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Prof. Marco Barros UNIDADE I Rousseau e o Contrato Social Filosofia Política • Dados biográficos de Jean Jacques Rousseau • Aspectos históricos: Filosofia da Renascença e Nicolau Maquiavel Teoria do Contrato Social • Thomas Hobbes • John Locke Segundo Discurso de J. J. Rousseau • Homem no Estado de Natureza (estática) • Homem após Estado de Natureza (dinâmica) Programa de aula Trajetória Pessoal Nasceu em Genebra, Suíça, em 1712; Rousseau atuou como músico e professor em Paris; Vence o concurso da Academia de Dijon ao responder à questão “O restabelecimento das ciências e das artes contribuiu para aperfeiçoar os costumes?”, em 1750; Diante das críticas ao regime absolutista sofreu perseguições e refugiou-se na Suíça e Inglaterra; Morreu em 2 de julho de 1789, por causas não esclarecidas; Diante da influência na Revolução Francesa, seus restos mortais estão guardados no Panteão de Paris, dedicado aos heróis da pátria. Dados biográficos de Jean Jacques Rousseau Principais traços de sua obra: Elogio do homem primitivo; Crítica da civilização degenerada; Aprimoramento da teoria do contrato social; Contribuição em temas como: política; direito; artes; educação e moral. Principais produções: Discurso sobre as Artes e Ciências, 1750; Discurso sobre a origem e base da desigualdade entre os homens, 1754; Emílio, ou A educação, 1762; Contrato Social, ou Princípios do Direito Político, 1762; Confissões de Jean Jacques Rousseau, 1770. Dados biográficos de Jean Jacques Rousseau Contexto antes da teoria de Rousseau Filosofia da Renascença → contribuição para a formação do pensamento político. Retomada do valor dos discursos; Participação direta na vida pública; Humanismo cívico. Aspectos históricos Fonte: Rafael, Giuliano de' Medici (1479–1516). Metropolitan Museum, Nova Iorque. Contexto antes da teoria de Rousseau Nicolau Maquiavel (1469-1527). Tomada e manutenção do poder. Autonomia do sistema político experiência e história. Aspectos históricos Aspectos históricos Virtù Fortuna Conjunto de qualidades pessoais que o governante precisa cultivar para a manutenção do poder e alcançar “grandes feitos”; Competência na aplicação do poder político; Dependência da fortuna. Contingência predominante como uma força da natureza e não prevista pela razão humana; Oportunidade para o exercício das qualidades pessoais do governante; Dependência da virtù. Contexto antes da teoria de Rousseau As obras de Maquiavel narram as experiências de diferentes governos republicanos italianos, sobretudo quando foi conselheiro de Florença. Tais escritos influenciaram a visão de Rousseau já que delimitaram a compreensão da autonomia da política. Aspectos históricos República Poder institucionalizado; Representação político; Responsabilidade política; Mandatos eletivos e temporários; Distinção entre os interesses públicos dos privados. Em O Príncipe, Maquiavel afirma que: a) A fortuna governa todas as ações humanas. b) Deus governa todas as ações humanas. c) As coisas do mundo são governadas pela natureza ou por Deus. d) A fortuna governa metade de nossas ações e nos deixa governar a outra metade. e) A virtù controla por completo todas as ações humanas. Interatividade Propósito da teoria do contrato social Apresentar um fundamento racional para a origem e defesa do Estado. Cada teórico vai enfatizar aspectos específicos do conceito de Estado em sua teoria. Estado como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território. Teoria do Contrato Social ESTADO ORDEM JURÍDICA SOBERANIA OBJETIVO POVO TERRITÓRIO Propósito da teoria do contrato social A teoria do contrato social historicamente crítica as doutrinas teocráticas. Natureza divina dos governantes: governantes como deuses vivos. Investidura divina: delegados diretos e imediatos dos deuses. Investidura providencial: origem divina do poder (e não do mandatário). A teoria do contrato social pressupõe uma origem artificial do Estado a partir de um contrato elaborado pelo povo e orientado para o povo (soberania popular), independente da forma de governo (monarquia ou república)! Teoria do Contrato Social Narrativa pressuposta pela teoria do contrato social Estado de Natureza é um expediente metodológico capaz de descrever a vida humana em uma situação anterior ao contrato social. Para alguns autores, trata-se do estado primitivo da vida humana. Teoria do Contrato Social Estado de Natureza Contrato Social Estado Civil Racionalista → desenvolvimento de um modelo hipotético. Monarquista. Condição natural do homem é um estado de guerra de todos contra todos (capítulo XLII do Leviatã). O que explica a condição perversa? A situação de igualdade entre os homens e que produz uma desconfiança a ponto de