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o poder do sonho

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O PODER DOS O PODER DOS 
SONHOS LÚCIDOSSONHOS LÚCIDOS
ÍNDICE 
Sumário
ÍNDICE.................................................................................2
INTRODUÇÃO.......................................................................3
............................................................................................3
SOBRE MIM..........................................................................4
TODOS SONHAMOS..............................................................5
O SIGNIFICADO DOS SONHOS..............................................8
O CÉREBRO ENQUANTO SONHAMOS.................................11
O SONHO E A CRIATIVIDADE..............................................14
SONHOS DIURNOS.............................................................19
SONHOS LÚCIDOS..............................................................24
CONSCIÊNCIA NO SONHO..................................................29
A PRÁTICA..........................................................................32
SONHO LÚCIDO INDUZIDO.................................................52
ALTA LUCIDEZ....................................................................55
Referencias bibliográficas...........................................................................60
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INTRODUÇÃO
Este livro digital foi idealizado após um árduo estudo e praticas para 
responder alguns questionamentos se realmente é possível ter controle 
consciente dentro do sonho indo além da teoria. Cheguei a conclusão pratica e 
vi algumas bases científicas que colaboram com a conclusão que sim qualquer 
pessoa com treino podem controlar seus sonhos e algumas pessoas só de saber 
a existência de controle consciente de sonhos já desbloqueiam suas mentes a 
vivenciarem tais experiências.
Espero que com este trabalho você consiga ter suas próprias experiências 
de sonhos lúcidos e consiga desfrutar de seus benefícios fora do sonho que são 
muitos, mas antes você precisa saber que para a prática exige perseverança e 
paciência pois por mais que algumas pessoas terão suas primeiras experiencias 
só de ler a parte teórica, outras pessoas terão um período árduo para atingir as 
primeiras experiências. 
 
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SOBRE MIM
Meu nome é Rodrigo dos santos faustino hipnólogo estudante de psicologia 
e pesquisador incansável de como as coisas funcionam, em minha trajetória é 
fazer descobertas e ensinar tais descobertas para todos possam fazer bom uso 
desse conhecimento, pois isso é o que faz de nós humanos a capacidade de 
compartilhar o conhecimento para que haja integração e evolução como 
espécie. 
Espero que você faça bom uso do conhecimento que disponibilizo aqui 
neste livro digital, siga-me nas mídias sociais que você encontrará outros 
conteúdos ainda melhores quanto este. 
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TODOS SONHAMOS
Por que a mente daquele que dorme evoca imagens, fantasias, histórias 
que fazem pouco sentido e cenas que ignoram regras e leis físicas de tempo e 
espaço? Por que a mente, na hora, confunde essas evocações com a realidade? 
E por que às vezes permite que essas evocações assustem e acordem a pessoa 
que está dormindo? Geralmente, somente ao acordar as pessoas percebem que 
estavam sonhando. Com certeza, os sonhos às vezes incorporam sons externos 
ou outras experiências sensoriais, mas isso acontece sem o tipo de consciência 
vivenciada durante a vigília.
Embora algumas pessoas relatam não lembrar de seus sonhos, todos 
sonham, a menos que haja interferência de um tipo em particular de lesão 
cerebral ou de um tipo particular de medicação. De fato, a pessoa mediana 
passa seis anos da vida sonhando. Se você quer lembrar melhor os seus 
sonhos, pode ensinar isso a si mesmo. Mantenha uma caneta e papel ou 
gravador de voz perto da cama, para que você possa registrar seus sonhos 
assim que acordar. Se esperar, provavelmente esquecerá a maioria deles.
Os sonhos ocorrem tanto no sono REM como no NÃO REM, mas seus 
conteúdos diferem nos dois tipos de sono. Os sonhos REM tendem mais a ser 
bizarros, podendo envolver emoções intensas, alucinações visuais e auditivas 
(mas raramente o paladar, cheiro ou dor) e uma aceitação de eventos ilógicos. 
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Os sonhos não REM costumam ser muito tediosos. Podem estar 
relacionados a atividades corriqueiras, como decidir qual roupa vestir ou fazer 
anotações durante a aula.
A ativação e desativação de diferentes regiões cerebrais durante o sono 
REM e não REM pode ser responsável pelos diferentes tipos de sonhos. Durante 
o sono não REM, há desativação geral de muitas regiões cerebrais; durante o 
sono REM, algumas áreas do cérebro mostram atividade aumentada, enquanto 
outras mostram atividade diminuída (Hobson, 2009). 
Os conteúdos dos sonhos REM resultam da ativação de estruturas 
cerebrais associadas com motivação, emoção e recompensa (p. ex., amígdala); 
ativação das áreas de associação visual e desativação de várias partes do 
córtex pré-frontal (Schwartz & Maquet, 2002). o córtex pré-frontal é 
indispensável para autoconsciência, pensamento reflexivo e estímulos 
conscientes oriundos do mundo exterior. Como essa região cerebral é 
desativada durante os sonhos REM, os centros de emoção e as áreas de 
associação visual cerebrais interagem na ausência de pensamento racional. 
Entretanto, note que o REM e os sonhos parecem ser controlados por diferentes 
sinais neurais (Solms, 2000). 
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Em outras palavras, REM não produz o estado de sonho. REM está apenas 
ligado aos conteúdos dos sonhos.
Regiões cerebrais e sonhos REM. Estas duas imagens do cérebro mostram as 
regiões que são ativadas (em vermelho) e desativadas (em azul) durante o sono 
REM. (a) Como observado a partir da lateral, o córtex motor, o tronco encefálico 
e as áreas de associação visual estão ativadas, do mesmo modo como as 
regiões cerebrais envolvidas em motivação, emoção e recompensa (p. ex., 
amígdala). O córtex pré-frontal é desativado. (b) Como mostrado a partir de 
baixo, outras áreas de associação visual são ativadas também.(Esta imagem 
também revela o tamanho total do córtex pré-frontal.)
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O SIGNIFICADO DOS SONHOS
Os estudiosos do sono ainda especulam sobre o significado dos sonhos. 
Sigmund Freud publicou uma das primeiras teorias em seu livro a interpretação 
dos sonhos (1900). Freud especulava que os sonhos contêm um conteúdo 
oculto que representa os conflitos inconscientes existentes na mente do 
sonhador. 
O conteúdo manifesto é o sonho do modo como o sonhador lembra. O 
conteúdo latente é aquilo que o sonho simboliza; e é o material disfarçado para 
proteger o sonhador da confrontação direta de um conflito. Praticamente 
inexiste suporte para as ideias de Freud de que os sonhos representam conflitos 
ocultos e que seus objetos tenham significados simbólicos especiais. As 
experiências do dia a dia, entretanto, influenciam os conteúdos dos sonhos. 
Exemplificando, você pode ser especialmente propenso a ter sonhos com 
conteúdo angustiante enquanto estuda na época das provas.
Embora a maioria das pessoas pense que seus sonhos são exclusivos, 
muitos temas comuns ocorrem nos sonhos. Você já sonhou que estava 
despreparado para uma prova ou descobriu que estava fazendo a prova errada? 
Muitos universitários têm sonhos como esse. Mesmo após terminar a graduação 
e depois de ter passado por todos os exames, é provável que você tenha 
sonhos similares sobre estar despreparado, Professores aposentados às vezes 
sonham que estão despreparados para dar aulas! 
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Os pesquisadores John Alan Hobson e Robert McCarley (1977) propuseram 
a teoria da ativação-síntese,que tem predominado no pensamento científico 
sobre o sonho. Hobson e McCarley sugeriram que atividade cerebral aleatória 
ocorre durante o sono, e essa atividade neural pode ativar os mecanismos que 
normalmente interpretam o estímulo sensorial. Durante o sono, a mente tenta 
dar sentido à atividade sensorial resultante sintetizando-a com memórias 
armazenadas. A partir dessa perspectiva, os sonhos são efeitos colaterais de 
processos mentais produzidos pelo disparo neural aleatório. 
Em 2000, Hobson e colaboradores revisaram a teoria da ativação-síntese 
para considerar as descobertas recentes em neurociência cognitiva. Incluíram, 
por exemplo, a ativação das regiões límbicas, associadas com emoção e 
motivação, como fonte de conteúdo emocional dos sonhos. Propuseram, ainda, 
como já mencionado, que a desativação do córtex pré-frontal contribui para os 
aspectos delirante e ilógico dos sonhos.
Os críticos da teoria de Hobson argumentam que os sonhos raramente são 
caóticos, como seria esperado se fossem baseados na atividade cerebral 
aleatória (Domhoff, 2003). De fato, a experiência consciente da maioria dos 
sonhos é razoavelmente similar à vida de vigília, ainda que com algumas 
diferenças intrigantes. As diferenças incluem falta de autoconsciência, 
diminuição da atenção e controle voluntário, emocionalidade aumentada e 
memória fraca (Nir & Tononi, 2010). 
 
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Os pesquisadores fizeram pessoas dormirem no equipamento de 
imageamento cerebral, as acordaram numerosas vezes e lhes pediram para 
contar sobre o que sonharam (Horikawa, Tmaki, Miyawaki, & Kamitani, 2013). 
Esses cientistas examinaram então se a atividade cerebral ocorrida pouco 
antes do relato do sonho era similar ao modo como o cérebro respondera 
quando os participantes foram expostos a várias imagens relacionadas, em um 
exame de imagens subsequente. Os pesquisadores mostraram itens que 
haviam aparecido em muitos dos relatos de sonho (p. ex., pessoa, casa, carro). 
Constataram que a atividade cerebral associada ao conteúdo do sonho foi 
similar à atividade cerebral observada enquanto as pessoas olhavam imagens 
relacionadas. Um dia, talvez seja possível saber o que as pessoas estão 
sonhando apenas por meio do registro da atividade cerebral delas.
