Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
01 Jacques Cousteau da Silva Borges Zanoni Tadeu Saraiva Santos C U R S O T É C N I C O E M S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Energia e sua conservação FÍSICA Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Física A01 A Física é a ciência que busca regularidades na natureza. Dentre a quantidade infi nita de fenômenos e processos naturais, buscamos estudar aqueles para os quais encontramos regularidades e algum tipo de conservação. Uma grandeza Física que envolve todos os fenômenos naturais é a energia, por isso ela é tão importante e é por ela que iremos começar nosso estudo de física. Energia é uma palavra que está presente diariamente nos jornais e na TV. É causa de confl ito entre países e por causa dela milhões de pessoas no mundo podem ser afetadas em pouco tempo. Nesta aula você vai conhecer mais de perto o que signifi ca esta palavra, de onde surgiu o conceito de energia e qual sua importância na física. Além disso, você vai estudar processos de transformação que envolvem energia e aprender como calcular a energia nos mais variados processos naturais e técnicos. O que consumimos, quando dizemos que consumimos energia: será energia uma “coisa”, uma “substância” que pode ser consumida? O princípio de conservação da energia nos diz que esta não pode ser criada nem destruída. Então, vamos em frente entender melhor este assunto. Expressar e usar o conceito de energia como medida das transformações. Identifi car as diversas formas naturais e tecnológicas de transformação de energia. Quantificar a grandeza energia nas diversas formas de transformação. 2 Física A01 Para começo de conversa... Tudo o que se transforma envolve energia. Pense no seu corpo. A vida é a constante manutenção dos processos dos nossos sistemas vitais. Para isso precisamos de comida, que é o nosso combustível, ou seja, nossa fonte de energia. Tudo o que vamos fazer depende de alguma forma de energia. A nossa sociedade, hoje, está de tal forma dependente das diversas formas de energia que seria catastrófi co para a humanidade a falta de uma fonte energética de uso universal como a eletricidade ou o petróleo. 3 Física A01 As transformações A natureza está em constante transformação. Nós, como seres naturais, estamos sempre em estado de mudança e dependemos destas mudanças para sobreviver. Precisamos que a luz do sol se transforme em calor, que aconteça a fotossíntese das plantas e que a água do mar se evapore para provocar chuvas. A nossa intervenção sobre a natureza foi se tornando cada vez mais complexa com o passar dos séculos. Desde a revolução das práticas agrícolas até a construção das estações espaciais, os seres humanos tiveram que entender profundamente a natureza das transformações do mundo físico e dos processos que envolvem a manutenção da vida na Terra. Na física, especifi camente, as transformações são parte fundamental do modo como podemos criar nosso entendimento da natureza. É importante saber o que muda nos fenômenos físicos e o que permanece constante. Dê uma olhada ao seu redor. O que você acha? Tudo está mudando ou tudo permanece? Esta é uma questão muito antiga. Na observação dos fatos naturais, é necessário saber discernir muito claramente esse fato no fenômeno estudado. Essa distinção está no alicerce do pensamento físico. Os princípios de conservação, as leis do movimento, tudo, na verdade, começa com a tarefa de identifi car o que é constante dentro de uma quantidade infi nita de processos que acontecem simultaneamente na natureza. No século XIX, foi criado um conceito para expressar quantitativamente as transformações físicas. Esse conceito foi sendo amadurecido à medida que foram descobrindo que algumas transformações eram, de alguma forma, equivalentes. Por exemplo, quando lixamos um pedaço de madeira, o atrito provocado por esse ato produz calor; da mesma forma, o atrito de um meteorito com o ar da atmosfera produz o calor intenso que o faz queimar. As reações químicas, como a combustão, produzem calor. A corrente elétrica produz calor na torradeira e no ferro de passar. A ação dos imãs causa movimento em um motor e o movimento de um motor, por sua vez, gera eletricidade. Medir de alguma forma estas transformações se tornou importante para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. 1 2 Praticando... Praticando... 4 Física A01 Escreva uma redação com o seguinte argumento: Você acorda um dia e recebe a notícia de que tudo que usa petróleo e seus derivados não podem mais funcionar porque um vírus modifi cou as moléculas dos hidrocarbonetos. Descreva detalhadamente como sua vida seria afetada nos primeiros dias sem a energia proveniente do petróleo. Apesar da idéia de que algo se conservava nas transformações ser conhecida dos cientistas de certa forma, ela não tinha uma formulação matemática nem uma defi nição precisa no início do século XIX. O ponto de partida de uma lei geral para a energia foram as experiências de James Joule na década de 1840. O desenvolvimento da termodinâmica e o aparecimento da eletricidade deram o impulso necessário para a formulação do conceito. Joule determinou um equivalente mecânico do calor, o que foi crucial para o entendimento do calor como uma forma de energia. Ele mediu a quantidade de trabalho mecânico realizado ao aquecer certa quantidade de água e fazendo uma equivalência entre as duas medidas. A conclusão de Joule foi que uma caloria (1cal) de calor corresponderia a 4,18 unidades de trabalho mecânico. Esta relação fi cou conhecida como equivalente mecânico do calor. Pode-se também encontrar o equivalente elétrico do calor e o equivalente químico, etc. 1 Caloria = 4,2J Pense e responda: com essa relação estabelecida por Joule, podemos dizer que calor e trabalho são a mesma coisa? 3Praticando... 5 Física A01 Energia mecânica Na mecânica, as transformações estão relacionadas com dois fatores: o movimento da matéria e a sua posição relativa. Vamos explicar melhor. Se um carro se move a 50 km/h e bate em um poste, várias transformações ocorrem; a deformação, o aquecimento, o som e talvez até uma reação química com a combustão da gasolina. Se este mesmo carro se move agora, com velocidade de 100 km/h e bate no poste, o que você pode dizer sobre o poder de transformação envolvido? Aumenta, não é verdade? Obviamente, o “estrago” será bem maior no segundo exemplo. A energia envolvida no movimento de uma massa é chamada energia cinética e é expressa pela seguinte equação: Ec = 1/2 (m.V 2) Na equação, o m representa a massa do corpo e o V a sua velocidade. Observe que, para a mesma massa, a energia cinética aumenta quadraticamente com a velocidade. Se você joga uma bala de revólver na parede com sua mão, possivelmente não vai acontecer nada, mas se ela foratirada pelo revólver, com velocidade bem maior, a energia da bala tem um poder de transformação muito maior também. Pesquise na rede sobre lixo espacial e procure saber sobre os perigos a que um astronauta está exposto ao realizar um passeio fora da nave. Como o lixo espacial pode representar um grande perigo, mesmo que esse lixo não passe de um pingo de água do tamanho de um caroço de azeitona? 6 Física A01 A FORÇA DOS VENTOS PRODUZINDO ELETRICIDADE A energia cinética dos ventos é o que move os geradores eólicos e transforma o movimento das pás do gerador em eletricidade. Este tipo de energia está em pleno desenvolvimento atualmente e muitos países já a usam para substituir a energia gerada pelo petróleo. A energia eólica é uma forma de energia limpa, pois não produz resíduo (gases, radiação, produtos químicos, etc.) e é considerada renovável, pois é gerada pelo vento e enquanto houver sol sobre a Terra e uma atmosfera, haverá vento. Figura 1 – Turbina eólica e Mapa de ventos do Brasil Para obter informações mais completas sobre energia eólica visite o sítio do CRESESB: Fonte: (a) <http://www.cresesb.cepel.br/> (b) <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/>. Acesso em: 15 jul. 2009. Energia potencial Quem já brincou de baladeira (estilingue) entenderá muito rapidamente o que é energia potencial. A baladeira é um objeto que permite lançar uma pedra com velocidade bem maior. A energia cinética da pedra é maior quando ela é lançada com a baladeira do que quando ela é lançada com a mão, por quê? De onde vem esta energia? Da borracha da baladeira, não é verdade? Quando comprimido ou esticado, uma mola ganha energia potencial elástica. Energia potencial elástica Estática Comprimida Esticada Ep = (1/2) k.x 2 7 Física A01 A energia potencial é uma energia de posição. O corpo elástico, no caso a borracha da baladeira, tem a propriedade de “guardar” energia à medida que é estirada. Todos nós, que brincamos com isso, sabemos que, quanto mais esticamos a borracha, maior a velocidade com que a pedra será lançada. A energia que a baladeira pode produzir está diretamente ligada à distensão que ela sofre. O mesmo acontece nas molas. Tanto as molas como qualquer corpo elástico tem a capacidade de transformar energia ao ser deformado. Esta forma de energia chama-se energia