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Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. Design and art during the 60’s and 80’s: Pop, Op, Psychedelic, Anti-Design and Radical Design. Figueiredo, Laura Villas Boas; Universidade Anhembi Morumbi. sailor_laura@hotmail.com Faria, José Neto de; Ms.; Universidade Anhembi Morumbi. josenetodesigner@yahoo.com.br Meirelles, Junia C. J. Parreira; Ms.; Universidade Anhembi Morumbi. josenetodesigner@yahoo.com.br Navalon, Eloize; Ms.; Universidade Anhembi Morumbi. navalon@uol.com.br Resumo “Design e arte durante os anos 60 e 80” propõe uma análise e uma reflexão sobre a produção de arte e design durante os anos 60 a 80, destacando a arte pop, o op, o psicodélico, o design radical e o anti-design. O objetivo principal é compreender a evolução e as relações entre arte e design. O estudo teórico, qualitativo, dedutivo analisa o design, a arte e suas influências na sociedade contemporânea pela comparação de princípios e formas estéticas que perduravam até o momento presente. Destaca e contrapõe os grupos de anti-design e radical design Alchimia, Archizoom, Gruppo Strum e Super Studio. Palavras Chave: Pop-art; Op-art; Psicodelismo; Anti-Design e Design radical. Abstract "Design and art during the 60s and 80s" offers an analysis and a reflection about art production and design during the 60s and 80s, highlighting the pop art, op, psychedelic and radical design and anti-design. The main goal is to understand the evolution and the relations between art and design. The theoretical, qualitative, deductive design study analyzes the art and its influences on contemporary society through the comparison of the principles and aesthetic forms that lasted until now. Highlights and opposes the groups of anti-design and radical design Alchimia, Archizoom, Gruppo Strum and Super Studio. Keywords: Pop Art; Op Art; Psychedelic; Ant-Design and Design radical. Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design Introdução. “Design e arte durante os anos 60 e 80” apresenta um panorama da arte e do design durante os anos de 60 a 80. Expõe uma análise e uma reflexão sobre a modernidade e a pós- modernidade e procura exemplificar como a arte e o design acabaram renovando-se, mudando de valores. Destaca a importância dos movimentos artísticos, Pop, Op e Psicodelismo, e dos novos movimento do design, Design Radical e Anti-Design. Este artigo foi dividido em três partes: confere o modernismo e o pós-modernismo; analisa os movimentos artísticos que surgiram na década de 60, se aprofundando no Pop, no Op e no Psicodelismo; e reflexão e análise sobre o Anti-Design e o Radical Design, em que compara os grupos de design mais influentes na época e suas obras. Metodologia. O presente trabalho é o resultado de uma pesquisa teórica, qualitativa, dedutiva e indutiva que estuda a modernidade e a pós-modernidade para entender os movimentos artísticos e de design dos anos 60 a 80. A pesquisa foi dividida em cinco momentos: levantamento do referencial teórico; pesquisa e levantamento de dados relevantes; organização, classificação e análise dos dados; análise dos resultados da pesquisa; e reflexão e descrição dos resultados da pesquisa. Modernidade / Pós-Modernidade. Pode ser considerado equívoco tratar o modernismo e o pós-modernismo como sendo movimentos opostos em todos os sentidos. Tal visão exclui toda a diversidade cultural ideológica e gera uma visão caricata da arte e do design destas épocas. (...) A falsa unidade que se tenta montar para esconder a heterogeneidade e a pluralidade cultural existente no sistema, movida pela aparência da imagem como instrumento de unificação e mediação social, produtora do espetáculo como representação de toda a sociedade (DEBORD apud FARIA, 2008, p.18). O pós-modernismo contrariava o modernismo em sua ideologia, buscava um novo meio de produzir design, desprendido dos valores eruditos e dos valores intrínsecos dos materiais, mais apegado aos valores emocionais e às expressões populares, muitas vezes, pode-se dizer, na procura de emoções baratas. Segundo Michael Tambini (2004, p.24), o modernismo era visto como elitista, ininteligível e sem apelo, por outro lado, os pós- modernos tinham como objetivo