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Profa. Dra. Marilia Patrão UNIDADE II Bases Analíticas do Laboratório Clínico Conteúdo da Unidade II Soluções: principais conceitos. Solubilidade de soluções. Preparo de soluções. Cálculo da concentração de soluções e da diluição de soluções. Propriedades coligativas. Conteúdo programático – Unidade II Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2004. p. 3. Soluções verdadeiras Soluções coloidais Suspensões 1 nm0 1.000 nm Diâmetro das partículas Soluções: principais conceitos Nome Diâmetro médio do disperso Número de fases Visualização das fases Separação dos componentes Soluções Entre 0 e 1 nm Uma ----- Destilação Coloides Entre 1 e 1000 nm Mais de uma Ultramicroscópio Ultrafiltração ultracentrifugação Suspensões Acima de 1000 nm Mais de uma Olho nu ou microscópio óptico Filtração simples Decantação Solução: sistema homogêneo, formado pela mistura de uma ou mais substâncias, na qual o disperso é denominado soluto e o dispersante, solvente. Soluto: substância que é dissolvida, ou seja, que se distribui ao longo de outra substância (o solvente) na forma de pequenas partículas. Solvente: substância capaz de dissolver o soluto. Dissolução: ato de dissolver, ou seja, de misturar o soluto ao solvente, originando uma mistura homogênea. Soluções: principais conceitos Dissolução: interações intermoleculares entre o soluto e o solvente. Solubilidade de soluções Ligações de hidrogênio entre moléculas de água (H2O) Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wi ki/File:3D_model_hydrogen_bonds _in_water.svg>. Com adição de soluto, moléculas de água passam a interagir com o mesmo Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2004. p. 6. A uma dada temperatura, substâncias diferentes se dissolvem em quantidades diferentes. Coeficiente de solubilidade (CS): quantidade de soluto (g) necessária para saturar 100 g de solvente a uma dada temperatura e pressão. Exemplos: CSNaCl (20oC) = 36g/100g H2O CSC12H22O11 (20 oC) = 50g/100g H2O Solubilidade de soluções Coeficiente de solubilidade CSNaCl(20 oC) = 36g/100g H2O CSC12H22O11 (20oC) = 50g/100g H2O Fonte: Adaptado de USBERCO, João & SALVADOR, Edgard. Química: volume único, 5. ed., São Paulo: Saraiva, 2002. B A 50 g de açúcar (C12H22O11) 100 mL H2O (20ºC) 100 g H2O 50 g de sal (NaCℓ) 100 mL H2O (20ºC) 100 g H2O 14 g de corpo de chão (NaCℓ(s)) Classificação das soluções de acordo com o grau de saturação Adição de pequena quantidade de soluto Insaturada (quantidade de soluto não atingiu o CS) Saturada (quantidade de soluto igual ao CS) Supersaturada (quantidade de soluto maior que o CS) Fonte: FELTRE, Ricardo. Química V.2, 6. ed. São Paulo : Moderna, 2004 O Coeficiente de Solubilidade (CS) da maioria das substâncias varia com a temperatura. Curva de solubilidade Dissolução endotérmica: quanto maior a temperatura, maior o CS Dissolução exotérmica: quanto maior a temperatura, menor o CS Fonte: USBERCO, João & SALVADOR, Edgard. Química: volume único. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Curva de solubilidade Fonte: USBERCO, João & SALVADOR, Edgard. Química: volume único. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Curva de solubilidade Fonte: <https://quimicacurso.files.wordpress.com/2015/01/dissolicao- endotermica-e-exotermica.jpg> Dissolução endotérmica Dissolução exotérmica Dissolução endotérmica: curva ascendente Dissolução exotérmica: curva descendente Solubilidade (g do soluto/100g de água) Solubilidade (g do soluto/100g de água) Temperatura Temperatura Observe o gráfico a seguir, que representa a curva de solubilidade do KNO3 e responda: como podemos classificar uma solução preparada utilizando-se 20 g de KNO3 e 100 g de água a 20 oC? a) Saturada. b) Insaturada. c) Supersaturada com precipitado. d) Saturada com precipitado. e) Supersaturada. Interatividade C S d o K N O 3 (g /1 0 0 g d e á g u a ) 120 100 80 60 40 20 0 0 10 20 30 40 50 60 Temperatura ºC Concentração: expressa o quanto de soluto está presente em determinado volume