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Curso: Engenharia Civil Disciplina: Estruturas de Aço e Madeira Professora: Raquel Barros Leal AULA 1- PROPRIEDADES FÍSICAS E MECANICAS DO AÇO 1.0 DEFINIÇÕES • As formas mais usuais de metais ferrosos são o aço, o ferro fundido e o ferro forjado, sendo o aço, atualmente, o mais importante dos três. • O aço é a liga de ferro-carbono em que o teor de carbono varia desde 0,008% até 2,11%. • O carbono aumenta a resistência do aço, porém o torna mais frágil, ou seja, aços com baixo teor de carbono tem menor resistência a tração, entretanto são mais dúcteis. • A resistência à corrosão é também importante só sendo, entretanto, alcançada com pequenas adições de cobre. • Os aços podem ser classificados em diversas categorias, cada qual com suas características, por exemplo, aços para estrutura devem ter boa ductilidade, homogeneidade, soldabilidade. OBSERVAÇÃO: Todos os aços utilizados em estruturas tem resistência a ruptura por tração e compressão iguais, variando entre amplos limites desde 300MPA até valores acima de 1200MPA. Influência da composição química • Carbono - principal elemento para aumento da resistência; • Cobre – aumenta de forma muito eficaz a resistência à corrosão atmosférica e a resistência à fadiga; • Cromo – aumenta a resistência mecânica à abrasão e à corrosão atmosférica reduzindo, porém, a soldabilidade; • Enxofre – entra no processo de obtenção, mas pode causar retração à quente ou mesmo ruptura frágil, assim como, teores elevados podem causar porosidade e fissuração na soldagem; • Silício – aumenta a resistência e a tenacidade e reduz a soldabilidade; • Titânio – aumenta o limite de resistência, a resistência à abrasão e a resistência à deformação lenta, sendo muito importante a fim de se evitar o envelhecimento; • Vanádio – aumenta o limite da resistência, a resistência à abrasão e a resistência à deformação lenta sem prejudicar a soldabilidade e a tenacidade. 2.0 INTRODUÇÃO E HISTÓRICO • Os metais ferrosos são utilizados desde a antiguidade, onde o primeiro a ser utilizado em construções foi o ferro fundido, entre os anos de 1779 e 1820. Primeira ponte em ferro fundido, Coalbrookdale, sobre o rio Severn, Inglaterra. Vão de 30 metros, construído em 1779. • No Brasil: 1857 – Ponte sobre o Rio Paraíba do Sul – Rio de Janeiro. Ferro fundido. Vão de 30 m vencidos por arcos atirantados, sendo os arcos constituídos de peças de ferro fundido montadas por encaixe e o tirante em ferro forjado. • Duas grandes obras com a utilização do aço podem ser vistas abaixo: Viaduc de Garabit, Sul da França, com 165 m de vão, construída por G. Eiffel em 1884. Fonte: Acervo digital (https://fr.wikipedia.org/wiki/Viaduc_de_Garabit) Ponte Firth of Forth, na Escócia, construída em 1890, foi recorde mundial de vão livre: 521 m. Fonte: Acervo digital (http://megaengenharia.blogspot.com.br/) 2.1 VANTAGENS DO AÇO 1. Alta resistência do material nos diversos estados de solicitação – tração, compressão, flexão, etc., o que permite aos elementos estruturais suportarem grandes esforços apesar das dimensões relativamente pequenas dos perfis que os compõem. 2. Apesar da alta massa específica do aço, na ordem de 7850 kg/m3, as estruturas metálicas são mais leves do que, por exemplo, as estruturas de concreto armado, proporcionado, assim, fundações menos onerosas. 3. As propriedades dos materiais oferecem grande margem de segurança, em vista do seu processo de fabricação que proporciona material único e homogêneo, com limites de escoamento, ruptura e módulo de elasticidade bem definidos. 4. As dimensões dos elementos estruturais oferecem grande margem de segurança, pois por terem sido fabricados em oficinas, são seriados e sua montagem é mecanizada, permitindo prazos mais curtos de execução de obras. 5. Apresenta possibilidade de desmontagem da estrutura e seu posterior reaproveitamento em outro local. 6. Apresenta possibilidade de substituição de perfis componentes da estrutura com facilidade, o que permite a realização de eventuais reforços de ordem estrutural, caso se necessite estruturas com maior capacidade de suporte de cargas. 7. Apresenta possibilidade de maior reaproveitamento de material em estoque, ou mesmo, sobras de obra, permitindo emendas devidamente dimensionadas, que diminuem as perdas de materiais, em geral corrente em obras. 