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CP Iuris - Criminologia

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Prévia do material em texto

Organizado por CP Iuris 
ISBN 978-65-5701-003-7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIMINOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição 
Brasília 
CP Iuris 
2020 
 
 
Gabriela Barboza de Andrade. Graduada em Direito pela Universidade Estácio de Sá e 
pós-graduada em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Cândido Mendes. 
Professora em cursos preparatórios, ex-Oficial de Cartório da Polícia Civil do Estado do 
Rio de Janeiro, ex-Sargento da Força Aérea Brasileira. Atualmente ocupa o cargo de 
Delegada de Polícia no Estado de Minas Gerais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“90% do sucesso se baseia, simplesmente, em insistir.” 
Woody Allen 
 
 
 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ..................................................................................... 11 
1.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 11 
1.2. ROTEIRO DE ESTUDOS ..................................................................................................................... 14 
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CRIMINOLOGIA .............................................................. 16 
2.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 16 
2.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CRIMINOLOGIA ............................................................................................. 17 
2.3. CONCEITO DE CRIMINOLOGIA ............................................................................................................ 19 
2.4. MÉTODO ..................................................................................................................................... 22 
2.5. OBJETO DE ESTUDO DA CRIMINOLOGIA ................................................................................................ 23 
2.5.1. Delito ................................................................................................................................. 24 
2.5.2. Delinquente ....................................................................................................................... 24 
2.5.3. Vítima ................................................................................................................................ 25 
2.5.4. Controle Social ................................................................................................................... 26 
2.6. FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA ............................................................................................................. 27 
2.6.1. Explicações científicas do fenômeno criminal ...................................................................... 28 
2.6.2. Intervenção positiva no infrator ......................................................................................... 28 
2.6.3. Avaliação dos diferentes modelos de reação ao crime ........................................................ 28 
2.7. SISTEMAS DA CRIMINOLOGIA ............................................................................................................ 30 
2.7.1. Concepção Austríaca/Posição enciclopédica ....................................................................... 30 
2.7.2. Concepção Estrita .............................................................................................................. 31 
2.8. CLASSIFICAÇÕES DA CRIMINOLOGIA .................................................................................................... 32 
CAPÍTULO 3 – FASES PRÉ-CIENTÍFICA E CIENTÍFICA DA CRIMINOLOGIA: A LUTA DE ESCOLAS ............... 34 
3.1. NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA ....................................................................................................... 34 
3.2. ESCOLA CLÁSSICA/LIBERAL-CLÁSSICA .................................................................................................. 34 
3.2.1. Principais expoentes da Escola Clássica .............................................................................. 35 
3.2.2. O estudo da pena para a Escola Clássica............................................................................. 36 
3.3. ESCOLA POSITIVISTA/POSITIVA .......................................................................................................... 37 
3.3.1. Principais expoentes da Escola Positivista ........................................................................... 37 
3.3.2. O estudo da pena para a Escola Positivista ......................................................................... 40 
3.3.3. Quadro sinóptico: a luta das escolas ................................................................................... 41 
3.3.4. Outros modelos de escolas (intermediárias/ecléticas) ......................................................... 41 
CAPÍTULO 4 – A MODERNA CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA: MODELOS TEÓRICO-EXPLICATIVOS DO 
COMPORTAMENTO CRIMINAL ............................................................................................................. 45 
4.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 45 
 
 
4.2. MODELOS TEÓRICO-EXPLICATIVOS DO COMPORTAMENTO CRIMINAL NO ESCÓLIO DE ANTONIO GARCÍA-PABLOS DE 
MOLINA ............................................................................................................................................. 46 
4.2.1. Criminologia Clássica (vide tópico 3.2) ................................................................................ 46 
4.2.2. Criminologia Positivista (vide tópico 3.3) ............................................................................ 46 
4.2.3. Criminologia Neoclássica.................................................................................................... 46 
4.2.4. Teorias Situacionais da Criminalidade (viés prevencionista) ................................................ 48 
4.2.5. Sociologia Criminal............................................................................................................. 50 
4.2.6. Diversas correntes da Moderna Criminologia...................................................................... 50 
CAPÍTULO 5 – SOCIOLOGIA CRIMINAL: AS TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE ..................... 52 
5.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 52 
5.2. TEORIAS DO CONSENSO ................................................................................................................... 52 
5.2.1. Escola de Chicago .............................................................................................................. 53 
5.2.2. Teoria da Anomia/Estrutural-Funcionalista ........................................................................ 57 
5.2.3. Teoria da Associação Diferencial ........................................................................................ 59 
5.2.4. Teoria da Subcultura Delinquente ....................................................................................... 60 
5.3. TEORIAS DO CONFLITO .................................................................................................................... 62 
5.3.1. Labelling Approach ............................................................................................................ 63 
5.3.2. Criminologia Crítica/Radical/Marxista ou Nova Criminologia .............................................. 65 
CAPÍTULO 6 – TEMAS ESPECIAIS .......................................................................................................... 71 
6.1. SISTEMA PENAL E REPRODUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL ............................................................................. 71 
6.2. CÁRCERE E MARGINALIDADE SOCIAL ....................................................................................................72 
6.3. MODELO CONSENSUAL DE JUSTIÇA CRIMINAL ........................................................................................ 73 
6.4. CRIMINOLOGIA FEMINISTA ............................................................................................................... 75 
6.5. CRIMINOLOGIA QUEER .................................................................................................................... 75 
6.6. A CRIMINOLOGIA NO ENFOQUE DA CRIMINALIDADE ORGANIZADA .............................................................. 76 
6.7. CRIMINOLOGIA CULTURAL ................................................................................................................ 78 
6.8. TEORIA BEHAVIORISTA..................................................................................................................... 78 
6.8.1. Behaviorismo clássico ........................................................................................................ 79 
6.8.2. Behaviorismo metodológico ............................................................................................... 79 
6.8.3. Behaviorismo radical .......................................................................................................... 79 
6.9. TEORIA DO MIMETISMO .................................................................................................................. 79 
6.10. MOVIMENTO DE LEI E ORDEM ......................................................................................................... 80 
6.11. BULLYING ................................................................................................................................... 80 
6.11.1. Cyberbullyng .................................................................................................................... 84 
6.12. ASSÉDIO MORAL .......................................................................................................................... 84 
6.13. STALKING ................................................................................................................................... 85 
6.14. A FIGURA DOS ASSASSINOS EM SÉRIE ................................................................................................. 86 
 
 
6.15. PARAFILIAS ................................................................................................................................. 86 
CAPÍTULO 7 – FATORES SOCIAIS E SUA INFLUÊNCIA NA CRIMINALIDADE............................................ 88 
7.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 88 
7.2. SISTEMA ECONÔMICO ..................................................................................................................... 88 
7.3. DESEMPREGO................................................................................................................................ 89 
7.4. POBREZA ..................................................................................................................................... 89 
7.5. ESTADO DE MISERABILIDADE ............................................................................................................. 90 
7.6. FOME.......................................................................................................................................... 90 
7.7. MAL-VIVÊNCIA .............................................................................................................................. 90 
7.8. DÉFICIT DE EDUCAÇÃO ..................................................................................................................... 90 
7.9. MEIOS DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................................ 91 
7.10. POLÍTICA .................................................................................................................................... 91 
7.11. CRESCIMENTO POPULACIONAL ......................................................................................................... 91 
7.12. PRECONCEITO ............................................................................................................................. 91 
7.13. CORRUPÇÃO ............................................................................................................................... 91 
7.13.1. Teoria da graxa ................................................................................................................ 91 
7.13.2. Teoria da bola de neve ..................................................................................................... 92 
CAPÍTULO 8 – A CRIMINOLOGIA NO CONTEXTO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO ................... 93 
8.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 93 
8.2. PREVENÇÃO CRIMINAL .................................................................................................................... 93 
8.3. MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME ....................................................................................................... 93 
8.4. FINALIDADES DA PENA ..................................................................................................................... 94 
8.4.1. Teorias Absolutas ou Retributivas ....................................................................................... 94 
8.4.2. Teorias Relativas, Preventivas ou Utilitaristas ..................................................................... 95 
8.4.3. Teoria mista, eclética, unitária ou unificadora .................................................................... 96 
8.5. PROCESSOS DE CRIMINALIZAÇÃO ........................................................................................................ 96 
CAPÍTULO 9 – PREVENÇÃO CRIMINAL .................................................................................................. 97 
9.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ......................................................................................................... 97 
9.2. CONCEITO DE PREVENÇÃO CRIMINAL .................................................................................................. 97 
9.3. PRINCÍPIOS BÁSICOS ........................................................................................................................ 98 
9.4. CATEGORIAS DE PREVENÇÃO AO DELITO PARA ANTONIO GARCÍA-PABLOS DE MOLINA ..................................... 99 
9.5. MODELOS TEÓRICOS DE PREVENÇÃO AO DELITO ..................................................................................... 99 
9.5.1. Modelo clássico ................................................................................................................. 99 
9.5.2. Modelo neoclássico .......................................................................................................... 100 
9.6. PREVENÇÃO DO DELITO NA ÓTICA DA CRIMINOLOGIA MODERNA .............................................................. 100 
9.6.1. Prevenção primária .......................................................................................................... 100 
 
