Buscar

Fruticultura Tropical-v.1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 184 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 184 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 184 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fruticultura Tropical: 
Diversificação e consolidação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Editores 
Moises Zucoloto 
Edilson Romais Schmildt 
Ruimário Inácio Coelho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fruticultura Tropical: 
Diversificação e consolidação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alegre – ES 
CAUFES 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) 
(Biblioteca Setorial de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito 
Santo, ES, Brasil) 
 
F945 Fruticultura Tropical: diversificação e consolidação / Moises 
Zucoloto, Edilson Romais Schmildt, Ruimário Inácio Coelho 
(organizadores) – Alegre, ES: CAUFES, 2015. 
 186 p. : il.; 15,5x20,5cm. 
 
 Inclui bibliografia. 
ISBN 978-85-61890-64-3 
 
 1. Mamão. 2. Banana. 3. Maracujá. 4. Manga. 5. Coco. 6. 
Goiaba. I. Zucoloto, Moises. II. Schmildt, Edilson Romais. III. 
Coelho, Ruimário Inácio. 
 CDU: 634.6 
 
 
 
 
ORGANIZADORES 
 
 
 
Moises Zucoloto 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em 
Produção Vegetal pela UFES (2009). Doutorado em Fitotecnia UFV (2012) 
e Pós-Doutorado pela Universidade de Illinois-EUA (2014). É professor da 
UFES/CEUNES atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com 
área de atuação em fruticultura. 
 
Edilson Romais Schmildt 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (1989). Mestrado em 
Fitotecnia pela UFV (1994), Doutorado em Genética e Melhoramento pela 
UFV (2000) e Pós-Doutorado pela UFV (2013) e pela Universidade de 
Almería - Espanha (2014). É professor da UFES/CEUNES atuando em 
ensino universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em 
experimentação vegetal e em melhoramento de frutíferas. 
 
Ruimário Inácio Coelho 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (1977). Mestrado em 
Fitotecnia pela UFV (1983), Doutorado em produção Vegetal pela UENF 
(2005). É professor da UFES/CCA atuando em ensino universitário, 
extensão e pesquisa, com área de atuação em frutíferas. 
 
 
 
AUTORES 
 
Adelaide de F. S. da Costa 
Graduada em Engenharia Agronômica pela UFV (1982), Mestrado em 
Fitotecnia (1986) e Doutorado em Fitotecnia (1993) pela UFV. Pesquisadora 
e Coordenadora do Programa de Fruticultura do Incaper. Professora do 
Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal da UFES. 
 
Adolfo Freud Pinheiro Moura 
 
Graduado em Agronomia pela UFLA, (1981). Especialização em Israel. 
Atua como consultor na área com fertirrigação. 
 
Almy Junior Cordeiro de Carvalho 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (1991). Mestrado em 
Fitotecnia pela UFLA (1993) e Doutorado em Produção Vegetal pela UENF 
(1998). É professor titular da UENF atuando em ensino universitário, 
extensão e pesquisa, com área de atuação em fruticultura. 
 
André Gustavo Vasconcelos Costa 
Nutricionista (2004). Mestre em Ciência da Nutrição pela Universidade 
Federal de Viçosa (UFV, 2006). Doutor em Ciência e Tecnologia dos 
Alimentos (UFV, 2010). Doutorado Sanduíche no Departamento de 
Ciencias de la Alimentación y Fisiología da Universidad de Navarra 
(UNAV), Espanha. Professor Adjunto do Departamento de Farmácia e 
Nutrição do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do 
Espirito Santo (DFN/CCA/UFES). Desenvolve pesquisas em doenças 
crônicas não transmissíveis, alimentos funcionais, compostos bioativos e 
nutrigenômica. 
 
Aureliano Nogueira da Costa 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (1981), Mestrado em 
Fitotecnia pela UFV (1984), Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas pela 
UFV em 1993, Pesquisador do Incaper, Professor do Programa de Pós-
graduação em Biologia Vegetal da UFES. 
 
Cláudio Dykstra 
Graduado em Engenharia Agrícola na Universidade Estadual do Oeste do 
Paraná – UNIOEST (2003). Tesoureiro da Associação dos Produtores de 
Limão (ASLIM). Coordenador do Grupo EUCAMPO Fruticultura e 
Produtor de Limão Tahiti. 
 
Cláudio Wagner 
Graduado em economia pela Newton de Paiva, pós-graduado em Gestão de 
Negócios pelo IBMEC – MBA, com especialização em Gestão do 
Agronegócios pela UFV, Mestre em Administração de Empresas, pela 
FEAD Minas - linha de pesquisa em Agronegócios. Membro efetivo da 
 
Câmara Técnica de Fruticultura do CEPA/SEAPA e funcionário do 
SEBRAE-MG desde 1999, atualmente na Unidade de Atendimento Coletivo 
Agronegócios, Responsável Técnico pelos projetos de Hortifruticultura e 
Café na Região do Cerrado Mineiro, em Minas Gerais. 
 
Dalmo Lopes de Siqueira 
Graduado em Agronomia pela UFLA, (1981). Mestrado em Agronomia pela 
UFLA (1985). Doutorado pela UFV (1993) e Ph.D pela Universidade 
Politécnica de Valencia-ESP (2000). É professor Titular da UFV atuando na 
área de citricultura e mangicultura. 
 
Dimmy Herllen Silveira Gomes Barbosa 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2000). Mestrado (2003) 
e Doutorado em Produção Vegetal pela UENF (2008). É pesquisador da 
Embrapa Mandioca e Fruticultura, atuando, principalmente, em pesquisa e 
transferência de tecnologias, com mandioca e fruteiras. 
 
Edilson Romais Schmildt 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (1989). Mestrado em 
Fitotecnia pela UFV (1994), Doutorado em Genética e Melhoramento pela 
UFV (2000) e Pós-Doutorado pela UFV (2013) e pela Universidade de 
Almería - Espanha (2014). É professor da UFES/CEUNES atuando em 
ensino universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em 
experimentação vegetal e em melhoramento de frutíferas. 
 
Eliemar Campostrini 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (1991). Mestrado em 
Fisiologia Vegetal pela UFV (1993), Doutorado em Produção Vegetal pela 
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro-UENF (1998) e 
Pós-Doutorado pela UnB (1999) e no USDA-ARS Appalachian Fruit 
Research Station-USA (2008). É professor da UENF atuando em ensino 
universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em fisiologia de 
plantas cultivadas e ecofisiologia vegetal. 
 
Geraldo Antônio Ferreguetti 
 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (1981). NBA em 
gerenciamento de projetos pela FGV (2011). É diretor executivo da Caliman 
Agrícola S.A. 
 
Jadilson Borges 
Graduado em Ciências Econômicas pela UNIMONTES(1.999). Especialista 
em Gestão de Negócios pela UFLA(2.001). Mestre em Administração de 
Empresas pela FEAD(2.007) – Linha de pesquisa – Gestão Estratégica de 
Organizações. Analista técnico do SEBRAE-MG, Professor 
universitário(Empreendedorismo) – Faculdade Vale do Gorutuba. 
 
Jalille Amim Altoé Freitas 
Graduada em Engenharia Agronômica pela UFES (2004). Mestrado em 
Produção Vegetal pela UENF (2006) e Doutorado em Produção Vegetal 
pela UENF (2011). É pós-doutoranda na UENF, com área de atuação em 
fruticultura. 
 
José Augusto Teixeira do Amaral 
Graduado em Engenharia Agronômica pela ESAES, hoje UFES (1976). 
Mestrado em Fisiologia Vegetal pela UFV (1982), Doutorado em Fitotecnia 
pela UFV (1990). É professor da UFES/CCA, atuando em ensino 
universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em biotecnologia e 
ecofisiologia vegetal. 
 
Juliana Cristina Vieccelli 
Graduada em Agronomia pela UFSC (1994). Mestrado em Fitotecnia UFV 
(1997) e Doutorado em Fitotecnia UFV (2014). 
 
Julián Cuevas González 
Graduado em Ciências Biológicas (Botânica) (1985) e Doutorado em 
Produção Vegetal (1992) pela Universidade de Córdoba-Espanha (1985) e 
Pós-Doutorado pela Universidade da California Davis-EUA (1994-1995). 
Atualmente é Catedrático de Fruticultura na Universidade de Almería-
Espanha. Suas pesquisas estão centradas em fisiologia da floração e 
frutificação em cultivos de frutíferas mediterrâneas e tropicais. 
 
Maria das Graças Vaz Tostes 
 
Nutricionista (2003). Mestre em Ciência Biológicas pela Universidade 
Federal de Ouro Preto (UFOP, 2005). Doutor em Ciência da Nutrição (UFV, 
2014). Doutorado Sanduíche na Universidadede Illinois -Urbana-
Champaign, Estados Unidos. Professor Adjunto do Departamento de 
Farmácia e Nutrição do Centro de Ciências Agrárias da Universidade 
Federal do Espirito Santo (DFN/CCA/UFES). Desenvolve pesquisas 
avaliando o valor nutricional e funcional dos alimentos. 
 
Mirelle Lomar Viana 
Nutricionista (2005). Doutorado em Ciências de Alimentos pela 
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, 2010). Professor Adjunto do 
Departamento de Farmácia e Nutrição do Centro de Ciências Agrárias da 
Universidade Federal do Espírito Santo (DFN/CCA/UFES). Desenvolve 
pesquisas avaliando as propriedades funcionais e imunomoduladoras dos 
alimentos. 
 
Moises Zucoloto 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2006). Mestrado em 
Produção Vegetal pela UFES (2009). Doutorado em Fitotecnia UFV (2012) 
e Pós-Doutorado pela Universidade de Illinois-EUA (2014). É professor da 
UFES/CEUNES atuando em ensino universitário, extensão e pesquisa, com 
área de atuação em fruticultura. 
 
Patrícia Gomes de Oliveira Pessanha 
Graduada em Engenharia Agronômica pela UENF (2004). Mestrado em 
Genética e Melhoramento de Plantas pela UENF (2007) e Doutorado em 
Genética e Melhoramento de Plantas pela UENF (2011). É pós-doutoranda 
da UENF, com área de atuação em fruticultura. 
 
Omar Schmildt 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (2000). Mestrado em 
Produção Vegetal pela UFES (2006), Doutorado em Produção Vegetal pela 
UENF (2010) e Pós-Doutorado pela UFES (2011-2014) desenvolvendo sua 
pesquisa com propagação vegetativa do mamoeiro. 
 
Rafael Pio 
 
Graduação em Agronomia pela UFLA (2001). Mestrado em Fitotecnia pela 
UFLA (2002) e Doutorado em Fitotecnia pela USP (2005). É professor da 
UFLA e atua no melhoramento genético e cultural de frutas de clima 
temperado em regiões de inverno ameno. 
 