popularizar o erudito e tornar o intelectual acessível. Buscava-se a revalorização do humano e da cultura por meio da estética e de seus processos de produção. Depois da crise do petróleo, na década de 90, com a consciência de que o planeta estava sendo afetado pelas atividades humanas, começou-se a repensar as relações do homem com a cultura e com o meio ambiente. A promoção da propensa diminuição das ideias de solidez, fixação e pureza, típicas da máquina e do início do modernismo, passam a dar lugar às ideias de fluidez, flexibilidade e hibridização, características da circulação da informação (FARIA, 2008, p.22). O design não pode ser gerado do nada, ele se apóia no passado como base de criação para o futuro, do contrário, sem essa base, ele seria sempre o mesmo, não evoluiria. Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design Generalizar um movimento de design por sua estética é ignorá-lo como um objeto cultural repleto de significado, ignora a diversidade cultural de uma sociedade na qual coexistem os mais diversos tipos de culturas. O design passou a expressar a diferença entre gerações e a mudança do pensamento da sociedade; a geração pós-guerra caracteriza essa liberdade social no design e a expressa no pós-modernismo, conforme figura 01. Assim começou a rejeição ao modernismo, considerado incapaz de atender a demanda desse ávido exército de novos consumidores desejosos de mudança e variedade em vez de permanência e uniformidade (TAMBINI, 2004, p.22). Figura 01 - Modernismo: cadeira 'Wassily' de 1925; bule 'Marianne Brandt' de 1924; e chaleira 'Christian Dell' de 1922 (BAUHAUS, 2010); e Pós-modernismo: cadeira pop de Allen Jones de 1969 (TORRENT, R.; MARÍN, J. M., 2007); sofá ‘Torneraj’ de Giorgio Ceretti, Pietro Derossi e Ricardo Rosso de 1968; e cadeira ‘Sacco’ de Pietro Gatti, Cesare Paolini e Franco Teodoro de 1968 (AMBASZ, 1972). É certo que a tecnologia evoluiu, e com esta evolução mudou-se o processo de fazer design conforme a ideologia e a cultura da sociedade. No modernismo, merece destaque no design a supervalorização da tecnologia e da funcionalidade em relação à estética, na qual, por muito tempo, foram cultuadas as formas simples e racionais. Contudo, mesmo na pós- modernidade, essa cultura de valorizar a tecnologia permaneceu, a tecnologia continuou a ser estimulada, novos processos tecnológicos deram margem a novos processos de design, a diferença foi a inversão dos focos, no qual o racionalismo e o funcionalismo tecnológico deixaram de ser a prioridade em benefício dos valores culturais estéticos, representados em formas lúdicas, descontraídas e divertidas. O funcionalismo não foi aniquilado, mas seu processo racional no design deu lugar à experimentação de novas formas, conceitos e processos de produção. Surgiram objetos com valores práticos e funcionais insatisfatórios, como o sofá “Torneraj”, mas também surgiram outros com novos valores como a cadeira “Sacco”. Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design Mesmo a relação fundamental entre forma e função já não é automaticamente aceita. O pós-moderno se rebelou com o seu uso de citações históricas, campo e pompa, individualidadee colorido contra as incolores formas racionais de um modernismo dogmático (HAUFFE, 1998, p.149 – Livre Tradução). Pop / Op / Psicodelismo. O pós-modernismo foi marcado por uma revolução nos campos da arte e do design, pelo surgimento de novos estilos artísticos, tais como o Pop, o Psicodelismo e o Op. O Pop representava a volta da arte figurativa contra o expressionismo abstrato, era irreverente, colorido e divertido, tinha como ideologia o fim do elitismo, do erudito e a reflexão sobre o impacto da popularização das tecnologias de produção em massa. O pop art se esquivou da seriedade da arte abstrata e converteu em motivo artístico tudo o que a sociedade de consumo produzia de forma massiva. Precursor em mais de um aspecto da pós-modernidade, o pop introduziu a banalidade na arte (TORRENT; MARÍN, 2007, p.339 - Livre Tradução). A arte Pop transformou o comercial e o cotidiano em arte, por isso não tardou a atingir as massas e tornar-se popular, de fato, proporcionou ao design novas formas de expressão e foi utilizado com grande