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Dissertação Relação da TO x TEATRO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL
CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL
DISCIPLINA: ATIVIDADES E RECURSOS TERAPÊUTICOS V
DOCENTE: ANDRÉA DO AMPARO CAROTTA DE ANGELI
DISCENTE: MARCIANE MONTAGNER MISSIO
DISSERTAÇÃO
Relação da Terapia Ocupacional com o Teatro
Santa Maria, RS, 2014
A seguinte dissertação é uma análise da relação que existe entre o Teatro e a Terapia Ocupacional.
Foram utilizados artigos científicos como instrumentos de pesquisa para contribuir com constatações e experiências dos autores. Inicialmente são colocados alguns fundamentos e possíveis atuações do terapeuta ocupacional, além de associar as minhas experiências com o teatro, realizando uma possível interpretação de sua importância. Através disso, foi feita a associação do teatro na Terapia Ocupacional, como uma ferramenta que contribui para o tratamento, promoção da saúde e qualidade de vida dos sujeito que estejam em vulnerabilidade social ou outras situações que possam interferir no seu cotidiano e no seu bem estar.
O Terapeuta Ocupacional enquanto profissional da área da saúde, tem como responsabilidades fundamentais conforme o Código de Ética e Deontologia da Terapia Ocupacional (2013, p.3) de prestar assistência ao ser humano, tanto no público quanto no coletivo, participando da promoção de saúde, prevenção e tratamento, por meio da interpretação do desempenho ocupacional sem qualquer forma de discriminação de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). E ainda segundo o Código de Ética de Terapia Ocupacional (2013, p.7) deve respeitar a vida humana desde a vida até a morte, sem colocar em risco a integridade física, psíquica, cultural e social do sujeito.
O terapeuta utiliza-se de ferramentas como a linguagem teatral para promover através dela a saúde de adolescentes em situação de risco.(JUSTA; HOLANDA, 2012, p.17). 
Barros et al.(2007, apud JUSTA; HOLANDA, 2012, p.18) diz que:
A Terapia Ocupacional social atua como base no que emerge das contradições desta sociedade, marcada pela desigualdade e pela presença crescente de grandes contingentes da população submetidos à marginalização, dissolução de vínculo e vulnerabilização das redes sociais. 
O profissional diante desse processo atua para melhorar a condição de vida de sujeitos que estão em vulnerabilidade social, e que podem estar em situações de risco. Os adolescentes podem então encontrar no terapeuta uma base de suporte, que sustenta a utilização da arte e do teatro para fortalecer o sujeito e para que ele “perceba-se em sua potência de transformação, criatividade, e capacidade de transcender os limites que se impõe sobre ele”.(JUSTA; HOLANDA, 2012, p.18)
Através do Teatro os sujeitos tem essa oportunidade de expressar-se melhor e buscar ajuda. Muitas vezes, eles podem não estar seguros a falar sobre suas dificuldades e sofrimentos e nesse processo criativo do teatro sentem uma maior firmeza para falar do que está comprometendo seu cotidiano.
Moreno (1975, apud JUSTA; HOLANDA, 2012, p. 20) destaca que “através da prática teatral há uma identificação do ator com o personagem, onde pode ocorrer a mobilização de afetos e emoções capaz de dar novo significado aos seus conteúdos no ato da ação”. Sendo isso denominado por ele como catarse da integração.
Os indivíduos que fazem teatro, segundo Justa e Holanda (2012, p. 20) participam não pela experiência de estar participando de um grupo de teatro mas porque nesse espaço, sentem prazer, alegria e acolhimento.
Durante minha infância fiz parte de grupos de teatro na escola, quando estava cursando o ensino fundamental. O grupo era proposto pela professora da disciplina de educação artística, sendo o principal objetivo da maioria dos espetáculos, apresentar a comunidade em datas comemorativas para mostrar que os alunos estavam sendo bem preparados para exercer a arte e a expressão, sendo as principais datas de apresentação o dia das crianças, dos pais, dos professores, etc. 
