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SÉRIE 5S OU VOCÊ IMPLANTA, OU VOCÊ IMPLANTA! Você sabe o que é 5S (ou pensa que sabe)? Volume I PDCA Editora Haroldo Ribeiro Autor de vários Best-Sellers sobre 5S 2 Copyright 2015 by PDCA Editora Rua Afonso Pena, 229 – Santa Paula CEP 09541-400 – São Caetano do Sul – SP – Brasil Telefone: 11-42271761 Site: www.pdca.com.br E-mail: pdca@terra.com.br ISBN 978-85-63402-11-0 ------------------------------------------------------------------------------------------ Depósito Legal na Biblioteca Nacional, conforme Decreto n° 1.825, de 20 de dezembro de 1907. ------------------------------------------------------------------------------------------ Direitos reservados e protegidos. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida por qualquer meio, sem autorização prévia do autor. O Código Penal Brasileiro determina no artigo 184 pena e sanções a infratores por violação de direitos autorais. Autor: Haroldo Ribeiro Capa: Renata Ribeiro Produção Técnica: PDCA Editora Consulte o site da PDCA para mais informações sobre o 5S CATALOGAÇÃO NA FONTE DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO Ribeiro, Haroldo Você sabe o que é 5S (ou pensa que sabe)? – Volume 1 Série 5S – Ou você implanta, ou você implanta! /Haroldo Ribeiro. São Caetano do Sul: PDCA Editora, 2015 ISBN 978-85-63402-11-0 1. Administração de empresas 2. Ambiente de trabalho – Administração 3. Controle de qualidade 4. Manutenção Industrial – Administração I. Título mailto:pdca@terra.com.br 3 Sobre o Autor Diretor da PDCA - Consultoria em Qualidade e Consultor especializado no Japão. Administrador de Empresas e Engenheiro Mecânico, Pós-Graduado em Manutenção Mecânica. Criador da “Certificação 5S” em 1996. Professor de Pós-Graduação da FEI - Faculdade de Engenharia Industrial, São Paulo, desde 2003. Engenheiro e Auditor da Qualidade Certificado pela ASQ – Estados Unidos, desde 1991. É criador dos maiores portais do mundo de 5S e TPM (desde 1996). Um dos primeiros examinadores do Prêmio Nacional da Qualidade (1994 e 1997). Tem passado a metodologia de implantação do 5S e TPM para várias empresas do Brasil, países latino-americanos (Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Colômbia, Costa Rica e México), Índia e Europa desde 1995. Tem artigos publicados no Japão e em várias revistas brasileiras. Proferiu palestras e treinamentos de 5S e TPM para mais de 50 mil pessoas desde 1990. 4 Conheça e adquira outros produtos do Autor Conheça todos os produtos do consultor com maior número de livros sobre 5S e TPM publicados no mundo acessando ao site www.pdca.com.br Para adquirir cursos digitais, acesse ao nosso site: www.loja.pdca.com.br Entre em contato com a PDCA Consultoria em Qualidade e peça uma proposta personalizada para livros, cursos e consultorias. PDCA Consultoria em Qualidade Rua Afonso Pena, 229 – Santa Paula São Caetano do Sul – SP - Brasil www.pdca.com.br pdca@terra.com.br Telefone: 11-42271761 mailto:pdca@terra.com.br 5 SUMÁRIO Introdução 06 CAPÍTULO 1 - Entenda os Conceitos e os Significados de cada “S” 11 Conheça a origem do 5S 12 Saiba o que significa cada “S” 13 Quais os fundamentos do 5S? 20 CAPÍTULO 2 - Conheça a dinâmica do 5S – Sequência, particularidades e prática de cada “S” 29 Por que a sequência dos “S”? 30 Quais as particularidades e como praticar cada “S”? 33 CAPÍTULO 3 – Quais os Benefícios e Resultados do 5S? 71 Quais os Benefícios do 5S? 72 Quis os Resultados do 5S? 74 CAPÍTULO 4 – Qual a relação entre 5S e outras ferramentas de gestão? 78 1. 5S e a Qualidade 79 2.5S e a ISO/TS 16949 80 3.5S e a Segurança 82 4.5S e o Meio Ambiente 84 5.5S e TPM 85 6. 5S e o Lean Manufacturing 86 7.5S e as Boas Práticas de Fabricação 88 Conclusão e Teste de Conhecimento 90 Anexos 102 Anexo 1 - Exemplos de Padrões de 5S 103 Anexo 2 - Exemplo de Itens para a implementação e Verificação de 5S 128 Referências 142 6 Introdução Desperdício, desorganização, sujeira, falha de comunicação e de autodisciplina. Seguramente estes problemas, preponderantemente causados por questões culturais, prejudicam as rotinas de Gerentes, Supervisores e Colaboradores no ambiente de trabalho, causando consequências negativas diversas. Imaginemos ambientes de trabalho onde as pessoas, em todos os níveis, usam racionalmente os recursos, mantêm os seus locais de trabalho limpos e organizados, tratam de consensar e divulgar regras para uma boa convivência e são autodisciplinadas para cumprir com rigor, e voluntariamente, as normas, as regras e os procedimentos. O 5S, desde que foi criado no Japão no final da década de 50, tem sido a metodologia mais eficiente para promover estas transformações culturais nas empresas de todo o mundo. Tive a oportunidade de trabalhar na primeira empresa brasileira que conseguiu implantar o 5S da maneira genuinamente brasileira. Era uma empresa de manutenção industrial localizada no polo petroquímico de Camaçari, na Bahia. Tinha 3.600 colaboradores e em 1989 resolveu implantar o sistema de qualidade total, baseado no estilo japonês, com o apoio da JUSE (União Japonesa de Cientistas e Engenheiros) e da Fundação Christiano Ottoni, de Minas Gerais. Tínhamos como orientadores deste projeto o professor Vicente Falconi e o consultor japonês Miyauchi. Ao visitar empresas vencedoras do Prêmio Deming, nossa Direção chegou à conclusão que trataria o 5S como base para este sistema. Como não havia naquela época empresas no Brasil para fazermos benchmarking, não havia consultorias nem literatura específicas sobre o tema, traduzimos um livro do japonês para o português e contratamos o Nishitai, consultor japonês especializado no tema. Formamos um grupo de estudo para entender os fundamentos e a metodologia do 5S e adequamos à nossa realidade. Depois de altos e baixos, conseguimos chegar a excelência, o que propiciou à empresa receber por duas vezes consecutivas o reconhecimento da Petrobrás como o seu melhor fornecedor de serviços. Como engenheiro de manutenção e facilitador da qualidade e posteriormente como gerente de uma das unidades de negócio, tive a oportunidade de participar e vicenciar grande parte desta experiência, vencendo as dificuldades, mas usufruindo posteriormente das vantagens desta transformação cultural. Os exemplos 7 que destaco são: redução de custos de materiais de consumo e apoio em torno de 20%; ferramentarias e almoxarifados passaram a ser self-service; convertemos 2/3 de nossos supervisores em técnicos de processos, já que as equipes passaram a ser autogerenciadas; as 320 pessoas de minha gerência foram isentas de “bater cartão”, resultando em um aproveitamento de tempo diário em torno de 50 minutos por pessoa; nossos banheiros eram mantidos limpos por mais tempo e o papel higiênico, toalha e sabão eram supridos pelos próprios colaboradores; eu conseguia dedicar 70% de meu tempo para melhorias de processos e visitas a clientes; por dois anos consecutivos os colaboradores ganharam 1,5 a mais de seus salários por cumprir as metas de produtividade; zeramos acidentes com e sem afastamento durante dois anos; aumentamos o número de sugestões de 1 para 5. Das sugestões apresentadas 60% foram implementadas (aproximadamente 950 sugestões/ano). A partir de 1995, quando criei a PDCA Consultoria em Qualidade, venho apoiando empresas da América Latina na implantação do 5S, trabalhando em todas as etapas de implantação e em todos os níveis de hierarquia (não tenho consultores associados). A maioria das empresas que me procura está implantando o 5S pela segunda ou terceira vez. Quando faço o diagnóstico do programa constato três problemas: (1) As pessoas não sabem o que é 5S; (2) As lideranças não conhecem a metodologia de implantação; (3) O programa 5S está focado apenas em auditorias. Após escrever dez livros sobre o tema desde 1994, resolvi disponibilizar uma série de três livroscujo objetivo é facilitar uma implantação efetiva e definitiva. Afinal, até quando a empresa tentará reimplantar ou revitalizar o 5S, já que sem ele, os programas de qualidade e produtividade continuarão com dificuldades para obter os resultados esperados, e a exigir esforços adicionais para a sua implantação e manutenção? A ideia de escrever os três volumes é para que o leitor tenha a liberdade de adquirir o volume que acredita ser mais útil e prioritário, levando em consideração as suas necessidades e a sua disponibilidade de leitura e de recursos financeiros. O volume 1 da série, denominado “Você sabe o que é 5S (ou pensa que sabe)?”, tem como objetivo apresentar os fundamentos e a real dimensão 8 do 5S. Quando em 1990 tive o primeiro contato com o 5S, a minha primeira impressão foi a mesma que tenho verificado na maioria dos profissionais que conheci, desde que iniciei meus trabalhos de consultoria, em 1995. Uma visão mecânica e limitada de atividades de ordem e limpeza. Levei em torno de três anos para concluir que o 5S é, preponderantemente, um processo de mudança cultural. Na tabela a seguir apresento as principais distorções de entendimento do 5S que percebo nas pessoas com quem tenho contato nas empresas: Os 5S Traduções mais comuns Visão limitada Visão ampliada SEIRI Utilização, Seleção, Classificação Descarte Uso racional dos recursos SEITON Organização, Ordenação, Arrumação Identificar e demarcar locais e recursos Organizar os recursos para facilitar o acesso tornando ao ambiente mais seguro e produtivo SEISO Limpeza, Inspeção Faxina (remover sujeira periodicamente) Cuidar da limpeza do ambiente desenvolvendo o senso de zelo SEIKETSU Padronização, Saúde, Higiene Padronizar identificações e sinalizações Padronizar cada um dos 3S Definir rotinas de 5S Definir regras de convivência Cuidar da higiene e saúde no ambiente de trabalho SHITSUKE Autodisciplina, Autocontrole Manter a ordem e a limpeza Cumprir rigorosamente normas, regras e procedimentos sem