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Slides parte 1 - Direito Civil III

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06/04/2015
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DIREITO CIVIL III
4º PERÍODO – UFMA, 2015.1
Prof. Eliseu Ribeiro de Sousa
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
Como se originam as obrigações? Quais suas fontes?
1) a maior e mais importante, é o contrato.
As outras fontes são:
2) os atos unilaterais (ex: promessa de recompensa, 854); 
3) os atos ilícitos (assunto de Civil 1 e de Responsabilidade Civil)
4) a própria lei em si (ex: sustento, 1566, IV, alimentos, 1696, assuntos de 
Direito de Família), ressaltando que na verdade a lei está também por trás 
das demais fontes.
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CONTRATOS
Etimologicamente deriva de “contractus” e de contrair.
Conceito:
“Negócio jurídico resultante de um acordo de vontades
que produz efeitos obrigacionais.”
Este é o conceito mais comum da doutrina, até porque não é
missão do legislador fazer definições.
CONTRATOS
- negócio jurídico: contrato é negócio jurídico, ou seja, é uma
declaração de vontade para produzir efeito jurídico. O contrato é espécie
de fato jurídico. O contrato é negócio, via de regra, informal, quer dizer,
existe uma grande liberdade das pessoas na celebração dos contratos,
tanto que a maioria dos contratos podem ser verbais até para facilitar a
nossa vida e a circulação de bens (art. 107).
Chama-se de autonomia privada este campo do Direito Civil justamente
porque a liberdade das pessoas no contratar.
As partes podem até criar/inventar contratos, quanto mais celebrá-los
verbalmente, sem formalidades (425). Recomenda-se celebrar por escrito
contratos de alto valor, mas não por uma questão de validade e sim por
uma questão de segurança, caso surja algum litígio judicial (227).
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CONTRATOS
- acordo de vontades: o contrato exige um consenso, um acordo
de vontades. É esse consenso que vai formar o contrato, principalmente
se o contrato for verbal.
O consenso é entre pelo menos duas partes. Por isso todo contrato é no
mínimo bilateral quanto às partes, afinal ninguém pode ser credor e
devedor de si mesmo (revisem confusão, modo de extinção das
obrigações visto em Civil 2).
O que se admite é o autocontrato, ou contrato consigo mesmo, quando
uma única pessoa vai agir por duas partes. São duas vontades jurídicas
distintas, embora expressas por uma só pessoa.
CONTRATOS
- efeitos obrigacionais: as obrigações têm efeitos estudados em Civil
2, e dois deles se aplicam diretamente aos contratos:
1) a transitoriedade: os contratos, em geral, são transitórios/são
efêmeros/têm vida curta (ex: compra e venda de balcão); alguns contratos
são duradouros (ex: locação por doze meses), mas um contrato não deve ser
permanente. Permanência é característica dos Direitos Reais. A propriedade
sim dura anos, décadas, se transmite a nossos filhos, mas os contratos não.
2) o valor econômico: todo contrato, como toda obrigação, precisa ter um
valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do
inadimplente se o contrato não for cumprido. Em outras palavras, se uma
dívida não for paga no vencimento ou se um contrato não for cumprido, o
credor mune-se de uma pretensão e a dívida se transforma em
responsabilidade patrimonial.
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CONTRATOS
Etimologicamente deriva de “contractus” e de contrair.
Conceito:
“Negócio jurídico resultante de um acordo de vontades
que produz efeitos obrigacionais.”
Este é o conceito mais comum da doutrina, até porque não é
missão do legislador fazer definições.
ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
1 – capacidade das partes:
Este é o primeiro elemento (art. 104, I), pois o contrato celebrado pelo
incapaz é nulo (166, I) e pelo relativamente incapaz é anulável (171, I).
A nulidade é assim mais grave do que a anulabilidade, depois revisem este
assunto de Civil 1. Mas o menor e o louco, embora incapazes, podem
adquirir direitos e celebrar contratos, desde que devidamente
representados. Então os pais representam os filhos, os tutores
representam os órfãos e os curadores representam os loucos (assunto de
Direito de Família, Civil 6). Desta forma, a capacidade de direito é inerente
a todo ser humano (art. 1º), a capacidade de fato é que falta a algumas
pessoas (ex: menores, loucos) e que por isso precisam ser representadas
para celebrar contratos (116).
