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1 O PODER DOS O PODER DOS SONHOS LÚCIDOSSONHOS LÚCIDOS ÍNDICE Sumário ÍNDICE.................................................................................2 INTRODUÇÃO.......................................................................3 ............................................................................................3 SOBRE MIM..........................................................................4 TODOS SONHAMOS..............................................................5 O SIGNIFICADO DOS SONHOS..............................................8 O CÉREBRO ENQUANTO SONHAMOS.................................11 O SONHO E A CRIATIVIDADE..............................................14 SONHOS DIURNOS.............................................................19 SONHOS LÚCIDOS..............................................................24 CONSCIÊNCIA NO SONHO..................................................29 A PRÁTICA..........................................................................32 SONHO LÚCIDO INDUZIDO.................................................52 ALTA LUCIDEZ....................................................................55 Referencias bibliográficas...........................................................................60 2 INTRODUÇÃO Este livro digital foi idealizado após um árduo estudo e praticas para responder alguns questionamentos se realmente é possível ter controle consciente dentro do sonho indo além da teoria. Cheguei a conclusão pratica e vi algumas bases científicas que colaboram com a conclusão que sim qualquer pessoa com treino podem controlar seus sonhos e algumas pessoas só de saber a existência de controle consciente de sonhos já desbloqueiam suas mentes a vivenciarem tais experiências. Espero que com este trabalho você consiga ter suas próprias experiências de sonhos lúcidos e consiga desfrutar de seus benefícios fora do sonho que são muitos, mas antes você precisa saber que para a prática exige perseverança e paciência pois por mais que algumas pessoas terão suas primeiras experiencias só de ler a parte teórica, outras pessoas terão um período árduo para atingir as primeiras experiências. 3 SOBRE MIM Meu nome é Rodrigo dos santos faustino hipnólogo estudante de psicologia e pesquisador incansável de como as coisas funcionam, em minha trajetória é fazer descobertas e ensinar tais descobertas para todos possam fazer bom uso desse conhecimento, pois isso é o que faz de nós humanos a capacidade de compartilhar o conhecimento para que haja integração e evolução como espécie. Espero que você faça bom uso do conhecimento que disponibilizo aqui neste livro digital, siga-me nas mídias sociais que você encontrará outros conteúdos ainda melhores quanto este. WebSite - Facebook - Instagram - Yotutube 4 TODOS SONHAMOS Por que a mente daquele que dorme evoca imagens, fantasias, histórias que fazem pouco sentido e cenas que ignoram regras e leis físicas de tempo e espaço? Por que a mente, na hora, confunde essas evocações com a realidade? E por que às vezes permite que essas evocações assustem e acordem a pessoa que está dormindo? Geralmente, somente ao acordar as pessoas percebem que estavam sonhando. Com certeza, os sonhos às vezes incorporam sons externos ou outras experiências sensoriais, mas isso acontece sem o tipo de consciência vivenciada durante a vigília. Embora algumas pessoas relatam não lembrar de seus sonhos, todos sonham, a menos que haja interferência de um tipo em particular de lesão cerebral ou de um tipo particular de medicação. De fato, a pessoa mediana passa seis anos da vida sonhando. Se você quer lembrar melhor os seus sonhos, pode ensinar isso a si mesmo. Mantenha uma caneta e papel ou gravador de voz perto da cama, para que você possa registrar seus sonhos assim que acordar. Se esperar, provavelmente esquecerá a maioria deles. Os sonhos ocorrem tanto no sono REM como no NÃO REM, mas seus conteúdos diferem nos dois tipos de sono. Os sonhos REM tendem mais a ser bizarros, podendo envolver emoções intensas, alucinações visuais e auditivas (mas raramente o paladar, cheiro ou dor) e uma aceitação de eventos ilógicos. 5 Os sonhos não REM costumam ser muito tediosos. Podem estar relacionados a atividades corriqueiras, como decidir qual roupa vestir ou fazer anotações durante a aula. A ativação e desativação de diferentes regiões cerebrais durante o sono REM e não REM pode ser responsável pelos diferentes tipos de sonhos. Durante o sono não REM, há desativação geral de muitas regiões cerebrais; durante o sono REM, algumas áreas do cérebro mostram atividade aumentada, enquanto outras mostram atividade diminuída (Hobson, 2009). Os conteúdos dos sonhos REM resultam da ativação de estruturas cerebrais associadas com motivação, emoção e recompensa (p. ex., amígdala); ativação das áreas de associação visual e desativação de várias partes do córtex pré-frontal (Schwartz & Maquet, 2002). o córtex pré-frontal é indispensável para autoconsciência, pensamento reflexivo e estímulos conscientes oriundos do mundo exterior. Como essa região cerebral é desativada durante os sonhos REM, os centros de emoção e as áreas de associação visual cerebrais interagem na ausência de pensamento racional. Entretanto, note que o REM e os sonhos parecem ser controlados por diferentes sinais neurais (Solms, 2000). 6 Em outras palavras, REM não produz o estado de sonho. REM está apenas ligado aos conteúdos dos sonhos. Regiões cerebrais e sonhos REM. Estas duas imagens do cérebro mostram as regiões que são ativadas (em vermelho) e desativadas (em azul) durante o sono REM. (a) Como observado a partir da lateral, o córtex motor, o tronco encefálico e as áreas de associação visual estão ativadas, do mesmo modo como as regiões cerebrais envolvidas em motivação, emoção e recompensa (p. ex., amígdala). O córtex pré-frontal é desativado. (b) Como mostrado a partir de baixo, outras áreas de associação visual são ativadas também.(Esta imagem também revela o tamanho total do córtex pré-frontal.) 7 O SIGNIFICADO DOS SONHOS Os estudiosos do sono ainda especulam sobre o significado dos sonhos. Sigmund Freud publicou uma das primeiras teorias em seu livro a interpretação dos sonhos (1900). Freud especulava que os sonhos contêm um conteúdo oculto que representa os conflitos inconscientes existentes na mente do sonhador. O conteúdo manifesto é o sonho do modo como o sonhador lembra. O conteúdo latente é aquilo que o sonho simboliza; e é o material disfarçado para proteger o sonhador da confrontação direta de um conflito. Praticamente inexiste suporte para as ideias de Freud de que os sonhos representam conflitos ocultos e que seus objetos tenham significados simbólicos especiais. As experiências do dia a dia, entretanto, influenciam os conteúdos dos sonhos. Exemplificando, você pode ser especialmente propenso a ter sonhos com conteúdo angustiante enquanto estuda na época das provas. Embora a maioria das pessoas pense que seus sonhos são exclusivos, muitos temas comuns ocorrem nos sonhos. Você já sonhou que estava despreparado para uma prova ou descobriu que estava fazendo a prova errada? Muitos universitários têm sonhos como esse. Mesmo após terminar a graduação e depois de ter passado por todos os exames, é provável que você tenha sonhos similares sobre estar despreparado, Professores aposentados às vezes sonham que estão despreparados para dar aulas! 8 Os pesquisadores John Alan Hobson e Robert McCarley (1977) propuseram a teoria da ativação-síntese,que tem predominado no pensamento científico sobre o sonho. Hobson e McCarley sugeriram que atividade cerebral aleatória ocorre durante o sono, e essa atividade neural pode ativar os mecanismos que normalmente interpretam o estímulo sensorial. Durante o sono, a mente tenta dar sentido à atividade sensorial resultante sintetizando-a com memórias armazenadas. A partir dessa perspectiva, os sonhos são efeitos colaterais de processos mentais produzidos pelo disparo neural aleatório. Em 2000, Hobson e colaboradores revisaram a teoria da ativação-síntese para considerar as descobertas recentes em neurociência cognitiva. Incluíram, por exemplo, a ativação das regiões límbicas, associadas com emoção e motivação, como fonte de conteúdo emocional dos sonhos. Propuseram, ainda, como já mencionado, que a desativação do córtex pré-frontal contribui para os aspectos delirante e ilógico dos sonhos. Os críticos da teoria de Hobson argumentam que os sonhos raramente são caóticos, como seria esperado se fossem baseados na atividade cerebral aleatória (Domhoff, 2003). De fato, a experiência consciente da maioria dos sonhos é razoavelmente similar à vida de vigília, ainda que com algumas diferenças intrigantes. As diferenças incluem falta de autoconsciência, diminuição da atenção e controle voluntário, emocionalidade aumentada e memória fraca (Nir & Tononi, 2010). 9 Os pesquisadores fizeram pessoas dormirem no equipamento de imageamento cerebral, as acordaram numerosas vezes e lhes pediram para contar sobre o que sonharam (Horikawa, Tmaki, Miyawaki, & Kamitani, 2013). Esses cientistas examinaram então se a atividade cerebral ocorrida pouco antes do relato do sonho era similar ao modo como o cérebro respondera quando os participantes foram expostos a várias imagens relacionadas, em um exame de imagens subsequente. Os pesquisadores mostraram itens que haviam aparecido em muitos dos relatos de sonho (p. ex., pessoa, casa, carro). Constataram que a atividade cerebral associada ao conteúdo do sonho foi similar à atividade cerebral observada enquanto as pessoas olhavam imagens relacionadas. Um dia, talvez seja possível saber o que as pessoas estão sonhando apenas por meio do registro da atividade cerebral delas. 