ou massa de solução. Concentração simples: massa do soluto em determinado volume de solução. Concentração em quantidade de matéria (molaridade): número de mols de soluto em 1 litro (1 L) de solução. Título: porcentagem do soluto (em massa ou em volume) em relação à massa total ou ao volume total da solução. Molalidade: número de mols de soluto em 1 Kg de solvente. PPM (partes por milhão): microgramas de soluto em 1 g de solvente. Concentração de soluções Concentração simples: é a relação entre a massa do soluto e o volume da solução. Concentração simples massa do soluto em kg, g, mg etc. volume da solução em L, dL, mL etc. Exemplo: o teor normal de glicose em nosso sangue situa-se entre 75 e 110 mg/dL. massa do soluto volume da solução C = O frasco ao lado indica que há 50g de sulfato de níquel (NiSO4) dissolvido em 1 litro (1L) de solução. 50 g NiSO4 ------------ 1L 25 g NiSO4 ------------ 0,5 L 50 g NiSO4 ------------- 1L 100 g NiSO4 ------------ 2L Concentração simples Sulfato de níquel 50 g/L Fonte: USBERCO, João & SALVADOR, Edgard. Química: volume único. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Preparo de soluções Recipiente contendo a massa apropriada de soluto Pisseta com água Fonte: FELTRE, Ricardo. Química V.2, 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004 Traço de referência Preciso preparar 20 mL de uma solução de NaCl a 100 g/L. Qual a massa de soluto que devo utilizar para preparar essa solução e como ela deve ser preparada? Exemplo de aplicação Molaridade: é a relação entre o número de mols do soluto e o volume da solução, em litros. É expressa em mol/L Concentração em quantidade de matéria (molaridade) Mol: quantidade de substância de um sistema que contém tantas entidades elementares quanto são os átomos contidos em 0,012 Kg de carbono-12 1 mol: ~6,02·1023 unidades (602 sextilhões de unidades!) nº de mol do soluto volume da solução (L) = As reações químicas acontecem obedecendo uma certa proporção entre o número de moléculas de reagentes: HCl + NaOH NaCl + H2O 1 : 1 Massa molar do HCl = 36,5 g/mol. Massa molar do NaOH = 40 g/mol. Portanto, uma solução 1 mol/L de HCl contém 36,5 g de HCl em um litro de solução, enquanto que uma solução 1 mol/L de NaOH contém 40 g de NaOH em um litro de solução. Importância da molaridade Cálculo da molaridade de uma solução O suco gástrico é uma solução aquosa de HCl concentração 0,01 mol/L. Nos tumores hipersecretores de gastrina, no entanto, a quantidade de HCl no suco gástrico pode ser muito superior. Qual a molaridade do HCl no suco gástrico de um paciente que apresenta 3,65 g de HCl por litro, e quantas vezes essa concentração é maior do que o normal? A massa molar do HCl é 36,5 g/mol. Exemplo de aplicação Porcentagem do soluto presente em determinado volume (ou massa) de solução. Exemplo de aplicação: O soro fisiológico é uma solução aquosa a 0,9% (m/v) de NaCl. Qual a massa de NaCl presente em 1 L de soro fisiológico? Título (%) Indica quantas partes de soluto existem em um milhão de partes de solvente. Equivale a massa, em microgramas (µg), de soluto, presentes em 1 g de solvente. Exemplo de aplicação: Em uma amostra de 100 g de água, foram encontrados 4 mg de chumbo. Qual a concentração de chumbo na amostrade água, em ppm? PPM (Partes por milhão) Preciso preparar 500 mL de uma solução de cloreto de magnésio (MgCl2) a 0,5 mol/L. Qual a massa de MgCl2 necessária para preparar essa solução? A massa molar do MgCl2 é 95 g/mol. a) 95 g. b) 190 g. c) 47,5 g. Interatividade d) 11,875 g. e) 23,75 g. Soluções estoque: soluções com concentração de soluto muito maior do que a necessária para se realizar o procedimento laboratorial desejado. É necessário diluir a solução estoque antes do uso a fim de se atingir a concentração desejada. Diluição de soluções Fonte: www.ehow.com.br Vantagens do uso de soluções estoque: Possibilidade de obter soluções diluídas de diferentes concentrações a partir da adição de solvente; Armazenamento de volumes menores de solução; Inibição do crescimento de bactérias e fungos devido à alta concentração de soluto Diluição de soluções Ci·Vi = Cf ·Vf Ci concentração inicial (do estoque) Vi volume inicial (do estoque) Cf concentração final (da solução diluída) Vf volume final (da solução diluída) Preciso preparar 300 mL de uma solução aquosa de ácido sulfúrico 3 mol/L a partir da diluição de uma solução de ácido sulfúrico 10 mol/L. Qual o volume da solução estoque e de água que devo utilizar? Exemplo de aplicação Exemplo de aplicação Fonte: FELTRE, Ricardo. Química V.2. 