sucesso no meio publicitário. Foi uma vanguarda popular de êxito, e conseqüentemente, alcançou os objetivos de sua ideologia, os quais procuravam dar fim ao elitismo, redefinindo o vulgar e o refinado, causando mudanças não só no campo da arte e do design, mas também na mentalidade da sociedade da época. Segundo Torrent e Marín (2007), o pop possuía duas faces, oscilava entre ironia e celebração da sociedade de consumo e variava de acordo com o autor e sua obra, conforme figura 02. O Pop tem como maiores representantes o cineasta e artista Andy Warhol, o artista Roy Lichtenstein e o artista Robert Rauschenberg. Figura 02 - Obra 'Wicked Witch' de Andy Warhol (WOOSTER PROJECTS, 2010); luminárias ‘Passiflora’do Superstudio de 1968 (AMBASZ, 1972); e cadeira ‘Blow’ de De pas, D’Urbino, Lomazzi e Scolari de 1967 (TORRENT, R.; MARÍN, J. M., 2007). A vanguarda psicodélica também era jovem e segundo Torrent e Marín (2007, p.347) foi inspirada no lúdico e no onírico de uma geração fortemente influenciada pelas drogas, expressava-se no design por meio de cores vibrantes e curvas exageradas. O surreal e o exagero são as maiores características deste movimento. Enquanto os modernistas olhavam apenas para o futuro em busca de inspiração, o psicodelismo olhava para todos os lugares, muitas vezes através das névoas das drogas alucinógenas. Seus artistas buscavam inspiração no início do século, Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design incorporando aspectos da art noveau e da secessão de Viena em seu trabalho; olhavam para o oriente e regrediam até o Egito antigo em busca de referências; olhavam também para seu próprio mundo, criando uma linguagem visual inspirada na droga que visava a um público seletivo (TAMBINI, 2004, p.22 e 23). O exagero no experimentalismo das formas e das cores no design gráfico muitas vezes resultava em produtos finais ilegíveis e confusos, as mesmas características eram observadas no estilo Anti-Design. Dois grandes representantes do psicodelismo no design gráfico foram os artistas Wes Wilson e Milton Glaser. Figura 03 - Cartaz de Milton Glaser, show de Bob Dylan (WILSON. W, 2010); cadeira ‘Ribbon’ de Pierre Paulin de 1966 (TORRENT, R. ; MARÍN, J. M., 2007); e interior do ‘Visiona II’ por Verner Panton de 1970 (ONLINE MUSEUM, 2010). Os designers rejeitavam o “design universal” do modernismo, e revisitavam todas as formas de fazer design, explorando e experimentando ao extremo, a funcionalidade e praticidade não eram mais visadas, a forma era superexplorada para maximizar todas as sensações que o objeto pudesse transmitir, conforme figura 03. Figura 04 - Interior do restaurante 'Astoria' por Verner Panton de 1960 (VERNER PANTON DESIGN, 2010); vestido ‘Hood’ da designer Vuokko Eskolin-Nurmesniemi de 1960 (TORRENT, R. ; MARÍN, J. M., 2007); obra da artista Op Bridget Riley 'Movements in Squares' de 1961 (OP-ART, 2010). Segundo Torrent e Marín (2007, p.345) a vanguarda Op procura proporcionar sensações visuais, ópticas, a partir de linhas pretas e brancas, mas também a partir de cores que se curvam e se interligam, seu objetivo é brincar com a visão humana, por meio do efeito Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design de causar a sensação de movimento e profundidade em uma superfície 2D, muitas vezes, usando padrões de repetição de formas, conforme figura 04. O Op por muitas vezes é abstrato, procura brincar mais com o uso das formas e das linhas do que das cores, por isso frequentemente se expressa em imagens em preto e branco ou monocromáticas. Um dos maiores representantes desta vanguarda é a pintora britânica Bridget Riley e o artista Victor Vasarely. Anti-Design / Design Radical. O movimento de Design Radical e de Anti-Design se consolidaram como revolta ao modernismo, essas vanguardas podem ser vistas como as primeiras vanguardas pós-modernas, mesmo não sendo voltados ou acessíveis para a população, esses movimentos marcam a transição do modernismo para a pós-modernidade. O Anti-Design e o Design Radical devido à forte carga ideológica, mesmo que carregassem aspectos distintos, quando se aproximaram e se fundiram, deram origem a uma das principais correntes ideológicas da pós-modernidade. Se o modernismo foi