10 O CÉREBRO ENQUANTO SONHAMOS Podemos decifrar, controlar e manipular os sonhos? Para onde vão as palavras que escutamos durante o sono? A essa pergunta lançou-se Tristán Bekinschtein. Para respondê-la, ele preparou um jogo simples, tedioso e rotineiro, ideal para fazer dormir. Uma recitação de palavras. Um jogo infantil. Não é a imagem que temos de um experimento típico de laboratório; pelo contrário, acontece em uma cama onde alguém escuta uma voz repetitiva e sonífera: elefante, cadeira, mesa, esquilo, avestruz… A cada vez que escuta o nome de um animal, a pessoa na cama deve mover a mão direita; se for um móvel, a esquerda. É fácil e hipnótico. Dali a pouco as respostas se tornam intermitentes. Às vezes são extremamente lentas e, por fim, desaparecem. A respiração fica mais profunda e o eletroencefalograma mostra um estado sincrônico. Ou seja, aquele que escuta a recitação já dormiu. As palavras continuam, como se o relato tivesse inércia. Assim, observando a marca das vozes nas transições de sono, Tristán descobriu que no cérebro do adormecido essas vozes se tornam palavras, e essas palavras adquirem significado. E mais: o cérebro continua jogando o mesmo jogo; a região cerebral que controla a mão direita se ativa a cada vez que se menciona um animal, e a região que controla a mão esquerda o faz a cada vez que se trata de um móvel, tal como ditavam as regras do jogo estabelecidas durante a vigília. A consciência tem um interruptor. No sono, no coma ou sob anestesia, o interruptor muda de estado, e a consciência se desliga. Em alguns casos, o desligamento é drástico, e a consciência se esfuma sem meias-tintas. 11 Em outros, como na transição para o sono, a consciência se desvanece pouco a pouco, de maneira intermitente. Com o interruptor ligado, a atividade cerebral associada aos estados de consciência assume diferentes formas; como, por exemplo, a consciência das crianças menores opera em outra temporalidade e que a dos esquizofrênicos não tem a capacidade de identificar as vozes próprias, gerando uma distorção do relato. Podemos pensar o sono como um terreno propício a uma simulação mental em que o corpo não se expõe. Essa desconexão entre a mente e o corpo é literal: durante o sono, há uma inibição dos neurônios motores, pelos quais o cérebro controla e governa os músculos, gerando uma química cerebral muito diferente daquela da vigília. Normalmente há uma sincronia entre o retorno ao estado de vigília — que se caracteriza pelo pensamento organizado e consciente da experiência — e o contato com o corpo. Às vezes, porém, esses dois processos se defasam, e despertamos sem ter retomado o contato químico com nosso corpo. Isso se chama paralisia do sono, e afeta entre 10% e 20% das pessoas. Essa experiência pode ser desesperadora, porque vivemos uma paralisia completa em plena lucidez. Depois de alguns minutos, ela se resolve sozinha, e o cérebro recupera o contato com o corpo. Também pode acontecer o oposto: que durante o sono o cérebro não se desconecte do músculo, e com isso o sonhador põe em prática seu sonho. O que o cérebro faz durante o sono? A primeira coisa que deveríamos saber é que, durante o sono, o cérebro não desliga. Na realidade, o cérebro nunca se detém; quando ele desliga, a vida acaba. 12 Quando dormimos, ao contrário, ele apresenta uma atividade contínua, tanto durante o sono REM — sigla em inglês para movimentos oculares rápidos —, que corresponde a sonhar, quanto durante o sono de ondas lentas, em que dormimos profundamente sem relato onírico. O mito de que o cérebro se desliga de noite vem junto com a ideia de que o sono é tempo perdido. Reconhecemos os méritos da vida própria e alheia através dos sucessos que acontecem na vigília — os trabalhos e os dias, os amigos, as relações —, mas não há mérito em ser um bom sonhador. Esse apreço pela vigília é simplesmente um traço de algumas culturas, entre elas a ocidental. Em outras sociedades, o sonho tem um lugar muito mais primordial. Na versão mais exagerada, trata-se, como no personagem das ruínas circulares de Borges, de consagrar a vigília, o tempo e o corpo à única tarefa de dormir e sonhar. O sono é um estado reparador, durante o qual é executado um programa de limpeza que elimina refugos e resíduos biológicos do metabolismo cerebral. No cérebro, durante a noite, recolhe-se o lixo. Essa descoberta biológica relativamente recente corresponde a uma ideia comum e intuitiva: o sono é funcional à vigília e, sem ele, além de nos cansarmos, adoecemos. Para além desse papel reparador, durante o sono também se acionam aspectos-chave do aparelho cognitivo. Por exemplo, durante uma das primeiras fases do sono — de ondas lentas —, consolida-se a memória. 13 O SONHO E A CRIATIVIDADE Assim, depois de algumas horas de sono, recordamos melhor o que aprendemos durante o dia. E isso não se deve somente ao repouso. Pelo contrário: deve-se em grande medida a um processo ativo que sucede durante o sono. De fato, por meio da lupa mais apurada de experimentos na escala celular e molecular, sabemos que durante essa fase do sono se reforçam conexões específicas entre neurônios no hipocampo e no córtex cerebral que configuram e estabilizam a memória. Essas mudanças se originam durantea experiência diurna e se consolidam durante o sono. Tão preciso é esse mecanismo que pode recapitular de maneira exata, durante o sono, alguns dos padrões neuronais que se ativaram durante o dia. Trata-se de uma versão fisiológica contemporânea de uma das principais ideias de Freud sobre o sonho, o resíduo do dia. Durante o sono de ondas lentas, a atividade cerebral aumenta e diminui, formando ciclos que se repetem com um período de pouco mais de um segundo. Ou seja, os pulsos de atividade cerebral oscilam em um ritmo claro, lento e definido. Quanto mais pronunciada é essa onda oscilatória de atividade, mais efetiva se torna a consolidação da memória. Pode-se induzir essa oscilação partindo de fora do cérebro daquele que dorme, e assim melhorar sua memória? O ritmo de atividade cerebral no sono de uma pessoa pode ser medido por um eletroencefalograma. Depois se pode potencializar a atividade neuronal daquele que dorme fazendo-o escutar sons sincronizados com o ritmo de seu cérebro. Esse experimento, implementado pelo neurocientista alemão Jan Born, 14 começava durante o dia com uma lista de palavras novas que deviam ser recordadas. Born descobriu que as pessoas que mais tarde, durante a noite, escutavam tons sincronizados com o ritmo de sua própria atividade cerebral recordavam no dia seguinte muito mais palavras do que aquelas que não eram estimuladas ou que haviam sido estimuladas de maneira assincrônica. Ou seja, manipulando de maneira relativamente simples um mecanismo cerebral que consolida a aprendizagem durante o sono, podemos aperfeiçoar a memória daquilo que se começou a aprender durante a vigília. Contudo, a fantasia de usar fones de ouvido à noite e amanhecer falando um novo idioma, que nunca havíamos praticado durante a vigília, continua sendo isto: uma fantasia. O primeiro papel cognitivo do sono é, então, a consolidação da memória durante uma fase conhecida como ondas lentas, na qual a atividade cerebral é monótona e repetitiva. Mas esse registro não caracteriza a atividade cerebral durante todo o sono. Na fase REM, a atividade cerebral é muito mais complexa e se assemelha à do estado de vigília. De fato, durante o período REM, a atividade da pessoa adormecida se torna consciente sob a forma de sonho. Quem acorda no meio do ciclo REM tem quase sempre uma vívida lembrança do conteúdo do sonho. Isso, em contraposição, não acontece quando despertamos em outras fases do sono. Do ponto de vista de nossa experiência subjetiva, a consciência durante o sonho se assemelha à da vigília. O relato é mais desordenado, porém não mais inverossímil: podemos voar, falar com pessoas que já não estão vivas, atravessar paredes e até respeitar as regras de trânsito. As imagens do sonho são vívidas e intensas. Mas há algo estranho: perdemos a noção de que somos autores do relato de nosso sonho. 