necessidade de cobrança Apesar da falha no entendimento dos conceitos e fundamentos, e da falta de visão da amplitude dos resultados do 5S não ser o único motivo do fracasso da implantação do programa nas empresas, é por aí que tudo começa a ir ao caminho errado. O nível de fracasso na implantação do programa 5S em empresas no Ocidente é estarrecedor. De cada 100 empresas, a maioria de médio e grande portes, apenas 20 conseguem manter o programa funcionando três anos após a implantação. Somente duas delas conseguem implantar todos os 5S. 9 O volume 2 da série, intitulado “Como formar a cultura do 5S na empresa”, apresenta um modelo para uma implantação sistemática do 5S, desde a sensibilização da alta direção até a sua excelência, com o objetivo de formar a cultura do 5S na empresa. O entendimento dos conceitos e a concordância dos seus objetivos, vistos neste Volume 1, não garantem que os profissionais, das diversas áreas e dos diversos níveis hierárquicos, transformem a prática do 5S em um hábito. O volume 2 também apresenta as principais dificuldades que as empresas enfrentam ao longo da implantação, e de que maneira algumas delas conseguem superá-las. Conhecendo estes fatores, a empresa poderá se antecipar aos possíveis problemas, ou encontrar meios confiáveis para chegar ao sucesso efetivo e definitivo. É isto que apresenta o volume 2 baseado na experiência daquelas empresas que chegaram a um nível de excelência classe mundial. Portanto, vale a pena conhecer esta metodologia no Volume 2. E o volume 3 da série, que denomino “Como fazer excelentes auditorias de 5S”, apresenta toda a sistemática de auditorias de 5S. O conteúdo é fruto de minha experiência na formação de auditores, na avaliação posterior das auditorias por eles realizados nas empresas que dou consultoria, e nas próprias auditorias que realizo desde 1990. A metodologia trata auditorias de 5S como parte de um processo educacional. Diferente da metodologia adotada na maioria das empresas, que tem o objetivo apenas de julgar a área, registrando problemas à revelia dos auditados, e expondo a área auditada por meio de notas que não levam em consideração as características das áreas auditadas, das circunstâncias no momento da auditoria e dos próprios argumentos dos auditados. Uma vez adotadas inadequadamente, as auditorias prejudicam a aceitação do 5S por parte dos auditados levando o programa ao descrédito, criando o círculo vicioso de preparação das áreas para auditorias (maquiagem), e da aplicação infundada de auditorias surpresas. Vale a pena conhecer esta metodologia no Volume 3. 10 Vamos ao Volume 1? Boa leitura! Haroldo Ribeiro www.pdca.com.br www.harib5s.blogspot.com pdca@terra.com.br http://www.pdca.com.br/ http://www.harib5s.blogspot.com/ mailto:pdca@terra.com.br 11 CAPÍTULO 1 Entenda os Conceitos e os Significados de cada “S” 12 Conheça a origem do 5S Após a derrota sofrida na Segunda Guerra Mundial, o Japão buscou na sua indústria a principal fonte de recuperação econômica. Como até aquele momento, a grande maioria dos produtos japoneses não gozava de boa reputação nos mercados europeus e norte-americano, a indústria necessitava produzir produtos de alta qualidade e com preços competitivos, o que exigia alta produtividade. Na tentativa de implantação de alguns sistemas de qualidade e produtividade utilizados nas empresas do ocidente na época, a indústria japonesa se deparou com várias limitações, principalmente de ordem cultural. Desperdício, desorganização, sujeira, falta de higiene, falta de procedimentos e falta de autodisciplina eram características muito comuns nos ambientes de trabalho japoneses daquela época. Por conta disto, foi criado um programa para atuar nestes tipos de problemas, com as seguintes características: (1) o programa tinha que ser de simples entendimento por qualquer pessoa, independente de seu nível acadêmico, hierárquico ou social; (2) tinha que ser praticado por toda a empresa; (3) que fosse capaz de melhorar as condições de trabalho no dia a dia, sem muito investimento; (4) e que fosse autossustentável, ou seja, tinha que ser praticado como um hábito. Isto ocorreu no final da década de 50, inicialmente para combater o desperdício, a desordem e a sujeira. Posteriormente para combater a falta de higiene e a indisciplina. Não há uma convergência de informações sobre quem criou o 5S. Alguns autores citam que foi criado pelo saudoso Dr. Kaoru Ishikawa, engenheiro químico japonês, principal pregador dos conceitos de qualidade total naquele país. Esta referência deve-se ao fato ter sido o Professor Ishikawa o responsável pela criação dos CCQs - Círculos de Controle da Qualidade, que tinham como princípio popularizar os conceitos de estatística aplicada à qualidade. Porém, não existe nenhuma citação nos seus próprios livros sobre esta suposta referência. 13 Após se transformar na segunda maior potência econômica mundial, na década de 80, o Japão passou a ser foco de pesquisas por empresas de outros países, desejando conhecer as ferramentas gerenciais utilizadas para justificar os seus grandes ganhos de produtividade (Qualidade Total, Sistema de Toyota de Produção; Manutenção Produtiva Total – TPM; Círculos de Controle de Qualidade – CCQ; o princípio de melhoria contínua - Kaizen). Como a maioria das empresas japonesas trata o 5S é uma base física e comportamental para o sucesso destas ferramentas gerenciais, o 5S passou a ser adotado por várias empresas do mundo. Desde o inicio da década de 90 quando foi iniciado o movimento pela Qualidade Total no Brasil, o 5S tem sido o único e o mais procurado programa para atuar sobre os problemas comportamentais nas empresas, principalmente para formar uma cultura de combate ao desperdício, à desordem, à sujeira, à falta de higiene e à falta de disciplina para manutenção da ordem e da limpeza. Amaioria das empresas que implanta o 5S no Brasil é motivada por se tratar de um programa corporativo da matriz, e/ou por estar associado a algum sistema de gestão, principalmente o Lean Manufacturing, o TPM (Manutenção Produtiva Total) e o WCM (Manufatura Classe Mundial), ou ao sistema de produção criado pela empresa. Algumas outras são motivadas por programa de Segurança Comportamental ou Normas ISO. Poucas têm o 5S dissociado de outras ferramentas. O ambiente que mais utiliza o 5S é o industrial, em função da existência de sistemas de produção e por desconhecimento que as empresas de serviço e de comércio têm sobre o tema. Saiba o que significa cada “S” A denominação 5S é devida às cinco atividades que fazem parte da metodologia, iniciadas pela letra “S”, quando pronunciadas em japonês: SEIRI – Utilização, Seleção, Classificação – Utilização adequada dos recursos e instalações evitando desperdícios. SEITON – Ordenação, Arrumação, Organização – Ordenação adequada dos recursos tornando o ambiente seguro e produtivo. SEISO – Limpeza, Inspeção – Limpeza com postura de Inspeção visando o zelo pelos recursos e instalações. 14 SEIKETSU – Padronização, Saúde e Higiene – Padronização de ambientes e atitudes e Sistemática para a manutenção dos 3S; Saúde e Higiene no ambiente de trabalho. SHITSUKE – Autodisciplina, Autocontrole – Autodisciplina para manter a ordem e a limpeza no dia a dia e para o cumprimento de normas, regras e procedimentos. Os quadros de 1 a 5 apresenta uma interpretação do Ideograma japonês para cada “S” feita pela Fundação Christiano Ottoni. 15 16 17 18 19 20 Quais os Fundamentos do 5S? O princípio de implantação do 5S pode ser mais bem entendido através do Diagrama de Hersey, reconhecido psicólogo norte-americano pela sua abordagem sobre comportamento das pessoas dentro das empresas. Hersey explica duas formas que promovem mudanças comportamentais no indivíduo. A Figura 1 apresenta as mudanças decorrentes de uma prática participativa, onde através do conhecimento da informação, as pessoas podem mudar as suas atitudes, depois mudam o seu comportamento pessoal e, por último, elas poderão promover uma mudança no comportamento coletivo. A Figura 2 apresenta as alterações oriundas de uma iniciativa direcionada, onde através de uma decisão tomada por uma liderança, há uma mudança do comportamento coletivo. Caso esta decisão permaneça por um tempo, há uma mudança no comportamento individual e posteriormente na atitude, até que o conhecimento seja internalizado. Vale a pena diferenciar "comportamento" de "atitude". Comportamento é a ação e atitude é a conscientização. O comportamento é o resultado de uma influência do meio. A atitude é o resultado de uma influência da consciência. O comportamento pode se transformar em uma atitude quando a ação é repetida várias vezes. A atitude pode se transformar em comportamento quando há uma coerência entre conhecimento e necessidade. Alguns exemplos podem elucidar a questão. 