 
9.6.2. Prevenção secundária ...................................................................................................... 101 
9.6.3. Prevenção terciária .......................................................................................................... 101 
9.7. PREVENÇÃO SITUACIONAL .............................................................................................................. 102 
9.7.1. Prevenção situacional do sentimento de culpa do infrator ................................................ 103 
9.7.2. Prevenção situacional da recompensa .............................................................................. 103 
CAPÍTULO 10 – VITIMOLOGIA........................................................................................................... 104 
10.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ..................................................................................................... 104 
10.2. CONCEITO DE VÍTIMA .................................................................................................................. 107 
10.3. AS FASES DA VÍTIMA AO LONGO DA HISTÓRIA ..................................................................................... 107 
10.3.1. Protagonismo: “a idade de ouro” ................................................................................... 107 
10.3.2. Neutralização................................................................................................................. 107 
10.3.3. Redescobrimento/Revalorização .................................................................................... 107 
10.4. PROCESSOS DE VITIMIZAÇÃO ......................................................................................................... 108 
10.4.1. Vitimização primária ...................................................................................................... 108 
10.4.2. Vitimização secundária ou sobrevitimização ................................................................... 108 
10.4.3. Vitimização terciária ...................................................................................................... 109 
10.5. CLASSIFICAÇÕES DAS VÍTIMAS ........................................................................................................ 110 
10.5.1. Por Benjamin Mendelshon.............................................................................................. 110 
10.5.2. Por Hans Von Henting .................................................................................................... 112 
10.6. PRINCIPAIS SÍNDROMES VITIMOLÓGICAS ........................................................................................... 112 
10.6.1. Síndrome x Doença ........................................................................................................ 112 
10.6.2. Síndrome da mulher de Potifar ....................................................................................... 112 
10.6.3. Síndrome da mulher de Potifar x Síndrome da Barbie...................................................... 113 
10.6.4. Síndrome de Estocolmo .................................................................................................. 113 
10.6.5. Síndrome de Londres ...................................................................................................... 113 
CAPÍTULO 11 – CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS ............................................................................. 115 
11.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ..................................................................................................... 115 
11.2. POR CESARE LOMBROSO .............................................................................................................. 115 
11.3. POR ENRICO FERRI ..................................................................................................................... 115 
11.4. POR RAFFAELE GARÓFALO ............................................................................................................ 116 
CAPÍTULO 12 – ESTATÍSTICA CRIMINAL E CIFRAS CRIMINAIS ............................................................. 117 
12.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES E TIPOS DE CRIMINALIDADE ................................................................. 117 
12.1.1. Criminalidade real ou genuína ........................................................................................ 117 
12.1.2. Criminalidade revelada, registrada ou aparente ............................................................. 117 
12.1.3. Criminalidade oculta: cifra negra, cifra oculta, zona escura, ciffre noir ............................ 118 
12.2. CIFRA NEGRA ............................................................................................................................ 118 
 
 
12.3. CIFRA DOURADA OU DE OURO ....................................................................................................... 119 
12.4. CIFRA CINZA .............................................................................................................................. 119 
12.5. CIFRA AMARELA ......................................................................................................................... 119 
12.6. CIFRA VERDE ............................................................................................................................. 120 
CAPÍTULO 13 – DIREITO PENAL DO INIMIGO ...................................................................................... 121 
13.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ..................................................................................................... 121 
13.2. DIREITO PENAL DO CIDADÃO X DIREITO PENAL DO INIMIGO.................................................................. 121 
13.3. CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................................... 122 
13.4. MANIFESTAÇÃO DO DIREITO PENAL DO INIMIGO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO ........................... 123 
13.5. CRÍTICAS À TEORIA DO DIREITO PENAL DO INIMIGO ............................................................................ 123 
13.6. AS VELOCIDADES DO DIREITO PENAL ............................................................................................... 124 
CAPÍTULO 14 – BATERIA DE QUESTÕES .............................................................................................. 126 
14.1. QUESTÕES APLICADAS ................................................................................................................. 126 
14.2. GABARITO ................................................................................................................................ 142 
FONTES & BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 143 
 
 
 
Olá, amigo (a) concurseiro (a)! 
Seja bem-vindo (a) ao fascinante e intrigante estudo da Criminologia. 
Neste e-book, pretendemos traçar uma abordagem da disciplina de forma 
bastante didática, de modo a proporcionar ao leitor um entendimento contextualizado 
acerca da matéria. 
Preliminarmente, é importante destacar que a Criminologia vem sendo 
disciplina integrante de grande parte dos editais dos concursos jurídicos pelo Brasil 
afora. Portanto, não há como negligenciar o estudo do tema. 
Por óbvio, não temos a pretensão de esgotar a matéria; contudo, o material 
contempla os temas mais importantes presentes nas provas de concurso, trazendo, ao 
final, uma bateria de questões para treinamento. 
Eventualmente faremos apontamentos acerca da legislação correlata aos temas 
abordados, consideradas relevantes no contexto de uma análise conjunta. 
Ademais, estabeleceremos um roteiro de estudos, de modo a torná-lo mais 
didático e prazeroso. Para tanto, propusemos a sistematização do conteúdo em 
“momentos”, de maneira que o seu aprendizado seja coeso e interessante, 
espancando qualquer das afirmações acerca da dificuldade do estudo da matéria. 
 
 
Avante! 
 
Gabriela Barboza de Andrade 
11 
 
CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
1.1. Considerações preliminares 
Podemos afirmar que, outrora, o estudo da criminologia não era tão badalado 
como o das demais ciências criminais. Prova disso é que, em algumas faculdades de 
direito, a disciplina integra o corpo de matérias eletivas ou optativas (não 
obrigatórias). 
Ocorre que, sobretudo diante dos últimos acontecimentos no cenário atual 
brasileiro, quando a criminalidade organizada e econômica começou a ser 
descortinada e a ganhar destaque na mídia, o estudopor uma perspectiva 
criminológica mostrou-se – e mostra-se – indispensável. Afinal, como explicar, 
inclusive, esse tipo de criminalidade? 
Sabemos que, historicamente, negros e pobres são marginalizados e 
representam mais de 60% da população carcerária 1. 
Ocorre que, nos tempos atuais, a sociedade brasileira vem experimentando uma 
mudança de paradigma naquilo que se refere à investigação, ao processo e à 
responsabilização de criminosos pertencentes às mais altas camadas sociais, a 
exemplo de grandes empresários e agentes políticos. 
Nesse contexto, esses indivíduos integram verdadeiras organizações criminosas 
voltadas à prática dos mais variados delitos, tendo como objetivo último a obtenção de 
vantagem econômica ou de outra natureza. 
Perceba, portanto, que o crime não é uma exclusividade das camadas menos 
favorecidas. Por isso, para entender esse fenômeno (crime) em sua essência, não há 
como conceber o estudo das demais ciências penais dissociado da perspectiva 
criminológica. 
Você já percebeu que, modernamente, sobretudo com o avanço da internet, as 
pessoas manifestam suas opiniões e crenças acerca das condutas criminosas sem 
qualquer base de fundamentação? Por várias perspectivas, a internet é uma 
ferramenta indispensável nos dias atuais. Contudo, pode se revelar também como um 
profundo poço de ideias aleatórias desprovidas de embasamento e tecnicismo. 
Os temas atinentes à criminalidade despertam grande interesse e curiosidade na 
população em geral. Nesse cenário, os leigos reproduzem afirmações desprovidas de 
qualquer embasamento teórico ou cientificidade, o que acaba por prejudicar e 
empobrecer a percepção das causas reais da criminalidade. Temos observado isso de 
maneira muito incisiva, por exemplo, nos discursos populistas publicados nas redes 
sociais. Nesse sentido, consoante o professor Zaffaroni (2013), “Atualmente, todos 
comentam sobrem futebol e violência, existindo milhares de técnicos desse esporte, e, 
na mesma proporção, criminólogos”. 
Nessa linha de intelecção, o que se percebe é um clamor popular acerca dos 
assuntos que mais incomodam a sociedade, que pode gerar a aprovação de legislações 
com caráter claramente paliativo, com espírito de “resposta estatal” aos anseios 
sociais, dando a (falsa) impressão de que as coisas estão sob controle. 
 