15 De fato, esse talvez seja seu aspecto mais confuso. Vivemos o que sonhamos como se fosse uma descrição genuína da realidade, e não um invento da imaginação. A principal diferença entre a consciência do sonho e a da vigília é o controle. Durante o sonho, como na esquizofrenia, não detectamos que somos os autores daquele mundo virtual. A natureza bizarra do sonho não é suficiente para que o cérebro o reconheça como o que ele é: uma alucinação. Assim como o sono de ondas lentas é um estado no qual se repete a atividade neuronal da vigília, durante o sono REM, em contraposição, geram-se padrões neuronais mais variáveis e com capacidade de recombinar circuitos neuronais preexistentes. Será isso uma metáfora do que acontece no plano cognitivo? O sono REM será o estado propício para criar ideias e conectar elementos do pensamento que durante a vigília estavam desconectados? O sonho é a usina do pensamento criativo? A história da cultura humana está cheia de fábulas e relatos de ideias revolucionárias gestadas em sonhos. Uma das mais famosas é a de August Kekulé, o descobridor da estrutura do benzeno, um anel de seis átomos de carbono. Durante uma comemoração desse grande marco da história da química, Kekulé revelou a trama secreta da descoberta. Depois de fracassar miseravelmente durante anos, ele encontrou a solução definitiva ao sonhar com um uróboro, uma serpente que morde a própria cauda, formando um anel. Algo semelhante aconteceu a Paul McCartney, que despertou em seu quarto da Wimpole Street com a melodia de “Yesterday” na cabeça. Durante dias, McCartney procurou entre amigos e lojas de discos uma pista sobre a origem da melodia, porque supunha que seu devaneio provinha de algo que ele já tinha escutado. Já antecipamos o problema dessas historietas: 16 o relato consciente está impregnado de fábulas. O mesmo vale para a memória e a lembrança, pois uma pessoa pode recordar, com plena convicção, um episódio que nunca ocorreu. Mais extraordinário ainda é que seja factível implantar uma lembrança e que o implantado a tome como autêntica. Além disso, apelar para a criatividade durante o sono pode ser um truque e uma armadilha. Talvez com essa intuição em mente, o químico John Wotiz reconstituiu meticulosamente a história da descoberta da estrutura do benzeno. Assim, descobriu que o químico francês Auguste Laurent, dez anos antes do sonho de Kekulé, já havia explicado que o benzeno era um anel de átomos de carbono. A tese de Wotiz é que a invocação do sonho foi parte da estratégia de Kekulé para ocultar um furto. O que Paul McCartney temia honestamente — que seu sonho tivesse sido a expressão de informações coletadas durante a vigília — foi o que Kekulé manipulou de maneira deliberada. Para além da artimanha policial, interessa-nos saber se o pensamento criativo provém do sono de uma maneira que não esteja contaminada pelos artefatos inevitáveis das fábulas e historietas. E nosso herói do sono, Jan Born, saiu à procura disso. A chave foi encontrar uma maneira objetiva e precisa de medir a criatividade. Para obtê-la, Born propôs a um grupo de participantes um problema que podia ser resolvido de uma maneira lenta, mas eficaz, ou de uma maneira original e simples, mudando a perspectiva da proposição. Os participantes lidaram com esse problema durante um longo tempo. Depois, alguns dormiram e outros descansaram. Mais tarde, todos voltaram a resolver o problema. 17 E o resultado simples, mas contundente, foi que, depois do sono, a solução criativa aparecia com probabilidade muitíssimo maior. Ou seja, há uma parte do processo criativo que se expressa durante o sono. Ele é robusto, acontece na maioria de nós e nos permite resolver problemas sofisticados de forma muito mais efetiva. O experimento de Jan Born nos ensina que o sono é um elemento do processo criativo, mas não o único. Apesar de certo desprestígio atual do conhecimento factual e do ofício, o lado ordenado da criatividade também é importante. O sonho — tal como outras formas de pensamento desordenado — pode ajudar no processo de indução de uma ideia original, mas somente sobre a base firme de um grande conhecimento daquilo em que se pretende ser criativo. Aí está o caso de McCartney, que havia consolidado o material sobre o qual pôde depois improvisar em sonhos. O mesmo vale para o experimento de Born. A noite é o espaço de um processo criativo somente depois de uma vigília de trabalho árduo e metódico em que se cimentam as bases para a criatividade durante o sono. Assim é que, em resumo, a usina do pensamento trabalha a pleno vapor no turno da noite. O sono é um estado muito rico e heterogêneo de atividade mental que nos permite entender como funciona a consciência. Há uma primeira fase em que a consciênciase desvanece, mas não de nenhum modo, e sim dirigindo-se a um lugar de grande sincronização que ativa um processo de consolidação da memória. Durante esse processo se expressa um ingrediente do pensamento criativo para poder gestar novas combinações e possibilidades. 18 SONHOS DIURNOS Já aconteceu de alguma vez despertamos acreditando termos dormido apenas poucos segundos, quando na realidade passaram-se horas. E, ao contrário, poucos segundos de sono às vezes nos parecem uma eternidade. Durante o sono, o tempo flui de maneira estranha. Talvez essa distorção não aconteça somente com o tempo. De fato, é possível que o próprio sonho seja somente a ilusão de um relato construído ao despertar. Hoje podemos resolver esse mistério, observando vestígios do pensamento no cérebro e em tempo real. Assim como é possível pesquisar os pacientes vegetativos, os bebês ou o processamento subliminar a partir da atividade cerebral, podemos utilizar ferramentas semelhantes para decifrar nosso pensamento durante o sono. Uma maneira de decodificar o pensamento a partir da atividade cerebral é dividir o córtex visual em uma grade, como se cada célula fosse um pixel no sensor de uma câmera digital. A partir disso, pode-se reconstituir o que está na mente sob a forma de imagens ou vídeos. Utilizando essa técnica, Jack Gallant pôde reconstituir um filme com uma nitidez interessante, observando somente a atividade cerebral daquele que assiste ao filme. Isso permitiu ao cientista japonês Yukiyasu Kamitani criar uma espécie de planetário onírico. Sua equipe reconstituiu a trama dos sonhos a partir da atividade cerebral de pessoas sonhando. Os pesquisadores comprovaram que as conjecturas que haviam feito a partir desses padrões de atividade cerebral coincidiam com o que os participantes, agora despertos, diziam ter sonhado. Eram relatos do tipo: “Sonhei que estava em uma padaria. Peguei um pão e fui para a rua, onde havia uma pessoa tirando uma foto”; “Vi uma grande estátua de bronze em uma pequena colina. 19 Mais abaixo havia casas, ruas e árvores”. Cada um desses fragmentos do sonho pôde ser decodificado a partir da atividade cerebral. Nessa demonstração decodificou-se o esqueleto conceitual do sonho, mas não suas qualidades plásticas, seus contrastes e seus brilhos. Esses elementos visuais do sonho, por enquanto, estão na cozinha experimental. Durante o sono, o cérebro não se desliga. Na verdade, encontra-se em um estado de grande atividade, cumprindo funções vitais para o bom funcionamento do aparelho cognitivo. Mas também enquanto trabalhamos, dirigimos um carro, falamos com alguém ou lemos, o cérebro costuma desprender-se da realidade e criar seus próprios pensamentos. É o sonho diurno, a expressão de um estado semelhante ao sonho em forma e conteúdo, mas em plena vigília. O sonho diurno tem um correlato neuronal muito claro. Quando estamos despertos, o cérebro se organiza em duas redes funcionais que em certa medida se alternam. A primeira, que já conhecemos, inclui o córtex frontal — que funciona como a torre de controle —, o córtex parietal — que estabelece e concatena rotinas, controla o espaço, o corpo e a atenção — e o tálamo — que funciona como um centro de distribuição do trânsito. Esses nodos são o núcleo de um modo de funcionamento cerebral ativo, concentrado, focado em uma tarefa particular. Quando o sonho invade a vigília, essa rede frontoparietal se desativa e outro grupo de estruturas cerebrais, perto do plano que separa os dois hemisférios, assume o comando. Essa rede inclui o lobo temporal medial, uma estrutura vinculada à memória, que pode ser o combustível para os sonhos diurnos. 20 E também o cingulado posterior, que tem grande conectividade com outras regiões do cérebro e coordena o sonho diurno, tal como o faz o córtex pré-frontal quando o foco está no mundo exterior. Esse conjunto se chama rede cerebral default, um nome que reflete o modo pelo qual ela foi descoberta. Quando se tornou possível explorar diretamente o funcionamento do cérebro humano com um aparelho de ressonância, os primeiros estudos compararam a atividade cerebral enquanto alguém fazia algo — um cálculo mental, jogar xadrez, recordar palavras, falar, emocionar-se — com a de outro estado no qual não se fazia nada. 21 Em meados dos anos 1990, Marcus Raichle descobriu que, quando uma pessoa realiza qualquer uma dessas tarefas, certas regiões são ativadas, mas também desativam outras. Com uma ressalva importante: enquanto as regiões cerebrais que são ativadas mudam segundo o que a pessoa faz, as que se desativam são sempre as mesmas. Raichle entendeu que isso refletia dois princípios importantes: 1) não existe um estado em que nosso cérebro não faz nada, e 2) o estado em que o pensamento vagueia à sua própria vontade é coordenado por uma rede precisa, que ele denominou “rede default”. A estrutura da rede default do cérebro é quase diametralmente oposta à de controle executivo, refletindo uma certa antinomia entre esses dois sistemas. O cérebro desperto permanentemente se alterna entre um estado com o foco situado no mundo exterior e outro no qual os sonhos diurnos governam. Talvez os sonhos diurnos sejam apenas tempo perdido, uma espécie de distração cerebral. Ou, quem sabe, como os sonhos noturnos, tenham uma boa razão de ser na estrutura de nossa forma de pensar, descobrir ou recordar. Um território fértil para estudar os sonhos diurnos é a leitura. A todos nós já aconteceu descobrir — como uma revelação, como um amanhecer — que não temos a mais vaga ideia do que lemos nas três últimas páginas. Estivemos divagando em uma história paralela que deixou de lado o conteúdo da leitura. Um registro cuidadoso dos movimentos oculares mostra que, durante o sonho diurno, continuamos varrendo palavra por palavra, detendo-nos mais tempo nas palavras mais longas, gestos típicos da leitura atenta e concentrada. 