potencial elástica e pode ser calculada pela expressão: Figura 2 – Utilização da baladeira (estilingue) Figura 3 – Exemplifi cação de uma mola Fo nt e: < ht tp :/ /w w w .e dz u. co m /e dz u- bk p/ 2 0 0 3 -0 2 /G ra lh an do 2 0 0 3 0 2 _a rq ui vo s/ Ju - an -e st ili ng ue -2 .jp g> . A ce ss o em : 1 5 ju l. 2 0 0 9 . Fo nt e: < ht tp :/ /s ta tic .h sw .c om .b r/ gi f/ cr os sb ow -e la st ic -p ot en tia l.g if> . A ce ss o em : 1 5 ju l. 2 0 0 9 , P h E = 0p Nível de referência Ep= m.g.h 8 Física A01 O K da equação é chamado de constante elástica e vai depender das características do corpo. Por exemplo, uma borracha mais grossa pode armazenar mais energia. Em uma mola, o número de voltas e a espessura do arame determinam a energia que a mola pode armazenar. Como não podemos construir duas molas idênticas, cada mola tem seu K. O x da expressão representa o alongamento da mola ou da borracha a partir de seu estado de repouso, ou seja, de uma posição de referência. Outra forma de energia de posição deve-se à propriedade da matéria de atrair outros corpos, a gravidade. Chama-se energia potencial gravitacional. Um objeto qualquer, colocado a certa altura do solo, ao cair, tem a capacidade de mover outros objetos, causar deformação, produzir calor e som, enfi m, tem a possibilidade de gerar trabalho, ou seja, trocar energia com outros. A energia potencial de um corpo de massa m depende exclusivamente da altura em que ele se encontra, medida a partir de um referencial (o mais comum é escolher a superfície da Terra como referencial). Quanto maior a altura, maior a energia potencial do corpo e maior o “estrago” que ele pode realizar ao cair. Para a Física, esse estrago é o trabalho realizado pelo corpo que cai. Figura 4 – Esquema de uma massa abandonada de certa altura Fonte: <http://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensmedio/fi sica/trabener/trabener20.jpg> Está certo que um corpo a uma determinada altura possui energia potencial, mas para ele chegar “lá em cima”, alguém ou alguma outra fonte de energia teve de colocá-lo lá. Assim como para um revólver disparar uma bala com grande velocidade teve que haver uma fonte de energia externa à bala, ou seja, a explosão da pólvora dentro da cápsula. Na baladeira, o garoto tem que puxar a borracha para esticá-la e fazer com que ela ganhe energia potencial elástica. Na natureza, também como na sociedade, não existe almoço grátis. Se você não pagou, alguém pagou por você. Então, para que um corpo modifi que seu estado energético, digamos assim, existem duas formas de fazê-lo: fornecendo calor a este corpo ou realizando trabalho sobre ele. Trabalho, que trabalho é este? F d α 9 Física A01 Trabalho é uma grandeza física através da qual modifi camos a energia de um corpo. Vejamos ainda sobre a baladeira: o garoto segura a baladeira e aplica uma força para puxá-la para trás. Quanto mais ele puxa mais força ele precisa fazer e mais energia potencial elástica fi ca armazenada. Dizemos, então, que o garoto realizou um trabalho sobre a baladeira e que este trabalho está diretamente relacionado com a força aplicada pelo garoto e a distância com que a borracha foi esticada. Uma defi nição geral de trabalho é: W = F.d.cos® O termo (cos®) refere-se à direção entre a força aplicada ao corpo e o deslocamento do corpo. Figura 5 – Esquema de força e trabalho Fonte: <http://www.aulasparticulares.org/Members/admin/imagens/trabalho1.jpg>. Acesso em: 15 jul. 2009. A expressão vale apenas para uma força constante. No caso da mola ou da baladeira não podemos usá-la, pois como sabemos, a força vai mudando à medida em que vamos estirando ou comprimindo a mola. Note uma coisa: quanto maior o trabalho que realizamos ao esticar uma baladeira, maior a energia nela armazenada, correto? Pois bem, podemos mostrar que o trabalho realizado tem exatamente o mesmo valor da energia armazenada no sistema da baladeira. Como dissemos anteriormente, transferimos energia para a baladeira, realizando trabalho sobre a borracha, assim como também transferimos energia a uma pedra ao levantá-la a uma determinada altura. O trabalho que realizamos sobre a pedra é igual ao produto da força que aplicamos para levantá-la pela altura atingida. De modo que o trabalho é: W= (m.g).h 10 Física A01 Conservação da energia mecânica Está vendo a cara de terror da pobre criança na montanha-russa? Se ela conhecesse um pouco mais de física teria pensado melhor sobre subir ou não em um brinquedo tão alto e veloz. Porque a física poderia ajudá-la a decidir se iria ou não, mesmo antes de subir? Pela altura da montanha-russa ela poderia ter uma idéia da velocidade que ela irá atingir, quando estiver próxima ao chão. É que a energia mecânica se conserva. Quando a montanha-russa está no ponto mais alto, ela tem sua energia potencial máxima, porque é a maior altura que ela vai alcançar. (Ep= mgh, lembra?) Fonte: <http://www.funonthenet.in/images/stories/forwards/Roller-oaster/roller-coaster-2.jpg>. Acesso em: 3 nov. 2009. À medida que ela vai descendo, a velocidade vai aumentando, aumentando e aumentando... Daí a carinha de terror da menina (a mãe preferiu fechar os olhos). E a altura vai diminuindo também. De umaforma simples, dizemos que a energia potencial da montanha-russa vai se transformando em energia cinética à medida que ela desce. Em uma situação ideal, em que não houvesse atrito, toda a energia potencial seria transformada em cinética, ou seja, a energia potencial mais a energia cinética se manteriam sempre no mesmo valor. Se conservariam. Este é o princípio da conservação da energia mecânica. Em uma situação ideal (sem atrito ou resistência do ar): Em = Ec+ Ep = constante Estritamente falando, não há conservação da energia mecânica, pois em todos os fenômenos naturais sempre há uma transformação de energia em calor. Este calor deve também entrar nesta conta de energia, pois sabemos que, na natureza, energia não se perde nem se cria. Uma forma de expressar o princípio geral da conservação de energia tem necessariamente que incluir o calor. Esta lei geral da conservação da energia é também conhecida como primeira lei da termodinâmica. Esta lei estabelece que, para variar a energia de um 4Praticando... 11 Física A01 sistema qualquer, podemos fazer duas coisas: uma realização de trabalho ou uma troca de calor. Vamos voltar mais uma vez ao exemplo da baladeira. Quando ela está no seu estado “relaxado”, sua energia potencial é nula, mas quando realizamos um trabalho sobre ela mudamos sua energia. Obviamente, aquecê-la não vai ajudar em nada, mas existe um sistema particular em que podemos ter calor se transformando em trabalho e ao mesmo tempo variando a energia do sistema. É o caso de um gás. Aquecendo-se um gás, podemos fazê-lo realizar trabalho e ainda aumentar sua temperatura. Você vai ter a oportunidade de saber bem mais sobre a primeira lei da termodinâmica nos fascículos seguintes, entretanto, colocamos a seguir a expressão desta lei tão importante para a física: ΔU = Q – W Discuta a seguinte questão: o princípio da conservação da energia diz que nenhuma forma de energia é perdida ou criada. O que, então, pagamos na nossa conta de luz e de gás? Falamos em consumo de energia, mas energia pode realmente ser “consumida”? O governo nos pede para “não desperdiçar” energia. Se ela sempre se conserva, como pode ser desperdiçada? Potência O conceito de trabalho mecânico nasceu com o desenvolvimento da máquina a vapor. Foi James Watt quem teve a idéia de usar uma medida para cobrar dos industriais o aluguel da sua máquina. Este é um fato interessante; Watt não vendia a máquina para as fábricas, ele as alugava e cobrava pela economia de combustível que o industrial teria se alugasse sua máquina. Foi a primeira pessoa a vender um conceito físico. Foi o primeiro a vender energia, mesmo que o conceito ainda não estivesse teoricamente bem descrito. Para ter um parâmetro de medida do trabalho realizado por sua máquina, 12 Física A01 James Watt estabeleceu a unidade de 1 cavalo vapor (CV). Esta unidade foi defi nida da seguinte maneira: seria a quantidade de trabalho realizado por um cavalo para suspender uma carga de 33.000 libras de peso a uma altura de 1 pé em um tempo de 1 minuto. Figura 6 – Representação da defi nição de 1 cavalo-vapor (cv) Fonte: <http://static.howstuffworks.com/gif/horsepower1.gif>. Acesso em: 15 jul. 2009. Transformando estas unidades para valores do Sistema Internacional de Medidas, temos que 1 cv corresponde a 736 W. Embora cv (cavalo-vapor) seja uma tradução de hp (horse- power), estas duas unidades são diferentes. 