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cumprimento de sentença

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1. EXECUÇÃO FORÇADA
 
        Conhecimento e execução são atividades jurisdicionais complementares na medida em que quando ocorre uma violação a ordem jurídica, esta precisa ser reconhecida para que gere a respectiva sanção, que é a resposta oficial para a violação da norma.
        Oferecida a resposta oficial à violação da norma, recusando-se o infrator a respeitar o comando judicial, não haverá outra alternativa, senão a execução forçada.                           
        A execução forçada é a atividade estatal que sucede a atividade de cognição, pois para que o Estado faça o uso da força em prol do cumprimento da obrigação, é imprescindível que exista a certeza do direito do credor, ou ao menos a aparência deste direito, quer atestada por um processo de conhecimento anterior (títulos judiciais elencados junto ao artigo 515 do Código de Processo Civil), quer porque estribada em um instrumento ao qual a lei conferiu a qualidade de título, embora ainda não submetidos ao crivo judicial (títulos extrajudiciais elencados junto ao artigo 784, do Código de Processo Civil).
        Em face dessa “certeza” previamente existente a execução não é um processo contraditório, e não estabelece, a princípio, a discussão sobre o direito das partes, sendo o réu na ação de execução de título extrajudicial, citado para pagar e não para se defender.
        Não obstante isso, nós estudaremos que o devedor (na ação de execução de título extrajudicial) pode tentar desconstituir o título ou mesmo atacar alguma nulidade do processo, circunstância em que será aberto procedimento de caráter contraditório (embargos), bem como inúmeras questões sobre os atos praticados no curso da execução podem eventualmente se tornar controvertidas e então se submeterão ao princípio constitucional do contraditório (exemplo: o valor atribuído a um bem penhorado, o pedido de substituição de um bem penhorado).
        Antes da reforma processual instituída pela Lei nº 11.232/05, havia a dicotomia entre processo de conhecimento e processo de execução, sendo que após uma normalmente demorada ação de conhecimento o vencedor da demanda era ainda obrigado a iniciar um novo processo, o processo de execução do título judicial, onde deveria pacientemente aguardar nova citação do já declarado devedor.
        Após a reforma, foi abolida a ação de execução de título judicial, passando a existir apenas uma “fase de cumprimento de sentença”, regulada pelos artigos 475-I a 475-R do revogado Código de Processo Civil de 1973, restringindo-se atualmente a autonomia do processo à ação de execução de título extrajudicial (ver arts. 513 a 533 do Novo CPC).
        Não obstante isso, seja através da fase de cumprimento de sentença no processo de conhecimento, ou pela ação autônoma de execução de título extrajudicial, teremos em ambos os casos atos de execução forçada.
        Algumas vezes, através da execução forçada, é possível restabelecer exatamente a situação violada, entregando ao credor aquilo que lhe foi tomado e nessas hipóteses afirmamos que há uma EXECUÇÃO ESPECÍFICA, pois o órgão executivo realiza a própria prestação devida, por exemplo, quando na execução de um contrato para entrega de uma máquina, o Judiciário entrega ao credor o próprio bem pretendido.
        Entretanto, há hipóteses em que não é mais possível restabelecer o “status quo ante”, então o ordenamento determina que se propicie ao credor o equivalente a perda que sofreu, então falamos em EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO SUBSIDIÁRIA, por exemplo, se alguém contratou uma empresa de eventos para organizar sua festa de casamento e a equipe contratada naquele dia, não comparece, evidente que a questão será remetida a apuração de perdas e danos.
        A execução forçada consiste assim na satisfação compulsória dos direitos do credor, quer de forma específica ou subsidiária.
        A execução forçada é o conteúdo e finalidade dos procedimentos de execução, embora nem sempre ocorra, como quando citado na ação de execução de título extrajudicial o devedor paga voluntariamente ou ainda quando é declarado insolvente.
        Os atos de execução forçada podem se desenvolver no nosso ordenamento jurídico por dois meios, ou através de mecanismos de coação que intimidam o devedor, como a prisão e a multa pecuniária ou através de subrogação, que é a execução forçada propriamente dita, em sentido mais técnico, pois configura a verdadeira hipótese de substituição da vontade do devedor, pela prática do ato que lhe competiria.
        Por essa razão, alguns doutrinadores afirmam que só há verdadeira execução forçada na execução direta, quando há agressão ao patrimônio do devedor para satisfazer o direito do credor.
           
 
2. PRINCÍPIOS DA TUTELA EXECUTIVA
 
        Existem alguns princípios que são informativos das execuções em geral e norteiam o espírito do legislador em diversos dispositivos legais, razão pela qual é importante compreendê-los. Vejamos:
2.1- Toda execução é REAL;
2.2- Toda execução tende apenas à SATISFAÇÃO DO CREDOR;
2.3- Toda execução deve ser ÚTIL AO CREDOR;
2.4- Toda execução deve ser feita de forma ECONÔMICA;
2.5- Toda execução deve ser o quanto possível ESPECÍFICA;
2.6- Toda execução deve ser feita ÀS EXPENSAS DO DEVEDOR;
2.7- Toda execução deve RESPEITAR A DIGNIDADE DO DEVEDOR;    
2.8- O credor sempre PODE DISPOR da Execução.
        Resumimos o significado de cada um desses princípios:
 