Rodrigo Sobreira Alexandre 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFES (1999). Mestrado, 
Doutorado em Fitotecnia pela UFV (2002 e 2006, respectivamente) e Pós-
Doutorado pela UFV (2008). É professor da UFES/CCA atuando em ensino 
universitário, extensão e pesquisa, com área de atuação em propagação de 
plantas de espécies frutíferas e florestais. 
 
Rogério Nunes Fernandes 
Graduado em Engenharia Agronômica pela UFV (1998). Pós graduado em 
Gestão Agroindustrial pela UFLA (2002). É analista técnico da área de 
Agronegócios do Sebrae Minas e atua como Coordenador dos projetos 
EDUCAMPO nas áreas de cafeicultura, bovinocultura de leite, fruticultura, 
suinocultura. 
 
Tiago B. Struiving 
Graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa 
- UFV (2013). Mestrando em Produção Vegetal na UFV. É Consultor 
Técnico no Projeto EDUCAMPO/SEBRAE-MG, com área de atuação em 
fruticultura. 
 
Agradecimentos 
 
 
 
À Universidade Federal do Espírito Santo, ao Centro Universitário Norte 
do Espírito Santo e ao Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas pelo 
apoio. 
Aos apoiadores diamante Heringer e Nortefrut, aos apoiadores ouro 
Sociedade Brasileira de Fruticultura, Prefeitura de São Mateus e Sociedade 
Espírito-Santense de Engenheiros Agrônomos e aos apoiadores Defagro, LC 
Comércio Agrícola, Frucafé, Caliman, Defesa, Frutas Santa Rita, Nutrimaq, 
Topseed, Acqua Fertil e SQM Vitas. 
A Sociedade Brasileira de Fruticultura, a Empresa Junior de Agronomia 
(Projagro) e aos estudantes do curso de Agronomia pela organização do 
evento. 
Ao Professor Dr. Fábio Luiz Partelli pelo incentivo e aos demais colegas 
que contribuíram para realização do evento. 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
Situação da Fruticultura Brasileira e Capixaba ................................. 14 
 
CAPÍTULO 2 
Nematoides em Frutíferas ..................................................................... 24 
 
CAPÍTULO 3 
Baixa Produtividade e Alternância de Produção em Mangueira 
‘Ubá’ ........................................................................................................ 49 
 
CAPÍTULO 4 
Controle Fitossanitário em Papaya: O Desafio de Produzir um Fruto 
sem Resíduos .......................................................................................... 65 
 
CAPÍTULO 5 
EDUCAMPO – Semeando o Futuro da Empresa Rural .................... 80 
 
CAPÍTULO 6 
Manejo da Fertirrigação em Fruticultura, Teoria e Prática ............. 94 
 
CAPÍTULO 7 
Cultivo de Fruteiras de Clima Temperado em Regiões de Inverno 
Ameno ................................................................................................... 114 
 
CAPÍTULO 8 
Valor Nutricional das Frutas e Seus Efeitos Sobre a Saúde ............ 143 
 
CAPÍTULO 9 
Propagação Assexuada de Mamoeiro ................................................ 158 
 
CAPÍTULO 10 
Polos de Fruticultura no Estado do Espírito Santo .......................... 177 
13 
 
Apresentação 
 
 
 
Este livro apresenta informações como forma de diversificar e consolidar 
a fruticultura tropical, abordando diversas culturas desde a situação nacional 
e capixaba, os principais problemas enfrentados e as possíveis soluções. 
Também descreve a mais alta tecnologia empregada na cadeia produtiva 
através de informações de autores que são referência em suas áreas e que 
acumularam conhecimento ao longo de vários anos de pesquisa. Ainda, 
servirá como consulta para estudantes, professores, produtores e 
profissionais da área para aprimorarem seus conhecimentos. 
 
 
 
Autores 
 
 
 
14 
 
CAPÍTULO 1 
 
 
 
Situação da Fruticultura Brasileira e Capixaba 
 
 
 
Almy Junior Cordeiro de Carvalho 
Jalille Amim Altoé Freitas 
Patrícia Gomes de Oliveira Pessanha 
 
 
 
Introdução 
A produção de alimentos no Brasil e no mundo tem batido recordes, ano 
após ano. No caso brasileiro, é indiscutível a importância da produção 
agrícola para a economia, com o superávit na balança comercial e a fatia 
representada pela cadeia produtiva do agronegócio no Produto Interno 
Bruto. O País tem tido chances de se firmar como grande celeiro e 
fornecedor mundial de alimentos, assim como ocorre com os Estados 
Unidos. Entretanto, no caso específico das frutas, principalmente para 
consumo ao natural, os avanços obtidos pelo Brasil são muito tímidos ou 
nulos. 
O Brasil é, atualmente, o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás 
apenas da China e da Índia, com um volume de produção estimado em 43,6 
milhões de toneladas. Informações do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF) 
indicam que a fruticultura, com uma área plantada em torno em 2,2 milhões 
de hectares, é responsável por, aproximadamente, 27% da mão de obra de 
toda atividade agrícola do Brasil. No estado do Espírito Santo, a área 
plantada em 2013, segundo dados do IBGE (2015), está próximo a 47 mil 
hectares (ha), sendo que três espécies vegetais, a banana com 22 mil ha, o 
coco anão verde com 11 mil ha e o mamão com seis mil ha, representam 
mais de 82% de toda área plantada com frutas no estado. 
A valorização das frutas como matéria-prima para a indústria e o 
aumento de consumo na forma natural e em pedaços têm proporcionado 
15 
 
mudanças no sistema de produção e de comercialização. Mesmo assim, 
apesar de ocupar o terceiro lugar no ranking mundial de produção de frutas, 
o Brasil tem uma inserção inexpressiva no mercado de frutas frescas do 
mundo. Com o elevado nível de exigência imposto pelos mercados externos 
e dificuldades do produtor brasileiro em atender tais exigências, um dos 
aspectos importantes para o desenvolvimento da fruticultura brasileira é 
implantar políticas que aumente o consumo de frutas no mercado interno. 
O consumo de frutas visando os aspectos funcionais e nutracêuticos 
também é um fator que pode contribuir para a elevação do consumo de 
frutas, pela importância destes compostos no aumento da expectativa de vida 
da população, uma vez que o crescente aparecimento de doenças crônicas 
tem ocasionado uma preocupação com a alimentação (Moraese Colla, 
2006). 
Segundo Reetz et al. (2015), o consumo de fruta ao natural no Brasil está 
em torno de 33 kg habitante-1 ano-1 e o recomendado pela Organização 
Mundial da Saúde, para o consumo de frutas, legumes e hortaliças, gira em 
torno de 150 kg habitante-1 ano-1. Além disso, o consumo brasileiro de frutas 
apresenta baixa variedade, concentrando-se basicamente no consumo de 
bananas e laranjas. Informações emitidas pela FAO (2015), afirmam que a 
banana é a segunda fruta mais consumida no planeta, com 11,4 kg habitante-
1 ano-1, valores menores apenas que os obtidos para laranja, cujo consumo é 
estimado em 12,2 kg habitante-1 ano-1. No caso específico da banana, os 
maiores consumidores são habitantes da América do Sul, com consumo 
estimado em 20 kg habitante-1 ano-1 (FAO, 2015). 
O aumento do consumo de frutas, além de necessário para a ampliação do 
negocio frutícola no Brasil, é fundamental para a saúde humana. Em 
relatório emitido em 2003, a Organização Mundial da Saúde já indicava que 
o baixo consumo de frutas, legumes e verduras está entre os 10 principais 
fatores de risco que contribuem para mortalidade no mundo, aumentando o 
risco de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e 
alguns tipos de câncer. Ressalta-se que estudos recentes indicam que o 
consumo de frutas ao natural, e em pedaços, são mais eficientes na 
promoção da saúde, inclusive na diminuição do diabetes, quando comparado 
ao consumo na forma de sucos (Muraki et al., 2013). Além disso, o consumo 
de néctares e refresco, com baixa ou nenhuma concentração de frutas, não é 
16 
 
o caminho mais adequado para elevar o consumo de frutas pela população 
brasileira. 
Além do necessário avanço no consumo médio de frutas dos brasileiros, 
para viabilizar, de modo mais sustentável, a produção é fundamental que 
tenhamos redução nas perdas pós-colheitas e elevação na produtividade. Os 
níveis de perdas pós-colheita da fruticultura brasileira são muito elevadas, 
com índices maiores entre as fruteiras tropicais. 
Os níveis de exigência do consumidor, não só no Brasil, com relação a 
aparência dos frutos a serem adquiridos, tem provocado elevação substancial 
nas perdas pós-colheita com aumento nos custos de produção. Ressalta-se 
uma pequena lesão ou mancha pode tornar o fruto “imprestável” para a 
comercialização, isso não é sustentável. Neste sentido, programas 
governamentais na Europa tem estimulado o consumo de frutas que, de 
acordo com as regras do comercio, estão fora do padrão e são consideradas 
“feias”, mas que mantem características sanitárias e nutricionais próprias 
para o consumo humano. O consumo destas frutas pode reduzir o custo de 
produção e, como consequência, o preço do produto para o consumidor. 
 
Produção brasileira e capixaba de frutas 
O Brasil tem todas as características para ser um grande produtor e 
grande exportador de frutas. O País apresenta condições edafoclimáticas que 
o permite a produzir as mais diversas espécies de fruteiras desde o extremo 
Sul do Rio Grande do Sul até extremo norte de Roraima, tem uma das 
maiores populações do planeta e uma diversidade de frutas nativas ainda não 
exploradas. Além das frutas tradicionais que o mundo comercializa em 
grande escala, o Brasil tem potencial para ampliar a sua participação no 
comercio de frutas tropicais e nativas tais como açaí, acerola, mangaba, as 
spondias (cajá e outros), buriti, entre diversas outras que apresentam 
propriedades funcionais como atividades antioxidantes, vitaminas, valor 
nutricional e carotenóides importantes na promoção da saúde humana. 
Apesar de ser o terceiro maior produtor de frutas do Mundo, dados do 
IBGE (2015) indicam que nos últimos anos tem-se observado uma 
estagnação, e ate redução, no volume de produção de várias frutas no Brasil 
(Tabela 1). 
Apesar dos graves problemas enfrentados pelos agricultores brasileiros, 
principalmente no manejo dos problemas fitossanitários, com destaque para 
17 
 
as viroses, principal causa na redução da produtividade média em algumas 
regiões do País, a área plantada e a produção do maracujá (Tabela 1) vem 
apresentando incrementos substanciais nos últimos anos. 
Para algumas frutas, o Brasil mantem-se em destaque na produção 
mundial. A citricultura brasileira é a maior do mundo, sendo o Brasil o 
maior produtor mundial, com 18.012.560 MT, o que representa mais que o 
dobro dos Estados Unidos, que é o segundo maior produtor mundial de 
laranja (FAO, 2015). 
Na produção de mamão, com uma produção estimada pela FAO (2015) 
em 1.517.696 MT, o que representa em torno de 13% da produção mundial, 
o Brasil é o segundo maior produtor mundial dessa fruta, perdendo apenas 
para Índia. O País se destaca ainda como o terceiro maior produtor de 
abacaxi, atrás de Tailândia e Costa Rica. 
 