22 Ao mesmo tempo, contudo, durante o sonho diurno a atividade do córtex pré-frontal diminui e o sistema default é ativado, e isso faz com que a informação do texto que lemos não acesse a consciência. Por essa razão voltamos atrás, com a sensação de que precisaremos ler integralmente o trecho perdido, outra vez, como se fosse a primeira leitura. Mas não é assim. Essa nova leitura se nutre da anterior entre sonhos. Focalizamos a floresta, e não a árvore. Por isso, quem sonha durante a leitura e depois volta ao texto o compreende de maneira muito mais profunda do que quem apenas varre o texto de maneira concentrada. Ou seja, o sonho diurno não é tempo perdido. Contudo, há razões para acreditar que o sonho diurno tem um custo (que nada tem a ver com o tempo que levamos nele). Os sonhos facilmente resultam em pesadelos, as alucinações se transformam em viagens ruins e os amigos imaginários em monstros, duendes, bruxas e fantasmas. Quase todas as situações em que a mente divaga e se desprende da realidade degenera facilmente em estados de sofrimento. Esta é uma observação para qual não tenho, e não creio que já exista, uma boa explicação. 23 SONHOS LÚCIDOS O sonho da noite também costuma percorrer espaços dolorosos e incômodos. À diferença da imaginação, o sonho vai aonde ele quer, sem um governo. A outra grande diferença entre o sonho e a imaginação é sua intensidade pictórica. De um sonho vívido, intenso e colorido, mal podemos reconstruir suas ruínas. O sonho e a imaginação se distinguem então pelo grau de vividez e controle. O sonho não tem controle, mas é vívido. A imaginação, aocontrário, é controlável, mas muito menos nítida. O sonho lúcido é uma combinação de ambos: tem a vividez e o realismo do sonho e, além disso, o controle da imaginação; ou seja, é um estado no qual somos o diretor e o roteirista de nosso próprio sonho. Levados a escolher entre todas as opções, os sonhadores lúcidos, em sua maioria, escolhem voar, talvez expressando uma frustração ancestral de nossa espécie. Há três qualidades que permitem reconhecer o sonho lúcido: o sonhador entende que está sonhando, controla aquilo que sonha e pode dissociar o objeto e o sujeito do sonho, como se observasse a si mesmo em terceira pessoa. E mais, o sonho lúcido também tem uma assinatura cerebral própria. O eletroencefalograma durante o sono REM é semelhante ao da vigília, mas com uma diferença importante: a atividade de alta frequência no córtex frontal diminui. Justamente essa atividade de alta frequência é imperativa para o controle do sonho lúcido. De fato, quanto mais lúcido é o sonho, maior é a atividade de alta frequência no córtex pré-frontal. Podemos até inverter o argumento. Se for estimulado o cérebro de um sonhador normal em alta frequência, seu sonho se tornará lúcido. 24 O sonhador se dissociar de seu sonho, começará a controlá-lo à vontade e entenderá que aquilo é apenas um sonho. O futuro no qual governaremos nossos sonhos não está muito distante. Nem mesmo é necessária tanta parafernália tecnológica. Há tempos se sabe que é possível treinar a capacidade de ter sonhos lúcidos e que, com esforço, qualquer pessoa pode construí-los. Um modo de aproximar-se deles é através dos pesadelos, durante os quais sentimos uma necessidade natural de controlá-los ou acordar. A capacidade que muitas pessoas têm de manejar o curso de seus pesadelos — incluindo o controle executivo para despertar — é um prelúdio do sonho lúcido. E, em contraposição, treinar o sonho lúcido é uma maneira de melhorar a qualidade do sono. Por isso, outro de seus traços distintivos é uma densidade mais alta de emoções positivas. Como parte do processo de treinamento, os sonhadores lúcidos utilizam um mundo da vigília que funciona como âncora e lhes permite saber que estão no sonho, e que do outro lado está a realidade da vigília. É uma espécie de referência de orientação para entenderem onde estão. Como Teseu, Hansel ou o Pequeno Polegar, ou como Leonardo di Caprio em A origem, o sonhador lúcido deixa na vigília algum rastro que lhe servirá como farol quando o caminho do sonho se tornar sinuoso demais. O sonho lúcido é um estado mental apaixonante porque combina o melhor dos dois mundos, a intensidade pictórica e criativa do sonho com o controle da vigília. E também é uma mina de ouro para a ciência. 25 O prêmio Nobel Gerald Edelman, um dos grandes pensadores do cérebro, divide a consciência em dois estados. Um, primário, constituído por um relato vívido do presente, com acesso muito restrito ao passado e ao futuro. É a consciência. O show de Truman do espectador passivo, que vê ao vivo a trama de sua realidade. Esta, segundo Edelman, é a consciência de muitos animais e também a do sono REM. Uma consciência sem um piloto. Uma segunda forma de consciência, mais rica e talvez mais própria do ser humano, introduz os ingredientes necessários para que o piloto aja como tal, é abstrata e cria uma representação do próprio indivíduo, de seu ser. Talvez o sonho lúcido seja um modelo idôneo para estudar a transição entre a consciência primária e a secundária. Estamos agora nos primeiros esboços deste fascinante mundo recém-surgido na história da ciência. Doze de abril de 1975. Departamento de Psicologia da Universidade de Hull, na Inglaterra. O pesquisador Keith Hearne tenta desesperadamente se manter acordado. Ele está sentado, sozinho, monitorando um homem chamado Alan Worsley, que dorme profundamente. Hearne observa o monótono vaivém da linha no papel da máquina de polissonografia. Worsley está dormindo como qualquer outra pessoa: olhos fechados, o peito subindo e descendo com a respiração. São quase oito horas. Até o momento, a calma manhã de domingo não tem nada de extraordinário, mas algo incrível está prestes a acontecer. Neste exato momento, os dois cientistas tentam descobrir algo que vai mudar a história. Querem provar cientificamente uma habilidade esotérica que os humanos conhecem há séculos: a capacidade de ter consciência dentro dos sonhos. 26 Entretanto, no caminho dessa suposta descoberta revolucionária, há um obstáculo: como uma afirmação tão estranha e ridícula pode ser provada? Worsley já havia experimentado vários sonhos lúcidos antes e não terá dificuldade em ficar consciente dentro de seu próprio sonho. Mas como ele pode provar que está lúcido? Não há como levar uma câmera fotográfica para o mundo dos sonhos... Para provar essa habilidade, os pesquisadores precisam encontrar um modo de se comunicar, enquanto sonham, com aqueles que estão acordados – uma espécie de linha telefônica pela qual Worsley pode “ligar” para Hearne e lhe contar que está sonhando. Como esse feito nunca foi realizado pela ciência moderna, nenhum dos dois tem embasamento histórico para descobrir o que devem fazer. Estão por conta própria, navegando pelos limites não mapeadas da ciência. Felizmente, Hearne e Worsley têm uma ideia. Uns poucos fatos científicos básicos os ajudaram a desenvolver uma teoria Inteligente. Como se sabe, enquanto nossa mente permanece ativa durante os sonhos, nosso corpo físico fica desligado, paralisado enquanto nos aventuramos pela Terra de Morfeu: os neurônios motores param de receber estímulo e os músculos ficam dormentes. Este é um estado normal, conhecido como atonia do sono. Felizmente, há duas partes do corpo que não são afetadas: o diafragma, que possibilita a respiração, e os olhos. Naquele dia, nossos ambiciosos cientistas chegaram ao laboratório com uma hipótese: se Worsley movimentar os olhos no mundo dos sonhos, os olhos físicos de seu corpo dormente repetiria o mesmo movimento. Os olhos seriam a tal “linha telefônica”, um modo de comunicação entre esses dois mundos. 27 Às 8h07, Worsley se encontra em um sonho – consciente de que está sonhando e de que seu corpo físico adormeceu no mundo desperto. Ele então executa os movimentos com os olhos que havia combinado antes – da esquerda para a direita, oito vezes – para sinalizar ao laboratório que tem consciência de que está sonhando. “Os sinais vinham de outro mundo – do mundo dos sonhos”, escreveu Hearne, “e ficamos tão entusiasmados que parecia que vinham de outro sistema solar”. A leitura do eletroencefalograma que mapeava a atividade cerebral de Worsley confirmou: ele estava dormindo, mas, ainda assim, permanecia consciente o bastante para enviar sinais ao laboratório. Ele estava tendo um sonho lúcido. Três anos depois, um homem chamado Stephen LaBerge conduziria um experimento semelhante na Universidade Stanford. Sem qualquer conhecimento das descobertas de Hearne, LaBerge concluiria sua dissertação de doutorado tentando provar a mesma coisa: ter sonhos conscientes não era uma bobagem, mas uma experiência real e comprovável. Usando a mesma técnica de sinalização com os olhos, o experimento de LaBerge também foi bem-sucedido. Para confirmar sua descoberta, outros testes foram conduzidos e a notícia se espalhou. Agora existia evidência científica daquilo que os antigos nos diziam há séculos: podemos, sim, estar conscientes nos nossos sonhos. 