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GOVERNANÇA E PROTEÇÃO AMBIENTAL

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30/08/2023, 15:37 wlldd_231_u2_res_soc_amb
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INTRODUÇÃO
Estudante, é uma alegria tê-lo conosco em mais uma aula da disciplina de Responsabilidade Social e Ambiental.
A nossa temática será sobre o sistema de proteção e governança ambiental internacional. Ela permitirá que
você compreenda o processo de reconhecimento e a�rmação da proteção ambiental no âmbito da Organização
das Nações Unidas (ONU). Por meio das conferências da ONU, discussões, como mudanças do clima,
sustentabilidades e outras, passaram a fazer parte do nosso dia a dia pro�ssional. Além disso, há a
aplicabilidade dos documentos internacionais no ordenamento jurídico brasileiro, em um diálogo cada vez mais
recorrente para que os desa�os ambientais sejam enfrentados por todos os Estados.
Portanto, você, como futuro pro�ssional, a partir dessa aula, compreenderá a estrutura internacional de
proteção ao meio ambiente e a relação com o direito brasileiro.
Vamos juntos no estudo do sistema internacional de proteção ao meio ambiente?      
A PROTEÇÃO AMBIENTAL INTERNACIONAL
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Aula 1
PROTEÇÃO AMBIENTAL INTERNACIONAL
A nossa temática será sobre o sistema de proteção e governança ambiental internacional.
35 minutos
GOVERNANÇA E PROTEÇÃO AMBIENTAL
 Aula 1 - Proteção ambiental internacional
 Aula 2 - Desenvolvimento sustentável
 Aula 3 - Políticas públicas ambientais
 Aula 4 - Responsabilidade em matéria ambiental 
 Referências
152 minutos
30/08/2023, 15:37 wlldd_231_u2_res_soc_amb
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O arcabouço da proteção e da governança ambiental tem os seus aspectos mais importantes nas instâncias
internacionais, pois as questões ambientais não estão limitadas às de�nições de fronteiras entre países, o     u
seja, os desa�os são transfronteiriços ou transnacionais e discuti-los e enfrentá-los exige a cooperação comum
entre os Estados. As deliberações são estabelecidas nos arranjos das organizações supranacionais.
A temática ambiental entrou na agenda global na década de 1960, a partir das preocupações com os efeitos da
explosão demográ�ca mundial e do aumento da poluição. Em um período de forte expansão do comércio e das
atividades econômicas, houve a constatação dos limites desse crescimento, que se tornou um assunto de
debates entre pesquisadores e atores das instâncias internacionais.
O sistema internacional contemporâneo é relativamente recente, com origem no �nal da Segunda Guerra
Mundial, com a Conferência de São Francisco, de 1945, que aprovou a Carta de São Francisco, de criação da
Organização das Nações Unidas (ONU). O propósito primordial da ONU é o de garantir a paz mundial, mas
também o de “conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter
econômico, social, cultural ou humanitário [...]” e de “ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações
para a consecução desses objetivos comuns” (BRASIL, 1945, [s. p.]). Nota-se, pois, que a ONU se tornou, assim, o
centro das discussões globais, atuando por meio de seus conselhos – Segurança; Econômico e Social; outros –,
de suas comissões – Direitos Humanos (que desde 2006 se transformou em Conselho) e outras – e de suas
agências especializadas – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco);
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO); Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além da ONU, organizações foram criadas em âmbito regional, como a Organização dos Estados Americanos
(OEA), em 1948, pelos países das Américas. Na Europa, foram criados o Conselho da Europa, em 1949, e a
Comissão Europeia, em 1951. Esses compõem, hoje, o arcabouço da União Europeia, a qual, por sua vez, foi
criada em 1993.
No que se refere ao direito internacional, em que os principais sujeitos são os Estados, é preciso destacar o
papel da ONU, que se tornou os lócus de formação de um arcabouço de normas e instituições em várias áreas,
como direitos humanos, educação, cultura e meio ambiente. Com essa perspectiva, a discussão entre Estados é
fundamental para a formação de normas ambientais internacionais, com o objetivo comum de proteção ao
meio ambiente em todas as suas dimensões. Vários problemas ambientais são de caráter transnacional e
exigem ações multilaterais e cooperativas (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012).
A formalização da proteção ambiental no âmbito internacional se dá essencialmente por meio de dois tipos de
atos: tratados e declarações. Os tratados são �rmados entre Estados e podem ser bilaterais (dois Estados) ou
multilaterais (vários Estados). Um tratado possui força jurídica vinculante, assim, é chamado de hard law. Os
tratados podem ser globais, quando estabelecidos em organizações de abrangência mundial (por exemplo,
ONU), ou regionais, quando �rmados por países de uma determinada região do mundo ou em uma organização
delimitada geogra�camente (por exemplo, OEA). Os tratados de direito ambiental frequentemente recebem      a
denominação de convenção, porque costumam ser oriundos de conferências especí�cas para debater
temáticas ambientais. Já as declarações, no direito ambiental, não têm força jurídica vinculante, são chamadas
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de soft law, ou seja, não são normas impositivas, mas formam os princípios do direito internacional. Esses são
gradativamente reconhecidos nas instâncias internacionais e nacionais. Portanto, ao estudar o direito
ambiental, esses dois tipos de atos são os mais frequentes.
Os tratados em matéria ambiental costumam ter algumas características, como: (i) os países signatários se
submetem às regras comuns; (ii) os países adotam uma cooperação interestatal, por meio de agências
internacionais ou órgãos especí�cos que são criados; (iii) o conteúdo dos tratados depende do estágio atual do
conhecimento cientí�co; (iv) os tratados podem comportar obrigações diferenciadas entre países (BURSZTYN;
BURSZTYN, 2012). Os tratados ambientais são compromissos para enfrentar questões, como poluição,
diversidade biológica, mudança do clima, �orestas, entre outros, que são reveladores de como as dinâmicas
ambientais não respeitam fronteiras de Estados. Exige-se deles a cooperação e a articulação comum para o
enfrentamento dos desa�os ambientais.
Por evidente, esse é um processo complexo, com di�culdades, porque a estrutura do direito internacional foi
construída em observância a um dos pressupostos do Estado moderno, a soberania. E isso signi�ca a
autodeterminação sobre os seus territórios para dispor livremente de suas riquezas e de seus recursos
naturais. Além disso, a autodeterminação está diretamente ligada ao desenvolvimento, que é um argumento
presente entre os países, em especial, os emergentes, marcados pela desigualdade em múltiplas dimensões –
econômica, social, ambiental. A cooperação para lidar com os problemas ambientais deve equacionar esses
desa�os. Isso demonstra a complexidade dos debates nas instâncias internacionais.
A partir da década de 1970, há o franco desenvolvimento do direito internacional do meio ambiente, que
ocorreu com as conferências no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), como veremos a seguir.
A expressão Antropoceno é objeto de questionamentos. O geógrafo norte-americano Jason Moore prefere o
vocábulo Capitoloceno, porque, segundo ele, não é possível atribuir à espécie humana a condição de força
geológica, mas,sim, ao sistema capitalista que, por seu caráter expansionista, é o causador da mudança de era
geológica (MOORE, 2016). Outros usam o termo Ocidentaloceno, porque a responsabilidade pelos
desdobramentos atuais é dos países ricos do norte global, e esses não podem ser atribuídos às nações mais
pobres (UNESCO, 2018; COSTA, 2022); ou ainda Tecnoceno, porque as mudanças em curso e suas
consequências foram a partir do desenvolvimento tecnológico e tem o poder de alcançar todas as condições de
vida para as gerações futuras (COSTA, 2021).
Apesar dos questionamentos, a expressão Antropoceno se popularizou e tornou-se não só a designação de um
novo tempo geológico mas também uma metáfora dos novos tempos em curso. Em uma ou em outra
perspectiva, o Antropoceno traz a discussão sobre os limites de um planeta �nito, tanto de espaço quanto de
recursos naturais. Além disso, se sistemas econômicos e sociais continuarem na mesma sistemática,
passaremos de um cenário de crise para uma provável e desa�adora emergência ecológica, afetando a vida
como um todo.
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AS CONFERÊNCIAS AMBIENTAIS DA ONU
Entender o processo de constituição das instâncias de governança ambiental internacional passa pela
compreensão das conferências das Nações Unidas sobre a temática. Da primeira conferência em 1972 até os
dias atuais, a ONU promoveu quatro conferências mundiais, que foram decisivas para que assuntos, como meio
ambiente equilibrado, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, entre outros, assumissem
centralidade na agenda global. 