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ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
2 – objeto do contrato:
É a operação, é a manobra que as partes visam realizar.
O objeto corresponde a uma prestação lícita, possível, determinada e de
valoração econômica.
Então A não pode contratar B para matar C, nem A pode contratar B para
comprar contrabando ou drogas, pois o objeto seria ilícito. Igualmente o
filho não pode comprar um carro com o dinheiro que vai herdar quando o
pai morrer, pois a lei proíbe no art. 426 (chama-se de pacta corvina, ou
pacto de corvo este dispositivo já que é muito mórbido desejar a morte do
pai, e ninguém garante que o filho é que vai morrer depois).
ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
2 – objeto do contrato:
Quanto à possibilidade do objeto, seria impossível contratar um mudo
para cantar, ou vender passagens aéreas para o sol.
O objeto também precisa ser determinado ou determinável, conforme
visto no semestre passado quanto às obrigações de dar coisa certa ou
incerta (243).
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ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
2 – objeto do contrato:
Finalmente, o contrato precisa ter valor econômico para se resolver em
perdas e danos se não for cumprido por ambas as partes, conforme
explicado na aula passada (389). O valor econômico do contrato viabiliza a
responsabilidade patrimonial do inadimplente, já que não se vai prender
um artista que se recusa a fazer um show. O artista será sim executado
patrimonialmente para cobrir os prejuízos, tomando o Juiz seus bens para
satisfazer a parte inocente.
Vide art 104, II do CC.
ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
3 – forma:
A forma do contrato é livre, esta é a regra, lembrem-se sempre disso.
Existem exceções, mas esta é a regra geral: os contratos podem ser
celebrados por qualquer forma, inclusive verbalmente face à autonomia
da vontade que prevalece no Direito Civil (107).
O formalismo está em desuso para estimular as transações civis e
comerciais, trazendo crescimento econômico com a circulação de bens e
de riqueza. A vontade inclusive prevalece sobre a forma, nos termos do
art. 112.
Vide art 104, III: assim salvo expressa previsão em lei, a forma do contrato
é livre.
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ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
3 – forma:
Que contratos têm forma especial e precisam ser escritos? Veremos ao
longo do curso, mas já se podem adiantar dois: a doação de coisas valiosas
(541 e pú) e a compra e venda de imóvel (108).
Percebam que os contratos escritos se dividem em “instrumento
particular” (feito por qualquer pessoa, qualquer advogado) e “escritura
pública” (feita por tabelião de Cartório de Notas, com as solenidades do
art. 215).
ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
4 – legitimidade:
Está próxima da capacidade, são irmãs, mas não se confundem.
A legitimidade é um limitador da capacidade em certos negócios jurídicos.
A legitimidade é o interesse ou autorização para agir em certos contratos
previstos em lei.
A pessoa pode ser capaz, mas pode não ter legitimidade para agir naquele
caso específico.
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ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
4 – legitimidade:
Exemplos:
1) O tutor não pode comprar bens do órfão (497, I);
2) O cônjuge não pode vender uma casa sem autorização do outro (1647,
I);
3) A amante do testador casado não pode ser sua herdeira (1801, III);
4) O pai não pode vender um terreno a um filho sem a autorização dos
outros filhos (496).
ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
4 – legitimidade:
Em todos estes exemplosfalta legitimidade e não capacidade às partes.
Realmente, o marido não pode vender um imóvel sem a outorga uxória
não porque o marido seja incapaz (louco ou menor), mas porque lhe falta
autorização para agir, prevista em lei, para proteger a família ( =
legitimidade).
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ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
5 – prestação:
É uma conduta humana, é um ato ou omissão das partes, é um dar, é um
fazer ou é um não-fazer. O contrato é uma fonte de obrigação, e toda
obrigação tem por objeto uma prestação que corresponde a um dar, fazer
ou não-fazer.
