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Celso Farandi Oab/SP 163565 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ farandiadvocacia@gmail.com EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS DA FAZENDA PÚBLICA DO FORO DA COMARCA DE OSASCO – SP IDOSA > 90 ANOS ANTONIA GRIPPA, brasileira, divorciada, portadora da cédula de identidade RG 17.164.215-SSP-SP e do CPF 065.461.788-00, residente e domiciliada na Avenida Sport Club Corinthians Paulista, 2396, Km 18, CEP 06132-380, Osasco-SP, por seu advogado, vem respeitosamente à Ilustre presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE DECADÊNCIA/PRESCRIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO Em face de PREFEITURA DO MUNICIPIO DE OSASCO, situada na Rua Narciso Sturlini nº 201, Centro, Osasco, CEP06018-100 pelas razões de fato e de direito que passa a expor: DOS FATOS Em data de 11 de abril de 2005, conforme se denota na averbação de numero R6 da matricula 61115 do 1º Oficio de Registro de Imóveis de Osasco-SP, a Requerente adquiriu o imóvel sito na Avenida Sport Club Corinthians Paulista, 2396, Km 18, CEP 06132-380, Osasco-SP, inscrito na Prefeitura do Município de Osasco sob o numero 2224581145. A Requerente foi à sede da prefeitura informar-se sobre a possibilidade de parcelar os débitos de IPTU, ocasião em que recebeu uma relação com todos os débitos. Celso Farandi Oab/SP 163565 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ farandiadvocacia@gmail.com Ocorre que na referida relação, há débitos notoriamente foram alcançados pela decadência, contudo, a Prefeitura somente permite o parcelamento mediante a abrangência de todos os débitos o que implicaria em reconhecimento e confissão. Encontram-se alcançados pela decadência prevista no artigo 176 do CTN os seguintes lançamentos de IPTU Exercício Livro Nº Dívida Valor Atualizado 1998 0A29 0001 R$ 24.093,93 1999 0A14 0035706 R$ 11.527,51 2000 0A31 0020864 R$ 10.920,46 2003 0A96 0030642 R$ 9.364,02 2004 A141 0014059 R$ 9.380,65 2005 A205 0028746 R$ 4.416,64 2006 A209 0007982 R$ 3.724,80 2007 A214 38870 R$ 7.132,06 2008 A215 0023761 R$ 6.625,91 2009 A216 0012597 R$ 6.971,76 2010 A217 0012597 R$ 4.919,76 2011 A218 00238030 R$ 1.530,25 DO DIREITO I - DA OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO A prescrição em matéria tributária, por ser fato que faz desaparecer a obrigação tributária, não pode ser derrogada pelas partes. Celso Farandi Oab/SP 163565 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ farandiadvocacia@gmail.com Na presente lide, os débitos supra mencionados prescreveram, tendo em vista que nenhuma ação de cobrança foi proposta em face da Requerente, de tal sorte que não há nenhum fato capaz de interromper a prescrição. A prescrição em matéria tributária, por disposição constitucional (art. 146), dever obedecer aos ditames previstos em lei complementar. E o CTN foi recepcionado pela Constituição Federal com hierarquia de lei complementar. Nobre julgador, em todas as execuções fiscais anexadas a esta demanda não há a ocorrência da citação, o que se pode concluir que após o lançamento não se deu nenhum fato capaz de interromper a prescrição. A prescrição, tornando o crédito inexigível, faz exsurgir, por força de sua intercorrência no processo, a falta de interesse processual superveniente. Neste sentido: Embargos de Declaração acolhidos para negar provimento ao Recurso Especial interposto. (STJ, Embargos de Declaração no Recurso Especial nº. 629-030-PE, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 25/04/05) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. PREVALÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES RECEPCIONADAS COM STATUS DE LEI COMPLEMENTAR. PRECEDENTES. DESPACHO CITATÓRIO. ART. 8º, § 2º, DA LEI Nº 6.830/80. ART. 219, § 5º, DO CPC. ART. 174, DO CTN. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA. JURISPRUDÊNCIA PREDOMINANTE. RESSALVA DO ENTENDIMENTO DO RELATOR. PRECEDENTES. 1. O artigo 40, da Lei de Execução Fiscal, deve ser interpretado harmonicamente com o disposto no artigo 174, do CTN, que Celso Farandi Oab/SP 163565 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ farandiadvocacia@gmail.com deve prevalecer em caso de colidência entre as referidas leis. Isto porque é princípio de Direito Público que a prescrição e a decadência tributárias são matérias reservadas à lei complementar, segundo prescreve o artigo 146, III, "b" da CF. 2. A mera prolação do despacho que ordena a citação do executado não produz, por si só, o efeito de interromper a prescrição, impondo-se a interpretação sistemática do art. 8º, § 2º, da Lei nº 6.830/80, em combinação com o art. 219, § 4º, do CPC, e com o art. 174 e seu parágrafo único, do CTN. 3. Paralisado o processo por mais de 5 (cinco) anos impõe-se o reconhecimento da prescrição, desde que argüida pelo curador, se o executado não foi citado e, por isso, não tem oportunidade de suscitar a questão prescricional. Isto porque a regra do art. 219, § 5º, do CPC, pressupõe a convocação do demandado que, apesar de presente à ação, pode pretender adimplir à obrigação natural.(...)(STJ, Resp nº. 652.518-PR, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 29/11/04) RECURSO ESPECIAL. ALÍNEAS "A" E "C". TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ARQUIVAMENTO. INÉRCIA POR MAIS DE CINCO ANOS. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM A ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO STJ. SÚMULA N. 83. (STJ, Resp. nº. 418-160-RO, Rel. Min. Franciulli Neto, DJ 04/04/05) TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. ICMS. IMPULSÃO PROCESSUAL INÉRCIA DA PARTE CREDORA. ESTAGNAÇÃO POR MAIS DE CINCO ANOS. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE: RECONHECIMENTO. ARTIGO 40 DA LEI N.º 6.830/80 E ARTIGO 174 DO CTN. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. (STJ, Resp. nº. 237.079-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 11/09/00) Prescrição é a perda do direito de ação. O sujeito ativo não mais pode cobrar o tributo. A dívida existe mais e não pode ser cobrada (houve lançamento e a notificação e o Celso Farandi Oab/SP 163565 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ farandiadvocacia@gmail.com sujeito passivo não pagou e esta não foi cobrada). O prazo prescricional é de 5 anos contados a partir da notificação do lançamento, entretanto existe a súmula 153 do antigo Tribunal de Recursos que diz: constituído, no qüinqüênio, através de auto de infração ou notificação de lançamento, o crédito tributário, não há que se falar em decadência, fluindo, a partir daí, em princípio, o prazo prescricional, que, todavia, fica em suspenso, até que sejam decididos os recursos administrativos. Assim o prazo prescricional começa a contar a partir de finda a fase administrativa. A fase judicial não afeta esse prazo, salvo se houver depósito do montante integral. E em prescrição consoante se observou, valem apenas as situações previstas em lei complementar. Determina o art. 174 do CTN, numerus clausus, que: Art. 174. A ação para a cobrançado crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I - pela citação pessoal feita ao devedor; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Diz o Código Civil, em seu art. 75, que "A todo direito corresponde uma ação, que o assegura". Quer isto dizer que todo aquele que tiver um direito violado, ou ameaçado de lesão, terá sempre à sua disposição uma ação judicial específica para prover a Celso Farandi Oab/SP 163565 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ farandiadvocacia@gmail.com conservação desse direito. Ocorre que todo e qualquer direito deve ser exercido dentro de um determinado prazo, pena de não mais poder ser manejado. Daí falarmos em prescrição e decadência, institutos que serão agora analisados. A prescrição decorre da necessidade de estabilidade nas relações sociais. Não haveria essa estabilidade se o exercício dos direitos conferidos a alguém não tivesse prazo para ser exercido, pois isso equivaleria, na prática, a "eternizar" um direito, postergando-o ad infinitum. Por isso que o titular de um direito deve, no prazo assinado pela lei, adotar as medidas tendentes a protegê-lo ou restabelecê-lo, sob pena de, decorrido certo prazo, não mais poder fazê-lo. Afinal, dormientibus non sucurrit jus, já diziam os romanos. A prescrição (artigo 174 do CTN) consiste no prazo para o exercício do direito de ação. O que morre, no caso, não é o direito material em si, mas a possibilidade de propor ação judicial para exigi-lo. O prazo prescricional começa a correr a partir do dia em que o direito apurado pode ser acionado, exigido, ou seja, a partir do momento em que o crédito tributário ganha definitividade. A prescrição, ao contrário da decadência, admite interrupção. O prazo prescricional, segundo o caput do art. 174 do CTN, começa a fluir da data de constituição definitiva do crédito tributário. Alguns tribunais (inclusive o Supremo Tribunal Federal) têm entendido que com a simples lavratura do auto de infração ou notificação de lançamento consuma-se o lançamento do crédito tributário, vale dizer, o crédito tributário estaria definitivamente constituído, nos termos do citado dispositivo. Portanto, consoante análise que se fará a seguir, está configurada a prescrição para os exercícios mencionados na presente ação. DOS PEDIDOS “Ex positis”, requer a autora: Celso Farandi Oab/SP 163565 _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ farandiadvocacia@gmail.com 1) seja a presente ação julgada integralmente procedente, declarando ocorrida a decadência/prescrição dos créditos mencionados na presente ação; 3) a citação do réu, na pessoa de seu representante legal para, desejando, contestar e acompanhar a presente ação até final decisão; 4) seja deferida a produção de todos os meios probantes possíveis, em especial o documental já acostado aos autos, e, acaso esse Juízo entenda necessária, a realização de prova pericial; A concessão do pedido de justiça gratuita, considerando-se que a Requerente é idosa e pobre na acepção jurídica do termo. Por fim, requer-se a condenação da Municipalidade em todas as custas processuais, honorários advocatícios e periciais, bem como outras despesas processuais eventualmente desembolsadas. Dá-se à presente causa o valor de R$ 90.623,00 (noventa mil, seiscentos e vinte e três reais) para efeitos fiscais e de distribuição. Termos em que, Pede Deferimento. São Paulo, 05 de março de 2018. CELSO RICARDO FARANDI OAB/SP 163565
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