21 Figura 1 - Ciclo do Conhecimento (Natural) Figura 2 – Ciclo da Ação (Induzido) Atitudes Comportamento Individual Comportamento Coletivo Conhecimento Atitudes Comportamento Individual Comportamento Coletivo Conhecimento Atitudes Comportamento Individual Comportamento Coletivo Conhecimento Atitudes Comportamento Individual Comportamento Coletivo Conhecimento 22 O Cinto de Segurança Embora haja um consenso sobre os benefícios da utilização do cinto de segurança pelo motorista e pelos passageiros de um automóvel, há aqueles que, após tomar conhecimento das vantagens, passa a usá-lo, independente de uma fiscalização. Há outros que só usam o equipamento quando sentem o risco de serem multados. Através de uma boa campanha que envolva toda a sociedade e penalize os infratores, observa-se a mudança de comportamento coletivo. Caso esta campanha perdure, unindo conscientização (campanhas) e punição (multa), é possível que as pessoas passem a usar o cinto, não mais pela fiscalização, mas pela conscientização. Conclusão: As pessoas que usavam o cinto anteriormente, a partir do conhecimento, reviram suas atitudes e mudaram seus comportamentos. As pessoas que não usavam, tiveram que mudar seu comportamento por uma necessidade (livrar-se da punição). Mas com a frequência de uso e com mais informações, mudaram a sua atitude, ou seja, passaram a usar o cinto através da mudança de conhecimento. O Macaco e o Banho Gelado Não há um exemplo mais adequado para explicar a adequação do ser vivo ao ambiente que uma experiência com macacos feita por psicólogos comportamentalistas. Eles colocaram 5 macacos dentro de uma sala, cada um com um porte físico diferente do outro. Quando perceberam que os animais estavam famintos, colocaram um pouco de comida em um local onde somente um deles, por vez, poderia acessá-la. Não foi surpresa nenhuma ver que o macaco mais forte é quem se alimentou da pouca comida existente. Porém, no momento que o macaco tocou a comida, os demais receberam um banho de água gelada. O que ocorreu após a experiência se repetir algumas vezes? Isto mesmo, os demais macacos, sabendo que seriam castigados no momento que um deles se beneficiasse com o alimento, uniram-se e impediram o acesso de qualquer um deles. A experiência não terminou aí. Quando já havia uma acomodação com relação à comida pelos macacos, mesmo famintos, os cientistas trocaram um deles por outro. Como o novo inquilino não conhecia as regras, foi impedido de acessar à comida, mesmo faminto. A experiência se repetiu até que todos os macacos tivessem sido revezados. Naquele momento os cientistas 23 perceberam que, mesmo desconhecendo os efeitos do acesso à comida (o banho de água gelada), os macacos tinham adquirido o hábito de não fazê- lo. Conclusão: O ambiente tem uma forte influência sobre o comportamento. Exemplos como este, temos os costumes que adquirimos, dependendo do ambiente onde vivemos ou trabalhamos. O trem e o Metrô É comum nos países onde há uma carência na educação comportamental, uma diferença no comportamento das pessoas quando utilizam o trem urbano e quando utilizam o Metrô, embora sejam as mesmas. Normalmente sujam o trem e mantêm o metrô limpo. Por que isto ocorre? A resposta é simples. Enquanto os funcionários do metrô fiscalizam a venda clandestina de alimentos e mantêm a estação e os vagões sempre limpos e bem conservados, nem sempre ocorre o mesmo com o trem. Diferenças de comportamento como esta ocorrem entre feiras livres e hipermercados; entre banheiros de terminais de ônibus e de aeroportos; entre estádios de futebol e teatros. Ou seja, o ambiente físico influencia o comportamento coletivo. A partir de uma abordagem comportamentalista, fica mais fácil explicar a sistemática de implantação do 5S: Reconhecimento do problema Problema é a diferença entre o que se tem e o que se deseja ter. É uma questão relativa e não absoluta, uma vez que a percepção do que se tem, e a expectativa do que se deseja ter, dependem da referência que as pessoas conhecem e das necessidades que elas precisam atendê-las. Dentro de uma empresa, o reconhecimento do problema pode ocorrer por iniciativa de algumas pessoas ou por iniciativa de seus acionistas, clientes, fornecedores ou órgãos fiscalizadores que representam a sociedade. Desperdício, desordem, sujeira, poluição, acidentes, defeitos, indisciplina, pouco comprometimento, quebra frequente de equipamentos e/ou dificuldade para a implementação de outras melhorias, são realidades de várias organizações e que demoram a serem reconhecidas. São problemas causados, muitas vezes, por deficiência no comportamento das pessoas, de todos os níveis e de 24 todas as áreas. São problemas que parecem pequenos quando isolados ou mal analisados, mas que geram um grande custo quando somados e associados a outros. São problemas que ocorrem a toda hora, a cada minuto, e que não são percebidos pelas lideranças.Desta forma, o primeiro momento da implantação do 5S é o reconhecimento e a inquietação com os problemas, cujas causas são deficiências comportamentais, e cujas consequências muitas vezes são drásticas. Busca da solução do problema Apesar de mais de meio século desde a sua criação no Japão, e de chegar ao ocidente desde a década de 80, o 5S ainda não é conhecido pela grande maioria das empresas. Mesmo que algumas delas estejam incomodadas com os problemas oriundos de aspectos comportamentais, não sabem que existe uma solução sistemática, simples, barata e devidamente experimentada para solucioná-los, que é o 5S. Primeiro: Conheça os conceitos do 5S As empresas passam a conhecer o 5S das diversas formas: iniciativa de algumas pessoas; participação em eventos (congressos, seminários, cursos, feiras, palestras, etc.); visita aos clientes e/ou fornecedores; sugestão de auditores ou consultores de sistemas da qualidade, segurança ou meio ambiente; leitura de artigos ou matérias em jornais e revistas. A impressão de quem tem o primeiro contato com o 5S é que se trata de um programa de ordem e limpeza (“housekeeping”). Aqueles que visitam instalações em fase mais avançada de implantação, e que não se aprofundam no tema, tendem a enxergar o 5S como uma ferramenta mais voltada para o embelezamento do local de trabalho. Isto significa, que o 5S parece ser uma coisa boa, mas que não tem nenhuma importância para uma empresa que pensa resolver seus problemas através de “mudanças tecnológicas”. Algumas pessoas passam a conhecer o 5S a partir de uma visão distorcida e experiências incompletas ou mal sucedidas de outras organizações ou instalações. Experiências mal sucedidas são aquelas que se limitam a implantação do 5S apenas com um treinamento relâmpago e massificado dos colaboradores, para depois se realizar o dia do descarte e da faxina. Experiências incompletas são aquelas 25 onde o estágio de implantação ainda é embrionário, cujo valor investido com a parte promocional se reverteu, por enquanto, em alguns materiais descartados. Uma distorção dos conceitos mais frequentemente cometida por muita gente que acredita conhecer o 5S é limitá-lo à parte dos 3 primeiros “S”. Esta questão é melhor abordada no decorrer deste livro. Segundo: Reconheça o 5S Conhecer o 5S não é determinante para implementá-lo. As pessoas precisam reconhecer o 5S como um processo educacional eficaz para resolver os problemas de ordem comportamental existentes na empresa. Só conhece a força do 5S quem já o vivenciou, quer seja desde a tenra idade, através da educação recebida dos pais e professores, quer seja em empresas que o implementaram. Só conhece a dimensão do 5S quem tem fé na educação como base de crescimento e sustentação do ser humano. A decisão de implantação do 5S não pode passar por uma simples equação contábil entre despesas e ganhos tangíveis, mas por um sentimento de que uma empresa só sobrevive a médio e longo prazos, se possuir um ambiente físico e comportamental voltado para a dignificação do ser humano. Isto significa que uma empresa não deve implantar o 5S com um objetivo meramente social ou por puro capricho de seu líder, mas objetivando ganhos de produtividade. Portanto, a prática do 5S passa por um motivo funcional, antes de uma visão apenas estética. A prática do 5S não pode estar dissociada dos objetivos maiores da empresa. Terceiro: Entenda os mecanismos do 5S O 5S se fundamenta em dois princípios básicos e interdependentes do comportamento das pessoas: o conhecimento (treinamento, conscientização) e o monitoramento (avaliação, crítica, reconhecimento). Isto significa que todo o planejamento para a implantação sistemática do 5S na empresa deve passar por estes dois princípios. Os conceitos do 5S devem ser do conhecimento de todas as pessoas, em todos os níveis. Isto exige técnicas de multiplicação, materiais didáticos e promocionais, além de reciclagem permanente. A forma como a empresa fará o controle da implantação, em todas as fases, é fundamental para o seu sucesso. 26 A introdução do 5S numa empresa provoca, em um primeiro momento, um movimento propício para uma mudança de comportamento coletivo. Isto ocorre em função da concentração dos treinamentos e de todo o marketing que precede o lançamento do 5S. Os 3 primeiros “S” (SEIRI, SEITON e SEISO) são puramente mecânicos (hardware), fazendo com que as pessoas utilizem os seus sentidos naturais para praticá-los. A experimentação mecânica com a prática dos 3 primeiros “S” é fundamental para a assimilação de seus conceitos. Desta forma, quando mais carente está o ambiente em relação aos sensos de utilização, ordenação e limpeza, mais forte é o aprendizado. Isto justifica a dificuldade que se tem na adesão do 5S por parte de pessoas que trabalham em escritórios. Após a eliminação dos problemas básicos com a prática dos 3 primeiros “S”, há um ambiente físico adequado e uma predisposição das pessoas em busca de satisfazer às suas necessidades suplementares (software), tratadas pelo SEIKETSU e pelo SHITSUKE. Outro fator importante para a velocidade de assimilação do 5S é a formação educacional de cada pessoa. Quando se trata com uma população adulta, a introdução de um comportamento que não faça parte de sua memória é mais difícil. Isto significa que as pessoas que aderem mais facilmente ao 5S são aquelas que já praticam estes conceitos de forma natural, em função da educação recebida ao longo de sua vida. Em um segundo momento, aderem ao 5S aquelas pessoas que experimentaram uma boa educação, mas que, em função da influência de alguns ambientes, relaxaram na prática de alguns aspectos. Porém, a implantação do 5S na empresa possibilita que estas pessoas façam um “resgate” daquilo que estava adormecido em suas memórias. A dificuldade maior é conquistar a adesão daqueles que efetivamente não vivenciaram alguns comportamentos alinhados com o 5S. E isto, independe do nível sócio econômico, acadêmico ou hierárquico. São estas pessoas as resistentes ao 5S. Somente assistindo as melhorias geradas no ambiente de trabalho, é que algumas se convencem e internalizam o 5S. Quarto: Diferencie 5S dos Programas de Ordem e Limpeza Por uma questão de desconhecimento sobre o 5S, muitas pessoas, inclusive da alta cúpula das empresas, confundem o 5S com programas de ordem e limpeza. A tabela 1 resume estas diferenças. 