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O CÉREBRO ENQUANTO SONHAMOS
Podemos decifrar, controlar e manipular os sonhos? Para onde vão as 
palavras que escutamos durante o sono? A essa pergunta lançou-se Tristán 
Bekinschtein. Para respondê-la, ele preparou um jogo simples, tedioso e 
rotineiro, ideal para fazer dormir. 
Uma recitação de palavras. Um jogo infantil. Não é a imagem que temos 
de um experimento típico de laboratório; pelo contrário, acontece em uma 
cama onde alguém escuta uma voz repetitiva e sonífera: elefante, cadeira, 
mesa, esquilo, avestruz… A cada vez que escuta o nome de um animal, a 
pessoa na cama deve mover a mão direita; se for um móvel, a esquerda. É fácil 
e hipnótico. 
Dali a pouco as respostas se tornam intermitentes. Às vezes são 
extremamente lentas e, por fim, desaparecem. A respiração fica mais profunda 
e o eletroencefalograma mostra um estado sincrônico. Ou seja, aquele que 
escuta a recitação já dormiu. As palavras continuam, como se o relato tivesse 
inércia. Assim, observando a marca das vozes nas transições de sono, Tristán 
descobriu que no cérebro do adormecido essas vozes se tornam palavras, e 
essas palavras adquirem significado. E mais: o cérebro continua jogando o 
mesmo jogo; a região cerebral que controla a mão direita se ativa a cada vez 
que se menciona um animal, e a região que controla a mão esquerda o faz a 
cada vez que se trata de um móvel, tal como ditavam as regras do jogo 
estabelecidas durante a vigília. 
A consciência tem um interruptor. No sono, no coma ou sob anestesia, o 
interruptor muda de estado, e a consciência se desliga. Em alguns casos, o 
desligamento é drástico, e a consciência se esfuma sem meias-tintas. 
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Em outros, como na transição para o sono, a consciência se desvanece pouco a 
pouco, de maneira intermitente. Com o interruptor ligado, a atividade cerebral 
associada aos estados de consciência assume diferentes formas; como, por 
exemplo, a consciência das crianças menores opera em outra temporalidade e 
que a dos esquizofrênicos não tem a capacidade de identificar as vozes 
próprias, gerando uma distorção do relato. 
Podemos pensar o sono como um terreno propício a uma simulação mental 
em que o corpo não se expõe. Essa desconexão entre a mente e o corpo é 
literal: durante o sono, há uma inibição dos neurônios motores, pelos quais o 
cérebro controla e governa os músculos, gerando uma química cerebral muito 
diferente daquela da vigília. Normalmente há uma sincronia entre o retorno ao 
estado de vigília — que se caracteriza pelo pensamento organizado e 
consciente da experiência — e o contato com o corpo. Às vezes, porém, esses 
dois processos se defasam, e despertamos sem ter retomado o contato químico 
com nosso corpo. Isso se chama paralisia do sono, e afeta entre 10% e 20% das 
pessoas. Essa experiência pode ser desesperadora, porque vivemos uma 
paralisia completa em plena lucidez. Depois de alguns minutos, ela se resolve 
sozinha, e o cérebro recupera o contato com o corpo. Também pode acontecer o 
oposto: que durante o sono o cérebro não se desconecte do músculo, e com 
isso o sonhador põe em prática seu sonho.
O que o cérebro faz durante o sono? A primeira coisa que deveríamos 
saber é que, durante o sono, o cérebro não desliga. Na realidade, o cérebro 
nunca se detém; quando ele desliga, a vida acaba. 
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Quando dormimos, ao contrário, ele apresenta uma atividade contínua, 
tanto durante o sono REM — sigla em inglês para movimentos oculares rápidos 
—, que corresponde a sonhar, quanto durante o sono de ondas lentas, em que 
dormimos profundamente sem relato onírico. O mito de que o cérebro se 
desliga de noite vem junto com a ideia de que o sono é tempo perdido. 
Reconhecemos os méritos da vida própria e alheia através dos sucessos que 
acontecem na vigília — os trabalhos e os dias, os amigos, as relações —, mas 
não há mérito em ser um bom sonhador. Esse apreço pela vigília é 
simplesmente um traço de algumas culturas, entre elas a ocidental. Em outras 
sociedades, o sonho tem um lugar muito mais primordial. Na versão mais 
exagerada, trata-se, como no personagem das ruínas circulares de Borges, de 
consagrar a vigília, o tempo e o corpo à única tarefa de dormir e sonhar. 
O sono é um estado reparador, durante o qual é executado um programa 
de limpeza que elimina refugos e resíduos biológicos do metabolismo cerebral. 
No cérebro, durante a noite, recolhe-se o lixo. Essa descoberta biológica 
relativamente recente corresponde a uma ideia comum e intuitiva: o sono é 
funcional à vigília e, sem ele, além de nos cansarmos, adoecemos. Para além 
desse papel reparador, durante o sono também se acionam aspectos-chave do 
aparelho cognitivo. Por exemplo, durante uma das primeiras fases do sono — de 
ondas lentas —, consolida-se a memória. 
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O SONHO E A CRIATIVIDADE
Assim, depois de algumas horas de sono, recordamos melhor o que 
aprendemos durante o dia. E isso não se deve somente ao repouso. Pelo 
contrário: deve-se em grande medida a um processo ativo que sucede durante 
o sono. 
De fato, por meio da lupa mais apurada de experimentos na escala celular 
e molecular, sabemos que durante essa fase do sono se reforçam conexões 
específicas entre neurônios no hipocampo e no córtex cerebral que configuram 
e estabilizam a memória. Essas mudanças se originam durantea experiência 
diurna e se consolidam durante o sono. Tão preciso é esse mecanismo que pode 
recapitular de maneira exata, durante o sono, alguns dos padrões neuronais 
que se ativaram durante o dia. Trata-se de uma versão fisiológica 
contemporânea de uma das principais ideias de Freud sobre o sonho, o resíduo 
do dia. 
Durante o sono de ondas lentas, a atividade cerebral aumenta e diminui, 
formando ciclos que se repetem com um período de pouco mais de um 
segundo. Ou seja, os pulsos de atividade cerebral oscilam em um ritmo claro, 
lento e definido. Quanto mais pronunciada é essa onda oscilatória de atividade, 
mais efetiva se torna a consolidação da memória. Pode-se induzir essa 
oscilação partindo de fora do cérebro daquele que dorme, e assim melhorar sua 
memória? 
O ritmo de atividade cerebral no sono de uma pessoa pode ser medido por 
um eletroencefalograma. Depois se pode potencializar a atividade neuronal 
daquele que dorme fazendo-o escutar sons sincronizados com o ritmo de seu 
cérebro. Esse experimento, implementado pelo neurocientista alemão Jan Born,
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 começava durante o dia com uma lista de palavras novas que deviam ser 
recordadas. Born descobriu que as pessoas que mais tarde, durante a noite, 
escutavam tons sincronizados com o ritmo de sua própria atividade cerebral 
recordavam no dia seguinte muito mais palavras do que aquelas que não eram 
estimuladas ou que haviam sido estimuladas de maneira assincrônica. Ou seja, 
manipulando de maneira relativamente simples um mecanismo cerebral que 
consolida a aprendizagem durante o sono, podemos aperfeiçoar a memória 
daquilo que se começou a aprender durante a vigília. Contudo, a fantasia de 
usar fones de ouvido à noite e amanhecer falando um novo idioma, que nunca 
havíamos praticado durante a vigília, continua sendo isto: uma fantasia.
O primeiro papel cognitivo do sono é, então, a consolidação da memória 
durante uma fase conhecida como ondas lentas, na qual a atividade cerebral é 
monótona e repetitiva. Mas esse registro não caracteriza a atividade cerebral 
durante todo o sono. Na fase REM, a atividade cerebral é muito mais complexa 
e se assemelha à do estado de vigília. De fato, durante o período REM, a 
atividade da pessoa adormecida se torna consciente sob a forma de sonho. 
Quem acorda no meio do ciclo REM tem quase sempre uma vívida 
lembrança do conteúdo do sonho. Isso, em contraposição, não acontece quando 
despertamos em outras fases do sono. Do ponto de vista de nossa experiência 
subjetiva, a consciência durante o sonho se assemelha à da vigília. O relato é 
mais desordenado, porém não mais inverossímil: podemos voar, falar com 
pessoas que já não estão vivas, atravessar paredes e até respeitar as regras de 
trânsito. As imagens do sonho são vívidas e intensas. Mas há algo estranho: 
perdemos a noção de que somos autores do relato de nosso sonho. 
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De fato, esse talvez seja seu aspecto mais confuso. Vivemos o que 
sonhamos como se fosse uma descrição genuína da realidade, e não um 
invento da imaginação. A principal diferença entre a consciência do sonho e a 
da vigília é o controle. Durante o sonho, como na esquizofrenia, não detectamos 
que somos os autores daquele mundo virtual. A natureza bizarra do sonho não 
é suficiente para que o cérebro o reconheça como o que ele é: uma alucinação. 
Assim como o sono de ondas lentas é um estado no qual se repete a atividade 
neuronal da vigília, durante o sono REM, em contraposição, geram-se padrões 
neuronais mais variáveis e com capacidade de recombinar circuitos neuronais 
preexistentes. Será isso uma metáfora do que acontece no plano cognitivo? O 
sono REM será o estado propício para criar ideias e conectar elementos do 
pensamento que durante a vigília estavam desconectados? O sonho é a usina 
do pensamento criativo? A história da cultura humana está cheia de fábulas e 
relatos de ideias revolucionárias gestadas em sonhos. Uma das mais famosas é 
a de August Kekulé, o descobridor da estrutura do benzeno, um anel de seis 
átomos de carbono. Durante uma comemoração desse grande marco da 
história da química, Kekulé revelou a trama secreta da descoberta. 