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004. A B C D 0,09 L 300 mL H2SO4(aq) 3 mol/L Retira-se, com o auxilio de uma pipeta, um certo volume de solução Esse volume é transferido para um balão volumétrico com capacidade de 0,3 L (300 mL), já contendo uma certa quantidade de água Adiciona-se água até atingir a marca do balão (0,3L ou 300mL) Diluição seriada: realizada quando se pretende preparar diluições de concentração decrescente a partir de uma solução estoque, sendo que todas as soluções foram diluídas a partir de um fator de diluição. Diluição seriada Fonte: <https://commons.wikimedia.org/w/index.php?search=serial+dilution&title=Special:Search& go=Go#/media/File:Verd%C3%BCnnungsreihe_mit_Ausplatteren.svg>. Solução estoque 1 mL 1 mL 1 mL 1:10 1:100 1:1000 9 mL H2O 9 mL H2O 9 mL H2O Um experimentador precisa preparar uma diluição seriada com quatro pontos de diluição, a partir de uma solução aquosa de estoque a 100 g/L e fator de diluição 2. O volume que se deseja preparar de cada solução é de, no mínimo, 10 mL. Explique como deve ser feita essa diluição. Exemplo de aplicação Mistura de soluções do mesmo soluto: Mistura de soluções C = concentração final (após a mistura) CA = concentração da solução A VA = volume da solução A CB = concentração da solução B VB = volume da solução B Misturou-se 200 mL de solução de NaOH 1 mol/L a 400 mL de solução de NaOH 2 mol/L. Qual a concentração da solução obtida após a mistura? Exemplo de aplicação Mistura de soluções de solutos diferentes que não reagem entre si: Mistura de soluções C’A = concentração final do soluto A C’B = concentração final do soluto B CA = concentração inicial da solução A CB = concentração inicial da solução B VA = volume da solução A usada na mistura VB = volume da solução B usado na mistura Quais as concentrações finais de glicose e de sacarose em uma solução preparada misturando-se 10 mL de solução de glicose 10 g/L a 40 mL de solução de sacarose 20 g/L? Exemplo de aplicação Preciso preparar 500 mL de uma solução de sacarose a 0,25 mol/L a partir de um estoque a 1 mol/L. Qual o volume da solução estoque e de água, respectivamente, que devo utilizar na diluição? a) 125 mL e 375 mL. b) 500 mL e 0,25 mL. c) 0,25 mL e 500 mL. d) 375 mL e 125 mL. e) 100 mL e 400 mL. Interatividade Propriedades coligativas: alterações das propriedades do solvente causadas pela adição de um soluto. Dependem da quantidade de soluto adicionada, e não de seu tamanho, estrutura ou massa molecular. Diminuição da pressão de vapor. Aumento da temperatura de ebulição. Diminuição da temperatura de congelamento. Aumento da pressão osmótica. Propriedades coligativas das soluções Pressão de vapor Tempo Fonte: FELTRE, Ricardo. Química V.2, 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004 Pressão máxima de vapor de um líquido é a pressão exercida por seus vapores quando estes estão em equilíbrio dinâmico com o líquido. Vácuo Estado inicial Estado final Vapor do líquido Diminuição da pressão de vapor (efeito tonoscópico negativo) Efeito tonoscópico negativo: a adição de um soluto não volátil diminui a pressão de vapor do líquido. A B Na+ Cℓ- H2O Fonte: USBERCO, João & SALVADOR, Edgard. Química: volume único. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Diminuição da pressão de vapor de uma solução em relação ao solvente puro depende do número de partículas de soluto em solução. Por esse motivo, temos que considerar se o soluto ioniza ou dissocia quando está em solução. Exemplo: qual das soluções apresenta a menor pressão de vapor: uma solução a 2 mol/L de glicose, soluto que não forma íons em solução, ou uma solução a 2 mol/L de NaCl, soluto que se dissocia nos íons Na+ e Cl- quando em solução? Diminuição da pressão de vapor (efeito tonoscópico negativo) Temperatura de ebulição: temperatura na qual a pressão de vapor do líquido se iguala à pressão atmosférica. Maior pressão de vapor Líquido mais volátil Menor temperatura de ebulição Exemplo: éter é mais volátil do que a água: TE éter (nível do mar) = 34,6oC TE água (nível do mar) = 100oC Temperatura de ebulição Fonte: USBERCO, João & SALVADOR, Edgard. Química: volume único. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. Diagrama de fases da água pura Temperaturas das mudanças de estado variam de acordo com a pressão do sistema Pressão (mmHg) Temperatura (ºC)0,0098 4,579 mmHg B T Região da água sólida (gelo) Região da água líquida Região do vapor de água Fonte: Adaptado de: FELTRE, R. Química. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2004. p.79. Diagrama de fases das soluções Com adição de soluto, há aumento da temperatura de ebulição e diminuição da temperatura de congelamento da água. Pressão (atm) 1 atm 100ºC0ºC Temperatura (ºC) SÓLIDO VAPOR LÍQUIDO Solução B’ Água pura A’ AB Fonte: Adaptado de: FELTRE, R. Química. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2004. p.79. Efeito ebulioscópico positivo: a adição de um soluto não volátil aumenta a temperatura de ebulição do solvente, de maneira dependente da quantidade adicionada. Aumento da temperatura de ebulição (efeito ebulioscópico positivo) Fonte: www.chem.iastate.edu ΔΘ𝑒 = 𝐾𝑒 · 𝑊 ΔΘ𝑒 variação da temperatura de ebulição Ke constante ebuliométrica do solvente W molalidade da solução (mol/Kg) Efeito crioscópico negativo: a adição de um soluto não volátil diminui a temperatura de congelamento do solvente de maneira dependente da quantidade adicionada. Diminuição da temperatura de congelamento (efeito crioscópico negativo) Fonte: Adaptado de: <https://blog.maxieduca.com.br/propriedades-coligativas-fatores/>. ΔΘc = 𝐾c · 𝑊 ΔΘc variação da temp. de congelamento Kc constante criométrica do solvente W molalidade da solução (mol/Kg) TO = solvente puro Tt = solução Calcule as temperaturas de ebulição e de congelamento, ao nível do mar, de uma solução aquosa 2 mol/Kg de glicose, soluto que não forma íons quando em solução. Dados: Ke = 0,52oC/molal e Kc = 1,86oC/molal Exemplo de aplicação I Calcule as temperaturas de ebulição e de congelamento,ao nível do mar, de uma solução aquosa 2 mol/Kg de NaCl, soluto que forma íons Na+ e Cl- quando em solução. Dados: Ke = 0,52oC/molal e Kc = 1,86oC/molal Exemplo de aplicação II Osmometria Fonte: Adaptado de: FELTRE, R. Química. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2004. p.79. 𝜋 = ℳ · 𝑅 · 𝑇 𝜋 pressão osmótica da solução ℳ molaridade da solução 𝑅 cte universal dos gases T temperatura (K) A pressão é aplicada de modo a evitar a passagem do solvente para a solução Manômetro Osmometria: determinação do aumento da pressão osmótica de uma solução em relação à água pura. O nível líquido no capilar indica os movimentos entre o solvente e a solução Membrana semipermeávelRecipiente de aço Solução Solução Solvente puro O sangue humano apresenta várias substâncias em solução, que lhe conferem uma pressão osmótica de cerca de 7,8 atm. Demonstre que o soro fisiológico (NaCl 0,9%, que corresponde a uma solução 0,1538 mol/L), quando mantido a 37oC, temperatura de nosso corpo, apresenta a mesma pressão osmótica que o sangue e, por esse motivo, pode ser aplicado por via intravenosa sem causar danos às hemácias. Exemplo de aplicação Soluções aquosas preparadas com solutos não voláteis, em relação à água pura: a) Apresentam maior pressão de vapor. b) Apresentam maior temperatura de ebulição. c) Apresentam maior temperatura de congelamento. d) Apresentam menor pressão osmótica. e) As alternativas b e c estão corretas. Interatividade ATÉ A PRÓXIMA!
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