1
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-
permanentes/cdhm/noticias/sistema-carcerario-brasileiro-negros-e-pobres-na-prisao 
Gabriela Barboza de Andrade 
12 
 
Todavia, o crime só pode ser efetivamente combatido por meio de instrumentos 
que possibilitem sua apuração por uma visão crítica e científica, analisando a questão 
da delinquência em suas raízes. 
Decerto que tais medidas paliativas tratam a consequência e não a causa do 
fenômeno crime. Nas palavras de Ney Moura Teles, “querer combater a criminalidade 
com o Direito Penal é querer eliminar a infecção com analgésico”. 
Nessa senda, a doutrina trabalha com o que se chama de direito penal simbólico. 
Nas palavras de Sanches (2013, p. 36): 
Movido pela sensação de insegurança presente na sociedade, o direito penal de 
emergência, atendendo a demandas de criminalização, cria normas de repressão, 
afastando-se, não raras vezes, de seu importante caráter subsidiário e 
fragmentário, assumindo feição nitidamente punitivista e ignorando as garantias 
do cidadão. Esquecendo a real missão do direito penal, o legislador atua pensando 
quase que apenas na opinião pública, querendo, com novos tipos penais e/ou 
aumentos de penas e restrições de garantias, devolver à sociedade a ilusória 
sensação de tranquilidade. Permite a edição leis que cumprem função meramente 
representativa, afastando-se das finalidades legítimas da pena, campo fértil para 
um direito penal simbólico. Para muitos, a Lei n° 8072/90 (Lei de Crimes 
Hediondos), recentemente alterada pela Lei n° 13.964/2019 (Pacote Anticrime) e a 
Lei n° 12850/2013 (Lei de Organizações Criminosas), é expressão desse direito. 
A Lei de Crimes Hediondos foi criada na década de 90. De nítida inspiração nas 
teses do Direito Penal Máximo3 e Movimento de Lei e Ordem4, trouxe a implantação 
de uma política criminal bastante severa, como forma de tentar conter o avanço da 
criminalidade, criando tipos penais e promovendo o recrudescimento de penas. 
Nessa linha intelectiva, a Lei n° 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos) foi editada 
sob o contexto de comoções sociais que ocorreram no final da década de 80 e início da 
década de 90, conforme veremos a seguir. 
 
Comoções sociais influenciaram punição de crimes hediondos 
Os sequestros do empresário Abílio Diniz, em 11 de dezembro de 1989, e do 
publicitário Roberto Medina, em 6 de junho de 1990, estão na gênese da Lei de Crimes 
Hediondos (Lei n° 8072/90). Eles foram as vítimas mais notórias de uma onda de 
extorsões que, no início da década de 1990, motivou a norma que regulamentou o 
artigo 5º, inciso XLIII, da Constituição, segundo o qual "a lei considerará crimes 
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, entre outros, a prática da tortura, o 
 
3
 O direito penal máximo constitui justamente o oposto do direito penal mínimo, e traz em si a ideia de 
que o Direito Penal é a solução para todos os problemas existentes na sociedade. Por tal movimento, o 
direito penal é o meio de controle social mais eficaz a restringir o direito à liberdade do ser humano, 
devendo, portanto, ser a solução adotada em primeiro lugar. HABIB, G. Leis Penais Especiais. 10. ed. 
Editora JusPodivm, 2018, p. 470. 
4
 Movimento lei e ordem (Law and Order): movimento idealizado por Ralf Dahrendorf, que surgiu como 
uma reação ao crescimento dos índices de criminalidade. Tal movimento baseia-se na ideia da 
repressão, para o qual a pena se justifica por meio das ideias de retribuição e castigo. Os adeptos desse 
movimento pregam que somente as leis severas, que imponham longas penas privativas de liberdade ou 
até mesmo a pena de morte, têm o condão de controlar e inibir a prática de delitos. Dessa forma, os 
crimes de maior gravidade devem ser punidos com penas longas e severas, a serem cumpridas em 
estabelecimentos prisionais de segurança máxima. HABIB, G. Leis Penais Especiais. 10. ed. Editora 
JusPodivm, 2018, p. 470. 
Gabriela Barboza de Andrade 
13 
 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos". 
Em 25 de julho de 1990, foi promulgada a Lei n° 8072/90, definindo os crimes 
hediondos e excluindo seus autores de benefícios, tais como a liberdade provisória 
mediante pagamento de fiança. Os condenados pelas práticas de tais crimes perderam 
também o direito à progressão do regime da pena, pelo qual poderiam, por exemplo, 
cumprir um sexto da pena e sair do regime fechado para o semiaberto. No caso, a 
pena passaria a ser cumprida integralmente em regime fechado. 
Quatro anos depois, uma nova alteração - feita pela Lei n° 8930/94 – incluiu, nos 
crimes hediondos, homicídios praticados em atividades típicas de grupo de extermínio. 
Era uma resposta às chacinas da Candelária (23 de julho de 1993) e do Vigário Geral 
(29 de agosto do mesmo ano). A mesma alteração ainda tornou hediondo o homicídio 
qualificado, devido à grande repercussão do assassinato da atriz Daniela Perez (28 de 
dezembro de 1992). 
Mais quatro anos depois, um novo escândalo: o dos remédios falsificados ou 
adulterado, como a "pílula de farinha", um anticoncepcional responsável por muitos 
casos de gravidez não planejada. Uma nova alteração, feita pela Lei n° 9.695/98, 
tornou hediondos os crimes de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de 
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. 
AGÊNCIA SENADO. Comoções sociais influenciaram punição de crimes hediondos. Agência 
Senado, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3dJZ9io. 
Acesso em: 7 set. 2020 (Adaptado). 
Tecidas essasbreves considerações, passemos a uma breve análise acerca da 
criminologia, apenas para que nos situemos no estudo da matéria, ressaltando que os 
temas serão explorados de forma mais robusta no decorrer do trabalho. Trata-se de 
uma ciência multidisciplinar, que, através do método empírico (causal-explicativo), 
pretende estudar o CRIME, o CRIMINOSO, a VÍTIMA e o CONTROLE SOCIAL. 
Nasce, inicialmente, como espécie de apêndice das ciências naturais. Tanto que o 
primeiro criminólogo conhecido na história foi Cesare Lombroso, que era médico 
alienista – aquele que trata de alienados, pessoas que não têm ou que perderam sua 
identidade, ou que vivem num estado em que não são responsáveis plenamente por 
seus atos, ou, dito de um modo mais popular, são aquelas pessoas que não têm 
capacidade ou não querem entender a realidade que as cerca. 
Com o passar dos anos, a criminologia se dissocia da medicina, já que as 
perspectivas defendidas por Lombroso não se revelaram corretas na prática. Nesse 
contexto, Lombroso defendia que o criminoso era um ser atávico, de pouca evolução e 
que manifestava o caráter criminoso como algo natural de seu caráter evolutivo 
primário. 
Com o tempo, conhecimentos de outras ciências - sociologia, antropologia, 
economia, psicologia - foram incorporados ao estudo criminológico, tornando a 
criminologia uma ciência multidisciplinar. Com isso, o crime passou a ser analisado sob 
uma outra ótica. 
Nos anos 60, com o giro sociológico, a criminologia começou a observar os 
processos de criminalização, identificando, na verdade, que o crime também é criado 
Gabriela Barboza de Andrade 
14 
 
pelo próprio sistema penal, o qual, por meio da rotulação de determinadas condutas, 
constitui o delito e também o criminoso, com as chamadas cerimônias degradantes. 
A criminologia começa, então, a observar muito mais os processos de 
criminalização do que o crime em si, até desaguar na criminologia crítica (final do 
século XX, início do século XXI), quando começa a criticar as próprias bases do direito 
penal e do sistema punitivo. 
Mais recentemente, a criminologia acabou por ganhar um papel de devassar o 
direito penal, apontando suas falhas estruturais. Isso porque o direito penal acaba por 
impor determinados conceitos e institutos reproduzidos como verdadeiros pela 
dogmática penal, contudo, por vezes, sem uma base segura de fundamentação, 
apoiando-se em retóricas e na perspectiva coercitiva da norma. 
1.2. Roteiro de Estudos 
Neste momento, estabeleceremos nosso roteiro de estudos, de modo a torná-lo 
mais leve e didático. Para tanto, propusemos a sistematização do conteúdo em 
“momentos”, que serão seguidos dos demais temas correlatos, de maneira que o seu 
aprendizado seja coeso e se torne interessante, espancando qualquer das afirmações 
acerca da dificuldade do estudo da matéria, sobretudo por conta da infinidade de 
escolas e teorias existentes. 
Sendo assim, com vistas a facilitar nossos estudos, façamos uma linha do tempo 
para o estudo da criminologia, a saber: 
 1º MOMENTO: aqui, estudaremos a introdução ao estudo da 
criminologia, caminhando pelos seus elementos principais, tais como: 
conceito, métodos, objetos, funções, sistemas e classificação da 
criminologia; 
 2º MOMENTO – FASE PRÉ-CIENTÍFICA E CIENTÍFICA: nessa fase, 
estudaremos a chamada “luta/guerra de escolas” entre as Escolas 
Clássica e Positivista; 
 3º MOMENTO: veremos os diversos modelos teórico-explicativos do 
comportamento criminal, consubstanciados nos estudos de Antônio 
García-Pablos de Molina; 
 4º MOMENTO: estudaremos o denominado “giro sociológico” 
(sociologia criminal), abordando as teorias do consenso e as teorias do 
conflito; 
 5º MOMENTO: nesse momento, estudaremos os temas especiais da 
criminologia, tais como: criminologia cultural, criminologia feminista, 
criminologia queer, criminologia no contexto da criminalidade 
organizada, entre outros temas. 
Desta feita, daremos início aos nossos estudos, com a intenção de transmitir a 
você o conteúdo de uma maneira sistematizada, de modo a possibilitar um 
conhecimento mais aprofundado e didático sobre os principais temas de criminologia 
cobrados em concursos jurídicos. 
A seguir, apresentamos a esquematização dos nossos estudos para melhor 
visualização: 
Gabriela Barboza de Andrade 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
CONCEITO 
MÉTODO 
OBJETO 
FUNÇÕES 
SISTEMAS 
CLASSIFICAÇÕES 
MARCO CIENTÍFICO: VEIO 
COM A OBRA “O HOMEM 
DELINQUENTE”, DE CESARE 
LOMBROSO 
FASE PRÉ-CIENTÍFICA E 
CIENTÍFICA 
A LUTA DE ESCOLAS: 
CLÁSSICA POSITIVISTA
VIDE QUADRO SINÓPTICO, PÁG. 37 
MODELOS TEÓRICO-
EXPLICATIVOS DO 
CLÁSSICO 
POSITIVISTA 
NEOCLÁSSICO 
SOCIOLOGIA 
DIVERSAS CORRENTES 
DA MODERNA 
CRIMINOLOGIA 
TEORIA DA OPÇÃO RACIONAL COMO 
OPÇÃO ECONÔMICA 
TEORIAS SITUACIONAIS DA 
CRIMINALIDADE: 
 
