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Formação para a Prática Processual - Livro-Texto Unidade III

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FORMAÇÃO PARA A PRÁTICA PROCESSUAL
Unidade III
5 SUJEITOS DO PROCESSO
O processo serve à solução dos conflitos havidos na sociedade. Tais conflitos se estabelecem sempre 
entre pessoas, sejam elas físicas, sejam jurídicas.
Temos como principais atores do processo as pessoas em conflito, mais aquela colocada para 
solucionar o conflito. Tratam-se dos sujeitos dos processos, que são as partes e o juiz. 
O processo é uma relação jurídica triangular, na qual figuram, nos polos antagônicos, de um lado o 
autor e de outro o réu, sendo intermediados pelo juiz. 
Autor Réu
Juiz
Figura 2 
5.1 Das partes
As partes, no processo, são o autor (ou autores) e o réu (ou réus). Eles constituem o elemento 
subjetivo do processo. 
São partes porque são sujeitos parciais do processo, vale dizer, os sujeitos que defendem seus próprios 
interesses, parcialmente, cada qual defendendo o seu lado.
O autor é o legitimado ativo, ocupante do polo ativo da demanda. É quem, exercendo o direito de 
ação, provoca a jurisdição para ver sua pretensão reconhecida como direito. É sujeito ativo, porque é 
quem age. 
O autor da ação deve adotar uma postura ativa, procurando o Judiciário para ver reconhecido 
eventual direito que lhe fora negado por outrem, tomando a inciativa de procurar a jurisdição. 
O réu, por sua vez, é o legitimado passivo, eis que ocupa o polo passivo da ação. É sujeito 
passivo porque não age, apenas reage. Ele recebe a ação e se defende. Sua postura processual é, 
portanto, reativa.
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Unidade III
5.1.1 Da capacidade processual
Para ser parte num processo é preciso, acima de tudo, ter capacidade processual. 
A capacidade processual é de ser entendida como a aptidão que uma pessoa tem de ser parte. 
Tal aptidão é conferida a qualquer pessoa que se encontre no pleno gozo de seus direitos civis, como 
consta do art. 70 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a): “Toda pessoa que se encontre no exercício 
de seus direitos tem capacidade para estar em juízo”.
Destarte, terão capacidade processual as pessoas que, na forma da lei (Código Civil, arts. 1º e 5º), 
tenham capacidade para os atos da vida civil. Veja um exemplo:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERPOSIÇÃO DO RECURSO 
APÓS O FALECIMENTO DA PARTE. AUSÊNCIA DE CAPACIDADE PROCESSUAL. 
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. 1 - O presente agravo de instrumento não 
merece ser conhecido, na medida em que o falecimento da parte autora, ora 
agravada, ocorreu em 19 de fevereiro de 2014, antes da própria interposição do 
presente agravo de instrumento, ocorrida em 13 de outubro de 2015, restando 
evidente a ausência de requisito de admissibilidade, qual seja, a capacidade 
processual da parte, extinta em virtude do fim da personalidade decorrente 
do falecimento, merecendo destaque, ainda, o fato de que não há sequer que 
se falar, no caso concreto, em sucessão processual, uma vez que a demanda 
originária, em que se pretende o fornecimento de tratamento médico, possui 
cunho personalíssimo. 2 - Agravo de instrumento não conhecido (BRASIL, 2016a).
Por outro lado, não terá capacidade processual quem não esteja apto para os atos da vida civil, ou 
seja, os absolutamente incapazes, na forma do art. 3º do Código Civil, e os relativamente capazes, 
conforme art. 4º do Código Civil (BRASIL, 2002). 
Os absolutamente incapazes, para ser parte no processo, deverão ter sua capacidade integrada 
por meio de representação. Para os relativamente capazes, a capacidade deve ser integrada por meio 
da assistência. É o que dita o art. 71 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a): “O incapaz será 
representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei”.
MANDAMUS IMPETRADO POR ADOLESCENTE, SEM A ASSISTÊNCIA DOS 
REPRESENTANTES LEGAIS. Ausência de capacidade processual em sentido 
estrito. Falta de pressuposto processual que impõe a extinção do processo 
sem julgamento do mérito. Ordem não conhecida (SÃO PAULO, 2017b).
5.1.2 Pessoas casadas
Pessoas casadas, para determinadas ações, devem ter sua capacidade processual integrada por meio 
do consentimento do cônjuge. É o que dispõe o art. 73 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a): 
“O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real 
imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens”.
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FORMAÇÃO PARA A PRÁTICA PROCESSUAL
O disposto nesse art. 73 encontra eco no art. 1647, I e II do Código Civil (BRASIL, 2002):
Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
As regras estabelecidas no art. 73 aplicam-se, também, no caso de união estável comprovada. 
A razão de ser desse comando legal se dá porque, em se tratando de propriedade imobiliária, o direito 
real afeta a ambos os cônjuges, por conta da comunhão decorrente do casamento. 
Todavia, é bom reforçar que somente as ações que se referem a direito real necessitam do 
consentimento. Se a ação é referente à propriedade imobiliária, mas o direito perseguido é obrigacional, 
não haverá necessidade do consentimento. Mas não é demais lembrar que para propor a ação, será 
bastante o consentimento do cônjuge, não sendo necessário que este venha integrar a lide. 
A ausência do consentimento gera a nulidade do processo, conforme dispõe o art. 74, parágrafo 
único do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a):
O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando 
for negado por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja 
impossível concedê-lo.
Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido 
pelo juiz, invalida o processo.
Por outro lado, quando forem réus, ambos os cônjuges deverão necessariamente ser citados 
(formando-se um litisconsórcio passivo necessário), nas seguintes situações: 
• ações que versem sobre direito real imobiliário, que é a mesma hipótese do caput, seguindo o que 
dispõe o CC, art. 1647, I e II (BRASIL, 2002); 
• nas ações relativas a fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou ato praticado por eles; 
• ações fundadas em dívidas contraídas por um dos cônjuges, mas em benefício da família, porque 
se contraída em benefício da família, embora apenas por um dos cônjuges, os bens da família – ou 
do casal – por ela devem responder;
• ações que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre 
imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
Em se tratando de ações possessórias, somente se exige a participação do cônjuge do autor ou do 
réu nos casos de composse, conforme o art. 1.199 do Código Civil (BRASIL, 2002), ou se o ato em que se 
funda a ação foi praticado por ambos.
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Unidade III
APELAÇÃO CÍVEL. EMENDA À INICIAL. EXTINÇÃO PROCESSO. NULIDADE DE 
PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE NATUREZA PESSOAL. 1. Dispõe 
o art. 10 do CPC que o cônjuge somente necessitará do consentimento 
do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. 
2. Compulsando os autos observa-se que a pretensão deduzida em juízo 
cinge-se à declaração denulidade de instrumento particular de promessa 
de compra e venda que tem natureza de direito pessoal. Precedentes do 
Superior Tribunal de Justiça. 3. Portanto, o apelante não necessita de 
consentimento do cônjuge para propositura de ação de natureza pessoal, 
sendo inaplicável o artigo 10 do CPC*. Error in procedendo. Nulidade do 
decisum. 4. Provimento do recurso (RIO DE JANEIRO, 2010).
5.1.3 Representação processual
Pessoas jurídicas e entes despersonificados podem ser parte em processos judiciais, mas para estar 
em juízo devem ser representados por uma pessoa natural. Isso ocorre porque, por não existirem 
fisicamente, as pessoas jurídicas não têm capacidade processual própria, havendo a necessidade de que 
alguém (pessoa física) as represente. 
Conforme estabelece o art. 75 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a), serão representados: 
• a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado, conforme o 
art. 131 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e a Lei Complementar 73 (BRASIL, 1993a); 
• o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores, conforme o art. 132 da Constituição 
Federal (BRASIL, 1988); 
• o Município, por seu prefeito ou procurador; 
• a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar; 
• a massa falida, pelo administrador judicial, conforme o art. 76 da Lei de Responsabilidade Fiscal 
(BRASIL, 2000a); 
• a herança jacente ou vacante, por seu curador, conforme o art. 1.143 do Código Civil (BRASIL, 2002); 
• o espólio, pelo inventariante, conforme o art. 618, I do CPC (BRASIL, 2015a); 
• a pessoa jurídica (de direito privado), por quem os respectivos atos constitutivos designarem 
ou, não havendo essa designação, por seus diretores, conforme o 46, III do Código Civil 
(BRASIL, 2002); 
• a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, 
pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; 
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FORMAÇÃO PARA A PRÁTICA PROCESSUAL
• a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência 
ou sucursal aberta ou instalada no Brasil; 
• o condomínio, pelo administrador ou síndico, conforme os arts. 1.323 e 1.348, II do Código Civil 
(BRASIL, 2002). 