Então se eu contrato um advogado para me defender, o objeto deste
contrato será o serviço jurídico que será feito pelo bacharel (obrigação de
fazer).
Em suma, o objeto do contrato é uma prestação, essa prestação pode ser
de dar, fazer ou não-fazer. O objeto da prestação de dar será uma coisa, o
objeto da prestação de fazer será um serviço e o objeto da prestação de
não-fazer será uma omissão, conforme visto em Civil 2.
ELEMENTOS, REQUISITOS E PRESSUPOSTOS CONTRATUAIS
5 – prestação:
Outro exemplo: vejam o conceito legal de compra e venda no art. 481.
“Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa,
e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.”
Observem a expressão “se obriga”. Então o objeto da compra e venda não
é a coisa em si, mas a prestação de dar o dinheiro pelo comprador e de
dar a coisa pelo vendedor. O vendedor se obriga a dar a coisa, e se ele não
der, o comprador não pode tomar a coisa, mas sim exigir o dinheiro de
volta mais eventuais perdas e danos (389).
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FORMAÇÃO DO CONTRATO
Os contratos se formam pelo consenso, pelo acordo de vontades
entre pelo menos duas pessoas, sem maiores solenidades (107). A
vontade é fundamental nos contratos, por isso todo contrato é
consensual.
Para as pessoas se relacionarem é preciso que elas se comuniquem. A
comunicação da vontade pode ser expressa e pode ser tácita. A
comunicação expressa é a mais comum e mais clara, se fazendo de forma
escrita ou verbal. Já a comunicação tácita é aquela presumida por certas
circunstâncias, como o silêncio da outra parte.
FORMAÇÃO DO CONTRATO
As vontades que formam o contrato se chamam de oferta (ou proposta)
de um lado, e aceitação do outro lado.
Quem emite a oferta é o proponente (ou policitante).
Quem emite a aceitação é o aceitante (ou oblato).
Nos contratos complexos e de alto valor existem os debates preliminares,
avançando as negociações até a maturidade e o fechamento do contrato
com o acordo de vontades. Na fase preliminar pode se escrever uma
minuta ou rascunho do contrato. Mas para comprar chiclete na barraca
ninguém faz isso: as vontades se comunicam, o contrato se forma, nasce e
se extingue em segundos.
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FORMAÇÃO DO CONTRATO
Exemplificando, no contrato de compra e venda quem emite a
proposta é o vendedor ao efetuar oferta a pessoa indeterminada ( = oferta
ao público; ex: sapatos expostos numa sapataria).
Esta oferta ao público tem caráter obrigatório pela seriedade e segurança
das relações jurídicas (art. 427). Além de obrigatória, a proposta deve ser
completa a fim de facilitar a aceitação e o surgimento do contrato, nos
termos do art. 31 do CDC: “a oferta e apresentação de produtos ou
serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas
e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.” Quanto mais completa for a oferta, facilita seu
“casamento” com a aceitação. Se a aceitação não se integrar com a oferta,
teremos uma contraproposta do 431.
FORMAÇÃO DO CONTRATO
Presentes e Ausentes: Diz respeito ao tempo de resposta e não a
presença física.
Para nosso Código, presentes são as pessoas que contratam
diretamente entre si, mesmo em cidades diferentes usando telefone ou
internet (parte final do inc. I do art. 428). Já ausentes são aqueles que
usam um intermediário ou mensageiro, mesmo que estejam os
contratantes na mesma cidade.
O contrato, uma vez concluído, faz lei entre as partes, e se uma delas
posteriormente desistir terá que indenizar a outra pelas perdas e danos
causados (430, 389). As minutas não são contratos ainda, então pode se
desistir. Mas para justificar uma indenização tem que ter havido dano
concreto, afinal, não existe dano hipotético ou eventual (403).
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
a) unilateral e bilateral: todo contrato é sempre bilateral quanto às partes
(no mínimo duas partes), mas quanto aos efeitos pode ser unilateral ou
bilateral. O contrato bilateral quanto aos efeitos é também conhecido
como sinalagmático, pois cria direitos e deveres equivalentes para ambas
as partes.