- TEORIA DAS ATIVIDADES ROTINEIRAS 
 
- TEORIA DO MEIO OU ENTOSNO FÍSICO 
GIRO SOCIOLÓGICO: A 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
TEORIAS DO 
CONSENSO 
TEORIAS DO CONFLITO 
CRIMINOLOGIA 
CRÍTICA: 
- Neorrealismo de 
esquerda; 
- Direito Penal Mínimo; 
- Abolicionismo Penal. 
LABBELING APPROACH ESCOLA DE CHICAGO: 
- Teoria Ecológica; 
- Teoria das Janelas 
Quebradas; 
- Tolerância Zero; 
- Testículos Despedaçados. 
TEORIA DA ANOMIA 
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO 
DIFERENCIAL 
TEORIA DA SUBCULTURA 
DELINQUENTE 
OUTROS MODELOS DE 
ESCOLAS: 
ESCOLAS INTERMEDIÁRIAS 
TEMAS ESPECIAIS: 
- Sistema penal e reprodução da realidade social; 
- Cárcere e marginalidade social; 
- Modelo consensual de justiça criminal; 
- Criminologia Feminista; 
- Criminologia Queer; 
- A Criminologia no enfoque da Criminalidade Organizada; 
- Criminologia Cultural; 
- Teoria Behaviorista; 
- Teoria do Mimetismo; 
- Movimento de Lei e Ordem; 
- Bullyng; 
- Cyberbullyng; 
- Assédio Moral; 
- Stalking; 
- A figura dos assassinos em série; 
- Parafilias 
 
OUTROS TEMAS CORRELATOS: 
 
- Fatores sociais e sua 
influência na criminalidade; 
 
- A Criminologia no contexto 
do Estado Democrático de 
Direito; 
 
- Prevenção Criminal; 
 
- Vitimologia; 
 
- Classificação dos Criminosos; 
 
- Estatística Criminal e Cifras 
Criminais; e 
 
- Direito Penal do Inimigo. 
 
Gabriela Barboza de Andrade 
16 
 
CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CRIMINOLOGIA 
2.1. Considerações Preliminares 
Do latim crimen e, do grego, logo, criminologia significa estudo do crime. Foi 
idealizada por Paul Topinard (1830-1911) e difundida no cenário internacional por 
Raffaele Garófalo (1851-1934), apresentando como marco científico, para corrente 
majoritária, o saber científico criminológico da obra “O homem delinquente”, em 
1876, de Cesare Lombroso. 
Decerto, o foco inicial dos estudos da criminologia era o delito e o delinquente; 
contudo, posteriormente, a vítima e o controle social também se tornaram 
protagonistas no palco dos estudos criminológicos. 
Preliminarmente, tenha em mente que não é possível demarcar em caráter 
absoluto o exato momento do nascimento da criminologia. Os autores que debruçam 
seus estudos sobre a criminologia não são unânimes em delimitar com exatidão o 
momento em que teve início seu estudo científico. 
Como ciência autônoma, sua existência é recente. Contudo, não podemos olvidar 
seu período pré-científico. No período pré-científico, o conhecimento produzido 
resultava da observação realizada pelo homem, que lhe permitia constatar e descrever 
fenômenos; todavia, por falta de sistematização, não era possível sua explicação de 
forma plena. 
Desde a antiguidade, é possível verificar a presença de ideias acerca da 
criminologia, a partir de textos esparsos de determinados autores que já revelavam 
sua preocupação e seu interesse no estudo do crime e dessas causas. 
Em todo esse contexto, no que se refere ao período científico, há divergências 
doutrinárias acerca de seu surgimento, ora atribuído a quatro estudiosos distintos: 
 
Cesare Lombroso 
 
Paul TopinardRaffaele Garófalo Francesco Carrara 
A seguir, conheceremos um pouco de cada um desses estudiosos. 
a) Cesare Lombroso: majoritariamente, a criminologia passou a ser reconhecida 
com certa autonomia científica com a obra de Lombroso L’Uomo Delinquente 
Gabriela Barboza de Andrade 
17 
 
(Homem Delinquente), em 1876. Sua principal tese era a do delinquente 
nato, isto é, aquele ser humano atávico, pouco evoluído, que manifestava o 
caráter criminoso como algo natural de seu caráter evolutivo primário. 
b) Paul Topinard: outros autores atribuem o surgimento do período científico da 
criminologia ao antropólogo francês Topinard, que, em 1879, empregou pela 
primeira vez o termo criminologia. 
c) Raffaele Garófalo: há ainda quem atribua o surgimento desse período a 
Garófalo, que utilizou, em 1885, o termo criminologia como título de seu 
livro científico, o qual é compreendido como a ciência da criminalidade, do 
delito e da pena. 
d) Francesco Carrara: a escola clássica apresenta Carrara como aquele que 
utilizou os primeiros aspectos do pensamento criminológico em sua obra 
Programa de Direito Criminal, de 1859. 
Atenção! 
Para uma parte minoritária da doutrina, o marco científico da criminologia é a obra 
“Dos Delitos e das Penas” (1764), de Cesare Beccaria. Malgrado a data da obra de 
Beccaria anteceda a obra de Lombroso em mais de um século, a doutrina majoritária 
refuta a ideia de marco científico, posto que o estudo da criminologia por Beccaria, 
artífice da Escola Clássica, ainda não tinha alcançado a autonomia científica da 
criminologia, pois a obra mencionada se debruçava num viés mais relacionado ao 
direito penal (ciência lógica, abstrata e normativa). 
Fique de olho! 
Em provas objetivas, recomenda-se optar pela doutrina majoritária, mais apoiada em 
Cesare Lombroso, salvo, é claro, se a sua banca adotar entendimento diverso. Em 
provas discursivas e orais, tente explorar todo conhecimento adquirido, demonstrando 
ao examinador que você conhece as diversas correntes acerca do tema, apontando o 
entendimento dominante. 
No Brasil, a criminologia foi introduzida pelo pernambucano João Vieira de 
Araújo, com a obra Ensaios sobre Direito Penal, em 1884. 
2.2. Evolução histórica da Criminologia 
Seguindo os ensinamentos do professor Paulo Sumariva (2017), com redação 
adaptada, apresentamos breve explanação acerca da evolução da criminologia ao 
longo da história, desde a Antiguidade até a criminologia moderna. 
Na Antiguidade, o principal exemplo da existência de questionamentos 
criminológicos é o Código de Hamurabi, que representa o conjunto de leis escritas, 
sendo um dos exemplos mais bem preservados desse tipo de texto oriundo da 
Mesopotâmia. Acredita-se que foi escrito pelo rei Hamurabi, aproximadamente 
em 1772 a.C. 
Os artigos do Código de Hamurabi descreviam casos que serviam como modelos 
a serem aplicados em questões semelhantes. Para limitar as penas, o código adotou o 
princípio de Talião, sinônimo de retaliação. Por esse princípio, a pena não seria uma 
Gabriela Barboza de Andrade 
18 
 