justificar a guerra. “Desta igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos nossos fins. Portanto, se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos” (HOBBES, Leviatã). Thomas Hobbes (1588-1679) Razão orienta os homens para as condutas de paz, sendo possível alcançarem um acordo – o que Hobbes designará como leis da natureza. Diante de uma situação de guerra, é razoável supor que os homens não queiram ficar nesse estado de permanente disputa. Logo, o desejo de paz justifica a reunião dos homens por meio de um contrato social. Para Hobbes o contrato social representa uma abdicação de direitos dos homens em prol de um bem maior, controlado por uma estrutura suprema e diversa dos sujeitos: Estado Absolutista/ Monarca/ Leviatã! Thomas Hobbes (1588-1679) Empirista → papel da observação. Liberal. Estado de Natureza é caracterizado por uma situação de igualdade. O desequilíbrio decorre dos riscos ao direito natural de propriedade. A propriedade não é uma mera soma dos bens materiais, mas é resultado da própria liberdade de escolha que cada indivíduo possui e que, por meio do trabalho, pode tomar como seu! Trata-se de um direito natural! John Locke (1632-1704) Comparação entre Hobbes e Locke HOBBES LOCKE Elemento central Soberania Liberdade Estado de Natureza Estado de guerra Não é necessariamente bom ou ruim Propósito do acordo Impor a lei e evitar o estado de guerra Garantir os direitos individuais naturais, em especial o direito de propriedade Representação Alienação absoluta Representação indireta (papel do parlamento) A partir do estudo da teoria contratualista, analise as afirmativas. I. O modelo contratualista apresenta uma contraposição entre um estado de natureza (pré-político) e um estado civil (político). II. O estado de natureza, para Thomas Hobbes, é caracterizado como uma "guerra de todos contra todos". III. Na concepção lockeana do contrato social, a propriedade privada não constitui um direito inviolável. Interatividade Está correto o que se afirma em: a) II e III. b) I e III. c) III, apenas. d) I e II. e) I, apenas. Interatividade Visão Geral Passagem do “Rousseau músico” para o “Rousseau filósofo”. Descreve a gênese da sociedade: surgimento e consolidação da desigualdade social → a formação da sociedade corrompe o homem. Qual é a origem da desigualdade entre os homens e será ela permitida pela lei natural? (Academia de Dijon) Dividida em duas partes Primeira parte: descrição do estadode natureza. Segunda parte: introdução da história. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (Segundo Discurso) Ponto de partida (prefácio): reconhecer a ignorância das ciências e refletir sobre o “outro”. Sentimento de comiseração ou piedade (pitié): capacidade de desnaturalizar os vícios e reaproximar os homens dos seus semelhantes diante das necessidades básicas! O pensamento de Rousseau brota, portanto, a partir de um duplo princípio, o da identificação a outrem e até ao mais "outrem" de todos os outrens, até um animal; e o da recusa da identificação a si mesmo, ou seja, a recusa de tudo o que pode tornar o eu "aceitável". Essas duas atitudes se completam, e a segunda inclusive funda a primeira: na verdade, eu não sou "eu", e sim o mais fraco, o mais humilde, dos "outros" (LÉVI-STRAUSS, 2013, p. 51). Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (Segundo Discurso) A apresentação do estado de natureza é inédita em Rousseau. Crítica aos contratualistas anteriores já que atribuíram de forma equivocada as características do homem civil ao homem no estado de natureza! O estado de natureza é uma situação de equilíbrio e bonança e o bom selvagem é autossuficiente e solitário. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (Segundo Discurso) Fonte: ROUSSEAU, Henri. The Equatorial Jungle (1909), National Gallery of Art, Washington, D.C. Primeira parte do Segundo Discurso Bom selvagem Físico MetafíscioMoral Atenção! Rousseau defende o comprometimento de todos esses planos com a desigualdade, em especial uma desigualdade física (ou natural) com o comprometimento do corpo e outra moral (ou política) vinculada às ações. Primeira parte do Segundo Discurso Bom selvagem Físico MetafíscioMoral Aspecto Físico Homem na condição de pura natureza → situação de equilíbrio. Situação de abundância e solidão → temperamento robusto e quase inalterável. Vive apenas com a força do seu corpo e não teme os animais selvagens. Comparação com o guerreiro espartano “belo e bom”. Crítica da domesticação do homem pela civilização (ex.: Surgimento das doenças). Primeira parte do Segundo Discurso Aspecto Metafísico Homem se delimita como um ser capaz de uma possibilidade quase infinita de realização de tudo que o circunda → perfectibilidade. Diferença entre o homem e os