Infestação de Mosca-das-Frutas em Variedades de Manga

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Biológico, São Paulo, v.68, Suplemento, p.377-380, 2006
19ª RAIBRESUMO EXPANDIDO
OCORRÊNCIA DE MOSCA-DAS-FRUTAS (DIPTERA: TEPHRITIDAE) EM
DIFERENTES VARIEDADES DE MANGA (MANGIFERA INDICA L.)
J.A. Galli1, M.D. Michelloto1, L.C.P. Silveira2, L.R. Spatti3, A.L.M. Martins1
1Apta Regional Centro Norte, CP 24, CEP 15830-000, Pindorama, SP, Brasil. E-mail:
julianagalli@aptaregional.sp.gov.br
RESUMO
As moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) fazem parte de um grupo de pragas res-
ponsáveis por grandes prejuízos econômicos na cultura da mangueira. A importância da
mosca-das-frutas varia de região para região, havendo diferentes graus de suscetibilidade
das variedades ao ataque da mesma. Com o objetivo de avaliar 38 variedades de manga,
produzidas sem tratamento fitossanitário, quanto à infestação dos frutos pela mosca-das-
frutas, 20 frutos de cada variedade foram avaliados, na fase de maturação, cortando-se
longitudinalmente o fruto, em ambos os lados do caroço. Frutos com qualquer grau de
infestação foram considerados infestados pela mosca. Verificou-se que as variedades apre-
sentaram comportamento diferente quanto à infestação dos frutos. De um modo geral, o
nível de infestação pode ser considerado baixo, com os maiores valores atingindo 20% de
infestação, nas variedades Torbet e Rocha, não podendo ser possível a separação das
variedades quanto à resistência a praga.
PALAVRAS-CHAVE: Anastrepha spp., Ceratitis capitata, resistência varietal.
ABSTRACT
EVALUATION OF MANGO (MANGIFERA INDICA L.) VARIETIES IN REGARD TO
INFESTATION BY FRUIT FLIES. The fruit flies (Diptera: Tephritidae) are part of a group of
pests responsible for economical damages in the mango production. The importance of the
fruit flies varies among regions, there being different degrees of susceptibility of the mango
varieties to the attack of these pests. With the objective of evaluating 38 mango varieties,
produced without chemical treatment, in regard to infestation of the fruits by fruit flies, 20
fruits of each variety were appraised, in the maturation phase. The fruits were cut
longitudinally, on both sides of the pit. Fruits with any degree of infestation were considered
infested. It was verified that the varieties presented different behavior in regard to the
infestation of the fruits. Overall, the infestation level can be considered low, with the
largest values reaching 20%, in the varieties Torbet and Rocha, it not being possible to
separate the varieties in regard to their resistance to fruit flies.
KEY WORDS: Anastrepha spp., Ceratitis capitata, varietal resistance.
2Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil.
3Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Catanduva, SP, Brasil.
INTRODUÇÃO
As moscas-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis
capitata) fazem parte de um grupo de pragas res-
ponsáveis por grandes prejuízos econômicos na
cultura da mangueira, não só pelos danos diretos
que causam à produção, como também pelas bar-
reiras quarentenárias impostas pelos países impor-
tadores.
Os danos das moscas-das-frutas são causados
diretamente nos frutos pela fêmea adulta (perfuração
do fruto por ocasião da oviposição) e pelas larvas (con-
sumo da polpa provocando um apodrecimento inter-
no). Nos frutos de manga, a infestação por larvas não
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é notada, pois os mesmos permanecem com a aparên-
cia externa normal. Entretanto, ao apalpar o fruto,
notam-se pontos de amolecimento da polpa e até
extravasamento de suco pelo orifício de saída das lar-
vas (SOUZA FILHO et al., 2004).
O índice de infestação das moscas-das-frutas é um
importante indicador do nível populacional,pois per-
mite estabelecer o status da planta hospedeira quan-
to à suscetibilidade ao ataque da praga em determi-
nadas condições edafoclimáticas (SOUZA FILHO,
1999).