vingança desmedida, mas proporcional à ofensa cometida pelo criminoso. Tal princípio 
é resumido no ditado popular "olho por olho, dente por dente". 
Além disso, o código dispunha que pobres e ricos fossem julgados de forma 
distinta, impingindo-se aos ricos maior severidade, já que estes tinham mais 
oportunidades e acesso a bens materiais e culturais. 
Nos idos do século XVI, uma linha de pensamento interessante que, mais tarde, 
foi explorada por outras teorias, foi esquadrinhada por Thomas Morus. Ele considerava 
o crime como reflexo da própria sociedade, relacionando a desorganização social e a 
pobreza com a delinquência. 
No século XVIII, havia uma valorização da aparência externa do indivíduo, ou 
seja, uma observação de sua fisionomia, a fim de determinar o homem criminoso. 
Kaspar Lavater, utilizando-se de métodos de observação e análise, propôs o “retrato 
robot”, o denominado “homem de maldade natural”, baseando-se em suas supostas 
características somáticas (MOLINA; GOMES, 2020). Além disso, também eram feitos 
juízos de valor com base na aparência do indivíduo, sempre em prejuízo do “mais 
feio”. 
Nesse contexto, a fisionomia deu origem à cranioscopia (observação ou exame 
da forma e outras características do crânio). Segundo essa linha de estudo, por meio 
das medições externas da cabeça, seria possível determinar características da 
personalidade, do desenvolvimento das faculdades mentais e morais do indivíduo, 
bem como o grau de criminalidade. 
Tais estudos evoluíram para uma análise interna da mente, dando origem à 
frenologia (doutrina segundo a qual cada faculdade mental se localiza em uma parte 
do córtex cerebral e o tamanho de cada parte é diretamente proporcional ao 
desenvolvimento da faculdade correspondente, sendo este tamanho indicado pela 
configuração externa do crânio), desenvolvida pelo médico Franz Joseph Gall, em 
1810, que buscava localizar malformações no cérebro e crânio humano que pudessem 
justificar o comportamento criminoso, promovendo um verdadeiro mapeamento do 
cérebro em zonas de criminalidade. 
No final do século XVIII, surge a escola clássica, que teve como principais 
expoentes estudiosos como Cesare Beccaria, Francesco Carrara e Giovanni Carmignani. 
Em apertada síntese, a responsabilização penal, para a escola clássica, 
fundamenta-se no livre arbítrio, ou seja, o delito era produto da vontade livre do 
agente e a pena é um mal justo aplicado àquele que comete um mal injusto. 
Com o giro sociológico ocorrido na década de 60, surge o que chamamos de 
criminologia moderna, que começa a observar muito mais os processos de 
criminalização do que o crime em si. 
Nessa fase, a pessoa do delinquente é examinada em seu aspecto biopsicossocial 
e não apenas em uma perspectiva biopsicopatológica, com a supervalorização dos 
aspectos fisionômicos, como outrora. 
A criminologia moderna, então, foca seus estudos no fenômeno criminal, nas 
suas causas e características, nas formas de prevenção e no controle. O cerne de 
investigação deixa de ser apenas a pessoa do infrator, e se desloca para a conduta 
criminosa, a vítima e o controle social. 
O criminoso passa de uma figura central para um segundo plano, passando a ser 
examinado como um ser biopsicossocial, isto é, um ser sobre o qual recaem influências 
biológicas, psicológicas e sociais para sua formação, e que esses processos biológicos, 
Gabriela Barboza de Andrade 
19 
 
cognitivos, sociais e emocionais interferem e influenciam em seu processo de 
aprendizagem. 
Passou-se, portanto, de um enfoque meramente individualista para uma 
abordagem mais ampla, em atenção aos objetivos políticos-criminais. 
Nesse caminho, a criminologia moderna tem algumas de suas características 
principais abordadas por Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes, como 
mostra o quadro a seguir. 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CRIMINOLOGIA MODERNA 
1 – Objeto de estudo: crime, criminoso, vítima e controle social. 
2 – Destaque à orientação prevencionista: destaca a orientação prevencionista do 
saber criminológico, em contraponto às obsessões repressivas apregoadas nas 
definições convencionais. 
3 – Crime/problema: parte da caracterização do crime como “problema”, destacando 
sua base conflitual e sua face humana dolorosa. 
4 – Tratamento/intervenção: o conceito tratamento é substituído por intervenção, 
que apresenta uma noção mais dinâmica e pluridimensional, em atenção ao fato real, 
individual e comunitário do fenômeno delitivo. 
5 – Análise e avaliação como modelos de reação ao delito. 
6 – Análise etiológica do delito: não ignora, contudo, a análise etiológica do delito 
(desviação primária) no marco do ordenamento jurídico como referência última. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3. Conceito de Criminologia 
A criminologia é ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do 
crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social docomportamento 
delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a 
gênese, a dinâmica e as variáveis principais do crime – contemplado este como 
problema individual e como problema social –, bem como sobre os programas de 
prevenção eficaz ao delito e as técnicas de intervenção positiva no homem 
delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito (MOLINA, 2003). 
Neste sentido, a doutrina majoritária aponta que a criminologia integra a tríade 
das ciências criminais, que tem em comum o estudo do fenômeno criminal, a saber: 
Gabriela Barboza de Andrade 
20 
 
 
I. Direito penal 
Ciência autônoma, lógica e abstrata, apresentando um método técnico-jurídico, 
interpretando o “dever ser”. Ocupa-se com as normas penais, apresentando um 
método dedutivo, em busca da subsunção de um comportamento humano a uma 
norma penal abstrata. 
Essa é uma ciência que estuda o crime em uma estrutura dogmática, além de 
estudar o fenômeno jurídico. O crime seria, portanto, uma realidade jurídica. Nesse 
sentido, o direito penal apresenta uma abordagem legal e normativa do crime, 
conceituando-o como toda sendo conduta ofensiva a preceitos primários que 
culminem em aplicação de sanções. 
Seu ponto de partida, portanto, é o princípio da legalidade. Sem lei, não pode 
haver crime, bem como a lei apresenta-se como limitação daquilo que pode ser 
considerado crime. 
Nesse contexto surgem as ideias de criminalização primária e secundária: 
 Ocorre a criminalização primária quando o Estado seleciona alguns 
comportamentos observados na sociedade, os quais, ao menos em tese, 
ofendem bens jurídicos, proibindo-os e sujeitando os infratores a 
sanções previstas na lei editada em caráter formal pelo Poder 
Legislativo; 
 Na criminalização secundária, uma vez editada a lei penal com a 
previsão dos comportamentos indesejados, havendo a infração, surge 
para o Estado o jus puniendi, ou seja, o direito de punir esse infrator, 
mediante a imposição de uma sanção penal. 
Podemos concluir, portanto, que o direito penal promove uma verdadeira 
seleção de comportamentos que serão taxados como crimes. Nessa seleção, 
consoante palavras de Greco (2020, p. 155), os “valores de determinados grupos 
sociais, tidos como dominantes, prevalecem em detrimento da classe dominada”. 
II. Criminologia 
É a ciência autônoma que estabelece um diagnóstico do fenômeno criminoso, 
explicando e prevenindo o crime, intervindo na pessoa do infrator, ou seja, 
C
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A
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DIREITO PENAL 
CRIMINOLOGIA 
POLÍTICA CRIMINAL 
Gabriela Barboza de Andrade 
21 
 
abrangendo o mundo do ser, estabelecendo modelos de resposta aos delitos, ora 
traçando estratégias concretas de fácil assimilação para o legislador para que este crie 
as normas penais, ora revelando um norte aos poderes públicos para prevenção, 
repressão do crime e na ressocialização do delinquente, com metodologia empírica e 
indutiva. 
No escólio de Rogério Sanches Cunha: 
A criminologia é ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da 
vítima e o comportamento da sociedade. Não se trata de uma ciência teleológica, 
que analisa as raízes do crime para discipliná-lo, mas de uma ciência causal-
explicativa, que retrata o delito enquanto fato, perquirindo as suas origens, razões 
da sua existência, os seus contornos e forma de exteriorização. Em síntese, a 
criminologia busca a compreensão do delito. [2013, p. 32] 
Para a criminologia, portanto, o crime é um fenômeno complexo, com muitas 
variáveis, um fenômeno social ou individual que independe da lei. 
III. Política Criminal 
Segundo a doutrina, trata-se de ponte eficaz entre o direito penal e a 
criminologia, trazendo as soluções práticas para o combate à criminalidade, ou seja, 
busca traçar estratégias para o enfrentamento do delito e o controle da violência. 
A política criminal não possui metodologia própria, ou seja, não se enquadra 
como ciência autônoma. Ademais, a criminologia e a política criminal são responsáveis 
por fornecerem subsídios ao Poder Público, com base em dados estatísticos de índole 
quantitativa e qualitativa acerca da criminalidade, como forma de auxiliar na tomada 
de decisões relativas à prevenção dos delitos. 
No que se refere à política criminal, nas palavras de Aníbal Bruno: 
A política criminal, por sua vez, tem no seu âmago a específica finalidade de 
trabalhar as estratégias e os meios de controle social da criminalidade (caráter 
teleológico). É característica da política criminal a posição de vanguarda em relação 
ao direito vigente, vez que, enquanto ciência de fins e meios, sugere e orienta 
reformas à legislação positivada. [1967, p. 41] 
Em suma: 
Ao passo que o Direito Penal emprega o método lógico, abstrato e dedutivo, 
criando uma norma penal incriminadora abstrata para depois analisar uma situação 
particular, a criminologia – ciência fática, do “ser” – faz o contrário: sua análise é 
empírica, indutiva e multidisciplinar, pela observação da realidade, em busca de uma 
solução. 
Frise-se que os objetivos das duas ciências são comuns, contudo, a metodologia 
empregada para a produção do conhecimento é diversa. 
Criminologia e Direito Penal devem unir seus esforços, sem pretensões de 
exclusividade ou superioridade, visto que cada qual goza de autonomia em virtude 
de seus objetos e métodos, ou seja, devem buscar se entender, pois integram uma 
ciência criminal total ou globalizadora. [MOLINA; GOMES, 2020, p. 163] 
Para facilitar o seu aprendizado, observe o quadro abaixo: 
Gabriela Barboza de Andrade 
22 
 
DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA POLÍTICA CRIMINAL 
Ciência autônoma, lógica, 
dedutiva e abstrata. 
Ciência autônoma, 
empírica e indutiva. 
Ponte eficaz entre o direito 
penal e a criminologia. 
Analisa os comportamentos 
humanos indesejáveis ao 
convívio social, selecionando 
quais condutas devem ser 
rotuladas como infrações 
penais. 
Estuda o crime, a 
pessoa do criminoso, a 
vítima e o controle 
social. 
Traça estratégias de 
enfrentamento à 
criminalidade. 
 