2.2 DESVANTAGENS DO AÇO 1. Limitação de fabricação em função do transporte até o local da montagem final, assim como custo desse mesmo transporte, em geral bastante oneroso. 2. Necessidade de tratamento superficial das peças estruturais contra oxidação devido ao contato com o ar, sendo que esse ponto tem sido minorado através da utilização de perfis de alta resistência à corrosão atmosférica, cuja capacidade está na ordem de quatro vezes superior aos perfis de aço carbono convencionais. 3. Necessidade de mão-de-obra e equipamentos especializados para a fabricação e montagem. 3.0 PROCESSO DE FABRICAÇÃO 1- ALTO FORNO 2- CONVERSOR DE OXIGÊNIO 3- TRATAMENTO DE AÇO NA PANELA 4- LINGOTEAMENTO 5- LINGOTEAMENTO CONTÍNUO 6- LAMINAÇÃO 7- TRATAMENTO TÉRMICO • O principal processo de fabricação do aço consiste na produção de ferro fundido no alto-forno e posterior refinamento em aço no conversor de oxigênio. • O outro processo utilizado consiste em fundir sucata de ferro em forno elétrico cuja energia é fornecida por arcos voltaicos entre o ferro fundido e os eletrodos. • Em ambos os processos, o objetivo é o refinamento do ferro fundido, ao qual são adicionados elementos de liga para produzir o aço especificado. 4.0 TIPOS DE AÇO ESTRUTURAIS • Os aços utilizados em estruturas podem ser classificados em dois tipos: aços-carbono e aços de baixa liga. . Aços-carbono • Os aços-carbono são os tipos mais usados, nos quais o aumento de resistência em relação ao ferro puro é produzido pelo carbono e, em menor escala, pelo manganês. • Em função do teor de carbono, distinguem-se três categorias: OBSERVAÇÃO: O aumento de teor de carbono eleva a resistência do aço, porém diminui a sua ductilidade (capacidade de se deformar), o que conduz a problemas na soldagem. • Em estruturas usuais de aço, utiliza-se um baixo teor de carbono para que não se tenha preocupações especiais com a soldagem. Baixo Carbono C < 0,29% Médio Carbono 0,30% < C < 0,59% Alto Carbono 0,60% < C < 2,0% • Ainda sobre o aço-carbono, existem vários tipos dos mesmos, todos seguindo padrões da ABNT, da ASTM (American Society for Testing and Materials) e das normas europeias EN. Alguns deles podem ser vistos na tabela abaixo: Tabela 1: Propriedades Mecânicas de Aços-Carbono A tabela abaixo lista as especificações gerais para os aços estruturais do grupo A, englobando aplicações de construção civil, construção naval e ferroviária. • Os aços de baixa liga são aços-carbono acrescidos de elementos de liga (cromo, cobre, manganês, níquel, fósforo), os quais melhoram algumas propriedades mecânicas. • Alguns elementos de liga aumentam a resistência do aço através da modificação da microestrutura para grãos finos, dessa forma, pode-se obter uma resistência elevada com um baixo teor de carbono, permitindo soldagens sem preocupações especiais. Aços de Baixa Liga • No Brasil, por exemplo, utiliza-se muito os aços de baixa liga de média e alta resistência mecânica, soldáveis e com características de elevada resistência a partir da adição de um certo teor de cobre. Tabela 2: Propriedades mecânicas dos aços de baixa liga 5.0 AÇOS COM TRATAMENTO TÉRMICO E PADRONIZAÇÃO ABNT • Osaços-carbono e o aço de baixa liga podem ter sua resistência aumentadas pelo tratamento térmico, entretanto, a soldagem dos aços termicamente tratados é mais difícil, tornando o seu emprego pouco usual em estruturas correntes. • Indica-se o tratamento térmico em parafusos de alta resistência que serão utilizados como conectores com aço de médio carbono e com aços de baixa liga para cabos de protensão. Os tensionadores “multi-jackbolt” (MJTs) Superbolt tipo parafuso são um inovador produto de aparafusamento que elimina o uso de ferramentas caras e perigosas. • Segundo a especificação NBR 7007 - Aços para perfis laminados para uso estrutural da ABNT, os aços podem ser enquadrados nas seguintes categorias a partir do seu limite de escoamento: MR250, aço de média resistência; AR350, aço de alta resistência; AR-COR415 , aço de alta resistência, resistente à corrosão. • O aço MR250 corresponde ao aço ASTM A36. A tabela a seguir lista as principais especificações NBR de aços estruturais para aplicação na construção civil; 6.0 ENSAIO DE TRAÇÃO E CISALHAMENTO SIMPLES 6.1 – Tensões e Deformações • Nas aplicações estruturais, as grandezas utilizadas com mais frequência são as tensões (σ) e as deformações (ε). • Para o caso desta