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Delegado de Polícia Civil CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Criminologia Professor: Rafael Strano Aula: 01 | Data: 31/07/2017 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO 1. Bibliografia 2. Diferenciação entre Dogmática e Zetética 3. Modelo Tripartido das Ciências Criminais CONTATOS: Email: rfstrano@gmail.com I. INTRODUÇÃO 1. Bibliografia: Criminologia Autor: Sérgio Salomão Shecaira Histórias do Pensamento Criminológico Autor: Gabriel Anitua O Que É Criminologia? Autor: Antonio Garcia - Pablos de Molina O Homem Delinquente e a Sociedade Criminógena Autor: Manuel da Costa Andrade e Jorge de Figueiredo Dias 2. Diferenciação entre Dogmática e Zetética Qual a diferença entre o Direito Penal e a Criminologia? Porque existe uma ciência chamada Criminologia? A diferenciação na essência se faz necessário para responder as questões acima. Previamente conclui-se que o Direito Penal é uma ciência dogmática, enquanto a Criminologia é uma ciência zetética. O professor Tércio Sampaio Ferraz diferencia o Direito Penal da Criminologia contando uma anedota na sua obra “Introdução ao Estudo do Direito”; o professor relata que Aristóteles estava no alpendre de sua casa, quando passou um sujeito correndo e, na sequência, passou um soldado correndo e gritando “pega ladrão, pega ladrão”. Nisso, Aristóteles teria se virado para o soldado e questionado o que ele entende por ladrão. “O que você entende por ladrão?” É perceptível a diferença de postura entre o soldado e o Aristóteles. O soldado objetiva subsumir o fato à norma (com a situação fática de o sujeito ser ladrão conclui-se que ele deve ser preso), esse é o Direito Penal. O Aristóteles, Página 2 de 4 por outro lado, estava preocupado com o conhecimento, em entender aquela realidade (“O que você entende por ladrão?”). O Aristóteles não perguntou para o soldado se aquele indivíduo era ladrão. A pergunta de Aristóteles era: “O que você entende por ladrão?” Aristóteles desintegrando a premissa, que questiona que tenta chegar mais próximo da realidade; a postura de Aristóteles é zetética. Dogmática tem a ver com norma. Zetética tem a ver com a realidade. Por isso, Direito Penal é dogmática, subsunção do fato à norma, enquanto a Criminologia é uma ciência zetética - tem relação com a realidade, entender onde está. a) Dogmática: -Vem da expressão alemão “Dokein”, significa ensinar, doutrinar. -Parte de um objeto de pesquisa com limites bem definidos. -Renuncia à pesquisa, vinculando-se a questões finitas como por exemplo, os limites impostos pela lei que regulamenta determinada situação. O que é tráfico de drogas? Qual a definição de tráfico de drogas? 99% dos alunos costumam responder que a definição de tráfico de drogas está no artigo 33, Lei 11.343/2006. Essa é uma resposta penal, pois a análise está sendo limitada dentro de um quadro de Lei. Imagina que existe uma moldura que é a legalidade. O Direito Penal só consegue enxergar dentro dessa moldura. O que é atípico para o Direito Penal é irrelevante. No Direito Penal não é estudado fato atípico. Dessa forma, a resposta dogmática está sempre limitada por isso, pois o que estiver fora da moldura será irrelevante para a análise dogmática. A diferença para a Criminologia é que ela não está limitada por nada, ou seja, consegue analisar o objeto dela em todas as direções, não tem nenhum obstáculo que impeça a análise. Para um Criminólogo, o conceito de tráfico de drogas seria no sentido de que é um fenômeno que geralmente acontece nos crimes que adotaram a política proibicionista, iniciada nos EUA. Em meados da década de 60, alguns países retrocederam nessa medida, mas alguns países intensificaram, como por exemplo: a Indonésia. Tráfico de drogas gera algumas consequências: está ligado ao encarceramento em massa, mas também tem o problema de permitir que as pessoas façam ou não uso de drogas. A resposta para um Criminólogo é muito mais ampla do que meramente o artigo 33, Lei 11.343/2006. Art. 33 da Lei 11.343/2006. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. - Aponta soluções de determinados problemas com base na adesão incontestável a certos valores que são chamados de dogmas. - Atém-se ao mundo do DEVER-SER. - Despreza qualquer elemento externo à ordem posta (é a norma pela norma, não admite a influência de outra ciência na análise do objeto, é uma ciência fechada). Página 3 de 4 -Está umbilicalmente ligada à tarefa de interpretação e sistematização de normas e Princípios no ordenamento jurídico, voltando-se, primordialmente, ao problema de aplicação deste. Na faculdade aprendemos o Direito Penal como sendo uma ciência de como aplicar a norma penal (no tempo, no espaço, quando que acontece a “abolitio criminis”, quando que não se aplica a norma penal porque houve uma excludente de ilicitude, excludente de culpabilidade, o que é crime o que não é crime, fato típico, fato atípico), ou seja, tarefa de aplicação da norma, conhecida por dogmática. O Direito Penal é dogmático por desprezar qualquer elemento externo, por exemplo, não permite qualquer influência da Psicologia, da Arquitetura. A Criminologia é interdisciplinar, ou seja, ela admite influência de outras disciplinas no âmbito de atuação dela. B) Zetética: -Deriva da expressão alemã “Zetein”, que significa perquirir, descobrir. -Desintegra opiniões e premissas anteriormente concebidas. Aristóteles, “o que é ladrão?”. O que é tráfico de drogas? É possível diferenciar com a resposta penal e a resposta criminológica. -Zetética cria teorias, não dogmas. A diferença é que um dogma é incontestável e uma teoria pode ser constantemente revista. -Questões zetéticas têm uma função de especulação infinita (o objeto é questionado em todas as direções). Ausência de moldura da criminologia. Zetética é a ciência do ser, se aproxima da realidade. -Visa saber o que é coisa. -Está mais ligada à realidade, é a ciência do “ser”. O DIREITO PENAL É UMA CIÊNCIA DOGMÁTICA E A CRIMINOLOGIA É UMA CIÊNCIA ZETÉTICA. 3. Modelo Tripartido das Ciências Criminais Seria a criminologia o estudo do crime, da criminalidade e do criminoso? O renomado professor alemão Von Liszt elaborou o Modelo Tripartido das Ciências Criminais, criando um sistema no qual a Criminologia, o Direito Penal e a Política Criminal atuam de forma conjunta sob o mesmo objeto, cada um com suas funções e respeitando suas respectivas autonomias. O Modelo Tripartido de Von Liszt foi criado com a intenção de reunir o Direito Penal, a Criminologia e a Política Criminal respeitando as respectivas autonomias. a) Direito Penal: é o conjunto de Princípios que subjaz o ordenamento jurídico penal e que deve ser explicitado de maneira dogmática. A ideia do Direito Penal é essa, organizar os princípios, normas, Lei Penal. b) Criminologia - conceito do autor Pablo de Molina: “ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida contrastada sob a gênese, a dinâmicae variáveis principais do crime, contemplando este como problema individual e social, assim como os programas de sua prevenção eficaz, as Página 4 de 4 técnicas de intervenção positiva no homem delinquente em sua vítima e nos diversos modelos com sistema de respostas do delito”. A “ciência empírica e interdisciplinar” é o método da Criminologia. E “que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social” são os objetos da Criminologia. b.1) Método da Criminologia: ciência empírica e interdisciplinar. Ciência empírica é a ciência calcada na observação da realidade. Interdisciplinar é a ciência que admite influência de outros ramos do saber, exemplos: arquitetura, medicina, psicologia, sociologia, entre outras. Empírico é o método de análise do objeto consistente na observação da realidade. Interdisciplinar é a admissão de outras ciências no ramo de saber criminológico. Exemplos: psicologia, medicina, arquitetura, sociologia, entre outras.
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