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UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA Curso de Graduação em Psicologia Ana Heloisa ÉTICA E SIGILO PROFISSONAL Assis 2017 Ana Heloisa ÉTICA E SIGILO PROFISSONAL Trabalho apresentado no curso de graduação em Psicologia na disciplina de Ética Profissional. Assis 2017 SUMÁRIO Introdução.............................................................................04 Conceitos sobre Ética...........................................................05 Sigilo Profissional..................................................................06 Conclusão.............................................................................09 Referências...........................................................................10 INTRODUÇÃO O exercício de uma profissão requer competência técnica, rigor ético e compromisso com a sociedade, em que se realiza. Quando se trata de uma profissão regulamentada, esses aspectos ganham contornos mais claros, uma vez que existem órgãos responsáveis, com delegação do Estado, para cuidar dessa tarefa. A Psicologia, profissão regulamentada desde 1962, tem na história desses 43 anos de regulamentação, algumas características interessantes. Regida inicialmente por leis produzidas em um período político em que vigorava o autoritarismo e o arbítrio, a profissão teve, desde sempre, uma categoria preocupada em refletir sobre seu papel social. Evidentemente, não de forma unânime. As contradições da sociedade perpassam todos os seus setores e a psicologia não poderia ficar isenta. Mesmo assim, ou exatamente por causa disso, temos aí uma categoria que ao longo desses anos questiona o compromisso com as elites que em muitos contextos marcou a presença social da profissão social e se preocupa em apontar a necessidade de colocar a Psicologia a serviço de toda a sociedade. Conceitos e o Código de Ética Toda profissão ao se definir como um conjunto de práticas e teorias que buscam atender as necessidades psicossociais de uma população, controlada por padrões técnicos e éticos, organiza-se e regulamenta-se a partir de um documento deontológico, denominado comumente de Código de Ética. Com a regulamentação da Psicologia em 1962, fez-se necessário construir um Código de normas para o reconhecimento social da profissão em âmbito nacional. O novo Código de Ética do Psicólogo foi proposto em 2005, como resultado de um percurso histórico da Psicologia frente às novas demandas sociais e também como carta que dialoga ativamente com a Cultura de Direitos Humanos, instituída a partir da Constituição Federal de 1988. Esse documento promulgado em 27 de agosto de 2005, é o quarto Código de Ética do Psicólogo no Brasil. Ele veio responder, principalmente, ao contexto organizacional e institucional, oriundo de um pedido social para as entidades representativas, os Conselhos Regionais de Psicologia. Portanto, esse é um Código que veio atender à evolução do contexto institucional do Brasil, com a crescente democratização e industrialização. Em 1967, o primeiro Código de Ética do Psicólogo foi aprovado pela Associação Brasileira de Psicólogos, presidida por Arrigo Angelini, possuía cinco princípios fundamentais e 40 artigos. Em 1975, por sua vez, este foi modificado e reorganizado como oficialmente o primeiro Código de Ética, agora promulgado por um Conselho Federal de Psicologia. (Romaro, 2006) O Código retrata a imagem da nossa prática profissional, que muitas vezes incomoda a classe profissional, pelo seu viés ainda elitista e curativo, resultado da identidade clássica do psicólogo clínico e do modelo biomédico de atendimento. A partir disso, os psicólogos brasileiros buscaram uma prática mais refletida, um retrato mais fiel do que fazem de fato ou do que querem fazer na Psicologia. Por isso, o novo Código de Ética do Psicólogo é um projeto profissional coletivo, que desenha uma possível nova identidade desse sujeito que trabalha e faz psicologia no Brasil. O novo código foi pensado dentro do movimento da história da Psicologia, na sua prática com a sociedade brasileira. Desse modo ele expõe princípios que: representa essa história; valoriza o sujeito na perspectiva social; respeita as diversidades humanas na trama sócio cultural; reconhece a diversidade interna da própria Psicologia em suas diferentes teorias e fazeres; garante os direitos do individuo e apresenta uma perspectiva de promoção de saúde. Sigilo profissional Para