Essa experiência me proporcionava coisas que para mim ainda não eram perceptíveis ou importantes, pois na infância considerava tudo uma brincadeira, mas hoje enquanto adulta posso concluir que aprendi muito nesse espaço, enquanto membro do grupo de teatro, estava aprendendo a conviver melhor com meus colegas, respeitando as opiniões com paciência, aprendendo a me manifestar contribuindo para moderar a timidez. 
No grupo de teatro não era muito comum acontecer episódios de desentendimento entre o grupo, o que evidenciava que a professora conseguia conduzir o grupo de forma efetiva. 
Alguns dos espetáculos que produzíamos não ficavam bons como a professora esperava, apesar de serem bem ensaiados e acompanhados com a orientação, nosso teatro ainda era imaturo porque não compreendíamos as regras e tínhamos dificuldades de concentração nos ensaios, e de memorizar as falas e ainda de imaginar as cenas sem o cenário e o figurino, porque toda a decoração era confeccionada somente um mês antes de apresentarmos o espetáculo. Como não tínhamos um espaço amplo para o ensaio, acabávamos ensaiando na sala de aula e ao ar livre, o que contribuía para aumentar a visualização completa de todo o espetáculo bem como o contato com a natureza.
O grupo era para mim um local de descanso e alegria, pois ríamos muito quando alguém errava uma cena ou esquecia das falas. Nosso grupo não era da Terapia Ocupacional mas segundo Justa e Holanda (2012, p. 20) em um grupo terapêutico ocupacional se pode criar um espaço onde é “permitido brincar, sorrir, se expor, ser ridículo ou sério, forte ou fraco, belo ou feio, bom ou perverso”, mas mesmo assim, conseguíamos ter um espaço parecido como o que Justa e Holanda se referem.
Pelo fato de ser uma pessoa tímida sempre tive um pouco mais de dificuldade em interagir com outras pessoas e expor minha opinião, mas no teatro pude trabalhar melhor essa questão. É o que Justa e Holanda (2012, p. 21) explicam ao se referirem que as pessoas oprimidas ganham voz na linguagem teatral e possibilidades de restaurar o diálogo.
É através do teatro que os indivíduos podem se perceber como “um ser engajado na sociedade, detentor de um papel, com potencial para criar e transformar”. (JUSTA;HOLANDA, 2012, p. 21). Porque, com base nesse empoderamento do sujeito, ele se descobre como um ator de sua própria vida, podendo administra suas ações sobre o mundo.(BOAL,1990 apud JUSTA;HOLANDA, 2012, p.21)
Augusto Boal realiza um trabalho com o teatro para pessoas que oprimem e são oprimidas, conhecido como teatro do oprimido, de acordo com suas concepções sobre o teatro ele diz que o mesmo “[...] permite ao homem observar a si mesmo em ação, adquirindo o autoconhecimento que lhe permite ser sujeito (o que observa) de um outro sujeito (o que age) e lhe permite imaginar e interpretar possibilidades de uma ação e outras alternativas”. (BOAL, 2002, apud ALVES et al., 2013, p. 326).
Entre as atividades que podem ser utilizadas pelo terapeuta ocupacional com jovens em situação de vulnerabilidades social, o teatro do oprimido pode ser vislumbrado como técnica eficaz ao considerarmos seu cunho reflexivo, que possibilita o acesso às atividades significativas em diferentes áreas de desempenho ocupacional como lazer, educação e participação social. (ALVES et al, 2013, p. 328)
Paulo Freire (1987, apud ALVES et al 2013) se refere que na condição de oprimido estão as pessoas de classe baixa e as crianças, sendo os opressores aqueles que exercem opressão sobre os oprimidos, ocupando essa posição de opressor os da classe média ou alta e os adultos. Podendo ser esses os indivíduos oprimidos que necessitem da Terapia Ocupacional para superar essa condição de oprimido e se tornar um protagonista de sua própria história.
