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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – Prof. Leonardo Nemer Caldeira Brant
01/08/16
Programa da Disciplina: 
O que é o direito internacional: seu conceito, compreender como funciona.
Teoria do Direito Internacional. Como o direito internacional se relaciona com direito interno.
Unidade teórica do direito internacional. As construções filosóficas que garantem a atuação da norma internacional.
Regras que orientam a sociedade internacional. Há uma pluralidade de soberanias atuando.
Como o direito internacional é formado? Quais são suas bases. As fontes do direito internacional?
Convenção de Viena (1969), que estabelece as regras que orientam o direito do tratado.
Quem são os sujeitos de direito internacional? Quem são os autores e a quem se destinam? Quem são os destinatários da norma?
Quais são as funções, finalidades do direito internacional? Para que ele serve? (1) garantia de algum grau de justiça na esfera internacional. (2) manutenção da paz. (3) cooperação internacional. (4) cria modelo de responsabilidade por atos ilícitos cometidos. Tem regras relativas à imunidades. 
Bibliografia: 
Curso Elementar de Direito Internacional. Francisco Rezek.
Direito internacional público. Alain Pellet e Patrick Daillier.
Manual de direito internacional público. Hildebrando Accioly (atualizado por Casella).
Direito Internacional. Malcolm N. Shaw. Martins Fontes.
Princípios elementares de direito internacional. Ian Brownlie.
http://www.cedin.com.br/ 
Livros do professor:
A Autoridade da Coisa Julgada no Direito Internacional Publico.
Terrorismo e o direito. 
Os novos desafios do direito internacional.
A corte internacional de justiça e a construção do direito internacional.
Avaliações: 
3 provas (30 pontos cada) + trabalhos em sala de aula e júri simulado (total de 10 pontos)
Meados de setembro: 30 pontos
Final de outubro: 30 pontos
Prova final: 30 pontos
[Provas abertas e longas, com casos. Na final, algumas questões fechadas]
Júri simulado: elaborar memorial escrito de defesa de todas as posições da parte. Apresentação do ponto de vista (com réplica e tréplica). 
03/08/16
Conceito
O direito internacional surge para regular as relações entre os Estados. 
A sociedade internacional é formada pela pluralidade de Estados e outros sujeitos, como as Organizações Internacionais (OMC, Conselho de Segurança, Corte Interamericana de DH etc).
No final do sec. XX percebemos um aprofundamento do conceito, quando os indivíduos são admitidos nessa esfera. Certos crimes como genocídio, de guerra, podem ser julgados por tribunal internacional, mesmo sendo praticado por uma pessoa física (individual) ou pessoa jurídica. 
A definição do direito internacional não pode estar limitada aos Estados, vai além da figura estatal, embora este seja a primeira impressão do direito internacional. Uma vez que vai alem da figura estatal, o que o distingue do direito internacional privado? Qual a diferença entre direito internacional público e direito internacional privado? É a relação jurídica. 
No direito internacional público, a norma é internacional. No direito internacional privado, a norma é interna, mas aplicada no âmbito internacional. A questão do direito internacional público é identificar qual legislação interna é aplicada a uma relação jurídica que tem componentes internacionais. O direito internacional privado é nada menos que o direito civil, aplicado a uma relação jurídica internacional. O direito internacional privado é chamado “conflito de leis”
No fundo, a relação jurídica pode ser as mais variadas (pessoas, empresas, comercial), a relação é internacional, mas o direito aplicado é interno. A questão é definir qual sistema normativo será aplicado a essa relação jurídica. Ex.: João (brasileiro) foi trabalhar no Canadá, casou lá. Separou e mudou para a França, teve uma filha com a 2ª esposa em Londres. Depois, separou de novo e foi morar na Indonésia, onde morreu. A dúvida: qual lei de sucessão será aplicada no caso? Brasileira, Canadá, Francesa, Inglesa ou Indonésia? Aqui é direito internacional privado. Haverá discussão de qual sistema normativa será aplicado.
O que distingue o direito internacional público do direito interno? O direito internacional (público) tem uma característica, que o marca em seu conceito, que é a autonomia. Ele é distinto do direito interno. 
A eficácia da norma depende do comportamento do indivíduo (da análise do custo-benefício no obedecimento da ordem normativa). A questão nesse momento é qual a origem da existência do direito internacional. De onde decorre a obrigatoriedade da norma? Qual elemento central que garante obrigatoriedade normativa? A capacidade normativa decorre da entidade soberana. Tem capacidade normativa quem tem SOBERANIA. Por isso, na CR/88, Art. 1º. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. No Brasil, o poder decorre/emana do povo. Soberano é o povo.
Soberania tem dois lados/duas faces: 
O agente soberano, dele decorre a capacidade de produzir normas, que vai vincular.
Por ser soberano nenhuma norma pode ser imposta a ele, sem que tenha sido produzida por ele próprio. Não se submete a nenhum outro direito que não tenha sido produzido por ele próprio.
Se a soberania tem essa dupla face, garante a capacidade de produzir normas e o fato de não se submeter a nenhuma norma que não tenha sido produzida por ela.
O Estado, portanto, trabalha a soberania dentro de uma dupla face, em função da dupla perspectiva que tem. Ele se relaciona com quem está no seu interior e no seu exterior.
No Brasil, toda lógica de produção normativa emana do povo. No âmbito externo, não há lógica de subordinação (como a que existe dentro do Estado, sobre os cidadãos), o Estado se relaciona com iguais.
Ex.: Letícia paga 27,5% de IR, mesmo se não concorda com a alíquota.
A norma recai ao cidadão independente do seu desejo e consentimento de se submeter a ela. Porque a soberania não decorre do cidadão (do sujeito), mas sim do agrupamento de pessoas (o povo). Rousseau. A norma e sua obrigatoriedade não decorrem da vontade individual, mas sim do desejo da maioria.
No interior do Estado, estamos submetidos a uma obrigação, mesmo não tendo a capacidade de consentir com ela (de forma individual). Na esfera internacional, o outro Estado (assim como você) é soberano. Entretanto, nenhuma norma pode ser produzida para ele sem que ele consinta. 
O consentimento é o elemento central na esfera internacional. O autor da norma é o destinatário da norma. Diferente do direito interno. Essa especificidade muda todo o sistema, o direito internacional não tem poder legislativo, a produção da norma será oriunda do próprio destinatário dela.
O direito internacional tem autonomia, não segue o mesmo padrão e modelo do direito constitucional. 
08/08/16 – faltei
(anotações da Fernanda) + anotações da Paula
Na aula passada iniciamos uma pequena análise das características do direito internacional. Hoje iremos aprofundar um pouco. Vimos, inclusive, a distinção entre o direito internacional público e o privado.
Especificidades e conceito: o conceito não deveria ser a partir do destinatário ou do criador da norma.
Conceito adequado de direito internacional – É um “sistema normativo autônomo, aplicado ao grupo social internacional”. Esse conceito nos remete aos seguintes pontos:
- O direito internacional é uma ordem sistêmica. Não são normas dispersas. Ele possui uma unidade, uma coesão, uma estrutura. E são as características/especificidades dessa lógica sistematizada que serão estudadas. 
- Porém, o direito internacional não é apenas sistema. É um sistema normativo. Ou seja, não é um conjunto de regras sem força vinculante. Pelo contrário, é um conjunto dotado de força vinculante normativa. 
- Há que se ressaltar, porém, que o direito internacional não se confunde com o direito interno, posto que possui uma natureza normativa distinta. Ou seja, há umaautonomia quanto ao que conhecemos como base normativa. Ele não decorre da norma constitucional. As funções jurisdicionais são distintas. Toda a lógica de eficácia de execução da norma também se dá de forma distinta. O sistema é uma ordem coesa, normatizada, mas distinta daquela do nosso universo interno.
- O sistema normativo, com toda sua autonomia e especificidade, se aplica a um grupo social.
Direito internacional: pode ser entendido como sistema normativo autônomo aplicado ao grupo social internacional. O DI é uma norma sistêmica, possui estrutura, lógica coisa, sistematizada. Especificidades da norma internacional. O DI é uma ordem normativa, é oriundo do direito, não é um sistema moral, não vinculante, mas pelo contrário.
Natureza autônoma da norma internacional não se confunde com o direito interno, não decorre da norma constitucional, toda lógica da norma se dá de maneira distinta, o DI não se insere na lógica do poder de polícia interno.
Esse sistema com suas especificidades funciona aplicado a determinado grupo social, o direito orienta essas relações sociais. O direito sempre será inserido em uma prática social.
A legitimidade da norma advém muito da adaptabilidade da norma na sociedade/realidade sobre a qual ela recai.
Ex.: faria sentido explicar a sharia no Brasil? Não, pois não é nossa realidade.
Do DI terá sua natureza condicionada à natureza do grupo social sobre o qual recai.
Nossa função é entender as características do grupo social e entender como será a norma aplicada a ele. Um grupo social é dinâmico.
A partir do conceito trabalhar a natureza autônoma. 
