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A Pré-História da Psicanálise Professora: Márcia Candelaria da Rocha UNINASSAU Introdução As três principais feridas narcísicas da humanidade ocorreram nos últimos séculos: com Copérnico, a humanidade descobriu que a Terra não era o centro do universo; com Darwin, ocorreu a investigação biológica do homem, que roubou a aparente superioridade do homem sob a especial criação, e repreendeu-o com a descida ao reino animal - com Freud, descobrimos o “eu” que nem sequer é mestre em sua própria casa, mas é dependente da informação mais escassa a respeito de tudo o que acontece inconscientemente em sua vida psíquica. “...Fomos obrigados a perturbar a paz do mundo”. Sigmund Freud (1916-1917), Conferências Introdutórias sobre Psicanálise . Rompimentos e Articulações A psicanálise rompe com a psiquiatria, a neurologia e a psicologia do século XIX (Wundt e o primeiro laboratório de psicologia experimental em 1879); Se apresenta como efeito de uma série de articulações entre saberes e práticas. A Consciência da Loucura Derrubada das grandes verdades: desde Aristóteles até a fé na Igreja; Séc. XVI, um século aturdido por grandes invenções e transformações políticas e religiosas, e no seu interior um homem perplexo e entregue à dúvida, isto é: a incerteza da consciência; Resultado foi que o século XVII ordenou-se na racionalidade da consciência. SÉC. XVII Montaigne: volta a importância para a interioridade; Descartes: partindo da dúvida chega à certeza do cogito feito pela razão; A subjetividade foi transformada em referencial central para o conhecimento e a verdade; A verdade habita a consciência; O pensamento regulado pela razão, opunha-se à loucura; a loucura como perda da racionalidade; O homem pode ficar louco, o pensamento não; Faz-se a partilha entre a razão e a desrazão; SÉC. XVIII: a Consciência da Loucura Momento de emergência da loucura que tinha ficado oculta pela ignorância, agora sob a visada da racionalidade; Se o que distingue o homem do animal é a racionalidade, o louco identifica-se com o animal; Passo seguinte ao da denúncia da loucura, não era a cura, mas o controle disciplinar do indivíduo; Práticas de dominação da loucura; cura como retorno à ordem; Se a loucura não aparece no corpo, aparece na família (ausência do marcador biológico realizado pela medicina); Interrogatórios e confissões; Segregação dos loucos (como foi com os leprosos) - Foucault (A história da loucura). A loucura experimental “Sei que não sou louco e sei quem é louco, mas não sei o que é loucura”; Loucura X Simulação; Psiquiatria: saber sobre a loucura que se instaura a partir da prática clínica do séc. XVII com Phillipe Pinel; Vai no séc. XIX aderir as concepções de novos tempos ao estabelecer ligação entre loucura individual e diferença racial – fatos morais e marcas físicas como sinais de anomalias. O Normal e o Patológico O louco e a loucura para Moreau de Tours e as experiências com haxixe, como ficar louco e sair dela; O Normal e o Patológico (Canguilhem); Mudanças nas formas de explicação da loucura, agora no interior da própria loucura, por exemplo, no sonho. O sonho é a loucura do indivíduo adormecidos enquanto os loucos são sonhadores acordados – caminho para a compreensão da loucura; Freud tomou esse fato como um princípio de análise. A HIPNOSE A Hipnose, precedida pelo mesmerismo para fins terapêuticos: corpos dos seres animados são sujeitos às influências magnéticas; A Hipnose de James Braid: o poder depositado no médico que dispõe do corpo do paciente eliminação de sintoma domesticação do comportamento. Charcot e a Histeria Problema inicial: ausência de um referencial anatômico; isto é, não há lesão nos sintomas histéricos; Descoberta: na Histeria há uma sintomatologia bem definida, obedecendo a regras precisas; No inverno de 1885, Freud assiste ao curso de Charcot; Ambos salientam: a histeria não é uma simulação; não é uma doença apenas feminina; A histeria no campo das doenças psiquiátricas ou no campo das doenças neurológicas; O histérico incurável era identificado como louco; Charcot e a Histeria Drogas e hipnose para o tratamento da histeria como doença neurológica; Hospital e não o asilo; o neurologista e não o psiquiatra; A hipnose como controle da histeria (conjunto de sintomas bem definido e regular), através da sugestão hipnótica - insatisfação de Charcot; Charcot e o trauma temporário – ressurge a necessidade do paciente narrar sua história pessoal; Narrativas com componente sexual desempenhando um papel preponderante; Histeria e Sexualidade. Histeria e Sexualidade Recusa de Charcot/ponto de partida de Freud; Aproximação com Joseph Breuer; Trauma e AB-REAÇÃO: a liberação da carga de afeto/método catártico – a hipnose como sugestiva remete o paciente ao seu passado, encontrando assim o fato traumático, produzindo a liberação da carga de afeto; Chegar a um acontecimento traumático real impede Freud de construir a teoria psicanalítica dos sintomas neuróticos como causa das fantasias edipianas infantis; Teoria da sedução X Teoria da fantasia. A Teoria Psicanalítica Teoria do Recalque - pedra angular da teoria psicanalítica; O uso da hipnose ocultava essa resistência; Os pacientes e suas resistências à consciência das ideias patogênicas; Defesa como censura, por parte do ego do paciente à ideia ameaçadora, forçando-a a manter-se fora da consciência. Defesa – Conversão DEFESA COMO MECANISMO DE PROTEÇÃO DO EGO FRENTE A UMA REPRESENTAÇÃO DESAGRADÁVEL E AMEAÇADORA. CONVERSÃO COMO MODO DE DEFESA QUE SE PRODUZ NAS HISTÉRICAS. RESISTÊNCIA, DEFESA, CONVERSÃO Não é mais produzir ab-reação do afeto e sim tornar conscientes as ideias patogênicas; Passagem do método catártico para o método psicanalítico; Textos: As psiconeuroses de defesa. Estudos sobre a histeria. Projeto de 1950; Observações clínicas e a resistência de Freud em estabelecer generalizações. As catexias como carga de afeto ou soma de excitação Início da teoria sobre a sexualidade; A psicanálise enquanto prática clínica e enquanto teoria; Hipótese: não era qualquer espécie de excitação emocional que se encontra por detrás dos sintomas neuróticos, mas sobretudo uma excitação de natureza sexual e conflitiva; Da sexualidade à lógica do Inconsciente (Caso Anna O).
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