As pessoas oprimidas, no caso os de baixa renda, em sua maioria possuem poucas oportunidades em suas vidas e poucas condições para lutar contra essa imposição. Alves et al (2013, p. 328) concluem que pelo fato desses indivíduos estaremem vulnerabilidade social e possuírem poucas oportunidades, devem estar envolvidos “[...] em ocupações que sejam significativas [...]” 
As ocupações precisam ser significativas porque devem fazer parte do contexto social que o sujeito está inserido e estar visível para ele.
O fato de estar oprimido faz com que adolescentes na maioria das vezes busque fugir desse contexto e é nesse período que as drogas podem aparecer na vida desses indivíduos.
 Segundo Alves et al (2013, p. 330) “[...] o jovem busca na droga novas sensações, prazer, compartilhamento grupal, independência em relação à família, não dimensionando o perigo a que se expõe.”
Ainda nesse contexto de exposições as drogas, “[...] quando as relações familiares estão fragilizadas o jovem está em maiores condições de risco de buscar a droga”. (SCHENKER; MINAYO, 2005).
A droga na vida do adolescente compromete todo o seu cotidiano porque para consegui-la ele fará uso dos recursos que ele possuir para poder comprar, nesse ambiente podem surgir os furtos, que é ressaltado por Alves et al (2013, p. 330) no sentido de que, eles roubam porque se sentem oprimidos pelos de classe superior, que os discriminam pela sua condição social.
Nesse cenário possivelmente se insere a Terapia Ocupacional para propor a esses sujeitos que vivam no teatro, momentos que os tirem desse papel de oprimido, não se tornando opressor mas encontrando suporte para lidar com essas situações sem revolta ou violência contra as outras pessoas.
Mas apesar disso Alves et al (2013, p. 332) nos traz a interpretação de que os jovens mesmo dentro de um grande grupo de teatro “[...] ainda se subdividiam e utilizavam a exposição negativa e excludente do outro, como uma forma de reafirmar sua identidade em construção”.(ALVES et al 2013, p. 332)
O terapeuta então, precisa se posicionar para conseguir “ tirá-los” dessa posição que é tão comum para eles, não obrigá- los a sair da posição mas que possam se tornar consciente de quem eles realmente são. 
É através do teatro que se dá ao sujeito a possibilidade de experimentar. É o que Sullivan (2008, apud ALVES 2013) contempla ao dizer que “ a experimentação de papeis permite a flexibilidade do olhar possibilitando a modificação do comportamento do sujeito, cabendo a ele escolher qual papel protagonizar em sua vida”.
Ao me referir a experimentação, relato a experiência de experimentar novamente na graduação a arte do Teatro, que se deu como trabalho final de uma das disciplinas que fiz.
A disciplina citada foi a de Jogo Teatral e Educação I ministrada no curso de Pedagogia Noturno da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a docente da disciplina era graduada em Artes Cênicas e nos deu como objetivo da disciplina que conhecêssemos os principais recursos principalmente o teatro para que pudessem ser utilizados posteriormente na escola. Dentro da disciplina estudamos sobre o teatro e como é possível estimular o processo criativo, comunicativo e expressivo através dele.
Ao final da disciplina formamos um grupo de seis alunas para produzir um espetáculo de teatro com base em um teatro pronto, mas com adaptação e mudando o que fosse necessário, visto que, não devia seguir o modo tradicional de se contar a história.
Preparamos uma história condensada que seguia algumas passagens da história verdadeira, retiramos personagens para que fosse possível que cada aluno ficasse somente com um personagens.
Para montar o cenário foi necessário ter uma grande criatividade porque a docente preferiu que usássemos poucos materiais, mas devíamos fazer com que o público imaginassem os objetos na cena.
A proposta da professora era que todos os personagens estivessem na cena “congelados” sem nenhuma movimentação, para chamar a atenção do telespectador para os outros protagonistas somente no momento em que o toque do personagem principal desse “vida” ao personagem na cena .