1CV = 736 W 1HP = 746 W 1CV = 1,01387 HP Estas unidades medem o que chamamos de potência. Sabemos que um carro ou uma moto tem maior potência quando ele pode atingir uma velocidade maior em um tempo menor. O tempo de realização do trabalho – mover a moto a uma certa distância – é importante para a defi nição da potência de uma máquina. P = Trabalho / tempo P= W/t 13 Física A01 Quanto menor o tempo em que o trabalho é realizado, maior é a potência da máquina. A unidade de potência, então, fi cou sendo chamada de Watt em homenagem ao inventor inglês que deu grandes contribuições ao desenvolvimento das máquinas a vapor a todo o proce sso industrial moderno. Como existe a equivalência entre trabalho e energia, a potência nos diz também quanta energia é “consumida” por um aparelho de acordo com o tempo de uso. Por exemplo, se você for comprar um chuveiro, verá que a potência do aparelho vem escrita nele. Digamos que para este aparelho ela seja 4000 W (Watt). Para saber quanta energia ele consome, deveremos saber em quanto tempo de funcionamento. Se ele permanecer ligado 15 minutos, ou seja 1/ 4 de hora, temos: Energia = Potência × tempo E = 4000 W × 1/4 h = 1000 W.h ou 1kW.h kW é a unidade de energia que é cobrada na nossa conta de eletricidade. Dê uma olhada na conta de luz da sua casa e veja quanto custa em reais um banho de 15 minutos com chuveiro elétrico. Se o trabalho é medido em Joule, a energia também deve ser medida em Joule. A conversão da unidade que encontramos acima para Joule é a seguinte: 1 kWh = 3,6 MJ. Veja que 1 MJ ( mega Joule) é igual a 106J. Você viu, nesta aula, que a energia é a grandeza física que mede as transformações. Todos os fenômenos são transformações de alguma forma e a energia está sempre envolvida. Para modifi car a energia de um corpo, podemos realizar trabalho sobre ele ou trocar calor com ele. Na mecânica, duas formas de energia são usadas em condições ideais: a energia cinética e potencial gravitacional. Sempre que desejamos saber algo importante sobre um fenômeno, devemos sempre investigar as formas de energia encontradas e saber a quantidade envolvida. Depois de espaço e tempo, a energia é, provavelmente, a grandeza física que mais os seres humanos usam no seu dia a dia, muitas vezes, mesmo sem saber que a estão usando. Autoavaliação 14 Física A01 1. Uma pedra com massa m = 0,10 kg é lançada verticalmente para cima, com energia cinética Ec= 20J. Qual a altura máxima atingida pela pedra? Pense que, na altura máxima, toda a energia cinética que a pedra possui será transformada em energia potencial. Você pode aplicar o princípio da conservação da energia mecânica para resolver esta questão. 2. Uma esfera de massa m = 2 kg é lançada verticalmente para cima, no vácuo, com velocidade V 0 = 50 m/s. Determine: a) a energia cinética inicial de esfera e a altura máxima que ela atinge; b) a velocidade da esfera quando esta atingir a metade da altura máxima. Esta questão está supondo que não há perdas de energia em forma de calor pelo atrito com o ar, portanto há conservação da energia mecânica e, em qualquer ponto do caminho da pedra, a soma das energias potencial e cinética deve ser constante. 3. Um operário suspende uma tábua de 8,0 kg, do solo ao terceiro andar de um edifício em construção, a 15m de altura. Considerando g = 10m/s 2, qual o valor absoluto do trabalho realizado pela força/ peso da tábua? Lembre que o trabalho é o produto da força aplicada pelo deslocamento sofrido. Nesta questão, supomos que a força aplicada para suspender a tábua deve ser pelo menos igual ao peso (mg) da tábua. 4. Um bloco é lançado com velocidade inicial V 0 sobre uma superfície horizontal e, após percorrer uma distância, atinge o repouso. Nessas condições: a) Houve ou não realização de trabalho? b) Em caso positivo, quais forças realizaram trabalho? Esse trabalho é positivo ou negativo? Consideramos trabalho negativo aquele em que a força tem direção contrária ao deslocamento do corpo, como por exemplo, quando o carro está freando. 15 Física A01 5. Uma partícula com massa de 10 kg encontra-se em repouso, livre da ação de forças de atrito e resistência do ar. Aplica-se à partícula uma força de 30 N de intensidade, durante 10s. Determine: a) a velocidade da partícula após 10s; b) o deslocamento efetuado pala partículanos 10s; c) o trabalho realizado pela força nesse intervalo de tempo. Gabarito 1. 20m 2. a) Ec= 2500 J; hmáx= 125m b) Vc= 35,3 m/s 3. W = 1200J 4. a) sim, houve b) a força de atrito realizou trabalho, e esse trabalho é negativo (resistente) 5. a) 30m/s b) 150m c) 4500J Referências ALVARENGA, B.; MAXIMO, A. Física: ensino médio. São Paulo, Scipione, 2008. v 1. PARANÁ. Física. 3. ed. São Paulo: Ática, 2000. PROFESSORES DO GREF/USP. Física 1: mecânica. São Paulo: EDUSP, 1996. Anotações 16 Física A01 02 Jacques Cousteau da Silva Borges Zanoni Tadeu Saraiva Santos C U R S O T É C N I C O E M S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O O que é pressão? FÍSICA VVVVVVVVVVVVVVVEEEEEEEEEEERRRRSSSÃÃÃÃOOO DDDDOOOO PPPPPPPPPPRRRRRRRRRROOOOOOOOOOFFFFFFFFEEEEEEEEESSSSSSSSSSSSSSSSOORRR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ______/______/______ Nome:_________________________ Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Física A02 Se prestarmos atenção, o conceito de pressão é muito usado no nosso dia a dia: quando colocamos ar no pneu da bicicleta ou do carro, quando o médico mede nossa pressão arterial ou quando alguém abastece o carro com gás natural. Sabemos também de alguns perigos relacionados a este conceito, como explosões de panelas de pressão, compressores, pneus e até botijões de gás. Nesta aula, vamos estudar a pressão e as unidades de medidas mais usadas, como também algumas situações de risco envolvendo altas ou baixas pressões. Entender o conceito de pressão através de várias situações. Conhecer e manipular as unidades de pressão mais usadas. Analisar situações em que o conceito de pressão se aplica. Analisar situações de risco envolvendo pressões elevadas. Libras 2 Física A02 Para começo de conversa... Você já deve ter notado que para “calibrar” o pneu de um carro, em média, colocamos 28 libras. Mas para calibrar o pneu da bicicleta usamos até 120 (PSI). Qual a razão dessa diferença, se o pneu da bicicleta é muito menor que o do carro? Podemos ver, de imediato, que a medida da pressão tem pouco a ver com a quantidade de ar no pneu, já que o pneu do carro poderia conter mais ar que o da bicicleta. Esta unidade de medida se refere à unidade inglesa libra por polegada quadrada (lb/pol2) ou, na sigla em inglês, PSI. 1Praticando... 3 Física A02 Procure saber com que pressão é calibrado o pneu de um trator. Discuta a situação com seus colegas. Outra situação interessante, que aparentemente não tem nada a ver com pressão em pneus é a “cama de pregos”. Para explicar a situação, alguém poderia argumentar que o faquir da foto que segue tem um treinamento especial para resistir à dor e parar o sangramento. Mas como explicaria a situação mostrada na fi gura 2? Por que a bexiga suporta ser comprimida sobre os pregos sem estourar? Figura 1 – Homem suportando peso sobre a cama de pregos. Note que a tábua sobre seu corpo também tem pregos Fonte: <http://img248.imageshack.us/img248/6268/405949rl2.jpg>. Acesso em: 3 nov. 2009. P= F/A 4 Física A02 Figura 2 – Bexiga de aniversário sendo comprimida sobre a cama de pregos O conceito de pressão Genericamente, a pressão é o efeito de uma força atuando sobre uma superfície. Note que é diferente, em termos de efeito, você tentar enfi ar um prego em uma tábua pelo lado da cabeça ou pelo lado da ponta. A pressão é expressa matematicamente como a intensidade da força exercida perpendicularmente por um corpo sobre a superfície, dividida pela área de contato entre os dois. P = F/A Eq . (1) Assim sendo, quando aplicamos uma força sobre o prego, a pressão será maior quando a ponta estiver virada para baixo, pois a área de contato entre o prego e a tábua é menor. Pela Equação 1, você nota que se a área diminui, a pressão exercida sobre a tábua aumenta embora a força aplicada seja a mesma. No exemplo da fi gura 3, o sapato com salto mais fi no exercerá maior pressão sobre o chão exatamente por ter uma menor área de contato. Figura 3 – O salto alto do sapato faz uma maior pressão sobre o chão do que o salto mais largo No Sistema Internacional de medidas (SI), a força é medida em Newton e a área em metro quadrado. A unidade de pressão 1 N/m2 chama-se 1 Pascal (Pa). Atmosfera 5 Física A02 Dicas: 1. Para desatolar um carro na areia colocamos o tapete de borracha estendido sob o pneu. 2. Para poder andar com o carro sobre dunas recomenda-se aos motoristas esvaziar um pouco os pneus do carro. Embora seja muito difícil estabelecer o limite exato da atmosfera, considere que existe pelo menos uma camada de ar de 300 km de altura sobre nossas cabeças. 2Praticando... Como você relaciona o conceito de pressão com essas dicas? 