Fique atento! 
Muitas questões de provas abordam, principalmente, as diferenças entre o direito 
penal e a criminologia. 
2.4. Método 
A criminologia trabalha de forma indutiva, apresentando um método empírico, 
isto é, seu objeto se insere no mundo real, daquilo que é verificável, observando a 
realidade para analisar e extrair das experiências as consequências. 
Atua de forma interdisciplinar, já que, em se tratando de seres humanos, 
qualquer generalização passa a ser falha; para tanto, utiliza-se dos critérios biológico e 
sociológico. Ao revés, o Direito Penal faz uso do método dedutivo, partindo da regra 
geral para o caso concreto de forma lógica e abstrata, quando só lhe preocupa o crime 
enquanto fato descrito na norma legal, com vistas a perquirir sua adequação típica, 
deixando de lado a realidade. 
 Não se pode olvidar que o direito penal é seletivo, ou seja, escolhe o que punir e 
quem sofrerá a reprimenda pelos mecanismos de criminalização primária e secundária, 
plasmado pelo princípio da legalidade, o qual, além de ser um verdadeiro limite ao 
poder punitivo estatal, também se apresenta como limite ao conceito de crime para o 
Direito Penal. 
A criminologia apresenta um método empírico, mas não necessariamente 
experimental. Isso porque a observação é necessária, haja vista que o objeto da 
investigação pode tornar inviável ou ilícita a experimentação. Considerando a 
complexidade do fenômeno delitivo, caberia, pois, a complementação do método 
empírico com outros de natureza qualitativa, desde que não incompatíveis com 
aquele. 
A interdisciplinaridade, por sua vez, é uma exigência estrutural do saber 
científico. A análise científica reclama uma instância superior que integre e coordene 
as instâncias setoriais procedentes das diversas disciplinas interessadas no fenômeno 
delitivo e que instrumentalize um genuíno sistema de retroalimentação. 
Gabriela Barbozade Andrade 
23 
 
Frise-se que a criminologia somente se consolidou como ciência autônoma 
quando conseguiu se emancipar daquelas disciplinas setoriais em torno das quais 
nasceu e com as quais, de forma frequente, identificou-se de forma indevida. 
Nesse contexto, Antonio García-Pablos Molina apresenta as seguintes técnicas 
de investigação da criminologia, a saber: 
 Quantitativas: são dados estatísticos (método por excelência), 
questionário, métodos de medição, que explicam a etiologia, a gênese e 
o desenvolvimento do fato criminoso. A título de exemplificação: 
levantamento da quantidade de pessoas que sofreram, num 
determinado período de tempo, violação ao seu patrimônio. Frise-se 
que esse método, por si só, revela-se insuficiente, posto que outras 
variáveis devem ser consideradas para melhor compreensão do fato 
criminoso; 
 Qualitativas: consiste em técnicas de observação participante e em 
entrevista, a permitir a compreensão das chaves profundas de um 
problema; 
 Transversais: consideram uma única medição da variável ou do 
fenômeno examinado. Ex: estudos estatísticos; 
 Longitudinais: consideram várias medições, em diferentes momentos 
temporais, a saber: estudos de seguimento (follow up); biografias 
criminais; case studies; e modernos estudos sobre carreiras criminais. 
Atenção! 
Follow up é o estudo da evolução do indivíduo durante um determinado período de 
tempo, operando com uma série de fatores psicológicos e sociológicos. São eles, pois, 
métodos dinâmicos e evolutivos. Busca investigar a gênese, a evolução e as 
manifestações de uma carreira criminal. 
2.5. Objeto de estudo da Criminologia 
Historicamente, o objeto tradicional de estudo da criminologia foi embasado 
pelos ideais da Escola Positiva (Lombroso, Garófalo, Ferri), sendo subdividido em dois: 
delito e delinquente. 
Em meados do século XX, mais especificamente de sua metade até os dias atuais, 
foram acrescentados dois outros pontos de interesse: vítima e controle social. 
Portanto, é pacífica a divisão do objeto da criminologia em quatro vertentes, quais 
sejam: 
 Delito; 
 Delinquente; 
 Vítima; 
 Controle social. 
Gabriela Barboza de Andrade 
24 
 
2.5.1. Delito 
Num primeiro plano, não podemos confundir o objeto em análise com a 
definição atribuída ao delito pelo Direito Penal. Nesse espeque, para a criminologia, 
para que um comportamento desviante seja rotulado como delito, faz-se necessário o 
preenchimento de quatro elementos constitutivos e coexistentes, a saber: 
a) Conduta de incidência massiva na sociedade: para que uma conduta seja 
rotulada como delituosa, deverá incidir de forma MASSIVA na sociedade. Ou 
seja, o crime não pode ser um fato isolado. Nesse viés, Sérgio Salomão 
Shecaira critica a tipificação do crime de “molestar cetáceo”, previsto na Lei 
n° 7.643/1987, a qual criou o tipo penal específico, após o fato de um 
banhista introduzir um palito de sorvete no focinho de um filhote de baleia, 
causando sua morte (fato isolado); 
b) Incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve ser algo que cause dor 
(não só no sentido físico), aflição e angústia, seja à vítima ou à comunidade 
como um todo; 
c) Persistência espaço-temporal: o crime deve ser algo que seja distribuído 
pelo território ao longo de certo período de tempo juridicamente relevante. 
Nesse contexto, Sérgio Salomão Shecaira traz uma crítica, mencionando o 
caso de um cantor famoso que usou um colar com uma peça do para-brisa de 
um veículo fusca. Depois desse episódio e durante algumas semanas, vários 
fuscas tiveram essa determinada peça furtada para que seus fãs também 
usassem o colar igual ao do cantor; 
Note que essa conduta não tem persistência espaço-temporal para dar azo 
a uma criminalização ou uma maior reprovabilidade, como a criação de 
uma majorante ao delito de furto para esses casos específicos. 
d) Inequívoco consenso: não são todos os fatos massivos, aflitivos, com 
persistência espaço-temporal que se revestem de inequívoco consenso 
acerca da necessidade de criminalização. Como exemplo, podemos citar o 
uso imoderado de álcool, comportamento massivo na sociedade, que gera 
dor e aflição ao usuário e/ou à sua família e tem persistência no espaço e no 
tempo; contudo, não há consenso inequívoco da sociedade acerca da 
necessidade de sua criminalização. Tanto é assim que o álcool é considerado 
substância lícita. 
2.5.2. Delinquente 
A análise do delinquente sofre nuances, a depender da escola da criminologia 
que o estudava. Sendo assim, vejamos as várias definições de delinquente para as 
diferentes escolas criminológicas: 
a) Escola Clássica (fase pré-científica): o delinquente era encarado como o 
pecador que optou pelo mal, embora pudesse e devesse respeitar a lei. 
Herança da doutrina do contrato social, de Rousseau. O cometimento do 
crime era um rompimento ao pacto, e a pena deveria ser proporcional ao 
Gabriela Barboza de Andrade 
25 
 