A legitimidade da norma existe, em grande medida, a partir da realidade social sob a qual ela decai. Ou seja, a norma é em moldada à realidade social na qual ela está inserida. Ex: Se existisse uma norma determinando que as relações familiares entre esposa e marido, no Brasil, estariam condicionadas ao alcorão, não faria qualquer sentido! 
O grupo social tratado no Direito Internacional se insere em uma lógica de soberania bem distinta.
*O direito interno se encontra em uma perspectiva para aqueles que estão no seu interior (uma entidade soberana sob aqueles do seu interior, que não possuem soberania). E
*O direito internacional se encontra em uma perspectiva do Estado com outras entidades soberanas. O direito tem, portanto, que ser adaptado a isso. Será condicionado ou desenhado de forma a adaptar-se a essa realidade social.
Autonomia ≠ Soberania
Dupla atividade, positivo ou negativo.
Positiva capacidade de produção normativa.
Negativa: que não se submete a uma produção normativa criada por ele mesmo.
A existência da norma, a eficácia está ligado a legitimidade de quem a cria, soberania.
A norma é válida porque encontra sua validade em uma norma hierarquicamente superior “Kelsen”.
A norma não existe por mera vontade do superior.
A constituição como norma fundamental encontra sua força na chamada soberania popular.
Iremos estudar as características desse grupo social para saber o que ele realmente representa. Só os estados? Os indivíduos? Os grupos?
Vamos trabalhar, inicialmente, a natureza de autonomia. Por que o direito é autônomo?
Nós vimos na aula passada que o direito internacional se distingue do modo de operação/atuação do direito interno. Ainda, que isso se dá, boa medida, em função do conceito de soberania. 
A soberania pode ser negativa ou positiva. 
*Positiva pela capacidade de produção normativa. 
*Negativa pelo fato de o Estado não se submeter a uma produção normativa que não seja realizada por ele mesmo. 
Por que isso é tão importante? Porque é da soberania que decorre a legalidade da norma! A legalidade do direito decorre do fato de ele ser produzido por um ente da soberania. A existência da norma está estritamente vinculada à capacidade daquele que a produziu, ou seja, a soberania.
O que é povo?
Conjunto de pessoas, mas um conjunto de pessoas nem sempre é povo, o que define é a identidade. Povo é conjunto de pessoas com uma identidade e onde reflete essa identidade? Na CR, o conjunto de normas que orienta esse conjunto infraconstitucional, é a identidade.
O poder é, portanto dirigido a um destinatário, ao indivíduo, pessoa física ou jurídica, no interior do Estado, mas não somos autores porque não somos soberanos. O povo é soberano.
Na esfera internacional, vai a princípio ordenar a relação do Brasil com seus pares.
O DI não impõe o direito do Estado A ao Estado B um seu interior, pois ambos são soberanos, ele na verdade comanda a relação entre A e B.
O DI seria visto como direito de coordenação e o interno de submissão.
O direito interno é centralizado, o internacional descentralizado.
O DI é um direito relacional, não hierarquicamente. No DI autor é igual destinatário por causa de consentimento. 
De onde decorreria a força normativa de uma norma qualquer?
A existência da norma, no direito interno, está vinculada ao conceito de soberania popular, que está expresso na constituição! A constituição não nasce do nada. Ela é o reflexo de algo. O poder não pode emanar diretamente da constituição. Ela tem que justificar sua razão de ser de outro lugar. A própria constituição identifica a origem desse poder, que é o povo. “TODO PODER EMANA DO POVO”.
A constituição, portanto, como instrumento jurídico hipotético, encontra sua soberania real na soberania popular. Quem é soberano, portanto, é o povo! Mas o que é o povo? Um conjunto de pessoas com uma identidade. A identidade é o elemento central.E onde reflete essa identidade? “Se a origem da soberania é popular, expressa na constituição, e o que determina a natureza de povo é a identidade, a identidade se expressa na constituição; ela é transposta ali”.
OBS: O poder é dirigido a um destinatário distinto daquele com capacidade de produção normativa. A constituição é, em teoria, o reflexo da vontade popular. E o destinatário da produção normativa é o indivíduo, a pessoa física ou jurídica. São todos aqueles que estão no interior do Estado.
Em outras palavras, eu sou destinatário do poder normativo, mas não sou o autor, porque não sou soberano. Soberano é o povo. Nós somos apenas uma individualidade do povo. Isso faz com que uma norma possa ser completamente distinta da sua vontade, porque você não é soberano. Conclusão: Você pode estar condicionado a uma produção normativa, sem que concorde ainda que minimamente com ela. 
Isso tem um impacto gigante na esfera internacional, porque não existe povo na esfera internacional. 
O direito internacional vai, em princípio, ordenar o relacionamento do Brasil com seus pares, com aqueles que estão FORA. O direito internacional não impõe o direito do Estado A no interior do Estado B. Ele comanda o direito entre A e B, sem que haja essa imposição, pois ambos são igualmente soberanos. 
E, por isso, a norma não pode ser destinada a ele a não ser que ele a tenha produzido (soberania negativa).
Pergunta: Para que a corte internacional de justiça possa julgar o Uruguai, ele precisa delegar competência a ela? Sim, porque ele é soberano, e não teria que se submeter caso não autorizasse! 
O direito internacional, portanto, é formado dentro de uma sociedade descentralizada e anárquica. É um direito, em princípio, relacional. Garante a relação entre estados soberanos. Diferente do direito interno, ele não é hierarquizado. A estrutura social é tão diferente que é autônoma (explicação da autonomia).
O que dá validade à norma nesse sistema? O consentimento, a autorização. O “tratado”, que muitos falam, seria uma expressão de consentimento!
OBS: O professor falou, ao final da aula, que isso era só até o século XIX, e que na próxima aula mudará tudo, pois já não vemos os Estados como tão “independentes” assim.
10/08/16 – professor faltou
15/08/16 – feriado 
17/08/16
Sobre a aula passada: 
- DI: sistema normativo autônomo aplicado a sociedade internacional.
- para se conhecer as especificidades de uma ordem normativa é necessário reconhecer as características do grupo social sobreo qual ele recai. O direito se adapta a estas características e molda esse grupo. Ao fazer isso, o direito também é moldado pela realidade social sobre o qual recai. A regra é simples, não existe grupo social sem ordem normativa. A ordem normativa para ser legítima será adaptada ao grupo.
- diferente do direito interno, que se estabelece a partir de uma regra, ordem coesa, o direito internacional (em função do modus operandi) trabalha em um sistema organizacional muito distinto. DI tem uma sociedade descentralizada de soberanias (não tem uma ordem coesa, sistêmica). A ordem social no DI é fragmentada, chamada de anárquica por alguns autores. 
[**] - o destinatário da norma não é soberano, porque não é ele quem a elabora. Rousseau propôs que a ordem social poderia ser pacifica se vivêssemos em um contrato social. A ordem seria produzida não pelo individuo, mas sim pela maioria dos interesses do grupo social. Entretanto, a ordem vincula todos os indivíduos (todos são obrigados a cumpri-la). Embora seja o destinatário, o individuo não é o agente soberano. O soberano é o povo.
A esfera internacional, quando surge, ela é absolutamente distinta. A estrutura social é hobesiana. Não há nada que agregue o grupo social. Quando o Brasil elabora uma norma, não pensa no interesse dos outros países, e sim no interesse do estado brasileiro. O Brasil tem a capacidade de produzir normas na esfera internacional em função de sua soberania. Quando Brasil produz norma com a Argentina, isso é feito com o objetivo de atender a interesse próprio (e não o bem social). 
Na esfera internacional, a norma é produzida por aquele a quem ela se destina. O estado soberano produz normas para ele mesmo.
Ex.1: normas produzidas no Brasil não obrigam o Canadá. 
Ex.2: normas produzidas pela Argentina, Brasil vinculam esses países. Se a Dinamarca gostar dessa norma e quiser absorvê-la, poderá se submeter, desde que os demais países concordem com o ingresso.
Ex.3: se tivéssemos uma autoridade superior na sala. A sala representa uma estrutura social. O grupo quer resolver o problema da temperatura do ar. Para evitar tensões, o grupo pode constituir comissão para decidir qual a melhor temperatura. Um indivíduo do grupo pode ser contrário à determinação do grupo, mas foi delegado a este a decisão pelo interesse comum. No complexo jogo de interesses, a forma pacífica de resolução é entender que todos delegaram à comissão estabelecer a melhor temperatura.
Interesse comum
Delegação de competência 
Na esfera interna, somos soberanos como povo, mas não como indivíduos, pois delegamos a produção de normas.
Na esfera internacional, o interesse comum inexiste. A estrutura social é descentralizada. A forca de autoridade normativa reside no consentimento. O direito existe quando a entidade soberana consentiu sua realização/produção. Qualquer tratado é um ato de consentimento. 
Ex.: Protocolo de Kyoto não foi ratificado pelos EUA. Isso quer dizer que o estado americano não se submete às resoluções do referido protocolo. 
