 
uso. 
 
Comentário: atentar para o fato de que a FCC considerou a 
literalidade do artigo 189 da Constituição Federal, o que torna a letra 
µE´� FRUUHWD�� /HPEUDQGR� TXH� WDQWR� os títulos de domínio quanto a 
concessão de uso são inegociáveis pelo prazo de 10 anos. 
 
Questão 02 ± (FMP ± 2015 ± Defensor Público do Pará) 
Pelo princípio constitucional de autonomia dos Estados da Federação 
brasileira, o Estado do Pará tem competência para desapropriar 
imóveis rurais para fins de reforma agrária (texto associado) 
 
Comentário: errada, pois a Constituição Federal delegou 
competência exclusiva à União para desapropriar para fins de 
reforma agrária (artigo 184) (RE 482.452). 
 
Questão 03 ± (FMP ± 2015 ± Defensor Público do Pará) 
Para se identificar o imóvel rural como latifúndio improdutivo, é 
suficiente a prova de estar sendo possuído com fins especulativos 
(texto associado) 
 
Comentário: errada, pois para se identificar um imóvel como 
latifúndio é necessário verificar, também, se o mesmo possui área 
maior que 1 módulo rural, além de analisar a não exploração do 
imóvel de acordo com as possibilidades físicas, econômicas e sociais 
GR�PHLR��FRQIRUPH�GHWHUPLQD�R�DUWLJR��ž��9��³D´�H�³E´�GR�(VWDWXWR�GD�
Terra. 
 
Questão 04± (FMP ± 2015 ± Defensor Público do Pará) 
Não é proibida a simples transferência da posse de imóvel que foi 
objeto de reforma agrária a quem estiver legitimado para 
assentamento rural, por meio de concessão do direito real de uso 
(CDRU) (texto associado) 
 
Comentário: correta, conforme dispõe o artigo 7º do Decreto-Lei 
271/67. 
 
 
 
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Questão 05± (VUNESP ± 2013 ± Advogado do ITESP) 
A distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária far-se-á por 
meio de títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo 
prazo de 5 (cinco) anos (texto associado) 
 
Comentário: errada, pois o prazo mínimo de inegociabilidade é de 10 
anos, conforme artigo 21 da Lei 8.629/93. 
 
Questão 06 ± (VUNESP ± 2013 ± Advogado do ITESP) 
Não é possível incluir nos títulos de domínio ou de concessão de uso, 
cláusulas resolutivas prevendo resolução do contrato, pois os 
concessionários têm direito de adquirir, ao final, o título de domínio 
(texto associado) 
 
Comentário: errada, pois os beneficiários estão obrigados a 
cumprirem os compromissos assumidos, sob pena de rescisão do 
contrato (cláusulas resolutivas). 
 
Questão 07 ± (VUNESP ± 2013 ± Advogado do ITESP) 
Pode ser beneficiário da distribuição de imóveis rurais o proprietário 
rural e quem já tenha sido contemplado anteriormente com parcelas 
em programa de reforma agrária (texto associado) 
 
Comentário: errada, conforme artigo 20 da Lei 8.629/93. 
 
Questão 08 ± (ESAF ± 2015 ± Planejamento e orçamento) 
A Reforma Agrária é um tema discutido no Brasil desde a época da 
colonização portuguesa. A discussão se faz presente até os dias de 
hoje e é conseqüência da estrutura fundiária em nosso país. Uma 
das grandes inovações da Constituição de 1988, ao regular a 
questão de terras, foi a de tornar a Reforma Agrária um dever 
fundamental do Estado. A desapropriação para fins de Reforma 
Agrária tem, como condição condicio iuris, o descumprimento, pelo 
proprietário, do dever fundamental de dar ao solo agrícola uma 
destinação produtiva. A Constituição de 1988 precisou que a 
função social da propriedade agrária é cumprida quando ela 
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, a quatro requisitos. 
 
 
 
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São requisitos para a Reforma Agrária todos os citados 
abaixo, exceto: 
a) não exploração da propriedade rural para fins agrícolas. 
b) aproveitamento racional e adequado. 
c) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente. 
d) observância das disposições que regulam as relações de trabalho. 
e) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores. 
 
Comentário: D�DOWHUQDWLYD� FRUUHWD�p�D� ³D´�� SRLV� p�D�~QLFD�TXH� QmR�
consta no rol dos requisitos necessários para o cumprimento da 
função social da propriedade rural (artigo 9º da Lei 8.629/93). 
 