No art. 75 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a) encontramos algumas outras regras sobre 
representação:
• se o inventariante for dativo, os sucessores serão intimados pessoalmente no processo do qual 
o espólio seja parte (§ 1º), porque não sendo herdeiro nem meeiro, presume-se que o dativo não 
tenha interesse na defesa patrimonial do espólio; 
• em se tratando de sociedade ou associação sem personalidade jurídica, esta não poderá usar 
a sua irregularidade como meio de defesa (§ 2º), porque não lhe é dado aproveitar-se de sua 
própria torpeza; 
• presume-se autorizado a receber citação o gerente de filial ou agência de pessoa jurídica 
estrangeira (§ 3º), presunção essa que é absoluta; 
• os Estados e o Distrito Federal poderão firmar convênio, por meio de suas procuradorias, para 
prática de atos processuais por seus procuradores (§ 4º), em favores uns dos outros.
Conforme a Súmula 456 do TST (BRASIL, [s.d.]b): 
I – É inválido o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica que não 
contenha, pelo menos, o nome do outorgante e do signatário da procuração, pois estes 
dados constituem elementos que os individualizam. 
II – Verificada a irregularidade de representação da parte na instância originária, o juiz 
designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, 
extinguirá o processo, sem resolução de mérito, se a providência couber ao reclamante, ou 
considerará revel o reclamado, se a providência lhe couber (art. 76, § 1º, do CPC de 2015). 
III – Caso a irregularidade de representação da parte seja constatada em fase 
recursal, o relator designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. 
Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência 
couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a 
providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015).
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Unidade III
5.1.4 Vícios de incapacidade processual e de irregularidade de representação
Tanto a incapacidade processual como a irregularidade de representação são vícios que 
impedem o desenvolvimento válido do processo e, por conta disso, devem ser sanados imediatamente 
quando ocorridos e constatados. 
Tais vícios constituem matérias de ordem pública que o juiz pode conhecer de ofício, embora 
possa ser alegada pelo réu em contestação, conforme o art. 337, IX do Código de Processo Civil 
(BRASIL, 2015a). 
Verificado o vício, deve o juiz suspender o processo e marcar prazo para que seja sanado. Esse prazo, 
dilatório, é judicial, ou seja, é o juiz que vai determiná-lo, podendo, a seu critério exclusivo, prorrogá-lo. 
Se a parte não suprir o vício no prazo anotado, sofrerá as seguintes consequências:
• Na estância originária:
— se pelo autor: o processo será extinto sem resolução de mérito, conforme o art. 485, IV do 
Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a);
— se pelo réu: será decretada a sua revelia, conforme o art. 344 Código de Processo Civil 
(BRASIL, 2015a);
— se pelo terceiro: se no polo ativo, será excluído do processo; se no polo passivo, será 
considerado revel. 
• Na instância recursal:
— se pelo recorrente: não se conhecerá do recurso;
— se pelo recorrido: será determinado desentranhamento das contrarrazões.
Veja um exemplo:
RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO CONTRA R. SENTENÇA PELA QUAL 
FOI JULGADA PROCEDENTE AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE 
DE DÉBITO, BEM COMO CAUTELAR A ELA ATRELADA, E IMPROCEDENTE 
RECONVENÇÃO DELAS DECORRENTE. Alegação de incorreção. Pedido de 
reforma. Renúncia do procurador da empresa ré. Ausência de representação 
processual da recorrente. Irregularidade que não foi sanada, apesar das 
diligências promovidas no intuito de ver regularizada sua representação 
processual. Ausência de pressuposto de admissibilidade recursal. Exame do 
apelo prejudicado. Recurso não conhecido (SÃO PAULO, 2017a).
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5.1.5 Sucessão das partes 
5.1.5.1 Sucessão voluntária
Como regra geral, não pode haver substituição das partes no processo. É que, definidas as partes 
litigantes na petição inicial, havendo citação válida do réu, ocorrerá a chamada estabilização da 
demanda, que, a princípio, é definitiva e, por essa razão, as partes estão impossibilitadas, por simples 
manifestação de vontade, de promover a sua substituição por outrem no curso do processo. 
Qualquer sucessão que seja imotivada, voluntária, só pode ocorrer se houver previsão na lei, sob 
pena de se violar o princípio da inevitabilidade da demanda, segundo o qual ninguém pode se furtar, 
por mera vontade, a ser parte em processo judicial. 
 Observação
Conforme a Súmula 392 do STJ (BRASIL, [s.d.]a), “A Fazenda Pública 
pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da 
sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material 
ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução”.
5.1.5.2 Nomeação à autoria
Uma forma prevista em lei de alteração do polo passivo é a chamada “nomeação à autoria”. Ela está 
prevista nos arts. 338 e 339 do Código deProcesso Civil (BRASIL, 2015a):
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o 
responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) 
dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas 
e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados 
entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos 
termos do art. 85, § 8o.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito 
passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob 
pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos 
prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) 
dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, 
ainda, o parágrafo único do art. 338.
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Unidade III
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição 
inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Autorizado pela lei processual, poderá haver a substituição da parte-ré nos casos ali previstos, mesmo 
depois de ter havido citação válida.
5.1.5.3 Alienação de coisa litigiosa no decorrer do processo
Coisa litigiosa é a situação do objeto da ação depois da citação válida. É que, conforme dispõe o 
art. 240 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a), a citação válida torna litigiosa a coisa. 
Assim, ocorrida a citação válida do réu, a alienação posterior, por ato inter vivo e particular, da coisa 
objeto da ação não afasta a sua legitimidade, ou seja, ele continuará respondendo ao processo. Da 
mesma forma, ela não afasta a legitimidade do autor, que continuará o titular da ação proposta. 
Quem adquiriu o bem ou o direito litigioso não poderá ingressar no processo como sucessor da 
parte que o alienou ou o cedeu, a não ser que a parte contrária concorde expressamente. 
Poderá, todavia, intervir no feito como seu assistente litisconsorcial, conforme o art. 124 do 
CPC, tendo em vista que os efeitos da sentença serão estendidos a ele, de acordo com o art. 109, 
§ 3º do CPC (BRASIL, 2015a).
5.1.5.4 Falecimento da parte
O falecimento da parte é causa de sucessão processual involuntária. Assim, quando uma das partes 
vier a falecer no curso do processo, deverá haver a sua sucessão pelo espólio ou pelos sucessores, 
ajuizando-se a ação de habilitação (CPC, arts. 687 a 692), ou procedendo na forma do art. 313, §§ 1º e 
2º do CPC (BRASIL, 2015a). 
5.1.6 Do litisconsórcio
É possível, no processo, que haja mais de um autor e/ou mais de um réu. Dá-se a esse fenômeno o 
nome de litisconsórcio, que se caracteriza pela coexistência de duas ou mais pessoas no polo ativo ou 
no polo passivo, ou em ambas as posições da relação jurídica, de maneira ordinária ou superveniente, 
voluntária ou coacta, nos casos previstos em lei. 
Assim, podemos definir o litisconsórcio como a reunião de duas ou mais pessoas no polo ativo ou no 
polo passivo da ação, podendo ser:
• Ativo, passivo ou misto: ativo é o litisconsórcio de autores; passivo é o de réus; e misto é o que 
ocorre nos dois polos.
• Inicial ou ulterior: inicial é o que se forma com a formação do processo; ulterior é o que 
se forma posteriormente.
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• Unitário ou simples: unitário é aquele em que o provimento jurisdicional tem que decidir de 
modo uniforme a situação jurídica dos litisconsortes, não se admitindo, para eles, julgamento 
diferente; simples é aquele em que a decisão não precisa se igual para os litisconsortes.
• Necessário e facultativo: necessário é litisconsórcio quando a presença conjunta de todos os 
litisconsortes é indispensável; facultativo é quando a sua formação fica a critério exclusivo do autor. 
Na forma do disposto no art. 117 do CPC (BRASIL, 2015a), os litisconsortes são considerados 
litigantes distintos em relação à parte contrária. Assim, cada um dos litisconsortes deve promover 
os atos processuais que lhe competir, de maneira independente e autônoma (CPC, art. 118). E os atos 
praticados por um não devem interferir nos praticados pelo outro. 
A regra geral, destarte, é de que a conduta determinante de um não pode prejudicar os demais. 
Mas, em se tratando de litisconsórcio unitário, os atos praticados por um dos litisconsortes poderão 
beneficiar os demais.
 Observação
Conforme a súmula 128 do TST (BRASIL, [s.d.]b) [...], “III - Havendo 
condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal efetuado 
por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou o depósito 
não pleiteia sua exclusão da lide”. 