A sociedade internacional é fragmentada (e não coesa, como a de direito interno). Para que norma internacional possa agir sobre um de seus membros, é necessário que receba a manifestação do Estado.
Em princípio, não interesse o conteúdo da norma. Não há controle material sobre o conteúdo da norma na esfera internacional.
O imperativo categórico de Kant chega ao direito internacional. Existem certos imperativos sobre os quais você não pode desviar. Esse é o fundamento do pacto sunt servanda. 
Ocorre uma mudança no cenário: os Estados (a partir do final do sec. XIX, início do sec. XX) vão, progressivamente, reconhecendo que existem certos interesses que são comuns. Com o reconhecimento desses interesses, essa sociedade internacional começa a se organizar de forma diferente (do visto até agora). Os consentimentos passaram a ser coletivos. Nasce então, os tratados multilaterais. Vários países envolvidos. 
 
Isso cria uma estrutura internacional que não é descentralizada, embora seja em teia. Dependendo das áreas temáticas, teias de consentimento vão sendo formadas. O interesse não é global, absoluto, mas são coletivos. 
Só que os Estados percebem outro movimento: os interesses comuns, para que sejam realizados, precisam de uma estrutura institucional capaz de promovê-los. Não basta reconhecer a necessidade de combater o zika vírus, é necessário criar uma instituição capaz de fazer isso: funcionários, recursos, pesquisa. O mesmo se aplica à paz, comércio, direitos humanos. Essa lógica, de que os interesses coletivos comuns passam a ser objeto de atuação institucional, permitem a constituição das organizações internacionais.
Organizações internacionais são instituições criadas através de tratados, que vão definir/determinar qual a razão de ser da referida organização (objeto e objetivo). A forma como o tratado vai refletir no direito interno será estudado mais à frente. 
Se o tratado define o objeto da organização internacional, definirá também o modo de realização do objetivo. Como ele será perseguido. Para realizar o objetivo, nada impede que o tratado crie comitês, órgãos no interior daquela organização e destine à estes órgãos capacidade normativa. Ex.: criação da comissão para determinar a temperatura do ar condicionado. Órgãos variados serão instituídos para cada interesse comum daquela organização.
As normas criadas serão destinadas aos membros que consentiram em fazer parte daquela organização. 
Ex.: à medida que os países integram às nações unidas, eles compõe a assembléia geral. A comissão de segurança é restrita. São 15 membros (sendo 5 permanentes). Se um dos (200) Estados membros romper com a paz, os membros do conselho de segurança (apenas 9, dependendo da situação) podem autorizar a guerra.
Aqui, o Rousseau chegou ao direito internacional. A manutenção da paz passou a ser interesse comum.
22/08/16
Filme: Porque lutamos?
Resenha do documentário, Why we fight.(2005)
O trama do documentário, we why fight, traduzido para o português com o seguinte título; as razões para guerra. Discursa em seu roteiro uma análise crítica e contundente da formação do complexo industrial militar norte americano. (expressão primeira vez pronunciada no discurso de despedida do ex-presidente D. Eisenhower)
Os signos e as ressonâncias em que se desenvolveu esse grande complexo militarista americano vêm repercutindo diretamente na ingerência da política interna e externa deste país. As palavras proféticas de um presidente em seu ultimo ato em finais da década de 60 se concretizou como uma previsão obscura do tempo, de fato o século vinte foi palco do crescimento astronômico do poderio militarista americano e sua ânsia por auto-suficiência vem modificando os interesses políticos deste país, levando os EUA a um estado de guerra permanente. 
Não é necessário fazermos aqui um exercício de memória muito grande para constatamos a implicação desta insaciável “sede” de guerras que alimenta esse grande complexo industrial militar que se construiu através das duas grandes guerras mundiais ou a guerra de trinta e um anos que moldou a história do século XX.
A doutrina do governo Bush(2003) de ataques preventivos aos declarados inimigos, o famoso “eixo do mal” ( Irã, Coréia do norte e Iraque) se fortaleceu com acontecimento que se tornou o “estopim” de uma nova intervenção militarista norte americano em territórios estrangeiros. A queda das torres gêmeas do World Trade Center em 11 de Setembro (2001) liderado por Osama Bin Laden e a facção política terrorista a Al Quaida encaminharam o nascedouro século XXI a presenciar de forma angustiante as suas primeiras guerras entre nações.
A invasão ao Afeganistão e a derrubada do regime político do Talibã numa das caçadas mais sensacionais da história, atrás do atualmente mais procurado homem do mundo(Bin Laden) pareceu um passo pequeno para uma indústria militar ansiosa por lucros, que ficava cada ano mais contente com os gastos substâncias do ministériode Defesa norte americano que aumentava seus custos em níveis espetaculares.
O documentário dirigido pelo diretor, Eugene Jarecki, trás com grande brilhantismo e lucidez diversas entrevistas, imagens, fotos e propagandas de como esse império militarista vêm nas ultimas décadas sendo posicionado dentro do Pentágono, dos Congressistas americanos, e principalmente sua força de manipulação da imprensa e da opinião pública em prol de seus interesses, mesmo num país democrático e com a existência de liberdade de imprensa.
Why we fight, que traduzido ao pé da letra significa, porquê lutamos? Tratou-se de uma série de documentários feitos no período da segunda guerra mundial, dirigidos pelo Frank Zarpa, Na verdade era uma espécie de vídeo auto motivacional que enfatizava os valores defendidos pelos nortes americanos naquela guerra contra o nazismo. A democracia e a liberdade eram palavras associadas à força americana simbolizada através do seu poderio militar.
Esta associação histórica entre força militar, liberdade e democracia deram as corporações armamentistas norte americanos uma trilha para se desenvolverem e se tornarem auto-suficiente mesmo em período não-bélicos. Essa condição arrematou os EUA a idéia de “guardião do mundo e dos valores da liberdade e da Democracia”, que em conjunto com essa tarefa haverá sempre a necessidade dos EUA de ser a “a polícia do mundo”.
Essa concepção de “Dono do mundo” não estar somente nas cabeças dos cidadãos americanos, por mais que possa parecer eufemismo e egocentrismos, o mundo foi forçado a pensar da mesma forma. Da década de 50 até os tempos atuais quase que as totalidades das guerras acontecidas tiveram a intervenção norte americana diretamente ou indiretamente, é muito significativo algumas entrevistas com alguns políticos americanos como senador Mackem e historiadores americanos que relatam que cada vez que os EUA vê alguma coisa no globo que não lhe interessa, já é argumento suficiente para se projetar uma guerra.
No período da guerra fria os EUA dividiram o mundo em unidades de planejamentos, a idéia que se um país se tornasse comunista no ocidente poderia trazer a tendência para os demais ao seu redor, tornando-os também comunistas. Isto levou o país a uma corrida armamentista jamais visto na história, EUA e a URSS, disputavam “bala por bala” produzida quem tinha o maior poderio militar, levando a ciência a projetarem armas químicas como a bomba atômica, que tinha como seu objetivo uma destruição devastadora de massas, ou seja, um extermínio de uma geração inteira de seres humanos. 
O desmoronamento da URSS significou que o mundo voltaria a conviver com uma única grande potência, assim como a Inglaterra tinha sido durante o século XIX, os EUA, passava a ser o país com maior poderio político-econômico e militar e suas redes de influências atingiu os quatros cantos do mundo. A economia liberal capitalista administrado sobre um sistema democrático de governo estruturou-se como o modelo a ser seguido, como também houve a expansão de sua cultura conhecido mundialmente como “América life”.
Os motivos das diferentes guerras nos quais os EUA se envolveram durante esse curto espaço de tempo, da metade do século XX até os tempos atuais têm toda essa construção histórica de um aparato militar industrial, pois a cada soldado americano em campo de batalhas, há do outro lado milhões de pessoas produzindo armas, sapatos, munição e alimentação, sustentando a guerra e as corporações que se preparam para esse momento como se já soubesse disso.
Uns dos fatos mais contundentes relatado no documentário se tratam da revelação que dentro dos documentos da CIA (agência de inteligência norte americana) existe uma palavra chamada “blowback” que significa quando uma intervenção norte americana pode significar uma retaliação e/ou se há uma necessidade de uma nova intervenção. Isto demonstra como os EUA constroem área de conflitos espalhados pelo mundo, para que posteriormente possa intervir através da guerra.
Isso se torna ainda mais complexo, quando existem escândalos que envolvem agentes dos governos e congressistas nortes americanos em conjunto com membros do Pentágono e das corporações armamentistas na proliferação de novos contratos milionários, construindo novas tecnologias armamentistas, incansavelmente como se o país fosse à guerra no outro dia. 
A guerra do Iraque (2003) misturou antigas pendências deixadas na primeira intervenção com uma nova roupagem trazida pelos ataques terroristas e a argumentação de que o Iraque guardava armas de destruição em massa aliado a idéia de que o Iraque era uma nação que abrigava o terrorismo. A guerra se iniciou e muito pouco se questionou os motivos trazidos como explicação, o mundo parecia mais preocupado com a duração da guerra do que em saber o que realmente estava fazendo aquelas nações lutarem. 