27 Programa de Ordem e Limpeza 5S Aplicável em ambientes onde as pessoas transitam Aplicável em ambientes onde as pessoas trabalham Foco na transformação do ambiente Foco na transformação das pessoas Metodologia indutiva com caráter de condicionamento, impondo padrões. Metodologia construtivista com caráter educativo, criando e acordando padrões. Transformação baseada em melhorias feitas por poucos Transformação baseada em críticas e sugestões feitas pela própria equipe beneficiada Transformações em curto prazo, mas com dificuldade para a manutenção. Transformação em médio prazo, mas com facilidade para a manutenção. Manutenção baseada em auditorias. Manutenção baseada em auditorias e atividades promocionais. Tabela 1 – Diferença entre 5S e Programas de Ordem e Limpeza Esta confusão de conceitos tem levado algumas empresas a se limitarem em atividades de ordem e limpeza (como sinônimo de faxina), porém muito mais preocupadas com a forma (resultado estético), do que com os conceitos educacionais (resultado funcional). O SEIRI, que no sentido japonês, significa a utilização racional de recursos para evitar desperdícios, indevidamente é tratado como uma atividade estanque de descarte do desnecessário, mesmo assim sem muito critério. O SEITON, cujo objetivo é tornar o acesso aos recursos mais rápido e seguro, erroneamente é tratado apenas com pintura e demarcação de piso e uma poluição de identificações, muitas vezes sem a mínima funcionalidade. O SEISO, que tem por finalidade aproveitar a atividade de limpeza para agregarvalor ao ambiente, atacando fontes de sujeira, locais de difícil acesso para limpar, operar, visualizar, reparar, repor, etc., normalmente é tratado, na prática, como uma simples faxina, tornado pessoas qualificadas em puros faxineiros, e parando algumas atividades produtivas à custo de uma limpeza apenas estética. Caso não ocorra um melhor entendimento destes conceitos, principalmente por parte das lideranças, os resultados que poderiam advir do 5S ficariam bastante limitados aos resultados advindos do “housekeeping”, nos ambientes onde as pessoas vivem ou trabalham, e o inverso nos ambientes 28 onde as pessoas apenas circulam. É recomendável que no inicio de implantação do 5S em uma empresa, sejam desenvolvidas atividades de “housekeeping” nos ambientes frequentados por pessoas de diversas áreas, tais como: vestiários, refeitórios, pavimentações, estacionamentos, etc. À medida que o 5S se desenvolva nos ambientes de trabalho, as atividades de “housekeeping”, natural e gradativamente, são reduzidas nestes ambientes coletivos. 29 CAPÍTULO 2 Conheça a dinâmica do 5S – Sequência, particularidades e prática de cada “S” 30 Por que a sequência dos “S”? Nas diversas literaturas a sequência dos “5S” é a mesma. Isto tem uma explicação. 1º S - SEIRI – A classificação dos recursos existentes no ambiente, separando o que fica e o que sai, desperta as pessoas para uma análise crítica do seu ambiente e para o rompimento de paradigmas sobre posse de objetos obsoletos. A cultura de que “um dia eu vou precisar” forma na pessoa uma postura conservadora, de individualismo, de acomodação e não estimula a capacidade de planejamento. Esta postura gera um alto custo para a empresa e para a pessoa. Pode-se até imaginar que a guarda de objetos obsoletos dificulta a circulação e renovação de “energias” no ambiente. Como os dois próximos “S” tratam de ordenação e limpeza, não seria inteligente estarmos organizando e limpando recursos obsoletos. 2º S - SEITON – A definição de locais de guarda, a busca de identificações e sinalizações que facilitem o acesso e a reposição e a revisão do layout, despertam as pessoas para um melhor planejamento de tempo e de esforço físico, não só delas próprias, como dos outros. As pessoas passam a observar que o acesso aos recursos e instalações não podem depender de sua memória, mas de uma sistematização para a sua função e para as atividades dos outros, principalmente em ambientes coletivos. Como os dois próximos “S” tratam de limpeza e padronização, não seria inteligente estarmos limpando recursos desordenados ou padronizando aquilo que não está ordenado em nível individual. 3º S - SEISO – O zelo pelos recursos e instalações é conseguida através de atividades de limpeza, pois é a partir dela que as pessoas passam a ter um reconhecimento de seu ambiente. A manutenção da limpeza feita pelos próprios usuários rompe o paradigma de que a limpeza é uma atividade puramente mecânica a ser desenvolvida por pessoas de "menor valor". Como os dois próximos “S” tratam de padronização, saúde e autodisciplina, não seria inteligente estarmos definindo regras e padrões de referência para a limpeza, e depois cobrando o seu cumprimento, sem que antes as pessoas tenham a predisposição para manterem limpos os seus ambientes. 31 4º S - SEIKETSU – A preocupação pela saúde visa aumentar a autoestima. O estabelecimento de padrões e de regras de convivência rompe o paradigma de que o convivio pacífico não ocorre sem tirar a individualidade das pessoas. Como o último “S” trata de autodisciplina, não seria inteligente exigir respeito ao coletivo se as pessoas não demonstram respeito por si próprias, descuidando de sua saúde. Tampouco não seria inteligente cobrar autodisciplina se as pessoas desconhecem normas e procedimentos e não participam do estabelecimento de regras de convivência. 5º S - SHITSUKE – A autodisciplina é o estágio mais elevado da educação do ser humano. É inteligente a sua colocação como o último dos “S”, pois não seria coerente cobrar o respeito ao próximo e às normas, se as pessoas convivem em um ambiente de desperdício, de desorganização, de sujeira, de falta de higiene e de padrões ou regras. Os outros “S” Algumas empresas, autores e consultores procuram ampliar o conceito original do 5S para 8S e, até 10S. Casualmente as atividades adicionais de cada metodologia não coincidem. Por conta disto, existem outros 10 “S”, quais sejam: SHIKARI-YARO – Determinação e união – É comprometer a alta direção na implantação do 5S SHIDO – Treinamento – É capacitar funcionários de todos os níveis nos conceitos do 5S. SETSUYAKU – Economia - É o combate aos desperdícios. SEISAN – Eliminação de perdas – É envolver funcionários de todos os níveis e áreas para eliminar todos os tipos de perdas. SEKININ-SHAKAI – Responsabilidade social – Compromisso que a organização e as pessoas que dela fazem parte devem ter para com a sociedade. SHITSUKOKU – Persistência – É ter constância de propósito, não se limitando a fazer o 5S somente no lançamento ou em vésperas de auditorias. SHUKAN – Hábito – É praticar o 5S como um hábito, independente da carga de trabalho ou de cobranças. 32 SHISEI-RINRI – Princípios morais e éticos - Ser capaz de voltar esforços de gestão para objetivos mais nobres, como o de aumentar a produtividade, a eficiência e a qualidade de um produto ou serviço. SEIDO – Padronização - É estabelecer normas, regras e procedimentos, que demonstrem como fazer certas as coisas, para manter um ambiente de trabalho adequado. SEISHOO – Coordenação - É unir esforços para conquistar um determinado objetivo. Como se não bastasse, há citações de mais dois sensos: O senso de custo e o senso de tempo. A realidade tem mostrado o seguinte: a) A própria estratégia de implantação do 5S já incorpora a necessidade do comprometimento da alta direção (Shikari-Yaro), e do treinamento para todos os envolvidos (Shido). Quando isto não ocorre, não é o fato da simples denominação das atividades que mudará o quadro; b) A prática do 5S já é um combate aos desperdícios (Setsuyaku) e às perdas (Seisan); c) É impossível elevar e manter o padrão de cada um dos “5S” sem que haja responsabilidade (Sekinin) e persistência (Shitsukoku); d) As atividades do Seiketsu já incluem a padronização (Seido); e) As práticas do 5S no dia a dia já envolvem a união dos esforços (Seishoo); f) As políticas e os valores da empresa são determinados pela Liderança, não necessitando de um programa participativo como o 5S para tal (Shisei-Rinri); g) À medida que as pessoas repetem as atividades dos 3 primeiros “S”, incorporam o hábito (Shukan). Ora, apenas algumas empresas conseguem implantar sistematicamente os 3 primeiros “S” (20%, em média). Implantar todos os 5 “S” é privilégio de poucas (2%, em média). Não é aconselhável, portanto, falar de 6S, 8S, 9S ou 10S, quando eles já estão embutidos no 5S, e quando as empresas estão sufocadas por uma grande quantidade de Sistemas, Programas ou Ferramentas Gerenciais (ISO 9001, ISO/TS 16949, ISO 14001, OHSAS 33 18001, SA8000, TQC, TPM, JIT, Kaizen, Lean Manufacturing, Gemba, 6 Sigma, BSC, WCM, FMEA, RCM; CCQ; PDCA, etc.). Quais as particularidades e como praticar cada “S” Para facilitar a prática efetiva de cada “S”, vale a pena conhecer as suas particularidades: 1. 1. Quais as particularidades do SEIRI O desperdício de recursos materiais é um hábito que prejudica às pessoas, às empresas, à sociedade e ao meio ambiente. Há uma palavra em japonês denominada “Mottainai”, que significa que "todas as coisas boas do mundo são sagradas, são presentes dos deuses aos homens. Logo, desperdiçar, seja o que for, é uma ofensa ao criador". Mahatma Gandhi fez a seguinte citação sobre o uso inadequado de recursos: “um objeto, mesmo que não tenha sido adquirido por meio de roubo, deve ser, no entanto, considerado como furtado, se o possuirmos sem dele precisarmos” Seguemalguns comentários sobre o SEIRI, que na prática forma a cultura de combate ao desperdício. Não confunda o SEIRI com “Descarte”. Normalmente o 5S nas empresas começa com o “Dia D”, ou “Dia da Grande Limpeza”. O Volume 2 apresenta maiores detalhes deste evento. Ele não tem o mesmo grau de refinamento a que se propõe o SEIRI. É normal, após o Dia D, ainda serem classificados e descartados diversos materiais. Isto acontece devido a três fatores: a) As pessoas só iniciaram o descarte no dia do lançamento; b) Não houve tempo e recursos de apoio suficiente para a seleção e/ou descarte; c) O critério de seleção utilizado ainda não teve o rigor desejado (isto é normal). 