3Praticando... Retorne à fi gura 1, observe-a. Tente agora dar uma resposta para a situação da cama de pregos. Ela realmente fura ou é um truque da ciência? Pressão atmosférica O ar atmosférico que nos rodeia tem um peso. Se estivermos sentados sobre uma cadeira agora, podemos pensar que existe sobre a nossa cabeça uma camada de ar que vai até o fi m da atmosfera. O peso dessa camada de ar exerce uma pressão sobre toda a superfície da Terra. Coluna de mercúrio Pressão exercida pela coluna de mercúrio Pressão atmosférica Recipiente com mercúrio Vácuo Mercúrio 6 Física A02 Figura 4 – Esquema da experiência de Torricelli A pressão atmosférica é aquela que “equilibra” uma coluna de mercúrio de 76 centímetros de altura. O resultado desse experimento idealizado por Torricelli (1608- 1647) tornou-se uma medida usual de pressão (mmHg). É nessa unidade que é medida, por exemplo, a nossa pressão arterial. A pressão atmosférica é responsável por fenômenos interessantes e o mais importante deles é a nossa vida na Terra. Nosso corpo está perfeitamente adaptado a essa pressão, apesar de ser bem alta, em torno de 100.000 N/m2 (seria algo como distribuir dez toneladas de concreto em um metro quadrado de piso). Para que possamos ter ideia de com qual intensidade de pressão estamos lidando, usamos as tabelas de conversão como a mostrada abaixo. Tabela 1 – Conversão de unidades de pressão ATM BAR CmHg KgF/cm2 mH 2 O PSI KPA ATM 1 1,01325 75,999981 1,0332274 10,332274 14,695949 101,325 BAR 0,9869232 1 75,00615 1,0197162 10,197162 14,503774 100 CmHg 0,0131578 0,0133322 1 0,0135951 0,135951 0,1933678 1,333224 KgF/cm2 0,9678411 0,980665 73,555906 1 10 14,223343 98,0665 mH 2 O 0,0967841 0,0980665 7,3555906 0,1 1 1,4223343 9,80665 PSI 0,0680459 0,0689475 5,1714918 0,0703069 0,7030695 1 6,894757 KPA 101,325 100 1,333224 98,0665 9,80665 6,8944757 1 7 Física A02 A tabela 1 mostra os fatores de conversãodas unidades de pressão, mas você também pode usar a Internet, espaço no qual existem muitos conversores de unidades físicas on-line. Experimente o link abaixo: <http://www.convertworld.com/pt/>. Quanto à questão da pressão nos pneus... Pense na defi nição de pressão e observe as fi guras a seguir, representando uma vista interna de pneus. Se a pressão nos dois pneus for a mesma, como a área do pneu do carro é maior, a força exercida sobre as paredes do pneu também tem que ser proporcionalmente maior. Para a área bem pequena do pneu da bicicleta, é necessária uma pressão grande para que a força exercida sobre as paredes do pneu seja sufi ciente para manter o pneu infl ado. Figura 5 – Em um pneu mais fi no a pressão pode ser maior, pois a área também é menor, logo uma força menor é execida em suas paredes O mergulho – pressão exercida por fl uidos Assim como o ar da atmosfera exerce uma pressão sobre nosso corpo, qualquer outro fl uido em que estivermos mergulhados também o fará. Simon Stevin (1548/49-1620), físico belga, realizou experimentos de hidrostática e concluiu que um fl uido exerce uma pressão sobre qualquer objeto mergulhado nele, que é proporcional à profundidade e à densidade do líquido. 4Praticando... 8 Física A02 “O Teorema de Stevin diz que a pressão absoluta num ponto de um líquido homogêneo, incompressível, de densidade “d” e numa profundidade “h” é igual à pressão atmosférica (exercida sobre a superfície desse líquido) mais a pressão efetiva e não depende da forma do recipiente:” Pabs = Patm + Pef Pabs = Patm + dgh Qual a pressão no fundo do mar a uma profundidade de 1800 metros? Prédio Na verdade, haverá uma pequena diferença, pois a água salgada é um pouco mais densa que a água potável, então, a pressão será ligeiramente maior na mesma profundidade. É importante notar uma coisa: quando o teorema diz “não depende da forma do recipiente”, implica que a pressão só depende da profundidade e da densidade do líquido, não importando se alguém mergulhou no mar imenso ou num grande tanque de água de um prédio. Se a profundidade for a mesma, a pressão será a mesma. Em nossa tabela de unidades de pressão, existe a unidade metro de coluna d’água (mca) e representa qual a pressão exercida por uma coluna de água. A cada dez metros que um mergulhador desce, a pressão sobre seu corpo aumenta cerca de uma atmosfera. O Brasil é um dos países pioneiros na tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas. Profundidades acima de 1000 metros são comuns. Se você pensar que a cada 10 metros de profundidade, dentro da água, a pressão aumenta uma atmosfera (1 atm), imagine o grau de difi culdade para realizar esse trabalho. 9 Física A02 Dica de Segurança O uso de gás natural veicular (GNV) como combustível vem se tornando cada vez mais disseminado no Brasil. Uma das razões é o preço do gás, mais baixo que o de outros combustíveis. Por outro lado, os equipamentos para conversão de um carro são caros e algumas pessoas têm ideias improvisadas para diminuir os custos da conversão. As fi guras que seguem mostram o que aconteceu com um carro cujo proprietário resolveu improvisar os cilindros de armazenamento de gás. Figura 6 – Explosão de botijão de gás em um carro sendo abastecido com gás natural Fonte: <http://zonaderisco.blogspot.com/2008/04/exploso-de-botijo-de-glp-com-gs-natural.html>. Acesso em: 3 nov. 2009. 10 Física A02 Note, na fi gura, que o cilindro de cor rosa (GNV) continua intacto enquanto um botijão de gás de cozinha está aberto ao meio. A causa desse acidente foi o uso de um botijão de gás de cozinha (GLP) acoplado ao cilindro de GNV no carro para armazenar o gás natural. Acontece que o cilindro de gás natural é abastecido a uma pressão de cerca de 200 kgf/cm2 (e a suporta), enquanto o botijão de GLP é usado a uma pressão de apenas 15 kgf/cm2. Por falta de conhecimentos básicos de Física, o proprietário correu risco de morrer e com sorte perdeu apenas o carro. Texto Complementar: Mergulho Acidentes de Mergulho De uma forma geral, esse tipo de acidente não vai produzir grandes lesões. São comuns de acontecer durante o movimento do mergulhador dentro do barco, transporte de material ou equipamentos em locais inadequados para eles. (Lembro do meu curso básico, em que fui advertido pelo meu instrutor a retirar mochila, nadadeira, sapatos e outras coisas do chão, pois poderia causar um acidente). Acidentes de mergulho Barotraumas a) Barotrauma do ouvido médio Descrição/causa: Causado quando a pressão do ambiente e a pressão no interior do ouvido estão em desequilíbrio. No mergulho, estamos sujeitos a uma variação de pressão e, quando afundamos, a pressão aumenta e empurra o tímpano para dentro e o mergulhador sente dor. Caso o mergulhador não equilibre esta pressão (através de manobras específi cas), o tímpano pode se romper. Com a entrada de água fria nos canais semicirculares, pode ocorrer desorientação, náuseas ou vômitos. Resfriados podem impedir a entrada de ar pelas Trompas de Eustáquio e impossibilitar a equalização e, consequentemente, o mergulho. Sinais/Sintomas: dor no ouvido, tímpano irritado, hemorragia no tímpano, rompimento do tímpano. Prevenção: equalizar o ouvido (Exemplo: manobra de Valsalva) 11 Física A02 b) Barotrauma de ouvido externo Descrição/causa: Causado pelo uso de tampões no ouvido externo ou capuz apertado. Isso vai obstruir o ouvido externo e impedirá o equilíbrio da pressão, de forma que o tímpano irá se romper para fora. Sinais/sintomas: dor, hemorragia, rompimento do tímpano. Prevenção: Não usar tampão de ouvido nem capuz muito apertado para mergulhar. c) Barotrauma dental Descrição/causa: Causado pela presença de pequenas bolhas no interior de dentes. Isso não ocorre apenas com dentes cariados, mas também com dentes já obturados. Exemplo: durante a condensação do amálgama podem fi car pequenas bolhas de ar dentro do dente, caso o amálgama não seja bem condensado. Sinais/sintomas: dor muito forte no dente. Prevenção: Que tal procurar um bom dentista? De preferência se ele for mergulhador... d) Barotrauma sinusal Descrição/causa: Causado quando a pressão do ambiente e a pressão no interior dos seios paranasais estão em desequilíbrio. Ocorre devido ao entupimento da entrada do seio por resfriado, muco ou sinusite. Seios principais: frontal, maxilar, esfenoidal. Sinais/sintomas: dor forte nos seios da face, sangramento pelo nariz, sensação de peso na região do seio paranasal. Prevenção: não mergulhar resfriado ou com sinusite. Interromper o mergulho caso algum sinal ou sintoma se manifeste. e) Barotrauma de Máscara Descrição/causa: Causado quando a pressão do ambiente e a pressão no interior do equipamento estão em desequilíbrio. Com este desequilíbrio, a máscara se transforma em uma ventosa, sugando os olhos e os tecidos moles da face, podendo causar de leves a grandes lesões. Sinais/sintomas: eritema nos olhos e na face, sangramento no nariz. 12 Física A02 Prevenção: adicionar ar na máscara através do nariz, equalizar sempre. f) Barotrauma cutâneo/roupa Descrição/causa: Causado por ajuste irregular da roupa de neoprene ou tamanho inadequado da mesma. Formam-se pequenas bolsas de ar entre a roupa e a pele, que funcionam como câmaras de ar e não vão se equilibrar. Sinais/sintomas: equimoses localizadas. Prevenção: escolher a roupa no tamanho ideal, ajustar a roupa de forma correta. g) Barotrauma pulmonar/toráxico Descrição/causa: Ocorre quando o mergulhador prende a respiração e afunda. A pressão externa fi ca maior que a pressão interna, causando desconforto e dor torácica. O que acontece é que o pulmão sofre uma diminuição de volume, que é maior do que a fl exibilidadeda caixa torácica. Manobras para economizar ar podem causar este acidente. Sinais/sintomas: dor no peito durante a descida, tosse. Prevenção: interromper o mergulho e buscar avaliação médica, evitar manobras para economizar ar. h) Cólica dos escafandristas Descrição/causa: Ocorre quando existe presença de gases no estômago ou intestino, o mergulhador sobe e aumenta o volume do gás, causando dor. Sinais/sintomas: dor estomacal ou intestinal. Prevenção: evitar gomas de mascar durante o mergulho, evitar bebidas gasosas (água gasosa, refrigerante). i) Embolia traumática pelo ar Descrição/causa: É um dos problemas mais graves que podem atingir um mergulhador. Ocorre quando o mergulhador respira no fundo, sob pressão, e prende a respiração em apneia e sobe rapidamente à superfície. O pulmão é submetido a uma expansão e a um aumento da pressão interna, causando ruptura dos alvéolos e entrada de ar na pleura. 