A idéia central do documentário é alertar para concretização do discurso ditado pelo presidente Eisenhower à algumas décadas atrás, que já dizia que os interesses deste complexo podia intervir nos interesses da sociedade civil, podemos dizer que o estado de guerra permanente no qual os EUA criam e são obrigados a conviver não representa a vontade da sociedade civil, mas sim de um complexo industrial militar que se fortalece a cada ano, usando os sentimentos de medo e insegurança de uma nação para proliferarem seus lucros.
Fonte: http://efeitohistoria.blogspot.com.br/2009/03/resenha-do-documentario-why-we.html 
24/08/16
(retomando os assuntos das aulas anteriores)
Conceito: direito internacional é um sistema normativo, autônomo aplicado à sociedade internacional.
O direito internacional é diferente do direito interno.
A sociedade internacional se apresenta de forma fragmentada (não possui elemento superior, de coordenação). Não tendo hierarquia.
Esse sistema internacional é formado a partir de consentimento.
O autor é destinatário.
Norma é produzida de A para B. isso foi chamado pela doutrina como voluntarismo jurídico. Expressão criada no sec. XIX, decorre da visão de Reagan sob a qual a soberania tem função absoluta. O direito está subordinado a dois elementos: vontade soberana = manifestação da vontade.
Direito internacional, nascendo da vontade, pois foi constituído dentro dessa sociedade fragmentada, só pode ser manifestado através do consentimento. 
Quando a vontade é mudada, o direito é alterado. Nessa circunstância, essa estrutura gera insegurança jurídica. É um direito fundado na vontade, pode ser modificado assim que ela é modificada. 
Se o direito nasce da vontade e é expresso no consentimento, não há nenhum controle sobre a natureza material da norma. Quando Hitler decide fazer um acordo com Stalin para dividir a Polônia ao meio e construir campos de concentração, não há nada de ilegal, considerando que o direito nasce da forma e não do conteúdo.
O direito internacional era de coordenação das vontades, mais do que de subordinação.
Se a sociedade se estabelece nesse momento, percebe que existem elementos de interesse comum, que vão agregar grupos de estados. Esses elementos de interesse comum levam os estados a refletir sobre a necessidade de constituição de organizações com competência para realizar esse interesse comum. 
Doutrina objetivisita. O objetivismo jurídico foi criado por jurista francês. Surge com a Liga das Nações. Com a ideia de que a paz era o objetivo comum, coletivo. [2: Liga das Nações ou Sociedade das Nações era o nome de uma organização internacional criada em 1919 e autodissolvida em 1946, e que tinha como objetivo reunir todas as nações da Terra e, através da mediação e arbitragem entre as mesmas em uma organização, manter a paz e a ordem no mundo inteiro, evitando assim conflitos desastrosos como o da guerra que recentemente devastara a Europa. Fonte: http://www.infoescola.com/historia/liga-das-nacoes/]
Nessa doutrina, o direito não nasce da vontade, a origem do direito internacional não é a vontade, é o interesse social. A fonte de obrigatoriedade do direitonão pode ser a vontade, deve ser o interesse social. Interesse social reproduzido nas constituições das organizações internacionais. Nesse sentido, o jurista demonstra que o direito representa certo interesse coletivo (e não o interesse individual de A e B). Sendo assim, ainda que a sociedade internacional se apresente fragmentada, existem elementos de concentração e subordinação. 
Os órgãos internacionais são formados por número limitado de membros. E a decisão desses órgãos vai valer para todos os membros. Isso significa que, embora um membro tenha aceitado sobre o modelo voluntarista, integrar a organização, a decisão do órgão (ao qual ele não faz parte) é estendida a ele. Isso significa que ele não é mais autor e destinatário. Ele é destinatário sem ter criado o conteúdo da norma. 
A sociedade internacional não é totalmente integralizada, mas possui elementos de centralização, elementos de delegação. Órgãos foram criados para zelar pelos “interesses comuns” que foram acordados pelos países quando da sua constituição. Isso se deu pelo consentimento. 
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Kelsen rompe com o voluntarismo, porque acredita que o direito nasce do próprio direito (e não da vontade). Kelsen disse que o direito não pode nascer da vontade e sim do próprio direito, isso vai gerar segurança jurídica. 
O problema de Kelsen é a norma fundamental, pois no direito internacional ela não existe (não tem constituição). Então, para resolver isso, Kelsen diz que é o pacto sunt servanda (obrigatoriedade, acordo). Nesse sentido, tudo que é acordado para Kelsen tem forca normativa. O pacto sunt servanda é anterior à constituição, sendo então o direito interno subordinado ao direito internacional. Se houver conflito entre elas, quem prevalece é o direito internacional.
Quando Kelsen diz que o direito internacional nasce do pacto sunt servanda (que é o costume). Então, ele é obrigado a dizer que o costume é a fonte originária do direito internacional. Ocorre que essa não é a única fonte. Existem outras. A teoria de Kelsen limita o voluntarismo e a questão sobre a vontade. 
E se o interesse coletivo fosse tão marcante a ponto de mudar a finalidade do direito internacional. Se o Estado fosse uma ficção? Qual a finalidade da norma? Garantir a dignidade das pessoas. Essa é uma nova corrente. O direito internacional tem que ser humano. É o humanismo jurídico. O destinatário final do direito internacional é a pessoa humana (e não o Estado). Com isso, existe um elemento centralizador na estrutura do direito que é a concretização da dignidade da pessoa humana. Esse elemento se eleva (não é apenas um interesse), ele é um valor. A democracia para nós é um valor, assim como os direitos humanos. A gente sabe que o direito humano é um valor por ser uma causa pétrea. 
À medida que a sociedade internacional reconhece que a dignidade humana é o elemento principal, esse valor é elevado. As normas são cogentes, imperativas (jus cojens). Está acima do consentimento. Quando uma norma é produzida formalmente correta, quando fere a norma cogente, ela não terá validade. 
Art. 53, da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito. Internacional Geral (jus cogens). É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.
Militantismo Jurídico. Não existe direito neutro, neutralidade jurídica. o direito nunca é absolutamente neutro. Ele é uma opção (entre A e B). Sendo uma opção e não neutro, a natureza do direito é a expressa da vontade do mais forte. O mais forte legitima seu interesse juridicamente. A validade do direito é condicionada à sua politização.
29/08/16
Vamos começar a avaliar o modo como o direito internacional se relaciona com direito interno.
São ordens normativas diversas, como vão se relacionar?
Qualquer relacionamento é sempre visto sob uma dupla perspectiva. Relacionamento entre professor e aluno; filho e pai; dois namorados. Sempre é visto sobre a ótica de A ou de B. por isso, existe o direito. O mesmo fato gerador não é visto pela mesma forma, pelas partes envolvidas. Essa é a origem do litígio. 
A Convenção de Viena vai estabelecer regas que orientarão a formulação de tratados. Dentre essas regras, temos o art. 27, que irá compor o principio com o art. 46.
Artigo 27. Direito Interno e Observância de Tratados. Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. 
O Estado não pode recorrer ao seu direito interno para se eximir de uma obrigação internacional.
Tem duas ordens normativas autônomas. Interno e Internacional. Quando se relacionam, a regra (normalmente) deve ser a regra da harmonia. Deve haver coerência necessária entre ambas. Em principio, o braço do direito é único. Não tem sentido ter norma de direito internacional que se distingue da norma interno. Mas, pode ocorrer. Eles podem se tornar desarmônicos, considerando que são sistemas aplicados em áreas distintas. O Estado pode ratificar tratado prevendo algo e 10/15 anos depois, seu governo muda o direito interno, que pode ficar contrário. O artigo 27 diz que se essa desarmonia acontecer, o Estado não pode argüir do direito interno para se eximir de uma obrigação que foi assumida anteriormente. Ele fica obrigado à esta obrigação enquanto estiver vinculado ao direito internacional. 
Tanto a norma constitucional (interno) quanto a internacional são produzidas “teoricamente” por entidades constitucionais, mas são produzidas para “desaguar” em mundos distintos. A norma ratificada se destina ao âmbito internacional. Uma norma produzida na esfera constitucional com destino internacional deveria ser harmônica e coerente com as normas constitucionais. Acontece que não há controle de constitucionalidade da norma internacional. O direito internacional diz que se a norma foi produzida corretamente e tem aplicação na esfera constitucional, ele não precisa (necessariamente) ter coerência com o direito interno. 
O país que se vinculou tinha um governo, quando há mudança de governo, ele não pode mudar o direito internacional já convencionado. Não pode inclusive mudar a regra que foi ratificada. O artigo 27 da CVDT diz que o governo não pode alegar o direito interno para não cumprir um tratado já ratificado. Aos olhos do direito constitucional, o país pode criar a norma que quiser, mas o país não pode deixar de cumprir os tratados já acordados. O direito internacional não depende da mudança do direito interno. Se assim fosse, perderia a segurança jurídica. 