Tabela 1. Estimativa da produção brasileira de algumas frutas no período de 
2004 e 2013 
Fruta 2004 2008 2012 2013 
Abacate (t) 170.534 147.214 159.903 157.482 
Abacaxi (mil frutos) 1.477.299 1.712.365 1.697.734 1.655.887 
Banana (t) 6.583.564 6.998.150 6.902.184 6.892.622 
Coco-da-baía (mil 
frutos) 
2.078.226 2.149.322 1.954.354 1.926.857 
Goiaba (t) 408.283 312.348 345.332 349.615 
Laranja (t) 18.313.717 18.538.084 18.012.560 17.549.536 
Limão (t) 985.623 965.333 1.208.275 1.169.370 
Mamão (t) 1.612.348 1.890.286 1.517.696 1.582.638 
Manga (t) 949.610 1.154.649 1.175.735 1.163.000 
Maracujá (t) 491.619 684.376 776.097 838.244 
Tangerina (t) 1.163.213 1.079.697 959.672 937.819 
Uva (t) 1.291.382 1.421.431 1.514.768 1.439.535 
Fonte: IBGE (2015) 
 
Para a banana, o País é o quinto maior produtor mundial, com uma 
produção estimada em 6.902.184 MT em 2012, o que representa cerca de 
8% da produção mundial, ficando atrás da Índia, China, Filipinas e Equador 
18 
 
(FAO, 2015). Ressalta-se que o Brasil foi, por muitos anos até início da 
década de 80, o maior produtor mundial de bananas e vem, ano após ano, 
perdendo espaço neste mercado. As dificuldades brasileiras para atender as 
exigências do mercado mundial de frutas, aliado ao baixo consumo médio 
no País, tem sido as principais causas desta estagnação. 
O estado do Espírito Santo, com sua localização privilegiada e com as 
características de clima e solo que possui, o que permite cultivo de frutas 
com diferentes demandas, apresenta potencial para o cultivo das mais 
diversas espécies frutícolas que pode estar associadas à elevação da 
demanda do mercado consumidor interno e externo. 
Apesar de todo o potencial, numa tendência semelhante a observada para 
o Brasil, o estado do Espírito Santo apresentou, segundo dados do IBGE 
(2015), redução na produção total de frutas na última década (Tabela 2). 
Esta redução observada está diretamente ligada à produção de mamão, que 
vem diminuindo (Tabela 2). 
 
Tabela 2. Estimativa da produção capixaba de algumas frutas no período de 
2004 e 2013 
Fruta 2004 2008 2012 2013 
Abacate (t) 8.555 2.772 3.154 3.329 
Abacaxi (mil frutos) 31.464 32.029 48.229 50.431 
Banana (t) 170.509 189.734 241.997 248.653 
Coco-da-baía (mil frutos) 165.705 164.520 173.716 173.963 
Goiaba (t) 6.544 9.964 8.069 7.892 
Laranja (t) 25.380 18.497 15.771 15.889 
Limão (t) 18.813 12.595 12.438 12.735 
Mamão (t) 650.678 630.124 484.645 404.720 
Manga (t) 6.201 6.768 13.572 13.544 
Maracujá (t) 81.180 66.396 35.700 47.993 
Tangerina (t) 16.305 15.879 21.761 22.306 
Uva (t) 175 1.061 1.810 1.999 
Fonte: IBGE (2015) 
 
O Espírito Santo vem se destacando na produção de mamão a mais de 
três décadas, chegou a produzir 40% do total brasileiro (Tabela 3), com 
19 
 
índices de produtividade muito superiores à média nacional (Tabela 4). 
Entretanto, tanto a participação capixaba na produção brasileira vem caindo 
quanto a produtividade, que chegou a ter média de 87.000 kg ha-1 no final da 
década de 90, atualmente está em torno de 67.000 kg ha-1.Entre os principais gargalos observados no processo produtivo e que vem 
provocando dificuldades na produção de mamão no estado do Espírito Santo 
destacam as dificuldades no manejo fitossanitário (incluindo o baixo número 
de agroquímicos registrados para o controle de pragas e doenças), a 
inconstância da precipitação pluviométrica e uso de sistemas de irrigação 
que distribuem volumes hídricos muito maiores que as necessidades da 
planta, as dificuldades para atender os níveis de exigência estabelecidos 
pelos mercados internacionais, o que torna o processo produtivo 
extremamente oneroso e de elevado risco, a perda de áreas consideradas 
nobres que no passado eram cultivadas com o mamoeiro e atualmente foram 
substituídas por café ou mesmo eucalipto, as dificuldades com relação a 
qualidade, a quantidade e o custo da mão-de-obra e, ainda, a presença de 
diferentes agentes no processo de comercialização, o que reduz a 
lucratividade dos produtores. 
 
Tabela 3. Proporção (%) da produção de frutas do estado do Espírito Santo 
em relação ao total produzido no Brasil de 2004 a 2013 
Fruta 2004 2008 2012 2013 
Abacaxi 2,13 1,87 2,84 3,05 
Banana 2,59 2,71 3,51 3,61 
Coco-da-baía 7,97 7,65 8,89 9,03 
Goiaba 1,60 3,19 2,34 2,26 
Laranja 0,14 0,10 0,09 0,09 
Limão 1,91 1,30 1,03 1,09 
Mamão 40,36 33,33 31,93 25,57 
Manga 0,65 0,59 1,15 1,16 
Maracujá 16,51 9,70 4,60 5,73 
Tangerina 1,40 1,47 2,27 2,38 
Uva 0,01 0,07 0,12 0,14 
Fonte: IBGE (2015) 
20 
 
Apesar dos problemas enfrentados na produção capixaba de mamão e 
maracujá, o estado vem apresentando avanços consistentes na produção do 
abacaxi, da banana e da manga (Tabela 2). No caso específico da banana, 
verifica-se que nos últimos anos incrementos na produtividade média que 
gira em torno de 35% (Tabela 3). 
 
Tabela 4. Produtividade média de algumas frutas no Brasil e no estado do 
Espírito entre 2004 e 2013 
Fruta Local 2004 2008 2012 2013 
Abacate 
(kg h-1) 
Brasil 14.290 15.573 16.712 16.296 
ES 11.965 10.744 11.992 12.062 
Abacaxi 
(kg h-1) 
Brasil 24.969 25.952 25.919 25.919 
ES 20.564 18.428 22.144 22.144 
Banana 
(kg h-1) 
Brasil 13.407 13.639 14.346 14.209 
ES 8.659 9.482 11.335 11.410 
Coco-da-baía 
(frutos ha-1) 
Brasil 7.285 7.488 7.583 7.484 
ES 14.289 14.707 15.907 16.198 
Laranja 
(kg h-1) 
Brasil 22.246 22.158 24.689 24.992 
ES 11.225 10.276 12.617 12.762 
Limão 
(kg h-1) 
Brasil 20.299 21.978 25.518 25.594 
ES 21.599 21.420 22.053 22.071 
Mamão 
(kg h-1) 
Brasil 46.809 51.668 48.473 49.474 
ES 65.938 79.002 68.501 67.747 
Manga 
(kg h-1) 
Brasil 13.640 15.602 16.038 16.526 
ES 14.157 14.554 13.821 13.626 
Maracujá 
(kg h-1) 
Brasil 13.441 14.037 13.416 14.635 
ES 25.032 27.334 25.702 23.973 
Tangerina 
(kg h-1) 
Brasil 18.492 20.034 18.512 18.508 
ES 19.114 18.550 20.745 20.886 
Fonte: IBGE (2015) 
 
Comportamento semelhante aos verificados na produção capixaba de 
mamão tem sido observado para o maracujá (Tabelas 2 e 3). Esta cultura 
tem no estado níveis de produtividade média maiores que aquelas 
21 
 
observadas para o Brasil (Tabela 4). Entretanto, os sérios problemas que os 
produtores estão enfrentando no manejo de pragas e doenças, principalmente 
aquelas provocadas pelo ataque de vírus, promoveu redução substancial na 
área plantada e no volume de produção (Tabela 2), onde a participação do 
estado na produção nacional reduziu de 16,5% para 5,73% no período de 
2004 a 2013 (Tabela 3). 
 
Exportações Brasileiras de frutas 
Apesar do elevado potencial brasileiro para produção de frutas, de todas 
as vantagens advindas da posição geográfica do País, das condições 
edafoclimáticas, do emergente mercado consumidor interno, a participação 
brasileira no mercado mundial de frutas é muito pequena. Segundo o 
MAPA, o Brasil participou, em 2012, com 7,6% do mercado agrícola 
mundial e com apenas 0,87% quando se referem apenas à frutas frescas. 
Informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior do Brasil, indicam que após um acréscimo consistente nas 
exportações brasileiras no período compreendido entre 2000 e 2008, onde o 
Brasil triplicou (de US$ 387 milhões para US$ 1.033 milhões) o valor 
monetário obtido com exportação no período, o que se verifica, a partir de 
2008, é uma redução do valor financeiro obtido com exportações de frutas. 
Em contrapartida, os recursos gastos pelo País com importações no período 
entre 2000 e 2013 aumentaram de US$ 212 milhões para US$ 856 milhões. 
A tendência demonstrada é um déficit na balança comercial de frutas no 
comercio exterior brasileiro, o que pode ser minimizado com as recentes 
elevações da moeda americana frente à brasileira nos anos de 2014/2015. 
Entre as frutas brasileiras, as que têm melhor participação no mercado 
mundial são os melões, com 8,5% do mercado mundial e mangas, com 7,3% 
e 7,1% em castanha de caju. No caso da banana, por exemplo, num 
mercado mundial estimado em US$ 12,8 bilhões, a participação brasileira 
era de 0,27% em 2013. Este percentual é de 0,7% na maçã e de 0,2% em 
laranjas ao natural. Em volume total exportado, em 2013, os valores são: os 
melões, com 191.413 t, mangas, com 122.009 t, bananas, com 99.216 t e 
maçãs, com 85.437 t, limões e limas com 78.603 t e mamões, com 28.561 t. 
(33.688 t em 2014). Quanto às importações, em 2013 os resultados são: 
pera, com 189.866 t, maçã, com 93.972 t e uvas, com 57.558 t. 
22 
 
Entre os principais desafios brasileiros para ampliar a sua participação no 
mercado mundial de frutas, alguns pontos podem ser destacados. Existem, 
por parte dos grandes mercados consumidores, além de barreiras tarifárias 
que encarecem os nossos produtos, as barreiras não tarifarias oriundas de 
exigências para evitar o ingresso de algumas pragas em outros Países e do 
desconhecimento de LMR (Limites Máximos de Resíduos) de agroquímicos 
permitido para várias frutas e para diferentes princípios ativos. Isso é ainda 
mais complicado quando se avalia o que é conhecido no mercado como 
minor crops, que são espécies vegetais de baixa demanda no mercado 
mundial, entre elas várias fruteiras tropicais brasileiras. Para estas espécies 
vegetais possuem poucas alternativas de princípios ativos registrados para o 
manejo fitossanitário das lavouras, o que dificulta a comercialização no 
mercado mundial. Não se pode negligenciar os níveis de exigência que os 
mercados mundiais (consumidores) impõem à aparência das frutas. 
 