28 CONSCIÊNCIA NO SONHO Antes de falar das sutilezas das aventurasnos sonhos, vamos voltar um pouco e responder à pergunta óbvia: o que exatamente é um sonho lúcido? Um sonho lúcido é aquele no qual você tem consciência dentro do sonho – o que não deve ser confundido com um sonho muito vívido. Trata-se de perceber, no momento presente, que você está sonhando, uma súbita epifania interior: “Ei, espere um momento... Estou sonhando!” Você pode estar em um local normalmente impossível (“Puxa, como eu vim parar no Havaí?”) ou talvez depare com algo absurdo (“O quê? Uma avestruz dirigindo um carro?”). Talvez seu gatilho tenha relação com seu passado (“Epa! Não estou mais na faculdade! Isto só pode ser um sonho!”). Os sonhos lúcidos costumam ser desencadeados por alguma espécie de inconsistência, algo que de repente faz com que o sonhador pare e questione sua realidade. A partir do momento em que alcançar a lucidez no sonho, você vai se lembrar de toda sua vida e poderá pensar logicamente, tomar decisões e explorar a paisagem onírica da mesma forma que faria com o mundo físico. Também terá influência direta sobre o mundo dos sonhos e seu conteúdo. Enquanto em um sonho comum você reagiria às cegas, incapaz de refletir sobre a situação em que se encontra, com a lucidez você tem as rédeas nas mãos – sua mente está “desperta” o bastante para dar as cartas. Converse com algum personagem, voe sobre uma cadeia de montanhas, respire embaixo d’água, atravesse paredes – esses são apenas alguns exemplos do que pode fazer. Ao deixar o confinamento do corpo físico, você será livre para viajar grandes distâncias, mover-se numa velocidade incrível ou mesmo transcender o tempo como o conhecemos. 29 Ao perceber que não está separado do mundo interior de seus sonhos, você pode mover, dar forma e mesmo criar objetos do nada. Tudo ao seu redor assume uma relação íntima com você: o mundo em torno é você! Pode parecer exagero, mas não é: as sensações de tato, olfato, visão, paladar e audição parecerão tão vivas no sonho quanto na vida desperta. Se você viu o filme Matrix, tem uma boa ideia de como é esse mundo: um lugar que parece real, mas é apenas uma projeção da mente. No filme, o personagem Morpheus define a realidade: “Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que você pode cheirar, o que você pode saborear e ver, o ‘real’ são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro.” Só que, ao contrário de Matrix, os sonhos lúcidos não são ficção científica. Imagine ficar livre de seu corpo físico, deixando para trás coisas bobas como a gravidade. Imagine-se voando, sentindo o ar tocando seu rosto, a falta de gravidade, a quebra de todas as leis newtonianas. Imagine-se vendo e conversando com os habitantes do seu sonho, que lhe dão insights e lhe trazem conhecimentos valiosos sobre a sua vida. Você tem a chance de encontrar, escondida nesse lugar, a sabedoria que pode mudar a sua realidade. Quando pequenos aprendemos que podemos fazer qualquer coisa. Depois, ao crescer, essas palavras começam a perder credibilidade. Nem todo mundo consegue manter o ritmo. Felizmente, qualquer um pode ter um sonho lúcido. Não se trata de uma capacidade a ser adquirida – é algo inato. 30 Na verdade, estudos mostram que a maioria das pessoas pode se orgulhar de já ter tido ao menos um sonho lúcido na vida. Um estudo feito em 1998 com mil cidadãos austríacos médios relatou que 26% dos participantes tiveram pelo menos um sonho desse tipo. Quando a mesma pergunta foi feita a 439 estudantes alemães, 82% responderam que já haviam vivenciado um sonho lúcido, enquanto impressionantes 10% relataram que passam por isso de duas a três vezes por mês! Sem qualquer treinamento, esses cidadãos médios testemunharam o estado natural de um sonho consciente. O mesmo estudo alemão concluiu que a personalidade não é um fator determinante. Você pode alcançar a lucidez sendo de direita ou de esquerda, extrovertido ou introvertido. Tudo de que você precisa para dar o salto do sonho comum para o lúcido é reconhecer o estado onírico. Essa percepção pode surgir de muitas maneiras, mas também ser induzida com o auxílio de algumas técnicas simples. Você não precisa de drogas nem de equipamentos especiais para iniciar sua jornada pioneira – você já tem tudo de que necessita: um cérebro, um tanto de paciência e algum tempo livre. Vamos lhe ensiná-lo a liberar esse potencial latente. 31 A PRÁTICA Já que você entendeu que a ciência já estudou diferentes formas e comprovou que é possível e o sonho lúcido vamos direto a prática, é importante frisar que existem pessoas que tem a capacidade natural de ter sonhos lúcidos, o intuito deste livro digital é treinar quem não tem esta capacidade natural e aperfeiçoar quem já tem, aliás esta técnica vai aumentar a capacidade de aprendizagem e memória do praticante. Antes de conseguir tornar-se consciente em seus sonhos, você terá que dominar alguns princípios básicos para controlá-los. Uma exigência fundamental para o controle onírico bem-sucedido é a capacidade de lembrar, valorizar e registrar os sonhos. Portanto, nos primeiros dias da prática, você aprenderá exercícios de concentração específicos para ajudá-lo a recordar seus sonhos, pois o que adianta controlar os sonhos se não pode lembrar deles. Atenção e perseverança a partir daqui pois seguir todos os passos de forma paciente fará você ter o sucesso, tem algumas pessoas que terão os primeiros sonhos lúcidos nos primeiros dias e outros demoram mais, mas não desanime cada pessoa tem o seu próprio tempo, é importante frisar que se entenda que as fases são importantes como descer uma escada a cada degrau você aprofundará ainda mais no controle e lembrança dos sonhos e não só será capaz de lembrar dos sonhos mais a memória de longo prazo será muito mais ativada e criará novas conexões neuronais. 32 Passo 1: montando seu diário de sonhos. A primeira tarefa, a ser executada no 1º Dia, é a preparação do diário onírico que você usará ao longo do tempo. Seu diário de sonhos pessoal deve ser uma agenda que possa guardar sob o travesseiro ou ter consigo durante o dia. A caneta destinada a escrever seu diário de sonhos não deve ser usada para nada além dele. Você também poderá achar proveitoso prender uma mini-lanterna em seu diário de sonhos, para o caso de se lembrar de um sonho no meio da noite, pois com a prática e dedicação você acordará algumas vezes logo após um sonho para anotar, já que se sabe que se sonha várias vezes por noite. Passo 2: recordando seus sonhos. A segunda parte do exercício de recordação dos sonhos poderá começar a qualquer momento, logo após você ter disponível o seu diário de sonhos. Ela terá início no 1º dia e continuará através da manha do 2º dia isso é importante e será feito todos os dias. 1ª coisa antes de dormir deitado na sua cama é fazer uma retrospectiva breve de todos os momentos do seu dia desde a hora que acordou até este momento que está deitado, faça uma linha mental de tudo que fez e todos os caminhos que fez com detalhes se possível, apenas ligando os pontos, exemplo: deitado comece a recordar mentalmente e trazendo as cenas, sai da cama fui ao banheiro escovei os dentes tomei banho fui tomei café vesti a roupa e sai peguei o carro ou metrô passei por um ponto importante vi uma pessoa vestida estranha e cheguei ao trabalho ou faculdade e lá foi falado algo importante descreva mais coisas do dia, e voltei para casa comi e fui dormir. 33 Se você deseja Intensamente recordar seus sonhos, pode sugerir a si mesmo que acorde durante a noite, quando os sonhos terminarem (e quando isso acontecer sempre anote, mesmo durantea madrugada). Quando tiver prática, você poderá acordar depois de um certo número de sonhos sucessivos, em determinada noite, e recordar cada um deles. Mesmo que não queira praticar este exercício intenso em base regular, ele pode ocasionalmente conduzir a alguns lnsights surpreendentes e também aumentar de forma significativa a sua capacidade de recordar os sonhos e memória, eu mesmo nesta prática acordei algumas noites assim que cada sonho acabou para anotar. Passo 3: Narre os sonhos. Para manter seu diário de sonhos, dê um título a cada sonho enquanto você o narra. Certifique-se sempre de que registrou a data em que o sonho ocorreu e seu tempo aproximado de duração. Acompanhe todas as noites o desenvolvimento dos sonhos que teve mais cedo e mais tarde no ciclo do sono. Enquanto escreve, certifique-se de observar o cenário ou cenários no qual cada sonho aconteceu, os personagens que apareceram, os adereços ou símbolos que lhe chamaram a atenção e quais emoções o sonho desencadeou em você. Recomendo também, enfaticamente, que use seu diário de sonhos para investigar a relação que existe entre seus sonhos e preocupações e atividades diárias. Por favor, deixe uma ou duas páginas em branco depois de cada narrativa, de forma a acrescentar pensamentos suplementares, lembranças ou interpretações que possam lhe ocorrer com a passagem do tempo. 