34 Além de algum descarte feito após o Dia D, o SEIRI contempla também as atividades de adequação dos recursos às necessidades da área (podendo resultar da aquisição de recursos faltantes); à otimização de recursos e à conservação de instalações e recursos utilizados no ambiente de trabalho. Portanto, o SEIRI deve ser visto como uma atividade de combate às perdas e aos desperdícios. Como fazer uma seleção adequada entre o necessário e o desnecessário Quando é solicitado para as pessoas descartarem aquilo que não é necessário àquele ambiente, a eficácia do SEIRI não é a desejada. Isto porque há uma tendência natural de as pessoas se apegarem aos objetos, achando que um dia terão necessidade deles. Quando se adota o método de retirar do ambiente todos os objetos (exceto instalações fixas), selecionando-os e posteriormente repondo o estritamente necessário, o procedimento tende a ser mais criterioso, resultando em um maior número de itens e quantidade de materiais descartados. A participação dos líderes imediatos, porém, continua sendo imprescindível para o sucesso do SEIRI. O melhor princípio para definir o que deve ser mantido no ambiente de trabalho é imaginar que os recursos são escassos. Usar a filosofia do “um só dá”. Para tanto, são importantes alguns pré-requisitos: Não desconfiar que vai haver o “esperto”, aproveitando-se do que está sendo colocado em instalações de uso comum, apropriando-se dos recursos que estão em boas condições físicas, indisponibilizando-os para os outros; Entender que quanto mais recursos estejam sob a responsabilidade de alguém, maior é a dificuldade de administrá-los, principalmente porque a existência destes recursos pode atrapalhar o acesso ao que realmente tem mais importância ou utilização, além de ocupar espaços; Não acreditar que recursos de pequeno valor unitário podem ser mal utilizados; ◊ Não imaginar que qualquer um poderá precisar do recurso descartado e não tê-los mais. Em caso de dúvida, é interessante que o assunto seja 35 discutido com outras pessoas, principalmente com o líder da área, para que a decisão seja compartilhada. Uma estratégia usada em algumas empresas ou áreas, é definir uma frequência para o descarte de materiais que se acumulam, ou que não foram descartados anteriormente por falta de conscientização. Isto é muito comum no descarte de documentos em áreas administrativas, em almoxarifados e oficinas de manutenção. Identifique e trate adequadamente a ala dos "conservadores" e a ala dos "liberais". Na fase de descarte de material é comum nos depararmos com a ala dos conservadores, ou seja, pessoas que resistem em manter guardadas as coisas que não têm utilização frequente. Por outro lado, devemos ter o cuidado com a ala dos liberais. Nesta ala estão as pessoas que, sem uma preparação adequada, descartam materiais úteis e necessários, sob a alegação que "foi a chefia quem mandou". Não se deve acreditar que as pessoas que mais descartam são as mais eficazes na prática do SEIRI. Muitas vezes, o descarte aleatório pode provocar sérios prejuízos à empresa. Para solucionar tais problemas, além da orientação e frequente acompanhamento dos respectivos líderes, responsáveis por determinadas equipes podem, de vez em quando, fazer visitas à área de descarte e avaliar o que está sendo descartado, tomando as providências necessárias. Nos casos de equipamentos, sobressalentes ou material de grande volume ou peso, que estão obsoletos ou sem perspectiva de utilização, mas que precisa de uma avaliação mais aprofundada, envolvendo áreas técnicas e/ou alto nível hierárquico, podem ser etiquetados sem necessitar transportá-los à área de descarte. Algumas empresas enviam fotografias destes materiais para a área de descarte com o objetivo de registrá-los e induzir os seus responsáveis em tratar definitivamente do assunto. 36 O responsável pela Contabilidade da empresa deve reforçar o procedimento com relação ao descarte de materiais que fazem parte do imobilizado, com o objetivo de evitar o descontrole. 1. 2. Como praticar o SEIRI 1. Marcar um dia e horário para que as pessoas possam fazer a classificação dos materiais (“Dia D”.); 2. Separar o necessário do desnecessário, o que está em excesso ou sem condição de uso. Para saber se o recurso é usado adequadamente ou está em excesso, comparar a utilização com outra pessoa que realiza tarefa similar ou consultar o responsável pela área; 3. Destinar adequadamente aquilo que é inútil ou em excesso. Na dúvida, discutir com a equipe e com a Liderança para evitar descartar o que é útil; 4. Manter em locais de uso coletivo, aquilo que é usado de vez em quando; 5. Colocar próximo ao local de trabalho o que é utilizado com frequência; 6. Tentar eliminar bancadas fechadas. Quando inviável, colocar portas transparentes; 7. Eliminar armários pessoais de postos de trabalhos operacionais; 8. Romper a cultura de as pessoas guardarem recursos sem previsão imediata de uso em gavetas, bancadas, caixas de ferramentas, armários e outros compartimentos fechados. 9. Fazer inspeções periódicas para detecção de problemas de conservação em sua fase precoce. Usar o momento da utilização dos recursos e da limpeza da área para a inspeção; 10. Garantir que nenhum problema verificado causa uma condição insegura ou comprometa a qualidade do produto. Se isto ocorrer, isolar e sinalizar a área até que seja tomada uma ação efetiva; 11. Discutir com as lideranças as situações que dependem de uma decisão superior; 12. Planejar com a equipe de Manutenção o resgate das condições básicas de funcionamento; 13. Liberar equipamentos para manutenções corretivas e preventivas; 14. Utilizar os procedimentos da empresa para eliminar os problemas de conservação de acordo com a prioridade; 37 15. Manter controle sobre as pendências evitando que as solicitações sejam esquecidas; 16. Evitar solicitar um grande volume de pedidos em vésperas de auditorias. 2. 1. Quais as particularidades do SEITON Dicas para uma forma prática de ordenar materiais Convencionalmente em instalações centrais como almoxarifado, ferramentaria, documentação técnica, costuma-se guardar as coisas de acordo com o tipo de material (materiais de um mesmo tipo ficam juntos). A disposição destes materiais nem sempre obedece ao critério de frequência de utilização. Instalações centrais devem observar os itens que são mais frequentemente solicitados e devem ser colocados, em quantidade adequada, o mais próximo possível da entrada do usuário, mesmo que sejam guardados, lado a lado, tipos de materiais diferentes. Uma forma de manter a ordem também, é definir para cada item, onde guardá-lo e as quantidades máxima e mínima permitidas. Um estudo ergonômico também deve ser feito de forma que os materiais mais pesados fiquem posicionados em uma altura que permita o seu acesso sem maior esforço físico (linha da cintura). Materiais que fiquem armazenados em uma altura superior a 1,80 metro, devem ser acessados de maneira segura com equipamentos especiais. Lembre-se que a guarda de recursos deve ser feita de forma que o acesso e a reposição sejam imediatos Na execução do SEITON há uma preocupação das pessoas em apenas ordenar os recursos para facilitar o acesso. Com o decorrer do tempoos recursos ficam novamente desordenados, pois não há uma sistemática que induza as pessoas para reporem posição original. As seguintes sistemáticas são adotadas por algumas empresas na prática do SEITON: 38 a) Definição do local de guarda de cada recurso (um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar); b) Instalação de locais de guardas adequados à cada recurso, de forma que facilite o acesso e não comprometa a sua preservação; c) Identificação dos objetos e respectivos locais de guarda, inclusive utilizando cores. A comparação entre a identificação do objeto e a sinalização do local induzirá o usuário a repor o recurso no lugar pré- determinado; d) Confecção de gabaritos (formas ou silhuetas) no local de guarda coincidindo com o perfil do recurso. Além do gabarito ou silhueta acusar a ausência, induzirá o usuário à reposição adequada; e) Retirada de tampas e portas de armários, quando possível. Isto facilita o acesso visual imediato; f) Empilhamento lateral (um ao lado do outro) em vez de empilhamento horizontal (um sobre o outro). O empilhamento lateral impede a desordem facilitando a posterior reposição; g) Colocação de fitas em diagonais em pastas arquivadas uma ao lado da outra. Desta forma, a pasta retornará obrigatoriamente a mesma posição ao ser reposta; h) Confecção de quadros onde as pessoas que se ausentem do local de trabalho, escrevam seu nome, destino e horário previsto de retorno. Com isto a localização das pessoas e a transmissão de informações ficam facilitadas. Nem sempre rádios e celulares estão ligados para facilitar a localização. Desenvolva adequadamente os layouts Uma forma que permite uma boa racionalização de espaços e acesso rápido aos materiais necessários, é uma análise crítica de layouts, tanto de todo o ambiente quanto da guarda de todos os recursos. A discussão com o próprio usuário do ambiente ou operador da máquina ou equipamento, é de fundamental importância para o desenvolvimento de layouts práticos e eficientes. Visitas a processos similares e consultas ao pessoal técnico existente na empresa, são mecanismos que aceleram esta atividade, além da própria criatividade dos usuários. 