São elas:
1.  Conferência das Nações Unidades sobre o Meio Ambiente Humano (1972).
2.  Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992).
3.  Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+10 (2002).
Em 1968, a Assembleia-Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução nº 2.398 (XXIII), decidiu pela realização
de uma conferência mundial para discutir as questões ambientais. Dessa forma, ocorreu, de 5 a 16 de junho de
1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que é
considerada um marco do direito ambiental internacional. 
No curso dos trabalhos da Conferência, os países participantes dividiram-se em duas correntes de interpretação
sobre os problemas ambientais (MELO, 2017):   de um lado, os preservacionistas, liderados pelos países
desenvolvidos, que defenderam a mitigação nas intervenções antrópicas sobre o meio ambiente;   de outro, os
desenvolvimentistas, composta pelos países em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, que defendiam a
aceitação da poluição e que a preocupação deveria ser com o crescimento econômico. 
Ao término dos trabalhos foi editada a Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano, com 26
princípios. O Princípio 1 da Declaração reconhece o meio ambiente com qualidade como direito fundamental:
No quadro de governança internacional, em dezembro de 1972, foi criado o Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (PNUMA), com sede em Nairóbi, Quênia, responsável por promover a proteção ao meio
ambiente e o uso e�ciente de recursos naturais no contexto do desenvolvimento sustentável. O PNUMA é uma
agência do Sistema das Nações Unidas e a principal autoridade global em meio ambiente (MELO, 2017).
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), realizada em 1992, na
cidade do Rio de Janeiro, também conhecida como a Cúpula da Terra, representou o momento máximo da
preocupação ambiental global. Foram produzidos      cinco      documentos internacionais: (i) Declaração do Rio
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de
condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita
levar uma vida digna, gozar de bem-estar e é portador solene de obrigação de proteger
e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras.
— (ONU, 1972, p. 2)
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sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; (ii) Agenda 21; (iii) Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima; (iv)
Convenção sobre Diversidade Biológica ou da Biodiversidade; (v) Declaração de Princípios sobre Florestas.
Desses, somente a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima e a Convenção sobre Diversidade Biológica
possuem força jurídica vinculante, obrigatória, denominados no direito internacional de hard law. Os demais
são declarações, destituídas de caráter vinculante, chamadas de soft law. 
A Declaração do Rio é um documento que contém 27 princípios, norteadores do direito ambiental na esfera
internacional e fonte para o desenvolvimento principiológico na legislação ambiental dos países. A Declaração
do Rio traz preceitos fundamentais para o desenvolvimento de uma agenda internacional de proteção ao meio
ambiente, que conjugue compromissos e obrigações para os Estados.
No que se refere à Agenda 21, trata-se de um documento programático, com 40 capítulos, em que se
estabelecem diretrizes para a implementação do desenvolvimento sustentável, do espaço global ao local.
Já a Convenção sobre Diversidade Biológica é o mais importante instrumento internacional de proteção da
biodiversidade. Os objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica são: (i) a conservação da diversidade
biológica; (ii) a utilização sustentável de seus componentes; (iii) a repartição justa e equitativa dos benefícios
derivados da utilização dos recursos genéticos, mediante, inclusive, o acesso adequado aos recursos genéticos e
a transferência adequada de tecnologias pertinentes, levando em conta todos os direitos sobre tais recursos e
tecnologias      e mediante �nanciamento adequado (MELO, 2017).
Por �m, a Declaração de Princípios sobre Florestas é um documento sem força jurídica vinculativa. Em seu
conteúdo, ela exprime que os países, em especial os desenvolvidos, devem empreender esforços para
recuperar a Terra por meio de re�orestamento, arborização e conservação �orestal.
Em 2002, a ONU promoveu, em Johanesburgo, África do Sul, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, também conhecida como Rio+10. Em seus debates, emergiu a necessidade de adoção de medidas
concretas para executar os objetivos da Agenda 21 até então não su�cientemente implementados, além do
enfoque na importância da concretização de políticas públicas para um crescimento com sustentabilidade. Dois
foram os documentos o�ciais da Cúpula Mundial: Declaração Política e Plano de Implementação.
A Declaração Política, denominada “O Compromisso de Johanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável”,
rea�rma os princípios das duas conferências anteriores e faz uma análise da pobreza e da má distribuição de
renda no mundo. O Plano de Implementação é o documento das metas, assentadas em três objetivos: (i) a
erradicação da pobreza; (ii) a alteração nos padrões insustentáveis de produção e consumo; (iii) a proteção dos
recursos naturais para o desenvolvimento econômico e social. A partir deles, o Plano de Implementação
relaciona as medidas de desenvolvimento sustentável para cada região do planeta.
Em junho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). A Rio+20 teve dois temas principais: (i) a economia verde no contexto do
desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; (ii) a estrutura institucional para o desenvolvimento
sustentável (MELO, 2017). A Rio+20 não teve a mesma representatividade das conferências anteriores. Os países
desenvolvidos, diante da crise econômica global de 2008,optaram por não se comprometer      com medidas
vinculantes ou mesmo metas especí�cas para as diversas temáticas com pertinência ambiental. O documento
�nal da Conferência é denominado “O Futuro que Queremos”, contendo 283 tópicos que, em linhas gerais,
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relaciona a renovação dos compromissos políticos das      conferências anteriores (Estocolmo/1972, Rio/1992 e
Johanesburgo/2002) e consigna proposições genéricas sobre a economia verde e o quadro institucional para o
desenvolvimento sustentável (MELO, 2017).
Por �m, em 28 de julho de 2022, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução declarando que
todas as pessoas têm direito a um meio ambiente limpo e saudável (ONU, 2022). Apesar de não ser vinculante, a
resolução é um importante indicativo para a proteção ambiental em todo o planeta.
A INTERFACE INTERNACIONAL E O DIREITO BRASILEIRO
As decisões proclamadas nas conferências das Nações Unidas e nos acordos internacionais têm in�uência
direta na estrutura jurídica e nos órgãos de governança ambiental nacional. Há uma simbiose entre direito
internacional e nacional na proteção ambiental. Isso se dá tanto pela incorporação dos tratados ambientais na
ordem jurídica brasileira quanto pela inspiração na elaboração de diplomas legais na legislação brasileira.
Inicialmente, a aprovação de um tratado pelo Brasil passa por estágios, como a negociação; a assinatura pelo
representante do Estado, no caso do Brasil, o Presidente da República; a aprovação pelas duas casas do
Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado Federal; a rati�cação, ato pelo qual o país assume a
obrigação de cumpri-lo no plano internacional. Com essas etapas, o tratado é válido em nível internacional.
Contudo, para concluir a incorporação do tratado, o Presidente da República edita um decreto com a sua
promulgação na ordem jurídica brasileira. Com isso, o Brasil assume uma série de obrigações para a
implementação correspondente, de acordo com as disposições especí�cas de cada convenção. Para
exempli�car, no caso da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima, o Brasil assumiu o compromisso de
reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa, o que implica uma série de medidas e instrumentos para
observar as prescrições da Convenção-Quadro, o que afeta todos os setores do país, como o poder público, a
esfera empresarial e a sociedade civil. O Acordo de Paris, decorrência da Convenção-Quadro, também foi
incorporado à ordem jurídica brasileira. A propósito, o Supremo Tribunal Federal reconheceu recentemente o
Acordo de Paris como um tratado de direitos humanos, ou seja, possui um status especial, de supralegalidade,
estando acima da legislação brasileira, mas abaixo da Constituição (BRASIL, 2022). Isso signi�ca que a legislação
ordinária terá que observar as normas do Acordo de Paris para a redução dos gases de efeito estufa.
Figura 1 Status dos Tratados de Direitos Humanos
Fonte: elaborado pelo autor.
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Outro exemplo de aplicabilidade dessa sistemática é Convenção sobre Diversidade Biológica, que, além de
incorporada internamente, proporcionou a edição do Decreto nº 4.339/2002, com os princípios e as diretrizes
para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade. Esses são somente alguns exemplos da dinâmica
de relação entre as esferas nacional e internacional. Portanto, os compromissos no âmbito internacional têm
implicações diretas no direito brasileiro. Ser signatário de um tratado em matéria ambiental é assumir
obrigações perante a comunidade internacional e conferir a sua observância na ordem jurídica doméstica.