Depois de fracassar miseravelmente durante anos, ele encontrou a solução 
definitiva ao sonhar com um uróboro, uma serpente que morde a própria cauda, 
formando um anel. Algo semelhante aconteceu a Paul McCartney, que 
despertou em seu quarto da Wimpole Street com a melodia de “Yesterday” na 
cabeça. Durante dias, McCartney procurou entre amigos e lojas de discos uma 
pista sobre a origem da melodia, porque supunha que seu devaneio provinha de 
algo que ele já tinha escutado. Já antecipamos o problema dessas historietas: 
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o relato consciente está impregnado de fábulas. O mesmo vale para a memória 
e a lembrança, pois uma pessoa pode recordar, com plena convicção, um 
episódio que nunca ocorreu. 
Mais extraordinário ainda é que seja factível implantar uma lembrança e 
que o implantado a tome como autêntica. Além disso, apelar para a criatividade 
durante o sono pode ser um truque e uma armadilha. Talvez com essa intuição 
em mente, o químico John Wotiz reconstituiu meticulosamente a história da 
descoberta da estrutura do benzeno. Assim, descobriu que o químico francês 
Auguste Laurent, dez anos antes do sonho de Kekulé, já havia explicado que o 
benzeno era um anel de átomos de carbono. A tese de Wotiz é que a invocação 
do sonho foi parte da estratégia de Kekulé para ocultar um furto. O que Paul 
McCartney temia honestamente — que seu sonho tivesse sido a expressão de 
informações coletadas durante a vigília — foi o que Kekulé manipulou de 
maneira deliberada. Para além da artimanha policial, interessa-nos saber se o 
pensamento criativo provém do sono de uma maneira que não esteja 
contaminada pelos artefatos inevitáveis das fábulas e historietas. E nosso herói 
do sono, Jan Born, saiu à procura disso. 
A chave foi encontrar uma maneira objetiva e precisa de medir a 
criatividade. Para obtê-la, Born propôs a um grupo de participantes um 
problema que podia ser resolvido de uma maneira lenta, mas eficaz, ou de uma 
maneira original e simples, mudando a perspectiva da proposição. 
Os participantes lidaram com esse problema durante um longo tempo. 
Depois, alguns dormiram e outros descansaram. Mais tarde, todos voltaram a 
resolver o problema. 
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E o resultado simples, mas contundente, foi que, depois do sono, a solução 
criativa aparecia com probabilidade muitíssimo maior. Ou seja, há uma parte do 
processo criativo que se expressa durante o sono. Ele é robusto, acontece na 
maioria de nós e nos permite resolver problemas sofisticados de forma muito 
mais efetiva. O experimento de Jan Born nos ensina que o sono é um elemento 
do processo criativo, mas não o único. Apesar de certo desprestígio atual do 
conhecimento factual e do ofício, o lado ordenado da criatividade também é 
importante. 
O sonho — tal como outras formas de pensamento desordenado — pode 
ajudar no processo de indução de uma ideia original, mas somente sobre a base 
firme de um grande conhecimento daquilo em que se pretende ser criativo. Aí 
está o caso de McCartney, que havia consolidado o material sobre o qual pôde 
depois improvisar em sonhos. O mesmo vale para o experimento de Born. A 
noite é o espaço de um processo criativo somente depois de uma vigília de 
trabalho árduo e metódico em que se cimentam as bases para a criatividade 
durante o sono.
 Assim é que, em resumo, a usina do pensamento trabalha a pleno vapor 
no turno da noite. O sono é um estado muito rico e heterogêneo de atividade 
mental que nos permite entender como funciona a consciência. Há uma 
primeira fase em que a consciênciase desvanece, mas não de nenhum modo, e 
sim dirigindo-se a um lugar de grande sincronização que ativa um processo de 
consolidação da memória. Durante esse processo se expressa um ingrediente 
do pensamento criativo para poder gestar novas combinações e possibilidades.
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 SONHOS DIURNOS
Já aconteceu de alguma vez despertamos acreditando termos dormido 
apenas poucos segundos, quando na realidade passaram-se horas. E, ao 
contrário, poucos segundos de sono às vezes nos parecem uma eternidade. 
Durante o sono, o tempo flui de maneira estranha. Talvez essa distorção não 
aconteça somente com o tempo. De fato, é possível que o próprio sonho seja 
somente a ilusão de um relato construído ao despertar. 
Hoje podemos resolver esse mistério, observando vestígios do 
pensamento no cérebro e em tempo real. Assim como é possível pesquisar os 
pacientes vegetativos, os bebês ou o processamento subliminar a partir da 
atividade cerebral, podemos utilizar ferramentas semelhantes para decifrar 
nosso pensamento durante o sono. Uma maneira de decodificar o pensamento 
a partir da atividade cerebral é dividir o córtex visual em uma grade, como se 
cada célula fosse um pixel no sensor de uma câmera digital. A partir disso, 
pode-se reconstituir o que está na mente sob a forma de imagens ou vídeos. 
Utilizando essa técnica, Jack Gallant pôde reconstituir um filme com uma 
nitidez interessante, observando somente a atividade cerebral daquele que 
assiste ao filme. Isso permitiu ao cientista japonês Yukiyasu Kamitani criar uma 
espécie de planetário onírico. Sua equipe reconstituiu a trama dos sonhos a 
partir da atividade cerebral de pessoas sonhando. Os pesquisadores 
comprovaram que as conjecturas que haviam feito a partir desses padrões de 
atividade cerebral coincidiam com o que os participantes, agora despertos, 
diziam ter sonhado. Eram relatos do tipo: “Sonhei que estava em uma padaria. 
Peguei um pão e fui para a rua, onde havia uma pessoa tirando uma foto”; “Vi 
uma grande estátua de bronze em uma pequena colina. 
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Mais abaixo havia casas, ruas e árvores”. Cada um desses fragmentos do sonho 
pôde ser decodificado a partir da atividade cerebral. Nessa demonstração 
decodificou-se o esqueleto conceitual do sonho, mas não suas qualidades 
plásticas, seus contrastes e seus brilhos. Esses elementos visuais do sonho, por 
enquanto, estão na cozinha experimental. 
Durante o sono, o cérebro não se desliga. Na verdade, encontra-se em um 
estado de grande atividade, cumprindo funções vitais para o bom 
funcionamento do aparelho cognitivo. Mas também enquanto trabalhamos, 
dirigimos um carro, falamos com alguém ou lemos, o cérebro costuma 
desprender-se da realidade e criar seus próprios pensamentos. É o sonho 
diurno, a expressão de um estado semelhante ao sonho em forma e conteúdo, 
mas em plena vigília. 
O sonho diurno tem um correlato neuronal muito claro. Quando estamos 
despertos, o cérebro se organiza em duas redes funcionais que em certa 
medida se alternam. A primeira, que já conhecemos, inclui o córtex frontal — 
que funciona como a torre de controle —, o córtex parietal — que estabelece e 
concatena rotinas, controla o espaço, o corpo e a atenção — e o tálamo — que 
funciona como um centro de distribuição do trânsito. Esses nodos são o núcleo 
de um modo de funcionamento cerebral ativo, concentrado, focado em uma 
tarefa particular. Quando o sonho invade a vigília, essa rede frontoparietal se 
desativa e outro grupo de estruturas cerebrais, perto do plano que separa os 
dois hemisférios, assume o comando. Essa rede inclui o lobo temporal medial, 
uma estrutura vinculada à memória, que pode ser o combustível para os sonhos 
diurnos. 
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E também o cingulado posterior, que tem grande conectividade com 
outras regiões do cérebro e coordena o sonho diurno, tal como o faz o córtex 
pré-frontal quando o foco está no mundo exterior. 
Esse conjunto se chama rede cerebral default, um nome que reflete o modo 
pelo qual ela foi descoberta. Quando se tornou possível explorar diretamente o 
funcionamento do cérebro humano com um aparelho de ressonância, os 
primeiros estudos compararam a atividade cerebral enquanto alguém fazia algo 
— um cálculo mental, jogar xadrez, recordar palavras, falar, emocionar-se — 
com a de outro estado no qual não se fazia nada. 
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Em meados dos anos 1990, Marcus Raichle descobriu que, quando uma 
pessoa realiza qualquer uma dessas tarefas, certas regiões são ativadas, mas 
também desativam outras. Com uma ressalva importante: enquanto as regiões 
cerebrais que são ativadas mudam segundo o que a pessoa faz, as que se 
desativam são sempre as mesmas. Raichle entendeu que isso refletia dois 
princípios importantes: 1) não existe um estado em que nosso cérebro não faz 
nada, e 2) o estado em que o pensamento vagueia à sua própria vontade é 
coordenado por uma rede precisa, que ele denominou “rede default”. A estrutura 
da rede default do cérebro é quase diametralmente oposta à de controle 
executivo, refletindo uma certa antinomia entre esses dois sistemas. 
O cérebro desperto permanentemente se alterna entre um estado com o 
foco situado no mundo exterior e outro no qual os sonhos diurnos governam. 
Talvez os sonhos diurnos sejam apenas tempo perdido, uma espécie de 
distração cerebral. Ou, quem sabe, como os sonhos noturnos, tenham uma boa 
razão de ser na estrutura de nossa forma de pensar, descobrir ou recordar. 
Um território fértil para estudar os sonhos diurnos é a leitura. A todos nós 
já aconteceu descobrir — como uma revelação, como um amanhecer — que 
não temos a mais vaga ideia do que lemos nas três últimas páginas. Estivemos 
divagando em uma história paralela que deixou de lado o conteúdo da leitura. 
Um registro cuidadoso dos movimentos oculares mostra que, durante o sonho 
diurno, continuamos varrendo palavra por palavra, detendo-nos mais tempo nas 
palavras mais longas, gestos típicos da leitura atenta e concentrada. 