E sendo considerados litigantes distintos em relação à parte adversa, cada um dos litisconsortes 
tem o direito de promover o andamento do processo, praticando os atos processuais que lhe 
competir, de maneira independente e autônoma, e todos eles devem ser intimados dos atos 
processuais, sob pena de nulidade.
Por fim, deve-se lembrar da norma estatuída no art. 345, I, do Código de Processo Civil (BRASIL, 
2015a), de que não haverá revelia se, havendo litisconsórcio, um ou alguns dos réus contestarem a ação.
5.1.6.1 Litisconsórcio facultativo
O litisconsórcio facultativo está previsto no art. 113 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a):
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em 
conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente 
à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
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Unidade III
Diz-se facultativo porque o autor pode formá-lo, se quiser. Assim, estando presentes os requisitos 
previstos nos três incisos daquele art. 113, terá o autor a faculdade de formar o litisconsórcio.
Mas é preciso chamar a atenção para o fato de que, em se tratando de litisconsórcio facultativo, 
ativo ou passivo, o juiz poderá limitar o número de litisconsortes, quando entender que o número 
elevado de litisconsortes poderá comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar o direito de 
defesa ou o cumprimento da sentença, conforme dispõe o § 1º do mencionado art. 113. 
Caso haja requerimento do réu para a limitação do litisconsórcio, o prazo para defesa será 
interrompido, recomeçando a partir da intimação da decisão que o solucionar. 
Da decisão do juiz que rejeitar o requerimento para limitação o litisconsórcio, caberá recurso de 
agravo de instrumento.
5.1.6.2 Litisconsórcio necessário
Denomina-se necessário o litisconsórcio que é obrigatório, vale dizer, aquele que, por força de lei 
ou da natureza da relação jurídica, tem que ser formado, porque o julgamento do feito depende da 
presença de todos os envolvidos na lide.
 Observação
Conforme a Súmula 406 do TST (BRASIL, [s.d.]b), “I - O litisconsórcio, 
na ação rescisória, é necessário em relação ao polo passivo da demanda, 
porque supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não 
admite solução díspar para os litisconsortes, em face da indivisibilidade 
do objeto. Já em relação ao polo ativo, o litisconsórcio é facultativo, 
uma vez que a aglutinação de autores se faz por conveniência, e não 
pela necessidade decorrente da naturezado litígio, pois não se pode 
condicionar o exercício do direito individual de um dos litigantes no 
processo originário à anuência dos demais para retomar a lide”.
A correta formação do litisconsórcio necessário é, em princípio, atribuição do autor da ação. Caso 
este não o faça, caberá ao juiz assinalar-lhe prazo razoável para que requeira a citações dos litisconsortes. 
Não sendo atendida a determinação judicial, o juiz extinguirá o processo sem resolução de mérito.
 Observação
Conforme a Súmula 631 do STF (BRASIL, 2017b), “Extingue-se o processo 
de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, 
a citação do litisconsorte passivo necessário”.
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5.1.6.3 Litisconsórcio simples
O litisconsórcio é simples quando a sentença a ser proferida não precisa produzir efeitos iguais para 
todos os litisconsortes, existindo a possibilidade de haver decisões divergentes em relação a cada um 
dos litisconsortes. 
É o caso, por exemplo, da ação de usucapião, em que há litisconsórcio necessário (com a citação dos 
proprietários e dos confinantes), mas os efeitos da sentença não serão os mesmo entre eles. 
5.1.6.4 Litisconsórcio unitário
O litisconsórcio será unitário quando a sentença tem que decidir a lide de modo uniforme para todos os 
envolvidos, ou seja, é aquele em que a sentença deve produzir efeitos iguais aos litisconsortes, estando previsto 
no art. 116 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a): “O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza 
da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes”.
5.1.7 Intervenção de terceiros
Terceiros são todas as pessoas que não são sujeitos de um dado processo, principalmente quem dele 
não é parte. 
Mas, por vezes, um terceiro vem – ou é trazido – para intervir no processo, passando a fazer parte 
dele. Isso se dá através do instituto da intervenção de terceiros, que é o ingresso, no processo, de 
pessoas estranhas a ele. 
Como explica Wagner Jr. (2008, p. 140): “Autorizados por lei, terceiros que, originalmente, eram 
estranhos à relação jurídica, poderão, em determinadas situações, ingressar no processo, seja no polo 
ativo, seja no polo passivo”. 
Para Donizetti (2013, p. 195), “dá-se a intervenção de terceiros quando alguém ingressa como parte 
ou coadjuvante (assistente) da parte em processo pendente”. 
A intervenção de terceiros constitui uma forma de trazer para dentro do processo quem dele não é 
parte, ocasionando a ampliação subjetiva da relação processual. 
5.1.7.1 Mecanismos de intervenção de terceiros
Da assistência
A assistência é uma forma de intervenção de terceiros espontânea, cabível sempre que haja, por um 
terceiro, um interesse jurídico na sentença a ser proferida no processo do qual ele não seja parte. 
Ela está prevista no art. 119 do CPC (BRASIL, 2015a): “Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, 
o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no 
processo para assisti-la”.
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Unidade III
Pretendendo, por conta desse interesse, que uma das partes seja vencedora na contenda, o terceiro 
poderá requerer a sua intervenção no processo como seu assistente. 
Mas é preciso enfatizar que o que justifica a assistência é o interesse jurídico do terceiro na decisão 
judicial. Não é qualquer interesse. O mero interesse econômico, por exemplo, não a autoriza. 
Interesse jurídico é aquele que decorre de uma potencialidade da sentença a ser proferida em 
repercutir sobre a sua esfera jurídica, afetando, assim, uma relação material que não foi deduzida 
em juízo, que é a do terceiro.
Para ilustrar isso, tomemos como exemplo uma relação jurídica de locação seguida por uma sublocação. 
Uma pessoa aluga um terreno e subloca-o para outrem. Temos, então, uma relação jurídica que se 
estabelece entre o locador e o locatário e outra, entre o sublocador e o sublocatário. 
Caso o locatário deixe de pagar o aluguel ao locatário, este poderá promover-lhe o despejo e, caso 
julgada procedente a ação, ela irá prejudicar diretamente o sublocatário, que é o real ocupante do 
imóvel, justificando sua intervenção, como assistente, naquele processo.
O terceiro juridicamente interessado que a sentença seja favorável a uma das partes deverá formular 
requerimento ao juiz da causa para ingresso nos autos na qualidade de assistente. 
A assistência pode ser requerida em qualquer tipo de processo e procedimento, e em qualquer fase 
ou grau de jurisdição, lembrando que o assistente recebe o processo no estado, em que ele se encontra, 
só podendo realizar os atos processuais do seu ingresso nos autos para frente. 
Recebido o requerimento, o juiz intimará as partes para que sobre ele se manifestem, no prazo de 
15 dias. Se não houver impugnação – e nem for caso de rejeitar liminarmente o requerimento –, o juiz 
irá deferi-lo, admitindo o assistente. 
Caso haja impugnação – que deverá se limitar à alegação de ausência de interesse jurídico do 
terceiro –, o juiz decidirá de plano, sem suspender o processo. Contra a decisão que admite ou inadmite 
a assistência caberá recurso de agravo de instrumento.
Há dois tipos de assistência: a simples (CPC, art. 121) e a litisconsorcial (CPC, art. 124) (BRASIL, 2015a).
Na assistência simples, o interesse do terceiro decorre de relação jurídica conexa àquela que ensejou 
o processo, revelando-se apenas pelo fato de que ele mantém com o assistido uma relação jurídica que 
pode ser afetada pelo resultado da demanda deste com a parte contrária, por via reflexa. Dito de outra 
maneira, o terceiro não possui nenhuma relação jurídica direta com a parte contrária ao assistido. 
O assistente simples se limita a atuar como auxiliar da parte à qual assiste e, nesse mister, terá 
os mesmos poderes e os mesmos ônus do assistido, ou seja, poderá peticionar, requerer e produzir 
provas, recorrer etc., mas também deve observar prazos, sujeitando-se a preclusão, sanções processuais, 
pagamento de despesas etc. Segundo Donizetti (2013, p. 305), “na assistência simples, o assistente 
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atuará como legitimado extraordinário subordinado, ou seja, em nome próprio, auxiliará na defesa do 
direito alheio. A legitimação é subordinada, pois se faz imprescindível a presença do titular da relação 
jurídica controvertida (assistido)”.
Se o assistido for revel, ou for omisso de qualquer outra forma, o assistente será considerado seu 
substituto processual, de sorte que poderá dar continuidade ao processo no lugar daquele, inclusive 
apresentando contestação, afastando os efeitos materiais da revelia. 
