Buscar

AMBULANTE NUMERADA 2015

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

I-INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo analisar criticamente as legislações existentes que tratam do comércio ambulante. Para balizar o estudo selecionaram-se a Resolução SS-142, de 03.05.93 da Secretaria de Saúde de São Paulo que tem por objetivo aprovar norma técnica relativa ao comércio ambulante de gêneros alimentícios e a Lei nº 1.876, de 29 de junho de 1992 que dispõe sobre o comércio ambulante no município da Cidade do Rio de Janeiro e dá outras providências. 
Uma primeira constatação em sentido amplo a partir da leitura é a tentativa, em geral, do poder público em querer pôr ordem em zonas que estão à beira do caos. As normas de um modo geral buscam limitar e/ou cercear todos os movimentos do comerciante ambulante e muitas das vezes até de forma autoritária. Convém esclarecer que não se opõe à organização ou a tentativa de se disciplinar tal atuação profissional, mas critica-se o pouco ou quase nenhum apoio ao exercício profissional que garante o sustento de milhares de pessoas na atualidade. A omissão dos governantes perpassa pela desorganização dos transportes públicos, dos zoneamentos dos espaços públicos, ausência de estrutura de coleta de lixo, fornecimento de água, estrutura de saneamento básico, políticas públicas de manutenção dos espaços públicos, orientação jurídica e previdenciária, e pela segurança pública para permitir o ir e vir não só do profissional ambulante, mas de todo e qualquer cidadão sem ter a sua integridade física agredida por facas, por exemplo.
Em outro olhar mais restrito, porém não menos importante, trata-se da nutrição, enquanto garantidora do bem-estar e equilíbrio orgânico, desses profissionais. Curiosamente, há tantos profissionais que trabalham na manipulação de diversos alimentos para melhor atender seus clientes, mas se alimentam de forma precária atentando contra a própria saúde dada às restrições ambientais, temporais e sociais as quais elas são submetidas.
II – A Resolução SS -142/93
A citada Resolução trata de Normas Técnicas que especificam o regulamento aprovado pelo Decreto 12.342, de 27.09.78, na parte que trata do comércio ambulante de gêneros alimentícios.Basicamente, as prescrições giram entorno dos equipamentos que os ambulantes “devem possuir”. Trata, inclusive, da “utilização de veículos de tração animal ou carroça apenas para transporte de alimentos – in natura -, vedada sua utilização na comercialização de alimentos preparados, tanto na zona rural quanto na urbana” (inciso II). 
Na presente norma técnica regulamentam-se inúmeras exigências quanto ao uso e manuseio de diversos equipamentos inclusive quanto ao asseio e tratamento do lixo, mas onde e como?
Não é difícil constatar no dia a dia dos centros urbanos com uma simples olhada a falta de estrutura e organização dos zoneamentos dificultando a integração entre o transeunte e o ambulante. Consideremos que o profissional ambulante consiga vencer o excesso de burocracia para obter o licenciamento e adquira a duras penas todos os equipamentos exigidos. Em que local poderão guardar esses equipamentos? Ou terão a cada final de jornada de trabalho levá-los de volta para casa a longas horas de viagem em conduções (meios de transporte) lotadas?
Neste aspecto específico, os ambulantes não têm apoio, tampouco a norma aborda algum direito ou facilitação ao exercício da profissão quanto ao manuseio, guarda e apoio no trato dos equipamentos.O que se ver na prática são galpões “clandestinos” ou não regulamentos pelos órgãos públicos. No inciso XXVIII da norma que trata da operacionalização dos equipamentos exige-se do ambulante “local adequado com cobertura para guarda do equipamento ambulante, livre de insetos, roedores e demais formas de contaminação do equipamento”. Mas como garantir tal procedimento? O poder público regulamentou locais próprios para guarda higiênica dos equipamentos ou o ambulante terá que levar para casa e trazer no dia seguinte? Ademais, os equipamentos são de fácil manuseio tipo: proteção contra o sol (Inciso I “c”), isolamento térmico (Inciso I “d”), queimador a gás (Inciso I “e”), equipamento para fritura (Inciso I “h”) e assim por diante, haja força.
III – A Lei nº 1.876, de 29 de junho de 1992.