O teatro escolhido em consenso foi o Mágico de Oz, após termos escolhido o teatro a ser feito nos deparamos com uma dificuldade que exigiu de nós uma maior flexibilidade para contornar a situação, uma das integrantes do grupo desistiu de fazer a disciplina e então precisamos nos reajustar, solicitamos então a ajuda de uma amiga que não fazia a disciplina.
O teatro foi readaptado para Mágica de Oz, os personagens apresentados foram, o leão, bruxa má, Dorothy, mulher de lata, espantalho falante e a mágica de Oz. Para que pudéssemos apresentar precisamos nos colocar no papel de ator e imaginar como desenvolvê-lo, propiciando assim a experimentação de diferentes papeis antes nunca experimentados por nós, exigindo assim um posicionamento diante desta situação, que pelo fato de todos serem um grupos e estarem entusiasmados com a proposta passou a ser enxergado como menos difícil.
Dall’Orto (2008, apud ALVES et al, 2013) diz que quando entramos em um grupo “[...] torna-se mais fácil levantar questionamentos e enfrentar situações que até então eram consideradas extremamente difíceis”.
Uma das situações difíceis que vivemos também foi a preparação do figurino, pois a mulher de lata e o leão precisavam ser bem pensados para que ficassem parecidos e pudessem ser identificados.
A proposta da professora era que todos os personagens estivessem na cena “congelados” sem nenhuma movimentação, para chamar a atenção do telespectador para os outros protagonistas somente no momento em que o toque do personagem principal desse “vida” ao personagem na cena .
Para fazer o leão utilizamos um TNT amarelo, que é um tecido fino e de baixo custo para ser usado. Para a produção do figurino da mulher de lata foram utilizados papel alumínio e cartolina formando no fim uma armadura de lata, improvisada com papel alumínio. Além de utilizar a mistura de pó de purpurina com óleo de amêndoas para formar a pasta prateada e pintar com ela a personagem.
Para o figurino do espantalho foram utilizados uma camisa xadrez, uma calça preta e palhas de milho amarradas no punho, pescoço e no tornozelo do personagem, além do tradicional chapéu.
Para a confecção do figurino de Dorothy foram utilizados um vestido rosa, um par de sapatinhos vermelhos e um laço rosa. Já para a bruxa foram utilizados um vestido e botas preta, além de um chapéu e um nariz de bruxa que conseguimos emprestado com uma colega. Para a mágica foi usado um conjunto de terno e sapatos pretos além de um cartola confeccionada por nós.
Apresentamos o teatro no Auditório Caixa Preta do Centro de Artes e Letras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), os espetáculos foram apresentados por todas alunas da disciplina tanto do período diurno quanto do noturno, a apresentação nos propiciou o enfrentamento de estar no palco mostrando nossa produção para pessoas que na maioria não conhecíamos, mas que estavam na mesmo contexto que o nosso, de estar produzindo um espetáculo de teatro para ser visualizado por todos.
O fato de estar sendo filmada pela TV Campus da UFSM me deixava ansiosa e com um pouco de medo, pois não conseguia ter noção de como eu estava sendo percebida na concepção das outras pessoas, por fazer o papel de mulher de lata e estar com um figurino muito extravagante.
 Naquele momento pensei que se estivesse sem figurino não teria causado o mesmo impacto no telespectador, porque a cor prata quase que automaticamente se associa ao ferro e a lata permitindo uma maior visualização do personagem.
A descrição dos figurinos nos remete a pensar na situação do teatro na Terapia Ocupacional, para fazermos figurinos é necessário ter materiais disponíveis, mas e quando esses materiais não estão disponíveis para o Terapeuta?
A situação de ausência de materiais disponíveis poderá se fazer presente no trabalho de muitos terapeutas e então é necessário que o profissional seja criativo e saiba ter manejo para lidar com essas situações, podendo optar por não usar figurino ou adaptar as cenas e personagens aos materiais que tem disponível.