34 Embora não seja obrigatório, sinta-se livre para desenhar figuras que se relacionem com seus sonhos. Imagens visuais podem exprimir o significado subjacente de um sonho em forma gráfica e até desencadear a liberação de lembranças mais profundas. Desde a manhã do 2º Dia, adquira o hábito de anotar as descrições de seu sonho logo após acordar, antes mesmo de sair da cama. Quanto mais você esperar, mais provável é que as lembranças se tornem distorcidas ou simplesmente desapareçam. Considere o seu diário de sonhos como um livro secreto, no qual você narra e interpreta as criações mais profundas de sua mente inconsciente. Tente manter o diário à mão em todos os momentos, pelo menos nas próximas quatro semanas. Você poderá recordar um sonho a qualquer momento do dia; e tampouco há limites de tempo para os flashes de insight que você provavelmente terá, uma vez que iniciou o processo de recordação do sonho como primeira coisa que faz ao acordar de manhã. Atenção que até aqui os exercícios por alguns dias é exclusivamente para que você se lembre dos sonhos, pois não adianta controlar o sonho sem ter a capacidade lembrar-se pois são em média de 3 a 5 sonhos por noite seria inútil ter a capacidade de controlar e não lembrar então estes passos não lhe conferirá condições de controle ainda. Sempre quando estiver adormecendo, afirme silenciosamente para si mesmo que você pretende se lembrar dos sonhos que teve ao acordar de manhã. Em segundo lugar, arrume tempo, com a máxima frequência possível, para se lembrar de suas experiências oníricas e refletir sobre elas assim que acordar, antes mesmo de abrir os olhos, mexer-se ou se ocupar com quaisquer outros pensamentos. Em terceiro lugar, use conscientemente o diário para anotar seus sonhos. 35 Passo 4: influenciar os sonhos através de pensamentos e imagens que surgirem em sua mente antes de adormecer. Esta técnica poderosa, conhecida como incubação do sonho, tem sido praticada, de uma forma ou de outra, desde os tempos mais antigos. A incubação do sonho pode ser tão complexa quanto passar dias num ambiente especial, meditando e praticando elaboradas cerimônias, culturais, ou tão simples como dizer a si mesmo, secretamente, para sonhar com um certo assunto pouco antes de adormecer. A técnica da incubação do sonho que indico é simples e eficiente, deverá proporcionar-lhe um controle cada vez maior sobre seus sonhos. À medida que aplicar esta técnica ao longo do tempo, você deverá conscientizar-se de que ela é uma potente ferramenta para resolver problemas, mudar maus hábitos, melhorar o sistema imunológico e conhecer seu eu mais profundo. A primeira parte do nosso processo de incubação do sonho envolve tornar especial o ambiente em que você sonha, impregnando seu habitat onírico habitual com um clima conducente à indução de sonhos desejados. Portanto, comece o 3º Dia refletindo sobre a atmosfera psicológica do lugar em que você costuma dormir. Pense na possível influência que qualquer objeto ou imagem dentro desse cenário pode ter em seus sonhos. Os objetos do seu quarto de dormir são ricos em elementos estimulantes e símbolos, tais como obras de arte e fotos de pessoas amadas? Ou é seu dormitório insípido, caracterizado por imagens visuais inexpressivas e pilhas de papéis de trabalho que você traz do escritório para casa? Você geralmente dorme e sonha num lugar tranquilo, ou a atmosfera é frequentemente perturbada pelo barulho do tráfego ou o som de uma televisão em outro quarto? A temperatura usual do 36 aposento onde você dorme é adequada? E a ventilação, é perfeita? As cores das paredes de seu quarto são um calmante para a alma ou você as acha estimulantes demais, ou, ainda, apenas enjoativas? E o mais importante: que mensagens emocionais você recebe do seu quarto de dormir? O que transmite o ambiente sobre suas relações e valores pessoais, o que reflete das atitudes que você tem em relação ao sono e ao sonho? Depois de ter refletido sobre estes temas, transforme seu quarto de dormir e sonhar num lugar tão calmo e confortável quanto possível. Decore-o com seus objetos prediletos, que manifestem os aspectos mais positivos da sua personalidade. Faça o melhor que puder para tomar o quarto atraente e retire quaisquer imagens que sejam perturbadoras ou intromissões e que poderiam intervir na pesquisa do sonho. Enquanto seleciona esses objetos, concentre-se no tema do sonho que pretende ter, excluindo, aos poucos, todos os outros pensamentos da sua mente. Diga a si mesmo, tranquilo, que espera sonhar com o assunto que lhe interessa e que se lembrará do sonho quando acordar. Depois de ter selecionado os objetos apropriados para a incubação do sonho, arrume-os cuidadosamente, de forma esteticamente atrativa, dentro do quarto que você escolheu para sonhar. Se quiser, pode até colocar alguns desses objetos na cama. Você poderá também tornar o ambiente mais agradável se tocar uma música capaz de conduzir ao tema que deseja para seu sonho incubado. 37 Pouco antes de desligar a luz e dormir, tire alguns momentos para seguir a técnica da “concentração na frase”, desenvolvida pelo psicólogo especializado em sonhos Gayle Delaney, de San Francisco, Califórnia, e baseada numa sugestão feita originalmente pelo psicólogo suíço Carl Jung: enuncie o tema do sonho que deseja ter numa única frase, da seguinte forma: Devo aceitar a oferta de emprego no Circo Tihany? Ou Como realmente me sinto em relação a Melvin? Em seguida, usando sua caneta macia, escreva a frase no diário do sonho. Se lhe aprouver, poderá também desenhar uma figura para ilustrar o tema. Assim que terminar, apague a luz e vá dormir. Continue concentrando-se em sua frase e/ou figura. Na medida em que for adormecendo, imagine os objetos especiais que pôs no quarto. Lembre a si mesmo, intimamente, de sonhar com o tema desejado e obter insights, em seus sentimentos inconscientes, ligados ao assunto do sonho. Lembre-se também de que você se recordará de todos os sonhos convocados quando acordar. Passo 5: concentrar-se-á em induzir um sonho que estimule suas aptidões criativas. Comece por fazer uma reflexão sobre suas necessidades criativas em geral. Agora escolha uma necessidade criativa em particular,que diga respeito a algo urgente. Se o assunto é motivo de grande preocupação, é muito provável que você já tenha, em algum nível da consciência, pensado nele. Na verdade, dada a sua formação pessoal, você provavelmente já encontrou algumas chaves sutis, talvez inconscientes, para a resposta que procura. Nesse caso, o que tem a fazer é ir em frente, em busca do sonho, isto é, deixar que sua experiência, conhecimento e energia criativa se unam num momento de visão evidente que se expresse num sonho. 38 Pouco antes de se deitar, crie uma frase ou figura que melhor traduz seu problema, e anote-as numa página vazia de seu diário de sonhos. Continue concentrando-se nessa frase ou figura, enquanto adormece. Diga a si mesmo que você terá um sonho que vai esclarecer o problema e se lembrará dele imediatamente ao acordar. Lembre-se de praticar as técnicas de recordação do sonho quando despertar, e também de anotar todas as impressões que ficaram desses sonhos o mais rápido possível. Você poderá ficar surpreso ao sonhar com imagens, palavras, ideias ou metáforas específicas, que se relacionam de forma nítida às suas preocupações criativas. Você poderá até acordar com uma solução provável e estabelecer uma ponte entre essa inspiração e um sonho específico. Lembre-se de que as ideias ou imagens criativas que emergem de sonhos incubados devem ser avaliadas por uma perspectiva da consciência racional, em estado de vigília. Você poderá encontrar-se inicialmente inspirado por sua visão de sonho, para mais tarde perceber que ela exige aperfeiçoamento ulterior. Por outro lado – em especial se pratica a incubação do sonho criativo em base regular, você poderá ficar encantado ao se ver alcançando plena consciência em estado de vigília, com ideias, imagens ou impressões mentais completamente formadas e coerentes, diretamente aplicáveis às suas necessidades práticas imediatas. Na medida em que você progredir poderá achar que a simples incubação do sonho, feita regularmente, o ajudará a resolver problemas pessoais, melhorar a saúde ou obter sucesso na carreira. 39 O mais importante, porém, é que as técnicas de incubação do sonho o conduzam à comunicação com seu interior, que é acessível principalmente através dos sonhos. Uma vez essa comunicação estabelecida, você ficará mais apto para transpor o surrealista e irresistível terreno do sono lúcido e consciente. Passo 6: Criando um método de verificar a realidade. O sonho lúcido é aquele no qual você está conscientemente informado do fato de que está sonhando. Como já disse, ter consciência dos pensamentos enquanto se dorme e sonha pode ajudar a nos tornarmos ainda mais conscientemente informados quando estivermos plenamente acordados. Uma forma de alcançar este estado mais amplo de consciência é perguntar-se regularmente se estamos acordados ou sonhando enquanto nos ocupamos de atividades cotidianas. Esta abordagem, muitas vezes sugerida por pesquisadores do sonho, é uma extensão natural do exercício da narrativa do sonho que se praticou antes. Ao fazer “testes de realidade” todos os dias e algumas vezes durante o dia você fará a mesma coisa dentro do sonho. Comece o dia tão normalmente quanto de hábito, tomando o café da manhã e cuidando de seus afazeres em casa ou indo trabalhar. Mas a cada meia hora ou mais ou menos duas horas por dia, pare, olhe em volta e pergunte-se: Isto é um sonho? Ou como cheguei aqui? Suponhamos que você está tomando O metrô ao lado de sua casa com destino à empresa em que trabalha, no centro da cidade. Em primeiro lugar, preste atenção às pessoas que o rodeiam. Seus rostos lhe parecem normais, comuns? Ou será que aquele severo homem de negócios à sua esquerda tem um terceiro olho brilhante no 40 meio da testa? E que tal o quadro de anúncios coloridos à sua direita? Olhe para as imagens nele exibidas e depois volte a olhar. Será que as imagens se alteraram a cada observação ou permaneceram sempre as mesmas? Uma das melhores maneiras de testar se você está ou não sonhando é tentar modificar deliberadamente algum aspecto do lugar em que está usando apenas o pensamento. Por exemplo: digamos que você está sentado num restaurante e o garçom lhe traz quatro almôndegas para o almoço. Antes que você dê uma mordida numa delas, olhe para o prato e deseje, mentalmente, que as quatro almôndegas se transformem em oito. Se a transformação acontecer, certamente você está em um sonho. Continue a se perguntar, ao longo do dia: Isto é um sonho? Em seguida, faça a pergunta acompanhada de um adequado teste de realidade. Lembre-se de que você pode reconhecer um sonho através da ocorrência de qualquer coisa misteriosamente inadequada ou bizarra particularmente se você provocar tal ocorrência deliberadamente. Por exemplo: se você está voando por sua própria conta, se está respirando debaixo d'água ou no espaço sideral sem equipamento especial, se está erguendo um pesado caminhão sem ajuda de um guindaste ou fazendo amor de forma apaixonada e ardente com um gnomo de cor púrpura, o mais provável é que você esteja tendo um sonho. Se seus sentimentos e pensamentos parecem estranhamente contraditórios, ou se a estrutura da realidade apresenta mutações contínuas, provavelmente você está sonhando. 