Ex: compra e venda, pois o comprador tem o dever de dar o dinheiro e o
direito de exigir a coisa, enquanto o vendedor tem a obrigação de dar a
coisa e o direito de exigir o dinheiro; locação, pois o locador tem a
obrigação de transferir a posse do imóvel e o inquilino tem a obrigação de
pagar o aluguel.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
a) unilateral e bilateral:
Já o contrato de efeito unilateral só cria direito para uma das partes e
apenas obrigação para a outra, uma das partes será só credora e a outra
só devedora, ex: doação, pois só o doador tem a obrigação de dar e o
donatário apenas o direito de exigir a coisa, sem nenhuma prestação em
troca. Empréstimo e fiança também são exemplos de contratos unilaterais
que estudaremos em breve.
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
b) onerosos e gratuitos: nos contratos onerosos ambas as partes têm
vantagem e proveito econômico, ex: os contratos bilaterais, onde ambas
as partes ganham e perdem.
Já os contratos gratuitos só beneficiam uma das partes, então geralmente
todo contrato unilateral é gratuito, como na doação e no empréstimo.
Porém pode haver contratos unilaterais e onerosos quando existe uma
pequena contraprestação da outra parte, como na doação modal, onde há
encargo, mas tem que ser pequeno, senão descaracteriza a doação.
Outro exemplo de contrato unilateral e oneroso é o mútuo feneratício ( =
empréstimo de dinheiro a juros, art. 591). Empréstimo entre amigos em
geral não tem juros (= mútuo simples), sendo unilateral e gratuito, mas no
empréstimo econômico os juros são naturalmente devidos, tratando-se de
contrato unilateral e oneroso.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
c) comutativos e aleatórios: esta classificação só interessa aos contratos
onerosos. Só os contratos onerosos se dividem em comutativos e
aleatórios.
São comutativos quando existe uma equivalência entre a prestação
(vantagem) e a contraprestação (sacrifício), ex: compra e venda, troca,
locação, etc. Diz-se inclusive que a compra e venda é a troca de coisa por
dinheiro.
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
c) comutativos e aleatórios:
Já nos contratos aleatórios uma das partes vai ter mais vantagem do que a
outra, a depender de um fato futuro e imprevisível chamado “alea” =
sorte, destino.
Ex: contrato de seguro onde eu pago mil reais para proteger meu carro
que vale vinte mil; se o carro for roubado eu receberei uma indenização
muito superior ao desembolso efetuado, mas se durante o prazo do
contrato não houver sinistro, a vantagem será toda da seguradora. Jogo,
aposta, compra e venda de coisa futura, são outros exemplos de contratos
aleatórios que veremos oportunamente.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
d) principais e acessórios:
Contrato principal é aquele que tem vida própria e existe por si só. A
grande maioria dos contratos é principal, independente e autônoma.
Porém há contratos acessórios cuja existência depende de outro contrato,
como os contratos de garantia.Ex: a fiança é um contrato acessório que geralmente garante uma locação
principal; a hipoteca é outro contrato acessório que geralmente garante
um empréstimo principal. A fiança e a hipoteca vão servir assim para
satisfazer o credor caso haja inadimplemento dos contratos principais.
Tais contratos acessórios seguem os principais (art 184).
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
e) instantâneos e de duração:
A regra é o contrato ser instantâneo, ter vida curta/efêmera (ex: compra e
venda, troca, doação, que duram segundos ou minutos; mesmo uma
compra e venda a prazo é instantânea, sua execução é que é diferida).
Já outros contratos são duradouros e se prolongam por dias, semanas e
meses (ex: empréstimo, locação, seguro).
Não é da essência dos contratos durar anos e décadas. Os direitos reais é
que são permanentes, como a propriedade, a superfície e o usufruto,
durando por toda uma vida. Os contratos devem ser no máximo
duradouros e não permanentes.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
f) pessoais e impessoais:
O contrato pessoal é celebrado com determinada pessoa em virtude de
suas qualidades pessoais, é chamado assim “intuitu personae” (em razão
da pessoa).