haste submetida a uma tração simples F, temos que tensão normal será: σ= 𝐹 𝐴 • A deformação será: ε = Δ𝑙 𝑙𝑜 • No regime elástico, as tensões são proporcionais as deformações, e essa proporcionalidade é denominada de modulo de elasticidade (E). σ = E x ε O E é praticamente igual para todos os tipos de aço. 200000 < E < 210000 MPA • Ainda sobre a tensão x deformação, tem-se: • Diagrama convencional de σ x ε. Onde através dele pode-se fazer as análises da trabalhabilidade de diversos tipos de aço, analisando suas resistências e deformações. Diagrama tensão x deformação de alguns aços. • A inclinação do trecho retilíneo do diagrama é o modulo de elasticidade E. • Quando se ultrapassa o regime elástico, o material entra num limite de escoamento, caracterizado pelo aumento da deformação sob tensão constante. • Acréscimo de tensão e deformação após o escoamento é definido pelo encruamento. Diagrama tensão x deformação com patamar de escoamento 7.0 PROPRIEDADES DO AÇO Constantes Físicas do Aço • A ductilidade é a capacidade do material se deformar sob a ação de cargas. • Os aços que são extremamente dúcteis podem ser esticados, dobrados e deformados sem rachar e sem perder a sua força, e esta é uma qualidade desejável, especialmente nos aços estruturais. • Para medir a ductilidade de um aço, normalmente emprega uma medida de resistência à tração do material. A resistência à tração examina quão longe o material pode ser esticado sem apresentar rupturas e fissuras. DUCTILIDADE • A fragilidade é o oposto da ductilidade. Os aços podem se tornar frágeis pela ação de diversos agentes, um deles é a baixas temperaturas ambientes. • É de suma importância estudar as condições em que o aço se torna frágil, principalmente em construções metálicas, uma vez que os materiais frágeis se rompem bruscamente, sem aviso prévio. • Deve-se fazer a analise do comportamento frágil sob dois aspectos: a iniciação da fratura e a sua propagação. FRAGILIDADE • A iniciação ocorre quando uma tensão ou deformação elevada se desenvolve num ponto em que o material perdeu ductilidade e uma vez iniciada a fratura, ela se propaga pelo material, mesmo em tensões moderadas. Fratura de viga metálica obriga ao encerramento da Ponte de Turnpike Notícia: 24/01/2017 DUREZA • A dureza é a resistência ao risco ou abrasão. • Na prática, mede-se dureza pela resistência que a superfície do material oferece a penetração de uma peça de maior dureza. RESILIÊNCIA E TENACIDADE • Essas duas propriedades se relacionam com a capacidade do metal de absorver energia mecânica. Podem ser definidas com o auxilio dos diagramas de tensão x deformação. • A resiliência é a capacidade do aço de absorver energia mecânica em regime elástico por unidade de volume e readquirir a forma original quando retirada a carga que provocou a deformação. • Tenacidade é a capacidade de o material absorver energia devido à deformação até a ruptura. • Quando as peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos em grande numero, pode haver uma ruptura, a este efeito denomina-se fadiga do material. • A resistência à fadiga das peças é fortemente diminuída nos pontos de concentração de tensões, provocadas, por exemplo, por variações bruscas na forma da seção. RESILIÊNCIA E TENACIDADE FADIGA • As temperaturas elevadas modificam as propriedades físicas dos aços. Temperaturas superiores a 100°C tendem a eliminar o limite de escoamento bem definido, tornando o diagrama tensão x deformação arredondado. • As altas temperaturas reduzem as resistências a escoamento e a ruptura, bem como o modulo de elasticidade. • As temperaturas acima de 250°C a 300°C provocam fluência nos aços. EFEITO DA TEMPERATURA ELEVADA Quanto maior a temperatura, menor a resistência e o modulo de elasticidade do aço. • Corrosão é o processo de reação do aço com alguns elementos presentes no ambiente em que ele se encontra exposto. • A corrosão promove a perda da seção das peças de aço, podendo ser uma das principais causas de colapso das estruturas. • A proteção contra a corrosão dos aços expostos ao ar é usualmente feita por pintura ou galvanização. • Algumas providencias devem ser tomadas para aumentar a vida útil da estrutura de aço exposta ao ar, tais como, evitar pontos de umidade e sujeita, promover a drenagem e aeração, evitar pontos inacessíveis a manutenção e pintura, etc. CORROSÃO CORROSÃO 8.0 PRODUTOS