Sendo simples o tipo de assistência, a atuação do assistente limita-se a auxiliar a parte e, como não 
há correspondência direta do assistente com a relação jurídica havida entre autor e réu, esse tipo de 
assistência não impede que o assistido aja conforme uma das seguintes situações:
• se réu, reconheça a procedência do pedido, na forma do art. 487, III, “a”; 
• se autor, desista da ação, conforme art. 485, VIII, ou renuncie ao direito, conforme art. 487, III, 
“c”, ou; 
• ocupando qualquer polo do processo, faça acordo com a parte contrária, nos termos do 
art. 487, III, “b” (BRASIL, 2015a). 
Isso se dá, sobretudo, porque a assistência simples não torna indisponíveis os direitos materiais e 
processuaisdo assistido.
Já a assistência litisconsorcial se dá quando a relação jurídica do assistente é direta, ou seja, quando 
o seu interesse na causa é imediato. Isso ocorre quando a sentença puder afetar diretamente a relação 
jurídica de que o terceiro seja titular, sozinho ou em conjunto com o assistido, que mantém com a parte 
contrária ao assistido. 
O assistente litisconsorcial, na lição de Theodoro Jr. (2007c, p. 163), “[...] é aquele que mantém relação 
jurídica própria com o adversário da parte assistida e que assim poderia desde o início da causa figurar 
como litisconsorte facultativo. Seu ingresso posterior, como assistente, assegura-lhe, assim, o status 
processual de litisconsorte”.
Na mesma linha, defende Donizetti (2013, p. 307): 
Na assistência litisconsorcial – também chamada de qualificada – por possuir 
interesse direto na demanda, o assistente é considerado litigante diverso do 
assistido (art. 117), pelo que não fica sujeito à atuação deste. O assistente 
litisconsorcial poderá, portanto, praticar atos processuais sem subordinar-se 
aos atos praticados pelo assistido.
Dessa forma, podemos dizer que a assistência litisconsorcial se apresenta como uma espécie de 
litisconsórcio unitário facultativo ulterior. 
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E, por todas essas razões, atuando como litisconsorte da parte, o seu tratamento no processo é igual 
ao conferido ao assistido, sendo-lhe garantidos os mesmos direitos processuais garantidos a este, e com 
a igual intensidade, diferentemente da assistência simples que o põe em posição secundária.
 Observação
Conforme a Súmula 82 do TST (BRASIL, [s.d.]b), “A intervenção 
assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse 
jurídico, e não o meramente econômico”.
Da denunciação da lide
Denunciação da lide é uma forma de intervenção de terceiros provocada que pressupõe a existência 
de um direito de regresso a ser exercido pela parte vencida em face do terceiro, conforme previsão dos 
arts. 125 a 129 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a). 
Segundo Theodoro Jr. (2007c, p. 143), “consiste em chamar o terceiro (denunciado), que mantém 
um vínculo direto com a parte (denunciante), para vir responder pela garantia do negócio jurídico, 
caso o denunciante saia vencido no processo”. Ela se perfaz com o exercício do direito da ação pelo 
denunciante, incidentalmente, em processo existente. 
Através da denunciação da lide, o denunciante vai colocar na demanda original um novo pedido, 
ampliando o objeto litigioso. Dessa forma, o processo passará a ter, dentro de si, duas demandas 
autônomas, a principal e a incidental. Teremos, assim, duas ações dentro de um mesmo processo: a ação 
original, entre autor e réu, e a ação paralela, entre denunciante e denunciado. 
Conforme explica Donizetti (2013, p. 309):
Visa à denunciação enxertar no processo uma nova lide, que vai envolver 
o denunciante e o denunciado em torno do direito de garantia ou de 
regresso que um pretende exercer contra o outro. Trata-se de demanda 
incidente, em processo já em curso, que acarreta a ampliação subjetiva 
ulterior do processo.
A denunciação da lide será admitida, por quaisquer das partes, em duas situações, previstas no 
art. 125 do Código de Processo Civil: 
• Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa que foi transferida ao denunciante, para 
que ele possa exercer os direitos resultantes da evicção. Com previsão nos arts. 447 a 457 
do Código Civil (BRASIL, 2002), evicção é a perda judicial da coisa adquirida, e tem como 
consequência para o adquirente o direito de obter a restituição integral do preço pago, além 
de eventual indenização. Assim, se o denunciante é acionado judicialmente numa ação em 
que alguém pleiteia o bem adquirido, poderá fazer a denunciação para que, em caso de 
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procedência da ação principal (e, consequentemente, a perda da coisa), obtenha o direito de 
receber do denunciado o valor pago. 
• Àquele que, por lei ou por contrato, estiver obrigado a indenizar, em ação regressiva, aquele que 
perder o processo. É o caso do direito de regresso clássico de garantia, quando a lei ou o contrato 
obriga alguém a suportar o prejuízo de outrem decorrente da sucumbência em um processo, sem 
que haja necessidade de discutir ou introduzir na demanda fatos novos.
O maior e melhor exemplo que temos, aqui, é o do contrato de seguro de responsabilidade civil 
de automóveis:
Uma pessoa acionada judicialmente em uma ação de indenização derivada de um acidente de 
veículos automotores, possuindo um contrato de seguro com uma entidade seguradora, poderá, no 
prazo da contestação, denunciar-lhe a lide para que, em sendo condenado a pagar a indenização, seja 
reembolsado pela seguradora.
A denunciação da lide pode ser requerida tanto pelo autor quanto pelo réu, de acordo com quem 
seja o titular do direito de regresso. Se for pelo autor, ela deverá ser efetivada na petição inicial. Sendo 
pelo réu, na contestação.
Deferida a denunciação, a citação do denunciado deve acontecer no prazo de 30 dias (60 dias se de 
outra localidade), sob pena de ficar sem efeito. 
A decisão que defere ou indefere a denunciação da lide é recorrível por meio de agravo de instrumento. 
 Observação
Conforme a Súmula 529 do STJ (BRASIL, [s.d.]a), “No seguro de 
responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo 
terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do 
apontado causador do dano”.
Já de acordo com a Súmula 537 do STJ (BRASIL, [s.d.]a), “Em ação de 
reparação de danos, a seguradora denunciada, se aceitar a denunciação ou 
contestar o pedido do autor, pode ser condenada, direta e solidariamente 
junto com o segurado, ao pagamento da indenização devida à vítima, nos 
limites contratados na apólice”.
Do chamamento ao processo
Chamamento ao processo é modalidade de intervenção de terceiros provocada, conforme previsto 
nos arts. 130 a 132 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a), que pressupõe obrigações solidárias ou 
subsidiárias relativas à fiança. 
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As obrigações solidárias implicam que a exigência da dívida possa ser feita a apenas um ou alguns 
dos devedores solidários, que, exigidos, deverão pagar a dívida toda. 
As obrigações subsidiárias têm caráter acessório e supletivo à obrigação principal, em que é possível 
chamar o devedor subsidiário a cumprir a obrigação quando o devedor principal não a cumprir, como 
ocorre no caso da fiança. 
O que marca esses tipos de obrigações é que quem paga a dívida tem o direito de exigi-la do devedor 
principal, seja por inteiro (no caso da subsidiária), seja pela sua quota-parte (na solidária). Decorre daí a 
importância do chamamento ao processo, que é o mecanismo processual pelo qual aquele acionado a 
cumprir a obrigação poderá trazer aos autos os demais devedores (no caso de obrigações solidárias) ou 
o devedor principal (no caso de obrigações subsidiárias). 
O chamamento ao processo terá cabimento nas hipóteses do art. 130 do Código de Processo Civil 
(BRASIL, 2015a): 
• Do afiançado, na ação em que o fiador for réu: 
O fiador é a pessoa que garante, por contrato, o pagamento da obrigação de outrem, o afiançado. 
Quando o fiador paga a dívida do afiançado, ele se sub-roga nos direitos do credor, podendo exigi-la, 
depois, do afiançado. 
A sub-rogação, destarte,transfere para o fiador todos os direitos que o primitivo credor tinha contra 
o afiançado, inclusive o direito de ação. Por conta disso, e por medida de economia processual, a lei 
autoriza o chamamento do afiançado no processo em que o fiador está sendo demandado, para que 
este possa exercer os direitos da sub-rogação.
• Dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles:
Aqui é o caso em que há mais de um fiador como garantia da obrigação. 
Como todos são garantidores, caso apenas um ou alguns deles cumpram a obrigação, terão o direito 
de receber dos demais a parte que lhes cabe na garantia. 
Assim, sendo demandado apenas um ou alguns dos fiadores, estes poderão chamar ao processo os 
demais, para que recebam deles a parte que lhes cabe. 
• Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da 
dívida comum: 
A solidariedade pressupõe a existência de uma dívida comum a todos os devedores e a responsabilidade 
de todos eles pelo seu cumprimento integral. 
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Sendo solidária a obrigação, o credor poderá exigir o seu cumprimento por todos os devedores 
solidários, ou apenas por um ou alguns deles. Ocorrendo essa última hipótese, o devedor solidário que 
pagar toda a dívida tem o direito de exigir dos demais devedores solidários que paguem a eles a sua 
quota-parte na obrigação. 
O chamamento ao processo compete apenas ao réu, que deverá efetivá-lo na contestação. 
Os chamados, nominados pelo réu, deverão ser citados e serão incluídos no processo como 
litisconsortes passivos, no prazo de 30 dias (60 dias se residentes fora da localidade), sob pena de 
ficar sem efeito o chamamento. 
Da decisão que deferir ou indeferir o chamamento ao processo caberá recurso de agravo de 
instrumento. Realizado o chamamento ao processo com a citação dos chamados, a sentença 
proferida no processo, se julgar procedente a ação, terá efeito de título executivo judicial em 
favor do litisconsorte que pagar a dívida contra os demais, que poderá exigi-la, em cumprimento 
de sentença, por inteiro, no caso de obrigação subsidiária, ou da quota-parte, no caso da 
obrigação solidária. 
Como observa Donizetti (2013, p. 322): “com o chamamento ao processo todos aqueles que 
poderiam figurar como litisconsortes passivos, por iniciativa do autor, desde que chamados ao 
processo passam a figurar como litisconsortes passivos, porém, por iniciativa de um dos réus”.
Mas devemos lembrar, por oportuno, que o chamamento ao processo somente é cabível no processo 
de conhecimento, não o sendo no processo de execução. 
Nesse sentido, explica Gonçalves (2013a, p. 203): “O chamamento tem seu âmbito de 
admissibilidade restrito ao processo de conhecimento, pois tem por finalidade provocar a 
condenação dos coobrigados no mesmo processo. Objetivando uma condenação, ela foge do 
âmbito dos processos de execução [...]”.
Veja um exemplo:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. 
EMBARGOS À EXECUÇÃO. CHAMAMENTO AO PROCESSO. O chamamento 
ao processo constitui instituto jurídico aplicável somente à fase de 
conhecimento de demandas condenatórias, pois visa à formação de 
título executivo contra os demais devedores, não se admitindo, assim, sua 
utilização em sede de execução. NEGADO SEGUIMENTO AO AGRAVO DE 
INSTRUMENTO (RIO GRANDE DO SUL, 2016).
Do incidente da desconsideração da personalidade jurídica
É sabido que as sociedades empresárias legalmente constituídas adquirem personalidade jurídica a 
partir da inscrição de seus atos constitutivos no Registro do Comércio (Juntas Comerciais). 
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Unidade III
Personalidade jurídica é o atributo conferido pela lei a entidades que naturalmente não são 
dotadas de personalidade própria, que são denominadas pessoas jurídicas. 
A atribuição da personalidade à sociedade empresária implica, entre outros fatores, na autonomia 
patrimonial e na separação da pessoa da sociedade e das pessoas dos seus sócios, de forma que a 
obrigação contraída pela sociedade não passa para seus sócios, devendo ser saldada pela própria 
sociedade, com o seu patrimônio. 
Porém, acontece de, em alguns casos, a personalidade jurídica da sociedade empresária constituir 
obstáculo ao ressarcimento do credor. 
Surgiram, daí, várias teorias buscando afastar a personalidade jurídica da pessoa jurídica para 
responsabilizar o sócio, às quais se deu o nome de teoria da desconsideração da personalidade 
jurídica, pela qual o juiz está autorizado, em certas e determinadas situações, a desconsiderar 
momentaneamente a personalidade jurídica da sociedade, transferindo a obrigação para os sócios.
De simples teoria, a desconsideração foi positivada no nosso ordenamento, primeiramente pelo Código de 
Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), no art. 28, e depois pelo Código Civil (BRASIL, 2002), no art. 50.
O Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a) estabelece o procedimento para que se efetive a 
desconsideração, através do incidente de desconsideração da personalidade jurídica. 
Trata-se de uma modalidade de intervenção de terceiros provocada, que se efetiva por requerimento 
da parte interessada ou do Ministério Público, quando atua como fiscal da ordem pública, de sorte que 
o juiz não poderá decretar a desconsideração da personalidade jurídica de ofício.
O incidente de desconsideração será instaurado a requerimento da parte interessada ou 
do MP, quando lhe couber intervir no processo, e terá lugar em qualquer fase do processo de 
conhecimento, inclusive no cumprimento de sentença, e no processo de execução, acarretando 
a suspensão do processo. 
Não há necessidade de se instaurar o incidente quando a desconsideração for requerida pelo autor 
na petição inicial, pois nessa situação será citado o sócio ou a pessoa jurídica, conforme o caso da 
desconsideração, para oferecer contestação, sem suspensão do feito. 
No requerimento para instauração do incidente, o requerente deverá demonstrar a presença 
dos pressupostos legais materiais autorizadores para a desconsideração. Deferido o incidente, serão 
citados o sócio ou a pessoa jurídica, conforme o caso, para apresentar impugnação ao pedido e 
requerer provas, no prazo de 15 dias. Finda a instrução processual do incidente de desconsideração, 
o juiz deverá decidi-lo, acolhendo-o ou rejeitando-o. 
Trata-se de uma decisão interlocutória, recorrível através de agravo de instrumento. Se o 
incidente tiver sido instaurado no tribunal, e a decisão for proferida pelo relator, caberá recurso 
de agravo interno.
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FORMAÇÃO PARA A PRÁTICA PROCESSUAL
Decidindo o juiz pelo acolhimento do pedido de desconsideração, o principal efeito dessa decisão 
é de considerar ineficaz qualquer alienação ou oneração de bem ocorrida depois do ajuizamento da 
ação, em relação ao requerente. Isso significa que o juiz irá reconhecer em fraude à execução, tornando 
ineficaz o ato de alienação ou oneração, praticado pelo sócio ou pela pessoa jurídica, conforme o caso. 
Admite-se, também, a desconsideração inversa da personalidade jurídica, que é aquela que flui em 
sentido contrário, do sócio para a sociedade, e pode ocorrer quando o sócio é o devedor e tem seu 
patrimônio atribuído à pessoa jurídica de cuja sociedade faz parte. 
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica se aplica também à desconsideração inversa.
Do amicus curiae
Amicus curiae é uma formade intervenção assistencial, de alguém que tenha representatividade 
adequada para se manifestar sobre a questão tratada nos autos, mas sem ser parte no processo, atuando 
apenas como interessado na causa. Como cuida de afirmar heodoro Jr. (2017c, p. 410):
O amicus curiae, ou amigo do tribunal, previsto pelo NCPC entre as hipóteses 
de intervenção de terceiros (art. 138), mostra-se – segundo larga posição 
doutrinária –, preponderantemente, como um auxiliar do juízo em causas de 
relevância social, repercussão geral ou cujo objeto seja bastante específico, 
de modo que o magistrado necessite de apoio técnico. Não é ele propriamente 
parte no processo – pelo menos no sentido técnico de sujeito da lide objeto do 
processo –, mas, em razão de seu interesse jurídico (institucional) na solução 
do feito, ou por possuir conhecimento especial que contribuirá para o julgamento, 
é convocado a manifestar-se, ou se dispõe a atuar, como colaborador do juízo. 
Assim, sua participação é, em verdade, meramente opinativa a respeito da 
matéria objeto da demanda. Sua intervenção, de tal sorte, justifica-se como 
forma de aprimoramento da tutela jurisdicional.
A função preponderante do amicus curiae, e que justifica a sua participação no processo, é 
a de trazer aos autos, de forma espontânea ou mediante provocação do juiz, elementos de fato 
e/ou de direito que, de algum modo, tenham relação direta com a matéria colocada em discussão no processo. 
São requisitos que autorizam a admissão dos amici curiae: 
• relevância da matéria; 
• especificidade do tema; 
• repercussão social da controvérsia. 
Assim, não é qualquer processo que terá participação de amicus curiae, mas somente os que 
envolvem discussão que transcenda os interesses meramente individuais, que tenham importância e 
relevância social. 
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Poderão ser admitidos, como amici curiae, pessoas físicas ou jurídicas, órgãos ou entidades 
especializadas, desde que tenham representatividade adequada, mas é indispensável que tenham 
conhecimento específico sobre a matéria em discussão no processo, municiando o julgador com 
elementos e informações relevantes para bem solucionar a causa (THEODORO JR., 2007c, p. 413). 