Ex: contrato um ator famoso para gravar um comercial para o meu
empreendimento, caso ele desista, não aceitarei o seu filho no lugar dele.
Quando a obrigação é de fazer um serviço, em geral o contrato é
personalíssimo. Já nas obrigações de dar uma coisa, o contrato é
impessoal, então se A me deve cem reais, não tem problema que B ou C
me entreguem tais cem reais.
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
g) típicos e atípicos:
Os contratos típicos têm previsão no tipo/na lei, e foram disciplinados pelo
legislador, pois são os contratos mais comuns e importantes com “nomem
juris” (nome na lei).
Ex: os cerca de vinte contratos previstos no CC, no Título VI do Livro I, do
art. 481 ao 853.
Mas estes não são os únicos contratos existentes e permitidos, são apenas
os mais importantes. Sim, já que a criatividade e necessidade dos homens
em se relacionar e fazer negócios pode criar novos contratos não previstos
em lei dentro da autonomia privada.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
g) típicos e atípicos:
Um exemplo de contrato atípico é o leasing, não previsto em lei, mas
muito importante na aquisição de bens duráveis (425).
Quando o contrato é típico, a lei serve para completar a vontade das
partes, o que chamamos de norma supletiva (ex: 490, este artigo não é
imperativo/obrigatório, é apenas supletivo, já que as partes podem violá-
lo em contrato).
Os contratos típicos podem ser verbais, pois existe a lei para suprir suas
lacunas. Já os contratos atípicos, como o leasing, devem ser escritos e
minuciosos já que não há lei para regulamentá-los.
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
h) solenes e informais:
Como na autonomia privada a liberdade é grande, a maioria dos contratos
são informais e consensuais, bastando o acordo de vontades para sua
formação (107, 104 III).
Já em alguns contratos, pelas suas características, a lei exige solenidades
para sua conclusão, como no caso da doação e fiança que devem ser por
escrito (541 e 819).
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou
instrumento particular.
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite
interpretação extensiva.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
h) solenes e informais:
Já na compra e venda de imóvel, pelo valor e importância dos imóveis, o
contrato além de escrito deve ser feito por tabelião, pelo que para adquirir
uma casa só o acordo de vontades não basta, é necessário também
celebrar uma escritura pública (arts. 108 e 215).
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos
reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário
mínimo vigente no País.
Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é
documento dotado de fé pública, fazendo prova plena.
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
h) solenes e informais:
Então os contratos informais podem ser verbais, enquanto os contratos
solenes devem ser por escrito, seja particular (feito por qualquer
pessoa/advogado, como na fiança e doação) ou público (feito apenas em
Cartório).
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
i) reais e consensuais:
Já dissemos que todo contrato é consensual, quer dizer, exige acordo de
vontades. Mas em alguns contratos, só o consenso é insuficiente, então
além do acordo de vontades, a lei vai exigir a entrega da coisa ( =
tradição), por isso se dizem contratos reais.
Podem até ser verbais/informais, mas não nascem antes da entrega da
coisa.
Ex: doação de bens móveis (pú do 541), comodato (579), mútuo, depósito
(627).
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
i) reais e consensuais:
Ex: doação de bens móveis (pú do 541), comodato (579), mútuo, depósito
(627).
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens 
móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis.
Perfaz-se com a tradição do objeto.
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel,
para guardar, até que o depositante o reclame.
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
i) reais e consensuais:
Porém na compra e venda, troca, locação, etc., já vai existir contrato após
o acordo de vontades e mesmo antes da entrega da coisa, de modo que
uma eventual desistência pode ensejar perdas e danos ou a execução
compulsória do 475.
Então se A promete emprestar sua casa de praia para B passar o verão (=
comodato), só haverá contrato após a ocupação efetiva da casa por B. Já
se A se obriga a alugar sua casa de praia a B durante o verão (= locação), o
contrato surgirá do acordo de vontades, e eventual desistência de A,
mesmo antes da entrega das chaves, ensejará indenização por perdas e
danos. A tradição não é requisito de validade, mas de existência dos
contratos reais.

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