22
Ao mesmo tempo, contudo, durante o sonho diurno a atividade do córtex 
pré-frontal diminui e o sistema default é ativado, e isso faz com que a 
informação do texto que lemos não acesse a consciência. Por essa razão 
voltamos atrás, com a sensação de que precisaremos ler integralmente o trecho 
perdido, outra vez, como se fosse a primeira leitura. Mas não é assim. Essa 
nova leitura se nutre da anterior entre sonhos. Focalizamos a floresta, e não a 
árvore. Por isso, quem sonha durante a leitura e depois volta ao texto o 
compreende de maneira muito mais profunda do que quem apenas varre o 
texto de maneira concentrada. Ou seja, o sonho diurno não é tempo perdido. 
Contudo, há razões para acreditar que o sonho diurno tem um custo (que nada 
tem a ver com o tempo que levamos nele). 
Os sonhos facilmente resultam em pesadelos, as alucinações se 
transformam em viagens ruins e os amigos imaginários em monstros, duendes, 
bruxas e fantasmas. Quase todas as situações em que a mente divaga e se 
desprende da realidade degenera facilmente em estados de sofrimento. Esta é 
uma observação para qual não tenho, e não creio que já exista, uma boa 
explicação.
 
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SONHOS LÚCIDOS 
O sonho da noite também costuma percorrer espaços dolorosos e 
incômodos. À diferença da imaginação, o sonho vai aonde ele quer, sem um 
governo. A outra grande diferença entre o sonho e a imaginação é sua 
intensidade pictórica. De um sonho vívido, intenso e colorido, mal podemos 
reconstruir suas ruínas. 
O sonho e a imaginação se distinguem então pelo grau de vividez e 
controle. O sonho não tem controle, mas é vívido. A imaginação, aocontrário, é 
controlável, mas muito menos nítida. O sonho lúcido é uma combinação de 
ambos: tem a vividez e o realismo do sonho e, além disso, o controle da 
imaginação; ou seja, é um estado no qual somos o diretor e o roteirista de 
nosso próprio sonho. Levados a escolher entre todas as opções, os sonhadores 
lúcidos, em sua maioria, escolhem voar, talvez expressando uma frustração 
ancestral de nossa espécie. 
Há três qualidades que permitem reconhecer o sonho lúcido: o sonhador 
entende que está sonhando, controla aquilo que sonha e pode dissociar o 
objeto e o sujeito do sonho, como se observasse a si mesmo em terceira 
pessoa. E mais, o sonho lúcido também tem uma assinatura cerebral própria. O 
eletroencefalograma durante o sono REM é semelhante ao da vigília, mas com 
uma diferença importante: a atividade de alta frequência no córtex frontal diminui. 
Justamente essa atividade de alta frequência é imperativa para o controle do 
sonho lúcido. De fato, quanto mais lúcido é o sonho, maior é a atividade de alta 
frequência no córtex pré-frontal. Podemos até inverter o argumento. Se for 
estimulado o cérebro de um sonhador normal em alta frequência, seu sonho se 
tornará lúcido. 
24
O sonhador se dissociar de seu sonho, começará a controlá-lo à vontade e 
entenderá que aquilo é apenas um sonho. O futuro no qual governaremos 
nossos sonhos não está muito distante. Nem mesmo é necessária tanta 
parafernália tecnológica. 
Há tempos se sabe que é possível treinar a capacidade de ter sonhos 
lúcidos e que, com esforço, qualquer pessoa pode construí-los. Um modo de 
aproximar-se deles é através dos pesadelos, durante os quais sentimos uma 
necessidade natural de controlá-los ou acordar. A capacidade que muitas 
pessoas têm de manejar o curso de seus pesadelos — incluindo o controle 
executivo para despertar — é um prelúdio do sonho lúcido. E, em 
contraposição, treinar o sonho lúcido é uma maneira de melhorar a qualidade 
do sono. Por isso, outro de seus traços distintivos é uma densidade mais alta de 
emoções positivas. Como parte do processo de treinamento, os sonhadores 
lúcidos utilizam um mundo da vigília que funciona como âncora e lhes permite 
saber que estão no sonho, e que do outro lado está a realidade da vigília. É uma 
espécie de referência de orientação para entenderem onde estão. Como Teseu, 
Hansel ou o Pequeno Polegar, ou como Leonardo di Caprio em A origem, o 
sonhador lúcido deixa na vigília algum rastro que lhe servirá como farol quando 
o caminho do sonho se tornar sinuoso demais. O sonho lúcido é um estado 
mental apaixonante porque combina o melhor dos dois mundos, a intensidade 
pictórica e criativa do sonho com o controle da vigília. E também é uma mina de 
ouro para a ciência. 
25
O prêmio Nobel Gerald Edelman, um dos grandes pensadores do cérebro, 
divide a consciência em dois estados. Um, primário, constituído por um relato 
vívido do presente, com acesso muito restrito ao passado e ao futuro. É a 
consciência. O show de Truman do espectador passivo, que vê ao vivo a trama 
de sua realidade. Esta, segundo Edelman, é a consciência de muitos animais e 
também a do sono REM. Uma consciência sem um piloto. Uma segunda forma 
de consciência, mais rica e talvez mais própria do ser humano, introduz os 
ingredientes necessários para que o piloto aja como tal, é abstrata e cria uma 
representação do próprio indivíduo, de seu ser. Talvez o sonho lúcido seja um 
modelo idôneo para estudar a transição entre a consciência primária e a 
secundária. Estamos agora nos primeiros esboços deste fascinante mundo 
recém-surgido na história da ciência. 
Doze de abril de 1975. Departamento de Psicologia da Universidade de 
Hull, na Inglaterra. O pesquisador Keith Hearne tenta desesperadamente se 
manter acordado. Ele está sentado, sozinho, monitorando um homem chamado 
Alan Worsley, que dorme profundamente. Hearne observa o monótono vaivém 
da linha no papel da máquina de polissonografia. Worsley está dormindo como 
qualquer outra pessoa: olhos fechados, o peito subindo e descendo com a 
respiração. São quase oito horas. Até o momento, a calma manhã de domingo 
não tem nada de extraordinário, mas algo incrível está prestes a acontecer. 
Neste exato momento, os dois cientistas tentam descobrir algo que vai mudar a 
história. Querem provar cientificamente uma habilidade esotérica que os 
humanos conhecem há séculos: a capacidade de ter consciência dentro dos 
sonhos. 
26
Entretanto, no caminho dessa suposta descoberta revolucionária, há um 
obstáculo: como uma afirmação tão estranha e ridícula pode ser provada? 
Worsley já havia experimentado vários sonhos lúcidos antes e não terá 
dificuldade em ficar consciente dentro de seu próprio sonho. Mas como ele pode 
provar que está lúcido? Não há como levar uma câmera fotográfica para o 
mundo dos sonhos... Para provar essa habilidade, os pesquisadores precisam 
encontrar um modo de se comunicar, enquanto sonham, com aqueles que 
estão acordados – uma espécie de linha telefônica pela qual Worsley pode 
“ligar” para Hearne e lhe contar que está sonhando. Como esse feito nunca foi 
realizado pela ciência moderna, nenhum dos dois tem embasamento histórico 
para descobrir o que devem fazer. Estão por conta própria, navegando pelos 
limites não mapeadas da ciência. Felizmente, Hearne e Worsley têm uma ideia. 
Uns poucos fatos científicos básicos os ajudaram a desenvolver uma teoria
Inteligente. Como se sabe, enquanto nossa mente permanece ativa durante os 
sonhos, nosso corpo físico fica desligado, paralisado enquanto nos aventuramos 
pela Terra de Morfeu: os neurônios motores param de receber estímulo e os 
músculos ficam dormentes. Este é um estado normal, conhecido como atonia 
do sono. Felizmente, há duas partes do corpo que não são afetadas: o 
diafragma, que possibilita a respiração, e os olhos. Naquele dia, nossos 
ambiciosos cientistas chegaram ao laboratório com uma hipótese: se Worsley 
movimentar os olhos no mundo dos sonhos, os olhos físicos de seu corpo 
dormente repetiria o mesmo movimento. Os olhos seriam a tal “linha 
telefônica”, um modo de comunicação entre esses dois mundos.
27
Às 8h07, Worsley se encontra em um sonho – consciente de que está 
sonhando e de que seu corpo físico adormeceu no mundo desperto. Ele então 
executa os movimentos com os olhos que havia combinado antes – da esquerda 
para a direita, oito vezes – para sinalizar ao laboratório que tem consciência de 
que está sonhando. “Os sinais vinham de outro mundo – do mundo dos sonhos”, 
escreveu Hearne, “e ficamos tão entusiasmados que parecia que vinham de 
outro sistema solar”. A leitura do eletroencefalograma que mapeava a atividade 
cerebral de Worsley confirmou: ele estava dormindo, mas, ainda assim, 
permanecia consciente o bastante para enviar sinais ao laboratório. Ele estava 
tendo um sonho lúcido.
Três anos depois, um homem chamado Stephen LaBerge conduziria um 
experimento semelhante na Universidade Stanford. Sem qualquer 
conhecimento das descobertas de Hearne, LaBerge concluiria sua dissertação 
de doutorado tentando provar a mesma coisa: ter sonhos conscientes não era 
uma bobagem, mas uma experiência real e comprovável. Usando a mesma 
técnica de sinalização com os olhos, o experimento de LaBerge também foi 
bem-sucedido. Para confirmar sua descoberta, outros testes foram conduzidos e 
a notícia se espalhou. Agora existia evidência científica daquilo que os antigos 
nos diziam há séculos: podemos, sim, estar conscientes nos nossos sonhos. 
28
CONSCIÊNCIA NO SONHO
Antes de falar das sutilezas das aventurasnos sonhos, vamos voltar um 
pouco e responder à pergunta óbvia: o que exatamente é um sonho lúcido? Um 
sonho lúcido é aquele no qual você tem consciência dentro do sonho – o que 
não deve ser confundido com um sonho muito vívido. Trata-se de perceber, no 
momento presente, que você está sonhando, uma súbita epifania interior: “Ei, 
espere um momento... Estou sonhando!” Você pode estar em um local 
normalmente impossível (“Puxa, como eu vim parar no Havaí?”) ou talvez 
depare com algo absurdo (“O quê? Uma avestruz dirigindo um carro?”). Talvez 
seu gatilho tenha relação com seu passado (“Epa! Não estou mais na 
faculdade! Isto só pode ser um sonho!”). 