SIDERÚRGICOS ESTRUTURAIS • Os aços são produzidos para utilização estrutural sob diversas formas: chapas, barras, perfis laminados, fios trefilados, cordoalhas, cabos. • Barras: São produtos laminados, nos quais duas dimensões (da seção transversal) são pequenas em relação ao comprimento. Podem ser de seção circular, quadrada ou retangular alongada. (Essas ultimas geralmente chamadas de barras chatas). BARRAS BARRAS PERFIS LAMINADOS • Os perfis laminados a quente são produzidos através da laminação de blocos de aço, em sistema de laminação contínua. Podem ser produzidos em formas de H, I, C, L. • A designação de perfis metálicos laminados segue determinada ordem: Código, altura (mm.), peso (Kg/m) • Como exemplo de códigos teremos: L – Cantoneiras de abas iguais ou desiguais I – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘ I ‘ H – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘H’ U – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘U’ T – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘Tê’ • Como exemplo de designação de perfis teremos: L 50 x 2,46 – Perfil L de abas iguais de 50mm e peso de 2,46 kg/ml L 100 x 75 x 10,71 – Perfil L de abas desiguais de 100mm de altura por 75mm de largura e peso de 10,71 kg/ml I 200 x 27 – Perfil ‘ I ‘ com altura de 200mm e peso de 27 Kg/ml H 200 x 27 – Perfil ‘ H ‘ com altura de 200mm e peso de 27 Kg/ml U 200 x 27 – Perfil ‘ U ‘ com altura de 200mm com peso de 27 Kg/ml • Os Perfis em formato de I e H são muito utilizados para pilares, vigas, marquises e em alguns casos para tesouras. • Os perfis em formato de cantoneira "L" são utilizados de várias maneiras e desempenhando funções diferentes, porém são mais utilizados para fazer ligações entre elementos principais (pilar X viga / viga X viga / viga X tesouras) etc. • Há também os perfis laminados "U ultimamente tem sido utilizados em algunscasos como terças em coberturas ou mezaninos. • Os perfis são formados pela associação de chapas ou perfis laminados simples, sendo ligados, em geral, por soldas. • A norma brasileira NBR 5884:1980 padronizou três séries de perfis soldados. PERFIS SOLDADOS E PERFIS COMPOSTOS Perfis CS (colunas soldadas) Perfis VS (Vigas soldadas) Perfis CVS (colunas e vigas soldadas) Os perfis b, c e d ao lado são perfis compostos, são mais caros e seu emprego é para atender as conveniências de cálculos em colunas ou estacas onde se deseja momento de inércia elevado nas duas principais direções. • Pode ser utilizado em locais de pequeno, médio e grande porte com praticidade e rapidez na instalação, que mesmo sendo rápida e simples, deve ser realizada apenas por profissionais preparados. • É um produto altamente resistente a corrosões e apresenta excelente durabilidade. • É criado a partir de chapas de aço retas, podendo ter diferentes tamanhos e espessuras, visando atender exatamente ao que você precisa. O objetivo da aplicação da dobra no perfil de chapa dobrada é justamente proporcionar formatos específicos para a variação de projetos. PERFIS DE CHAPA DOBRADA PERFIS DE CHAPA DOBRADA • A designação de perfis metálicos de chapa dobrada segue determinada ordem: Tipo, Altura, Aba, Dobra, Espessura (todas as medidas em mm) L – Cantoneiras de abas iguais ou desiguais U – Perfil de seção transversal na forma da letra ‘ U ‘ enrijecidos ou não • Como exemplo de designação de perfis teremos: U 150 x 60 x 20 x 3 – Perfil U enrijecido com altura de 150mm, aba de 60mm, dobra de 20mm e espessura de 3mm • Chapas: São produtos laminados, nos quais uma dimensão (a espessura) é muito menor do que as outras duas (largura e comprimento). • As chapas se dividem em duas categorias, chapas grossas e chapas finas, conforme tabela abaixo; CHAPAS • Fios: Os fios são obtidos por trefilação (fabricação por estiramento). Os fios de aço duro são empregados em molas, cabos de protensão de estruturas, etc. • Cordoalhas: São formados por três ou sete fios arrumados em forma de hélice. O modulo de elasticidade da cordoalha é tão elevado quanto o de uma barra maciça de aço. E = 195.000 MPa (cordoalha) FIOS, CORDOALHAS, CABOS • Cabos de aço: São formados por fios trefilados finos, agrupados em arranjos helicoidais variáveis. São muito flexíveis, o que permite seu emprego em moitões para multiplicação de forças, entretanto, tem modulo de elasticidade baixo.
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