Na esfera internacional, embora relacionamento tenha que ser harmônico, há hierarquia o direito internacional em relação ao direito interno. Isso tem efeitos profundos. Ao decidir nos tribunais internacionais, se considera apenas o direito internacional (e não o direito interno, que muda de acordo com o governo). O direito internacional é hierarquicamente superior. 
O que acontece quando um país deixa de cumprir um tratado?
 A sanção para quem não cumpre o tratado está mais ligada à questão de boa-fé para participar do “jogo”. Se a sanção é de natureza política, está relacionada à sanção social, de ordem social. Quem não cumpre um tratado, não pode participar mais do direito internacional. Sendo a sanção política, ela funciona mais para uns do que para outros. Em qualquer grupo social, os participantes são heterogêneos. Alguns são mais fortes que outros (em função do relacionamento, da renda, dentre outros fatores). O controle social é mais importante do que a coerção física, da força.
Artigo 46. Disposições do Direito Interno sobre Competência para ConcluirTratados 
1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de seu direito interno de importância fundamental. 
2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé.
31/08/16 – professor faltou
Exercício em sala de aula.
05/09/16
Vimos que na perspectiva do direito internacional, ele tem sempre hierarquia sobre o direito interno e ele se desinteressa em função do art. 27, da CV.
Hoje, a situação vai se inverter. Nossa intenção é perceber a relação do direito internacional com direito interno sob o ângulo do direito constitucional. Como ele será aplicado na esfera doméstica. Em tese, há harmonia entre direito internacional e direito doméstico. A norma internacional produzida se adéqua com o sistema normativo internacional. Sendo, aplicado na esfera internacional, junto aos pares. 
Pode ocorrer que a coerência e harmonização não se dêem. A norma internacional pode prever algo que é distinto da lógica doméstica. 
Duas correntes: monista e dualista. 
Se o direito internacional se relaciona com direito interno, ele tem primazia sobre a ordem interna. A relação pode se dar de forma múltipla e variada, dependendo do direito interno, considerando que são inúmeros direitos internos (porque são vários países). A doutrina subdivide o sistema em dois grandes grupos: monismo e dualismo.
O monismo entende que o direito internacional, interno e constitucional são um só. É algo único, é indivisível. Não dá pra separá-los. O direito é uno e indivisível. 
Para o dualismo, o direito internacional seria distinto do direito interno. Seriam dois direitos separados, que não se tocariam, não se comunicam. São dois esquemas distintos. Os sujeitos do direito internacional são diferentes do sujeito interno, assim como as fontes. A natureza do direito é distinta, por isso é divisível. São dois grandes conjuntos.
Quem define se o estado é dualista ou monista é a constituição de cada estado. Por isso, cada estado prevê a forma como ele vai se relacionar com o direito internacional.
A principal consequência do dualismo jurídico, quando a norma é produzida na esfera internacional, para que ela possa ser acolhida na esfera interna é necessário transpô-la. A esfera constitucional tem que reproduzir o conteúdo normativo internacional internamente. Tem que passar pelo devido processo legal. Em sistemas dualistas, o direito internacional não é diretamente aplicado no direito interno. 
Imagine um litígio relativo a uma questão de adoção. Que fosse levado à justiça federal. Que exista tratado relativo à adoção. O tratado vincularia o Brasil apenas na esfera internacional. Esse é o modelo dualista.
Para que essa norma possa ser aplicada entre pessoas privadas, tem que ser transposto, reproduzido na esfera interna. 
No caso do país que adota o dualismo: norma doméstica pode ser contrária à norma internacional. A harmonia não é necessariamente automática. O Brasil poderia adotar uma norma na esfera doméstica e outra norma na esfera internacional. O Brasil não pode é, na esfera internacional, recorrer à esfera doméstica para impedir a aplicação da norma internacional (e vice versa). No estado dualista, nada impede que duas normas contrárias possam conviver, pois os sistemas normativos são estanques. Em cada espaço haverá aplicação do sistema normativo específico. 
Na esfera dualista, como os dois direitos são separados, para que a norma seja aplicada na esfera doméstica, ou seja, para que seja aplicada aos nacionais, o direito internacional tem que ser transportado para o direito interno, tem que passar por um processo legislativo. Se isso não for feito, a norma não poderá ser aplicada aos seus nacionais, somente no âmbito internacional. 
O principal interesse do dualismo é impedir que o direito internacional seja acolhido na esfera doméstica. É ter o maior controle possível sobre seu ordenamento jurídico.
Existe responsabilidade subjetiva sobre certos atos. A responsabilidade não será apenas objetiva (do Estado). Casos de genocídio: Ruanda, Sérvia. 
O da Sérvia é mais dramático porque ele esta na Europa, que é o centro dos direitos humanos, viveu os genocídios nazistas. 
A partir desses dois conflitos, a comunidade internacional vai refletir sobre a necessidade de reproduzir a constituição de um tribunal que pudesse julgar a partir do direito internacional (e não do direito interno), considerando a responsabilidade subjetiva.
O Tribunal Penal Internacional - TPI (foi criado para julgar esses genocídios). 
Existe a responsabilidade objetiva, constituída entre a Sérvia e a Bósnia. Mas, existe também a subjetiva, daqueles que cometeram crimes contra a humanidade, dentro desse conflito.
Existe um controle do direito internacional sobre a prática de alguns sujeitos. Tipificação de alguns crimes sai da esfera interna e vai para a dimensão internacional. 
Essas pessoas que vieram a praticar crimes tipificados na esfera internacional, em certas circunstancias, pode serem julgadas por crimes contra a humanidade. O TPI é um complemento do tribunal interno.
No caso do país que não tem interesse em julgar crimes contra a humanidade, o TPI pode ser acionado para isso.
Ainda que o direito constitucional preveja o crime, o TPI será acionado para julgar.
No caso do TPI, a matéria é tão relevante que o individuo pode ser julgado ainda que seu estado/nacionalidade não tenha ratificado o tratado. Isso muda tudo (consentimento).
2. AS RELAÇÕES ENTRE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E O DIREITO INTERNO
As relações entre o Direito Internacional e o Direito interno geram diversas discussões doutrinárias que tentam solucionar as questões teóricas – estudo da hierarquia do Direito Internacional frente ao Direito interno estatal – e práticas – soluções para situações de conflitos, porventura existentes, entre normas de Direito Internacional e regras de Direito interno – advindas desta relação.
Tais discussões são bastante antigas na doutrina jurídica, mas de extrema relevância, ainda nos dias de hoje, uma vez que tentam solucionar a questão da eficácia e aplicabilidade do Direito Internacional na ordem jurídica interna dos Estados.
Na tentativa de solucionar tais questões, surgiram diversas teorias, dentre as quais se destacam a teoria dualista e a teoria monista. Estas teorias discutem se o Direito Internacional e o Direito interno dos Estados são duas ordens jurídicas distintas e independentes (teoria dualista) ou se o Direito Internacional e o Direito interno formam uma única ordem jurídica (teoria monista).
A importância do estudo dessas doutrinas revela-se no fato de que, a depender da doutrina acolhida por cada Estado, a forma de incorporação dos tratados internacionais no ordenamento interno será diversa.
2.1 A corrente dualista
A expressão “dualismo” foi cunhada por Alfred von Verdross em 1914 e adotada posteriormente por Carl Heinrich Triepel, na Alemanha, e Dionisio Anzilotti, na Itália, dentre outros autores.
Para os autores dualistas, o Direito Internacional e o Direito interno representam dois sistemas diferentes e independentes, pois apresentam diferentes relações sociais (o único sujeito de direito na ordem internacional é o Estado enquanto que, na ordem interna, tem-se o homem também como sujeito de direito), apresentam fontes específicas (o Direito interno é resultado, exclusivamente, da vontade do Estado soberano; a fonte do Direito Internacional, por outro lado, nasceria da vontade coletiva de vários Estados – convergência de interesses recíprocos) e regulam matérias diversas (ao Direito Internacional caberia, sobretudo, a função de regular as relações entre os Estados ou entre estes e as organizações internacionais; ao Direito interno, por outro lado, caberia a funçãode regular a conduta do Estado com os seus indivíduos).
Apresentando os dois ordenamentos jurídicos diferentes esferas de atuação, não poderia, segundo os dualistas, haver nenhum tipo de conflito entre os dois e nem o que se falar de supremacia de um sobre o outro.
Segundo esta corrente, para que um compromisso internacional (como, por exemplo, um tratado internacional) assumido pelo Estado tenha impacto ou repercussão no cenário normativo interno, faz-se necessário que o Direito internacional seja transformado, através do processo da adoção ou transformação, em norma de Direito interno.
Para os dualistas não existe, portanto, a possibilidade de um conflito entre uma norma internacional e uma norma de Direito interno, pois, diante da necessidade de transformação da norma internacional em norma de Direito interno, no caso da existência de conflito este se dará sempre entre duas disposições nacionais. 
Diante deste raciocínio, é possível concluir que, para os dualistas, a lei interna de cada Estado prevalece sobre a norma internacional.  