Os sonhos lúcidos costumam ser desencadeados por alguma espécie de 
inconsistência, algo que de repente faz com que o sonhador pare e questione 
sua realidade. A partir do momento em que alcançar a lucidez no sonho, você 
vai se lembrar de toda sua vida e poderá pensar logicamente, tomar decisões e 
explorar a paisagem onírica da mesma forma que faria com o mundo físico. 
Também terá influência direta sobre o mundo dos sonhos e seu conteúdo. 
Enquanto em um sonho comum você reagiria às cegas, incapaz de refletir sobre 
a situação em que se encontra, com a lucidez você tem as rédeas nas mãos – 
sua mente está “desperta” o bastante para dar as cartas. Converse com algum 
personagem, voe sobre uma cadeia de montanhas, respire embaixo d’água, 
atravesse paredes – esses são apenas alguns exemplos do que pode fazer. Ao 
deixar o confinamento do corpo físico, você será livre para viajar grandes 
distâncias, mover-se numa velocidade incrível ou mesmo transcender o tempo 
como o conhecemos.
29
Ao perceber que não está separado do mundo interior de seus sonhos, 
você pode mover, dar forma e mesmo criar objetos do nada. Tudo ao seu redor 
assume uma relação íntima com você: o mundo em torno é você! Pode parecer 
exagero, mas não é: as sensações de tato, olfato, visão, paladar e audição 
parecerão tão vivas no sonho quanto na vida desperta. Se você viu o filme 
Matrix, tem uma boa ideia de como é esse mundo: um lugar que parece real, 
mas é apenas uma projeção da mente. No filme, o personagem Morpheus 
define a realidade: “Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que 
você pode cheirar, o que você pode saborear e ver, o ‘real’ são simplesmente 
sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro.” Só que, ao contrário de Matrix, 
os sonhos lúcidos não são ficção científica.
Imagine ficar livre de seu corpo físico, deixando para trás coisas bobas 
como a gravidade. Imagine-se voando, sentindo o ar tocando seu rosto, a falta 
de gravidade, a quebra de todas as leis newtonianas. Imagine-se vendo e 
conversando com os habitantes do seu sonho, que lhe dão insights e lhe trazem 
conhecimentos valiosos sobre a sua vida. Você tem a chance de encontrar, 
escondida nesse lugar, a sabedoria que pode mudar a sua realidade.
Quando pequenos aprendemos que podemos fazer qualquer coisa. Depois, 
ao crescer, essas palavras começam a perder credibilidade. Nem todo mundo 
consegue manter o ritmo.
Felizmente, qualquer um pode ter um sonho lúcido. Não se trata de uma 
capacidade a ser adquirida – é algo inato. 
30
Na verdade, estudos mostram que a maioria das pessoas pode se orgulhar 
de já ter tido ao menos um sonho lúcido na vida. Um estudo feito em 1998 com 
mil cidadãos austríacos médios relatou que 26% dos participantes tiveram pelo 
menos um sonho desse tipo. Quando a mesma pergunta foi feita a 439 
estudantes alemães, 82% responderam que já haviam vivenciado um sonho 
lúcido, enquanto impressionantes 10% relataram que passam por isso de duas 
a três vezes por mês! Sem qualquer treinamento, esses cidadãos médios 
testemunharam o estado natural de um sonho consciente. O mesmo estudo 
alemão concluiu que a personalidade não é um fator determinante. Você pode 
alcançar a lucidez sendo de direita ou de esquerda, extrovertido ou introvertido.
Tudo de que você precisa para dar o salto do sonho comum para o lúcido é 
reconhecer o estado onírico. Essa percepção pode surgir de muitas maneiras, 
mas também ser induzida com o auxílio de algumas técnicas simples. Você não 
precisa de drogas nem de equipamentos especiais para iniciar sua jornada 
pioneira – você já tem tudo de que necessita: um cérebro, um tanto de 
paciência e algum tempo livre. Vamos lhe ensiná-lo a liberar esse potencial 
latente.
31
A PRÁTICA
Já que você entendeu que a ciência já estudou diferentes formas e 
comprovou que é possível e o sonho lúcido vamos direto a prática, é importante 
frisar que existem pessoas que tem a capacidade natural de ter sonhos lúcidos, 
o intuito deste livro digital é treinar quem não tem esta capacidade natural e 
aperfeiçoar quem já tem, aliás esta técnica vai aumentar a capacidade de 
aprendizagem e memória do praticante.
Antes de conseguir tornar-se consciente em seus sonhos, você terá que 
dominar alguns princípios básicos para controlá-los. Uma exigência 
fundamental para o controle onírico bem-sucedido é a capacidade de lembrar, 
valorizar e registrar os sonhos. Portanto, nos primeiros dias da prática, você 
aprenderá exercícios de concentração específicos para ajudá-lo a recordar seus 
sonhos, pois o que adianta controlar os sonhos se não pode lembrar deles. 
Atenção e perseverança a partir daqui pois seguir todos os passos de 
forma paciente fará você ter o sucesso, tem algumas pessoas que terão os 
primeiros sonhos lúcidos nos primeiros dias e outros demoram mais, mas não 
desanime cada pessoa tem o seu próprio tempo, é importante frisar que se 
entenda que as fases são importantes como descer uma escada a cada degrau 
você aprofundará ainda mais no controle e lembrança dos sonhos e não só será 
capaz de lembrar dos sonhos mais a memória de longo prazo será muito mais 
ativada e criará novas conexões neuronais.
32
Passo 1: montando seu diário de sonhos. A primeira tarefa, a ser executada no 
1º Dia, é a preparação do diário onírico que você usará ao longo do tempo. Seu 
diário de sonhos pessoal deve ser uma agenda que possa guardar sob o 
travesseiro ou ter consigo durante o dia. A caneta destinada a escrever seu 
diário de sonhos não deve ser usada para nada além dele. Você também poderá 
achar proveitoso prender uma mini-lanterna em seu diário de sonhos, para o 
caso de se lembrar de um sonho no meio da noite, pois com a prática e 
dedicação você acordará algumas vezes logo após um sonho para anotar, já 
que se sabe que se sonha várias vezes por noite.
Passo 2: recordando seus sonhos. A segunda parte do exercício de recordação 
dos sonhos poderá começar a qualquer momento, logo após você ter disponível 
o seu diário de sonhos. Ela terá início no 1º dia e continuará através da manha 
do 2º dia isso é importante e será feito todos os dias. 
1ª coisa antes de dormir deitado na sua cama é fazer uma retrospectiva 
breve de todos os momentos do seu dia desde a hora que acordou até este 
momento que está deitado, faça uma linha mental de tudo que fez e todos os 
caminhos que fez com detalhes se possível, apenas ligando os pontos, exemplo: 
deitado comece a recordar mentalmente e trazendo as cenas, sai da cama fui 
ao banheiro escovei os dentes tomei banho fui tomei café vesti a roupa e sai 
peguei o carro ou metrô passei por um ponto importante vi uma pessoa vestida 
estranha e cheguei ao trabalho ou faculdade e lá foi falado algo importante 
descreva mais coisas do dia, e voltei para casa comi e fui dormir.
33
Se você deseja Intensamente recordar seus sonhos, pode sugerir a si 
mesmo que acorde durante a noite, quando os sonhos terminarem (e quando 
isso acontecer sempre anote, mesmo durantea madrugada). Quando tiver 
prática, você poderá acordar depois de um certo número de sonhos sucessivos, 
em determinada noite, e recordar cada um deles. Mesmo que não queira 
praticar este exercício intenso em base regular, ele pode ocasionalmente 
conduzir a alguns lnsights surpreendentes e também aumentar de forma 
significativa a sua capacidade de recordar os sonhos e memória, eu mesmo 
nesta prática acordei algumas noites assim que cada sonho acabou para anotar.
Passo 3: Narre os sonhos. Para manter seu diário de sonhos, dê um título a 
cada sonho enquanto você o narra. 
Certifique-se sempre de que registrou a data em que o sonho ocorreu e 
seu tempo aproximado de duração. Acompanhe todas as noites o 
desenvolvimento dos sonhos que teve mais cedo e mais tarde no ciclo do sono. 
Enquanto escreve, certifique-se de observar o cenário ou cenários no qual cada 
sonho aconteceu, os personagens que apareceram, os adereços ou símbolos 
que lhe chamaram a atenção e quais emoções o sonho desencadeou em você. 
Recomendo também, enfaticamente, que use seu diário de sonhos para 
investigar a relação que existe entre seus sonhos e preocupações e atividades 
diárias. Por favor, deixe uma ou duas páginas em branco depois de cada 
narrativa, de forma a acrescentar pensamentos suplementares, lembranças ou 
interpretações que possam lhe ocorrer com a passagem do tempo.
34
Embora não seja obrigatório, sinta-se livre para desenhar figuras que se 
relacionem com seus sonhos. Imagens visuais podem exprimir o significado 
subjacente de um sonho em forma gráfica e até desencadear a liberação de 
lembranças mais profundas. Desde a manhã do 2º Dia, adquira o hábito de 
anotar as descrições de seu sonho logo após acordar, antes mesmo de sair da 
cama. Quanto mais você esperar, mais provável é que as lembranças se tornem 
distorcidas ou simplesmente desapareçam. Considere o seu diário de sonhos 
como um livro secreto, no qual você narra e interpreta as criações mais 
profundas de sua mente inconsciente. Tente manter o diário à mão em todos os 
momentos, pelo menos nas próximas quatro semanas. Você poderá recordar um 
sonho a qualquer momento do dia; e tampouco há limites de tempo para os 
flashes de insight que você provavelmente terá, uma vez que iniciou o processo 
de recordação do sonho como primeira coisa que faz ao acordar de manhã.