41 Se seu teste de realidade sugerir que você não está sonhando naquele momento, lembre-se de que está acordado e consciente de tudo que se passa à sua volta. A cada vez que perceber que está acordado, diga para si mesmo: Isto não é um sonho. Em seguida, concentre-se nas sensações e percepções da consciência em estado de vigília. Se, por outro lado, você sentir que está no meio de um sonho, diga para si mesmo: Eu estou sonhando. Antes de ir para a cama, diga aos seus botões: Esta noite eu saberei que estou sonhando quando estiver no meio de um sonho. Escreva esta frase em seu diário de sonhos. Em seguida, coloque o diário ao lado da cama e repita a frase novamente, enquanto se deixa levar pelo sono. Mais importante ainda. lembre-se de realizar em seus sonhos lúcidos os mesmos testes de realidade que praticou durante o dia. Se você acordar durante a noite, depois de ter tido um sonho, pare para pensar sobre o que foi o sonho. Depois, repita a frase: Esta noite eu saberei que estou sonhando quando estiver no meio do sonho e volte a dormir. Passo 7: A técnica recomendada pelo psicólogo Stephen LaBerge, do Centro de Pesquisa do Sono da Universidade de Stanford. Usando este método, você aprenderá a reconhecer o estado de semiconsciência no qual a maioria das pessoas entra depois que acorda de um sonho. Em seguida aprenderá a transformar este estado semiconsciente em sonho lúcido. Sugiro que você comece o dia a perguntar a si mesmo, ao longo do dia e de forma regular, se está ou não sonhando. 42 Antes de ir para a cama, escreva em seu diário do sonho: Esta noite eu saberei que estou sonhando quando estiver no meio de um sonho, e repita esta frase para si mesmo enquanto se deixa levar pelo sono. É provável que você acorde espontaneamente de um sonho não-lúcido durante as primeiras horas da manhã. Quando acordar, fique deitado na cama silenciosamente, sem se mexer nem abrir os olhos, e pense no sonho que acabou de ter. Reveja o sonho mentalmente em seus mínimos detalhes, absorvendo o impacto emocional do cenário, personagens, enredo e fantasia estética. Reveja o sonho várias vezes mentalmente, até que você o tenha gravado na memória consciente. Em seguida, reveja o sonho novamente, acrescentando, desta vez, um elemento que estava faltando antes: enquanto repassa o sonho emsua mente, aborde-o como se você, o sonhador, estivesse consciente do sonho na forma em que ele está acontecendo. Repita a frase: Eu reconhecerei um sonho quando estiver sonhando e deixe-se cair no sono. Se você seguir estas instruções, provavelmente se encontrará saindo de seu estado consciente para o domínio do sono e dos sonhos. Você poderá, possivelmente, encontrar-se repassando o sonho que acabou de ter ou gerando um novo sonho, capaz de incluir ou não elementos do sonho anterior. Em qualquer um dos casos, logo você poderá se encontrar no meio de um sonho lúcido desenvolvido. 43 Uma coisa muito importante ter antes de dormir é a Intenção, assegure-se de que o aposento onde vai dormir e sonhar reflete sua intenção primordial: a de se tomar consciente em seus sonhos. A fim de sinalizar esta intenção para sua mente inconsciente, sugiro que você escolha o que chamamos de um símbolo de lucidez e o coloque no quarto onde dorme. Este símbolo pode ser uma imagem do universo, uma elegante e bela luminária, um brinquedo de borracha constante de um catálogo de novidades ou qualquer outro objeto que sirva como lembrança simbólica pessoal de seu propósito de ter um sonho lúcido. Lembre-se de que o símbolo não é obrigado a induzir um sonho específico, mas usado para servir como lembrança de seu objetivo. Passo 8: Quem Está Voando Agora? Voar sonhando pode ser uma das experiências de sonho lúcido mais agradáveis e arrebatadoras. Esta sensação pode ser tão estimulante quanto um passeio de montanha-russa ou tão calmante quanto uma semana de repouso na praia, descansando e assistindo ao pôr do sol. Voar no sonho pode até salvar sua “vida” durante o mais apavorante sonho de terror que existe: o da queda sem fim. E mais: quando aprender a voar em sonhos lúcidos, você terá adquirido um meio de transporte capaz de levá-lo virtualmente a qualquer ponto do reino mágico da realidade onírica, inclusive deslocar-se para trás e para diante no tempo. 44 Para começar, observe o seu símbolo de lucidez. Retire todas as outras imagens e objetos que estiverem próximos e substitua-os por figuras de pássaros, aviões ou mesmo o Super-Homem voando. Em seguida, saia de casa e ocupe-se de suas tarefas diárias. Como no dia anterior, continue a fazer testes de realidade e reafirme seu desejo de ter um sonho lúcido. Passe também uma boa parte do dia pensando em como gostaria de voar em sonhos. Sugiro ainda que, enquanto passeia por seu mundo em estado de vigília, olhe para cima, para o céu, e observe o vôo dos pássaros e aviões. Se tiver tempo, você poderá até visitar um aeroporto, ou assistir a alguns episódios da velha série do Super- Homem na televisão, estrelada por George Reeves. (Recomendamos esta série e não a mais recente, simplesmente porque a versão original incluía mais vôos.) ou se você tem menos idade e conhece a serie de desenhos dragon ball z, recomendo procurr no youtube goten e videl aprendem a voar Quanto mais você pensar sobre o processo de voo, mais provável é que voe nos sonhos e fique lúcido naquele momento, certo dia eu me tonei lucido no sonho e a primera coisa que fiz após verificar que era um sonho foi agora eu vou voar e sai voando e aproveitando a vista é muito legal. Depois que chegar em casa, vindo de suas atividades diárias, recorde sonhos de voo que teve no passado e escolha um lugar onde o sonho se passará. Crie uma frase chave para o voo do sonho e repita-a várias vezes. Por exemplo: você poderá dizer Quero voar ou Esta noite voarei para Paris ou Rio de Janeiro. 45 Antes de ir para a cama, passe algum tempo relaxando em seu quarto de dormir e observando, tranquilo, seu símbolo de lucidez e as imagens de voo de incubação que você escolheu para seu altar de sonho. Em seguida, usando a caneta especial, escreva sua frase de incubação do sonho, descrevendo seu desejo de voar em sonhos no diário. Se tem em mente um lugar determinado onde seu sonho deverá acontecer, especifique-o também. Uma única frase, tendo como modelo uma das citadas acima, deverá produzir os melhores resultados. Agora, ponha o diário de sonhos de lado e apague a luz. Enquanto for mergulhado no sono, repita suavemente a frase que acabou de escrever. Continue concentrando-se em seu desejo de voar e de estar lúcido nos sonhos. Concentre-se também no local do sonho que pretende ter. Agora, imagine as imagens de voo que lhe parecerem ser as mais adequadas. Conceda-se a permissão de sonhar com o tema desejado e também de ficar conscientemente informado a respeito do sonho. Lembre-se de que você se recordará de todos os sonhos afins quando acordar. Alerta. Se você acordar durante a noite, enquanto estiver sonhando, use a abordagem de voltar ao sonho para ajudar a estimular o voo do sonho lúcido, Depois que acordar espontaneamente de um sonho, deite-se tranquilamente na cama, não se mexendo nem abrindo os olhos e pense no sonho que acabou de ter. Mantendo um estado de semiconsciência, narre os detalhes do sonho de voo que gostaria de vivenciar e, enquanto volta ao sono, digo mentalmente: Esta noite eu voarei. Imagine-se voando no sonho para o local escolhido. 