Na Região Nordeste (principalmente. no Vale do
São Francisco), as moscas são consideradas a princi-
pal praga em face dos seus danos diretos como pela
sua importância quarentenária, enquanto que no es-
tado de São Paulo, além das moscas-das-frutas, des-
tacam-se como pragas-chave a cochonilha branca e o
besouro amarelo.
ROSSETTO et al. (1989), discutindo a importância das
moscas-das-frutas na cultura da manga, considera-
ram este grupo como praga-chave pelas seguintes ra-
zões: ataca diretamente o fruto, que é o produto final;
têm uma estratégia reprodutiva que consiste em mar-
car os frutos ovipositados com feromônios, o que per-
mite distribuir os ovos por uma grande quantidade
de frutos; apresenta alto potencial reprodutivo; tem a
fase larval curta, e apresenta alta capacidade de dis-
persão.
A importância da mosca-das-frutas varia de re-
gião para região, havendo diferentes graus de
suscetibilidade das variedades ao ataque da mesma.
Diante do exposto, o presente trabalho tem como obje-
tivo avaliar 38 variedades de manga, produzidas sem
tratamento fitossanitário, quanto ao ataque dos fru-
tos pela mosca-das-frutas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Apta – Pólo Regio-
nal Centro Norte, em Pindorama, SP. Foram utilizadas
no estudo 38 variedades de manga, enxertadas sobre
porta-enxerto da variedade Manila (Carabao), e plan-
tadas no campo em 1998, 3 plantas de cada variedade.
O ataque da mosca-das-frutas foi avaliado na sa-
fra 2005-2006, em condições de infestação natural de
campo. O pomar não recebeu tratamento fitossanitário
nos anos anteriores à avaliação. Foram coletados 20
frutos de cada variedade, na fase de maturação, cor-
tando-se longitudinalmente o fruto, em ambos os la-
dos do caroço, com o auxílio de um canivete. Frutos
com qualquer grau de infestação foram considerados
infestados pela mosca, obtendo-se uma porcentagem
de frutos infestados.
A época de colheita dos frutos e as condições cli-
máticas durante o experimento foram diariamente
anotadas, para verificação de uma possível cor-
relação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados referentes a quantidade de frutos infesta-
dos pela mosca-das-frutas e suas respectivas épocas
de colheita estão expressos na Tabela 1. Verifica-se que
as variedades apresentaram comportamento diferente
quanto a infestação dos frutos. De um modo geral, o
nível de infestação pode ser considerado baixo, com os
maiores valores atingindo 20% de infecção, nas varie-
dades Torbet e Rocha. As variedades tardias Castro,
Regina e Palmer apresentaram, respectivamente, 0, 5 e
15% de frutos infectados, contrariando os resultados
de SETOGUCHI (1991) que verificou que as variedades
tardias são mais suscetíveis ao ataque da praga.
Verificou-se uma queda na porcentagem de
infestação dos frutos nas variedades colhidas após
5/1/2006, com valores nulos e, quando presentes,
infestações entre 5 e 10%, com exceção da variedade
Smith, colhida em 20/01 e com 15% de infecção (Ta-
bela 1). Essa variedade foi relatada como suscetível à
mosca-das-frutas na região de Jaboticabal e Mococa,
SP, por SETOGUCHI (1991).
Durante o período de maturação dos frutos, entre
novembro de 2005 e final de janeiro de 2006, ocorre-
ram 27 precipitações, onde oito delas estiveram con-
centradas entre 30/12/2005 e 9/1/2006. A tempera-
tura variou pouco durante o experimento, com valo-
res médios de 30,5º C para temperatura máxima e 19,5º
C, para temperatura mínima.