13 Física A02 Sinais/sintomas: falta de ar, dor no peito, estado de choque, pupilas dilatadas, ausência de refl exos, inconsciência. Prevenção: não inspirar o ar de um equipamento de mergulho no fundo e voltar à superfície sem soltar o excesso de ar resultante da subida. Tratamento: recompressão o mais rápido possível (câmara hiperbárica). j) Intoxicação pelo oxigênio Descrição/causa: Quando respiramos oxigênio em elevadas pressões, este pode prejudicar o aparelho respiratório e o sistema nervoso central, causando problemas físicos e neurológicos. Sinais/sintomas: problemas visuais, tonteira, náusea, zumbido no ouvido, tremor muscular. Prevenção: ao notar algum sinal ou sintoma, interromper o mergulho. Intoxicação pelo gás carbônico Descrição/causa: Ocorre quando o mergulhador faz uso de um cilindro com mistura gasosa contaminada ou quando este produz em excesso de gás carbônico devido ao esforço físico acentuado. Sinais/sintomas: dor de cabeça, falta de ar, palpitação, dormência nas extremidades, salivação acentuada, confusão mental, euforia, convulsão, inconsciência, espasmos musculares. Prevenção: certifi car a boa procedência do ar que está no seu cilindro. Evitar fazer esforço físico acentuado. Doenças descompressivas Descrição/causa: São caracterizadas pela formação de bolhas de nitrogênio intravasculares (dentro dos vasos do sistema circulatório), extravasculares (fora dos vasos e das células) e intracelulares (dentro das células). Em condições hiperbáricas, o sangue do mergulhador vai transportar o nitrogênio, e este vai saturando tosos os tecidos. O fato de você estar 14 Física A02 dentro da tabela e respeitar os limites não vai excluir a possibilidade de ter uma doença descompressiva. Quando você respeita os limites, vai reduzir o risco de adquirir uma doença descompressiva, mas não vai eliminar de vez o risco. Sinais/sintomas: dor osteomusculoarticular (membros superiores e inferiores, lombar, tórax), distúrbios da consciência, vômitos, dores de cabeça, coceira, sensação de queimação no peito. Prevenção: respeitar as tabelas de mergulho. SNAP Descrição/causa: É a Síndrome Neurológica das Altas Pressões. Ocorre no mergulho em grandes profundidades, quando se respira o heliox (mistura de gases com hélio e oxigênio) sob grandes pressões. Sinais/sintomas: sonolência, tonteira, náusea, tremores generalizados, convulsões. Narcose Descrição/causa: É um quadro provocado pela difusão do nitrogênio no sistema nervoso central, quando se respira uma mistura gasosa, além de uma certa profundidade. A partir dos 30m de profundidade, mergulhadores predispostos à narcose (30%) apresentam os primeiros sinais da narcose. Os sinais vão se acentuando, à medida que a profundidade aumenta, sendo que aos sessenta metros, com ar comprimido, todos os mergulhadores apresentam um desempenho defi ciente. Quanto maior a pressão do ambiente, maior será a pressão parcial dos gases na mistura, e isto aumentará o efeito narcótico (efeitos psíquicos, sensitivos e motores). Dessa forma, o mergulho se tornará potencialmente perigoso, podendo levar à morte. Sinais/sintomas: euforia, vertigem, aumento do diálogo interior, diminuição da atenção, raciocínio lento, perda da sensibilidade, desconsideração do perigo iminente. Prevenção: assim que notar os sinais ou sintomas, diminuir a profundidade. 15 Física A02 Hipotermia Descrição/causa: Diminuição da temperatura corporal do mergulhador. Isso ocorre devido ao fato da temperatura da água do mar ser inferior à temperatura do corpo humano. À medida que aumenta a profundidade, maior a diferença de temperatura entre o corpo e a água. Sinais/sintomas: arritmias cardíacas severas, parada cardíaca. Prevenção: usar roupa adequada para mergulho. Apagamento Descrição/causa: Pode ocorrer quando o mergulhador hiperventila repetidamente (aumenta a velocidade e profundidade da respiração), com o objetivo de aumentar a quantidade de oxigênio no sangue e, assim, aumentar o tempo de fundo. A pressão parcial do gás carbônico fi ca baixa, devido à hiperventilação, e não fomenta no mergulhador o desejo de respirar, de forma que ele consome as reservas de oxigênio antes de chegar à superfície, causando o desmaio. Sinais/sintomas: desmaio. Prevenção: evitar manobras de hiperventilação Fonte: <http://www.webnauticos.com.br>. Acesso em: 9 jun. 2008. Nesta aula, vimos que a pressão é uma grandeza física importante justamente porque está presente em muitas situações do nosso dia a dia. Pressão da água nas torneiras, no chuveiro, pressão do botijão de gás, dos pneus da bicicleta e do carro, entre tantas outras. Além disso, pressões elevadas ou pressões muito baixas podem causar danos irreparáveis ao nosso corpo e inclusive a morte, como vimos nos exemplos citados nesta aula. Por isto é preciso conhecer bem esta grandeza e suas unidades de medida para que possamos saber se determinadas pressões são perigosas. A tabela de conversão de pressões que apresentamos na aula é um guia importante para nossa segurança quando lidamos com pressões. Autoavaliação Anotações 16 Física A02 1. Por que o pneu da bicicleta pode ser “calibrado” com 50 psi enquanto o pneu de um carro recebe apenas 30, embora tenha um volume bem maior? 2. A pressão recomendada para um pneu de automóvel é de 30 psi, represente-a em termos de pressão atmosférica? 3. Qual o aumento de pressão (em atm) para cada 10 metros de profundidade que mergulhamos no mar? 4. Se tivermos dois tubos verticais, de 2 metros de altura, por exemplo, cheios de água, sendo um com diâmetro duas vezes maior que o outro. Existe diferença na pressão exercida pela água na parte mais baixa dos tubos? Referências ALVARENGA, B.; MAXIMO, A. Física: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2008. v 2. PARANÁ. Física. 3. ed. São Paulo: Ática, 2000. RAMALHO; NICOLAU; TOLEDO. Fundamentos da física. 8. ed. São Paulo: Ed. Morena, 2005. 03 Jacques Cousteau da Silva Borges Zanoni Tadeu Saraiva Santos C U R S O T É C N I C O E M S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Medindo calor FÍSICA Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas daABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Física A03 Todos nós pagamos por energia. É um produto sem o qual não podemos viver. Dentre as formas de energia, pagamos por combustíveis para produzir calor. Veremos aqui como calcular a quantidade de energia necessária ao aquecimento e à mudança de estado de diferentes substâncias. Veremos, também, a quantidade de energia liberada pelos combustíveis, quando queimados, e a importância disso na hora de comprar um combustível. Entender o que ocorre com a água e outros materiais quando aquecidos ou resfriados. Mensurar o calor necessário para aquecer os materiais. Identifi car o que ocorre quando uma substância muda de fase, ou seja, passa de um estado físico para outro. 2 Física A03 Para começo de conversa... Quanto combustível é necessário? Provavelmente, no seu bairro, há uma lavanderia. Elas, as lavanderias, normalmente usam água quente e vapor para lavar, por exemplo, roupas, toalhas e lençóis. Uma das principais coisas que o proprietário da lavanderia quer saber é quanto vai gastar com energia no serviço. Para saber quanto vai gastar com energia, precisa saber também “qual” energia ele vai comprar. Uma lavanderia usa energia para iluminação, para mover máquinas e para aquecer água. São formas diferentes de uso que podem vir de fontes diferentes também. Para mover máquinas e para iluminação, ele certamente usará eletricidade. Para produzir água quente e vapor, ele pode escolher entre usar eletricidade, gás ou outro combustível. A decisão, nesse caso, envolve necessariamente o preço de cada um. É mais barato aquecer água com gás ou com eletricidade? Para saber isso é necessário saber quanto de energia “em forma de calor” é necessário para elevar a temperatura de certa quantidade de água até a temperatura desejada. O conceito de energia tem sua importância exatamente porque podemos encontrar a quantidade necessária para uma determinada tarefa, seja esta energia proveniente de que fonte for. Por exemplo, na lavanderia, provavelmente, vai ser usada uma prancha a vapor para passar a roupa em lugar do ferro elétrico, mas a quantidade de energia necessária será a mesma. 