Autorizada a intervenção – o que se dará por decisão irrecorrível –, o amicus curiae terá o prazo de 
15 dias para se manifestar, após a sua intimação. 
A admissão do amicus curiae no processo não acarreta modificação de competência. 
A intervenção propiciada pela admissão do amicus curiae é um tipo de intervenção anômala: o 
amicus curiae tem o direito de se manifestar nos autos, a ele trazendo elementos de fato ou de direito 
que possam ajudar no julgamento da causa. 
O amicus curiae não tem direito de recorrer da decisão, conforme o CPC, art. 138, § 1º (BRASIL, 
2015a), com duas ressalvas: 
• poderá interpor embargos de declaração; 
• poderá recorrer da decisão que decide incidente de resolução de demandas repetitivas.
 Lembrete
Intervenção de terceiro é uma forma processual de ampliação subjetiva 
da lide. Por meio da intervenção de terceiros aumenta-se o número de 
sujeitos (ativos ou passivos) do processo.
5.1.8 Deveres das partes
As partes devem pautar seu comportamento no processo segundo os princípios da cooperação e da 
boa-fé. E, em sendo assim, elas têm uma série de deveres a ser observados.
Os deveres das partes no processo estão listados no art. 77 do Código de Processo Civil (BRASIL, 
2015a), em rol meramente exemplificativo que não exclui outros previstos no CPC. São eles: 
• expor os fatos em juízo conforme a verdade, porque não é permitido, a ninguém, mentir 
em juízo, sendo certo, todavia, que as partes irão expor a “sua” verdade em juízo, ou seja, a sua 
versão da verdade, com o evidente grau de parcialidade que se pode esperar de quem é parte 
na demanda; 
• não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas 
de fundamento, ou seja, carentes de juridicidade, desprovidas de base legal ou contrárias à 
ordem jurídica; 
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FORMAÇÃO PARA A PRÁTICA PROCESSUAL
• não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa 
do direito, evitando procrastinar indevidamente o feito; 
• cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar 
embaraços à sua efetivação, sob pena de caracterizar ato atentatório à dignidade da justiça; 
• declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial 
ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer 
qualquer modificação temporária ou definitiva, 
• não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso, devendo 
mantê-lo intacto e preservado até o fim do litígio, sob pena de caracterizar atentado e ato 
atentatório à dignidade da justiça. No caso do atentado, a parte também poderá ficará impedida, 
pelo juiz, de falar nos autos até que restabeleça o estado anterior.
5.1.8.1 Ato atentatório à dignidade da justiça
Considera-se atentatório à dignidade da justiça o ato, assim reconhecido por lei, que desrespeita um 
ou alguns dos deveres da parte no processo. Especificamente no citado art. 77 do Código de Processo 
Civil (BRASIL, 2015a), são reconhecidos como atentatórios à dignidade da justiça os atos de: 
• não cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, ou criar 
embaraços à sua efetivação; 
• praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. 
Quando ocorrer uma conduta desse tipo no processo, deverá o juiz, em primeiro lugar, alertar a 
pessoa que a praticou ou a estiver praticando, intimando-a sobre a possibilidade de reconhecer o ato 
atentatório à dignidade da justiça. Persistindo na prática, o juiz, reconhecendo o ato atentatório, irá 
aplicar uma multa de até 20% sobre o valor da causa, graduada conforme a gravidade da conduta. 
Se o valor da causa for irrisório, a multa poderá ser fixada em até 10 vezes o valor do salário mínimo. 
Não sendo paga no prazo estipulado, a multa será inscrita na dívida ativa e cobrada via execução fiscal. 
5.1.8.2 Litigância de má-fé
Sendo a boa-fé um princípio processual expresso, previsto no art. 5º do CPC (BRASIL, 2015a), a 
má-fé deve ser punida. Por conta disso, o litigante de má-fé responderá pelas perdas e danos decorrentes 
do seu ato. A litigância de má-fé pressupõe uma conduta reprovável, sem lealdade, para com a parte 
contrária, o juiz e o processo. 
O art. 80 do Código de Processo Civil lista as hipóteses em que as partes podem ser consideradas 
litigantes de má-fé. Tratam-se de atos praticados pelas partes que a lei considera ilícitos processuais, 
que geram, como consequência, a aplicação da multa estabelecida no art. 81. 
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Unidade III
São elas: 
• deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso (inciso I), o 
que fere o dever processual de lealdade estabelecido no art. 77, II; 
• alterar a verdade dos fatos (inciso II), o que fere o dever processual de lealdade estabelecido no 
art. 77, I; 
• usar do processo para conseguir objetivo ilegal (inciso III), o que é vedado pelo princípio da 
boa-fé (art. 5º); 
• opor resistência injustificada ao andamento do processo (inciso IV), porque fere o dever de 
cooperação para a rápida solução do litígio (art. 6º); 
• proceder demodo temerário em qualquer incidente ou ato do processo (inciso V), porque 
fere o princípio da boa-fé (art. 5º); 
• provocar incidente manifestamente infundado (inciso VI), porque fere o dever processual de 
lealdade (art. 77, II); 
• interpor recurso com intuito manifestamente protelatório (inciso VII), porque fere o dever de 
cooperação para a rápida solução do litígio (art. 6º).
Reconhecida a litigância de má-fé, de ofício ou a requerimento da parte contrária, o juiz 
condenará o litigante de má-fé a pagar uma multa, cujo valor variará entre 1% e 10% do valor 
da causa corrigido. Se o valor da causa for irrisório, a multa poderá ser fixada em até 10 vezes o 
valor do salário mínimo. 
Além da multa, o juiz condenará o litigante de má-fé a indenizar a parte contrária dos prejuízos 
que ela sofreu, bem como dos honorários advocatícios e das despesas que ela efetuou. O valor da 
indenização será desde logo fixado pelo juiz ou, não sendo possível aferi-lo, será apurado em liquidação 
de sentença, nos próprios autos. 
Havendo dois ou mais litigantes de má-fé, o juiz deverá condenar, cada um deles, na proporção 
de sua participação na causa. Se eles se mancomunaram para lesar a parte contrária, o juiz os 
condenará solidariamente. 
Condenada a parte por litigância de má-fé, a multa arbitrada pelo juiz será paga em benefício da 
parte contrária. Se a multa for imposta a um serventuário da justiça, ela será destinada aos cofres 
públicos do Estado ou da União, conforme o caso. 
Os valores de multas que forem destinadas aos cofres públicos poderão ser utilizados para 
aprimoramento e modernização do próprio Poder Judiciário, que, para tanto, deverá criar fundos 
específicos para essa finalidade.
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5.1.9 Despesas processuais
O processo civil está sujeito ao pagamento de taxas, destinadas à remuneração do serviço público 
prestado pelo Poder Judiciário e por terceiros, auxiliares da justiça, como peritos, depositários e 
administradores, intérpretes e tradutores, entre outros. A regra geral é de que a parte que realizou ou 
requereu o ato processual é responsável pela despesa gerada, antecipando-lhe o pagamento. Depois, a 
sentença condenará o vencido a reembolsar o vencedor das despesas por este antecipadas, conforme o 
CPC, art. 82, § 2º (BRASIL, 2015a).
Custas processuais são a contraprestação devida ao Estado pela realização do serviço forense, e 
têm natureza tributária, conforme entendimento já manifestado pelo Supremo Tribunal Federal, na 
ADI 1.378-MC e ADI 3.826. As despesas processuais abrangem não só as custas devidas ao Estado, mas 
também verbas devidas a terceiros, como a indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico 
(art. 95) e a diária das testemunhas (art. 462) (BRASIL, 2015a).
Para os atos adiados ou repetidos, a responsabilidade pelo pagamento das despesas será de quem deu 
causa, sem justo motivo, ao adiamento ou à repetição, seja a parte, o auxiliar da justiça, o MP, o defensor 
público ou o juiz, conforme o CPC, art. 93 (BRASIL, 2015a). Assim, se a parte deixa de comparecer, sem justo 
motivo, para a realização da perícia médica, ela ficará responsável pela despesa gerada com a nova perícia.
Havendo, no processo, atos realizados de ofício pelo juiz, as despesas desses atos deverão ser custeadas pelo 
autor da ação, que as deverá antecipar, conforme o art. 82, § 1º do CPC (BRASIL, 2015a). Tomemos como exemplo 
um processo em que o juiz entende por bem determinar a realização de prova pericial, sem que nenhuma das 
partes tenha requerido a perícia. Para que ela seja realizada é necessário antecipar os honorários do perito. 