A presente legislação dispõe sobre o comércio ambulante no município do Rio de Janeiro, dentre outras coisas. Ela apresenta o conceito de comércio ambulante e qualifica o seu praticante. Detalha a organização de comissões e de entidades de regulamentação, os prazos para cumprimento das obrigações, as condições se obter as respectivas autorizações, define os produtos que podem ser comercializados e as atividades envolvidas e por fim, claro, as proibições, penalidades e tributações.
Popularmente as palavras “camelô” e “ambulante” são consideradas sinônimos, mas, de acordo com os preceitos dos estudiosos no assunto, a palavra camelô é uma palavra de origem francesa com o significado de “vendedor de artigos de pouco valor”. Quanto ao ambulante, tem-se a designação utilizada para representar alguém que exerce a venda em pontos fixos ou em movimentos pelas ruas das cidades. Tanto um quanto o outro recebe da sociedade um tratamento marginalizado a começar pelo próprio poder público quanto ao juízo de valor atribuído a essa categoria de profissionais. O Art. 1º da presente legislação diz que “Comércio Ambulante é a atividade profissional temporária, exercida por pessoa física em logradouro público na forma e condições definidas nesta Lei”. - Temporária por quê? Há planos por parte do poder público providenciar outra ocupação profissional para essas pessoas? Ou se pretende extinguir tal ocupação profissional sumariamente?
Ao nosso juízo o poder público formaliza a marginalização dessas pessoas que tentam ganhar a vida honestamente e desprovidas de qualquer incentivo, orientação ou apoio, apenas com imposição e obrigações a cumprir que de até certa medida são importantes, mas não só.A visão sobre essas pessoas é preconceituosa e miopia quanto às possibilidades dos seres humanos. No Art. 5º que trata das pessoas que são habilitadas a exercerem tal atividade são: “I – os cegos, os paraplégicos, os mutilados e demais deficientes físicos” e as pessoas que já exerciam tal atividade antes da lei (Inciso III). Parâmetro restritivo e discriminatório mais do que isso é impossível. 
Outra constatação. No parágrafo único do artigo 7º diz que: “não havendo entendimento entre os representantes do comércio, da indústria e do comércio ambulante, a Comissão Permanente imporá sua solução, a qual será submetida ao Prefeito [...]”. Ou seja, caso os comerciantes ambulantes estejam incomodando os grandes comerciantes e em não havendo acordo entre as parte, a Comissão irá impor a solução. O mesmo órgão que regulamenta é o mesmo que dá a palavra final em situações de conflito e pronto!
Mais adiante a norma prossegue cerceando e limitando as atividades dos profissionais ambulantes diante de exaustivos procedimentos para regulamentar a sua atuação.
IV – Conclusão
Pelo exposto, foi possível analisar as legislações: Resolução SS-142/93 de São Paulo e a Lei nº 1.876/92 de forma a identificar algumas prescrições consideradas prejudiciais ou não favoráveis aos comerciantes ambulantes. Nesta tentativa, constatou-se o exercício de uma visão limitada por parte do poder público em regulamentar –tendo por referência a justiça social - as atividades desses profissionais. Além do caráter discriminatório e marginal, vislumbrasse um esforço desesperado em tentar impor uma ordem onde já se instalou o caos. Pelo uso da força e da burocracia vai se cerceando o que se restou de oportunidade de sustento de uma significativa camada da população que tenta ganhar a vida honestamente e não de forma “fácil” e cruel ao sair dando facada nas pessoas por aí. A degradação alimentar e nutricional desses indivíduos vêm depois da a da moral e da dignidade da pessoa humana. Os desgastes mental, físico e emocional os fazem ignorar o dever salutar de cuidar da própria saúde. Osprimeiros e mais “práticos” alimentos são os mais ingeridos sem se quer levar em consideração a sua utilidade e aproveitamento nutricional; não há tempo para isso!
A boa prática nutricional, dentre outros postulados, diz que o individuo não pode ficar longos períodos sem comer; a prática alimentar deve lhe proporcionar certo prazer e combinar adequadamente os nutrientes. Condições essas, praticamente, impossibilitadas e/ou ignoradas pelos comerciantes ambulantes dos dias de hoje.
�PAGE �
�PAGE �8�

Continue navegando