Questão 09 ± (UEPA ± 2015 ± Procurador do Estado do Pará) 
a legislação estadual pode estabelecer modelos próprios de 
assentamento rural, a serem criados com base na desapropriação 
por interesse social, para fins de reforma agrária, prevista no artigo 
184 da Constituição Federal (texto associado) 
 
Comentário: errada, pois, como visto em aula, apenas a União tem 
competência para desapropriar para fins de reforma agrária, 
devendo ser seguido esse modelo. 
 
Questão 10 ± (VUNESP ± 2013 ± Advogado do ITESP) 
Quanto à distribuição de terras, é correto afirmar que o título de 
domínio e a concessão de uso. 
a) serão conferidos ao homem ou à mulher, ou ambos, desde que casados 
ou em união estável. 
b) não podem ser conferidos ao desapropriado. 
c) não podem ser conferidos aos que trabalham como posseiros, 
assalariados, parceiros ou arrendatários em outros imóveis. 
d) podem ser conferidos aos agricultores cujas propriedades não alcancem 
a dimensão da propriedade familiar. 
e) podem ser conferidos aos agricultores da região, cuja propriedade seja 
suficiente para o sustento próprio e de sua família. 
 
 
 
 
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Comentário: a alternativa ³D´� HVWi� HUUDGD�� SRLV� D� GLVWULEXLomR� GH�
terras independe do estado civil dos beneficiários (artigo 19 da Lei 
�����������$�DOWHUQDWLYD�³E´�HVWi�HUUDGD��QRV�WHUPRV�GR�DUWLJR�����,�
GD�/HL�����������$�DOWHUQDWLYD�³F´�HVWi�HUUDGD��QRV�WHUPRV�GR�DUWLJR�
����,,�GD�/HL�����������$�DOWHUQDWLYD�³H´�HVWi�HUUDGD��SRLV�R�UHTXLVLWR�
é a INsuficiência da propriedade para fins de sustento e não o 
contrário, nos termos do artigo 19, VI da Lei 8.629/93. A alternativa 
correta, portanWR�� p� D� ³G´�� QRV� WHUPRV� GR� DUWLJR� ���� 9� GD� /HL�
8.629/93. 
 
Questão 11 ± (UEPA ± 2015 ± Procurador do Estado do Pará) 
A reforma agrária consiste em modalidade de intervenção do 
Estado na propriedade privada, tendo como principais 
instrumentos a desapropriação e a tributação (texto associado) 
 
Comentário: correta, como visto em aula. 
 
Questão 12 ± (CESPE ± 2008 ± Promotor de Justiça de 
Roraima) 
A distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária far-se-á por 
meio de títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis 
pelo prazo de dez anos, sendo vedada a sua atribuição a titular de 
outro imóvel rural ou ao desapropriado (texto associado) 
 
Comentário: errada, pois não é vedada a destinação de terras ao 
titular de outro imóvel ou ao desapropriado, conforme artigo 19 da 
Lei 8.629/93. . 
 
 
 
6 - Resumo da Aula 
 
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos 
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa 
sugestão é a de que esse resumo seja estudado sempre 
previamente ao inícioda aula seguinte, como forma de 
³UHIUHVFDU´�D�PHPyULD��$OpP�GLVVR, a cada ciclo de estudos é 
fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem 
dificuldade em compreender alguma informação, não deixem 
de retornar à aula. 
 
 
 
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Vimos, inicialmente, um panorama geral do tema reforma agrária, que é 
conceituado como um conjunto de medidas que visem a promover melhor 
distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim 
de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade. 
Também observamos que a necessidade da reforma agrária decorre do arcaico e 
ultrapassado modelo agrário brasileiro, que herdou do sistema de sesmarias uma 
alta taxa de concentração de terras, contribuindo para a formação de latifúndios 
e minifúndios, ambos nefastos ao desenvolvimento da nação, gerando uma 
enorme classe de excluídos no campo, que, no decorrer do tempo, se 
organizaram em movimentos sociais em busca de melhores condições de vida. 
Também foi pontuado que a distribuição de terras para a reforma agrária é 
materializada através da transferência de títulos de domínio, concessão de uso e 
concessão de direito real de uso (CDRU). Após analisarmos as características da 
reforma agrária vimos seus dois grandes objetivos, que são: justiça social e 
aumento de produtividade, de onde decorrem todos os demais objetivos. 
 
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. 
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá! 
 
Thiago Leite

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