mal causado. O comportamento criminoso seria um mau uso da 
liberdade; 
b) Escola Positiva: para a Escola Positiva, o infrator era um prisioneiro de 
sua própria patologia (determinismo biológico) ou de processos causais 
alheios (determinismo social). Enquanto, para os clássicos, a pena deveria 
ser proporcional ao mal causado, para os positivistas, deveria ser utilizada 
uma medida de segurança com finalidade curativa, por tempo 
indeterminado, enquanto persistisse a patologia; 
c) Escola Correcionalista: não teve reflexos significativos no Brasil. Defendia 
que o criminoso era um ser débil, inferior e que deveria receber do 
Estado uma postura pedagógica e de proteção. A título de exemplo, 
temos no nosso ordenamento jurídico a proteção ao menor infrator, 
obtida como uma influência da corrente correcionalista; 
d) Visão marxista: sob essa ótica, o criminoso é visto como uma verdadeira 
vítima da sociedade, considerada, sobretudo, a sua base capitalista; 
e) Contemporaneamente: delinquente é o indivíduo que está sujeito às leis, 
podendo ou não segui-las por razões multifatoriais. Com a ocorrência do 
giro sociológico e a necessidade de atenção aos enfoques político-
criminais, abandona-se a perspectiva biopsicopatológica, dando espaço à 
perspectiva biopsicossocial. 
Nos ensinamentos de Sumariva (2018, p. 8 ): 
[...] a visão atual de um criminoso é de um ser normal, isto é, não é o pecador dos 
clássicos, não é o animal selvagem dos positivistas, tampouco o “coitado” dos 
correcionalista, nem a vítima da filosofia marxista. Trata-se de um homem real do 
nosso tempo, que se submete às leis e pode não cumpri-las por razões diversas, 
que nem sempre são compreendidas pelos seus pares. 
No contexto desse objeto de estudo da criminologia, apresentaremos, em 
capítulo específico, algumas classificações de criminosos, consoante propostas de 
Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garófalo. 
Avaliar e conhecer essas classificações mostra-se de fundamental relevância na 
análise de questões criminológicas voltadas a estabelecer, por exemplo, as causas do 
crime, bem como estudar medidas de prevenção, combate e reação ao fenômeno 
criminal. 
2.5.3. Vítima 
Preliminarmente, cumpre ressaltar que a criminologia moderna trouxe novos 
contornos à figura da vítima, outrora deixada de lado no bojo da persecução penal. É 
sabido que o Estado tinha como objetivo principal a punição ao autor do delito, agindo 
os operadores da lei com a finalidade única de prevenção ao crime ante a punição do 
infrator, sem conferir importância ao papel da vítima na análise do fenômeno criminal. 
Historicamente, a figura da vítima observou três fases bem delineadas, quais 
sejam: 
 1ª fase – protagonismo: chamada “idade de ouro”, compreendida 
desde os primórdios da civilização até o fim da alta Idade Média. 
Gabriela Barboza de Andrade 
26 
 
Caracterizou-se pela justiça privada, vingança, autotutela. Ou seja, a 
vítima protagonizava o direito de punir, sendo ela a responsável pela 
reparação dos danos que sofreu bem como pelapunição do crime, de 
acordo com as leis de talião; 
 2ª fase – neutralização: o Estado passa a ser único responsável pela 
resolução do conflito social (Código Penal Francês e as ideias do 
liberalismo moderno), retirando o poder de reação das mãos da vítima, 
ante ao fato delituoso. Em outras palavras, o Estado monopoliza o 
poder punitivo e trata a pena como garantia coletiva; 
 3ª fase – redescobrimento/revalorização: nessa fase, projetam-se 
contornos mais humanos à postura estatal em relação à vítima. 
Sobretudo após a 2ª Guerra Mundial, o estudo sobre a vítima assumiu 
contornos marcados, sendo fundada, assim, uma nova disciplina (ou 
ciência, para parte da doutrina) chamada VITIMOLOGIA, 
consubstanciada no estudo das relações da vítima com o infrator 
(chamada pela doutrina de “dupla penal”) ou das relações da vítima 
com o sistema. 
Sobre essa temática (vitimologia), nos debruçaremos em capítulo próprio. 
2.5.4. Controle Social 
Sérgio Salomão Sechaira, citando Max Weber, entende que toda sociedade 
necessita de mecanismos disciplinares que asseguram a convivência interna de seus 
membros, razão pela qual se vê obrigada a criar uma gama de instrumentos que 
garantam a conformidade dos objetivos eleitos no plano social. 
Nesse diapasão, o controle social é o conjunto de instituições, estratégias e 
sanções sociais que pretendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e às 
normas de convivência social. Com relação aos seus destinatários, pode ser difuso (à 
coletividade) ou localizado (a determinados grupos). 
Numa sociedade, encontramos dois sistemas de controle social, quais sejam: 
 Controle social formal; 
 Controle social informal. 
Controle social formal 
Esse sistema é constituído pelo aparelho político do Estado: Polícia, Judiciário, 
Administração Penitenciária, Ministério Público etc. Ou seja, são os agentes formais de 
controle social, utilizados como meio coercitivo por intermédio dos seus órgãos 
públicos, com a finalidade de punir o infrator das normas impostas pelo controle 
social. Esse sistema atua em ultima ratio, uma vez que entram em cena após a falha do 
controle social informal. 
Esse controle social formal é dividido em seleções, a saber: 
 Primeira seleção – entende-se por primeira seleção de controle social 
formal a atuação dos seus órgãos de repressão, ou seja, o trabalho 
desenvolvido pela Polícia Judiciária. Em outros termos, o início da 
persecução penal com a atividade investigativa, na busca da coleta de 
Gabriela Barboza de Andrade 
27 
 
indícios de autoria, materialidade e as circunstâncias do delito (Estado-
Polícia); 
 Segunda seleção – essa forma de seleção é representada pela atuação 
do Ministério Público ao deflagrar a ação penal; 
 Terceira seleção – essa seleção decorre da tramitação do processo 
judicial com a consequente condenação do criminoso, após o trânsito 
em julgado da sentença penal condenatória. Aqui, o Estado atua de 
maneira absoluta sobre o indivíduo, impondo-lhe uma sanção penal. 
Controle social informal 
Esse sistema de controle social é constituído pela sociedade civil: família, escola, 
religião, mídia, entre outros, com atuação claramente preventiva e educacional, 
socializando o indivíduo e inserindo-o na sociedade. 
Ressalta-se que, quanto maior for o controle social informal, menor será o índice 
de criminalização. Tal afirmação se torna cristalina, a título de exemplo, nas cidades 
pequenas, nas quais há uma forte incidência do controle social informal, apresentando 
níveis de criminalidade bem menores que nas grandes metrópoles. 
Atenção! 
Quando se fala em institutos de controle social, citamos três componentes 
fundamentais: NORMA, PROCESSO E SANÇÃO. Quando as instâncias de controle 
social informal falham, exsurgem as instâncias de controle social formal, sendo a pena 
privativa de liberdade a sanção mais grave por estas aplicadas. 
Ademais, o controle social pode ser exercido por meio de três formas principais, 
a saber: 
 Sanções formais (aplicadas pelo Estado, podendo ser cíveis, 
administrativas e/ou penais) e sanções informais (aquelas que não têm 
força coercitiva); 
 Meios positivos (prêmios e incentivos) e meios negativos (imposição de 
sanções); 
 Controle interno (autocoerção) e controle externo (ação da sociedade 
ou do Estado, como multas e penas privativas de liberdade). 
Atenção! 
Para a TEORIA DO LABELLING APPROACH, uma das teorias da reação social que será 
detalhadamente estudada em capítulo específico, o controle social é SELETIVO e 
DISCRIMINATÓRIO, GERADOR e CONSTITUTIVO DE CRIMINALIDADE, além de 
ESTIGMATIZANTE. 
2.6. Funções da Criminologia 
A função precípua da criminologia é informar a sociedade e os poderes públicos 
sobre o crime, o criminoso, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de 
Gabriela Barboza de Andrade 
28 
 
conhecimentos seguros e permitindo, assim, compreender cientificamente o problema 
criminal, de modo a preveni-lo e a intervir com eficácia e positivamente no homem 
criminoso. 
Isso se explica porque a criminologia é uma ciência que se preocupa com 
problemas e conflitos concretos e históricos. Diante disso, sinteticamente, as funções 
da Criminologia serão apresentadas a seguir. 
2.6.1. Explicações científicas do fenômeno criminal 
Oferecer uma explicação dotada de cientificidade ao fenômeno criminal, bem 
como estabelecer medidas de prevenção ao delito, com vistas a evitar sua ocorrência 
(vide capítulo 9). 
2.6.2. Intervenção positiva no infrator 
Buscando analisar qual o real impacto da pena ao infrator, desenhar e analisar 
programas de reinserção social e trazer à sociedade a percepção de que o crime é um 
problema social e comunitário. 
2.6.3. Avaliação dos diferentes modelos de reação ao crime 
Neste tópico, abordaremos os instrumentos de reação ao crime de que se vale o 
Estado a fim de restabelecer a ordem pública e a paz social violadas quando da prática 
de uma infração penal. 
O crime abala a estrutura social, gerando danos das mais variadas ordens às suas 
vítimas. Nessa senda, o Estado se vê obrigado a reagir, mediante a implementação de 
medidas de política criminal com o escopo de exercer o controle sobre o avanço da 
criminalidade. 
Nessa linha de intelecção, destacamos três modelos de reação ao crime, que 
abordaremos mais criteriosamente a seguir. 
2.6.3.1. Modelo clássico/dissuasório clássico/retributivo 
Esse modelo é pautado na resposta punitiva do Estado como forma de retribuir o 
mal causado. Em outras palavras, ao mal causado pelo crime, aplica-se o 
contraestímulo da pena, que possui caráter exclusivamente retributivo e cunho 
intimidatório. 
Com efeito, a aplicação da pena seria então necessária e suficiente à reprovação 
da conduta criminosa, bem como atuaria com viés prevencionista, considerando que, 
em tese, o indivíduo poderia se sentir desestimulado a delinquir. 
Insta salientar que esse modelo não se preocupa com a reparação dos danos 
causados pela conduta delitiva, tampouco com a ideia de ressocialização do 
delinquente, mas tão somente apresenta caráter de RETRIBUIÇÃO ao mal causado. 
Nesse contexto, podemos chegar à conclusão de que a figura da vítima não possui 
qualquer importância nessa análise. 
Como tudo que tem início, o modelo clássico ou dissuasório foi o primeiro modelo 
de reação ao crime. Por meio dele, o mal causado pelo crime deve ser retribuído 
pelo mal da pena. Numa visão hegeliana, a pena deve ser vista como um castigo 
proporcional ao delito cometido. Não se preocupa com a ressocialização do agente, 
mas apenas que ele sofra as consequências de uma prisão em virtude da sua 
conduta criminosa. [GONZAGA, 2018, p. 109, grifo nosso] 
Gabriela Barboza de Andrade 
29 
 
