Prévia do material em texto
AULA 1 DIREITO E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Prof. Angelo de Sá Mazzarotto 2 CONVERSA INICIAL Esta aula, com seu caráter introdutório ao Direito Ambiental, oferece elementos históricos, como algumas das principais leis que regulam as questões de meio ambiente. O destaque fica para a evolução e a complexidade do tratamento jurídico no âmbito do meio ambiente, dos órgãos oficiais e suas competências. CONTEXTUALIZANDO São reconhecidas as limitações da capacidade de recuperação natural do meio ambiente, e as consequências dos impactos ambientais para a vida humana e para a natureza, além da real possibilidade de esgotamento dos recursos naturais. É sobre essas possibilidades que o Direito Ambiental se apoia. TEMA 1 – BREVE RESUMO HISTÓRICO Houve um grande salto na evolução do pensamento socioambiental devido aos problemas gerados pela Revolução Industrial. Em meados de 1950, as comunidades, percebendo impactos e consequências da degradação dos ambientes em que viviam, passaram a considerar a gravidade da degradação somada às consequências de acidentes ambientais; passaram a perceber a interdependência entre a vida humana e a qualidade do meio ambiente. Nessa mesma década houve um grande impulso para a construção de uma nova ética socioambiental. Mais tarde, eventos e estudos ambientais passaram a compor o repertório que depois se estruturaria em forma de ciência ambiental. Destes, podemos destacar: poluição atmosférica em Londres, conhecida como smog; contaminação por mercúrio na baía de Minamata, no Japão; a revolução verde, que incentivou o uso de agrotóxico indiscriminadamente; a pesca e a caça predatórias; o desmatamento desenfreado; o clamor por cuidado ambiental nas obras Primavera silenciosa (2010), de Rachel Carson, Limites do crescimento (1973), de Donella H. Meadows et al., Nosso futuro em comum, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1988); os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC); a Agenda 21, entre outros. 3 Acidentes, contaminações, doenças e mortes associadas aos problemas ambientais sensibilizaram pensadores, pesquisadores e cidadãos para a sustentabilidade. O uso desenfreado dos recursos naturais, associado ao crescimento demográfico e à concepção de que esses recursos seriam suficientes para atender a todas as demandas da humanidade em todos os tempos, levaram os países mais ricos a considerar com mais seriedade os impactos e as consequências de sua má utilização e manejo predatório, e a adotar o saber científico para analisar as questões de meio ambiente. A globalização gerou novo entendimento sobre o meio ambiente, com destaque às associações de países para o enfrentamento de problemas nessa área, levando à criação da ONU, em 1945, cujas deliberações em assembleia geral apontaram ações para proteção ambiental no âmbito internacional. Após 1950, a comunidade internacional percebeu a necessidade de regras para a proteção do meio ambiente e reconheceu que a proteção ambiental deveria se estender também às gerações futuras, constituindo-se em um direito intergeracional e um marco de criação do Direito Ambiental Internacional. Como consequência dos intensos diálogos internacionais sobre o meio ambiente, alguns estudiosos consideram que o Direito Internacional do Meio Ambiente surgiu após o ano de 1960. Outros consideram 1968 como o ano de surgimento do Direito Ambiental Internacional, quando foram criadas as regras da Organização de Cooperação e Desenvolvimento. Contudo, outros citam o ano de 1972 em decorrência da Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano. No Brasil, Édis Milaré (2016) cita que só após a década de 1980 a legislação passou a ser mais efetiva em termos de preservação e manutenção do meio ambiente. No Brasil, a publicação da Lei Federal n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Brasil, 1981a), ou Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, objetivou o desenvolvimento econômico e social com conservação ambiental e criação de instrumentos de avaliação de impactos ambientais. Outro momento marcante foi a edição da Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985 (Brasil, 1985), ou de Ação Civil Pública, estabelecendo a ação civil pública como instrumento de defesa do meio ambiente e dos demais direitos difusos e coletivos, de modo a possibilitar que os danos ao meio ambiente chegassem ao conhecimento do Poder Judiciário. 4 A Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988 (Brasil, 1988a), foi outro marco da legislação ambiental ao organizar os elementos então tratados em um capítulo dedicado ao meio ambiente, elevando o meio ambiente à categoria de bem protegido constitucionalmente. Em 1992, a Conferência Rio 92 ou ECO 92 estabeleceu como princípio primeiro que “Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza” (Organizações das Nações Unidas, 1992, p. 1). A Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Brasil, 1998), ou Lei de Crimes Ambientais, contribuiu significativamente dispondo sanções penais e administrativas para condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Essa lei regulamentou instrumentos da legislação ambiental como a responsabilização penal da pessoa jurídica. TEMA 2 – MEIO AMBIENTE: CONCEITOS DE DIREITO AMBIENTAL As questões sobre meio ambiente ganharam maior representatividade nos últimos 50 anos. No entanto, problemas relacionados ao meio ambiente têm sido tratados de forma superficial, ou parcial, contrariando sua dinâmica sistêmica. A expressão meio ambiente parece ser redundante para muitos, razão pela qual preferem usar apenas a palavra ambiente. A despeito disso, fixou-se a expressão meio ambiente, que foi adotada por técnicos e pela legislação. A Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Brasil, 1981b), que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, não apenas acolheu como precisou a terminologia em seu art. 3º. Para os fins previstos nessa lei, entende-se por meio ambiente “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas [...]”