3 Física A03 Medindo o calor Podemos dividir nossa tarefa na lavanderia em duas etapas: 1. Aquecer a água. 2. Transformar água quente em vapor. Para aquecer qualquer substância, é necessário saber a quantidade, em massa, desta substância. Quanto maior a massa da substância, maior a quantidade de calor necessário. Depois, quanto eu desejo aquecer esta substância e que variação de temperatura ela vai sofrer. No caso da lavanderia, será necessário elevar a temperatura da água desde a temperatura ambiente até 100°C (digamos, uma elevação de aproximadamente 75°C). A quantidade de calor necessária será também proporcional à variação de temperatura desejada. Isto é: Q = m. c. ΔT Em que: Q = quantidade de calor; m = massa da substância; c = calor específi co da substância; ΔT = variação de temperatura. Calor Específi co Se fornecermos uma mesma quantidade de energia a 1 grama de água e a um grama de cobre, o cobre se aquecerá mais que a água. Ou de outra forma: em quantidades iguais, o cobre precisa de menos calor que a água para atingir a mesma temperatura. Essa quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1 grama de uma determinada substância de 1°C chama-se Calor Específi co. 4 Física A03 Atenção: O Calor Específi co é uma grandeza física importante que diz qual é a quantidade de energia térmica envolvida quando uma unidade de massa (g ou kg) de uma substância varia 1ºC (ou 1K). Por exemplo: Calor específi co da água = 1 kcal/g°.C ou 4180 J/kg.K (no Sistema Internacional). Tabela 1 – Calor específi co de algumas substâncias Substância Calor Específi co (cal/g.°C) Água 1,0 Álcool 0,6 Alumínio 0,22 Ar 0,24 Carbono 0,12 Chumbo 0,031 Cobre 0,093 Ferro 0,11 Gelo 0,5 Hélio 1,25 Hidrogênio 3,4 Latão 0,092 Madeira 0,42 Mercúrio 0,033 Nitrogênio 0,25 Ouro 0,032 Oxigênio 0,22 Prata 0,056 Rochas 0,21 Vidro 0,16 Zinco 0,093 Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Calor_espec%C3%ADfi co>. Acesso em: 20 jul. 2009. Exemplo 1 1Praticando... 5 Física A03 No caso da lavanderia, para o proprietário saber quanto calor vai utilizar, ele deverá saber a massa da água em quilogramas que utilizará na lavanderia, a variação da temperatura que essa água sofrerá, sabendo que a água possui calor específi co de 4180 J/kg.K (no Sistema Internacional). Ele aplicará a fórmula Q = m. c. ΔT e encontrará a quantidade de calor em Joules (J). Depois, o proprietário converterá esse valor em quilowatt.hora, que é a unidade adotada pelas companhias de energia, pela seguinte equivalência: 1kWh = 3,6MJ. Feito isso, ele saberá quanto irá gastar. A água é considerada um bom armazenador de calor (Energia Térmica). Discuta com os seus colegas esta afi rmação, sob o ponto de vista do conceito de calor específi co. Escreva um pequeno texto relatando os principais pontos da discussão com seus colegas e faça um resumo das conclusões a que você chegou sobre a relação entre calor específi co e armazenamento de calor. Calor latente Já temos como saber qual a quantidade de energia necessária para aquecer a água até 100°C. No caso específi co da água, a partir de 100°C, ela começa a ferver. Um fato interessante e importante é que, quando a água entra em ebulição, sua temperatura não varia mais. Enquanto houver água fervendo, a temperatura será de 100°C. Mesmo que aumentemos a chama do fogão, a temperatura não mudará. Para onde vai, então, a energia que o fogo está produzindo? Ela está indo, justamente, “realizar o trabalho” de separar as moléculas de água e transformá-las em vapor. 6 Física A03 Há, portanto, uma quantidade de energia em forma de calor que deve ser fornecida à água quando ela atinge seu ponto de ebulição para realizar a tarefa de evaporar toda a água. Chama-se Calor Latente o calor (energia) necessário para fazer com que uma massa determinada de uma substância mude completamente de estado físico. Existem dois de tipos de calor latente: o Calor Latente de Vaporização e o Calor Latente de Fusão. Por exemplo, para que um grama de gelo a 0ºC se transforme totalmente em água a 0°C, são necessárias 80 calorias, logo o calor latente de fusão do gelo é Lv = 80cal/g e o calor latente de vaporização da água é Lv = 540cal/g. São necessárias 540 calorias para vaporizar 1 grama de água. Tabela 2 – Calor latente de fusão e calor latente de vaporização Substância Lf ·103 (J/kg) Lv ·103 (J/kg) Gelo (água) 334 2260 Álcool etílico 105 846 Acetona 96 524 Benzeno 127 396 Alumínio 322-394 9220 Estanho 59 3020 Ferro 293 6300 Cobre 214 5410 Mercúrio 11.73 285 Chumbo 22.5 880 Potássio 60.8 2080 Sódio 113 4220 Fonte: <http://www.fi sica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/estadistica/otros/fusion/fusion.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009. Suponha, então, que seja necessário produzir vapor na lavanderia. O processo deve ser feito em pelo menos duas etapas; primeiro temos que aquecer a água desde a temperatura ambiente até 100°C e, depois, continuar fornecendo calor até que ela evapore completamente. Para isso, são necessárias duas quantidade de calor diferentes para a quantidade de água. Chamaremos estas quantidades de QA, para aquecer e QE para evaporar. QA = m.c. ΔT QE = m.Lv, sendo Lv o calor latente de vaporização da água. Resumindo, vamos precisarde uma quantidade de energia total Q = QA + QE Fica, então, possível saber qual a quantidade de Energia Térmica, em forma de calor, que será necessária. 7 Física A03 Sabendo que cgelo = 0,5 cal/gº.C; cágua = 1,0 cal/gº.C; Lgelo = 80 cal/gº.C, determine a quantidade de calor necessária para que 50g de gelo, a – 10ºC, resultem em água numa temperatura de 80ºC. Solução: Podemos dividir em três etapas o processo de transferência de calor para a substância: 1ª) ΔQ 1 : quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de – 10ºC para 0ºC (calor sensível → ΔT ≠ 0; ΔQ 1 = Q1 – 0). 2ª) ΔQ 2 : fl uxo de calor que provoca mudança de fase (calor latente → ΔT = 0; ΔQ 2 = Q2 – Q1). 3ª) ΔQ 3: calor necessário para elevar a 80ºC temperatura da substância (calor sensível → ΔT ≠ 0; ΔQ 3 = Q3 – Q2). Portanto, a quantidade de calor total é: ΔQ = ΔQ1 + ΔQ2 + ΔQ3 ΔQ = mgcgΔTg + mL + macaΔTa ΔQ = 50.0,5 (0 + 10) + 50.80 + 50.1 (80 – 0) ΔQ = 8250 cal Exemplo 2 Calor de Combustão O calor de combustão ou poder calorífi co é a grandeza que expressa a quantidade de energia que pode ser liberada pela combustão da matéria. Embora não seja tão evidente, queimar 1 kg de madeira pode produzir uma quantidade de calor diferente daquele produzido pela queima de 1 kg de gasolina. Os alimentos também produzem energia em quantidades diferentes mesmo se comermos a mesma massa. As dietas são baseadas neste fato; nem todos os alimentos produzem as mesmas “calorias”, o que quer dizer que nos fornecem mais energia que outros. Caloria 8 Física A03 Qual o combustível mais efi ciente para produzir energia? Vamos nos dedicar agora a determinar qual combustível fornece maior quantidade de energia quando é queimado. Quando compramos um combustível, na verdade, estamos comprando energia. Dessa afi rmação, lançamos uma pergunta: será que todos os combustíveis produzem a mesma quantidade de energia? Com o aparecimento dos automóveis Flex, os quais usam gasolina e álcool ao mesmo tempo, as pessoas estão procurando saber qual dos dois combustíveis se torna mais barato na hora de abastecer. A resposta poderia ser simples, pois o preço do álcool na bomba é mais baixo do que o da gasolina. No entanto, quem possui um carro a álcool sabe que o consumo com o álcool é maior. Observemos a razão pela qual isso ocorre. O carro a álcool consome mais combustível, principalmente por motivos químicos. A queima de um combustível é uma reação química que libera energia enquanto está ocorrendo. O fato é que substâncias diferentes liberam quantidades de energia diferentes durante a sua queima. A Física não entra nos detalhes de por que isso acontece, mas existe uma grandeza que expressa essa diferença denominada “Calor de Combustão” ou “Poder Calorífi co”. Este nos diz a quantidade de energia liberada na queima de uma determinada massa de uma substância. Inclusive, essas substâncias podem ser encontradas em nossos alimentos. Caloria é a quantidade de Energia Térmica necessária para elevar a temperatura de 1g de água de 1° C. Provavelmente, todos nós já ouvimos falar de “alimentos calóricos”, que são aqueles que nos engordam mais, ou fomos solicitados a responder, de imediato, se quem tem mais calorias é o chocolate ou a alface. Vejamos do que se trata essa tal “caloria”. Quando ingerimos algum alimento, acontece um processo de “queima” desse alimento em nosso organismo e ENERGIA é liberada para que possamos continuar vivos. Se engordamos, é porque comemos além do necessário para nossas funções e essa energia é armazenada em forma de gordura. Da mesma forma que o nosso organismo, os automóveis precisam de um combustível para se mover. Muito simples, não é? Para saber se o álcool é, realmente, mais barato que a gasolina ou decidir se na lavanderia será usado gás ou eletricidade, temos que saber quanto de energia uma determinada quantidade de um combustível libera e compará-la com os outros. 2Praticando... 