Cabe, ainda, salientar que figuram como protagonistas desse modelo o Estado e 
o delinquente. 
2.6.3.2. Modelo ressocializador 
Como o próprio nome deixa a sugerir, esse modelo pugna pela ressocialização do 
delinquente, de forma a torná-lo apto à reinserçãona sociedade. 
Possui caráter humanista, atribuindo à pena uma finalidade utilitária, qual seja a 
ressocialização do infrator e não apenas a mera retribuição ao mal causado. Por essa 
ótica, a pena possui finalidade de prevenção especial positiva. 
O que se busca é a reinserção social do condenado após o cometimento do delito. 
Afasta-se daquele viés em que a expiação é a única busca quando da aplicação da 
pena, pois deve ser lembrado que o condenado num futuro próximo irá voltar ao 
convívio social, o que torna a responsabilidade da sociedade elevada. Com essa 
ideia é que surgem mecanismos de ressocialização cada vez mais eficazes, como a 
remição da pena pelo trabalho e pelo estudo. Não se deve apenas desejar que o 
crime seja combatido com a pena, mas que o criminoso não volte a delinquir; e isso 
somente ocorrerá quando ele tiver uma aceitação social, seja pelo trabalho, seja 
pelo estudo. Do contrário, as penitenciárias serão apenas locais de expiação e de 
reunião de delinquentes que, em breve, estarão nas ruas para o cometimento de 
novos crimes. Nesse tipo de modelo, a sociedade passa a ter um papel 
fundamental, pois é ela que vai receber o condenado para fazer um novo trabalho, 
estudar e relacionar-se de forma lícita com seus pares. Por isso a progressão de 
regime e a remição da pena contam diretamente com a atuação do corpo social, 
seja pela carta de emprego que algum empregador terá que conceder ao 
condenado, seja pela aceitação em algum tipo de faculdade ou curso para que o 
condenado possa estudar. A participação da comunidade passa a ser de suma 
importância para resgatar o ser humano que existe no condenado, abandonando 
aquele instinto selvagem e animal que cometeu o crime. [GONZAGA, 2018, p. 129] 
2.6.3.3. Modelo integrador/restaurador/consensual/justiça restaurativa 
A ideia central desse modelo de reação ao crime reside na celebração de um 
acordo, um ajuste entre as partes integrantes do conflito, com o objetivo de promover 
o restabelecimento do cenário ao “estado em que as coisas se encontravam antes do 
crime”, mediante aplicação de institutos e técnicas de composição de interesses, 
efetivando a reparação dos danos sofridos pela vítima. 
Nesse sentido, apresentam-se como protagonistas do conflito criminal a vítima e 
o delinquente (dupla penal), conforme muito bem explica Gonzaga (2018, p. 131, grifo 
nosso): 
Passam a compor, de forma principal, esse modelo de reação, a vítima e o 
condenado, ficando de fora o Estado. O principal enfoque é a busca pela 
conciliação entre autor e vítima, daí muitos chamarem esse modelo também de 
conciliatório. Nada mais salutar para o retorno ao momento de normalidade 
anterior ao crime do que o entendimento mútuo entre as partes. 
O exemplo mais comum em nossa ordem jurídica acerca da implementação 
desse modelo de reação foi a edição da Lei n° 9.099/95, que instituiu os Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais, com a previsão de medidas despenalizadoras aplicáveis, 
via de regra, às infrações penais de menor potencial ofensivo, com vistas ao 
afastamento do cárcere, bem como à efetiva reparação civil das vítimas. 
Na inteligência do Art. 61 da Lei n° 9.099/95: 
Gabriela Barboza de Andrade 
30 
 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os 
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena 
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
Em síntese, para que possamos estabelecer a ideia de justiça consensual, é 
necessária a verificação dos seguintes requisitos: 
 Reparação do dano à vítima; 
 Assunção da culpa pelo delinquente (de maneira voluntária e 
confidencial); 
 Presença de um facilitador (mediador judicial). 
Atenção! 
Existe divergência doutrinária acerca do alcance e aplicação da justiça restaurativa, 
face à natureza do crime praticado, sua gravidade e primariedade do autor, 
estabelecendo-se duas posições: 
 1ª Corrente (minoritária): sustenta a possibilidade de conciliação e mediação do 
conflito criminal, mesmo para os crimes mais graves e para o delinquente 
multirreincidente. 
 2ª Corrente (majoritária): restringe o alcance da incidência da justiça restaurativa 
aos autores primários e às infrações penais de menor gravidade, afastando sua 
aplicação em relação a delitos mais graves. 
Por fim, vale destacar que o modelo de justiça restaurativa gerou reflexos na 
legislação brasileira, como, por exemplo, com a previsão dos institutos 
despenalizadores, previstos na Lei n° 9099/95, e a Resolução n° 118/2014 do Conselho 
Nacional do Ministério Público, que versa sobre a Política Nacional de Incentivo à 
autocomposição no âmbito do Ministério Público. 
2.7. Sistemas da Criminologia 
O estudo do tema remete à análise das disciplinas que integram a criminologia e 
da relação que se estabelece entre elas, justamente por conta de sua característica da 
interdisciplinaridade. 
De acordo com a doutrina majoritária, existem dois sistemas/concepções, os 
quais veremos agora. 
2.7.1. Concepção Austríaca/Posição enciclopédica 
Para essa concepção, existem três grupos de disciplinas que integram a 
criminologia, conforme mostra o esquema a seguir. 
Gabriela Barboza de Andrade 
31 
 
 
a) Disciplinas relacionadas à realidade criminal: fenomenologia (análise das 
formas de surgimento da criminalidade), etiologia (causas ou fatores 
determinantes da criminalidade), prognose (análise dos fatores 
determinantes da criminalidade, formulando diagnósticos e prognósticos 
sobre o futuro comportamento e periculosidade do autor), biologia criminal, 
psicologia criminal, antropologia, geografia criminal, ecologia criminal, entre 
outras. 
b) Disciplinas relacionadas ao processo: temos a criminalística, a qual se 
subdivide em tática e técnica criminal. Criminalística é o conjunto de teorias 
que se referem ao esclarecimento dos casos criminais (ciência policial). Tática 
criminal é o modus operandi mais adequado ao esclarecimento dos fatos e à 
identificação do autor. Técnica criminal é aquela que se ocupa das provas, 
analisando os métodos científicos existentes para demonstrar 
realisticamente uma determinada hipótese. 
c) Disciplinas relacionadas à repressão e prevenção do delito: composta pelas 
penologia (ciência penitenciária, pedagogia correcional) e profilaxia. A 
penologia é a ciência que examina o cumprimento e a execução das penas. A 
ciência penitenciária apresenta-se como uma subdisciplina da penologia, 
centralizando seus estudos nas penas privativas de liberdade. A seu turno, a 
pedagogia correcional se preocupa com orientar a execução do castigo para a 
significação de um impacto positivo, de reinserção social. De outro giro, a 
profilaxia tem como meta prioritária a luta contra o delito, articulando as 
estratégias oportunas para incidir eficazmente nos fatores individuais e 
sociais criminógenos, antecipando-se ao crime. 
2.7.2. Concepção Estrita 
Admite a integração apenas de disciplinas relacionadas à realidade criminal, e 
afirma que algumas disciplinas tratadas na concepção anterior não integram a 
criminologia. 
Desta feita, assevera, por exemplo, que a criminalística é disciplina auxiliar do 
direito penal, pois orbita em torno de questões processuais; e a penologia, a seu turno, 
é uma ciência técnica que não integra o sistema da criminologia. 
ESCOLA AUSTRÍACA 
DISCIPLINAS 
RELACIONADAS À 
REALIDADE 
CRIMINAL 
DISCIPLINAS 
RELACIONADAS 
AO PROCESSO 
DISCIPLINAS DE 
PREVENÇÃO E 
REPRESSÃO 
Gabriela Barboza de Andrade 
32 
 
2.8. Classificações da Criminologia 
Consoante lições de Sumariva (2017), a doutrina majoritária, entende que a 
criminologia é uma ciência aplicada que se divide em dois ramos: 
 Criminologia geral: consiste na sistematização, na comparação e na 
classificação dos resultados alcançados nas ciências criminais em 
relação ao crime, ao criminoso, à vítima, ao controle social e à 
criminalidade; 
 Criminologia clínica: consiste na aplicação de conhecimentos

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