Conclusão 
A ciência tem apontado caminhos para avanços no processo produtivo, 
mas para a grande maioria dos agricultores estas indicações ainda não estão 
sendo praticadas. Dois casos chamam bastante atenção: a aplicação correta 
no manejo agronômico, que promoveria aumentos substanciais na 
produtividade agrícola e os procedimentos apropriados no circuito que vai 
da colheita à mesa do consumidor, cuja ausência ou precariedade provoca 
perdas superiores a 30%, podendo chegar a mais de 50% como no caso da 
banana. Algumas estimativas indicam que a maior parte destas perdas ocorre 
durante o manuseio e, principalmente, no transporte dos produtos. 
As tecnologias existentes, se corretamente aplicadas, podem ampliar a 
produtividade e os ganhos econômicos e melhorar a exploração da 
fruticultura. De qualquer modo, algumas ações são fundamentais para 
promover avanços consistentes na fruticultura brasileira e capixaba: 
 O aumento do consumo de frutas no mercado interno brasileiro e 
mecanismos que reduzam as perdas pós-colheitas, incluindo o 
consumo de frutos atualmente considerados inadequados, em função 
da presença de pequenos defeitos, é primordial para o avanço do 
agronegócio na área; 
23 
 
 Acordos bilaterais ou regionais que permitam maior participação 
brasileira no mercado internacional de frutas. Divulgar ainda mais a 
fruta brasileira no exterior; 
 Urgência no desenvolvimento de técnicas que permitam maiorautomação da fruticultura brasileira, principalmente a tropical; 
 Aumentar as opções de produtos/técnicas para controle de pragas e 
doenças, buscando principalmente controle biológico. Dificuldades 
no controle de moléstias em culturas de menor interesse econômico 
mundial dificultam avanços com diversas espécies vegetais; 
 Desenvolvimento de cultivares resistentes/tolerantes ao ataque de 
patógenos precisa ser o foco principal da ciência brasileira; 
 Implantação de procedimentos que permitam o manejo mais 
eficiente dos recursos hídricos existentes para irrigação. 
 
Referências 
FAO (2015). Food and Agriculture Organization of the United Nations. 
http://faostat.fao.org/site/339/de¬fault.aspx>. Acesso em: 10 abril. 2015. 
IBGE (2015). Produção Agrícola Municipal 2013. 
http://www.sidra.ibge.gov.br/ Acesso em: 23 abril de 2015. 
MORAES, F.P.; COLLA, L.M. Alimentos funcionais e nutracêuticos: 
definições, legislação e benefícios à saúde. Revista Eletrônica de 
Farmácia. v.3, n.2, p.109-122, 2006. 
MURAKI, I.; IMAMURA, F.; MANSON, J.E.; HU, F.B.; WILLETT, W.C.; 
van DAM, R.M.; SUN, Q. Fruit consumption and risk of type 2 diabetes: 
results from three prospective longitudinal cohort studies. British Medical 
Journal. p.1-15. http://dx.doi.org/10.1136/bmj.f5001. 2013: 
REETZ, E.R.; KIST, B.B.; SANTOS, C.E. DOS; CARVALHO, C.; DRUM, 
M. Anuário Brasileiro da Fruticultura 2014. Gazeta Santa Cruz, Santa 
Cruz do Sul. 104p. 2015. 
24 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
 
Nematoides em Frutíferas 
 
 
 
Dimmy Herllen Silveira Gomes Barbosa 
 
 
 
Introdução 
Entre as principais limitações ao aumento da produtividade agrícola em 
todo o mundo estão os nematoides fitoparasitos. De fato, estimativas 
indicam perdas de produção média em torno de 12% nas principais culturas, 
o que em 1994 totalizava cerca de 80 bilhões de dólares (Barker et al., 
1994). Os fitonematoides têm uma ação espoliadora sobre as plantas 
hospedeiras, sendo o dano variável com a espécie, o nível populacional, o 
hospedeiro e as condições ambientais, dentre outros fatores. Além das 
deformações anatômicas dos tecidos dos hospedeiros, muitos dos principais 
processos fisiológicos, como respiração, fotossíntese, absorção e 
translocação de água e nutrientes e balanço hormonal, podem ser afetados 
direta ou indiretamente pelo parasitismo por nematoides (Wang e 
Bergeson,1974). Consequentemente, as plantas podem apresentar desfolha, 
murcha, queda acentuada na produção, amarelecimento, crescimento 
reduzido ou nanismo, clorose e sintomas de deficiências nutricionais 
(Moreira & Sharma, 2001; Gomes et al., 2008); dentre outros sintomas. 
Os nematoides fitoparasitas (ou fitonematoides) são microrganismos 
tipicamente vermiformes que habitam o solo e atacam as plantas 
(geralmente as raízes ou outros órgãos subterrâneos). Sua disseminação é 
altamente dependente do homem, seja por meio de mudas contaminadas 
(material propagativo), deslocamento de equipamentos de áreas 
contaminadas para áreas sadias, trafego de trabalhadores e animais, 
escoamento de água de chuva ou de irrigação. 
25 
 
No Brasil, encontram-se amplamente disseminados, sendo responsáveis 
pela redução na produção e no valor comercial de diversos produtos 
agrícolas, entre eles as frutíferas (Campos et al., 2002). Estes patógenos 
causam danos consideráveis às raízes das plantas, diminuindo a eficiência 
das adubações pela redução da absorção de nutrientes. 
 
Principais fitonematoides das frutíferas: Abacaxi, Banana, Citros, 
Goiaba, Mamão e Maracujá 
Abacaxizeiro 
Há relatos de mais de 100 espécies de fitonematoides associadas ao 
sistema radicular do abacaxizeiro (Sipes et al., 2005), porém a 
patogenicidade da maioria das espécies encontradas é ainda pouco 
conhecida. Os nematoides mais danosos ao abacaxizeiro são Pratylenchus 
brachyurus, Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita e Rotylenchulus 
reniformis. Dependendo do nível populacional no solo e raízes, estes 
nematoides causam redução no peso dos frutos e, consequentemente, queda 
na qualificação e no valor de venda desses (Caswell et al., 1990). Estudos 
indicam que esses patógenos podem causar perdas de até 74% da produção 
(Costa & Matos, 2000; Sipes et al., 2005). 
As plantas apresentam sistema radicular reduzido, folhas cloróticas, 
estreitas e de tamanho reduzido. Consequentemente, a produção é retardada 
e com frutos de baixo peso e valor comercial reduzido (Arieira et al., 2008). 
Além das reduções de produtividade causadas pelos nematoides, em 
muitas regiões produtoras tem se verificado o co-parasitismo entre estes 
parasitos e a cochonilha Dysmicoccus brevipes, o que pode dificultar a 
diagnose, acentuar os sintomas, reduzir a eficiência de medidas de controle e 
incrementar os danos. 
Pratylenchus brachyurus é um endoparasita migrador, normalmente 
encontrado no interior das plantas. Os ferimentos resultantes da penetração 
do nematoide causam lesões necróticas evidentes ao longo das raízes, que 
coalescem, matando todo sistema radicular (Tihohod, 1997). Além disso, 
constituem-se em porta de entrada para infecções secundárias por outros 
organismos (fungos e bactérias) que causam a destruição do sistema 
radicular. As raízes primárias e secundárias são destruídas e a planta exibe 
um sistema radicular pobre. Sintomas gerais no campo de ataque por P. 
brachyurus são semelhantes aos causados por outros nematoides. Entre eles 
26 
 
podem ser citados: sistema radicular necrosado e pobre, redução do 
crescimento das plantas provocando reboleiras, coloração amarelada e 
avermelhada das folhas e perda de turgescência da folha com murchamento 
das pontas, lembrando sintoma de deficiência nutricional ou estresse hídrico, 
prolongamento do estádio vegetativo, diminuição do peso de frutos, da 
produção, e em casos mais severos, a morte da planta (Ferraz & Zem, 1982). 
No Brasil foi observada a sua presença em várias regiões produtoras, 
sobretudo nos Estados de Minas Gerais, Paraíba, Bahia, Sergipe e Rio de 
Janeiro (Manso et al., 1994). 
A ocorrência de P. brachyurus é mais frequente em regiões de baixa 
altitude, ocasionando danos econômicos consideráveis. Esses nematoides 
podem sobreviver de um ciclo para outro da cultura em restos de raízes no 
solo, por 20 a 22 meses. Na ausência de restos de raízes, sua sobrevivência 
se limita a 07 meses (Sipes et al., 2005). Sob condições climáticas adversas, 
outros fitonematoides, como Helicotylenchus sp., Rotylenchulus reniformis e 
Criconemella sp. predominam na rizosfera do abacaxizeiro. 
Apesar da patogenicidade já comprovada deste nematoide, existem 
poucos estudos sobre nível de dano. Contudo, levantamentos em vários 
Estados brasileiros detectaram todas as principais espécies parasitas do 
abacaxizeiro em níveis populacionais mais elevados, como Cavalcante et al. 
(1984), que observaram densidades de Pratylenchus sp. de até 34.200 
espécimes/100 g de raiz. 
No Estado de Sergipe, observaram-se perdas causadas por P. brachyurus, 
em áreas anteriormente cultivadas com cana de açúcar, de até 52% da 
produção (Costa e Matos, 2000). 
A espécie Pratylenchus zeae também está associada à rizosfera do 
abacaxizeiro. No entanto, sua patogenicidade a essa cultura ainda não foi 
comprovada (Sipes et al., 2005). 
Os nematoides das galhas (Meloidogyne spp.) são endoparasitas 
sedentários, cujos estádios juvenis (J2) vermiformes penetram nas raízes do 
abacaxizeiro, localizando-se perto do cilindro central e injetando toxinas. 
Provocam, assim, o crescimento anormal dos tecidos. A infecção ocorre nas 
pontas das raízes, pelas larvas, resultando na formação de galhas, 
apresentando numerosos fendilhamentos. Infestações severas limitam a 
capacidade de absorção de nutrientes pelas raízes, afetando o 
desenvolvimento das plantas (Rohrbach & Apt et al., 1986). Os machos são 
27 
 