9 Física A03 Na tabela, temos valores do calor de combustão dos combustíveis mais usados. Tabela 3 – Calor de combustão dos combustíveis mais usados. Combustível Calor de combustão (kcal/kg) Álcool etílico (etanol)* 6400 Álcool metílico (metanol)** 4700 Carvão vegetal 7800 Coque 7200 Gás hidrogênio 28670 Gás manufaturado 5600 a 8300 Gás natural 11900 Gasolina 11100 Lenha 2800 a 4400 Óleo diesel 10900 Petróleo 11900 Querosene 10900 TNT 3600 * é obtido de cana de açúcar, mandioca, madeira. **é obtido de carvão, gás natural, petróleo. Fonte: <http://fi sica.cdcc.sc.usp.br/GREF/termo02.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2009. Qual o conteúdo de energia de um kilograma de gasolina e qual a quantidade de energia em um kilograma de álcool? Qual a sua conclusão sobre o preço destes dois combustíveis? Autoavaliação 10 Física A03 O ponto central desta aula é a maneira utilizada para medir o calor, ou energia térmica. Pagamos por esta energia quando compramos um botijão de gás ou quando pagamos a conta da eletricidade. Os combustíveis derivados do petróleo são muito importantes economicamente na nossa sociedade, e nesta aula aprendemos a medir a quantidade de calor necessário para algumas tarefas básicas, como aquecer e ferver água. Para isso usamos os conceitos de calor específi co e calor latente. Além do que, nos foi dada a possibilidade de calcular a quantidade de energia produzida pelos principais combustíveis, através da grandeza conhecida como calor de combustão. Este é um assunto de interesse não apenas do ponto de vista profi ssional, mas até mesmo para o nosso uso doméstico. 1. Quanto de energia, em Joules e em calorias, é necessário para aquecer 100 litros de água de 25°C até 100°C? 2. Um pedaço de rocha da mesma massa de uma quantidade de água estão ambas expostas ao sol. Notamos que a rocha torna-se mais quente do que a água em pouco tempo. Por que isso acontece? Use o conceito de calor específi co para sua explicação. 3. Sabendo que o calor latente de fusão do chumbo é 6,0 cal/g, determine a quantidade de calor necessária para fundir, a 327ºC, 200 g dessa substância. Referências GRUPO DE REELABORAÇÃO DO ENSINO DE FÍSICA - GREF. Física térmica/óptica /GREF. São Paulo: EDUSP, 1998. PARANÁ. Física. 3. ed. São Paulo: Ática, 2000. Anotações 11 Física A03 Anotações 12 Física A03 05 Zanoni Tadeu Saraiva C U R S O T É C N I C O E M S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O O princípio da transformação calor em trabalho FÍSICA Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Nouraide Queiroz Margareth Pereira Dias Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Você ve rá por aqu i... Objetivos 1 Física A05 ... Como funcionam as máquinas que mudaram a face do mundo, as máquinas térmicas. Quais os princípios que estão associados ao funcionamento destas máquinas e quais as principais conseqüênciasdo seu uso em grande escala, como vemos hoje. A transformação de calor em trabalho mecânico é o principal objeto de estudo da termodinâmica e é isto que você vai ver por aqui. Entender o princípio de transformação de calor em trabalho através do estudo das máquinas térmicas. Entender o conceito de energia interna. Entender o calor como uma forma de energia. Relacionar energia interna, calor e trabalho. Compreender a primeira lei da termodinâmica como uma forma geral do princípio da conservação da energia. 2 Física A05 Energia interna Vimos na aula anterior que os combustíveis possuem energia que é liberada durante sua queima. A quantidade de energia liberada para uma unidade de massa é chamada de poder calorífi co ou calor de combustão. Esta energia química dos combustíveis pode ser em outras formas de energia, entre elas a energia mecânica ou de movimento. Chamamos máquinas térmicas aqueles dispositivos que transformam a energia interna de um combustível em energia mecânica. “Antes de falarmos de uma máquina térmica ‘de gente grande’, vamos começar por um brinquedo que chamaremos de ‘turbina PET’”. Na verdade, é um brinquedo bem simples. Você vai precisar de uma garrafa de refrigerante (PET), um pedaço de arame para o suporte da garrafa e um prego bem quente para fazer um furo na tampa da garrafa. Coloque algumas gotas de perfume ou desodorante dentro da garrafa e coloque a tampa. Aproxime da tampa um fósforo aceso e veja o que acontece. Figura 1 – O princípio básico da propulsão a jato de foguetes e aviões– Fonte: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala08/image08/08_29_02.gif>. Acesso em: 29 out. 2008. 3 Física A05 A fi gura 1 mostra um brinquedo construído com garrafa de refrigerante que demonstra o princípio básico da propulsão a jato de foguetes e aviões. A queima de um combustível gera movimento quando expelido pela turbina. A turbina PET é uma demonstração simples de como a energia química se transforma em calor na queima do combustível e é transformada em energia mecânica. A expansão do gás no interior da garrafa produz o movimento. Vamos analisar o processo em etapas: 1. no instante da explosão se produz gás quente à alta pressão; 2. a expansão do gás realiza o trabalho de empurrar o foguete; 3. o gás se resfria depois de realizado o trabalho; 4. a garrafa se aquece no processo; 5. o gás do processo continua mais quente do que antes da explosão. Na termodinâmica, temos sempre que delimitar o sistema que estamos estudando. O que está além dele é a vizinhança do sistema. Este sistema é escolhido de acordo com a nossa conveniência ou de acordo com o fenômeno que queremos estudar. No caso do nosso brinquedo, a mistura de ar e vapor de álcool é o nosso sistema, e a vizinhança abrange a garrafa e o ambiente externo. É no gás onde ocorrem as transformações que estamos interessados em estudar. 1. A explosão da mistura libera uma quantidade de calor (Q). 2. Este calor produz a expansão do ar no interior da garrafa e realiza trabalho (W)WW . 3. Depois da expansão o gás se torna um pouco mais quente do que era antes da explosão. Dizemos que houve uma variação da sua energia interna no processo. 4 Física A05 Esse foguete a álcool, na verdade, é uma máquina térmica um tanto inconveniente, pois voa apenas uma pequena distância, alguém tem de trazê-lo de volta, deve ser abastecido e precisa de uma nova faísca a cada vôo. Uma máquina térmica que seja efi ciente para produzir trabalho tem que ter a capacidade de produzi-lo de forma contínua. O automóvel, por exemplo, realiza processos semelhantes aos do foguete de forma contínua, ou seja, em ciclos. Um bom exemplo de um ciclo termodinâmico onde trabalho é produzido a partir do calor é o ciclo Rankine de uma turbina a vapor. Figura 2 – Ciclo Rankine da turbina a vapor– Fonte: <http://www.ceeeta.pt/images/ctvap.gif>. Acesso em: 29 out. 2008. Na fi gura 2, o vapor é produzido na caldeira. A pressão desse vapor realiza trabalho ao ser expandido na turbina, depois é transformado em água quente no condensador para que possa ser colocado de volta à caldeira para novo aquecimento. Neste ciclo, temos uma caldeira onde a água é aquecida e transformada em vapor superaquecido. Este vapor entra em uma turbina, que é um conjunto de palhetas acoplado a um eixo, produzindo movimento de rotação deste eixo. Ao passar pela turbina, parte da energia interna do vapor é transformada em trabalho. Como o vapor sai da turbina ainda quente, signifi ca que parte do calor recebido na caldeira ainda permanece no vapor como parte de sua energia interna. Energia interna – em um gás a energia interna está diretamente relacionada à sua temperatura. Ela pode ser entendida como a soma de todas as energias mecânicas das partículas do gás. Sempre que há variação de temperatura há variação da energia interna. 5 Física A05 Para poder retornar à caldeira, o vapor deve voltar ao estado líquido e esta tarefa é realizada por um trocador de calor ou condensador que resfria o vapor e transforma-o em água a aproximadamente 90°C. Esta água, por sua vez, é bombeada para o interior CC da caldeira e o ciclo recomeça. Em termos de transformação de energia, podemos dizer que a caldeira fornece uma quantidade de energia térmica à água, em forma de calor, transformando-a em vapor. A energia interna do vapor aquecido é transformada, parte em trabalho e parte é mantida no vapor quente. Podemos escrever, então, sob a forma matemática: Q = W + ΔU Eq. (1) Ou seja, do calor fornecido, parte se converte em trabalho mecânico e parte aquece o gás do processo. Lembra-se da garrafa? Podemos escrever e entender a equação (1) de outra forma: ΔU =U Q –Q W Eq. (2) Dizemos que a variação da energia interna de um sistema pode se dar de duas formas: pela troca de energia em forma de calor ou pela realização de trabalho por este sistema ou sobre este sistema. A equação (2) implica um fato interessante e para o qual não podemos deixar de chamar a atenção de vocês: é a equivalência entre calor e trabalho. Note que na equação eu posso subtrair uma grandeza da outra, pois elas são equivalentes. Durante muito tempo, calor e trabalho eram duas coisas diferentes que não “se comunicavam”; o calor era explicado como um fl uido que existia no interior da matéria e se manifestava como aumento de temperatura. Agora o conceito de energia os torna equivalentes. O que chamamos comumente de calor é, na verdade, uma forma de energia equivalente a qualquer outra. Pela equação, podemos notar que: Se o gás realizar trabalho sobre o ambiente, ele perde energia. Isso faz sentido, já que a energia necessária para realizar o trabalho sobre o ambiente se origina do próprio gás. Se adicionarmos uma quantidade ΔQ de calor ao gás, sua energia interna aumenta Q deste mesmo valor. As idéias expressas acima compõem a formulação da 1ª lei da termodinâmica. 