O terapeuta necessita então ampliar sua criatividade, seus repertórios para que não se sinta frustradoquando surgirem situações como estas, esses repertório podem ser construídos ao longo da sua formação acadêmica.
Liberman (2002) nos diz que acha fundamental que o estudante tenha na graduação um contato amplo com a arte, para que o estudante possa experimentar os recursos de expressão, linguagem e comunicação.
Liberman (2002, p. 2) relata que acredita “[...] na importância da sensibilização do aluno, por meio das disciplinas vivenciais, para que também ele possa resgatar sua história, recuperar e refletir sobre os seus significados.”
Na vivência acadêmica há uma maior possibilidade do aluno permitir-se a experimentação, por estar tendo suporte dos docentes a experiência é mais tolerável, pois enquanto terapeuta ocupacional graduado, há uma maior necessidade do terapeuta ter vivido a situação, para que compreenda como que seu paciente compreenderá esse processo.
O terapeuta em formação pode experimentar o teatro que pode se apresentar com abordagens diferentes, permitindo ao graduando conhecer e optar por qual se adapta melhor para o paciente e/ou grupo em questão que ele possa estar atendendo futuramente.
O teatro espontâneo do cotidiano pode ser um recurso possível para o terapeuta. De acordo com Assad e Petrão (2011) esse teatro tem se mostrado um meio forte pra proporcionar expressão, pelo fato de que:
Permite demonstrar os costumes das pessoas, recriar histórias e situações do seu cotidiano, suas necessidades, suas limitações, seus medos, sua opressão, e proporciona o desenvolvimento de habilidades em recriar suas ações, no sentido da resolução de conflitos, permitindo sua participação social.(MENDONÇA apud ASSAD; PETRÃO, p.94, 2011)
O teatro está presente em nosso cotidiano, quando nos deparamos com situações que exigem de nós que assumamos papeis perante a sociedade, essa posição poderá despertar diversos sentimentos nas pessoas, essa situação vemos no teatro onde cada pessoas compreende a cena de uma forma e reage conforme lhe convém.
Boal (2007 apud SCHAEFER 2013, p. 3) diz que “todos nós somos atores, pois todos atuamos em nosso cotidiano, relação que o autor ainda faz entre teatro-imagem criada por ele, o qual age por meio da linguagem corporal transformando problemas e sentimentos em imagens concretas”. 
Ele fala também que todos atuam e interpretam.
 Teatro é algo que existe dentro de cada ser humano e pode ser praticado na solidão de um elevador, em frente a um espelho, no Maracanã ou em praça pública para milhares de espectadores. Em qualquer lugar... até mesmo dentro dos teatros. A linguagem teatral é a linguagem humana por excelência e a mais essencial.(BOAL, 2007 apud SCHAEFER, p. 13, 2013)
	A partir das ideias apresentadas podemos perceber que o teatro é um dos recursos muito utilizados pela Terapia Ocupacional principalmente na área social, e que de acordo com o relatos dos profissionais tem sendo efetivo no tratamento, trazendo bons resultados e propiciando novas discussão sobre esse recurso, e ao longo do tempo estão sendo feitas novas constatações e apresentadas novos locais que ele pode se inserir dentro da prática do profissional.
	 Vale aqui ressaltar a importância do acadêmico de Terapia Ocupacional ter contato durante a graduação com experiências que envolvem esses recursos de trabalhos com o corpo porque através dele, o estudante consegue perceber o que foi significativo para ele e o que não foi e entender que seu paciente dará significações ou importâncias diferentes da que ele atribuiu para o recurso.
O acadêmico precisa compreender que cada sujeito terá sua forma de sentir aquela atividade e que não pode pensar que será significativo para o paciente, se o usuário não achar o mesmo.