Atenção que até aqui os exercícios por alguns dias é exclusivamente para 
que você se lembre dos sonhos, pois não adianta controlar o sonho sem ter a 
capacidade lembrar-se pois são em média de 3 a 5 sonhos por noite seria inútil 
ter a capacidade de controlar e não lembrar então estes passos não lhe 
conferirá condições de controle ainda. Sempre quando estiver adormecendo, 
afirme silenciosamente para si mesmo que você pretende se lembrar dos 
sonhos que teve ao acordar de manhã. Em segundo lugar, arrume tempo, com 
a máxima frequência possível, para se lembrar de suas experiências oníricas e 
refletir sobre elas assim que acordar, antes mesmo de abrir os olhos, mexer-se 
ou se ocupar com quaisquer outros pensamentos. Em terceiro lugar, use 
conscientemente o diário para anotar seus sonhos.
35
Passo 4: influenciar os sonhos através de pensamentos e imagens que surgirem em 
sua mente antes de adormecer. Esta técnica poderosa, conhecida como incubação 
do sonho, tem sido praticada, de uma forma ou de outra, desde os tempos mais 
antigos.
A incubação do sonho pode ser tão complexa quanto passar dias num 
ambiente especial, meditando e praticando elaboradas cerimônias, culturais, ou 
tão simples como dizer a si mesmo, secretamente, para sonhar com um certo 
assunto pouco antes de adormecer. A técnica da incubação do sonho que indico 
é simples e eficiente, deverá proporcionar-lhe um controle cada vez maior sobre 
seus sonhos. À medida que aplicar esta técnica ao longo do tempo, você deverá 
conscientizar-se de que ela é uma potente ferramenta para resolver problemas, 
mudar maus hábitos, melhorar o sistema imunológico e conhecer seu eu mais 
profundo. A primeira parte do nosso processo de incubação do sonho envolve 
tornar especial o ambiente em que você sonha, impregnando seu habitat 
onírico habitual com um clima conducente à indução de sonhos desejados.
Portanto, comece o 3º Dia refletindo sobre a atmosfera psicológica do 
lugar em que você costuma dormir. Pense na possível influência que qualquer 
objeto ou imagem dentro desse cenário pode ter em seus sonhos. Os objetos do 
seu quarto de dormir são ricos em elementos estimulantes e símbolos, tais 
como obras de arte e fotos de pessoas amadas? Ou é seu dormitório insípido, 
caracterizado por imagens visuais inexpressivas e pilhas de papéis de trabalho 
que você traz do escritório para casa? Você geralmente dorme e sonha num 
lugar tranquilo, ou a atmosfera é frequentemente perturbada pelo barulho do 
tráfego ou o som de uma televisão em outro quarto? A temperatura usual do 
36
aposento onde você dorme é adequada? E a ventilação, é perfeita? As cores das 
paredes de seu quarto são um calmante para a alma ou você as acha 
estimulantes demais, ou, ainda, apenas enjoativas? E o mais importante: que 
mensagens emocionais você recebe do seu quarto de dormir? O que transmite 
o ambiente sobre suas relações e valores pessoais, o que reflete das atitudes 
que você tem em relação ao sono e ao sonho?
Depois de ter refletido sobre estes temas, transforme seu quarto de dormir 
e sonhar num lugar tão calmo e confortável quanto possível. Decore-o com seus 
objetos prediletos, que manifestem os aspectos mais positivos da sua 
personalidade. Faça o melhor que puder para tomar o quarto atraente e retire 
quaisquer imagens que sejam perturbadoras ou intromissões e que poderiam 
intervir na pesquisa do sonho. Enquanto seleciona esses objetos, concentre-se 
no tema do sonho que pretende ter, excluindo, aos poucos, todos os outros 
pensamentos da sua mente. Diga a si mesmo, tranquilo, que espera sonhar 
com o assunto que lhe interessa e que se lembrará do sonho quando acordar. 
Depois de ter selecionado os objetos apropriados para a incubação do sonho, 
arrume-os cuidadosamente, de forma esteticamente atrativa, dentro do quarto 
que você escolheu para sonhar. Se quiser, pode até colocar alguns desses 
objetos na cama. Você poderá também tornar o ambiente mais agradável se 
tocar uma música capaz de conduzir ao tema que deseja para seu sonho 
incubado.
37
Pouco antes de desligar a luz e dormir, tire alguns momentos para seguir a 
técnica da “concentração na frase”, desenvolvida pelo psicólogo especializado 
em sonhos Gayle Delaney, de San Francisco, Califórnia, e baseada numa 
sugestão feita originalmente pelo psicólogo suíço Carl Jung: enuncie o tema do 
sonho que deseja ter numa única frase, da seguinte forma: Devo aceitar a 
oferta de emprego no Circo Tihany? Ou Como realmente me sinto em relação a 
Melvin? Em seguida, usando sua caneta macia, escreva a frase no diário do 
sonho. Se lhe aprouver, poderá também desenhar uma figura para ilustrar o 
tema. Assim que terminar, apague a luz e vá dormir. Continue concentrando-se 
em sua frase e/ou figura. Na medida em que for adormecendo, imagine os 
objetos especiais que pôs no quarto. Lembre a si mesmo, intimamente, de 
sonhar com o tema desejado e obter insights, em seus sentimentos 
inconscientes, ligados ao assunto do sonho. Lembre-se também de que você se 
recordará de todos os sonhos convocados quando acordar.
Passo 5: concentrar-se-á em induzir um sonho que estimule suas aptidões criativas. 
Comece por fazer uma reflexão sobre suas necessidades criativas em 
geral. Agora escolha uma necessidade criativa em particular,que diga respeito 
a algo urgente. Se o assunto é motivo de grande preocupação, é muito provável 
que você já tenha, em algum nível da consciência, pensado nele. Na verdade, 
dada a sua formação pessoal, você provavelmente já encontrou algumas 
chaves sutis, talvez inconscientes, para a resposta que procura. Nesse caso, o 
que tem a fazer é ir em frente, em busca do sonho, isto é, deixar que sua 
experiência, conhecimento e energia criativa se unam num momento de visão 
evidente que se expresse num sonho.
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Pouco antes de se deitar, crie uma frase ou figura que melhor traduz seu 
problema, e anote-as numa página vazia de seu diário de sonhos. Continue 
concentrando-se nessa frase ou figura, enquanto adormece. Diga a si mesmo 
que você terá um sonho que vai esclarecer o problema e se lembrará dele 
imediatamente ao acordar.
Lembre-se de praticar as técnicas de recordação do sonho quando 
despertar, e também de anotar todas as impressões que ficaram desses sonhos 
o mais rápido possível. Você poderá ficar surpreso ao sonhar com imagens, 
palavras, ideias ou metáforas específicas, que se relacionam de forma nítida às 
suas preocupações criativas. Você poderá até acordar com uma solução 
provável e estabelecer uma ponte entre essa inspiração e um sonho específico.
Lembre-se de que as ideias ou imagens criativas que emergem de sonhos 
incubados devem ser avaliadas por uma perspectiva da consciência racional, 
em estado de vigília. Você poderá encontrar-se inicialmente inspirado por sua 
visão de sonho, para mais tarde perceber que ela exige aperfeiçoamento 
ulterior. Por outro lado – em especial se pratica a incubação do sonho criativo 
em base regular, você poderá ficar encantado ao se ver alcançando plena 
consciência em estado de vigília, com ideias, imagens ou impressões mentais 
completamente formadas e coerentes, diretamente aplicáveis às suas 
necessidades práticas imediatas.
Na medida em que você progredir poderá achar que a simples incubação 
do sonho, feita regularmente, o ajudará a resolver problemas pessoais, 
melhorar a saúde ou obter sucesso na carreira. 
39
O mais importante, porém, é que as técnicas de incubação do sonho o 
conduzam à comunicação com seu interior, que é acessível principalmente 
através dos sonhos. Uma vez essa comunicação estabelecida, você ficará mais 
apto para transpor o surrealista e irresistível terreno do sono lúcido e 
consciente.
Passo 6: Criando um método de verificar a realidade. 
O sonho lúcido é aquele no qual você está conscientemente informado do 
fato de que está sonhando. Como já disse, ter consciência dos pensamentos 
enquanto se dorme e sonha pode ajudar a nos tornarmos ainda mais 
conscientemente informados quando estivermos plenamente acordados. Uma 
forma de alcançar este estado mais amplo de consciência é perguntar-se 
regularmente se estamos acordados ou sonhando enquanto nos ocupamos de 
atividades cotidianas. Esta abordagem, muitas vezes sugerida por 
pesquisadores do sonho, é uma extensão natural do exercício da narrativa do 
sonho que se praticou antes. Ao fazer “testes de realidade” todos os dias e 
algumas vezes durante o dia você fará a mesma coisa dentro do sonho.
Comece o dia tão normalmente quanto de hábito, tomando o café da 
manhã e cuidando de seus afazeres em casa ou indo trabalhar. Mas a cada 
meia hora ou mais ou menos duas horas por dia, pare, olhe em volta e 
pergunte-se: Isto é um sonho? Ou como cheguei aqui? Suponhamos que você 
está tomando O metrô ao lado de sua casa com destino à empresa em que 
trabalha, no centro da cidade. Em primeiro lugar, preste atenção às pessoas 
que o rodeiam. Seus rostos lhe parecem normais, comuns? Ou será que aquele 
severo homem de negócios à sua esquerda tem um terceiro olho brilhante no 
40
meio da testa? E que tal o quadro de anúncios coloridos à sua direita? Olhe para 
as imagens nele exibidas e depois volte a olhar. Será que as imagens se 
alteraram a cada observação ou permaneceram sempre as mesmas? Uma das 
melhores maneiras de testar se você está ou não sonhando é tentar modificar 
deliberadamente algum aspecto do lugar em que está usando apenas o 
pensamento. Por exemplo: digamos que você está sentado num restaurante e o 
garçom lhe traz quatro almôndegas para o almoço. Antes que você dê uma 
mordida numa delas, olhe para o prato e deseje, mentalmente, que as quatro 
almôndegas se transformem em oito. Se a transformação acontecer, 
certamente você está em um sonho. Continue a se perguntar, ao longo do dia: 
Isto é um sonho? Em seguida, faça a pergunta acompanhada de um adequado 
teste de realidade.