6 Física A05 Primeira lei da termodinâmica – a energia de um corpo pode variar devido à ação de forças externas ou por troca de calor com o ambiente, então esta variação de energia corresponde à soma do trabalho realizado pelas forças externas mais a quantidade de calor obtida do ambiente. É neste sentido que dissemos que a primeira lei da termodinâmica é uma extensão do princípio da conservação da energia mecânica, agora incluindo o calor como uma forma de energia. 1Praticando... Nos comerciais de automóveis ouvimos algumas informações sobre o motor do carro, como: “motor 2.0, de 16 válvulas, comando de válvulas no cabeçote, Motor em V, de 12 cilindros, motor turbo”. Pesquise sobre o motor do automóvel e suas principais peças, procurando entender as expressões citadas acima. Observe como se dá a transformação de calor em trabalho mecânico e como é o mecanismo de manutenção dociclo da máquina. a) Qual a diferença entre o motor de um carro 1.0 e motor de outro que é 2.0? b) Qual a diferença entre um motor de 8 válvulas e outro de 16 válvulas? c) Qual a função do turbo e como ele infl ui no desempenho do carro? Equivalente mecânico do calor: foi demonstrado por Joule que, para que um corpo se aqueça na mesma intensidade de quando fornecemos uma quantidade de calor de uma caloria, seria necessária a realização de trabalho mecânico igual a 4,18 Joules. Responda aqui 7 Física A05 Trabalho realizado por um gás Como vimos anteriormente, nas máquinas térmicas temos que usar um fl uido (normalmente um gás) como substância de trabalho. É este fl uido que vai passar por transformações termodinâmicas, ou seja, variações de pressão, volume e temperatura e produzir trabalho. O que chamamos de estado termodinâmico de um sistema é determinado por estas três variáveis (P,V,T). Nosso estudo consiste em analisar a quantidade de trabalho realizado por um gás em diferentes formas em que este estado termodinâmico pode variar. Kg Pistão Cilindro ºC GásGáG sás 8 Física A05 Trabalho realizado por um gás em uma transformação gasosa A fi gura a seguir é a ilustração de um aparato experimental didático, usado para auxiliar o entendimento das principais transformações gasosas. Ele tem semelhança com uma máquina térmica e isso não é por acaso. É composto de um cilindro, onde está contido um gás, pressionado por um pistão de peso variável; um manômetro para as medidas de pressão, um termômetro para as medidas de temperatura e uma fonte de calor. Nesse arranjo experimental, é possível medir as variáveis pressão, volume e temperatura, adicionar ou retirar calor e, a partir dessas medidas, fazer a relação entre o calor trocado, o trabalho realizado e a variação da energia interna do gás. Veremos aqui a aplicação da 1ª Lei da Termodinâmica às transformações gasosas. Figura 3 – Representação de um arranjo experimental para estudo – das transformações termodinâmicas de um gás As transformações são divididas em isobárica, isotérmica, isovolumétrica e adiabática. Nas máquinas, o processo não acontece de forma tão idealizada, mas esta separação se faz necessária para que possamos, depois, nos aproximar o mais possível do comportamento real das máquinas. 9 Física A05 Trabalho em uma transformação isobárica No arranjo experimental, aquecemos o gás e o deixamos expandir-se livremente à medida que a pressão tende a aumentar. O gás aquece, expande-se e, com um aumento mínimo de pressão, empurra o êmbolo para cima. Há realização de trabalho e a pressão se mantém constante. A pressão do gás pode ser escrita como p= F/A ou F=FF p.A, em que a é a área do cilindro. A variação de volume sofrida na expansão do gás é um ΔV = A. Δl, onde o Δl é o deslocamento do êmbolo durante a expansão. O trabalho realizado pelo gás será, então, W = p. ΔV Eq. (3) Aplicando-se a expressão da primeira lei da termodinâmica, temos então: ΔU = Q – W ΔU = Q – p.ΔV Eq. (4) Na equação (3) podemos achar uma indicação para as perguntas que fi zemos na atividade 1. A pressão do gás no interior do cilindro é um fator importante na quantidade de trabalho realizado, como também a variação de volume sofrida pelo pistão durante a expansão. 2Praticando... Numa transformação isobárica, sob pressão P = 2.105N/m2, um gás variou seu volume desde V 1 = 2.10-4m3 até V 2 = 5.10-4m3. Sabendo que a quantidade de calor trocada pelo gás com uma fonte externa foi ΔQ = 80J, determine: a) O trabalho realizado pelo gás. b) A variação da energia interna do gás. 10 Física A05 Trabalho em uma transformação isotérmica Uma transformação isotérmica é uma situação idealizada na qual uma quantidade de calor é transferida ao gás e mesmo assim sua temperatura permanece constante. Como pode ser isso? Pensando no arranjo experimental e na equação da primeira lei da termodinâmica, podemos ter uma idéia de como isso pode acontecer. Se a temperatura do gás não muda durante o processo, sua energia interna também não muda. ΔU = 0 Dizemos isso porque sabemos que a energia interna é função direta da temperatura do gás e se uma não varia, a outra também não varia. A equação (2) se torna, então, Q = W Esta igualdade implica que toda a energia em forma de calor transmitida ao gás seria necessariamente usada na realização de trabalho para empurrar o pistão durante a expansão. Isso implica em condições bem especiais de realização do experimento; nenhum calor deve ser trocado com o ambiente (para isso o cilindro deve ser perfeitamente isolado), e o processo deve ser realizado tão lentamente de modo que não haja desequilíbrios: partes do gás com temperaturas ou pressões diferentes. Um processo desse tipo é chamado “quase-estático”. V p Figura 4 – Isoterma de um gás ideal – 11 Física A05 Trabalho em uma transformação adiabática Essa transformação ocorre sem que haja troca de calor do sistema com sua vizinhança. Em duas situações podemos ter processos muito próximos da condição adiabática ideal: um sistema termicamente bem isolado e em uma transformação que ocorra em um tempo tão curto o qual não seja sufi ciente para ocorrer troca de calor. Em várias situações práticas consideramos que transformações adiabáticas acontecem. Por exemplo, o momento da explosão da gasolina dentro do motor é considerado uma expansão adiabática, devido à extrema rapidez em que ela ocorre. Dica: supondo o motor de uma motocicleta a 6000 rpm, isso signifi ca 100 rotações por segundo. Obviamente que uma transformação totalmente adiabática também é uma idealização, visto que o motor da motocicleta aquece depois de alguns minutos funcionando, mas considerando algumas rotações, apenas a nossa suposição é perfeitamente válida e útil do ponto de vista de entendimento dos fenômenos. Vocês já se depararam na física com muitas situações consideradas ideais que nos ajudam a explicar/entender fenômenos e construir modelos. Pela primeira lei, se um processo é adiabático Q = 0, temos que: ΔU = – W Então, que sentido tem isso para nós? Suponha o cilindro da nossa experiência e o sistema como sendo o gás em seu interior. Se comprimirmos o gás por meio de uma força externa ao sistema, a energia interna do gás aumenta, pois aumenta sua temperatura. Se o gás comprimido se expande, sua energia interna diminui, como a queda de temperatura. Note que, sendo uma transformação adiabática, todo trabalho é convertido em energia interna e vice-versa. E o sinal negativo? O sinal nos diz que uma variação positiva da energia interna é resultado de um trabalho negativo, ou seja, trabalho realizado sobre o sistema por uma força externa a ele. Por outro lado, uma variação negativa da energia interna (resfriamento) implica que o sistema realizou trabalho sobre a vizinhança, ou seja, trabalho positivo. 12 Física A05 Transformação a volume constante Esta transformação gasosa é facilmente obtida na prática. De modo simples poderíamos colocar uma lata bem tampada no fogo e esperar o resultado. O resultado é que a temperatura do ar dentro da lata vai aumentar gradativamente, assim como a sua pressão. No nosso aparato experimental da fi gura 3 seria o caso de prender o pistão em certa posição e fornecer calor ao gás. Como não há deslocamento do pistão, não há realização de trabalho, logo: Pela equação ΔU =U Q – W– W = 0 Ficamos com ΔU = Q; isso signifi ca que todo o calor fornecido ao sistema será convertido unicamente em energia interna do sistema. No caso do exemplo que mostramos acima, a lata pode explodir se a temperatura do gás subir muito e conseqüentemente a sua pressão. Em uma panela de pressão, por exemplo, é importante que exista a válvula de alívio para que a pressão no interior da panela
Compartilhar