caracterizado por noções de permanência, o anti-design abraçou a efemeridade do Pop (mostrado na Bienal Vennice de 1964), o consumismo e a linguagem dos meios de comunicação de massa; onde a paleta modernista era geralmente silenciada com uma predominância de negros, brancos e cinzas, o Anti-Design explorou o rico potencial da cor. Onde o modernismo admirava a integridade das propriedades dos materiais na sua forma pura, o Anti- Design abraçou o ornamento e a decoração (WOODHAM, 2004, p.163 – Livre Tradução). O Pop, além de influenciar a sociedade de uma época, influencia diretamente as vanguardas de Anti-Design e Design Radical. Na década de 60, a relação do designer com a grande indústria é desvinculada, o meio artesanal de se fazer design é revistado, mais do que uma característica prática e funcional, novamente é conferida ao design uma carga simbólica, valores simbólicos expressos nas vanguardas pós-modernistas. Assim surgiu o chamado Design Radical e Anti-Design ou design que recebeu influências inegáveis do pop-art dos anos sessenta e alguns elementos de culturas primitivas. Os objetos se expressam como símbolos visuais e os designers desenvolvem o seu trabalho sem a mediação da grande indústria. Voltando os olhos novamente para o estilo e a concepção artesanal (SALINAS, 2001, p.204 – Livre Tradução). O Anti-Design não visava à funcionalidade nem ao apelo comercial, pelo contrário, era contra esses dois componentes fundamentais num projeto de design usual, promovia a estética pelo uso de formas e texturas diferenciados, as quais em combinação com a ausência de aspectos funcionais, praticidade, racionalidade, universalidade e estandardização, eram consideradas na época como projetos incoerentes e absurdos. Como expresso por Jonathan Woodham (2004, p.361), o Anti-Design em vez de abraçar o estilo como um meio de aumentar as vendas, buscou aproveitar o potencial social e cultural do design, usando-o como ferramenta chave para uma nova revolução ideológica e cultural. A principal diferença do Anti-Design tem sido a mais forte vontade política para o ataque as estruturas ideológicas das tendências predominantes. Dos grupos italianos de Design Radical, o Gruppo Strum tinhanos seus princípios bases filosóficas do Anti-Design abrindo caminho para o surgimento do pós-modernismo no início dos anos 80 (KUNSTBUS, 2008 – Livre Tradução). Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design O campo do Anti-Design e Design Radical pode ser marcado por grupos como o Superstudio, Gruppo Strum, Alchimia, Archizoom Associati, Memphis. O Gruppo Strum, originado da Itália, destaca-se no campo do Anti-Design, composto por Geoge Ceretti, Derossi Pietro, Gianmarco Charles, Riccardo Rosso e Vogliazzo Maurizio, com seu memorável projeto do sofá Pratone, o qual ilustra perfeitamente o movimento Anti-Design. Seja como for, há um facto que parece inegável: a sua notoriedade deve-se principalmente a uma tendência que, sob siglas e nomes diversos – Archizoom, Superstudio, Alchimia, Memphis etc. – foi seguida, a partir da segunda metade dos anos sessenta, numa acção (sic) provocatória (e dessacralizadora), em relação ao gosto dominante no mercado dos objectos (sic) decorativos (MALDONADO, 1991, p.81). Figura 05 - Anti-Design: ‘II Monumento Continuo’ projeto do SuperStudio de 1969 (COMPRESS VERLAGSGESMBM & CO KG, 2010); Design radical: ‘Poltrona di Proust’ por Studio Alchimia em 1978 (DESIGN-ITALIA SRL, 2009); Anti-Design: 'Pratone' pelo Gruppo Strum de 1971 (KUNSTBUS, 2008); e Design radical: 'No-Stop-City' projeto do grupo Archizoom de 1969 (ZENTRUM FÜR KUNST UND MEDIENTECHNOLOGIE KARLSRUHE, 2000). A ideologia política é a principal diferença entre os semelhantes movimentos, que tiveram origem na Itália. Tanto o Anti-Design quanto o Design Radical propunham uma revolução estética e sociocultural, mas, além destes fatores, o Design radical questionava a razão em se manter os antigos aspectos funcionais modernistas. Enquanto o Anti-design não visava ao mercado consumidor em seus projetos, mas ao estudo das possibilidades formais, o Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design Design Radical visava diretamente à sociedade e propunha maneiras radicais, até mesmo