Cumpre destacar que existe uma corrente dualista considerada moderada. Para essa vertente da doutrina dualista não é necessária a edição de uma lei interna para que um tratado internacional passe a ter repercussão no ordenamento interno de um Estado, bastaria apenas um ato formal de internalização (um decreto ou um regulamento, por exemplo).
O Estado, ao firmar um tratado internacional, obriga-se moralmente a incorporar os preceitos do tratado no seu ordenamento interno. Para os dualistas, no caso de o Estado não proceder à incorporação legislativa do tratado no seu ordenamento interno, levando em consideração essa independência entra as duas ordens jurídicas, a consequência será a responsabilização do Estado tão somente no plano internacional.
A doutrina dualista é bastante criticada, sobretudo porque, ao reconhecer que o ordenamento internacional e o ordenamento interno são sistemas antagônicos não atenta para o fato de que um deles será, inevitavelmente, não-jurídico, pois não é possível entender como direito dois sistemas contrapostos.
2.2 A corrente monista
A corrente monista, em total oposição à concepção dualista, sustenta a existência de uma única ordem jurídica. Para os monistas o Direito Internacional e o Direito interno são dois ramos do direito que compõem um só sistema jurídico; tal sistema jurídico uno está baseado na identidade dos sujeitos que o compõe e na identidade das fontes (sempre objetivas e não dependentes da vontade dos Estados).
Para esta corrente doutrinária o Direito Internacional aplica-se na ordem jurídica dos Estados independentemente da sua transformação em norma interna.  A doutrina monista adota a sistemática da recepção que determina que assinado e ratificado um tratado por um Estado, este assume um compromisso jurídico, não sendo necessária a edição de um novo diploma normativo.
Com a doutrina monista aparece um problema que não existe no âmbito da doutrina dualista: o de determinar, em caso de conflito, qual ordem jurídica deve prevalecer, se a ordem interna ou a ordem internacional.
A doutrina monista, neste ponto, divide-se em duas: uma parte que entende que, havendo um conflito, deverá prevalecer a ordem jurídica nacional de cada Estado – é o monismo com prevalência do Direito interno ou monismo nacionalista; outra parte da doutrina entende que a primazia é da ordem internacional em detrimento do Direito interno – monismo com prevalência do Direito Internacional ou monismo internacionalista.
3. OS TRATADOS INTERNACIONAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
O presente capítulo tem como objetivo analisar as relações entre o Direito Internacional e o Direito interno brasileiro. Tal capítulo pretende analisar a concepção adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro para o procedimento de incorporação dos tratados internacionais no ordenamento jurídico interno, a solução adotada para os casos de conflito entre tratados internacionais e normas internas, o caso específico dos tratados internacionais de direitos humanos e os efeitos da internalização dos tratados internacionais no ordenamento interno.
3.1 O conceito de tratados internacionais
Os tratados são considerados uma das fontes do Direito Internacional positivo e podem ser conceituados como todo acordo formal, firmado entre pessoas jurídicas de Direito Internacional Público, tendo por finalidade a produção de efeitos jurídicos.
A denominação ‘tratado’ é genérica, mas, de acordo com a sua forma, o seu conteúdo, o seu objeto ou o seu fim, podem ser adotadas outras denominações como, por exemplo, convenção, declaração, protocolo, convênio, acordo, ajuste, compromisso.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 1969, surgiu da necessidade de disciplinar e regular o processo de formação dos tratados internacionais. O Brasil assinou a Convenção em 23 de maio de 1969, mas, até a presente data, ainda não a ratificou.
Os tratados internacionais apenas serão aplicados entre os Estados que consentiram expressamente com a sua adoção no livre e pleno exercício de sua soberania, ou seja, os tratados não criam obrigações aos Estados que com eles não consentiram, mas apenas para os Estados partes; os tratados são, portanto, expressão do consenso.
3.2 Plano da existência: o procedimento de incorporação dos tratados internacionais
O mundo jurídico pode ser dividido em três planos: o plano da existência, o plano da validade e o plano da eficácia.
O direito, diante da sua finalidade de ordenar a conduta humana, valora os fatos e, através das normas jurídicas, erige à categoria de fato jurídico aqueles fatos que possuem relevância para o relacionamento em sociedade.
Ocorrendo no mundo o fato previsto abstratamente pela norma (suporte fático hipotético), a norma jurídica incide transformando o fato em fato jurídico. Ao sofrer a incidência o fato é transportado para o mundo jurídico, ingressando no plano da existência.
Quando se diz que uma norma existe isto quer dizer que a norma está posta no mundo, independentemente de ser vigente, de ser válida ou eficaz.
O ato legislativo começa a existir a partir da sua promulgação (declaração formal pela autoridade competente da existência do ato legislativo), ainda que a sua publicação somente ocorra posteriormente. 
Com a publicação da norma tem início a sua vigência (possibilidade de produzir os seus efeitos) uma vez que, somente através da publicação a norma passa a ser conhecida por aqueles a quem se destina.
Com relação ao processo de formação dos tratados em geral é possível verificar três fases distintas: negociação, conclusão e assinatura do tratado; as três fases são da competência do Poder Executivo.
No ordenamento jurídico brasileiro o Presidente da República tem competência para celebrar o tratado e, posteriormente, o Congresso Nacional irá aprová-los, mediante decreto legislativo. 
Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o tratado volta para o Poder Executivo para que seja ratificado. Com a ratificação do Presidente da República o tratado internacional deverá ser promulgado internamente através de um decreto de execução presidencial.
Com a expedição do decreto de execução presidencial é possível falar que o tratado internacional ingressou no plano da existência, isto é, o tratado está posto no mundo.
Diante do exposto é possível concluir que a concepção adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro com relação à incorporação dos tratados no âmbito interno é a dualista moderada, uma vez que, apesar de não haver a exigência de que o tratado seja transformado em uma lei interna, exige-se um ato formal de internalização (decreto presidencial) para que o tratado passe a existir no âmbito interno.
3.3 Plano da validade
Após atestada a existência do fato jurídico (tendo sido verificado que o fato é daqueles em que a vontade humana constitui elemento nuclear do suporte fático), o fato jurídico irá passar pelo plano da validade. No plano da validade será verificada a perfeição do fato jurídico,isto é, será analisado se o fato não possui qualquer vício invalidante.
A análise da validade ou invalidade de um ato jurídico assegura a integridade do ordenamento jurídico, uma vez que, ao recusar utilidade jurídica aos atos jurídicos que infringem as normas do ordenamento, garante-se a integridade da vigência do sistema jurídico como um todo.
No âmbito do Direito Público, e para o que interessa no presente trabalho, é possível falar de invalidade das leis que infringem normas jurídicas de hierarquia superior; tais leis são consideradas nulas, isto é, inválidas (casos de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos infralegais).
3.3.1 A posição hierárquica dos tratados internacionais
A Constituição brasileira de 1988 não apresenta nenhum dispositivo que expressamente determine a posição dos tratados internacionais perante o direito interno
Com base no artigo 102, inciso III, alínea “b” da Constituição Federal que determina que o Supremo Tribunal Federal tem competência para julgar, mediante recurso extraordinário, “as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal”, a jurisprudência e a doutrina brasileira acolheram a tese de que os tratados internacionais e as leis federais possuem a mesma hierarquia jurídica, ou seja, os tratados internacionais são incorporado no ordenamento jurídica brasileiro como norma infra-constitucional.
3.3.2 O conflito entre tratados internacionais e normas internas
Diante de um conflito entre um tratado internacional e a Constituição, considera-se a primazia desta última visando a preservação da autoridade da Lei Fundamental do Estado, ainda que isto resulte na prática de um ilícito internacional.
Tal primado da Constituição não está expresso diretamente na Constituição brasileira, mas pode ser apreendido dos artigos que determinam que os tratados, assim como as demais normas infraconstitucionais, encontram-se sujeitos ao controle de constitucionalidade.
As maiores discussões surgem dos conflitos entre tratados e leis internas infraconstitucionais. Nessa situação específica, muitos países como França e Argentina, por exemplo, garantem a prevalência dos tratados.
No caso brasileiro, havendo conflito entre um tratado e uma lei infraconstitucional, levando em consideração que ambos estão no mesmo nível hierárquico, adota-se a regra da ‘lei posterior derroga a anterior’.
Sendo assim, havendo um conflito entre uma lei anterior à promulgação do tratado e o próprio tratado, prevalece o tratado. Na situação inversa, qual seja, um conflito entre tratado e lei posterior, prevalece a lei posterior, independentemente das conseqüências pelo descumprimento do tratado no plano internacional.
Esse sistema paritário que equipara juridicamente o tratado à lei federal vigora na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 1977, quando do julgamento pelo Supremo do Recurso Extraordinário 8004.