A partir da normatização internacional, temos re�exos na ordem jurídica brasileira, inclusive em nível
constitucional. Até mesmo instrumentos sem força jurídica vinculante, como as declarações, têm in�uência. A
Declaração de Estocolmo, de 1972, inseriu o meio ambiente no rol dos direitos humanos, enquanto o Relatório
Nosso Futuro Comum, de 1987, consignou que o meio ambiente deve ser protegido para as presentes e futuras
gerações. O art. 225 da Constituição de 1988, que é o coração da proteção ambiental em nível constitucional,
dispôs que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental e que deve ser protegido
para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). Essa passagem demonstra a in�uência das discussões da
ONU. Em nível infraconstitucional, o exemplo mais signi�cativo é a Declaração do Rio de Janeiro, de 1992, que
trouxe princípios internacionais de proteção ao meio ambiente, que são atualmente previstos na legislação
brasileira, como os princípios da precaução, poluidor-pagador, participação comunitária, informação e
análogos. No mesmo sentido, a Agenda 21, elaborada em 1992, que apesar de não ser obrigatória, serviu de
parâmetro para muitas iniciativas nos órgãos da Administração Pública brasileira e no setor empresarial.
Com relação à legislação propriamente dita, o Brasil editou leis a partir das discussões originárias nos
documentos e acordos das organizações supranacionais. Como exemplos, a Lei nº 12.187/2009, que instituiu a
Política Nacional de Mudanças do Clima, e a Lei nº 13.123/2015, que disciplina conteúdo atinente à
biodiversidade e ao patrimônio genético.
No que se refere à estrutura administrativa brasileira, ela é igualmente in�uenciada pelas conferências das
Nações Unidas. Após a realização da Conferência de Estocolmo, o Brasil criou, em 1973, no âmbito do Ministério
do Interior, a Secretaria Especial de Meio Ambiente da Presidência da República, como primeiro órgão nacional
de proteção ao meio ambiente, tendo como secretário o Sr. Paulo Nogueira Neto. Em 1992, após a Cúpula da
Terra (Rio-     92), a Secretaria de Meio Ambiente se transformou no Ministério do Meio Ambiente e Amazônia
Legal, integrando a estrutura diretamente vinculada à Presidência da República (MELO, 2017). Por todos esses
elementos, evidencia-se a in�uência do domínio internacional em face da legislação brasileira.
VÍDEO RESUMO
Nesse vídeo, conheceremos o sistema de proteção internacional ao meio ambiente, a partir do sistema global
das Nações Unidas (ONU). Para tanto, faremos uma abordagem do processo de a�rmação da proteção
ambiental, a partir das conferências da ONU. Por �m, demostraremos a relação entre o direito internacional e o
direito brasileiro. Vamos juntos? Estou te aguardando para essa aula!
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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 Saiba mais
Nessa aula, estudamos o sistema internacional de proteção ao meio ambiente. Como forma de
aprofundar, uma sugestão é conhecer o site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) ,
que mantém um banco de dados com as principais convenções internacionais em matéria de meio
ambiente. Trata-se de uma oportunidade de conhecer os documentos e instrumentos globais das
principais temáticas ambientais.
INTRODUÇÃO
Querido aluno, é uma alegria tê-lo conosco em uma aula sobre um tema fundamental para a sua formação
pro�ssional: a sustentabilidade.
Atualmente, não há nenhuma discussão estatal ou empresarial que prescinda da sustentabilidade enquanto um
valor central para as nossas sociedades, em todas as escalas, do global ao local. Por meio da sustentabilidade,
temos o compromisso de compatibilização das atividades econômicas com a proteçãoao meio ambiente.
Assim, conhecer o surgimento, os desa�os e a implementação da sustentabilidade é uma competência essencial
na formação dos pro�ssionais contemporâneos. A sustentabilidade é uma proposição necessária para uma
sociedade ética e socialmente comprometida com o planeta.
Vamos juntos no estudo dessa instigante temática!
A CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
As ocorrências das expressões sustentabilidade e desenvolvimento sustentável encontram-se associadas
nos documentos o�ciais, sejam internacionais ou nacionais. Contudo, deve-se apontar que sustentabilidade é
uma expressão mais antiga e com signi�cado singular.  Sustentabilidade é uma palavra de origem latina,
sustentare, e signi�ca sustentar, manter algo. O conceito de sustentabilidade surgiu nas províncias da Saxônia e
da Prússia, nos primórdios da modernidade, nos processos de manejo das �orestas (BOFF, 2016) e se
consolidou na Alemanha do século XIX, dando origem à prática da silvicultura (restauração de �orestas).
Na primeira metade do século XX, a sustentabilidade esteve majoritariamente ligada aos domínios da biologia e,
em especial, da ecologia. Ao longo da segunda metade do século XX, o termo se estende para a problemática da
explosão demográ�ca e da poluição na sociedade global, como alertou o zoólogo Eugene Odum (2001, p. 812):
“chegou o momento de o homem administrar tanto a sua própria população com os recursos de que depende,
Aula 2
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Por meio da sustentabilidade, temos o compromisso de compatibilização das atividades
econômicas com a proteção ao meio ambiente.
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dado que pela primeira vez na sua breve história se encontra perante limitações de�nitivas, e não puramente
locais”. Tal estado de coisas se deve à intensidade das intervenções antropogênicas que afetaram decisivamente
“[...] o frágil e complexo equilíbrio entre componentes e acontecimentos que determinam a organização do
ecossistema no Planeta Terra ao longo de milhões de anos” (ALMEIDA, 2016 , p. 58).
A noção de sustentabilidade, em sentido amplo, é primordialmente a manutenção dos sistemas de suporte à
vida. Portanto, a sustentabilidade é um conceito sistêmico, visto que conjuga saberes interdisciplinares,
especi�camente aqueles de sustentação da vida no planeta e, no caso da vida humana, os processos
econômicos, sociais, culturais e, claro, ambientais.
A partir dos domínios da ecologia, com as suas preocupações com a superpopulação, uso dos recursos naturais
e a poluição e seus resíduos, houve a transposição de suas análises para outros domínios, notadamente através
dos relatórios patrocinados pelo Clube de Roma, grupo de empresários e pensadores formado no �nal da
década de 1960 e que patrocinou uma série de discussões sobre o futuro do planeta. Um dos estudos foi
particularmente importante, o denominado Os limites do crescimento, do ano de 1972, elaborado por cientistas
do Massachusetts Institute of Technology (MIT), também conhecido como Relatório Meadows, por ter sido
liderado por Dennis Meadows e Donella Meadows. A principal conclusão desse estudo cientí�co foi de que:
 Não consta na lista de referências, favor inserir a referência completa.
Contudo, o relatório cientí�co apontou:
Se se mantiverem as tendências actuais de crescimento da população mundial, da
industrialização, da poluição, da produção de alimentos e de esgotamento de recursos,
os limites de crescimento do nosso planeta serão atingidos nos próximos cem anos. O
resultado mais provável vai ser um declínio súbito e incontrolável da população e da
capacidade produtiva.
— (TAMARES,1983, p. 151)
É possível alterar essas tendências de crescimento e criar condições de estabilidade
ecológica e económica que podem ser mantidas a longo prazo. O estado de equilíbrio
global pode ser concebido de forma a garantir, a cada habitante da Terra, a satisfação
das necessidades materiais básicas e a igualdade de oportunidades por forma que cada
pessoa possa atingir a sua plena realização humana.
— (TAMARES, 1983, p. 151)
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Apesar das críticas que recebeu, diante de suas projeções pouco otimistas sobre o futuro da humanidade,
deixando clara a �nitude de recursos naturais em uma sociedade de consumo acelerado, o Relatório Meadows
contribuiu para que as discussões ambientais adentrassem de�nitivamente no tabuleiro global. A�nal, ele tocou
num ponto central para o sistema econômico global: a necessidade de limitações nos padrões de produção e
consumo.
É a partir desse momento que entra em debate uma série de termos e teorias para equacionar as premissas do
crescimento econômico em um mundo �nito, limitado. Por isso, a ideia de crescimento, central para o
pensamento moderno e intensi�cada após o término da Segunda Guerra Mundial, precisará ser sustentada,
razão pela qual se iniciam as formulações teóricas para uma concepção de desenvolvimento, que deverá ser
sustentável. Isto é, um desenvolvimento em que a economia seja sustentada pelo uso racional dos recursos
naturais; o que é preciso reconhecer, trata-se de um dos grandes desa�os da contemporaneidade.
Gradativamente, como veremos, as expressões desenvolvimento e sustentabilidade serão associadas, com o
surgimento da compreensão de desenvolvimento sustentável e de uma multiplicidade de sentidos para a
palavra sustentabilidade.
