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AULA 08: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS O procedimento de incorporação dos tratados internacionais ao direito interno é da seguinte forma: Artigo 84, VIII: competência do Presidente da República para celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos ao referendo do Congresso Nacional; Artigo 49, I: competência do Congresso Nacional para resolver sobre tratados, acordos ou atos internacionais, por meio de decreto legislativo, em votação simples; Ratificação do tratado pelo Presidente da República: validade no tratado em âmbito internacional; quando se considera o país obrigado a cumprir o tratado; Decreto do presidente para promulgar o tratado: incorporação do tratado no ordenamento jurídico interno; Incorporados os tratados de direitos humanos no ordenamento jurídico interno, é preciso saber a qual tipo de norma interna correspondem (lei ordinária, lei complementar, decreto, etc). A questão é: qual o “status” dos tratados internacionais de direitos humanos? É preciso distinguir dois momentos: 1) TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004 - Antes da EC 45/2004, todos os tratados de DH seguiam o mesmo rito de aprovação da lei ordinária no Congresso Nacional (votação por maioria simples). Assim, a regra era que todos os tratados tinham status de lei ordinária. - Assim, quanto à hierarquia dos tratados de DH, antes da EC 45/04, o STF entendia que os tratados de direitos humanos tinham a mesma hierarquia de leis ordinárias, bem como os demais tratados, mesmo havendo na doutrina correntes entendendo que os tratados de DH deveriam ter tratamento diferenciado. Ex: caso da prisão civil do depositário infiel. A CF admite a prisão civil em duas situações (art 5º LXVII): devedor de obrigação alimentícia e depositário infiel. A Convenção Americana de DH (Pacto de San José da Costa Rica) só admite a prisão civil no caso do não pagamento de obrigação alimentar. No julgamento de um “habeas corpus” pelo STF (HC 72.131/RJ, publicação em 01/08/2003) houve divisão dos votos. A maioria dos ministros entendeu que a Convenção teria a mesma hierarquia de lei ordinária e, sendo a CF superior, deveria ser mantida a prisão. Prevaleceu, assim o argumento de que os tratados de DH possuíam status de lei ordinária, até a aprovação da EC 45/2004, que incluiu o parágrafo 3º no artigo 5º da CF. TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004 - Como o STF foi resistente em dar aos tratados de DH uma hierarquia diferenciada, os movimentos de DH conseguiram junto ao Congresso que fosse inserido o §3º no artigo 5º pela EC 45/2004. - Artigo 5º, §3º: “os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” - O texto sugere a existência de dois tipos de tratados de DH: os aprovados pelo rito das emendas constitucionais e os aprovados pelo rito comum (um turno e maioria simples). E não fala nada sobre os tratados que são anteriores à emenda. - Após diversas opiniões doutrinárias sobre o § 3º do artigo 5º, o STF, no Recurso Extraordinário 466.343 (publicado em 05/06/09), acolheu a teoria do duplo estatuto dos tratados de DH. - Teoria do duplo estatuto dos tratados de DH: há duas situações quanto aos tratados de DH: Tratados aprovados ANTES da EC 45/2004 e tratados aprovados DEPOIS da EC 45/2004 pelo rito comum: possuem status SUPRALEGAL, ou seja, estão acima de qualquer lei, mas abaixo da Constituição. Tratados aprovados pelo rito do artigo 5º, § 3º (DEPOIS da EC 45/2004): status de norma constitucional. - Dois tratados internacionais de direitos humanos foram aprovados nos termos do artigo 5º, § 3º: Convenção das Nações Unidas sobre os direitos das pessoas com deficiência e o seu Protocolo Facultativo (que também é um tratado). Assinados em 2007.
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