39 Um problema que normalmente ocorre nesta fase é a solicitação das pessoas para troca dos recursos usados por novos, assim como a execução de "obras faraônicas". É bom ficar claro que muitas melhorias podem ser feitas sem desembolso de dinheiro. As melhorias que envolvem grandes recursos financeiros devem ser desenvolvidas pelo corpo técnico da empresa, embora sugerida por qual quer pessoa. Desenvolva o layout em três dimensões: a) Atente para Layout dos diversos ambientes É um estudo de layout de todos os ambientes. Normalmente é desenvolvido pelo corpo técnico, e geralmente não é avaliado dentro do 5S. b) Faça Layout do ambiente É um estudo de layout de cada ambiente. Normalmente é desenvolvido em equipe ou pelos respectivos responsáveis (líderes). c) Faça o Layout micro É o estudo de layout de cada item. Normalmente é desenvolvido pelo usuário do compartimento e operador da máquina/equipamento, com o apoio do líder. 2.2. Como praticar o SEITON 1. Identificar adequadamente todos os recursos e locais de guarda e ambientes para facilitar o acesso e evitar perda de tempo e riscos; 2. Se necessário, demarcar locais de guarda para induzir o usuário a repor cada recurso em seu devido local; 3. Instalar sinalizações adequadas que facilitem o acesso e evitem riscos. Adotar os padrões existentes na empresa ou, na ausência destas, Normas Técnicas ou Regulamentadoras; 4. Identificar adequadamente situações provisórias para facilitar a Gestão Visual, ou seja, para que todos saibam que a situação está sob controle; 40 5. Evitar identificações e sinalizações desnecessárias ou excessos que contaminem visualmente o ambiente. Ou seja, identificar aquilo que a ausência prejudica, e que a existência ajude; 6. Definir um lugar para cada recurso. O lugar deve ser adequado para as características e quantidade dos recursos, de maneira que o acesso seja fácil e seguro e a preservação seja garantida; 7. Evitar improvisar locais para guarda como parte externa de armários, piso embaixo da mesa e armários, parapeitos de janelas, divisórias e persianas, finais de corredores, espaço entre parede e armários ou prateleiras, boxes de banheiros, parte inferior de escadas, parte superior de tetos, etc.; 8. Ordenar os recursos e documentos de acordo com a disponibilidade de espaço e frequência de uso; 9. Utilizar ao máximo o espaço vertical; 10. Para evitar mistura, utilizar prateleiras, caixas e divisórias; 11. Repor o recurso no local original imediatamente após o uso; 12. Evitar acúmulos de documentos e recursos sobre mesas e bancadas; 13. Formar a cultura de deixar as mesas e bancadas livres de recursos no final de expediente e troca de turnos; 14. Garantir que os recursos permanentes do ambiente sejam distribuídos de tal forma que o acesso e a circulação sejam fáceis e seguras; 15. Caso o espaço seja incompatível com o volume, verificar a possibilidade de reduzir itens ou quantidades. Se for inviável, usar o máximo de espaço vertical através de prateleiras; 16. Discutir com as Lideranças e as áreas competentes, as melhorias de layout de maior complexidade e/ou que envolvam recursos financeiros não disponíveis. 3. 1. Quais as particularidades do SEISO Qual a diferença entre SEISO e “faxina”? A tradução do SEISO como “limpeza” induz as pessoas a associarem como uma atividade de remoção de sujeira (faxina) e de pouco valor agregado. O termo "inspeção" traduziria melhor o conceito do SEISO, pois “inspeção” transmite uma postura mais crítica no ato da limpeza, passando a ser encarada como uma oportunidade para detecção de anormalidades e suas 41 respectivas causas, promovendo posteriormente a sua eliminação ou bloqueio. Daí porque é importante que a limpeza seja feita pelo próprio usuário ou operador do equipamento. Desta forma, passa a ser uma atividade de alto valor agregado. A limpeza feita sem a postura de inspeção é incapaz de gerar melhorias no ambiente, limitando-se apenas à remoção da sujeira. Em uma fase inicial de implantação do 5S deve-se discutir qual a limpeza que será feita pelo usuário, e qual será feita pelo pessoal da limpeza. Normalmente estes são os exemplos de quem deve limpar tais sujeiras: Pessoal que trabalha no ambiente a) Sujeira provocada por um comportamento inadequado das pessoas que trabalham no ambiente; b) Sujeira provocada por uma deficiência dos equipamentos; c) Sujeira provocada por deficiências no processo de produção; d) Sujeira provocada por manuseio irregular de materiais. Pessoal da limpeza a) Recolhimento de sacos de lixo nas salas, oficinas, banheiros e áreas coletivas; b) Sujeira provocada por deficiências infraestruturais da empresa; c) Asseio de ambientes coletivos; d) Encerar pisos e limpar superfícies de vidro (janelas, divisórias, portas, etc.); e) Locais que exigem profissionais especializados e em alturas elevadas; f) Sugerir ao contratante ações para evitar a sujeira provocada pelos usuários (falta de tapete, manuseio, piso molhado, etc.). A remoção de sujeira de ambientes coletivos (área de circulação, refeitório, jardins, pavimentos, etc.), deve ser feita pelo pessoal da limpeza, porém a empresa deve ser bastante crítica em relação às anomalias de ordem comportamental que por acaso ocorram nestes ambientes. As pessoas que são afetadas por estas irregularidades devem analisar formas de induzir os frequentadores destes ambientes a terem um bom comportamento. Isto pode ser feito através de campanhas, cartazes e colocação de coletores de 42 resíduos. O papel do número 1 da empresa é de liderar o processo de inquietação com estas anomalias. As áreas onde existem turnos de trabalho podem ser divididas em várias partes, elegendo-se um turno responsável para cada área. Periodicamente pode ser feito um rodízio. Pratique o 5S eliminandoos “5K” O Professor Takasan do JIPM (Instituto Japonês para Manutenção de Planta) enfatiza que a limpeza feita com postura de inspeção proporciona a eliminação dos 5K: Kiken – Lugar Perigoso Kitanai – Lugar sujo e feio Kitsui – Trabalho pesado Kusai – Lugar fedorento, com mau cheiro Kurai – Lugar escuro Todas estas situações minimizam a dignidade do ser humano, reduzindo a sua autoestima. Por isto devem ser eliminadas, e um momento adequado para identificar estes "5K" é o da limpeza. Qual o conceito de “sujeira”? Geralmente quando uma empresa desenvolve o SEISO no ambiente de trabalho, preocupa-se apenas com a sujeira material, tais como: poeira, óleo, graxa, restos de materiais, pedaços de papel, materiais descartáveis, etc. Este é um entendimento limitado do SEISO. A empresa deve tratar a sujeira como todos os agentes que agridem ao meio ambiente, ou tudo que reduz gradativamente a capacidade e possibilidade de ação dos cinco sentidos, trazendo como consequência uma degradação do homem e das coisas que o cerca. A sujeira tem a característica de esconder o real. Estes são os exemplos de sujeiras e algumas consequências: Pouca iluminação: dificuldade de distinção de formas, cores, velocidade e falhas; perda da capacidade visual ao longo do tempo. 43 Odor desagradável: dificuldade de distinção de grau de deterioração e identificação de agentes agressivos à saúde; doenças ocupacionais. Ruído: dificuldade de distinção de sons, prejudicando a comunicação; perda da audição. Vibração: desgaste prematuro das instalações e fonte de geração de ruído; vida útil reduzida. Pó e poeira: enclausuramento das coisas, evitando percepção de anormalidades e aumentando o nível de desgaste das instalações (com a poeira, o tato passa a perceber o irreal); doenças crônicas e respiratórias. Portanto a eliminação da fonte de sujeira é, sobretudo, uma atividade de agregação de valor para o próprio homem. Por uma questão de prioridade, problemas de iluminação, de odor, de ruído e de vibração, são atacados pelo 5S somente no SEIKETSU. A limpeza deve ser feita com eficiência e chegar à superfície original. Para tanto, devem ser definidos o tipo de limpeza, o tempo estimado, o cronograma e os responsáveis. Deve ser criada uma rotina diária para os cinco à dez minutos de limpeza, evitando-se acúmulo de sujeira e garantindo a sua remoção em locais de difícil acesso físico e/ou visual. Combata os locais de difícil acesso Com o decorrer do tempo o ato da limpeza vai se incorporando às próprias atividades do profissional. A forma como uma tarefa é executada vai sendo modificada para gerar menos ou nenhuma sujeira. Porém, caso não seja estabelecida uma rotina e uma lista para limpeza dos locais de difícil acesso, definindo-se sua frequência e duração, a sujeira vai se acumulando nestes pontos, provocando condições irregulares (e às vezes inseguras). Uma postura mais ativa com relação à estes locais é eliminá-los, ou seja, tudo o que for de difícil acesso para visualização e/ou limpeza, deve ser questionado, para uma possível modificação do sistema, tornando-o mais facilmente acessível. 