. Para finalizar essa discussão conceitual, a lei finalmente passou a aplicar a ideia de ecossistema, que representa a unidade básica da ecologia. A terminologia meio ambiente se consagrou em 1988, quando a Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988 (Brasil, 1988a), atribuiu a esse conceito um sentido mais abrangente. Lembramos que o direito à integridade do meio ambiente é um direito de terceira geração, de titularidade coletiva, de afirmação dos direitos humanos, um poder atribuído não ao indivíduo, mas à própria coletividade social, tendo por fundamento o princípio da solidariedade. Já 5 os direitos de primeira geração, direitos civis e políticos, se fundamentam no princípio da liberdade; os direitos de segunda geração, direitos econômicos, sociais e culturais se fundamentam no princípio da igualdade. O Direito Ambiental entende que há quatro divisões nesse campo: 1. meio ambiente natural; 2. meio ambiente artificial; 3. meio ambiente cultural; 4. meio ambiente do trabalho. Essas definições permitem a identificação do dano e de sua magnitude, visto que a proteção jurídica ao meio ambiente tem por objetivo preservar a vida em sua melhor condição. A Lei n. 6.938 (Brasil, 1981b), em seu inciso I do art. 3º, cita que o meio ambiente natural ou físico é constituído por recursos naturais, como solo, água, ar, flora e fauna, e pela correlaçãorecíproca de cada um desses elementos com os demais. Por essa classificação, de acordo com Farias (s/d), podemos entender que: O meio ambiente artificial é o construído ou alterado pelo ser humano, sendo constituído pelos edifícios urbanos, que são os espaços públicos fechados, e pelos equipamentos comunitários, que são os espaços públicos abertos, como as ruas, as praças e as áreas verdes. O conceito de meio ambiente artificial abarca também a zona rural, referindo-se aos espaços habitáveis, visto que nele os espaços naturais cedem lugar ou se integram às edificações urbanas artificiais. O meio ambiente cultural é o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico e constitui-se tanto de bens de natureza material, a exemplo dos lugares, objetos e documentos de importância para a cultura, quanto imaterial, a exemplo dos idiomas, das danças, dos cultos religiosos e dos costumes de uma maneira geral [...]. O meio ambiente do trabalho, considerado também uma extensão do conceito de meio ambiente artificial, é o conjunto de fatores que se relacionam às condições do ambiente de trabalho, como o local, as ferramentas, as máquinas, os agentes químicos, biológicos e físicos, as operações, os processos, a relação entre trabalhador e meio físico. O cerne desse conceito está baseado na promoção da salubridade e da incolumidade física e psicológica do trabalhador, independente de atividade, do lugar ou da pessoa que a exerça (FARIAS, s/d). O meio ambiente faz parte de nossas vidas, e dele também fazemos parte, e, nessa interação dinâmica convivemos com diversos problemas. [...] Está no problema da falta de esgoto sanitário, da falta de água, de energia elétrica, do ar poluído, da qualidade dos alimentos, da disposição dos vários tipos de lixo, do carro de som, dos panfletos dos políticos, da ventilação, do ordenamento das praças e quarteirões, da higiene e segurança no trabalho, do resguardo do patrimônio histórico e arqueológico, da proteção às danças e costumes, da defesa dos animais 6 e das florestas, do transporte público, da arborização urbana, do consumo verde, da industrialização adequada etc. Saiba mais Leia o artigo completo de Farias (s/d) disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_i d=1546>. TEMA 3 – O DIREITO AMBIENTAL E SUAS LEIS O art. 225 da Constituição Federal Brasileira, de 5 de outubro de 1988 (Brasil, 1988a), assegura o direito ao meio ambiente, concebido como um bem de uso comum do povo, e impõem ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e preservar o bem ambiental para a presente e as futuras gerações, em conformidade com os princípios de proteção e preservação. Conflitos entre o meio ambiente e a sociedade sempre existiram, e continuarão a existir; entretanto, a concordância e a harmonização entre conservação e manutenção do meio ambiente e os interesses do desenvolvimento econômico é possível. Cada vez mais, afinal, o bem de uso comum do povo é protegido por lei como valor maior, à qual devem se circunscrever os demais direitos. Ainda somos iniciantes no trato das questões ambientais; nossa consciência ainda abarca pequena parte da complexa problemática ambiental; as leis e estruturas governamentais ensaiam formas mais eficientes de fiscalização, defesa e proteção ambiental; a