46 Alerta. Como sempre, você deverá fazer os testes de realidade quando achar que pode estar tendo um sonho lúcido. Se você estiver voando sem ajuda mecânica, terá uma prova muito convincente de que está sonhando. Se perceber que está sonhando, mas ainda não vivenciou o voo onírico, use esta oportunidade para se lembrar de voar. Jogue os braços acima da cabeça e dê um salto para o ar, como faz o Super-Homem, batendo os braços como asas gigantes ou apenas concentrando os pensamentos de forma tão intensa na ideia de voar que você não poderá deixar de criar a experiência de voo no sonho. Usando estes métodos, você muito provavelmente alcançará sua meta. Desta vez, não escolha apenas um lugar indefinido, como a cidade de Nova Iorque ou o Texas. Selecione um lugar altamente específico, como uma cadeira na primeira fila do Teatro Municipal do Rio de Janeiro para assistir a uma apresentação da ópera La Traviata ou o campus de uma universidade como a PUC. Embora possa ser mais difícil de conseguir, você poderá até escolher um lugar no passado distante ou no futuro. Para bater papo com Platão ou visitar uma colônia espacial, perto do planeta Marte, no ano 3000 D.C. Uma vez que já escolheu para onde deseja ir, junte alguns objetos ou imagens que recordam o local e coloque-os perto do símbolo de lucidez que você mantém em seu quarto. (Retire os objetos que usou para incubar outros sonhos em noites anteriores.) Anote o lugar para onde pretende ir, de forma tão clara e precisa quanto possível em seu diário de sonhos, junto com uma frase que indique seu objetivo de ter um sonho lúcido. Imagine primeiro o lugar específico para onde deseja ir e reafirme seu desejo de ter um sonho lúcido quando adormecer. Deixe que os objetos que simbolizam seu objetivo atravessem sua mente. 47 Passo 9: A Criação do Sonho. Começarei a lhe ensinar um outro nível de controle consciente do sonho: a capacidade de desejar deliberadamente a modificação dos personagens, cenários, acessórios e enredo do sonho, você deverá aprender a dirigir suas experiências oníricas tão habilidosamente quanto Spielberg dirigiu o ET. No entanto, enquanto se ocupa com suas tarefas diárias, mantenha também uma outra coisa em mente: que, como Merlin, o mágico, ou Glinda, a boa bruxa do Norte, você reivindicar o poder de criar, destruir ou modificar objetos e pessoas em seus sonhos. Na verdade, sugiro que você se imagine na pessoa de um diretor de cinema com acessoa cenários, acessórios, um elenco de milhares de figurantes e os melhores efeitos especiais, enquanto se ocupa de suas tarefas diárias. No início do dia, pense num filme recente que tenha visto e que o decepcionou, e dirija a ação mentalmente. Como o filme teria ficado se as mudanças que você imagina realmente pudessem ser feitas? Agora, pense na sequência de um filme que você, como diretor, poderia criar a partir de um esboço. Sobre o que seria o filme? Quem o estrelaria? Onde ele se passaria? Depois que tiver terminado de praticar o exercício descrito acima, escolha um momento tranquilo de seu dia, talvez sua hora de almoço para visitar uma área povoada, onde você possa simplesmente sentar-se e olhar em torno, sem ser perturbado. Um bar ao ar livre, um shopping ou mesmo uma cancha de boliche funcionam bem para esta parte do exercício. 48 Sente-se e concentre sua atenção no que acontece à sua volta. Observe os arredores, as plantas decorativas, as fachadas das lojas e os letreiros. Observe as pessoas que passam pelo lugar e preste atenção a qualquer cheiro ou som que chegue até você. Por exemplo: aquele casal de aparência exótica na mesa ao lado está no meio de uma briga? E o perfume da mulher, Aquele homem atrás do balcão parece extremamente feliz ou excessivamente aborrecido? E aquela mulher atarracada, com uma enorme sacola, será uma feirante aposentada ou uma dona de casa vinda da aula de ginástica? Onde ela conseguiu aquela tosse irritante, asmática? O que há dentro da sacola? Passe mais ou menos uns quinze minutos observando, conscientemente, o lugar onde está. Em seguida imagine que as pessoas, a música e os aromas que o rodeiam são elementos de um novo tipo de diversão, um filme “multissensorial” - sobre o qual você tem completo controle criativo. Imagine que você é o diretor, enviado para montar este projeto. Digamos que você está num café ao ar livre, sentado ao lado do exótico casal envolvido numa briga. Examine o que comem e suas roupas, rugas e traços faciais e, com o olhar da mente, comece a imaginar a mudança. Olhe fixamente para o hambúrguer gorduroso da mulher até que, ao menos para você, ela esteja comendo uma banana. Você acha o perfume desagradável? Concentre-se em seu sentido de olfato até que, ao menos para suas narinas, o perfume seja agradável. O cavalheiro tem cabelo escuro e curto, mas você pode transformá- lo num louro de cabelo comprido. O café, pela aparência, talvez seja ótimo para comer um sanduíche na hora do almoço, mas se você se concentrar bastante, poderá “localizá-lo” na Rive Gauche de Paris e se imaginar tomando uma sopa 49 de cebolas francesas. Ao usar esta técnica, imagine-se mudando cada detalhe do cenário que o rodeia, até que sua sensibilidade estética esteja satisfeita. Agora, imagine levar o “filme” de sua vida real ainda mais longe, criando um roteiro cinematográfico para o casal que está a seu lado representar. “Veja” o homem enfurecendo-se, indo para o aeroporto e entrando num avião. Imagine a mulher virando a mesa, com toalha de linho branco, rosas e o resto e intimidando os fregueses com um revólver. Qualquer que seja o cenário, vá até a conclusão mais surrealista e fascinante que houver na sua mente. Não se esqueça de modificar a linha do enredo e outros detalhes sempre que você sentir que a história perdeu seu impulso criativo (este exercício é usar a imaginação consciente pra um sonho diurno). Quando você se sentir satisfeito com a experiência imaginada neste exercício, continue seu dia normalmente. Ao chegar em casa, entre em seu quarto de dormir e, antes de ir para a cama, veja mentalmente o “filme” que criou mais cedo. Concentre-se especialmente nos detalhes que modificou e, em seguida, usando sua caneta especial, escreva no diário de sonhos: Esta noite eu mudarei meus sonhos. Depois apague a luz e reveja os exercícios mentais desta tarde, enquanto se deixa mergulhar, cada vez mais profundamente, no sono. Lembre-se: comece devagar. Na primeira vez em que você tentar modificar as imagens de seus sonhos lúcidos, lide com poucas coisas; transforme aquela macieira num coqueiro, por exemplo, ou seu quarto num bar do velho Oeste. Mais tarde, quando aperfeiçoar a técnica da criação do sonho, você deverá ser capaz de modificar virtualmente qualquer coisa em seus sonhos, seja invocar um batalhão inteiro de cavalaria ou uma chuva de rãs. 50 Se você não está a fim de voar para o local onde deseja que o sonho aconteça, deve ser capaz de trazer o local para perto. Para ter um controle muito eficaz sobre seus sonhos, você pode aplicar técnicas de criação do sonho depois de acordar espontaneamente de um sonho, durante as primeiras horas da manhã e, em seguida, voltar a um sonho lúcido. Por favor, lembre-se de que alterar os detalhes de um sonho lúcido poderá acordá-lo, levando aquele sonho ao fim. Se tal fato lhe acontecer, mantenha um estado de semiconsciência enquanto continua o exercício da criação do sonho em sua imaginação. Isto o habilitará a experimentar o impacto simbólico do exercício sem sentir que, de alguma maneira, você falhou. Lembre-se de praticar a recordação do sonho e anotar todos os sonhos relembrados em seu diário. De agora em diante, observe todos os elementos oníricos que você modificou usando a técnica da criação do sonho. Nesta altura, você provavelmente já percorreu um longo caminho em direção à extração do potencial dos sonhos lúcidos para o crescimento pessoal. Quer tenha obtido soluções criativas para problemas profissionais ou orientação em sua vida amorosa, você provavelmente descobriu que o sonho lúcido pode lhe dar condições para ter acesso ao conhecimento normalmente enterrado no fundo de sua mente inconsciente, isto é, sonhar e influenciar deliberadamente o conteúdo dos sonhos ou induzir a lucidez de forma consciente. Sonhar livremente pode dar à sua mente inconsciente uma oportunidade de liberar um pouco da energia psicológica residual e equilibrar algumas das experiências oníricas mais conscientemente estruturadas das duas últimas semanas. 51 SONHO LÚCIDO INDUZIDO Para diminuir as ondas cerebrais e ter o sonho lúcido mais rápido para usufruir ao máximo dos benefícios em potencial destas instruções, eu lhe peço que, ao menos inicialmente, você se faça acompanhado com um amigo ou parceiro que o guie ao longo do exercício de relaxamento que se segue ou grave com um gravador e ouça para o exercício. Comece por encontrar um lugar reservado e confortável para se deitar. Em seguida, peça a seu amigo que leia vagarosa e tranquilamente as instruções em voz alta, ponto por ponto, exatamente como estão descritas abaixo, fazendo uma pausa onde estiver indicado. Você também poderá desejar uma fita gravada por você ou seu amigo lendo as instruções, de forma que possa exercitar-se sozinho depois desta sessão inicial. 1 – Aspire o ar profundamente, expirando bem devagar, estique os músculos e relaxe. Agora, imagine que correntes de ar quente de energia mental estão se movendo muito vagarosamente pela planta de seus pés, em direção aos tornozelos. Perceba e concentre-se nos músculos dos pés ficando aquecidos, relaxando gradualmente, enquanto você imagina as correntes de ar passando através deles. (Pausa.) 2 – Imagine estas correntes continuando a mover-se para cima, ao longo da panturrilha (pausa), pelas coxas (pausa), através dos quadris (pausa) e nádegas (pausa) e pelo baixo-ventre e abdome. (Pausa.) 52 3 – Prossiga devagar, dando tempo para que cada grupo de músculos fique bem relaxado, antes de deixar que imaginárias correntes de ar se movam para a próxima região de seu corpo, (Pausa.)
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