44 Conscientize a todos para que tratem a limpeza como parte da atividade No início de práticas do SEISO é comum as pessoas apontarem que a limpeza do ambiente, sendo feita pelo próprio usuário ou operador da máquina/equipamento, provocará uma perda de produtividade. O próprio líder geralmente pensa desta forma. Além disso, as pessoas acham que as atividades de varrer e limpar são uma humilhação. Para vencer estas resistências, podem ser usados os seguintes argumentos: a) Citar que a tarefa só estará concluída quando a sujeira gerada for removida do local de trabalho (a equipe deve entender que a limpeza faz parte da tarefa); b) Mostrar que a limpeza feita com a postura de inspeção é uma oportunidade para melhorar o processo; c) Lembrar que, com o tempo, as tarefas vão sendo executadas gerando pouca ou nenhuma sujeira. Equipes e pessoas devem ser críticas ao receber uma máquina ou ambiente de outra pessoa ou equipe. Imediatamente deve ser avaliado o nivel de limpeza encontrado, discutindo-se as irregularidades detectadas. Os líderes destas equipes devem se sentir responsáveis em solucionar os problemas que não foram resolvidos pela sua equipe. A justificativa que o volume de trabalho não permitiu a limpeza adequada, não deve ser aceita com facilidade, pois normalmente as equipes encontram-se nesta situação. Quando ocorrer algum acidente que provoque uma sujeira incomum, o fato deve ser tratado à parte, pois poderá haver necessidade de um apoio extra para remoção desta sujeira. Assim como foi sugerida para o SEITON, a limpeza deve ser executada em três etapas: a) Limpeza dos ambientes - Realizada em todos os ambientes. Normalmente é feita no “dia de lançamento do 5S”, ou periodicamente, em instalações ou pontos que acumulam sujeira com o tempo (independente da conduta das pessoas). b) Limpeza do ambiente - Realizada em cada compartimento. Pode ser feita pelo responsável ou pela equipe. Para tanto, é necessária a 45 disponibilização de recursos para a limpeza (vassoura, rodo, pano, detergente, dispositivos especiais, máquinas apropriadas, etc.). c) Limpeza micro - Realizada em cada item pelo seu usuário. Até que ponto é importante a pintura dos ambientes? É comum as pessoas desejarem pintar o ambiente de trabalho no início de implantação do 5S, principalmente atividades industriais, de manutenção e de armazenamento. Isto ocorre porque, sem dúvida, o ambiente pintado gera uma maior satisfação para o usuário; impressiona outras pessoas; demonstra uma transformação visual entre o antes e o depois do 5S, além de estimular a prática do asseio. Porém, a escolha do momento e amplitude correta para a realização da pintura não é tão fácil, uma vez que há um desembolso de recursos com material de pintura e, caso não sejam tomadas algumas precauções, como a eliminação de vazamentos de produtos, dentro de pouco tempo após a pintura, o ambiente retornará ao antigo padrão. Os ambientes devem ser pintados com cores claras, buscando comprometer as pessoas na busca e ataque das fontes de sujeira, pois com cor clara a sujeira é imediatamente detectada. Evidentemente deve ser escolhida tinta que tenha facilidade de limpeza (evitar tinta fosca). A cor clara também torna o ambiente mais agradável e as pessoas mais limpas, pois aquelas que trabalham com roupas sujas estão em sintonia com o ambiente, o qual também é sujo. À medida que tornamos o ambiente mais limpo, as pessoas também ficam mais limpas. Os líderes precisam oferecer um ambiente cujo padrão esteja acima da média da equipe. Se não proceder desta forma, o padrão comportamental das pessoas vai caindo, nivelando-se com o ambiente oferecido. Por exemplo, quando há um banheiro sem um padrão de higiene adequado: sem papel higiênico e sem papel toalha; vasos sanitários sujos (descargas quebradas, vasos entupidos, urina nas tampas); papéis sujos de fezes fora dos cestos; portas riscadas e com desenhos obscenos; mictórios com odor desagradável, etc., pode ser feito um trabalho de educação das pessoas. Reforma-se o banheiro; conserta-se tudo o que está quebrado; pinta-se as paredes e portas (a própria equipe, inclusive o líder, podem ajudar); faz-se uma campanha com cartazes e se discutem os problemas apresentados. Com o tempo estes 46 ambientes vão melhorando juntamente com os hábitos dos usuários. É um trabalho de persistência, mas que precisa ser feito. A própria equipe pode pintar o seu ambiente de trabalho, exceto em pontos altos ou aqueles que merecem uma pintura especial. Para tal, precisam receber informações técnicas sobre o método de pintura. A elaboração de um procedimento de pintura, um treinamento dado por pessoas habilitadas e os materiais para pintura, devem ser providenciados, sob o risco da atividade não ser bem feita e/ou um gastode materiais acima do normal. È comum, as pessoas pintarem pisos e equipamentos que estão incrustados de óleo ou com corrosão acelerada sem prepararem adequadamente a superfície. O resultado é uma pintura mal feita que em pouco tempo estará desgastada, provocando perdas de tempo e de recursos. 3.2. Como praticar o SEISO 1. Evitar sujar o ambiente de trabalho durante as atividades; 2. Evitar acumular sujeira ao longo do turno ou expediente. Limpar o ambiente imediatamente depois de detectada a sujeira; 3. Manter limpas as áreas de uso coletivo tais como: banheiros, vestiários, copa, restaurante, áreas externas, salas de reunião e treinamentos, etc. 4. Envolver as pessoas para identificar as fontes de sujeira da área e propor a sua extinção; 5. Elaborar plano para a extinção das fontes, Se necessário, consultar áreas técnicas, fabricantes de equipamentos ou fazer benchmarking com outras unidades ou empresas; 6. Conter a sujeira cuja fonte é inviável ou impossível de se eliminar, evitando que a sujeira se espalhe na área. 7. Definir uma frequência para cada tipo e lugar da sujeira acumulada de acordo com o nível de exigência do ambiente; 8. Providenciar os recursos adequados para cumprir a sistemática de limpeza (equipamentos, material de limpeza, dispositivos, pessoal qualificado e tempo das pessoas do próprio ambiente); 9. Garantir que a limpeza é feita com qualidade e na frequência definida; 10. Definir e distribuir coletores de acordo com o tipo, a frequência e o volume de cada tipo de resíduo gerado no ambiente; 47 11. Definir uma frequência adequada de retirada dos resíduos descartados nos coletores; 12. Em caso de coleta seletiva, padronizar as cores de acordo com cada tipo de resíduo, identificar o coletor e o local em que deve ser mantido. Especificar em cada coletor os tipos de resíduos que mais geram dúvidas para o usuário; 13. Verificar se as pessoas estão descartando os resíduos de maneira adequada. 4. 1. Quais as particularidades do SEIKETSU Entenda a diferença entre o SEIKETSU e cada um dos três primeiros “S” Nem sempre é fácil distinguir as atividades SEIRI, SEITON e SEISO, da atividade de SEIKETSU. Na prática, não há necessidade de se desgastar criando limites entre as atividades do 5S. O importante é a sua execução. Porém, para efeito didático, convém entender o que é SEIKETSU. O SEIKETSU é definição de regras para a prática dos três primeiros “S” (padronização), possibilitando um ambiente para práticas voltadas para a saúde do corpo e da mente. O SEIKETSU propõe mudanças na atitude das pessoas, enquanto as atividades SEIRI, SEITON e SEISO trabalham o comportamento. Caso o indivíduo faça algo com uma frequência elevada, há uma tendência natural das suas ações (comportamento) passarem a ser espontâneas (atitudes). Logo as atividades SEIRI, SEITON e SEISO são estágios que, quando bem desenvolvidos, funcionam como agentes de mudanças do homem, melhorando seu padrão educacional. O Seiketsu visa a perpetuação dos ganhos obtidos nas atividades do Seiri, Seiton e Seiso. Os três primeiros “S” cuidam do “hard”, ou seja, daquilo que é físico. São importantes porque, eliminar as inconveniências relativas aos costumes, ao 48 raciocínio, assim como ao comportamento de pessoas, que é o aspecto “soft”, não é uma coisa tão fácil. Quanto à eliminação das “sujeira visíveis”, acumuladas no local de trabalho, depende da participação de todos, a partir de uma reformulação na mentalidade das pessoas através da assimilação natural, à medida que se vai conduzindo as atividades dos três primeiros “S”. Quais os significados do SEIKETSU? Como já foi mencionada, a prática sistemática dos dois últimos “S” é recomendável quando os três primeiros estão consolidados (o nível de cada "S" é mantido acima de 90% em três avaliações consecutivas). O Seiketsu tem significado e tratativa diferentes de empresa para empresa. Aquelas que traduzem o Seiketsu como “Padronização” costumam dá uma conotação mais técnica ao 5S, assemelhando-o ao “Housekeeping”. Isto ocorre em unidades de fabricação e quando o 5S é coordenado por órgãos técnicos como Segurança do Trabalho, Produção, Manutenção ou um comitê responsável por alguma ferramenta de otimização de produção como “TPM”, “Kaizen”, “Just-in-Time”, “Lean Manufacturing”, etc. A maiorias das empresas traduz o Seiketsu como “Saúde e Padronização”. Outras traduzem como “Saúde, Higiene e Padronização, e poucas como “Saúde e Higiene”. Nestes casos elas dão uma conotação mais ampla e mais humanizada ao 5S, pois implementam ações voltadas para a saúde física e mental das pessoas. Quais as atividades são desenvolvidas no SEIKETSU? Além das atividades promocionais que são desenvolvidas ao longo da implantação e manutenção do 5S, algumas outras podem ser voltadas para o bem-estar do indivíduo, pois neste estágio as pessoas já estão receptivas às atividades que dependem de sua voluntariedade. As atividades do Seiketsu, compreendem a definição de padrões, a preocupação com a saúde ocupacional e a higiene no trabalho, a sistemática de para a manutenção e melhoria do 5S, e até a ampliação do 5S para ambientes eletrônicos. O Shitsuke cobrará aquilo que é definido no Seiketsu. 