vermiformes e emergem das raízes, tendo pouca ou nenhuma importânciana 
reprodução. 
O sintoma típico causado pelo ataque desses nematoides é a formação de 
galhas radiculares. Além disso, podem ser observados redução do 
comprimento das raízes, a produção exagerada de raízes secundárias, a 
diminuição do peso da folha, o florescimento precoce e a diminuição do 
peso do fruto. 
O abacaxizeiro é bastante suscetível a Meloidogyne javanica e 
Meloidogyne incognita, havendo relatos de danos severos causados por 
esses fitonematoides em vários países como Austrália, África do Sul, Costa 
do Marfim, Estados Unidos, México, Porto Rico, Tailândia e Zimbábue 
(Guérout,1965; Ayala, 1969; Rohrbach & Apt, 1986). 
No Brasil, dentre as espécies de Meloidogyne que atacam o abacaxizeiro, 
M. javanica é a mais importante. A espécie M. incognita ocorre em algumas 
áreas produtoras de abacaxi, mas não tem grande importância econômica 
(Ploetz et al., 1994). 
Rotylenchulus reniformis é um dos principais problemas fitopatológicos 
da abacaxicultura. Esses nematoides estão amplamente distribuídos, 
parasitando o abacaxizeiro em diversos países de clima tropical e subtropical 
(Sipes et al., 2005). 
Plantas atacadas exibem um sistema radicular subdesenvolvido, 
apresentando a formação de um emaranhado de radicelas, além de o solo 
ficar aderido, devido à massa gelatinosa de ovos depositados pela fêmea 
(Ferraz & Zem, 1982). Como sintomas reflexos no campo são observados 
amarelecimento, redução de crescimento, tamanho desigual de frutos e 
reboleira de plantas mortas (Caswell et al., 1990). 
Durante o desenvolvimento das mudas o nível populacional se mantém 
alto, podendo ocorrer redução durante a fase de florescimento. De acordo 
com Radovich et al. (2004), este fato pode estar relacionado a inibidores de 
protease no sistema radicular do abacaxizeiro. 
No Havaí, no México, na África do Sul e nas Filipinas, M. javanica e R. 
reniformis causam danos severos em plantas de abacaxi. Plantas infectadas 
por M. javanica reduzem o crescimento em 10% quando comparadas às 
plantas sadias, enquanto R. reniformis causa tombamento e colapso das 
socas. 
28 
 
O estudo da interação de fitonematoides (Pratylenchus brachyurus, 
Helicotylenchus sp., Meloidogyne javanica, Rotylenchulus reniformis) e a 
cochonilha (Dysmicoccus brevipes) em plantas de abacaxizeiro BRS Vitória 
em condições de microparcelas na Região Norte Fluminense foi realizado 
por Ferreira (2014). O autor verificou que 16 meses após a inoculação a 
associação do parasitismo dos fitonematoides com a murcha do abacaxizeiro 
causou sintomas na parte aérea mais severos do que aqueles causados por 
esses agentes individualmente, sugerindo uma interação entre esses agentes 
para criar um quadro sintomatológico que, usualmente, é atribuído a esses 
agentes etiológicos individualmente. Além disso, as plantas parasitadas ou 
co-parasitadas apresentaram raízes necrosadas, redução na massa fresca de 
raízes (até 88%), massa fresca e largura da Folha-D, comprimento dos 
frutos, massa dos frutos (até 34,6%) e largura dos frutos. Em alguns 
tratamentos (combinações), houve atraso na maturação dos frutos, redução 
do número e peso de propágulos por planta e morte de até 40% das plantas. 
 
Bananeira 
A bananeira é hospedeira de uma gama variada de importantes 
nematoides, com destaque para o nematoide cavernícola (Radopholus 
similis), os nematoides causadores de galhas radiculares do gênero 
Meloidogyne (M.incognita, M.javanica e M. arenaria), o nematoide 
espiralado (Helicotylenchus multicinctus), o nematoide reniforme 
(Rotylenchulus reniformis) e o nematoide de lesões radiculares 
(Pratylenchus coffeae) (Gowen & Quénéhervé, 1990). Dentre os 
fitonematoides parasitas da cultura, os gêneros Meloidogyne e Radopholus 
são os que causam as maiores peras e estão amplamente distribuídos nas 
regiões produtoras. 
O parasitismo dos nematoides reflete negativamente em aspectos 
relativos à produção da planta, como atraso na emissão do pendão floral, 
formação de menor número de cachos, menor peso médio dos cachos e 
menor rendimento por área. Além das perdas quantitativas e qualitativas, 
existem perdas indiretas, como maiores gastos com fertilizantes para 
compensar a redução do crescimento da planta, maiores investimentos com 
outros insumos e mão de obra para evitar o tombamento de plantas e obter 
aumento na produção. 
29 
 
Os nematoides se destacam como um dos principais patógenos da 
bananeira devido a sua ampla disseminação em todo o mundo. As perdas 
causadas podem ser consideradas elevadas, na ausência de práticas de 
controle podem chegar a 100%. Os nematoides atacam todo o sistema 
radicular e o rizoma, influenciando negativamente a sustentação e a 
absorção de nutrientes, afetando, dessa forma, a produção da planta (Speijer 
& De Waele, 1997). 
Os danos causados pelos fitonematoides podem ser confundidos ou 
agravados com outros problemas de ordem fisiológica, como estresse 
hídrico, deficiência nutricional ou pela ocorrência de pragas e doenças de 
origem virótica, bacteriana ou fúngica, devido à redução da capacidade de 
absorver água e nutrientes, pelo sistema radicular. 
Entre as espécies de nematoides das galhas, Meloidogyne incognita e M. 
javanica são as que ocorrem com frequência em todos os Estados brasileiros 
onde se cultivam bananeiras. Plantas atacadas apresentam redução na 
longevidade, queda no vigor, as folhas ficam pequenas, o cacho não atinge a 
massa ideal, o sistema radicular apresenta-se pobre em raízes levando ao 
tombamento da planta na fase produtiva (Rossi, 2002), podendo levar a 
perda de até 100% da produção, principalmente de bananeiras do subgrupo 
Cavendish. 
Quando a população desses nematoides é baixa, a presença do nematoide 
será observada em longo prazo, quando as plantas apresentarem redução na 
longevidade, queda no vigor, diminuição da produção com menor massa nos 
cachos. Com altas infestações, as plantas não se desenvolvem, as folhas 
ficam pequenas, o cacho não atinge a massa ideal, o sistema radicular 
apresenta-se pobre em raízes levando ao tombamento da planta na fase 
produtiva (Rossi, 2002). 
A destruição dos tecidos das raízes das plantas afeta a absorção de água e 
nutrientes e enfraquece o sistema de ancoragem da planta. 
Consequentemente, as plantas podem apresentar crescimento reduzido, 
reduzido número e tamanho de folhas, redução do peso do cacho e da vida 
produtiva, prolongamento do ciclo vegetativo e consequente aumento do 
período entre colheitas, diminuição na emissão de raízes e tombamento das 
plantas. São frequentes os casos de tombamento de plantas pela ação do 
vento ou pelo peso do próprio cacho, podendo levar a perda de até 100% da 
produção, principalmente de bananeiras do subgrupo Cavendish. 
30 
 
Espécies de Meloidogyne são conhecidas pela sua alta variabilidade 
genética, sendo que algumas espécies são altamente polífagas, com mais de 
300 espécies de hospedeiros (Trudgill e Blok, 2001) enquanto outras têm 
uma gama de hospedeiras restrita. Diante deste quadro, as espécies de 
Meloidogyne podem ser consideradas de grande importância para a 
bananicultura brasileira. 
Radopholus similis é considerado o principal nematoide da bananeira, 
ocorrendo na maioria das regiões produtoras do mundo e destacando-se em 
função dos danos causados e pela sua ampla distribuição. Esse parasita 
caracteriza pela colonização do córtex das raízes e rizoma causando lesões e 
cavidades marrom-avermelhadas que evoluem para necrose, podendo 
estender-se para todo o córtex, sem atingir o cilindro central. Essas necroses 
são portas de entradas para outros microrganismos e com isso em uma etapa 
posterior compromete o cilindro central tornando a raiz fraca e quebradiça. 
Aliado a isso, ao movimentar-se e ferir os tecidos das raízes e rizomas, o 
nematoide cavernícola pode favorecer a entrada de fungos, como Fusarium 
oxysporum f.sp. cubense, causador domal-do-Panamá (uma das principais 
doenças da cultura). 
O ciclo de hospedeiros de R. similis inclui, além da bananeira, plantas de 
várias famílias botânicas, destacando-se cana-de-açúcar, milho, café e 
algumas ornamentais, chá e gengibre. No entanto, no Brasil, causa prejuízos 
apenas na bananeira e na fruteira-do-conde (Campos et al., 2002). Outra 
espécie de nematoide importante para a cultura da bananeira é 
Helicotylenchus multicinctus, também conhecido como nematoide 
espiralado. Os sintomas causados consistem de pequenas lesões 
acastanhadas com aparência de pontuações superficiais, principalmente nas 
raízes mais grossas. Em condições de intenso ataque, podem coalescer, 
dando um aspecto necrosado às raízes. 
Pratylenchus coffeae, pertence ao grupo dos nematoides das lesões 
radiculares, também tem sido associado a prejuízos na bananicultura. As 
lesões causadas por P. coffeae apresentam-se menos extensas e evoluem de 
maneira mais lenta, quando comparadas às originadas por R. similis. 
Possuem distribuição mais restrita do que H. multicinctus, sendo encontrado 
nas regiões produtoras em apenas 2,5% das amostras (Cordeiro & Kimati, 
1997). 
 
