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Análise crítica do filme Tempos modernos

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Aluno: Ícaro Castro Silva Filho. 
UNESA- Matrícula – 201301853038 
5º período- 2015-1 – Curso de História 
Atividade Estruturada – História Contemporânea II 
Professor: Ricardo Luiz Mosna Ferreira da Silva. 
Análise e resumo crítico do filme. 
 
“Tempos Modernos”- Charles Chaplin- 1936 
 
Tempos Modernos é um filme produzido por Charles Chaplin em 1936, como 
uma crítica ao processo de industrialização. Utilizando muito bem os recursos da 
imagem, já na abertura, Chaplin coloca um relógio simbolizando a mudança do homem 
perceber o tempo e se relacionar com ele. O trabalhador industrial não é dono do seu 
tempo, agora sujeito aos meios de produção capitalistas, seu único bem é sua força de 
trabalho, sua mão de obra que é vendida por um determinado tempo. 
 A cena é cortada para a imagem de uma vara de porcos correndo traçando 
imediatamente um paralelo com operários na mesma direção, representando a 
coletividade e a perda da identidade individual de quem produz. O caminho agora é 
traçado segundo as necessidades da indústria, onde é desnecessária a racionalidade. 
Como os porcos confinados correm possivelmente para o matadouro, também os 
operários estão confinados pelo relógio de ponto e pelo ambiente onde serão explorados 
pela indústria apenas executando tarefas. 
O presidente (dono da fábrica) aparece na cena seguinte em uma grande “sala de 
controle” de onde monitora toda a linha de produção da fábrica, sentado à mesa, sendo 
servido por sua secretária e lendo jornal. O industrial não produz, mas detêm os meios 
de produção, o que faz dele senhor do tempo, para reduzir ou acelerar impondo ao 
proletariado uma maior rapidez nas tarefas para aumentar a produção. 
Chaplin amplia sua crítica para a linha de produção. Nela a maior produtividade 
é a partir de dois turnos onde os operários executam tarefas únicas repetidas e 
interligadas, sob a pressão de concluir no tempo determinado ou comprometer todo o 
processo da linha de produção. Esse sistema de exploração é extremamente danoso à 
saúde dos operários, deixando-os estressados e deprimidos por ter que executar cada vez 
mais rápido suas tarefas, ao tempo que adquirem gestos mecânicos. 
A máquina de alimentar os funcionários. Representa a busca por tecnologias que 
permitam aumentar a produção e o desejo cada vez maior de explorar o proletariado. 
Com ela o senhor do tempo (o industrial) retiraria do proletariado o tempo que julga 
improdutivo, o direito ao tempo do almoço. 
O vendedor mecânico representa a substituição do homem pela máquina. Na 
cena da exposição de venda da máquina de alimentar funcionários os homens não tem 
voz, estão apenas como auxiliadores subordinados a máquina. 
Outra cena emblemática é a do operário sendo engolido pela máquina da linha 
de montagem. Ele está sendo literalmente sugado pelo sistema, do qual sai doente e é 
descartado. Ainda nesta cena, ele quer lutar contra o sistema tentando parar o processo 
que o adoece, e é visto como louco pelos outros operários que estão condicionados a 
manter produção por serem dependentes do emprego na indústria. Bater o ponto fora de 
hora também foi uma forma de manifestação contra o sistema. Pode ser entendido como 
uma libertação e também como uma forma de se assenhorear do seu próprio tempo, o 
que no fundo daria no mesmo fim. 
Chaplin amplia ainda mais sua crítica chegando aos movimentos operários. O 
proletário que já estava doente, volta do período de internação com a recomendação de 
ter tranquilidade, se depara com o caos na cidade e descobre que está desempregado. 
Com um time genial, Chaplin cria uma situação onde uma bandeira vermelha usada para 
sinalizar perigo cai de um caminhão e vai parar nas mãos do operário, que 
inocentemente a agita tentando chamar a atenção do motorista sendo confundido com 
manifestantes que estão reunidos em passeata. É a deixa para inserir no contexto as lutas 
de classe e a presença do partido comunista. A presença da polícia coibindo 
severamente as manifestações da classe operária afirma, não só, que há um grau de 
cumplicidade entre a elite industrial e o Estado, como, que tais movimentos eram 
considerados atentados contra a ordem, ilegais, sendo o operário preso como líder do 
movimento. 
Na mudança de cena Chaplin vai tratar do excedente da mão de obra a partir da 
família da mulher co-protagonista. Trabalhadores que por não terem sido absorvidos 
pela indústria não tem como produzir e estão fora do mercado, mas são úteis para a 
indústria por alimentar um quantitativo de mão de obra excedente, mantendo os salários 
achatados e aumentando o lucro da elite industrial. O que Max chamou de “exército de 
reserva da indústria”. Pelo lado do operário, Chaplin chama a atenção para o estado de 
penúria e miséria, com famílias passando fome e até mesmo sem ter uma casa para 
morar. Não dá para afirmar ao certo se o pai operário era viúvo ou se a sua mulher o 
abandonou, mas pela forma intencional como Chaplin vem produzindo suas cenas eu 
fico com a segunda opção, contextualizando com uma situação de crise no casamento 
causada pela dificuldade do marido para prover o sustento da família. 
De volta ao operário, já na cadeia, Chaplin vai alinhavar em uma única cena, 
simplicidade e complexidade na observação. O operário, um homem de pequena 
estatura, vai dividir a cela com um homem de grande estatura que está costurando. A 
simplicidade é colocada para ser cômico àqueles que se admiram e consideram um 
trabalho feminino, já a complexidade está na forma intrínseca no olhar de espanto do 
operário ao se deparar com um artesão trabalhando, alguém que conhece a produção 
desde a concepção até o produto final. Causa surpresa ao operário que só sabe cumprir 
uma etapa da produção ( Essa questão da especialização volta a tona quando o operário 
vai trabalhar em outras oportunidades, como da construção do barco, e não é capaz de 
cumprir tarefas simples). Desse encontro também podemos supor a aproximação do 
operário limitado com novas formas de liderança, cabeças pensantes de movimentos 
trabalhistas. Ainda na prisão, o operário que se manifesta tem o mesmo tratamento de 
um criminoso, está ao lado de traficantes de drogas como se tivesse praticado algum 
crime e fosse equivalente. Enquanto o pastor visita os presos, sua esposa menospreza a 
presença do operário, sinalizando para o olhar da sociedade em relação ao proletariado. 
Em “Tempos Modernos”, Chaplin esbanja genialidade expondo questões do lado 
mais fraco no processo de industrialização. O faz com tanta maestria que deixarei as 
minhas últimas observações na forma de perguntas: 
 Chaplin usa como cenário uma fábrica. O quê ela produz? 
 Chaplin apresenta o proletário como alguém que perdeu sua identidade. 
Você seria capaz de citar o nome de apenas uma, entre todas as 
personagens?

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