Como o ato foi realizado de ofício pelo juiz, a responsabilidade pelo adiantamento será do autor. O mesmo irá 
ocorrer quando o ato é requerido pelo MP, quando atuar no processo como fiscal da ordem jurídica. 
Despesas de atos requeridos pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público quando atua como parte 
no processo, e pela Defensoria Pública não estão sujeitas a adiantamento, não incidindo a regra do 
art. 82. Elas serão pagas no fim do processo, pela parte vencida, conforme o art. 91 (BRASIL, 2015a).
No caso em que a perícia seja requerida pelos mesmos entes listados no parágrafo anterior, ela 
poderá ser realizada gratuitamente por entidade pública ou, se houver previsão e dotação orçamentária 
para tanto, ter o valor adiantado por quem a requereu. 
Se não houver previsão orçamentária, o valor da perícia poderá ser pago no exercício seguinte, ou 
ao fim do processo, pela parte vencida. 
5.1.10 Honorários advocatícios
Os honorários são a remuneração do advogado decorrente de sua atuação exitosa no processo. 
A regra estabelecida no CPC, art. 85, é que o perdedor fica obrigado a pagar os honorários do advogado 
da parte contrária, conforme fixado na sentença. Dá-se a isso o nome de honorários de sucumbência 
(BRASIL, 2015a).
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Os honorários arbitrados na sentença constituem direito do advogado e a ele pertencem, na forma 
do que dispõe o EAOAB, art. 23 (BRASIL, 1994b): 
Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, 
pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a 
sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, 
seja expedido em seu favor.
Além disso, a lei passa a reconhecer a natureza alimentar dos honorários (art. 85, § 14), com os 
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, o que, de resto, já era reconhecido 
pela STF (BRASIL, 2015a).
 Observação
Conforme a Súmula vinculante 47 do STF (BRASIL, 2017c), 
“Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do 
montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza 
alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou 
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos 
dessa natureza”.
Os honorários de sucumbência serão devidos, também, ainda que o advogado atue no processo em 
causa própria.
O § 1º do art. 85 do Código de Processo Civil inova ao dispor que os honorários serão 
devidos na reconvenção, no cumprimento de sentença, na execução e nos recursos interpostos, 
cumulativamente. Isso significa, na prática, que o juiz deverá arbitrar honorários advocatícios na 
sentença; se houver recurso, o acórdão deverá arbitrar novos honorários; e se a parte condenada 
não cumprir espontaneamente a sentença, o juiz deverá arbitrar novos honorários, todos eles 
somando-se uns aos outros, cumulativamente.
Caso a parte vencida em primeiro grau recorra e seja novamente vencida no recurso, o tribunal 
deverá majorar o valor dos honorários arbitrados na sentença, mas não poderá ultrapassar os limites 
máximos para o processo de conhecimento (que é de 20%).
No caso do cumprimento de sentença é diferente: como se trata de outra fase processual, serão novos 
honorários arbitrados, independente e cumulativamente com aqueles arbitrados na fase de conhecimento. 
 Observação
Conforme a Súmula 517 do STJ (BRASIL, [s.d.]a), “São devidos honorários 
advocatícios no cumprimento de sentença, haja ou não impugnação, 
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depois de escoado o prazo para pagamento voluntário, que se inicia após a 
intimação do advogado da parte executada”. 
O juiz fixará o valor dos honorários entre 10% e 20% do valor da condenação oudo proveito 
econômico obtido com o processo. Quando não for possível aferir o valor do proveito econômico, 
levar-se-á em consideração o valor da causa atualizado. Para fixar o percentual, deve o juiz considerar 
quatro itens, previstos no art. 85, § 2º do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a). São eles: 
• o grau de zelo do profissional, ou seja, o cuidado e atenção que o advogado despendeu para com a causa; 
• o lugar da prestação do serviço, em relação com o local onde o advogado mantém seu escritório 
ou sua banca, tendo em vista os custos com sua locomoção; 
• a natureza e a importância da causa, considerando-se que há causas mais complexas – que exigem 
mais do profissional – e outras que são mais simples; 
• o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o serviço.
Quando o proveito econômico tiver valor inestimável, ou seja, que não se possa mensurar, ou irrisório, 
ou quando o valor da causa for muito pequeno, o juiz, em vez de estipular um percentual, deverá arbitrar 
o valor dos honorários equitativamente, levando-se em conta os mesmo critérios apontados. 
Observe-se que os honorários, nesse caso, devem ser estipulados em quantia fixa e em moeda 
corrente nacional, não podendo ser arbitrados em salários mínimos.
 Observação
Conforme a Súmula 201 do STJ (BRASIL, [s.d.]a), “Os honorários 
advocatícios não podem ser fixados em salários mínimos”.
Nos casos de indenização por ato ilícito, em que há condenação em prestações mensais, o percentual 
dos honorários incidirá sobre a soma de todas as prestações vencidas e mais 12 prestações vincendas.
Aos honorários arbitrados em sentença em percentual sobre o valor da condenação, do proveito 
econômico ou do valor da causa, caberá correção monetária, incidente desde o ajuizamento da ação, 
por aplicação da Súmula 14 do STJ, que é compatível com o sistema. 
 Observação
Conforme a Súmula 14 do STJ (BRASIL, [s.d.]a), “Arbitrados os honorários 
advocatícios em percentual sobre o valor da causa, a correção monetária 
incide a partir do respectivo ajuizamento”.
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Todavia, se arbitrados em valor fixo, a correção monetária deve correr da data da sentença que os 
arbitrou, ao passo que os juros fluirão a partir do trânsito em julgado, de acordo com o CPC, art. 85, 
§ 16 (BRASIL, 2015a).
Nos casos de ações contra a Fazenda Pública, a fixação dos honorários seguirá outros parâmetros: os 
percentuais mínimo e máximo vão variar conforme o valor da condenação ou do proveito econômico, 
de maneira escalonada, à seguinte forma:
Tabela 1 
Valor da condenação ou proveito econômico Percentuais mínimo e máximo
Até 200 salários mínimos 10 a 20%
De 200 até 2.000 salários mínimos 8 a 10%
De 2.000 até 20.000 salários mínimos 5 a 8%
De 20.000 até 100.000 salários mínimos 3 a 5%
Acima de 100.000 salários mínimos 1 a 3%
Sendo líquida a sentença, o juiz deverá aplicar, desde logo, o percentual devido; se ilíquida, o 
percentual deverá ser fixado após a liquidação do julgado. Se na ação não houver condenação, 
nem proveito econômico passível de mensuração, o percentual deve ser aplicado sobre o valor da 
causa atualizado. 
Para apuração do valor da condenação, proveito econômico ou da causa, conforme o caso, 
será considerado o valor do salário mínimo vigente na data da prolação da sentença, se líquida, ou 
vigente na data da liquidação, se ilíquida.
Leia a seguir o enunciado de algumas súmulas do STJ:
Súmula 131:
“Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas 
relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas” (BRASIL, [s.d.]a).
Súmula 141:
“Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença 
entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente” (BRASIL, [s.d.]a).
Súmula 325:
“A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação 
suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado” (BRASIL, [s.d.]a).
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Súmula 345:
“São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de 
sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas” (BRASIL, [s.d.]a).
O § 14 do art. 85 faz questão de estabelecer que os honorários de sucumbência pertencem ao 
advogado, como já o afirmara o EAOB, art. 23 (BRASIL, 1994b), e que têm natureza alimentar (na esteira 
da Súmula vinculante 47). Além disso – e mais importante, aqui –, dispõe que os honorários não podem 
ser compensados em caso de sucumbência recíproca.
O § 18 do art. 85 do CPC (BRASIL, 2015a) traz uma situação interessante, que é a possibilidade, 
quando a decisão for omissa em relação aos honorários ou ao seu valor, de cobrá-los em ação autônoma. 
Convém salientar que será parte legítima para a propositura dessa ação autônoma o advogado da 
parte que atuou no processo, em razão do que dispõe o § 14 do art. 85 do CPC (BRASIL, 2015a), bem 
como o EAOAB, art. 23 (BRASIL, 1994b). 
O art. 86 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a) prevê a sucumbência recíproca, trazendo como 
consequência de sua ocorrência que as despesas processuais serão proporcionalmente distribuídas 
entre as partes. Isso significa que cada parte ficará responsável pelo pagamento das despesas na 
proporção da sua sucumbência.
Ocorre a chamada sucumbência recíproca quando cada uma das partes no processo se sai, ao 
mesmo tempo, vencedor e vencido nas suas pretensões. Em outras palavras, haverá sucumbência 
recíproca quando a ação for julgada parcialmente procedente (por exemplo, o autor formula pedidos 
de condenação do réu em danos emergentes e em lucros cessantes e, após a contestação e instrução 
processual, a sentença acolhe apenas o pedido de danos emergentes julgando improcedente o de lucros 
cessantes). Assim, caso o autor obtenha êxito em 60% do seu pedido, as despesas deverão ser rateadas 
entre as partes na proporção de 40% para o autor e 60% para o réu. 