31 
 
Citros 
No Brasil, apenas o nematoide dos citros (Tylenchulus semipenetrans) e o 
nematoide das lesões radiculares dos citros (Pratylenchus jaehni) podem ser 
considerados nematoides-chave para a citricultura. Para outras regiões do 
mundo são citadas cerca de uma dezena de espécies causadoras de prejuízos 
aos citricultores. 
Os prejuízos causados variam entre plantações e dependem, 
principalmente, do nível populacional, tratos culturais e da susceptibilidade 
do porta-enxerto. Muitas vezes, devido aos tratos culturais inadequados, a 
infestação de nematoides é quase despercebida ou desconhecida pelos 
agricultores, sendo frequentemente confundida com má nutrição das plantas 
associada às condições de baixa fertilidade do solo. 
Tylenchulus semipenetrans causa a doença referida como “declínio lento 
dos citros”. A principal consequência da infestação de pomares por esses 
nematoides é a redução no desenvolvimento das árvores infectadas, de tal 
forma que, com o passar dos anos, essas são menores e menos produtivas. 
Além disso, exibem ramos mais finos, menor massa foliar, em geral com o 
verde menos intenso que plantas sadias, e frutos menores. Em períodos 
prolongados de déficit hídrico pode haver considerável queda de folhas e até 
morte de plantas. 
A suscetibilidade do porta-enxerto, densidade populacional, idade e 
sanidade das plantas são importantes para determinar as perdas causadas por 
T. semipenetrans. Verdejo-Lucas & McKenry (2004) mencionaram que, em 
diferentes estudos, as perdas causadas por T. semipenetrans em citros foram 
estimadas em 10 a 30%, dependendo do nível de infecção. 
O nematoide das lesões radiculares dos citros (Pratylenchus jaehni) foi 
descrito em 2001, a partir de uma população coletada em Itápolis – SP. Em 
viveiros e plantas mais novas, Pratylenchus jaehni aparenta ser mais 
agressivo que T. semipenetrans, prejudicando o desenvolvimento das mudas, 
que apresentam menor taxa de crescimento. A ocorrência de sintomas nos 
pomares, geralmente se dá em reboleiras. Inicialmente, as plantas 
apresentam folhas na tonalidade verde-palha, redução na densidade da 
massa foliar, os ramos ficam mais finos e folhas e frutos menores que em 
uma planta sadia. Em condições de déficit hídrico acentuado, ocorre queda 
de folhas, podendo haver morte de plantas devido à acentuada destruição de 
radicelas. 
32 
 
 
Goiabeira 
A goiabeira é uma eficiente planta hospedeira para nematoides. Há 
citações na literatura mundial de 72 espécies associadas a essa fruteira 
(McSorley, 1992), sendo Meloidogyne o principal gênero daninho às 
goiabeiras (Cohn & Duncan, 1990). 
Doenças causadas por nematoides na goiabeira não eram conhecidas 
pelos produtores até recentemente. O primeiro registro ocorreu na Ásia em 
1985. Atualmente, sabe-se que tais parasitas são fatores limitantes da 
produção e da qualidade de frutos de goiaba em várias partes do mundo 
(Barbosa, 2001). 
Em goiabeiras, a espécie que causa maiores perdas é Meloidogyne 
enterolobii Yang and Eisenback, 1983 (sin. M. mayaguensis Rammah & 
Hirschmann, 1988) foi descrito na China parasitando Enterolobium 
contortisiliquum (Vell.), mas já foi relatado em diversos hospedeiros 
selvagens e cultivados em vários países. Na goiabeira, O nematoide infecta 
todos os tipos de raízes, desde as radicelas superficiais até a raiz pivotante 
mais lignificada, localizada a mais de 50 cm de profundidade. 
Este nematoide foi assinalado pela primeira vez em 2001, nos municípios 
de Petrolina-PE, Curaçá e Maniçoba-BA, causando danos severos em 
plantios comerciais de goiabeira (Carneiro et al., 2001). Em seguida o 
patógeno foi identificado em diversas regiões do Brasil: nos Estados do Rio 
de Janeiro (Lima et al., 2003), de São Paulo (Almeida et al., 2006; Torres et 
al., 2005), do Rio Grande do Norte (Torres et al., 2005), do Ceará (Torres et 
al., 2005), do Espírito Santo (Lima et al., 2007), do Paraná (Carneiro et al., 
2006c), do Mato Grosso (Soares et al., 2007), do Mato Grosso do Sul 
(Asmus et al., 2007), de Santa Catarina (Gomes et al., 2008), do Rio Grande 
do Sul (Gomes et al., 2008) e no Vale do Sub-Médio São Francisco (Moreira 
et al., 2003a; Moreira et al., 2003b). 
Em diversas cultivares de goiabeira, o parasitismo por esse nematoide 
está associado a um declínio generalizado da planta, com sintomas nas 
raízes (galhas e apodrecimento) e reflexos na parte aérea (bronzeamento, 
amarelecimento, queima dos bordos e queda das folhas), com frequência 
advindo a morte da planta (Souza et al., 2007; Gomes, 2007; Gomes et al., 
2011). Tais sintomas podem estar associados a processos já relatados em 
outros patossistemas envolvendo Meloidogyne spp., tais como a obliteração 
33 
 
de vasos condutores, alteração no padrão de absorção e / ou translocação de 
água e de nutrientes, alterações fisiológicas e predisposição da planta a 
patógenos secundários (Melakeberhan & Webster, 1993). 
Gomes et al. (2011) comprovaram que a associação sinergística entre M. 
enterolobii e Fusarium solani (Mart.) Sacc causa uma doença complexa - o 
declínio da goiabeira - cujos sintomas são apodrecimento progressivo do 
sistema radicular, queima dos bordos das folhas, amarelecimento e queda 
das folhas e morte da planta. A doença é causada pelo efeito sinérgico 
desses organismos, onde o parasitismo pelo nematoide predispõe as plantas 
à podridão da raiz causada pelo fungo 
Prejuízos relacionados a meloidoginose na goiabeira são variáveis, 
havendo constatação de perdas de até 100 % da produção. Dos 6 mil 
hectares que eram cultivados com goiabeiras no perímetro irrigado pela 
Codevasf na Região de Petrolina - PE, cerca de 4.500 já foram dizimados 
por este nematoide, havendo uma estimativa de que cerca de 10% dos 
plantios são perdidos anualmente nesta região (Carneiro, 2007). Na região 
de São João da Barra (RJ), em áreas irrigadas e de solo arenoso praticamente 
todos os produtores de goiaba já sofreram perdas econômicas, sendo que 
alguns optaram pela erradicação dos pomares e mudança de atividade (Lima 
et al., 2003). As perdas econômicas diretas devido a esta doença foram 
calculadas em mais de R$ 112 milhões (Pereira et al., 2009). 
 
Mamoeiro 
A cultura do mamoeiro pode ter sua produtividade afetada pelo ataque de 
fitonematoides, situação que pode se agravar pelo fato de que eles não são 
facilmente detectados pelo agricultor. Dentre as espécies destes nematoides 
associadas ao mamoeiro citam-se: Meloidogyne arenaria, M. hapla, M. 
incognita, M. javanica, Rotylenchulus. reniformis e R. parvus, que são as 
mais comuns em cultivos de mamão. Porém, somente as espécies M. 
incognita, M. javanica e R. reniformis são consideradas de maior 
agressividade. 
As perdas naprodução causadas por fitonematoides não têm sido 
devidamente quantificadas. De maneira geral, no campo, estão associadas à 
redução da vida útil da planta e à queda brusca na produção (Cohn e 
Duncan, 1990). 
 
34 
 
Maracujazeiro 
A cultura do maracujá apresenta baixa produtividade devido, 
principalmente, à presença de doenças causadas por patógenos do solo, 
como os nematoides fitoparasitas (Junqueira et al., 1999; Bruckner, 2001). 
Na literatura nematológica, encontram-se diversos relatos de associações 
entre fitonematoides e o maracujazeiro, especialmente Passiflora edulis e P. 
edulis f. flavicarpa. Dentre as diversas espécies de nematoides associadas à 
cultura do maracujazeiro, somente as espécies Meloidogyne spp. (M. 
incognita é a mais importante) e Rotylenchulus reniformis, representam 
perdas econômicas na cultura, pois levam a uma limitação na produção dos 
frutos e redução na longevidade da planta (Sharma et al., 2004). A formação 
de galhas nas raízes das plantas leva à clorose na parte aérea e nanismo nas 
plantas (Silva Junior et al., 1988). 
Os nematoides constituem-se num fator limitante para muitas culturas e a 
falta de pesquisas sobre esse parasita na cultura do maracujá leva a uma 
situação de incerteza sobre os reais danos à sua produção. 
 
Táticas de manejo de fitonematoides em frutíferas 
O controle dos nematoides tem chances de sucesso apenas no contexto do 
manejo integrado, no qual se devem considerar as espécies de nematoides 
presentes, as condições de condução e produtividade da lavoura, destino e 
lucratividade da produção e nível tecnológico do agricultor (Campos et al., 
2002). 
A amostragem da população do nematoide no campo possibilita 
determinar as espécies presentes e verificar a suscetibilidade da cultura a 
estes parasitos. Conhecendo-se o nível de infestação objetiva-se prever o 
dano para a cultura, bem como estratégias de manejo que possam ser 
utilizadas. 
A filosofia do manejo integrado de nematoides baseia-se na redução dos 
fitonematoides em níveis populacionais que não causem dano econômico 
(Gonçalves e Silvarolla, 2001). 
As estratégias de controle de fitonematoides ideais são aquelas que 
diminuem custos, aumentam a produção e não agridem o ambiente. A 
utilização de matéria orgânica, o controle biológico, o uso de cultivares 
resistentes, a solarização, a rotação de culturas, o pousio, o uso de cultivos 
intercalares e a cobertura do solo são interessantes por reduzir a população 
35 
 
de alguns nematoides e manter a biodiversidade nos diferentes 
agroecossistemas (Ritzinger e Fancelli 2006; Guimarães et al., 2003). 
Atualmente, há diversos métodos de controle de nematoides, como rotação 
de culturas, uso de cultivares resistentes, uso de nematicidas, entre outros 
(Amaral et al., 2002). Entretanto, esses métodos nem sempre são adequados 
às práticas do agricultor, ou economicamente viáveis. 
A busca de novas alternativas no controle de fitonematoides em 
substituição aos nematicidas convencionais constitui-se numa preocupação 
mundial (Ferraz & Freitas, 2004), com a realização de pesquisas para a 
identificação de substâncias bioativas que possam ser empregadas no 
manejo integrado de pragas e doenças, com menor impacto ao ambiente 
(Castro, 1989; Isman, 2000). 
 
Preparo do solo e escolha da área 
 A redução da umidade do solo mediante um bom preparo, 
revolvendo bem o solo, de forma prolongada, expondo os nematoides aos 
raios solares, geralmente causa a sua desidratação, reduzindo-lhes a 
população. Para evitar danos causados por nematoides, deve- se 
preferencialmente escolher o plantio em áreas indenes. 
 