demais animais → liberdade de escolha e controle da natureza (não é a mera racionalidade!). “Um escolhe ou rejeita por instinto e o outro, por um ato de liberdade; é por isso que o animal não pode afastar-se da regra que lhe é prescrita” (ROUSSEAU, 1999, p. 172). Primeira parte do Segundo Discurso Aspecto Moral Motivações das ações práticas do homem na natureza → as paixões primitivas. Primeira parte do Segundo Discurso Piedade Natural Amor de si Natural aos corações Autoconservação Homens só se reuniram em sociedade porque se reconheceram como semelhantes Assegura a sobrevivência do homem natural, justificando as ações Para Rousseau: a) A causa da desigualdade humana é puramente natural. b) Há dois tipos de desigualdade, uma natural ou física, e outra moral ou política. c) A causa da desigualdade humana é puramente histórica. d) O estado de natureza é desigual. e) Não existe estado de natureza. Interatividade Narrativa da degeneração do homem em sociedade. Introdução da história e da dinâmica → surgimento da propriedade privada. “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer “isto é meu” e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo” (ROUSSEAU, Segundo Discurso, p. 203). Segunda parte do Segundo Discurso Estado de Natureza Histórico Idade de Ouro Propriedade • ricos e pobre • governantes • despotismo Estado de Guerra Segunda parte do Segundo Discurso Estado de Natureza Histórico Primeiras comunidades. Início de disputas com armas. Especialização de tarefas. Desenvolvimento das línguas. Atenção! O estado de natureza histórico não se confunde com o estado da Primeira Parte. Segunda parte do Segundo Discurso Idade de Ouro Surgimento das primeiras indústrias. Excedente de produção. Habitações e choupanas. “Juventude do mundo”. Embora os homens houvessem ficados menos tolerantes e a piedade natural já houvesse sofrido certa alteração, esse período do desenvolvimento das faculdades humanas, mantendo-se no exato meio-termo entre a indolência do estado primitivo e a petulante atividade de nosso amor-próprio, deve ter sido a época mais feliz e duradoura (ROUSSEAU, Segundo Discurso, 1999, p. 212). Segunda parte do Segundo Discurso Propriedade Segunda parte do Segundo Discurso Ferro e trigo – civilizaram os homens Mercados Direito de propriedade Propriedade Atenção! Diferente de Locke, Rousseau sustenta que a propriedade não resulta do trabalho, mas da acumulação. Daí é possível a usurpação: apropriar-se de coisas além do seu trabalho. Surgimento da miséria e das disputas de classes → estado de guerra. A instituição de um governo legítimo sob a égide de um discurso fraudulento cria a possibilidade da constituição de uma ordem social! Segunda parte do Segundo Discurso Estado de Guerra A sociedade vai se desenvolvendo até encontrar a terceira grande forma de desigualdade: a desigualdade entre senhor e escravo. Após descrever o estado de guerra, Rousseau chega à conclusão: a desigualdade não possui base na natureza! Rousseau apresenta o paradoxo constitutivo da sociedade: progresso social (ex. Técnico e intelectual) x aumento da desigualdade (ex. degeneração moral). Segunda parte do Segundo Discurso “Conclui-se desta exposição que a desigualdade, sendo quase nula no estado de natureza, extrai sua força e seu crescimento do desenvolvimento de nossas faculdades e dos progressos do espírito humano e torna-se enfim estável e legítima pelo estabelecimento da propriedade e das leis. Conclui-se ainda que a desigualdade moral, autorizada unicamente pelo direito positivo, é contrária ao direito natural toradas as vezes em que não coexiste, na mesma proporção, com a desigualdade física; distinção que determina suficientemente o que se deve pensar a esse respeito da espécie de desigualdade que reina entre todos os povos policiados, já que é claramente contra a lei da natureza. Seja qual for a maneira por que a definimos, uma criança mandar num velho, um imbecil conduzir um homem sábio e um punhado de gente regurgitar de superfluidades enquanto a multidão esfaimada carece do necessário” (Rousseau, Segundo Discurso, p.243). Segunda parte do Segundo Discurso Para que o homem viva conforme sua natureza boa, livre e feliz, Rousseau defende: a) A ruptura radical com os vícios em sociedade e o retorno definitivo à vida em contato com a natureza. b) Uma educação em contato com a natureza para que na infância o homem não seja contaminado pelos vícios da sociedade. c) Uma revolução que ponha fim às instituições criadas pelo homem em sociedade e a adoção de um modo de vida anarquista. d) A adequação aos bons costumes da vida em sociedade. e) O cultivo das ciências e das artes, sem qualquer cuidado. Interatividade ATÉ A PRÓXIMA!
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