Os principais fatores que favorecem a incidência
de mosca-das-frutas são a presença de plantas hos-
pedeiras e condições climáticas favoráveis. Precipita-
ções intensas acarretam uma redução na atividade
das moscas. O seu período crítico se inicia a partir da
maturação dos frutos (SOUZA FILHO et al., 2004). No
presente experimento, durante o período de
maturação, as precipitações foram em média de 20
mm, com apenas 3 de 40mm e uma de 60 mm, não
sendo portanto consideras um fator limitante ao esta-belecimento da praga na cultura.
CARVALHO et al. (2004) em experimento semelhante
realizado em Votuporanga, SP, verificaram porcenta-
gens de infestação dos frutos pela mosca de 7,2% para
a variedade Espada Vermelha, que foi considerada
resistente mediante comparação com as demais vari-
edades, que apresentaram porcentagens de infestação
de 36,6% a 63,3%. Já FERREIRA et al. (2003) obtiveram
índices de infestação baixos, em Goiás, na safra 1999/
2000, quando comparados a outros trabalhos. HAJI et
al. (1991), NASCIMENTO et al. (2002) e BARBOSA et al. (2005)
relataram baixas densidades populacionais de mos-
cas-das-frutas na região semi-árida brasileira.
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Estudos realizados no Brasil indicaram que a
infestação e a freqüência com que são encontrados
frutos atacados nos diferentes locais pesquisados
podem ser usadas como critério para se considerar o
fruto como hospedeiro principal ou secundário. Em
coletas de manga e de citros efetuadas nesses estu-
dos, foi observado que, em menos da metade dos lo-
cais, as amostras estavam infestadas. Em razão disto,
tais frutos foram considerados como hospedeiros se-
cundários. Por outro lado, frutos silvestres, como
pitanga, uvaia e guabiroba, apresentavam índice de
infestação elevado, circunstância que caracteriza tais
frutos como hospedeiros principais. O grande núme-
ro de espécies de mosca-das-frutas existente, a varia-
ção ambiental e as épocas de incidência dificultam os
estudos sobre resistência varietal de fruteiras a esse
tipo de inseto (BRANCO et al., 1999).
CONCLUSÃO
A infestação dos frutos de manga pela mosca-das-
frutas foi baixa na safra 2005/2006 na região de
Pindorama, SP, não podendo ser possível a separa-
ção das variedades quanto à resistência a praga.
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Tabela 1 – Número e percentagem de frutos infestados
por mosca-das-frutas (Diptera: Tephritidae) nas diferen-
tes variedades de manga (Mangifera indica L.). Pindorama,
SP, 2005-2006.
Variedades Frutos Época de
 infestados colheita
no %
Julima 1 5 20/12/2005
Pele de Moça 2 10 20/12/2005
Torbet 4 20 20/12/2005
M20-222 2 10 23/12/2005
Voice 2 10 23/12/2005
Família 0 0 27/12/2005
Torrinha 2 10 27/12/2005
Rocha 4 20 27/12/2005
Haden 2 10 2/1/2006
Petacon 3 15 2/1/2006
Haden 2H 3 15 2/1/2006
Lima Peru 0 0 5/1/2006
Zill 0 0 5/1/2006
White Langra 1 5 5/1/2006
Eldon 0 0 9/1/2006
Surpresa 1 5 9/1/2006
Pope 1 5 9/1/2006
Joe Welch 0 0 13/1/2006
Itamarati 2 10 13/1/2006
Brasil 2 10 13/1/2006
Neves 0 0 17/1/2006
Adams 0 0 17/1/2006
Rubi 0 0 17/1/2006
Haden TR 0 0 20/1/2006
Edward 0 0 20/1/2006
Smith 3 15 20/1/2006
Wesley 0 0 23/1/2006
Mabrooca 1 5 23/1/2006
IAC 100 Bourbon 2 10 23/1/2006
Carrie 0 0 26/1/2006
Ubá 0 0 26/1/2006
Carabao 1 5 26/1/2006
Cacipura 0 0 30/1/2006
Sensation 0 0 30/1/2006
Alda 2 10 30/1/2006
Castro 0 0 9/2/2006
Regina 1 5 20/2/2006
Palmer 3 15 20/2/2006
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