A sucumbência mínima está prevista no art. 86, parágrafo único, do CPC (BRASIL, 2015a), e se 
caracteriza quando uma das partes, embora também sucumbente, tenha perdido uma parcela pequenina 
do pedido, que se mostra mínima em cotejo com o todo. A consequência, nesse caso, é que a outra parte 
irá responder integralmente pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios. 
O art. 87 do CPC (BRASIL, 2015a) contempla a hipótese de sucumbência quando há litisconsórcio. 
Nesse caso, os litisconsortes responderão pelas despesas e pelos honorários de maneira proporcional à 
sua sucumbência no processo. Isso significa dizer que, em relação ao vencedor, as verbas de sucumbência 
serão uma só; mas, em relação aos litisconsortes perdedores, aquelas verbas serão entre eles partilhadas, 
de maneira proporcional. 
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Para ilustrar, tomemos como exemplo uma ação de cobrança, em que a sentença condenou os dois 
réus a pagar ao autor, de maneira solidária, a quantia de R$ 10.000,00, com honorários arbitrados em 
10% do valor da condenação. Esses honorários, de R$ 1.000,00, serão suportados por ambos os réus, na 
proporção de 50% para cada um.
É importante destacar que, diante dessa situação, a sentença já deverá atribuir aos litisconsortes, de 
maneira expressa, a parte cabente a cada um deles no pagamento das verbas perdimentais, na forma 
disposta no caput. Não sendo feita essaatribuição – fato que pode autorizar os embargos de declaração 
por omissão (art. 1022, II) –, tais verbas serão suportadas pelos litisconsortes de maneira solidária 
(BRASIL, 2015a). 
Nos procedimentos especiais de jurisdição voluntária (CPC, arts. 719 e seguintes), não há litígio e, por 
isso mesmo, não há vencedores nem vencidos (BRASIL, 2015a). E, por não haver sucumbentes, as despesas 
processuais, que são adiantas pelo requerente, deverão ao fim ser rateadas entre os interessados. 
Situação semelhante se dá nas ações de divisão (CPC, art. 588 e seguintes), em que não há lide, 
por não haver impugnação (CPC, art. 592, § 1º), sendo que as despesas processuais serão carreadas aos 
interessados, nas exatas proporções de seus quinhões (BRASIL, 2015a).
A desistência e a renúncia são atos do autor, ao passo que o reconhecimento do pedido é ato 
do réu. A desistência põe fim ao processo sem resolução de mérito (CPC, art. 485, VIII); a renúncia e o 
reconhecimento do pedido acarretam a resolução do mérito (CPC, art. 487, III, c e a, respectivamente) 
(BRASIL, 2015a). Ocorrendo uma dessas situações, as despesas e os honorários serão suportados 
inteiramente por quem deu causa ao fim do processo desistindo, renunciando ou reconhecendo. Se o 
ato foi parcial, a responsabilidade será proporcional à parcela desistida, renunciada ou reconhecida. 
No caso de reconhecimento do pedido, se o réu já, desde logo, cumprir integralmente a obrigação 
reconhecida, os honorários arbitrados pelo juiz serão reduzidos pela metade (CPC, art. 90, § 4º) 
(BRASIL, 2015a).
Já a transação é forma de colocar fim ao litígio, por ambas as partes, mediante concessões mútuas 
e recíprocas (CC, art. 840). É o acordo ou autocomposição celebrado entre as partes. A transação implica 
na resolução do mérito (art. 487, III, b) (BRASIL, 2002). 
Caso nada seja estipulado nas cláusulas do acordo acerca das despesas processuais, a regra é que 
elas serão dividas igualmente entre os transigentes (CPC, art. 90, § 2º), observando-se que, se o acordo 
for celebrado antes da prolação da sentença, as partes estarão dispensadas do pagamento de custas 
processuais remanescentes, conforme o (CPC, art. 90, § 3º), que são aquelas devidas pelo encerramento 
do processo (BRASIL, 2015a).
5.1.11 Gratuidade da justiça
A gratuidade da justiça diz respeito à isenção do pagamento das custas e despesas processuais, bem 
como dos honorários advocatícios do patrono da parte contrária. 
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Terão direito à gratuidade todas as pessoas que não tenham suficiência de recursos econômicos para 
pagar as custas e as despesas do processo, incluindo os honorários advocatícios. 
Não só pessoas físicas têm direito ao benefício, mas também as pessoas jurídicas, como expressamente 
referido no caput do art. 98 do CPC (BRASIL, 2015a), o que já era reconhecido pela jurisprudência.
 Observação
Conforme a Súmula 481 do STJ (BRASIL, [s.d.]a), “Faz jus ao benefício da 
justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar 
sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.
Também não se fará distinção, para efeito da concessão do benefício, entre brasileiros e estrangeiros, 
residentes ou não no Brasil.
O benefício da gratuidade atinge todas as custas do processo, especialmente aquelas enumeradas 
nos nove incisos do § 1º do art. 98 do CPC (BRASIL, 2015a), quais sejam: 
• as taxas ou as custas judiciais; 
• os selos postais; 
• as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros meios; 
• a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador salário 
integral, como se em serviço estivesse; 
• as despesas com a realização de exame de código genético (DNA) e de outros exames 
considerados essenciais; 
• os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor nomeado 
para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira; 
• o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da execução; 
• os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e para a 
prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório; 
• os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro, 
averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à 
continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido. 
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Esse rol não é taxativo. A gratuidade, todavia, não exime o beneficiário do pagamento das multas a 
que tenha sido condenado, que devem ser pagas ao fim do processo. 
O juiz poderá conceder o benefício relativamente a todas, algumas ou uma despesa, bem como 
reduzir o percentual das despesas que devem ser adiantadas, ou autorizar o seu parcelamento.
É importante observar que a gratuidade não tira a responsabilidade do beneficiário pelo pagamento 
das despesas processuais e honorários advocatícios. Isso significa que, quando vencido no processo, a 
sentença deverá condenar o beneficiário ao pagamento das verbas de sucumbência. 
Todavia, essa obrigação ficará sob condição suspensiva, e só poderá ser exigida se sobrevier mudança 
na sua condição financeira no prazo prescricional de cinco anos, contados do trânsito em julgado 
daquela decisão.
Para a obtenção do benefício, basta que o requerente afirme, mediante declaração prestada nos 
autos, que não tem em condições de arcar com as despesas. Essa alegação de insuficiência econômica, 
quando deduzida por pessoa natural, goza de presunção de veracidade. E o fato do requerente estar 
assistido por advogado particular não inibe nem impede a concessão do benefício.
O benefício da justiça gratuita – que pode ser requerido por quaisquer das partes ou pelo terceiro 
interveniente – será formulado na sua primeira manifestação no processo: o autor, na petição inicial; o 
réu, na contestação; e o terceiro, na petição em que requerer o seu ingresso nos autos ou no recurso. 
Passada essa primeira manifestação, a parte ou o terceiro poderá, a qualquer momento, formular o 
requerimento, por simples petição no próprio processo, sem suspensão dele. 
Caso o benefício seja requerido por ocasião do recurso, o requerente estará dispensado de comprovar 
o pagamento do preparo, cabendo ao relator decidir o requerimento e, se indeferi-lo, marcar prazo para 
o recolhimento. 
O benefício é um direito pessoal, concedido pessoalmente ao requerente, não se estendendo aos 
litisconsortes, nem aos sucessores do beneficiário. Estes, para obtê-lo, deverão formular requerimento 
próprio e expresso.
Feito o requerimento, o juiz somente poderá indeferi-lo se houver, nos autos, elementos 
suficientes a evidenciar a falta dos pressupostos legais. Mas antes de fazê-lo, deverá dar ao requerente 
a possibilidade de comprovar o preenchimento dos pressupostos. O juiz não poderá indeferir o 
pedido de plano sem ouvir o requerente e permitir-lhe comprovar o alegado (CPC, arts. 9º e 10). 
Indeferido o pedido, o requerente poderá recorrer, por meio de agravo de instrumento (CPC, arts. 101 
e 1015, V) (BRASIL, 2015a).
Com a revogação do art. 7º da Lei nº 1.060/1950 (cf. art. 1.072, III), a impugnação à concessão dos 
benefícios da justiça gratuita sofreu grande alteração com o novo CPC. O impugnante deverá observar 
o momento próprio para oferecer a impugnação, sob pena de preclusão. 
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