A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em
Estocolmo, Suécia. Nesse período, deu-se o delineamento dos contornos da expressão ecodesenvolvimento por
Maurice Strong – Secretário-Geral dessa Convenção –, cabendo a Ignacy Sachs a popularização do conceito
como um projeto de desenvolvimento socialmente inclusivo, ecologicamente viável e economicamente
sustentado, o qual se converteu com o passar dos anos no conceito de desenvolvimento sustentável.
A expressão desenvolvimento sustentável apareceu pela primeira vez no ano de 1980 no documento
intitulado Estratégia de Conservação Mundial (World Conservation Strategy), que foi editado pelas organizações
ambientalistas União Internacional para a Conservação da Natureza (IUNC) e World Wildlife Fund (WWF), a
pedido das Nações Unidas (BARBIERI, 2020).
Em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujo longo ciclo de
audiências e debates com líderes políticos e organizações em todo o planeta resultou, em 1987, como
conclusão de suas atividades, no Relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório
Brundtland, nome dado em homenagem à senhora Gro Harlen Brundtland, a ex-primeira-ministra da Noruega,
que havia presidido os trabalhos (MELO, 2017). Esse documento de�niu os contornos clássicos do
desenvolvimento sustentável, que passou a ser considerado como aquele “[...] que atende às necessidades das
gerações atuais sem comprometer a capacidade de as futuras gerações terem suas próprias necessidades
atendidas” (ONU, 1991). O Relatório Nosso Futuro Comum é um manifesto essencialmente ético, de conjugação
da economia com os propósitos de justiça social e ambiental. A partir de sua elaboração, expressões como
desenvolvimento sustentável e sustentabilidade passam a ser associadas como sinônimos.
Em 1992, a ONU realizou a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e o conceito
de desenvolvimento sustentável cristalizou-se por meio de um dos seus principais documentos: a Declaração do
Rio de Janeirosobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujas principais proposições seguem :
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A Declaração do Rio Janeiro pretendeu, através de suas proposições, conciliar os pleitos do mercado capitalista
com as carências dos países em desenvolvimento e pobres, o que terminou por elencar princípios
contraditórios. De qualquer forma, por meio de uma declaração �exível – soft law –, foi possível articular o
desenvolvimento sustentável em escalas e esferas, do global ao local, dos mercados à sociedade civil, apesar de
tal abrangência se reduzir ao plano discursivo.
Outro documento representativo dessas conjugações foi igualmente editado ao término dos trabalhos da Rio-
92, a ambiciosa Agenda 21. Trata-se de um documento programático, com 40 capítulos, com as diretrizes para a
implementação do desenvolvimento sustentável em todas as escalas, do global ao local, para o século XXI
(MELO, 2017). Apesar de festejada em sua edição, a Agenda 21 foi perdendo força com os passar dos anos.
A interpretação sobre desenvolvimento sustentável foi consolidada com a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), realizada em Johannesburgo, África do Sul, em 2002. A conferência
admitiu as limitações e as di�culdades na implementação da Agenda 21, mas rea�rmou o signi�cado de
desenvolvimento sustentável da Rio-92. A Declaração de Johannesburgo sobre o Desenvolvimento Sustentável
defendeu o capitalismo verde, diante da globalização e que “[...] a rápida integração de mercados, a mobilidade
do capital e os signi�cativos aumentos nos �uxos de investimento mundo afora trouxeram novos desa�os e
oportunidades para a busca do desenvolvimento sustentável” (MELO, 2017, p. 29). Contudo, “[...] os benefícios e
custos da globalização são distribuídos desigualmente, e os países em desenvolvimento enfrentam especiais
di�culdades para encarar esse desa�o” (MELO, 2017, p. 29).
Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento
sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza
(princípio 01). 
O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam
atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente
das gerações presentes e futuras (princípio 03). 
Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte
integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente
deste (princípio 04). 
Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o
desenvolvimento sustentável, irão cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza,
a �m de reduzir as disparidades de padrões de vida e melhor atender às necessidades
da maioria da população do mundo (princípio 05). 
Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais elevada
para todos, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção
e consumo, e promover políticas demográ�cas adequadas (princípio 08). 
— (ONU, 1992, [s. p.])
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Da edição do Relatório Brundtland, passando pela Agenda 21 até chegar aos dias atuais, a esfera internacional
reforçou o aspecto de multiplicidade de signi�cados de desenvolvimento sustentável e da expressão
sustentabilidade, que, inclusive, foi apropriada por adjetivações, tais como sustentabilidade ambiental,
econômica, social, cultural e tantas outras digressões. Apesar dessas perspectivas, as expressões
desenvolvimento sustentável e sustentabilidade conjugam a abordagem preferencial dos documentos o�ciais e
diplomas legais.
SUSTENTABILIDADE NO ÂMBITO ESTATAL E CORPORATIVO
O desenvolvimento sustentável é um princípio no direito brasileiro. A Constituição de 1988, em seu art. 170,
disciplina que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho e na livre-iniciativa e visa assegurar
uma existência digna para todos conforme os ditames da justiça social, com a observância, entre outros, dos
princípios da função social da propriedade e da defesa do meio ambiente (BRASIL, 1988). Por função social
entende-se que o exercício do direito de propriedade impõe o respeito pelas normas ambientais (MELO, 2017).
A defesa do meio ambiente nas atividades econômicas ocorre igualmente por meio do tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (BRASIL,
1988).
Na ordem constitucional brasileira, o desenvolvimento sustentável encontra-se na conjugação do art. 170 –
ordem econômica – com o art. 225 – proteção ao meio ambiente –, ambos da Constituição Federal (MELO,
2017). Apesar disso, há uma constante tensão na implementação das atividades econômicas com as normas
jurídicas de proteção ambiental. Daí surge a indagação: em caso de confronto entre uma atividade econômica e
a proteção ao meio ambiente, qual é a interpretação que deverá prevalecer? Embora sejamos uma economia de
livre mercado, nenhuma atividade pode ser exercida em desconformidade com a proteção ao meio ambiente.
A�nal, só é possível uma existência com dignidade se as pessoas possam viver em um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, sem poluição, com salubridade. E se não temos o ambiente saudável, como falar
em saúde e qualidade de vida? Apesar dessas a�rmações serem reconhecidas por todos, sabemos que a
questão é bem mais complexa. Por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a disciplinar a matéria,
decidindo que é necessária a compatibilização entre atividades econômicas e proteção ao meio ambiente.
Contudo, consignou que as atividades econômicas não podem ser exercidas em desarmonia com os princípios
destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente (MELO, 2017). Nos termos da Ação Direta de
Inconstitucionalidade 3.540, “[...] a atividade econômica não pode ser exercida em desarmonia com os
princípios destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente”. E conclui que: “A incolumidade do meio
ambiente não pode ser comprometida por interesses empresariais nem �car dependente de motivações de
índole meramente econômica [...]” (BRASIL, 2005, [s. p.]).
Portanto, é necessário sempre buscar a compatibilização entre atividades econômicas e proteção ao meio
ambiente; na impossibilidade, é preciso atentar para as questões ambientais. E isso porque a preocupação
somente na dimensão econômica tem ocasionado os danos e desastres ambientais que são constantemente
relatados nos meios de comunicação, em que pessoas, populações ou cidades são afetadas. A�nal, ao se
privilegiar somente os argumentos econômicos, continuamos somente como crescimento econômico, e a
sustentabilidade torna-se meramente retórica, sem qualquer efetividade.
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Em meados da década de 1990, o britânico John Elkington propõe o termo Triple Bottom Line (TBL), no âmbito
corporativo norte-americano, o qual �ca conhecido no Brasil como o tripé da sustentabilidade, conjugando as
dimensões econômica, social e ambiental. Esse conceito possui como elementos constitutivos os três Ps da
sustentabilidade (people, planet, pro�t; ou em português, pessoas, planeta e lucro). Em suma, as empresas
devem buscar o lucro corporativo, mas com responsabilidade social em suas operações, que devem estar
alinhadas no compromisso ambiental com o planeta (MELO, 2017). O TBL é utilizado atualmentecomo um dos
indicadores de mensuração da sustentabilidade para governos, setor empresarial e organizações sem �ns
lucrativos.