Lembre-se de que você pode reconhecer um sonho através da ocorrência 
de qualquer coisa misteriosamente inadequada ou bizarra particularmente se 
você provocar tal ocorrência deliberadamente. Por exemplo: se você está 
voando por sua própria conta, se está respirando debaixo d'água ou no espaço 
sideral sem equipamento especial, se está erguendo um pesado caminhão sem 
ajuda de um guindaste ou fazendo amor de forma apaixonada e ardente com 
um gnomo de cor púrpura, o mais provável é que você esteja tendo um sonho. 
Se seus sentimentos e pensamentos parecem estranhamente 
contraditórios, ou se a estrutura da realidade apresenta mutações contínuas, 
provavelmente você está sonhando.
41
Se seu teste de realidade sugerir que você não está sonhando naquele 
momento, lembre-se de que está acordado e consciente de tudo que se passa à 
sua volta. A cada vez que perceber que está acordado, diga para si mesmo: Isto 
não é um sonho. Em seguida, concentre-se nas sensações e percepções da 
consciência em estado de vigília. Se, por outro lado, você sentir que está no 
meio de um sonho, diga para si mesmo: Eu estou sonhando. 
Antes de ir para a cama, diga aos seus botões: Esta noite eu saberei que 
estou sonhando quando estiver no meio de um sonho. Escreva esta frase em 
seu diário de sonhos. Em seguida, coloque o diário ao lado da cama e repita a 
frase novamente, enquanto se deixa levar pelo sono. Mais importante ainda. 
lembre-se de realizar em seus sonhos lúcidos os mesmos testes de realidade 
que praticou durante o dia. Se você acordar durante a noite, depois de ter tido 
um sonho, pare para pensar sobre o que foi o sonho. Depois, repita a frase: Esta 
noite eu saberei que estou sonhando quando estiver no meio do sonho e volte a 
dormir.
Passo 7: A técnica recomendada pelo psicólogo Stephen LaBerge, do Centro de 
Pesquisa do Sono da Universidade de Stanford. Usando este método, você 
aprenderá a reconhecer o estado de semiconsciência no qual a maioria das 
pessoas entra depois que acorda de um sonho. Em seguida aprenderá a 
transformar este estado semiconsciente em sonho lúcido.
Sugiro que você comece o dia a perguntar a si mesmo, ao longo do dia e 
de forma regular, se está ou não sonhando. 
42
Antes de ir para a cama, escreva em seu diário do sonho: Esta noite eu 
saberei que estou sonhando quando estiver no meio de um sonho, e repita esta 
frase para si mesmo enquanto se deixa levar pelo sono.
É provável que você acorde espontaneamente de um sonho não-lúcido 
durante as primeiras horas da manhã. Quando acordar, fique deitado na cama 
silenciosamente, sem se mexer nem abrir os olhos, e pense no sonho que 
acabou de ter. Reveja o sonho mentalmente em seus mínimos detalhes, 
absorvendo o impacto emocional do cenário, personagens, enredo e fantasia 
estética. Reveja o sonho várias vezes mentalmente, até que você o tenha 
gravado na memória consciente.
Em seguida, reveja o sonho novamente, acrescentando, desta vez, um 
elemento que estava faltando antes: enquanto repassa o sonho emsua mente, 
aborde-o como se você, o sonhador, estivesse consciente do sonho na forma 
em que ele está acontecendo. Repita a frase: Eu reconhecerei um sonho quando 
estiver sonhando e deixe-se cair no sono. 
Se você seguir estas instruções, provavelmente se encontrará saindo de 
seu estado consciente para o domínio do sono e dos sonhos. Você poderá, 
possivelmente, encontrar-se repassando o sonho que acabou de ter ou gerando 
um novo sonho, capaz de incluir ou não elementos do sonho anterior. Em 
qualquer um dos casos, logo você poderá se encontrar no meio de um sonho 
lúcido desenvolvido.
43
Uma coisa muito importante ter antes de dormir é a Intenção, assegure-se 
de que o aposento onde vai dormir e sonhar reflete sua intenção primordial: a 
de se tomar consciente em seus sonhos. A fim de sinalizar esta intenção para 
sua mente inconsciente, sugiro que você escolha o que chamamos de um 
símbolo de lucidez e o coloque no quarto onde dorme. Este símbolo pode ser 
uma imagem do universo, uma elegante e bela luminária, um brinquedo de 
borracha constante de um catálogo de novidades ou qualquer outro objeto que 
sirva como lembrança simbólica pessoal de seu propósito de ter um sonho 
lúcido. Lembre-se de que o símbolo não é obrigado a induzir um sonho 
específico, mas usado para servir como lembrança de seu objetivo.
Passo 8: Quem Está Voando Agora?
Voar sonhando pode ser uma das experiências de sonho lúcido mais 
agradáveis e arrebatadoras. Esta sensação pode ser tão estimulante quanto um 
passeio de montanha-russa ou tão calmante quanto uma semana de repouso na 
praia, descansando e assistindo ao pôr do sol. Voar no sonho pode até salvar 
sua “vida” durante o mais apavorante sonho de terror que existe: o da queda 
sem fim. E mais: quando aprender a voar em sonhos lúcidos, você terá 
adquirido um meio de transporte capaz de levá-lo virtualmente a qualquer 
ponto do reino mágico da realidade onírica, inclusive deslocar-se para trás e 
para diante no tempo.
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Para começar, observe o seu símbolo de lucidez. Retire todas as outras 
imagens e objetos que estiverem próximos e substitua-os por figuras de 
pássaros, aviões ou mesmo o Super-Homem voando. Em seguida, saia de casa 
e ocupe-se de suas tarefas diárias. Como no dia anterior, continue a fazer testes 
de realidade e reafirme seu desejo de ter um sonho lúcido. Passe também uma 
boa parte do dia pensando em como gostaria de voar em sonhos. Sugiro ainda 
que, enquanto passeia por seu mundo em estado de vigília, olhe para cima, 
para o céu, e observe o vôo dos pássaros e aviões. Se tiver tempo, você poderá 
até visitar um aeroporto, ou assistir a alguns episódios da velha série do Super-
Homem na televisão, estrelada por George Reeves. (Recomendamos esta série 
e não a mais recente, simplesmente porque a versão original incluía mais vôos.) 
ou se você tem menos idade e conhece a serie de desenhos dragon ball z, 
recomendo procurr no youtube goten e videl aprendem a voar Quanto mais 
você pensar sobre o processo de voo, mais provável é que voe nos sonhos e 
fique lúcido naquele momento, certo dia eu me tonei lucido no sonho e a 
primera coisa que fiz após verificar que era um sonho foi agora eu vou voar e 
sai voando e aproveitando a vista é muito legal.
Depois que chegar em casa, vindo de suas atividades diárias, recorde 
sonhos de voo que teve no passado e escolha um lugar onde o sonho se 
passará. Crie uma frase chave para o voo do sonho e repita-a várias vezes. Por 
exemplo: você poderá dizer Quero voar ou Esta noite voarei para Paris ou Rio de 
Janeiro. 
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Antes de ir para a cama, passe algum tempo relaxando em seu quarto de 
dormir e observando, tranquilo, seu símbolo de lucidez e as imagens de voo de 
incubação que você escolheu para seu altar de sonho. Em seguida, usando a 
caneta especial, escreva sua frase de incubação do sonho, descrevendo seu 
desejo de voar em sonhos no diário. Se tem em mente um lugar determinado 
onde seu sonho deverá acontecer, especifique-o também. Uma única frase, 
tendo como modelo uma das citadas acima, deverá produzir os melhores 
resultados.
Agora, ponha o diário de sonhos de lado e apague a luz. Enquanto for 
mergulhado no sono, repita suavemente a frase que acabou de escrever. 
Continue concentrando-se em seu desejo de voar e de estar lúcido nos sonhos. 
Concentre-se também no local do sonho que pretende ter. Agora, imagine as 
imagens de voo que lhe parecerem ser as mais adequadas. Conceda-se a 
permissão de sonhar com o tema desejado e também de ficar conscientemente 
informado a respeito do sonho. Lembre-se de que você se recordará de todos os 
sonhos afins quando acordar.
Alerta. Se você acordar durante a noite, enquanto estiver sonhando, use a 
abordagem de voltar ao sonho para ajudar a estimular o voo do sonho lúcido, 
Depois que acordar espontaneamente de um sonho, deite-se tranquilamente na 
cama, não se mexendo nem abrindo os olhos e pense no sonho que acabou de 
ter. Mantendo um estado de semiconsciência, narre os detalhes do sonho de 
voo que gostaria de vivenciar e, enquanto volta ao sono, digo mentalmente: 
Esta noite eu voarei. Imagine-se voando no sonho para o local escolhido.
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Alerta. Como sempre, você deverá fazer os testes de realidade quando 
achar que pode estar tendo um sonho lúcido. Se você estiver voando sem ajuda 
mecânica, terá uma prova muito convincente de que está sonhando. Se 
perceber que está sonhando, mas ainda não vivenciou o voo onírico, use esta 
oportunidade para se lembrar de voar. Jogue os braços acima da cabeça e dê 
um salto para o ar, como faz o Super-Homem, batendo os braços como asas 
gigantes ou apenas concentrando os pensamentos de forma tão intensa na 
ideia de voar que você não poderá deixar de criar a experiência de voo no 
sonho. Usando estes métodos, você muito provavelmente alcançará sua meta.