49 Várias atividades definidas no Seiketsu devem ser de iniciativa da empresa, outras podem ser desenvolvidas pelas equipes de trabalho. Algumas áreas que foram mapeadas para efeito de auditoria dos 3 primeiros “S”, podem ser agrupadas para implementação e auditorias dos dois últimos “S” quando forem de responsabilidade das mesmas pessoas, uma vez que não se justifica fazer a separação. As principais atividades do Seiketsu são: 1. Criação de padrões de identificação, sinalização, pintura, demarcações Apesar de várias empresas tratarem a padronização das pinturas, identificações e das sinalizações ainda no Seiton , é durante a prática do Seiketsu que esta padronização é efetivada. Vale observar que podem ser definidos mais de um padrão para identificações de armários, gavetas, estantes, pastas e compartimentos. Porém, dentro de um mesmo local de trabalho deve haver uma uniformidade destas identificações. São objetos de padronização: Pintura, demarcação e sinalização de piso Pintura e identificação de equipamentos Identificação de ambientes e postos de trabalho Identificação de locais de guarda, incluindo compartimentos como gavetas, prateleiras, caixas, portas de armários e de bancadas, etc. ⇒ Identificação de pastas de documentos ⇒ Sinalização de segurança ⇒ Identificação de tomadas elétricas, etc. Devem ser feitas ou revisadas a sinalização e a identificação geral de ruas internas, prédios, unidades produtivas, portas externas e locais restritos. Normalmente é contratada uma empresa especializada que poderá fazer associação de cores e símbolos, facilitando a interpretação e o acesso, e dando uma identificação visual à empresa. Poderá ser feita alguma melhoria na sinalização das ruas como instalação de faixas de circulação e de travessia de pedestres; placas sinalizadoras de limites de velocidade; instalação de espelhos convexos em pontos estratégicos (saída de caminhões e empilhadeiras); placas identificadoras de produtos processados na planta, 50 apresentando as suas características, aplicações, riscos e como proceder em caso de acidentes; melhorias na sinalização de segurança (EPIs utilizados na área, sinalização de equipamentos de emergência, como macas, extintores, hidrantes, chuveiros, lava-olhos, etc.); sinalização em escadas apresentando o piso inferior e o superior, para facilitar o acesso e evitar deslocamentos desnecessários; etc. Cada padrão criado deve ser devidamente divulgado, inclusive definindo-se a data limite para que todas as áreas possam implementá-lo. 2. Implantação gradativa de “Controle Visual”; Com o desenvolvimento e aplicação crescente da eletrônica e da informática, as pessoas passaram a ignorar metodologias simples de controle,mas que produzem resultados extraordinários. Através de uma simples sinalização, incluindo símbolos e cores, pode se identificar se um determinado item ou processo está sob controle, ou não. Esta tem sido uma forma criativa e barata de promover melhorias na eficácia de controle de diversas empresas japonesas e, atualmente, em empresas ocidentais que estão implantando o 5S com sucesso. A exploração de símbolo e cores para as diversas indicações provoca redução de tamanho de letreiros e agilizam o acesso rápido ao que se procura. Uma técnica bastante utilizada para garantir a manutenção de ordem e evitar erros e acidentes é a implementação de mecanismos à prova de falha, denominados no Japão de “Poka-yokes”. São dispositivos desenvolvidos com muita criatividade pela equipe, observando-se aspectos de segurança, e que obrigam aos usuários a colocar ou repor os recursos sempre na posição definida. Isto pode ser feito com a utilização de gabaritos feitos de madeira, metal ou material sintético, que impedem a guarda do recurso em um local diferente do desejado, uma vez que não se encaixaria ali. Alguns “Poka- yokes” garantem a colocação ou retirada, numa sequencia obrigatória, de forma a evitar erros com trocas, faltas ou esquecimentos. Uma forma prática de se conhecer estas técnicas é visitar empresas que têm o 5S em estágio mais avançado, bem como participação em eventos de 5S, contratação de consultores com experiência e leitura em livros especializados e afins. 51 3. Criação e/ou fortalecimento de regras de convivência Uma vez que os problemas básicos de ordem e limpeza foram eliminados na prática dos três primeiros “S” , as pessoas criam ou fortalecem as regras de convivência, as normas e os procedimentos, com o objetivo de garantir o seu cumprimento e, por conseguinte, propiciar um ambiente de respeito ao próximo e aos processos anteriores (fornecedores externos e internos), e posteriores (clientes internos e externos). As regras, as normas e os procedimentos são consensados após a sua discussão e possíveis revisões, não somente no seu conteúdo, mas na sua formatação e linguagem. A partir do momento que as pessoas conhecem estas regras, normas e procedimentos, tendem a respeitá-los (atitude que será cobrada na prática do Shitsuke). É bom lembrar que as possíveis normas e procedimentos relacionados à qualidade, segurança e meio ambiente, podem ser revisadas no seu conteúdo e/ou linguagem para atender às reais necessidades do processo e ao entendimento das pessoas. 4. Definição de níveis de máximo e mínimo Em consenso, podem ser definidos os níveis de máximo e mínimo dos principais itens guardados em cada ambiente ou compartimento. 5. Definição de temporalidade de documentos Para os documentos que ainda não têm uma temporalidade definida, a equipe pode definir a periodicidade de manutenção e descarte. Isto pode acontecer identificando o prazo de retenção em cada documento, e/ou estipulando uma data para que seja feito um descarte massificado em vários tipos de documentos. Esta temporalidade também pode ser usada para documentos afixados em quadros de avisos ou de Gestão à Vista. 6. Tipos de recursos (móveis, máquinas, pastas, etc.); Também podem ser definidos por órgãos administrativos e/ou técnicos da empresa padrões para aquisição de vários tipos de recursos produtivos e de 52 apoio, tais como móveis, alguns equipamentos, ferramentas, caixas de ferramentas, carrinhos, bancadas, pastas de documentos, etc. A transformação para estes padrões deve ser gradativa, à medida que os recursos atuais estejam desgastados, que justifique a troca. 7. Criação de padrões de ordenação Uma forma prática de estimular a manutenção da ordem em um local de trabalho é afixar, em um local visível, uma ou mais fotos apresentando o padrão desejado da ordem. Este padrão visual é mais eficiente que qualquer descritivo. Porém, deve se ter o cuidado para não estabelecer como padrão uma condição utópica, fora da realidade de cada área no seu dia-a-dia. Por exemplo, se as mesas de um determinado local de trabalho normalmente contêm documentos que são processados, não adianta tirar a fotografia da mesa sem papel, mas sim com a quantidade que é tratada no dia, porém mantidos de forma ordenada, que facilite o acesso. Nos ambientes de uso coletivo, este recurso pode ser mais bem explorado, ou seja, uma quantidade maior de padrões. 8. Criação de padrões de limpeza Limpeza não é uma referência absoluta. O que é limpo para alguém, pode não ser para outras pessoas. Desta forma, é importante que sejam discutidos e desenvolvidos padrões visuais de limpeza. Para EPIs ou panos usados, pode ser discutido com a equipe o ponto onde, a partir dali, pode ser considerado o item como “sujo”, visando facilitar o descarte definitivo ou para lavagem/higienização. Este padrão fica exposto no próprio local de descarte, ou até mesmo no local de retirada de um item novo. Para instalações e recursos produtivos e de apoio, podem ser desenvolvidos “modelos” os quais devem ser mantidos permanentemente limpos. Evidente isto exigirá uma autodisciplina do responsável, além do monitoramento feito pelo líder ou responsável pela promoção do 5S naquele ambiente de trabalho. 53 9. Avaliação e correções de possíveis problemas ergonômicos A preocupação na utilização adequada dos recursos (Seiri), na facilidade de acesso (Seiton) e na limpeza do ambiente (Seiso), presentes na prática dos três primeiros “S” , dá uma ênfase ao processo, ou seja, está voltada para a funcionalidade do ambiente. Uma vez vencido o estágio de eliminação das deficiências funcionais, há um ambiente favorável para a detecção de problemas que podem comprometer a saúde das pessoas ao longo do tempo (ergononomia, ruido, iluminação, contaminação, etc). Apesar de algumas empresas argumentarem que já têm uma preocupação com estes fatores, com a prática do Seiketsu cria-se um estímulo para o aperfeiçoamento, principalmente a partir de uma análise mais crítica dos colaboradores em relação à utilização de equipamentos, móveis, instalações e ferramentas. São exemplos destes problemas: DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho, incluindo as Lesões por Esforços Repetitivos - LER); Outras doenças ocupacionais provocadas por poluições química e sonora e/ou por problemas de iluminação, ventilação, temperatura e umidade do ambiente de trabalho. Todos estes problemas são atacados por especialistas, fundamentados em análise científica. 10. Aplicação de exercícios de relaxamento físico e/ou mental Uma das alternativas propostas para se aliviar tensões localizadas provocadas por determinadas atividades é a aplicação de exercícios de relaxamento em grupo, tais como alongamentos, ioga, musicoterapia, Tai-Shi-Shuan, massagens e outros exercícios, sob coordenação de um especialista ou por um colaborador devidamente capacitado, denominados “ginástica laboral”. Estas atividades são normalmente realizadas em pequenos grupos, no próprio local e horário de trabalho, com duração entre 5 a 20 minutos, e por 54 voluntários devidamente orientados. Aparentemente, pode parecer que há uma perda de tempo com tais atividades, mas o resultado é o alívio da fadiga física e mental, gerando uma maior eficiência na realização do trabalho. É normal que no início destas atividades haja uma tímida adesão, principalmente em ambientes. Porém, com o tempo as pessoas vão percebendo os ganhos e até gostando destas atividades, principalmente porque “quebram” a monotonia do ritmo de trabalho. Também é normal, no decorrer de tais exercícios, algumas pessoas eventualmente não participarem alegando sobrecarga de trabalho naquele momento. Dependendo do estímulo do coordenador das atividades e dos próprios colegas, estas pessoas conseguem vencer a tentação de não praticá-los. 11. A implementação da “Motivação Visual” Um ambiente de trabalho normalmente apresenta um padrão tradicional,
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