O tripé da sustentabilidade associa os aspectos econômicos, sociais e ambientais. Por sustentabilidade
econômica, o uso racional e e�ciente dos recursos naturais, com o uso de tecnologias que diminuam os
impactos ambientais e as externalidades negativas. A sustentabilidade social envolve uma distribuição de renda
justa, de modo a reduzir as desigualdades e promover os valores de uma sociedade inclusiva. Por
sustentabilidade ambiental, respeitar e proteger os ciclos de regulação dos processos ecológicos essenciais, de
modo a garantir recursos para as presentes e futuras gerações, em uma concepção que as variáveis ambientais
sejam integradas aos ciclos econômicos.
No âmbito governamental, um exemplo de aplicação do tripé da sustentabilidade é a Agenda Ambiental na
Administração Pública (A3P), que articula a promoção da sustentabilidade nas entidades da Administração
Pública Direta e Indireta em nível federal, estadual e municipal, nos três poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário. Apesar da adesão ser voluntária, a A3P é um relevante programa de práticas governamentais
sustentáveis.
Uma outra leitura de sustentabilidade procura dividi-la em duas abordagens: sustentabilidade fraca e
sustentabilidade forte (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012). A sustentabilidade fraca é aquela que se baseia na
economia clássica, em que o capital natural pode ser substituído pelo capital produzido e que, por
consequência, não há limites para o crescimento econômico. Nesse pensamento, é possível adotar soluções
tecnológicas para solucionar os problemas ambientais. Já a sustentabilidade forte assenta-se na economia
ecológica, isto é, a ausência do capital natural impõe limites para o crescimento econômico. Essa compreensão
tem como fundamento a preservação dos componentes ecológicos, de forma que será preciso conter os fatores
de pressão, ou seja, limites para uma economia de crescimento contínuo. Em qualquer dessas perspectivas, é
importante compreender a importância que a sustentabilidade assume na contemporaneidade, como elemento
essencial para as nossas sociedades.
VÍDEO RESUMO
Nesse vídeo, quero convidá-lo para conhecer as principais discussões sobre a sustentabilidade, um valor
fundamental em nossas sociedades. Faremos uma abordagem do processo de a�rmação do desenvolvimento
sustentável e das principais interpretações sobre a sustentabilidade, no âmbito público e empresarial. Trata-se
de um tema que estará muito presente no seu dia a dia. Vamos juntos? Estou te aguardando para essa aula!
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
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 Saiba mais
Nessa aula, estudamos o surgimento e o contexto da sustentabilidade no mundo contemporâneo. Essa
será uma temática constante em sua vida pro�ssional. Como aprofundamento, sugerimos o artigo
Desenvolvimento Sustentável: a evolução teórica, o abismo com a prática e o princípio de
responsabilidade, de autoria de Isabella Pearce de Carvalho Monteiro, que está disponível em:
https://sou.undb.edu.br/public/publicacoes/revceds_n_2_desenvolvimento_sustentavel_a_evolucao_teorica
_o_abismo_com_a_pratica_e_o_principio_de_responsabilidade_isabella_pearce_monteiro.pdf
A autora faz uma abordagem histórica do desenvolvimento sustentável para, ao �nal, defender a
importância em nossas sociedades.
INTRODUÇÃO
Querido aluno, você sabe o que são políticas públicas? Qual é a importância delas em nossa sociedade? E como
as políticas públicas ambientais dialogam com as atividades econômicas? 
Esta é a temática da nossa aula: as políticas públicas ambientais. Estudaremos a Política Nacional do Meio
Ambiente, que é o diploma legal estruturante das políticas e da governança ambiental no Brasil. Você conhecerá
o Sistema Nacional do Meio Ambiente, com os órgãos em nível federal, estadual e municipal responsáveis pela
promoção e proteção ao meio ambiente. Além disso, faremos uma abordagem de dois dos principais
instrumentos da Política Nacional que regulamentam as atividades econômicas: a avaliação de impactos
ambientais e o licenciamento ambiental.
Venha conosco conhecer os principais fundamentos da estrutura normativa e de governança ambiental no
nosso país. 
O CONCEITO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
O que é uma política pública? Quando ela deve ser elaborada? Quem participa da sua elaboração? Qual o
conteúdo de uma política pública? Essas são perguntas necessárias para a compreensão da importância das
políticas públicas de responsabilidade social e ambiental. São múltiplas as interpretações para essas
indagações, mas vamos nos ater às respostas que dialogam com a nossa atuação pro�ssional.
Aula 3
POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS
Esta é a temática da nossa aula: as políticas públicas ambientais. Estudaremos a Política Nacional
do Meio Ambiente, que é o diploma legal estruturante das políticas e da governança ambiental
no Brasil.
32 minutos
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Quando um problema público é identi�cado, surge a necessidade de ofertar respostas e alternativas para
resolvê-lo. Situações socialmente sensíveis exigem do poder público uma diretriz. Essa diretriz é o que
chamamos de políticas públicas (SECCHI; COELHO; PIRES, 2019), isto é, o mecanismo de atuação estatal para a
resolução de problemas públicos. Portanto, esses, socialmente reconhecidos por atores estatais e não estatais,
entram na agenda de discussões do poder público e, como tal, exigem a formulação de políticas públicas para
as mudanças possíveis e pretendidas.
Figura 1 | A formação da política pública
Fonte: elaborada pelo autor.
A pergunta seguinte é: a quem cabe a elaboração de políticas públicas? Há duas interpretações para essa
indagação (SECCHI; COELHO; PIRES, 2019). De um lado, há os que defendem a centralidade dos atores estatais
na elaboração dessas – por exemplo, agentes políticos e técnicos dos poderes Executivo e Legislativo –, pela
legitimidade e pela capacidade de alocar recursos �nanceiros para equacionar os problemas públicos. Do outro
lado, há os que advogam uma compreensão multicêntrica, de que a elaboração das políticas públicas é uma
conjugação da atuação de atores estatais com os atores não estatais, como empresas, sindicatos, organizações
religiosas, organizações não governamentais etc. No caso brasileiro, as dinâmicas das políticas públicas estão
diretamente ligadas ao Estado pela sua centralidade e intervencionismo histórico. Isto é: o Estado brasileiro é o
responsável pela elaboração de políticas públicas. Mas o fato de ser o responsável não impede a participação
dos grupos de interesse, como o setor empresarial e a sociedade civil.
É importante destacar que o Brasil é uma Federação, em que o Estado divide suas atribuições com
competências atribuídas aos seus entes federativos União, estados-membros, Distrito Federal e municípios.
Assim, políticas públicas são formuladas em termos espaciais ou territoriais, isto é, aquelas que interessam a
todo o país são políticas nacionais, como é o caso do meio ambiente, da educação, da saúde e de outras áreas.
Em articulação com as políticas nacionais, as políticas estaduais e municipais são estabelecidas atendendo às
especi�cidades e singularidades de cada recorte territorial.
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Mas, qual o conteúdo de uma política pública? Como já mencionamos, uma política pública parte de um
problema público, uma situação que a sociedade exige um conjunto de ações para a resolução do problema. A
política pública abrange o reconhecimento do problema e o nível de mudança pretendido, ou seja, as
transformações desejadas. É nesse ponto que temos o conteúdo de uma política pública. Essa é composta de
princípios, objetivos e instrumentos para a sua concretização. Os princípios são os elementos estruturantes que
balizarão a política pública; é por meio deles que são de�nidas as estratégias. Quanto aos objetivos, eles
articulam as mudanças pretendidas, os estágios de implementação de uma política pública e, por vezes, o
tempo necessário. Já os instrumentos são as ações, os meios e os mecanismos que permitem que a política
pública alcance os seus objetivos.
Uma outra forma de compreender as políticas públicas é por meio dos níveis operacionais. Nesse sentido,
temos três níveis: plano, programa e projetos. No plano, temos os princípios, objetivos e instrumentos, como já
estudamos no parágrafo anterior. O plano deve ser aplicado por meio de programas, que são os recortes ou
desdobramentos dele. Para exempli�car, os programas podem ser aplicados no âmbito dos estados ou dos
municípios e podem ser divididos em projetos, que são a menor unidade de planejamento ou de ação.
Portanto, políticas públicas possuem níveis operacionais na articulação e operacionalização por meio de um
plano, que é um nível estruturante e de longo prazo; com os programas, em um nível intermediário e de médio
prazo; com os projetos, de curto prazo e em um nível operacional (SECCHI; COELHO; PIRES, 2019). A imagem a
seguir expõe os níveis operacionais de uma política pública.
Figura 2 | Níveis operacionais da política pública
Fonte: elaborado pelo autor.
Pois bem, feitas essas considerações, estudaremos agora as políticas públicas em matéria ambiental.
POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS
Uma política pública ambiental é uma diretriz de planejamento e intervenção estatal, com a participação do
setor produtivo e dos atores não governamentais, para a proteção do meio ambiente. Uma política pública
ambiental condiciona e disciplina as atividades econômicas e sociais em compatibilização com a proteção
ambiental.
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No Brasil, as políticas públicas ambientais existem desde a década de 1930, com a aprovação do Código
Florestal de 1934, do Código de Águas de 1934 e outros diplomas legais (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012). Na
década de 1970, teve início a estruturação dos órgãos administrativos de proteção ao meio ambiente, mas de
forma fragmentada. Esse quadro mudaria na década seguinte.
A efetiva concepção de proteção ao meio ambiente ocorreu somente em 1981, quando foi editada a Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei nº 6.938. Essa é a lei estruturante da proteção ambiental
brasileira e traz os princípios, objetivos e instrumentos para uma política ambiental para o Brasil.
Em primeiro plano, é preciso mencionar a importância dos princípios, uma vez que toda política ambiental
ocorre pela observância deles. No contexto das nossas discussões, dois merecem destaque: o princípio da
prevenção e o princípio da precaução. O princípio da prevenção signi�ca agir antecipadamente para evitar os
possíveis danos ambientais, que costumam ser irreversíveis. Assim, as políticas ambientais são formuladas de
forma a prevenir os impactos ambientais negativos. Por meio do princípio da precaução, deve-se observar que,
em situações que predominem a incerteza cientí�ca, com a ausência de pesquisas e estudos cientí�cos sobre as
possíveis consequências de atividades econômicas sobre a saúde das pessoas e o meio ambiente, não se façam
as intervenções pretendidas. Esses dois princípios são balizadores das políticas públicas no Brasil.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) estabeleceu como objetivo geral “[...] a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...]” (BRASIL,
1981, [s. p.]). Nota-se que a PNMA conjuga o desenvolvimento das atividades sociais e econômicas com a
proteção ambiental, de forma a assegurar a dignidade humana.
O art. 4º da Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981) elenca os seus objetivos especí�cos. Destacaremos os três mais
relevantes para a nossa discussão. O primeiro deles é a “[...] compatibilização do desenvolvimento econômico-
social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico” (BRASIL, 1981, [s. p.]). Esse
objetivo é o que chamamos atualmente de desenvolvimento sustentável, ou seja, compatibilizar as atividades
econômicas com a proteção ao meio ambiente. O segundo objetivo é o “[...] estabelecimento de critérios e
padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais” (BRASIL, 1981,
[s. p.]). Cabe ao poder público estabelecer padrões de qualidade ambiental para o ar, os recursos hídricos e o
solo. O terceiro objetivo é a “[...] imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com �ns
econômicos” (BRASIL, 1981, [s. p.]). Esse último objetivo articula dois aspectos que convergem para o conteúdo
de princípios ambientais. O primeiro é o princípio do poluidor-pagador, que estabelece a obrigação do poluidor
de reparar os danos causados ao meio ambiente. O segundo é o princípio do usuário-pagador, que impõe o
pagamento pelo uso de recursos ambientais com �ns econômicos, como no caso da cobrança pelo uso de
recursos hídricos. Por exemplo, uma empresa ou uma atividade agropecuária que faça a captação de água em
um rio – em níveis que afetem a qualidade ou a quantidade desse curso d’água – deve pagar por esse uso.
Outro ponto fundamental da Lei nº 6.938/1981 foi a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama),
que é o conjunto de órgãos da União, estados, Distrito Federal, municípios e suas respectivas administrações
indiretas, responsáveis pela proteção, pelo controle, pelo monitoramento e pela melhoria da qualidade e da
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política ambiental no país. Trata-se da estrutura responsável pela administração ambiental no Brasil. O Sisnama
é regulamentado pelo Decreto nº 99.274/1990 (BRASIL, 1990) e estrutura-se em seis recortes fundamentais:
1. Órgão superior: o Conselho de Governo, com a �nalidade de assessor o Presidente da República nas
questões ambientais.
2. Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), com a função de
assessor o Conselho de Governo e, especialmente, de deliberar sobre normas e padrões compatíveis com o
meio ambiente.
3. Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a �nalidade de coordenar a política nacional e as
diretrizes para a proteção ambiental.
4. Órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, que são autarquias federais responsáveis por
executar e fazer executar as diretrizes governamentais para o meio ambiente.
5. Órgãos seccionais: os órgãos ou as entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos
e pelo controle e �scalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental.
6. Órgãos locais: os órgãos ou as entidadesmunicipais responsáveis pelo controle e pela �scalização dessas
atividades nas suas respectivas jurisdições.
Por �m, é preciso evidenciar que a partir da PNMA surgiram outras políticas públicas em áreas especí�cas em
matéria ambiental, como a Política Nacional de Recursos Hídricos; a Política Nacional de Resíduos Sólidos; a
Política Nacional de Biodiversidade; a Política Nacional Educação Ambiental; a Política Nacional de Mudança do
Clima e outras. O fato de termos políticas em nível nacional mostra a preocupação da articulação entre a União,
os estados, o Distrito Federal e os municípios.
POLÍTICAS PÚBLICAS E A REGULAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS
As políticas públicas ambientais possuem uma interface imediata com as atividades econômicas,
especi�camente por meio de programas e procedimentos para disciplinar e condicionar empreendimentos e
atividades potencialmente poluidores ou causadores de degradação. No caso da Política Nacional do Meio
Ambiente, dois de seus instrumentos, previstos em seu art. 9º (BRASIL, 1981), são fundamentais para a
regulação das atividades econômicas: a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento ambiental.
A avaliação de impactos ambientais é um instrumento de gestão ambiental que dispõe sobre a obrigatoriedade
de estudos sobre os impactos ambientais de atividades e empreendimentos potencialmente causadores de
poluição ou degradação ambiental. A avaliação de impactos ambientais é a análise técnica sobre os possíveis
impactos, que se dá por meio dos estudos ambientais. Um exemplo é o Estudo Prévio de Impacto Ambiental,
conhecido pela sigla Eia/Rima, com previsão constitucional e obrigatório para as atividades e empreendimentos
potencialmente causadores de signi�cativa degradação do meio ambiente (BRASIL, 1988 ). Note que o Eia/Rima
não é para todos os empreendimentos; o pressuposto é que a obra ou atividade seja potencialmente causadora
de signi�cativa degradação do meio ambiente, como é o caso de rodovias, ferrovias, atividades de mineração e
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outras (CONAMA, 1986). O Eia/Rima é um estudo público, complexo, elaborado pelo empreendedor, que será
analisado pelo órgão ambiental competente. Agora, quando o empreendimento não for causador de
signi�cativa degradação ambiental, os estudos ambientais serão simpli�cados, como é o caso do Relatório
Ambiental Preliminar (RAP), aplicável para obras e atividades poluidoras e degradadoras, mas não de forma
signi�cativa.
A avaliação de impactos ambientais está diretamente ligada a outro importante instrumento da PNMA: o
licenciamento ambiental. Isso porque, no curso de um licenciamento ambiental, teremos a necessidade de
elaboração de estudos ambientais por parte dos empreendedores. O licenciamento ambiental, segundo Melo
(2017, p. 221), é um procedimento administrativo com a “[...] �nalidade de avaliar os possíveis impactos e riscos
de uma atividade ou empreendimento potencialmente causador de degradação ambiental ou poluição”. Esse
instrumento é uma manifestação do princípio da prevenção, ou seja, tem como objetivo antecipar e mitigar os
impactos negativos de uma empresa ou atividade potencialmente causadora de poluição ou degradação
ambiental. Enquanto procedimento, o licenciamento ambiental passa por etapas, em que o empreendedor
deverá observar as prescrições do órgão ambiental para a obtenção das licenças ambientais do seu negócio. No
licenciamento ambiental trifásico, que é o mais completo, é necessária a obtenção de três licenças ambientais.
São elas (MELO, 2017): (i) licença prévia, obtida com a aprovação do projeto e de sua localização; (ii) licença de
instalação, em que o projeto é implementado e ganha materialidade; (iii) licença de operação, que permite o
funcionamento da empresa. Caso o empreendimento seja potencialmente causador de signi�cativa degradação
do meio ambiente, o empreendedor deverá elaborar o Eia/Rima, cuja aprovação pelo órgão ambiental enseja a
concessão da licença prévia, prosseguindo, depois, com as demais etapas. A propósito, nos casos de exigência
de Eia/Rima, será possível a realização de audiência pública, na garantia do princípio da participação
comunitária. Podem requerer a audiência pública o próprio órgão ambiental licenciador, o Ministério Público,
uma entidade da sociedade civil ou cinquenta ou mais cidadãos (CONAMA, 1987).