a Psicologia, o valor ético-moral do sigilo profissional é um dever, historicamente mantido, em todos os âmbitos profissionais da Psicologia, como se vê no artigo 9º. Porém o artigo seguinte (nº10) faz uma referência fundamental às situações que envolvem crianças e jovens em vulnerabilidade psicossocial, tornando a quebra do sigilo um direito profissional, ou seja, o psicólogo pode ou não decidir por essa quebra. Essa é uma mudança recente na cultura psicológica, e tem sido praticada por aqueles que trabalham em instituições, como a Fundação CASA (Atendimento Sócio Educativo do Adolescente), em que existe a premência da denúncia, mesmo em casos de suspeita de violência contra os jovens. Os psicólogos têm sido orientados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), a quebrar o sigilo quando trabalham em lugar as diretrizes do ECA (art 56). Cabe ressaltar a importância de um contrato de trabalho claro, objetivo, observando-se as especificidades e alcances de cada técnica, que em hipótese alguma deverá desrespeitar a privacidade do usuário, sendo a quebra do sigilo passível em situações extremas, de preferência, após a consulta ao Centro de Orientação do CRP. No Código de Ética atual, a questão do sigilo é ressaltada em pelo menos 7 artigos: Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional. Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo. Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias. Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, considerando o previsto neste Código. Art. 12 – Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho. Art. 13 – No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício. Art. 14 – A utilização de quaisquer meios de registro e observa- ção da prática psicológica obedecerá às normas deste Código e a legislação profissional vigente, devendo o usuário ou beneficiário, desde o início, ser informado. Art. 15 – Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer motivos, ele deverá zelar pelo destino dos seus arquivos confidenciais. § 1° – Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar todo o material ao psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização pelo psicólogo substituto. § 2° – Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicó- logo responsável informará ao Conselho Regional de Psicologia, que providenciará a destinação dos arquivos confidenciais. Apesar de todo cuidado dispensado à questão do sigilo e da privacidade que têm sido tema de encontros entre profissionais, estudantes e usuários nos diversos Conselhos Regionais de Psicologia, parece que nos encontramos longe de um consenso. As questões que nos cercam e suscitam angústiaenquanto profissionais, supervisores, pesquisadores, estudantes em formação, gira em torno: O que deve ser de fato denunciado? Em que momento? Quais serão as conseqüências para o usuário e sua família? Aquilo que me é relatado é um fato ou é produto da fantasia, em um dado momento evolutivo? Denuncio ou procuro estabelecer uma condição de trabalho? Esse agressor também não é uma vitima que precisa de cuidados? Será que esses indícios não são um pedido de ajuda, de proteção? Essas são apenas algumas das questões. São questões difíceis de serem respondidas e que demandam uma análise criteriosa e profunda dos diversos componentes envolvidos. Uma coisa é certa, pelo imperativo do ECA e da Constituição Federal na dúvida, denuncia-se, mas precisamos cuidar para não cairmos no denuncismo, tão em voga nos dias de hoje. CONCLUSÃO A partir dos princípios fundamentais disponibilizados no Código de Ética da Psicologia, apontam-se as seguintes tarefas para o psicólogo brasileiro: é preciso tornar o Código de Ética do Psicólogo um instrumento ético e político, concretizando-o em um cotidiano profissional atuante e crítico, para então, construir uma Psicologia que possa transformar o sonho individual em projetos coletivos e emancipadores. REFERÊNCIAS Vázquez A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006:61-82. (Capítulo III A essência da moral) CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Psicologia. 2005, disponível em <http://site.cfp.org.br/legislacao/codigo-de-etica/>,acesso novembro 2013. Estatuto da Criança e do Adolescente, disponível <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>, acesso novembro/2003. Romaro, R. A. Ética na Psicologia, EDITORA VOZES, 2006:166p; 23-24, 91-94.
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