vontade humana ainda é cativa do consumo excessivo e de ganhos imediatos; os governos mundiais não conversam de forma ampla e clara sobre a degradação que produziram e produzem; enfim, há um longo caminho a percorrer. Porém, paralelamente a isso, correm ações efetivas de alerta, de manejos, de parcerias e boas práticas de preservação ambiental e de sustentabilidade. As principais leis ambientais e seus elementos são citados na síntese a seguir: Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 (Brasil, 1981b) (Política Nacional do Meio Ambiente): define que o poluidor é obrigado a indenizar danos ambientais que causar, independentemente de culpa. O Ministério Público (Promotor Público) pode propor ações de responsabilidade civil por danos 7 ao meio ambiente, impondo ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar prejuízos causados. Lei n. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989 (Brasil, 1989a) (IBAMA): lei que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), incorporando a Secretaria Especial do Meio Ambiente (que era subordinada ao Ministério do Interior) e as agências federais na área de pesca, desenvolvimento florestal e borracha. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Brasil, 1998) (Lei de Crimes Ambientais): a Lei de Crimes Ambientais reordena a legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições (IBAMA). Lei n. 8.171, de 17 de janeiro de 1991 (Brasil, 1991) (Política Agrícola): dispõe sobre Política Agrícola, coloca a proteção do meio ambiente entre seus objetivos e como um de seus instrumentos. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (Brasil, 1997) (Política Nacional de Recursos Hídricos): Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, que define a água como recurso natural limitado, dotado de valor econômico, que pode ter usos múltiplos (por exemplo: consumo humano, produção de energia, transporte aquaviário, lançamento de esgotos). Lei n. 6.902, de 27 de abril de 1981 (Brasil, 1981a) (Área de Proteção Ambiental): lei que criou as estações ecológicas (áreas representativas de ecossistemas brasileiros, sendo que 90% delas devem permanecer intocadas e 10% podem sofrer alterações para fins científicos) e as áreas de proteção ambiental. Lei n. 7.802, de 11 de julho de 1989 (Brasil, 1989b) (Agrotóxicos): a Lei dos Agrotóxicos regulamenta desde a pesquisa e fabricação dos agrotóxicos até sua comercialização, aplicação, controle, fiscalização e também o destino da embalagem Lei n. 6.453, de 17 de outubro de 1977 (Brasil, 1977) (Atividades Nucleares): dispõe sobre responsabilidade civil por danos nucleares e responsabilidade criminal por atos relacionados com as atividades nucleares. Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995 (Brasil, 1995b) (Engenharia Genética): regulamentada pelo Decreto n. 1.752, de 20 de dezembro de 1995 (Brasil, 1995a), a lei estabelece normas para aplicação da engenharia genética, 8 desde cultivo, manipulação e transporte de organismos geneticamente modificados (OGM) até sua comercialização, consumo e liberação no meio ambiente. Lei n. 7.805, de 18 de julho de 1989 (Brasil, 1989b) (Exploração Mineral): regulamenta a atividade garimpeira. A atividade garimpeira executada sem permissão ou licenciamento é crime. Lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967 (Brasil, 1967) (Fauna Silvestre): classifica como crime o uso, perseguição, apanha de animais silvestres, a caça profissional, o comércio de espécimes da fauna silvestres e produtos que derivaram de sua caça, além de proibir a introdução de espécie exótica (importada) e a caça amadorística sem autorização do IBAMA. Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Brasil, 1965b) (Florestas): determina a proteção de florestas nativas. Lei n. 7.661, de 16 de maio de 1988 (Brasil, 1988b) (Gerenciamento Costeiro): regulamentada pela Resolução n. 1 da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, em 21 de dezembro de 1990, essa lei traz as diretrizes para criar o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. Define zona costeira como o espaço geográfico da interação do ar, do mar e da terra, incluindo os recursos naturais e abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre. Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979 (Brasil, 1979) (Parcelamento do solo urbano): estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibidos em áreas de preservação ecológica, naquelas em que a poluição representa perigo à saúde, em terrenos alagadiços. Decreto-lei n. 25, de 30 de novembro de 1937 (Brasil, 1937) (Patrimônio Cultural): esse decreto-lei organiza a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, incluindo como patrimônio nacional os bens de valor etnográfico, arqueológico, os monumentos naturais, além dos sítios e paisagens de valor notável pela natureza ou a partir de uma intervenção humana. Lei n. 6.803, de 2 de julho de 1980 (Brasil, 1980) (Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição): de acordo com essa lei, cabe aos estados e municípios estabelecer limites e padrões ambientais para a instalação e o licenciamento das indústrias, exigindo estudo de impacto ambiental. 