O licenciamento ambiental pode ser realizado por qualquer ente federativo – União, estados-membros, Distrito
Federal e municípios –, desde que tenha órgão ambiental capacitado e conselho de meio ambiente. Para
exempli�car, no âmbito federal temos o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) – órgão ambiental – e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Esses dois
requisitos são obrigatórios para que um ente federativo proceda ao licenciamento ambiental. A divisão de
atribuições entre os entes federativos encontra-se na Lei Complementar nº 140/2011, que divide as ações
administrativas entre os entes federativos.
Em uma síntese, a União licenciará os empreendimentos localizados e desenvolvidos (i) no Brasil e em país
limítrofe; (ii) no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; (iii) em terras
indígenas; (iv) em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental
(APAs); (v) em dois ou mais Estados; (vi) de caráter militar; (vii) destinados a material radioativo, em qualquer
estágio, ou que utilizem energia nuclear, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN);
entre outras atribuições (BRASIL, 2011). Os estados-membros promoverão o licenciamento de atividades ou
empreendimentos efetivos ou potencialmente poluidores ou capazes de causar degradação, ressalvada as
atribuições dos demais entes; ou de atividades ou empreendimentos em unidades de conservação instituídas
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pelo Estado, exceto em APAs (BRASIL, 2011). Por �m, os municípios licenciarão os empreendimentos que
causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, ou em unidades de conservação instituídas pelo
município, exceto em APAs (BRASIL, 2011).
O licenciamento ambiental é, portanto, um instrumento de grande centralidade para as atividades econômicas
em nosso país.
Não consta na lista de referências, favor inserir a referência completa.
VÍDEO RESUMO
Nesse vídeo, estudaremos as políticas públicas ambientais. Qual a importância delas e como se relacionam com
as suas atividades pro�ssionais? É o que responderemos! Para isso, faremos uma leitura da Política Nacional do
Meio Ambiente e do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Ao �nal, o estudo de um importante instrumento: o
licenciamento ambiental. Vamos juntos? Estou te aguardando para essa aula!
 Saiba mais
Um dos principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente para compatibilizar as atividades
econômicas com a proteção ao meio ambiente é o licenciamento ambiental. É importante para o
pro�ssional das áreas pública e corporativa conhecer os fundamentos e procedimentos do licenciamento
ambiental. Por isso, a dica é baixar a Cartilha do Licenciamento Ambiental, do Tribunal de Contas da União
(TCU).
Com ela, você conhecerá a leitura sobre o licenciamento ambiental pelo principal órgão de �scalização das
contas públicas do Brasil.
Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
INTRODUÇÃO
Querido aluno, nessa aula, estudaremos um dos temas mais importantes para a sua formação acadêmica e
pro�ssional: a responsabilidade em matéria ambiental.
Aula 4
RESPONSABILIDADEEM MATÉRIA AMBIENTAL 
Estudaremos um dos temas mais importantes para a sua formação acadêmica e pro�ssional: a
responsabilidade em matéria ambiental.
37 minutos
https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/cartilha-de-licenciamento-ambiental-2-edicao.htm
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Apesar do sistema jurídico ambiental pautar-se na prevenção das condutas consideradas lesivas ao meio
ambiente, sabemos que mesmo assim elas ocorrem, em especial, os danos ambientais. E é nesse momento que
surge a discussão da nossa aula. A�nal, será preciso responsabilizar as pessoas físicas e jurídicas que violam as
normas jurídicas de proteção ao meio ambiente. 
Assim, você conhecerá os principais fundamentos da responsabilidade civil, penal e administrativa em matéria
ambiental, com a leitura dos tribunais superiores sobre os principais pontos dessa aula. 
Tenho certeza de que você vai gostar desse conteúdo! 
DANO AMBIENTAL
O arcabouço jurídico de proteção ao meio ambiente tem como objetivo a prevenção aos impactos ambientais
que causem poluição ou degradação, notadamente em casos de dano ambiental. Com a ocorrência de um dano
ambiental, adentra-se nas discussões sobre a responsabilidade em matéria ambiental (MELO, 2017).
Em que pese a sua importância, o ordenamento jurídico brasileiro não confere uma de�nição de dano
ambiental. Por essa razão, a sua compreensão passa por elementos doutrinários e pela interpretação dos
tribunais superiores, especialmente o Superior Tribunal de Justiça (MELO, 2017). Antes de adentrar nos aspectos
doutrinários e jurisprudenciais, é importante conhecer dois conceitos legais e que estão associados ao
entendimento do dano ambiental. São eles: degradação da qualidade ambiental e poluição.
Considera-se degradação da qualidade ambiental a “[...] alteração adversa das características do meio
ambiente”, conforme o art. 3º, II, da Lei nº 6.938/1981 (BRASIL, 1981, [s. p.]). A degradação da qualidade
ambiental ocorre tanto pela ação antrópica (humana) quanto por um evento natural, como um abalo sísmico ou
uma erupção vulcânica. 
Já o conceito de poluição possui amparo legal no art. 3º, III, da Lei nº 6.938/1981, considerada
A poluição é a degradação da qualidade ambiental provocada por uma atividade antropogênica, isto é,
promovida pelo homem. A poluição é sempre negativa, e no ordenamento jurídico brasileiro é um ilícito penal,
conforme o art. 54 da Lei nº 9.605/1998 (BRASIL, 1998), e administrativo, ao teor do art. 61 do Decreto nº
6.514/2008 (BRASIL, 2008).
[...] a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b)
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem
desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
— (BRASIL, 1981, [s. p.])
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Quanto ao dano ambiental, Benjamin (2011, p. 132) vai de�ni-lo “[...] como a alteração, deterioração ou
destruição, parcial ou total, de qualquer dos recursos naturais, afetando adversamente o homem e/ou a
natureza”. 
Leite e Ayala (2010, p. 102), após análise da legislação brasileira, apresentam o seguinte conceito: 
Por essa leitura, o dano ambiental pode atingir o macrobem ambiental, esse que é o meio ambiente em uma
visão global e integrada, como bem de uso comum do povo, e os microbens, que são a parte corpórea do meio
ambiente (fauna, �ora etc.). Ademais, o dano ambiental pode afetar interesses individualizáveis, patrimoniais ou
extrapatrimoniais. 
De comum entre esses conceitos é a caracterização, em regra, da dupla face do dano ambiental, afetando a
natureza e o homem. O dano ambiental possui “[...] feição multifacetária, com implicações no macrobem
ambiental, nos microbens ambientais (�orestas, rios, fauna etc.), no patrimônio material e moral de pessoas e
da coletividade” (MELO, 2017, [s.p.]).
Nesse sentido, diante das várias dimensões jurídicas, apresentaremos duas das principais classi�cações
doutrinárias e jurisprudenciais sobre o dano ambiental: quanto à extensão do bem protegido e quanto à
extensão do dano ambiental (LEITE; AYALA, 2010).
Figura 1 | Classi�cação de dano ambiental
Fonte: elaborada pelo autor.
Dano ambiental deve ser compreendido como toda lesão intolerável causada por
qualquer ação humana (culposa ou não) ao meio ambiente, diretamente, como
macrobem de interesse da coletividade, em uma concepção totalizante, e,
indiretamente, a terceiros, tendo em vista interesses próprios e individualizáveis e que
re�etem no macrobem.
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Quanto à extensão do bem protegido, é possível con�gurar como: (i) dano ambiental lato sensu; (ii) dano
individual, re�exo ou em ricochete.
Compreende-se como “[...] dano ambiental lato sensu (em sentido amplo) o que afeta os interesses difusos da
coletividade e, como tal, todos os componentes do meio ambiente (meio ambiente natural, cultural, arti�cial)”
(MELO, 2017, p. 374).
Dano ambiental individual, re�exo ou em ricochete é “[...] o dano individual, que afeta interesses próprios, e
somente de forma indireta ou re�exa protege o bem ambiental” (MELO, 2017, p. 374). Para exempli�car, as
lesões à saúde, ao patrimônio e à atividade econômica de uma ou de um grupo de pessoas.
Quanto à extensão do dano, a divisão em: (i) dano patrimonial; (ii) dano extrapatrimonial. Dano ambiental
patrimonial “[...] é o que diz respeito à perda material do bem atingido. É o dano físico, material” (MELO, 2017, p.