Desta vez, não escolha apenas um lugar indefinido, como a cidade de 
Nova Iorque ou o Texas. Selecione um lugar altamente específico, como uma 
cadeira na primeira fila do Teatro Municipal do Rio de Janeiro para assistir a uma 
apresentação da ópera La Traviata ou o campus de uma universidade como a 
PUC. Embora possa ser mais difícil de conseguir, você poderá até escolher um 
lugar no passado distante ou no futuro. Para bater papo com Platão ou visitar 
uma colônia espacial, perto do planeta Marte, no ano 3000 D.C. Uma vez que já 
escolheu para onde deseja ir, junte alguns objetos ou imagens que recordam o 
local e coloque-os perto do símbolo de lucidez que você mantém em seu 
quarto. (Retire os objetos que usou para incubar outros sonhos em noites 
anteriores.) Anote o lugar para onde pretende ir, de forma tão clara e precisa 
quanto possível em seu diário de sonhos, junto com uma frase que indique seu 
objetivo de ter um sonho lúcido. Imagine primeiro o lugar específico para onde 
deseja ir e reafirme seu desejo de ter um sonho lúcido quando adormecer. 
Deixe que os objetos que simbolizam seu objetivo atravessem sua mente.
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Passo 9: A Criação do Sonho.
Começarei a lhe ensinar um outro nível de controle consciente do sonho: a 
capacidade de desejar deliberadamente a modificação dos personagens, 
cenários, acessórios e enredo do sonho, você deverá aprender a dirigir suas 
experiências oníricas tão habilidosamente quanto Spielberg dirigiu o ET.
No entanto, enquanto se ocupa com suas tarefas diárias, mantenha 
também uma outra coisa em mente: que, como Merlin, o mágico, ou Glinda, a 
boa bruxa do Norte, você reivindicar o poder de criar, destruir ou modificar 
objetos e pessoas em seus sonhos. Na verdade, sugiro que você se imagine na 
pessoa de um diretor de cinema com acessoa cenários, acessórios, um elenco 
de milhares de figurantes e os melhores efeitos especiais, enquanto se ocupa 
de suas tarefas diárias. No início do dia, pense num filme recente que tenha 
visto e que o decepcionou, e dirija a ação mentalmente. Como o filme teria 
ficado se as mudanças que você imagina realmente pudessem ser feitas? 
Agora, pense na sequência de um filme que você, como diretor, poderia criar a 
partir de um esboço. Sobre o que seria o filme? Quem o estrelaria? Onde ele se 
passaria?
Depois que tiver terminado de praticar o exercício descrito acima, escolha 
um momento tranquilo de seu dia, talvez sua hora de almoço para visitar uma 
área povoada, onde você possa simplesmente sentar-se e olhar em torno, sem 
ser perturbado. Um bar ao ar livre, um shopping ou mesmo uma cancha de 
boliche funcionam bem para esta parte do exercício. 
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Sente-se e concentre sua atenção no que acontece à sua volta. Observe os 
arredores, as plantas decorativas, as fachadas das lojas e os letreiros. Observe 
as pessoas que passam pelo lugar e preste atenção a qualquer cheiro ou som 
que chegue até você. Por exemplo: aquele casal de aparência exótica na mesa 
ao lado está no meio de uma briga? E o perfume da mulher, Aquele homem 
atrás do balcão parece extremamente feliz ou excessivamente aborrecido? E 
aquela mulher atarracada, com uma enorme sacola, será uma feirante 
aposentada ou uma dona de casa vinda da aula de ginástica? Onde ela 
conseguiu aquela tosse irritante, asmática? O que há dentro da sacola?
Passe mais ou menos uns quinze minutos observando, conscientemente, o 
lugar onde está. Em seguida imagine que as pessoas, a música e os aromas que 
o rodeiam são elementos de um novo tipo de diversão, um filme 
“multissensorial” - sobre o qual você tem completo controle criativo. 
Imagine que você é o diretor, enviado para montar este projeto. Digamos 
que você está num café ao ar livre, sentado ao lado do exótico casal envolvido 
numa briga. Examine o que comem e suas roupas, rugas e traços faciais e, com 
o olhar da mente, comece a imaginar a mudança. Olhe fixamente para o 
hambúrguer gorduroso da mulher até que, ao menos para você, ela esteja 
comendo uma banana. Você acha o perfume desagradável? Concentre-se em 
seu sentido de olfato até que, ao menos para suas narinas, o perfume seja 
agradável. O cavalheiro tem cabelo escuro e curto, mas você pode transformá-
lo num louro de cabelo comprido. O café, pela aparência, talvez seja ótimo para 
comer um sanduíche na hora do almoço, mas se você se concentrar bastante, 
poderá “localizá-lo” na Rive Gauche de Paris e se imaginar tomando uma sopa 
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de cebolas francesas. Ao usar esta técnica, imagine-se mudando cada detalhe 
do cenário que o rodeia, até que sua sensibilidade estética esteja satisfeita.
Agora, imagine levar o “filme” de sua vida real ainda mais longe, criando 
um roteiro cinematográfico para o casal que está a seu lado representar. “Veja” 
o homem enfurecendo-se, indo para o aeroporto e entrando num avião. Imagine 
a mulher virando a mesa, com toalha de linho branco, rosas e o resto e 
intimidando os fregueses com um revólver. Qualquer que seja o cenário, vá até 
a conclusão mais surrealista e fascinante que houver na sua mente. Não se 
esqueça de modificar a linha do enredo e outros detalhes sempre que você 
sentir que a história perdeu seu impulso criativo (este exercício é usar a 
imaginação consciente pra um sonho diurno). Quando você se sentir satisfeito 
com a experiência imaginada neste exercício, continue seu dia normalmente. 
Ao chegar em casa, entre em seu quarto de dormir e, antes de ir para a cama, 
veja mentalmente o “filme” que criou mais cedo. Concentre-se especialmente 
nos detalhes que modificou e, em seguida, usando sua caneta especial, escreva 
no diário de sonhos: Esta noite eu mudarei meus sonhos. Depois apague a luz e reveja 
os exercícios mentais desta tarde, enquanto se deixa mergulhar, cada vez mais 
profundamente, no sono.
Lembre-se: comece devagar. Na primeira vez em que você tentar modificar 
as imagens de seus sonhos lúcidos, lide com poucas coisas; transforme aquela 
macieira num coqueiro, por exemplo, ou seu quarto num bar do velho Oeste. 
Mais tarde, quando aperfeiçoar a técnica da criação do sonho, você deverá ser 
capaz de modificar virtualmente qualquer coisa em seus sonhos, seja invocar 
um batalhão inteiro de cavalaria ou uma chuva de rãs. 
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Se você não está a fim de voar para o local onde deseja que o sonho 
aconteça, deve ser capaz de trazer o local para perto. 
Para ter um controle muito eficaz sobre seus sonhos, você pode aplicar 
técnicas de criação do sonho depois de acordar espontaneamente de um sonho, 
durante as primeiras horas da manhã e, em seguida, voltar a um sonho lúcido. 
Por favor, lembre-se de que alterar os detalhes de um sonho lúcido poderá 
acordá-lo, levando aquele sonho ao fim. Se tal fato lhe acontecer, mantenha um 
estado de semiconsciência enquanto continua o exercício da criação do sonho 
em sua imaginação. Isto o habilitará a experimentar o impacto simbólico do 
exercício sem sentir que, de alguma maneira, você falhou.
Lembre-se de praticar a recordação do sonho e anotar todos os sonhos 
relembrados em seu diário. De agora em diante, observe todos os elementos 
oníricos que você modificou usando a técnica da criação do sonho.
Nesta altura, você provavelmente já percorreu um longo caminho em 
direção à extração do potencial dos sonhos lúcidos para o crescimento pessoal. 
Quer tenha obtido soluções criativas para problemas profissionais ou orientação 
em sua vida amorosa, você provavelmente descobriu que o sonho lúcido pode 
lhe dar condições para ter acesso ao conhecimento normalmente enterrado no 
fundo de sua mente inconsciente, isto é, sonhar e influenciar deliberadamente o 
conteúdo dos sonhos ou induzir a lucidez de forma consciente. Sonhar 
livremente pode dar à sua mente inconsciente uma oportunidade de liberar um 
pouco da energia psicológica residual e equilibrar algumas das experiências 
oníricas mais conscientemente estruturadas das duas últimas semanas. 
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SONHO LÚCIDO INDUZIDO
Para diminuir as ondas cerebrais e ter o sonho lúcido mais rápido para 
usufruir ao máximo dos benefícios em potencial destas instruções, eu lhe peço 
que, ao menos inicialmente, você se faça acompanhado com um amigo ou 
parceiro que o guie ao longo do exercício de relaxamento que se segue ou 
grave com um gravador e ouça para o exercício. 
Comece por encontrar um lugar reservado e confortável para se deitar. Em 
seguida, peça a seu amigo que leia vagarosa e tranquilamente as instruções em 
voz alta, ponto por ponto, exatamente como estão descritas abaixo, fazendo 
uma pausa onde estiver indicado. Você também poderá desejar uma fita 
gravada por você ou seu amigo lendo as instruções, de forma que possa 
exercitar-se sozinho depois desta sessão inicial.
1 – Aspire o ar profundamente, expirando bem devagar, estique os 
músculos e relaxe. Agora, imagine que correntes de ar quente de energia 
mental estão se movendo muito vagarosamente pela planta de seus pés, em 
direção aos tornozelos. Perceba e concentre-se nos músculos dos pés ficando 
aquecidos, relaxando gradualmente, enquanto você imagina as correntes de ar 
passando através deles. (Pausa.) 
2 – Imagine estas correntes continuando a mover-se para cima, ao longo 
da panturrilha (pausa), pelas coxas (pausa), através dos quadris (pausa) e 
nádegas (pausa) e pelo baixo-ventre e abdome. (Pausa.)
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3 – Prossiga devagar, dando tempo para que cada grupo de músculos fique 
bem relaxado, antes de deixar que imaginárias correntes de ar se movam para 
a próxima região de seu corpo, (Pausa.)

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