Mudas sadias e tratamento de mudas 
A utilização de mudas sadias, provenientes de viveiros idôneos e 
registrados constitui-se numa medida muito importante para evitar a 
introdução de nematoides na área. Para a bananeira, recomenda-se o uso de 
mudas micropropagadas ou quando o produtor desejar utilizar mudas 
provenientes da lavoura deve-se realizar o descorticamento do rizoma 
combinado com o tratamento térmico ou químico. 
 
Alqueive/Pousio 
O alqueive consiste na manutenção da área de plantio, sabidamente 
infestada, sem vegetação durante certo tempo com aplicações de herbicidas 
ou arações constantes para expor os ovos e formas juvenis aos raios solares. 
Como os nematoides não sobrevivem sem plantas hospedeiras, incluindo as 
plantas daninhas, esta prática promove a redução de sua população. Plantas 
daninhas, como Amaranthus spp., mantidas durante um ano em solo de 
pousio, suportam populações elevadas de nematoides das galhas e 
36 
 
nematoide reniforme como foi verificado no Havaí em área de abacaxizeiro. 
No Brasil, em culturas anuais, o pousio é normalmente realizado na 
entressafra, que coincide com a época pouco chuvosa do ano. No caso de P. 
brachyurus, o pousio surge como uma medida potencialmente eficiente, 
sobretudo, nas áreas com alta infestação. Algumas espécies de nematoides 
possuem, durante a história do seu ciclo de vida, estratégias para fugir às 
condições adversas do meio ambiente. Assim, o sucesso do alqueive/pousio 
dependerá das espécies de nematoides envolvidas. 
 
Rotação de culturas 
Dentre as novas alternativas no controle de fitonematoides, pesquisas 
indicam plantas que apresentam efeitos antagônicos a nematoides, podendo 
ser utilizadas em rotação de culturas, plantio intercalar ou aplicadas como 
tortas ou extratos vegetais (Oliveira, 2005). 
A utilização de cultivo de plantas não hospedeiras de nematoides pode 
tornar-se uma prática eficiente para reduzir a densidade populacional dos 
nematoides. Várias espécies de plantas podem ser utilizadas em rotação 
quando da renovação da lavoura ou em plantio nas entrelinhas, 
principalmente, gramíneas e leguminosas, tais como: Braquiaria sp. , 
Stylosanthes gracilis (capim estilosante), Digitaria decumbens (capim 
colchão), Crotalaria juncea, C. spectabilis (crotalária), Dolichos lab-lab 
(lab-lab), Cajanus cajan (guandu), Stizolobium aterrimum (mucuna preta), 
Mucuna deeringiana (mucuna anã), Tagetes erecta (cravo de defunto), 
Canavalia ensiformis (feijão de porco), amendoim cavalo (Arachis 
hypogaea L.), a aveia branca (Avena sativa L.), a aveia preta (Avena 
strigosa Screb.), o azevém (Lollium multiflorum Lam.), a canola (Brassica 
napus L.), o nabo forrageiro ( Raphanus sativus var. oleiferus L.) etc. 
A utilização dessas plantas será baseada na indicação dos diferentes 
nematoides registrados por meio das análises de solo e raízes da área de 
plantio, pois a grande desvantagem da aplicação do cultivo de uma 
determinada planta é a ação antagônica ou supressiva diferente entre as 
espécies de nematoides. 
A influência de espécies de plantas antagônicas e do alqueive sobre a 
dinâmica populacional de nematoides no solo e nas raízes do abacaxizeiro 
foi avaliada por Cassimiro et al. (2007). Das espécies avaliadas (Crotalaria, 
Guandu anão, Mucuna-preta, Cravo-de-defunto e Feijão-de-porco), o cravo-
37 
 
de defunto foi mais eficiente no controle de nematoides estabelecidos na 
rizosfera do abacaxizeiro. 
 
Adubação orgânica 
A adição de matéria orgânica é bastante benéfica. A incorporação de 
matéria orgânica pode ter efeitos diretos e indiretos sobre a população de 
nematoides. Substâncias produzidas ou liberadas pelas plantas podem 
exercer atividades nematicidas ou nematostáticas. A ação da matéria 
orgânica está diretamente relacionada com o aumento da atividade dos 
microrganismos antagônicos aos nematoides (fungos, bactérias, dentre 
outros). 
A decomposição de resíduos da atividade agrícola libera compostos que 
podem atuar no controle de fitonematoides, a exemplo de esterco de curral, 
cama de frango, casca de café, torta de mamona, farinha de carne e ossos, 
resíduo liquido de sisal, manipueira, entre outros. 
Na cultura do abacaxizeiro e demais, o uso de matéria orgânica deve ser 
constante,pois resultados de pesquisas mostram que em áreas onde a 
incorporação de matéria orgânica reduziu a população de nematoides, nos 
cultivos subsequentes de abacaxi ocorreu rápido aumento na população do 
nematoide, resultando em danos equivalentes a área onde o tratamento não 
foi efetivado. 
O efeito de diferentes níveis de adubação de esterco bovino enriquecido 
com fosfato de rocha Piroxenito Calcosilicatada sobre a população de 
nematoides fitoparasitas da cultura do abacaxizeiro no sistema orgânico de 
produção foi avaliado por Barbosa et al. (2013), tendo verificado que 
adubações do composto reduziu em até 55% o nível populacional dos 
fitonematoides presentes no solo. 
Santos et al. (2015) avaliaram o efeito de diferentes concentrações dos 
resíduos de sisal, manipueira e lixiviado do engaço no controle de M. 
incognita em bananeira em condições controladas. Maior desenvolvimento 
vegetativo (parte aérea e raiz) e redução da multiplicação do nematoide 
foram observados com a aplicação da manipueira a 30%, resíduo fermentado 
de sisal a 10% e nematicida. O lixiviado do engaço a 30% também se 
destacou no controle do nematoide. O resíduo de sisal a 20 e 30% causaram 
fitotoxidez, reduzindo o desenvolvimento das plantas. 
38 
 
Na cultura da goiabeira, Souza et al. (2006) relataram que a aplicação de 
60 Kg de esterco curtido por planta, a cada 120 dias, reduziu a população 
média de J2 de M. mayaguensis (M. enterolobii) na rizosfera de goiabeiras 
em um pomar comercial em São João da Barra (RJ). Segundo os autores, a 
aplicação de torta de neem e o cultivo de Mentha sp. e mucuna-preta sob a 
copa das goiabeiras não tiveram efeito extra sobre o nematoide no solo. Ao 
longo dos 17 meses do experimento, a produtividade em duas safras das 
goiabeiras parasitadas foi de 70% daquela observada em pomares isentos do 
nematoide na mesma propriedade agrícola. 
Gomes et al. (2010) conduziram experimentos em pomares de goiabeira 
‘Paluma’ com um e sete anos de idade infestados com M. enterolobii com 
aplicação de esterco de curral, bagaço de cana adicionado de torta de filtro, 
adubação mineral e resíduo de abatedouro avícola. Os autores observaram 
que o composto residual de abatedouro avícola e o esterco bovino 
apresentaram potencial para o manejo do nematoide. O composto aviário e o 
esterco bovino aplicados homogeneamente sob a copa da árvore resultaram 
em maiores quedas populacionais de M. enterolobii e produtividade. A 
análise econômica indicou ser economicamente inviável o manejo de 
pomares altamente infestados pelo nematoide. Por outro lado, o manejo de 
pomares moderadamente infestados é viável e rentável, através de 
adubações químicas apropriadas combinadas com a aplicação de compostos 
orgânicos ao solo, particularmente composto aviário e esterco bovino 
aplicados homogeneamente sob a copa das árvores. 
 
Manejo genético – Variedades ou porta-enxertos resistentes 
Das diversas táticas de manejo para o controle dos nematoides, as 
melhores chances de sucesso estão no melhoramento vegetal, sendo o uso de 
variedades resistentes a maneira mais econômica para o agricultor viabilizar 
a atividade em áreas infestadas por nematoides. 
O produtor deve procurar optar por novas variedades que apresentem 
resistência aos fitonematoides, fazendo plantios escalonados em substituição 
às variedades tradicionais e mais suscetíveis. 
Sipes & Schmitt (1994) avaliaram o comportamento de 18 genótipos de 
abacaxizeiro a M. javanica e R. reniformis, tendo verificado que todos 
genótipos foram mais suscetíveis a M. javanica, sendo os clones de Smooth 
39 
 
Cayenne os menos tolerantes a M. javanica e mais tolerantes a R. reniformis 
comparados aos demais genótipos. 
No Brasil, as observações realizadas por intermédio de experiências 
indicam que a campo as populações de P. brachyurus ocorrem em maiores 
níveis populacionais na cultivar Pérola do que na Smooth Cayenne. Em 
trabalho realizado na Estação Experimental de Pindorama do Instituto 
Agronômico de Campinas (IAC) foi observado que as variedades Natal 
Queen e Pérola são mais suscetíveis à P. brachyurus do que Smooth 
Cayenne, reconhecidamente suscetível à espécie em questão (Dinardo-
Miranda et al., 1996). Estudo realizado na Embrapa Mandioca e Fruticultura 
em casa de vegetação selecionou genótipos com resistência a P. brachyurus, 
destacando como pouco resistentes os genótipos H-3607, LBB-1396, 
Perolera, FRF-609 e Primavera (Costa et al., 1999). Na Costa do Marfim, 
seis clones do grupo Queen e oito do grupo Pérola mostraram-se muito 
suscetíveis a P. brachyurus. 
O comportamento de 16 genótipos (variedades e híbridos) à P. 
brachyurus foi avaliado por Barbosa et al. (2014a), tendo verificado reações 
diferenciadas entre os genótipos, desde altamente suscetível (Gold) à 
resistente (IAC Fantástico). As variedades BRS Imperial, BRS Vitória e 
BRS Ajubá comportaram-se como moderadamente resistente, enquanto 
Smooth Cayenne, Pérola e Perolera comportaram-se como pouco resistente 
à P. brachyurus. 
As cultivares de bananeira apresentam diferentes comportamentos 
quando infectadas por diferentes fitonematoides, como verificado por 
Barbosa et al. (2014b). Entre as variedades do tipo maçã, a cultivar BRS 
Princesa apresenta um comportamento de moderada resistência aos 
nematoides Meloidogyne incognita e M. javanica, enquanto a cultivar maçã 
comporta-se como pouco resistente a estes patógenos. Além disso, a BRS 
Princesa apresenta resistência ao fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense 
agente causal do mal do panamá. 
Dos 20 genótipos inoculados com M. incognita, 01 comportou-se como 
altamente suscetível (Enxerto 33), 01 como suscetível (SH3640), 08 como 
pouco resistentes (YB4247, Pacovan, Maçã, Dangola, Ambrosia, Garantida, 
Vitória e Japira), 06 como moderadamente resistentes (Prata Anã, Princesa, 
YB4203, Pacovan Kem, Grande Naine e Thap Maeo) e 04 como resistentes 
(YB4217, Caipira, Ouro e Platina). Contudo, quando inoculados com M. 
40 
 