375). Quanto ao dano extrapatrimonial ou moral ambiental, é aquele que ofende valores imateriais, reduzindo o
bem-estar, a qualidade de vida do indivíduo ou da coletividade ou atingindo o valor intrínseco do bem. O dano
extrapatrimonial pode ser dividido em individual e coletivo. O dano moral ambiental individual é aquele que
acarreta dor ou sofrimento psíquico para uma pessoa, como no caso de um pescador impedido de exercer sua
atividade econômica por causa de um dano ambiental. O dano moral ambiental coletivo, por sua vez, se dá pelo
prejuízo à imagem e moral coletiva dos indivíduos. Com esses apontamentos, �ca evidenciado o caráter
multifacetário do dano ambiental no ordenamento jurídico brasileiro.
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Entende-se por responsabilidade a obrigação de responder pela ação ou omissão que seja lesiva a uma pessoa,
patrimônio ou em face de uma obrigação legal. Na esfera ambiental, a responsabilidade surge com a conduta
considerada lesiva ao meio ambiente. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 disciplina a
responsabilidade em matéria ambiental nos seguintes termos: “as condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL, 1988, [s. p.]). Essa norma estabelece
a tríplice responsabilidade em matéria ambiental: civil, penal e administrativa. Cada uma delas dispõe de um
regime jurídico próprio que, apesar de disciplinarem a aplicação de sanções aos responsáveis, a preocupação
central está em reparar os danos causados ao meio ambiente.
Figura 2 | Natureza jurídica da responsabilidade ambiental
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Fonte: elaborada pelo autor.
A responsabilidade penal ambiental é disciplinada pela Lei nº 9.605/1998, também conhecida como Lei de
Crimes Ambientais. No caso de cometimento de um crime ambiental, conforme os tipos penais, teremos a
imputação da pessoa física ou jurídica. Essa responsabilidade é sempre subjetiva, com a necessidade de
comprovação da culpabilidade – dolo ou culpa – do autor do crime. Uma das novidades da Lei nº 9.605/1998 foi
instituir a responsabilidade penal da pessoa jurídica, “[...] nos casos em que a infração seja cometida por
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade” (BRASIL, 1998, [s. p.]). Dois são os requisitos para con�gurar a responsabilidade penal da pessoa
jurídica: (i) a decisão deve ser praticada pelo representante legal ou pelo órgão colegiado da empresa; (ii) a
conduta deve satisfazer ou bene�ciar os interesses da pessoa jurídica. Assim, uma decisão do representante
legal/contratual ou de um órgão colegiado, que bene�cie a empresa, enseja a discussão do cometimento de um
ilícito penal e, caso se con�rme, ela poderá ser condenada isolada, cumulativa ou alternativamente às penas de
multa, restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade (BRASIL, 1998). Registra-se que não é
obrigatório a dupla imputação, isto é, a persecução penal simultânea da pessoa jurídica e da pessoa física
responsável no âmbito da empresa. Já as pessoas físicas que cometem crimes ambientais poderão sofrer as
penas restritivas de liberdade, restritivas de direitos e multa, de acordo com o crime ambiental cometido.
A responsabilidade administrativa ambiental, por sua vez, surge quando a pessoa física ou jurídica pratica uma
infração administrativa que, segundo de�nição legal, é “[...] toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas
de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente” (BRASIL, 1998, [s. p.]). Em nível federal, o
Decreto nº 6.514/2008 disciplina as infrações administrativas e o processo administrativo ambiental. Na
responsabilidade administrativa, que é subjetiva – há que demonstrar o dolo e a culpa do responsável –, ao se
veri�car o cometimento de uma infração ambiental, o �scal do órgão ambiental – que pode ser federal, estadual
ou municipal – lavra um auto de infração e aplica uma sanção à pessoa física ou jurídica, que pode ser uma
multa, suspensão de atividades, demolição de obra e outras (BRASIL, 2008). Com isso, é instaurado o processo
administrativo, em que o autuado poderá se defender dos fatos e fundamentos consignados no auto de
infração e, ao �nal, a decisão da autoridade administrativa ambiental.
Por �m, temos a responsabilidade civil ambiental. No caso da ocorrência de um dano ambiental, o responsável,
pessoa física e jurídica, de direito público ou privado, é obrigado à reparação. O ordenamento jurídico brasileiro
adota, desde a Lei nº 6.938/1981, a teoria da responsabilidade civil objetiva, em que é necessária somente a
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comprovação do nexo de causalidade entre a conduta e o dano, sem discutir sobre a culpabilidade, isto é, não é
preciso investigar a culpa ou o dolo do poluidor/degradador. Além disso, a adoção da teoria da
responsabilidade objetiva implica a irrelevância da licitude ou ilicitude da atividade e que questões como caso
fortuito e de força maior não são excludentes.
A licitude de uma atividade ou um empreendimento, quer autorizado ou licenciado, não afasta ou atenua a
responsabilidade do poluidor. Isso porque, nas palavras de Milaré (2011, p. 1257), “[...] não raras vezes o
poluidor se defendia alegando ser lícita a sua conduta, porque estava dentro dos padrões de emissão traçados
pela autoridade administrativa e, ainda, tinha autorização ou licença para exercer aquela atividade”. O fato do
empreendimento ou da atividade ter se submetido ao licenciamento ambiental, por exemplo, não exime a
empresa da obrigação de reparar as consequências de suas intervenções, especialmente em caso de dano ao
meio ambiente. De forma direta, o argumento da licitude da atividade não afasta eventual responsabilidade do
poluidor. Em paralelo, é tese do STJ que “[...] não há direito adquirido à manutenção de situação que gere
prejuízo ao meio ambiente” (BRASIL, 2018a, [s. p.]).
Com relação ao caso fortuito e da força maior, que são clássicas excludentes de responsabilidade, elas não
podem ser invocadas para elidir a obrigação de reparar os danos causados. Uma vez que o empreendedor
assume a atividade, ele é integralmente responsável pelos danos decorrentes de sua atividade econômica. Isso
porque o STJ adota a teoria do risco integral em matéria ambiental, que não admite excludentes e atenuantes
na responsabilização do degradador (BRASIL, 2014).
REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL
Ao se veri�car a ocorrência de um dano ao meio ambiente, é necessário que se proceda à sua reparação, que
deve ser integral.
A primeira pergunta é: quem deve reparar? Por evidente, o causador do dano ambiental. Todavia, essa resposta
precisa ser adequada com a �gura do poluidor no sistema jurídico brasileiro. Conforme a Lei nº 6.938/1981, que
instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, o poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou de
direito privado, direta ou indiretamente responsável pela poluição ou degradação ambiental (BRASIL, 1981). Por
esse conceito, tanto pessoas de direito privado – empresas – quanto as entidades da Administração Pública
Direta – União, estados, Distrito Federal e municípios – e Indireta – autarquias, fundações públicas e outras –
podem ser consideradas como poluidoras. Mas, há um aspecto muito importante: o poluidor pode ser direto ou
indireto. O poluidor direto é aquele que efetivamente causou a degradação, ao passo que o poluidor indireto é
aquele que, de alguma forma, contribuiu para o dano ambiental. Como exemplo, instituições �nanceiras podem
ser responsabilizadas por empréstimos a empresas que causem danos ambientais; a empresa como poluidora
direta, a instituição �nanceira como poluidora indireta, porque sem o empréstimo não teria ocorrido o dano
ambiental. E o último ponto a ser destacado é que pela jurisprudência �rmada pelo Superior Tribunal de Justiça
(STJ) os poluidores direto e indireto são solidários, signi�ca dizer que aqueles que participaram do dano
ambiental ou que tiraram proveito da atividade são igualmente responsáveis pela reparação. Assim, uma ação
civil pública – a principal ação de natureza ambiental – pode ser ajuizada em face de ambos, poluidor direto ou
indireto, ou de qualquer um deles.
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A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981) e a Lei da Ação Civil Pública (BRASIL, 1985)
relacionam, basicamente, duas formas de reparação do dano ambiental: (i) a reparação/restauração e a (ii)
indenização pecuniária. Uma outra modalidade de reparação é destacada pela doutrina: a compensação
ecológica (MELO, 2017). Dessa forma, são três as modalidades de reparação do dano ambiental: (i) reparação
especí�ca (in natura); (ii) compensação ecológica; (iii) indenização pecuniária. Destaca-se, em um primeiro
momento, que a ordem estabelecida deve ser observada, ou seja, deve ser priorizada a reparação especí�ca
sobre as demais modalidades, que são subsidiárias.
A reparação especí�ca, também chamada de

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