É possível falar em verdadeiro retrocesso nesse posicionamento adotado pelo Supremo, uma vez que modificou a tese anterior de primado do Direito Internacional frente ao Direito interno sem levar em consideração que os tratados internacionais possuem uma forma própria de revogação (a denúncia), nem o fato de que o descumprimento interno de um compromisso assumido externamente acarreta a responsabilidade internacional do Estado, além de outras graves conseqüências no plano político internacional.
Na doutrina brasileira existem juristas que defendem o status supra-legal dos tratados e outros que defendem a supra-constitucionalidade dos mesmos alegando que os tratados possuem força obrigatória e vinculante e só podem ser retirados do ordenamento interno por meio da denúncia – ato que implica na retirada do Estado de determinado tratado internacional.
A jurisprudência, todavia, adota a teoria da paridade entre tratado internacional e a legislação federal. Com relação aos tratados internacionais de direitos humanos as discussões acerca da sua hierarquia no ordenamento jurídico brasileiro são ainda maiores.
3.3.3 Os tratados internacionais de direitos humanos e a recente decisão do Supremo Tribunal Federal
Ainda existem controvérsias doutrinárias acerca da forma de integração e eficácia dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico interno.
O artigo 5o, parágrafo 2º da Constituição brasileira de 1988 determina que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
A interpretação dada por muitos autores ao disposto neste artigo, levando em consideração uma interpretação sistemática e teleológica da Constituição brasileira, foi a de atribuir aos direitos garantidos nos tratados de direitos humanos devidamente ratificados pelo Estado brasileiro uma natureza especial e diferenciada, qual seja, a natureza de norma constitucional.
O referido artigo ao expressamente determinar que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem direitos decorrentes dos tratados internacionais estaria assim, incluindo no catálogo dos direitos protegidos constitucionalmente, aqueles direitos enunciados nos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte.
Outra parte da doutrina vai ainda mais além defendendo o status supraconstitucional dos tratados de proteção dos direitos humanos, ou seja, os tratados internacionais de proteção dos direitos humanos estariam localizados acima da própria Constituição.
Diante das controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais acerca do tema e buscando resolver a questão da hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento brasileiro, a Emenda Constitucional no 45 de dezembro de 2004 acrescentou um 3o parágrafo ao artigo 5o determinando que: os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes à emenda constitucional.
Antes da emenda 45/2004 os tratados internacionais de direitos humanos eram aprovados por meio de decreto legislativo, por maioria simples, conforme artigo 49, inciso I da Constituição de 1988 e, posteriormente, eram ratificados pelo Presidente da República. Tal forma de recepção dos tratados, idêntica à forma de recepção dos tratados que não versam sobre direitos humanos, gerou diversas controvérsias sobre a aparente hierarquia infraconstitucional, ou seja, nível de normas ordinárias dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento brasileiro.
Com o advento da emenda 45/2004 os tratados sobre direitos humanos passariam a ser equivalentes às emendas constitucionais. Todavia, as dúvidas e discussões não cessaram: apenas os tratados aprovados conforme o rito das emendas constitucionais teriam valor hierárquico de norma constitucional e aqueles que não obtivessem o quorum qualificado passariam a ter o valor de norma infraconstitucional? O que aconteceria com os tratados ratificados pelo Brasil antes da entrada em vigor da emenda 45 – perderiam o status de normas constitucionais que aparentemente era garantido pelo parágrafo 2º do artigo 5o da CF no caso de não serem aprovados pelo quorum o parágrafo 3º do artigo 5o?
Para os autores que defendem que os tratados internacionais sobre direitos humanos possuem hierarquia constitucional, estes tratados já possuem status de norma constitucional, nos termos art. 5o, parágrafo 2o da CF; sendo assim, independentemente de serem posteriormente aprovados pela maioria qualificada do parágrafo 3o do art. 5o da CF, os tratados já são materialmente constitucionais.
O parágrafo 3o do art. 5o da CF traz apenas a possibilidade de os tratados, além de materialmente constitucionais, serem ainda formalmente constitucionais, ou seja, equivalentes a emendas constitucionais, desde que, a qualquer momento, depois de sua entrada emvigor, sejam aprovados pelo quorum do parágrafo 3o do mesmo art. 5º da CF.
O Supremo Tribunal Federal, no recente julgamento do Recurso Extraordinário 466.343- SP, em dezembro de 2008, modificou o seu posicionamento acerca da hierarquia dos tratados internacionais de direitos humanos. O Supremo entendeu, majoritariamente, que esses tratados, antes equiparados às normas ordinárias federais, apresentam status de norma supralegal, isto é, estão acima da legislação ordinária, mas abaixo da Constituição. Tal posicionamento admite a hipótese de tais tratados adquirirem hierarquia constitucional, desde observado o procedimento previsto no parágrafo 3º, artigo 5º da CF, acrescentado pela Emenda Constitucional no 45/2004.
A partir desse novo entendimento do Supremo, sendo aprovado um tratado internacional de direitos humanos o tratado passa a ter hierarquia superior à lei ordinária (supralegal ou constitucional), ocorrendo a revogação das normas contrárias por antinomia das leis.
Com a nova posição do Supremo a configuração da pirâmide jurídica do ordenamento brasileiro foi modificada: na parte inferior encontra-se a lei; na parte intermediária encontram os tratados de direitos humanos – aprovados sem o quorum qualificado do artigo 5º, parágrafo 3º da CF – e no topo encontra-se a Constituição.
A nova posição do Supremo, apesar de não adotar a tese doutrinária majoritária defendida pelo Ministro Celso de Mello que defende que as normas dos tratados internacionais de direitos humanos possuem status constitucional independentemente da forma de sua ratificação, representa um grande avanço para o ordenamento jurídico brasileiro que durante vários anos considerou a paridade entre os tratados de direitos humanos e as leis ordinárias.
3.4 Plano da eficácia: os efeitos da internalização dos tratados internacionais no ordenamento interno
Os atos jurídicos, depois de verificada a sua validade, estarão aptos a produzir os seus efeitos específicos ingressando assim, no plano da eficácia.
O presente tópico trata da eficácia jurídica, ou seja, da análise do conjunto das conseqüências (efeitos) imputadas pelas normas jurídicas ao fato jurídico – análise das conseqüências da internalização dos tratados na ordem interna - e da eficácia do direito ou eficácia social que designa a efetiva realização da norma jurídica no meio social a que se destina.
Quando em vigor no plano internacional os tratados ratificados pelo Estado, promulgados e publicados, passam a integrar o arcabouço normativo interno e a produzir efeitos na ordem jurídica interna.
A eficácia (jurídica e social) dos direitos consagrados nos tratados ratificados pelo Brasil dependerá da sua recepção na ordem jurídica interna e do status jurídico que esta lhes atribui.
Como já visto, os tratados em geral quando recepcionados pelo ordenamento jurídico brasileiro adquirem o status de normas infraconstitucionais. Nesses termos, tais tratados, quando promulgados, revogam todas as normas anteriores contrárias ao seu conteúdo e, por outro lado, são revogados por leis posteriores quando da existência de um conflito.
Com relação aos tratados de direitos humanos acolhidos como normas supralegais, encontram-se localizados acima da legislação ordinária, mas, em caso de conflito com a Constituição, prevalecerão as normas constitucionais.
Os tratados de direitos humanos que adquirirem hierarquia constitucional, nos termos do art. 5º, parágrafo 3º da CF, passam a constituir cláusulas pétreas não podendo ser suprimidos sequer por emenda constitucional; tornam-se insuscetíveis de denúncia e passam a ter aplicabilidade imediata tão logo sejam ratificados. Nesses termos, a partir da entrada em vigor do tratado internacional, toda norma preexistente que seja com ele incompatível perde automaticamente a vigência.
Ademais, passa a ser recorrível qualquer decisão judicial que viole as prescrições do tratado e no caso de um conflito com normas constitucionais deverá prevalecer a norma mais favorável ao titular do direito.
Importante destacar que, ao contrário da posição adotada pelo Supremo, para os autores como Pontes de Miranda que consideram que os Estados estão submetidos à ordem supra-estatal, a incidência dos direitos fundamentais não depende do reconhecimento constitucional, uma vez que tais direitos pertencem à ordem jurídica exterior e acima do Estado e, por isso, impõem limites tanto ao Poder estatal quanto ao Poder Constituinte, que são obrigados a incorporá-los à Constituição, cercando-os das garantias necessárias à sua efetividade.
Os direitos fundamentais supra-estatais são, portanto, direitos que existem independentemente de constitucionalização, ou seja, ainda que não previsto no ordenamento interno do Estado estes direitos não perdem a sua fundamentalidade
Para Pontes de Miranda os direitos fundamentais supra-estatais não existem conforme os cria ou regula a lei; existem a despeito das leis que os pretendem modificar ou conceituar; diante desses direitos o papel do Estado é apenas o de definir as exceções dentro do âmbito que o conceito supra-estatal de cada um desses direitos lhe deixa.