javanica 01 comportou-se como altamente suscetível (Dangola), 03 como 
suscetíveis (Garantida, Enxerto 40 e Ouro), 02 como pouco resistentes 
(Pacovan kem e Maçã), 13 como moderadamente resistentes (Caipira, 
Ambrosia, SH3640, Princesa, YB4203, YB4247, Vitória, Grande naine, 
Platina, Japira, Pacovan, Thap maeo e Prata anã) e 01 como resistente (YB 
4247). 
A cultivar BRS Platina que se comportou como moderadamente 
resistente a M. javanica e resistente a M. incognita, por apresentar 
resistência ao mal do panamá e a sigatoka amarela, além de tolerância à 
sigatoka negra, constitui-se numa boa alternativa para os produtores que 
cultivam banana do tipo prata. 
Na cultura do citros, a suscetibilidade do porta-enxerto, densidade 
populacional, idade e sanidade das plantas são importantes para determinar 
as perdas causadas por T. semipenetrans. A apresentação de sintomas na 
parte aérea geralmente só ocorre muito tardiamente e está relacionada com a 
população de nematoides presentes nas raízes. A utilização de porta-
enxertos resistente ou tolerante, atualmente disponível tanto para T. 
semipenetrans (Duncan & Cohn, 1990) quanto para P. jaehni (Calzavara & 
Santos, 2005), pode ser um recurso valioso para o manejo de nematoides. 
No caso de P. jaehni, Calzavara & Santos (2005) demonstraram que os 
porta-enxertos tangerinas Cleópatra e Sunki, Citrumelo Swingle, Citrange 
Carrizo e Poncirus trifoliata (L.) Raf. são resistentes ao nematoide. O limão 
Cravo é suscetível, pois, entre os seis porta-enxertos testados, esse foi o 
único no qual o nematoide se reproduziu. Para T. semipenetrans o porta-
enxerto comumente conhecido como resistente é P. trifoliata Algumas 
seleções de P. trifoliata são altamente resistentes ao nematoide, e outras são 
apenas moderadamente resistentes. 
Na cultura da goiabeira, a melhor medida de controle é o uso de porta-
enxertos resistente. Carneiro et al.(2007) encontraram resistência moderada 
em araçás da espécie P. friedrichsthalianium e resistência em três acessos de 
P. Clatteyanum a M. Mayaguensis (M. enterolobii). Embora esses acessos 
tenham se mostrado compatíveis na enxertia (50%), poucas plantas 
sobreviveram em condições de campo. Maranhão et al. (2003) avaliaram a 
reação de dezesseis materiais de goiabeira a M. incognita raça 1 e a M. 
enterolobii. Em relação a M. incognita quatro foram moderadamente 
resistentes, cinco pouco resistentes e seis suscetíveis, segundo a escala 
41 
 
proposta por Moura e Regis (1987). Em relação a M. enterolobii, dois 
materiais foram moderadamente resistentes, oito pouco resistentes e quatro 
suscetíveis. Entretanto, as plantas com resistência moderada ou com pouca 
resistência não são efetivas para o controle da meloidoginose no campo, 
especialmente em culturas perenes. Burla et al. (2007) avaliaram a reação 
de vinte e seis acessos de goiabeira e um de araçá ao nematoide e 
encontraram que todos os materiais avaliados foram suscetíveis segundo a 
escala de Taylor e Sasser (1978). 
Em maracujazeiro, Silva Júnior et al. (1988) avaliaram a reação de 
algumas passifloráceas a M. incognita raça 1e encontraram maior resistência 
nas espécies P. cincinatti, P. macrocarpa e P. edulis (cvs. Roxo Comercial e 
Santos). Resistência a M. javanica também foi encontrada em maracujá-
amarelo Vermelhão, EC-2-0, MSC e Itaquiraí (Sharma et al., 2002). 
 
Manejo biológico 
O uso de produtos biológicos é um dos mais discutidos, apresentando 
vantagens em relação ao químico, pois não contamina, não desequilibra o 
meio ambiente e nem deixa resíduos, além de ser barato e de fácil aplicação 
(Soares, 2006). Grande quantidade de organismos são capazes de repelir, 
inibir ou mesmo levar a morte dos fitonematoides. 
Mais de 200 inimigos naturais de fitonematoides têm sido reportados, 
dentre eles, fungos, bactérias, nematoides predadores, ácaros e outros 
(Stirling, 1991). Dentre estes, os fungos têm se destacado. Fungos 
nematófagos são fungos com capacidade de capturar, parasitar ou paralisar 
os nematoides em qualquer estádio de seu ciclo de vida. Os fungos são 
divididos em grupos em função de seu modo de ação: ectoparasitas ou 
predadores, endoparasitas, parasitas de ovos e fêmeas e produtores de 
metabólitos tóxicos (Jansson et al., 1997). Dentre o grande número de 
fungos parasitas de ovos conhecidos, apenas Pochonia chlamydosporia e 
Paecilomyces lilacinus têm sido melhor estudados devido aos resultados 
promissores apresentados (Jatala et al., 1980; Atkins et al., 2003). 
Também as bactérias do gênero Bacillus, principalmente B. subtilis, além 
de componentes da população microbiana do solo, rizoplano e filoplano, 
apresentam características atrativas para os estudos de controle biológico de 
doenças de plantas (Noronha et al., 1995), incluindo os fitonematoides. 
Porém, para a comercialização desses antagonistas são necessárias muitas 
42 
 
pesquisas preliminares, dado que sua performance em campo pode ser 
bastante inconsistente (Dong & Zhang, 2006). 
Na cultura da goiabeira há diferentes trabalhos de pesquisas com 
diferentes agentes de controle biológico de nematoides, como Soares et al. 
(2007) que avaliaram o efeito de fungos associados a compostos orgânicos 
na população de M. enterolobii, em plantas de goiaba infestadas no campo 
em São Paulo. Para atingir esse objetivo aplicou-se um substrato colonizado 
individualmente, pelos fungos Arthrobotrys musiformis, A. oligospora, 
Paecilomyces lilacinus e Dactylella sp., bagaço de cana-de-açúcar e farelo 
de arroz. Aos sessenta e cento e vinte dias foram realizadas avaliações da 
população de nematoides, e os autores não observaram eficiência no 
controle do nematoide em função do uso deste substrato. 
Trudgill et al. (2000) realizaram levantamento em experimentos em casa 
de vegetação de vários países e verificaram que a bactéria Pasteuria 
penetrans é eficiente em reduzir a reprodução de M. enterolobii em várias 
culturas como tabaco, tomate, melão, melancia e outras. Entretanto Carneiro 
et al. (2004), avaliando vários isolados de Pasteuria penetrans no controle 
deste nematoide, verificaram que nenhuma cepa da bactéria aderiu nos J 2, 
concluindo que as perspectivas de uso dessa bactéria no controle biológico 
desse nematoide são pouco provavéis. 
Molina et al. (2007) conduziram três bioensaios, utilizando os nematoides 
entomopatogênicos Steinernema feltiae Sn e Heterorhabditis baujardi 
LPP7, para estudar o efeito destes na mortalidade de J2 de M. enterolobii . 
Embora, esses trabalhos sejam interessantes, nenhum deles mostrou a 
eficiência da técnica de controle biológico ao longo do tempo e a 
porcentagem de redução populacional do nematoide, necessitando de mais 
estudos em condições de campo. 
 
Manejo químico 
A aplicação de nematicidas é a medida de manejo mais empregada em 
todo o mundo. Nos países onde os nematicidas são largamente utilizados, 
tem sido verificada a redução da população inicial dos nematoides, havendo, 
posteriormente, incremento do nível populacional. A erradicação desses 
patógenos é difícil, pois os nematoides que permanecem no solo se 
multiplicam, dando origem a novas populações, que poderiam ser mais 
resistentes à dose inicialmente utilizada. 
43 
 
Na cultura do abacaxizeiro, em alguns países são realizadas duas 
aplicações/ciclo, geralmente em pós-plantio, sendo carbofuran, terbufós, 
cadusafós, ethoprophos, fenamiphos etc. alguns dos nematicidas utilizados. 
No Havaí, as doses de nematicidas utilizadas são duas a três vezes 
superiores às utilizadas há alguns anos, causando um desequilíbrio ecológico 
nos solos por prejudicarem a assimilação de certos nutrientes como ferro, 
manganês e fósforo (Sipes, 2005). Embora a utilização de nematicidas tenha 
possibilitado manter as lavouras produtivas, sendo a medida de manejo mais 
utilizada em alguns países, no Brasil não há nenhum produto registrado para 
a cultura (Agrofit, 2010). Além disso, a baixa eficiência e a alta toxicidade 
são as principais desvantagens dos nematicidas, sendo necessário buscar 
outras estratégias de controle com menores danos ao ambiente. 
Na cultura da bananeira, o uso regular de nematicidas é a prática mais 
aplicada para manter bananais produtivos (Gowen, 1995). Embora 
eficientes, os nematicidas são altamente tóxicos ao homem e ao meio 
ambiente. Os produtos comerciais recomendados para o controle de 
nematoides na cultura da bananeira são: Diafuran 50, Cierto 100 GR, Ralzer 
50 GR, Furacarb 100 GR, Furadan 100 G, Furadan 50 GR (Agrofit, 2010). 
Moreira et al. (2001) tentaram, sem sucesso, inibir o parasitismo de 
Meloidogyne spp. utilizando os nematicidas Carbofuran® e Fenamiphos®. 
Ao cultivar mudas de goiabeiras estaqueadas ou enxertadas em sacos 
plásticos com solo naturalmente infestado, os autores observaram que estes 
produtos não impediram o desenvolvimento do nematoide. Em São João da 
Barra - RJ, alguns produtores observaram apenas um breve efeito protetor 
dos pomares com Furadan® na formulação granulada, observando-se uma 
rápida perda do produto no perfil do solo arenoso e o ressurgimento das 
galhas radiculares causadas por M. mayaguensis. Segundo Carneiro (2003), 
foram infrutíferas algumas tentativas de controle em cafezais cubanos com 
Nemacur®, Temik® e Furadan®, e em goiabais com Cadusafós®. 
Para várias frutíferas não existem produtos nematicidas registrados. 
 
Referências 
AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em: 
http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. 
Acesso em: 30/08/2012. 
http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons
44 
 
ACEVEDO, J.P.M., DOLINSKI, C. & SOUZA, R.M. Efeito negativo de 
nematoides entomopatogênicos (Rhabditida) sobre a infecção de 
Meloidogyne mayaguensis em tomate. Resumos. XXVI

Continue navegando