9 Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999 (Brasil, 1999) (Lei de Educação Ambiental): dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000 (Brasil, 2000) (Sistema Nacional de Unidades de conservação): regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal (Brasil, 1988a), institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Lei n. 4.717, de 29 de junho de 1965 (Brasil, 1965a) (Lei da Ação Popular): qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista. www.conjur.com.br TEMA 4 – A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE Antes da Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988 (Brasil, 1988a), nenhuma outra se ocupou substancialmente de proteção ambiental. Algumas tiveram alguns destaques, que introduziram, aos poucos, alguns desses aspectos, que mais tarde comporiam o âmbito legal do meio ambiente, elevado, por fim, à categoria de valor ideal da ordem social, conforme é tratado na Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988a). A evolução das leis, referida no parágrafo anterior, pode ser acompanhada nos destaques seguintes, conforme Andrade (2017): a Constituição de 1824 (Brasil, 1824) proibiu indústrias, trabalhos e comércios de afetarem a saúde do cidadão, em seu art. 179, inciso XXIV; a Constituição Republicana de 1891 (Brasil, 1891), em seu art. 34, n. 29, atribuiu à União a competência sobre terras e minas; a Carta Constitucional de 1934 (Brasil, 1934) tratou da proteção das belezas naturais, do patrimônio histórico, artístico e cultural (artigos 10, inciso III, e 148), atribuiu à União a competência sobre riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (artigo 5º, inciso XIX, j); a Constituição de 1937 (Brasil, 1937) tratou da proteção de plantas e rebanhos contra doenças e agentes nocivos; 10 a Constituição de 1946 (Brasil, 1946) manteve a defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico, em seu artigo 175, e a competência da União na defesa da saúde, subsolo, águas, florestas, caça e pesca; a Emenda Constitucional de 1969 (Brasil, 1969), em seu art. 172, introduziu o conceito de levantamento ecológico e a regulamentação para o uso agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades, e a penalização para o uso indevido da terra, negando ao proprietário os incentivos e auxílios do Governo (Andrade, 2017). Para Milaré (2016), o vocábulo ecológico foi adotado pela primeira vez em textos legais na Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro de 1969 (Brasil, 1969). Segundo ele, da Constituição de 1934 (Brasil, 1934) até a anterior à Constituição de 1988 (Brasil, 1988a), as constituições trataram da proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico, e da função social da propriedade, não dando um tratamento legal específico para as questões relativas ao meio ambiente. 4.1 A Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 (Brasil, 1988a), a primeira constituição brasileira a abordar consistentemente a proteção ambiental, destacou em seu capítulo VI do título VIII a importância das questões ambientais. A Constituição Federal (Brasil, 1988a), segundo Milaré citado por Andrade (2018b, p. 2), “elevou o meio ambiente à categoria de valor ideal da ordem social dedicando-lhe um capítulo próprio que, definitivamente, institucionalizou o direito ao ambiente sadio como um direito fundamental do indivíduo”. A Constituição de 1988 atribuiu ao Poder Público e à coletividade o dever de proteção do meio ambiente como uma responsabilidade obrigatória, não facultativa, considerando a preservação e a defesa do meio ambiente como um dever de cada cidadão para com os demais cidadãos e com as gerações futuras. Destacamos a seguir o capítulo da Constituição 1988 que elevou o meio ambiente à categoria de valor ideal da ordem social: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público. (Brasil, 1988a) 11 Na análise do doutrinador José Afonso da Silva, segundo Andrade (2017), o art. 225 da Constituição de 1988 pode ser dividido em três partes, sendo o primeiro, a norma-princípio, ou matriz, sobre o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; o segundo, no parágrafo 1º, destaca os instrumentos de garantia do direito anunciado no primeiro, e o terceiro com determinações de objetos e setores, referidos nos parágrafos 2º a 6º e 4º, do art. 225, nos quais se revelam a exigência e a urgência na proteção e regulamentação constitucional do meio ambiente [...]. Há outros dispositivos constitucionais que também versam sobre o assunto, como, por exemplo: o artigo 5º, inciso LXXIII, que prevê a legitimidade ativa de qualquer cidadão para propor ação popular contra ato lesivo ao meio ambiente; o artigo 20, inciso II ao XI, que delimita os bens da União; o artigo 21, inciso XIX, que preceitua que é competência da União instituir um sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso; o artigo 22, inciso IV, X e XII, que atribui à União competência privativa para legislar sobre águas, regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial, jazidas, minas e outros recursos minerais e metalurgia; entre diversos outros artigos da Constituição Federal (Andrade, 2017, p. 3). Embora o caráter protetor do meio ambiente não se evidencie substancialmente nos dispositivos anteriormente citados, é possível prever o tratamento especial a ser dado em áreas compreendidas nas questões ambientais. Saiba mais Leia o artigo A proteção constitucional ao meio ambiente de Andrade (2016) em: <https://livandrade.jusbrasil.com.br/artigos/376655534/a-protecao- constitucional-ao-meio-ambiente>. TEMA 5 – OS BENS MATERIAIS Frijot Capra (2005) afirma que nosso planeta é regido por uma teia de interações entre tudo o que existe, o que coincide com os precursores da teoria dos sistemas. Tais contribuições possibilitaram uma compreensão mais precisa sobre o que é o meio ambiente e a criação de programas, leis e políticas de preservação. A legislação brasileira demonstra a seriedadesobre o tema na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981), em que define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e 12 interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (Brasil, 1981b). Babieri (2007) propõem uma ampliação dessa definição com a atribuição de três tipos de meio ambiente: o natural, definido pela vegetação nativa e regiões inexploradas; o domesticado, que define as áreas verdes e naturais recuperadas ou produzidas por interferência humana; e o fabricado, que engloba as construções artificiais a exemplo, os centros urbanos, as estradas entre outras construções. Algumas vertentes teóricas e legais ainda dão destaque a recursos naturais e biológicos, ao passo que outras valorizam os aspectos culturais, econômicos e outros inerentes à sociedade. Porém, os Princípios do Direito Ambiental, vistos nesta aula, definem com clareza os aspectos que compõem o bem maior da humanidade, o meio ambiente, e evidenciam a sua inteireza e a impossibilidade do cumprimento dos objetivos da ecologia, da sustentabilidade e do Direito Ambiental sem que se trate o meio ambiente por inteiro. FINALIZANDO Muitos dos problemas ambientais podem ter soluções simples, mas as variáveis desinformação, ignorância, revolta, descontentamento, preguiça, falta de cooperação e de comprometimento, falta de tempo e de confiança, sentimentos e atitudes característicos de uma população desrespeitada em seus direitos essenciais, forçada a viver em condições indignas, constituem desafios que requerem soluções complexas. LEITURA OBRIGATÓRIA Texto de abordagem teórica MILARÉ, E. Reação jurídica à danosidade ambiental: contribuição para o delineamento de um microssistema de responsabilidade. Tese (Doutorado em Direito das Relações Sociais) – Pontifícia Universidade Católica (PUC), São Paulo, 2016. Disponível em: <https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/18874>. Acesso em: 18 jun. 2018. WORLDWATCH INSTITUTE. Estado do Mundo 2014: como governar em nome da sustentabilidade. Salvador, BA: Editora Uma, 2014. Disponível em: <http://wwiuma.org.br/estado_mundo_2014.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2018. 13 DOCUMENTÁRIOS WORLD. The History Chanel. Quanto vale a Terra? 6 maio 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oZgB-9hSL-A>. Acesso em: 18 jun. 2018. Descrição: Formada há mais de 4,6 milhões de anos, a Terra acumula grandes riquezas, desde a madeira ao gado, passando pelo ouro. Em conjunto, esses recursos construíram nossas grandes civilizações. Mas, e se pudéssemos explorar o planeta, contando cada árvore e cada pepita de ouro na Terra, fazendo o maior inventário já realizado? Este especial vai colocar um preço em tudo o que o mundo tem para oferecer, dar uma visão do muito que temos usado ao longo da história humana e quanto ainda resta, para revelar o valor absoluto da Terra (Documentários World, 2014). 14 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO. Disponível em: <http://www.dnpm.gov.br/>. Acesso em: 18 jun. 2018. ANDRADE, L. M. D. A proteção constitucional ao meio ambiente. Jusbrasil, 24 ago. 2016. Disponível em: <https://livandrade.jusbrasil.com.br/artigos/376655534/a-protecao-constitucional- ao-meio-ambiente>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Responsabilidade civil ambiental. Disponível em: <https://livandrade.jusbrasil.com.br/artigos/376655534/a-protecao-constitucional- ao-meio-ambiente>. Acesso em: BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 24 fev. 1891. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de julho de 1934. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 16 jul. 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 10 nov. 1937. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 18 de setembro de 1946. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 19 set. 1946. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. 15 _____. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Constituição Política do Império do Brazil, de 25 de março de 1824. Poder Legislativo, Rio de Janeiro, 25 mar. 1824. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Decreto n. 1.752, de 20 de dezembro de 1995. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 dez. 1995a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1752.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Decreto-lei n. 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 6 dez. 1937. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro de 1969. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 out. 1969. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/e mc01-69.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 4.717, de 29 de junho de 1965. Lei da Ação Popular. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 jul. 1965a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l4717.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Novo Código Florestal. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 set. 1965b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l4771.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967. Fauna Silvestre. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 jan. 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l5197.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 6.453, de 17 de outubro de 1977. Atividades Nucleares. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 out. 1977. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6453.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. 16 _____. Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Parcelamento do solo urbano. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 dez. 1979. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l6766.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 6.803, de 2 de julho de 1980. Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 jul. 1980. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6803.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 6.902, de 27 de abril de 1981. Área de Proteção Ambiental. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 abr.1981a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6902.htm>. Acesso em 18 jun. 2018. _____. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 set. 1981b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: 18 junho. 2018. _____. Lei n. 7347, de 24 de julho de 1985. Ação Civil Pública. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 jul. 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l7347orig.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 7661, de 16 de maio de 1988. Gerenciamento Costeiro. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 maio 1988b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7661.htm> Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. IBAMA. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 fev. 1989a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l7735.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 7.802, de 11 de julho de 1989. Agrotóxicos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 12 jul. 1989b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7802.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 7.805, de 18 de julho de 1989. Exploração Mineral. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 jul. 1989c. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l7805.htm> Acesso em: 18 jun. 2018. 17 _____. Lei n. 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Política Agrícola. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 jan. 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8171.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995. Engenharia Genética. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 6 jan. 1995b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8974.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Política Nacional de Recursos Hídricos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 jan. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l9433.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Lei de Crimes Ambientais. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 13 fev. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Lei de educação ambiental. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 abr. 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9795.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. _____. Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000. Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 19 jul. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em: 18 jun. 2018. CAPRA, F. Conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. 4. ed. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix, 2005. CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Gaia, 2010. COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD). Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988. CONSULTOR JURÍDICO (CONJUR). Disponível em: <https://www.conjur.com.br/>. Acesso em: 18 jun. 2018. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Disponível em: <https://www.embrapa.br/meio-ambiente/>. Acesso em: 18 jun. 2018. 18 FARIAS, T. Q. O conceito jurídico de meio ambiente. Âmbito Jurídico, s/d. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura& artigo_id=1546>. Acesso em: 18 jun. 2018. IBAMA. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/>. Acesso em: 18 jun. 2018. INSTITUTO CHICO MENDES. Disponível em: <www.institutochicomendes.org.br>. Acesso em: 18 jun. 2018. MEADOWS, D. H. et al. Limites do crescimento: um relatório para o Projeto do Clube de Roma sobre o dilema da humanidade. Tradução Inês M. F. Litto. São Paulo: Perspectiva, 1973. MILARÉ, E. Reação jurídica à danosidade ambiental: contribuição para o delineamento de um microssistema de responsabilidade. Tese (Doutorado em Direito das Relações Sociais) – Pontifícia Universidade Católica (PUC), São Paulo, 2016. Disponível em: <https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/18874>. Acesso em: 18 jun. 2018. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, jun. 1992. Disponível em <http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2018. SOLEIS. Disponível em: <www.soleis.com.br>. Acesso em: 18 jun. 2018.