utópicas, para organização social e evolução cultural, conforme figura 05. Estes fragmentos ideológicos se uniram posteriormente na vanguarda pós-modernista do grupo Memphis. No design também, a consciência política aumentou no gosto do consumidor e as ideologias dos designers se fundiram em uma contracultura que se pôs contra o consumo de massa e designers que funcionavam como fantoches industriais (HAUFE, 1998, p.129 – Livre tradução). Tabela 01 - Interpretação do autor, análise comparativa do modernismo, pós-modernismo, anti-design e design radical. Como Woodham (2004, p.361) diz, o movimento de Design Radical nasce na década de sessenta na Itália, este movimento buscava inovar no uso da forma e de novos materiais e processos, mas não era contra a usabilidade, pelo contrário, se propunha a dar uma nova função para os objetos reescrevendo seus valores culturais a partir de sua composição. Os designers radicais tinham como objetivo atingir e reorganizar a sociedade de consumo de uma Pós-Modernismo Modernismo Anti-Design Design Radical Grupo de design Gruppo Strum Superstudio Archizoom Associati Alchimia Objeto de estudo Pratone Monumento Continuo No-Stop-City Poltrona di Proust Princípios e valores Busca uma maneira prática e racional de se fazer design, não se preocupando com expressividade da forma e personalidade do objeto. Busca uma nova maneira de se ver e experimentar design, utilizando novas formas e texturas. Trabalha em função da sociedade procurando aprimorar o seu olhar sobre o design, possibilitando novos meio de expressão por meio do design. Busca uma nova maneira de se ver design, estando cercado por ele de forma contínua. Trabalha em função da sociedade procurando aprimorar o seu olhar sobre o design. Vale-se do exagero como forma de expressão. Busca uma nova maneira de organizar as cidades, propõe alterações urbanas radicais, as quais são vistas como exageros. Trabalha em função da sociedade e procura melhorá- la pela organização. Busca produzir novas maneiras de se fazer design pela releitura e mescla de processos passados. Trabalha em função da sociedade possibilitando a ela novas maneiras de se expressar por meio do design, mas levando em conta a funcionalidade do objeto. Conceito Racional, visa à praticidade do objeto. Flexível, visa novas maneiras de se experimentar o design. Absurdo no que seu projeto propõe. Radical e utópico no que seu conceito proporciona. Reformulação das antigas maneiras de se fazer design. Interação e conforto A interação é limitada à praticidade do design, no qual a ergonomia a economia e o conforto são cultuados. Interação ilimitada, permite que o usuário sente-se e utilize como quiser a cadeira, devido a sua forma não tão prática e ergonômica, para o uso cotidiano ele pode ser considerado desconfortável. Restrita, devido à impossibilidade de se viver numa cidade cercada por um monumento, devido à prisão que o usuário estará confinado seu conforto pode ser considerado limitado. Ilimitada, possibilita ao usuário um livre acesso à cidade, devido ao amplo acesso que propõe ao usuário, o objeto pode ser considerado confortável. Restrita, propõe que o usuário se sente na cadeira da maneira já tradicional e interaja com ela sempre da mesma forma, devido ao já familiarizado design e sua composição, o objeto pode ser considerado confortável. Função, forma e textura Tornar prático o cotidiano do usuário pelo meio mais racional, levando em conta a facilidade na limpeza, no transporte e na fabricação, valores que conferem uma característica minimalista ao produto final. Servir de assento propondo uma nova visão sobre o sentar e como sentar, utiliza uma textura de plástico, lisa, a forma de grama do objeto confere a ele uma forma assimétrica e caricata. Isolar a cidade com um monumento arquitetônico propondo a ela uma nova maneira de enxergar o design e usufruir deste. Textura lisa e forma abstrata e exagerada. Propor um novo meio de organização urbana, um meio descentralizado de organização. Modo organizacional simétrico e minimalista. Servir de assento, possui texturas variadas como tecido e madeira, elementos que revisitam a maneira artesanal de se fazer design, o design de sua forma revisita formas clássicas de design. Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design maneira satisfatória, sem discriminações sociais, para que isso acontecesse eram instigadas medidas radicais, os projetos desse movimento eram caracterizados pelo exagero e pelo irônico, valores que se opunham ao racionalismo modernista. Dos estúdios que investiam no design radical, pode se destacar o Archizoom Associati, composto por Andrea Branzi, Gilberto correta, Paul Deganello, Massimo Morozzi, e os designers Dario Bartolini e Lucia Bartolini. Grupo arquitetônico que buscava uma nova abordagem para o design urbano, com base em novas tecnologias, novos processos de se fazer design, buscavam o novo, o flexível e o versátil. Dentre os projetos realizados por este grupo, 'No-Stop-City' é destacado por sua nova e exagerada proposta de organização urbana. 'No-Stop-City' é uma crítica irônica à ideologiado modernismo arquitetônico, levada a seus limites mais absurdos: "A verdadeira revolução na arquitetura radical é a revolução do kitsch: consumo cultural de massa, pop art, uma linguagem industrial e comercial”. A ideia é radicalizar o componente industrial da arquitetura moderna ao extremo (BRANZI apud ZENTRUM FÜR KUNST UND MEDIENTECHNOLOGIE KARLSRUHE, 2000 – Livre Tradução). A análise comparativa representa uma breve descrição de valores e princípios do modernismo e do pós-modernismo, dos grupos das vanguardas do Anti-design e do Design radical, nela pode-se observar, no Anti-design, a presença de valores experimentais qualitativos, enquanto no Design Radical podem ser observados os valores funcionais revistos de forma não somente racional, conforme tabela 01. Nota-se que as duas vanguardas buscam se expressar de modo a questionar a racionalidade, às vezes levando aos extremos seus absurdos, sempre resgatando valores humanos e humanizando os próprios objetos, tornando evidentes os aspectos expressivos da geração pós-moderna. Considerações finais. A pesquisa sobre o design dos anos sessenta a oitenta propiciou observar as causas das mudanças do design e acompanhar sua evolução, além de permitir uma releitura de seus mais notáveis movimentos, produtos e grupos de design. Foi possível entender, por meio do design, mais sobre a personalidade e os valores da geração pós-guerra pelas vanguardas artísticas em que esta se expressava, pela relação da arte com o design foi possível observar as influências da arte nas vanguardas de Anti-design e design radical juntamente com os princípios que as regem, buscar melhorar e otimizar a vida da sociedade utilizando o novo e o experimental. Com este estudo foi possível compreender melhor a influência do design pós-moderno na sociedade contemporânea e observar seus impactos políticos, sociais e estéticos. Em contrapartida, o aprofundamento na compreensão da ação de escolas e grupos agentes de design específicos, não foi pleno, é possível compreender o impacto da vanguarda sobre a sociedade, mas não é possível medir qual foi a importância de determinado grupo para a sociedade, uma vez que apenas poucos grupos foram selecionados e analisados não se pode compreender satisfatoriamente os impactos causados por seus projetos. Como caminhos futuros para o desenvolvimento da pesquisa, deve-se aprofundar o estudo sobre os mais importantes grupos de design e suas influências, como eram assimilados pela sociedade. O contexto histórico da época tal como o seu regime político e sua economia também devem ser estudados, uma vez que a sociedade se reflete no design, um estudo mais aprofundado proporcionaria compreender um pouco melhor o design contemporâneo. Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design Referências. ANDY WARHOL FOUNDATION FOR THE VISUAL ARTS. Gallery Warhol. Nova York, 2008. Disponível em: < http://gallerywarhol.com >. Acesso em: 01 fev. 2010. AMBASZ. E. Italy: The New Domestic Landscape. New York: The Museum of Modern Art, 1972. COMPRESS VERLAGSGESMBM & CO KG. Wieninternational. Vienna, 18 ago. 2010. Disponível em: < http://www.wieninternational.at>. Acesso em: 18 agosto de 2010. DESIGN-ITALIA SRL. Design-Italia. Milano, 2009. Disponível em: < http://www.design- italia.it>. Acesso em: 18 agosto de 2010. 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