Os direitos fundamentais supra-estatais são considerados paradigmas de validade das normas de direito interno, inclusive das normas constitucionais. Tais direitos impõem limites aos poderes do Estado – nenhuma norma interna pode ser interpretada ou executada em contradição com a Constituição e com as normas de direitos fundamentais supra-estatais; ademais, o Estado se vê obrigado a incorporar esses direitos à Constituição e a garantir os meios necessários para a efetividade de tais direitos.
Cabe ao Poder Judiciário e aos demais Poderes Públicos assegurar a implementação no âmbito nacional das normas internacionais de proteção dos direitos humanos ratificadas pelo Estado brasileiro; ao Congresso Nacional a obrigação negativa de se abster de legislar em sentido contrário às obrigações assumidas internacionalmente; e aos cidadãos, beneficiários diretos de instrumentos internacionais voltados à proteção dos direitos humanos, reclamarem, perante os órgãos judiciais do Estado, a satisfação dos direitos estabelecidos nos tratados.
Levando em consideração que o Direito Internacional ainda não conta com mecanismos jurídicos internacionais de controle bem organizados e aptos para aplicar, no caso concreto, as punições para os Estados que, vinculados a tratados internacionais, não cumpram as obrigações assumidas, é possível concluir que a efetivação dos direitos humanos encontra-se, ainda e principalmente, na dependência da boa vontade e da cooperação dos Estados individualmente considerados.
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9431&revista_caderno=16 
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07/09/16 – feriado
12/09/16
Na aula passada: relação entre direito interno e direito internacional
Dualismo jurídico significa que o direito era composto por dois grandes blocos normativos, que não se comunicavam. O direito internacional é destinado a sujeitos diferentes, tem fontes diferentes. Para a norma internacional ser aplicada na esfera doméstica, ela precisa ser transposta. Esse sistema valoriza o ordenamento interno uma vez que a transposição é feito por processo legislativo.
A corrente dualista é adotada por vários países. 
Começamos a ver o monismo. Segundo essa corrente o direito é uno e indivisível. De uma forma geral, o direito seria indiferentes às distinções entre direito interno e internacional. Embora reconheçam as distinções, não há que se distinguir direitos, pois esses elementos não são constitutivos, fundamentais. O direito é uno, um conjunto só, a consequência é saber a hierarquia normativa entre direito interno e internacional. Um está dentro do outro. O problema que se coloca é saber qual ordem normativa é hierarquicamente superior à outra. Visto que no regime monista, não vai ocorrer a desarmonia entre as duas ordens (como ocorre na corrente dualista).Qual é a origem da autoridade da norma? Dependendo disso, vamos definir que o direito internacional se original do direito constitucional (e vice-versa). 
Kelsen diz que a norma nasce do pacta sunt servanta, ou seja, a ideia de que o acordo firmado é de natureza obrigatória. Kelsen seja à conclusão de que a norma é costume, utilizado muito antes na esfera internacional (do que na esfera dom’;estica). Kelsen entende que o direito constitucional nasce do costume, que nasce no direito internacional. A partir desse raciocínio, Kelsen entende que a norma constitucional é construída a partir da norma internacional.
Kelsen então cria uma corrente: monismo com primazia do direito internacional. Reconhece que a norma de direito constitucional não pode estar em desarmonia com o direito internacional. Se houver desarmonia, o direito internacional prevalece.
O tratado de direito internacional integra diretamente o direito interno. Ele é diretamente aplicado na esfera doméstica. 
No dualismo, o tratado tem que ser transformado em direito interno. Os entes internos têm absoluto controle sobre o poder normativo. No monismo com primazia do direito internacional é o oposto: o tratado pode ser aplicado direto na esfera doméstica. Sendo aplicada de forma direta (sem a necessidade de transposição), a norma internacional modifica qualquer norma constitucional e contrária. É a Constituição do país que escolhe o processo de recepção das normas de direito internacional.
Tem países que são monistas com primazia da constituição.
Tem países que são monistas com primazia da lei ordinária e abaixo da lei complementar.
Outros arranjos podem existir também.
Além do modelo de primazia do direito constitucional ou do direito internacional, temos ainda os modelos mistos de monismo. O Estado pode prever que em determinada matéria, o direito internacional é diretamente aplicável como norma complementar, outras matérias como norma ordinária, outras matérias como norma constitucional.
Não há regra específica e direta. Tem que analisar o que o Estado entende como mais conveniente.
Pode ter um Estado com vários modelos. 
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Existiram três grandes movimentos antes de Kelsen:
Jusnaturalismo. Nessa época existiam dois problemas: certa garantia jurídica (através de fonte divina, a soberania vem de Deus). Essa soberania tinha que garantir segurança jurídica. alem disso, tinha outro elemento que era o direito natural.
Surge o Estado no sec. XVIII, o direito natural é substituído por soberania estatal. O poder não vem de Deus, mas sim do Estado. O poder vem do Estado, da vontade, do interesse. Se o direito decorre da vontade do Estado você não tem segurança jurídica (porque a vontade muda). 
Kelsen tem que eliminar a vontade. Ele vai dizer que o direito nasce do próprio direito. Ele nasce de uma norma hierarquicamente superior. A norma fundamental tem que nascer de algum lugar. Kelsen diz que a norma fundamental nasce de outra norma fundamental: o pacta sunt servanta. O direito constitucional é oriundo do direito internacional, por isso deve ser aplicado com primazia. 
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A CR/88 não determina o modelo de aplicação da norma internacional, em princípio. O STF vai dizer o modelo no momento da aplicação da norma internacional. O STF tem tratado o Brasil no regime monista com primazia do direito constitucional, aplicando-o como norma ordinária.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Esse artigo trata dos direitos fundamentais. 
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Todo o art. 5º não necessita de outras normas para que possam se qualificar como aplicáveis. A partir do momento da promulgação da Constituição, todo esse conjunto de normas é de natureza cogente e obrigatória. Não precisam de nenhuma outra norma que as definam e as qualifiquem no domínio interno. Elas são auto-aplicáveis. 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. Todo o sistema de direitos fundamentais mencionados aqui não é excludente com outros decorrentes de tratados internacionais. Os direitos fundamentais mencionados aqui não são taxativos. O rol de proteção não é taxativo, mas acolhe os princípios decorrentes do texto constitucional ou dos tratados internacionais. 
O Brasil prevê o monismo.
A dificuldade central é saber que tipo de monismo. 
A aplicação é direta, mas qual será a primazia? Parte da doutrina, seguindo essa dúvida, sugere a leitura do texto constitucional. Ver § 2º, art. 5º. Como não excluem isso que dizer que incluem. Portanto, será com força constitucional. Essa é a corrente (da turma dos direitos humanos). 
Se a inclusão no direito interno se der de forma pacífica, não tem problema. Não tem conflito. Quando o direito interno diz X e o internacional diz X+1.
Mas, se for o contrário, a norma interna diz X e a internacional diz Y. Qual é a hierarquia da norma?
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Supralegalidade. Em matéria de direitos humanos, as normas terão característica supralegal: revoga lei complementar, mas tem que se adequar à lei constitucional.
O Pacto de San Jose garante mais direitos que a Constituição do Brasil porque protege o depositário infiel. E na CR/88 há previsão de duas prisões civis: depositário infiel e pelo não pagamento da pensão.
14/09/16
Exibição do documentário: The Rise of ISIS 
https://www.youtube.com/watch?v=ceOv7TANdpg 
19/09/16 – Exercício avaliativo em sala de aula
21/09/16 – 1ª prova
26/09/16
O que foi visto na 1ª parte da disciplina
Nas aulas anteriores buscamos entender o que é o direito internacional. É um sistema normativo, autônomo, aplicado à sociedade internacional. Nesse contexto, compreendemos de onde decorre a autoridade normativa, suas especificidades, como compreender a extensão da autonomia (relação do direito internacional com direito interno). 
A partir de agora, abre-se outro questionamento: Como o direito internacional é elaborado? Qual é a natureza de suas normas? Qual é a fonte da obrigação normativa internacional? 
O direito internacional é um sistema autônomo. Somos obrigados a reconhecer que não possui um órgão competente para a produção da norma (legislativo). No direito interno, a constituição é a norma fundamental. No DI, não é o mesmo modelo, não tem uma constituição da esfera normativa internacional. Não existindo isso, a ordem internacional não possui um poder legislativo devidamente constituído por uma obrigação normativa. Se a estrutura internacional não é coesa e unitária, a sociedade é fragmentada em soberanias distintas, não há coesão possível capaz de delegar autoridade a uma norma constitucional do grupo social e desse modo constituir órgãos com competência legislativa. Não há na esfera internacional, uma unidade legislativa. Não havendo poder legislativo, como saberemos que determinada obrigação é normativa? Como identifica que determinada ordem decorre de obrigação normativa?
A resposta para esse questionamento: quais seriam as fontes do direito internacional, será buscada em vários elementos doutrinários já estudados.
Exemplo: no sec. XIX, Vattel determina que a fonte da obrigação normativa decorre do consentimento e da vontade (voluntarismo). George Sene vai dizer que está no objetivismo, no interesse social. Kelsen diz que está na teoria pura do direito, pacta sunt servanta.
O direito

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