Cada sujeito vê o mundo e as coisas ao seu redor de forma diferente, a cultura pode influenciar na sua forma de ver as coisas e o terapeuta é o profissional que entrará nesse meio para compreender a subjetividade desses sujeitos e oferecer a eles recursos e suporte para que possam ter um melhor enfrentamento de situações geradores de estresses e uma melhor qualidade de vida.
Através do teatro o terapeuta encontrou uma forma de possibilitar que o paciente se expresse, consiga desenvolver o processo criativo, viva outras experiências, aprenda outras linguagem de comunicação e assim possa utilizadas como instrumentos facilitadores no seu cotidiano.
De acordo com pensamentos provocados pela disciplina de Atividades e Recursos Terapêuticos V pode-se expor que, o teatro é uma ferramenta que irá propiciar ao paciente o contato como outro porque para que ele possa fazer o teatro, consequentemente ele necessitará estabelecer contato com alguém que será seu telespectador.
O sujeito através do teatro conseguirá se colocar no lugar do outro, podendo desenvolver novas potencialidades e associá-las com sua realidade social, vendo que há possibilidades dele dirigir sua vida e que essa possibilidade sempre existiu mas que ele para ele ainda era oculta.
É através desse tipo de atuação que o terapeuta encontra formas de possibilitar o empoderamento dos pacientes, fazendo nascer neles uma consciência sobre si e sobre o mundo para que encontre formas de lidar com certas situações que comprometem sua organização de vida e os deixa “impossibilitados” de tomar certas atitudes.
	O terapeuta ocupacional fará com um paciente um trabalho para promover sua autonomia e independência, ou seja, que ele possa gerenciar sua própria vida e consiga realizar suas atividades de vida diária sem necessitar de supervisão ou que alguém faça por ele.
Referências Bibliográficas:
 BRASIL, Resolução Coffito n.° 425, de 8 de julho de 2013. Aprova o Código de Ética e Deontologia da Terapia Ocupacional. Brasília, DF. 2013. Disponível em: <http://www.coffito.org.br/> . Acesso em: 25 set. 2014
 JUSTA, F. M. C.; HOLANDA, I. C. L. C. Teatro com adolescentes em risco social: práticas de promoção da saúde no contexto terapêutico ocupacional. Revista de Terapia Ocupacional de São Paulo, v.23, n.1, p.16-23, jan./abr. 2012. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/46907>. Acesso em: 30 set. 2014
SCHENKER, M.; MINAYO, M. C. S. Fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência. Ciências & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p. 709, 2005. Disponível em: < http://www.redalyc.org/pdf/630/63010327.pdf> . Acesso em: 7 out. 2014
ALVES, I.; GONTIJO, D. T.; ALVES, H. C. Teatro do oprimido e Terapia Ocupacional: uma proposta de intervenção com jovens em situação de vulnerabilidade social. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 21, n. 2, p. 325-337, 2013 . Disponível em:< http://dx.doi.org/10.4322/cto.2013.034>. Acesso em: 7 out. 2014
LIBERMAN, Flávia. Trabalho Corporal, Música, Teatro e Dança em Terapia Ocupacional: Clínica e Formação. Cadernos – Terapia Ocupacional: produção de conhecimento e responsabilidade Social. Centro Universitário São Camilo. São Paulo, v.8, n.º 3, p.39-43. jul/set. 2002. Disponível em: <https://conectato.files.wordpress.com/2012/04/artigo-3.pdf >. Acesso em: 7 out. 2014
ASSAD, F. B.; PETRÃO, L. J. O significado de ser portador de transtorno mental: contribuições do teatro espontâneo do cotidiano. SMAD. Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas. (Edição em português). p. 92- 97, maio/ agosto, 2011. Disponível em: <http://www2.eerp.usp.br/resmad/artigos/SMAD_v7_n2_a_07.pdf>. Acesso em: 7 out. 2014
SCHAEFER, G. Teatro e Transformação pessoal: um estudo de caso em duas oficinas adultas. 2013, 58 f. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso em Arte Dramática)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/76735/000894589.pdf?sequence=1>. Acesso em: 8 out. 2014

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