2.1- Toda execução é REAL:
        O processo executivo moderno não tolera a execução pessoal, ou seja, o credor não pode buscar escravizar o devedor, flagelá-lo fisicamente ou detê-lo como meio de pagamento da dívida.
        No nosso ordenamento, a execução deve ser sempre patrimonial, recaindo sobre os bens presentes e futuros do devedor (art. 789, do Código de Processo Civil)
        As únicas exceções no nosso sistema eram o devedor de alimentos e o depositário infiel (art. 5º, LXVII, CF), entretanto nesta última hipótese, embora o artigo de nossa Carta Magna não tenha sido expressamente revogado, perdeu sua eficácia por conta do nosso Supremo Tribunal Federal.
        Para entendermos melhor a questão devemos fazer um retorno histórico para lembrar que através do Decreto 678 o Brasil, no ano de 1992 se tornou signatário do “Pacto de San Jose da Costa Rica”, o qual só admite a prisão por dívida para a hipótese do devedor de alimentos.  
        Àquela época grande parte dos juristas aventou a questão, mas pareceu prevalecer o entendimento de que aquela norma ingressava no ordenamento com a estatura hierárquica das leis ordinárias e que por isso não teria o poder de revogar a norma constitucional, entretanto, revogaria as disposições dos Códigos Civil e de Processo Civil, que eram anteriores a ratificação.
        A discussão pareceu perder força com a publicação do novo Código Civil que em 2002 previu expressamente a prisão do depositário infiel e por assim dizer, até mesmo para aqueles que entendiam que o pacto ingressava no ordenamento como lei ordinária, teria sido nesse aspecto revogado pelo Código Civil de 2002.
        Apesar disso, muito doutrinadores continuavam a bradar desde a ratificação daquele tratado a impossibilidade da prisão civil do depositário infiel, por ser violadora de princípios inerentes aos direitos humanos.
        A questão se tornou ainda mais tormentosa após a Emenda Constitucional 45/04, a qual estabeleceu que os tratados que disponham sobre direitos humanos, quando ratificados em dois turnos, por três quintos dos membros do Congresso Nacional, entram no ordenamento com força de norma constitucional.
        Não obstante isso, até 2008, a prisão do depositário infiel era decretada pelos juízes em quaisquer processos em que se demonstrasse necessária, aplicando inclusive a Súmula 619, do STF que autorizava o juiz a determinar a prisão nos próprios autos, sem necessidade de procedimento próprio.
        Ocorre que, em 2008, nosso Supremo Tribunal Federal no julgamento do Habeas Corpus nº 92.566-SP, decidiu revogar aSúmula 619 que tratava da prisão do depositário infiel em juízo, entendendo que esta espécie de prisão por dívida não estaria mais em harmonia com nosso ordenamento jurídico, isto porque no voto vencedor considerou-se que o tratado ratificado pelo Congresso deveria ser considerado como norma “supra-legal”, ou seja, apesar de inferior ao texto constitucional, estaria acima das leis ordinárias e portanto, revogaria as disposições do Código Civil e do Código de Processo Civil, os quais regulamentavam a prisão do depositário infiel.
        A partir desse primeiro julgamento, o qual foi um divisor de águas em nosso ordenamento, diversos outros recursos chegaram ao STF questionando, com base naquele precedente judicial, prisões determinadas por juízes e Tribunais de instâncias inferiores, o que fez com que fosse apresentada a Proposta de Súmula Vinculante nº31 (PSV 31), a qual posteriormente aprovada (em 16.12.2009), se transformou na Súmula Vinculante nº25, cujo texto determina que “é ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.
        Vê-se, portanto, que a execução pessoal é de fato exceção, que no nosso ordenamento está atualmente limitada apenas à hipótese do devedor de alimentos.
                                  
2.2- A execução tende apenas a SATISFAÇÃO DO CREDOR:
                                 
        Isto significa que a atuação do Estado é proporcional à satisfação dos direitos do credor, não tendo caráter de penalidade ou perseguição ao devedor, assim feito o pagamento extingue-se a execução e seus efeitos.                              
        A penhora, em face desse princípio, deve recair apenas sobre os bens que bastem ao cumprimento da obrigação (art. 831, CPC) e a arrematação será suspensa logo que o valor bastar para o pagamento do credor (art. 892, § 1°, CPC).
 
2.3- Toda execução de ser UTIL ao CREDOR:
       
        Associa-se ao princípio anterior, pois determina que a execução não pode ser vista como mecanismo de vingança em face do devedor, ou em outras palavras, não será levada adiante sem que haja real benefício a credor.
        Por essa razão, veda-se a penhora de bens cujo valor será totalmente absorvido pelas custas do processo (art. 836, CPC).
 
2.4- Toda execução deve ser feita de forma ECONÔMICA:
 
        Também está ligada a idéia de que a execução não é penalidade para o devedor, assim, existindo vários meios de satisfação, deve-se optar por fazer a execução pelo menos gravoso ao devedor (art. 805, CPC).
Exemplo: no passado, quando as linhas telefônicas possuíam valor econômico, já se decidiu ser exagerado o pedido de desligamento imediato das linhas se não houvesse qualquer indício de fraude.
 
2.5- Toda execução deve ser o quanto possível ESPECÍFICA:
                                 
        O objeto pretendido na execução deve ser tanto quanto possível o objeto da relação jurídica originária, ocorrendo sua substituição pelo equivalente em dinheiro apenas quando a prestação originária não for entregue (art. 809 e 816, do CPC).
        Nas ações de execução cujo objeto seja obrigação de fazer ou não fazer o autor pode requerer perdas e danos desde a petição inicial, ainda que possível a tutela específica (art. 816, CPC), pois neste caso poderá demonstrar o seu desinteresse pela obrigação originária.
 
2.6 – Toda execução é um ÔNUS DO DEVEDOR:
                                  
        Como o inadimplemento do devedor foi o causador da execução, este deve responder por todos os reflexos de sua mora, assim só se desobrigará pelo pagamento do principal e de todos os demais encargos incidentes (multa, correção monetária, juros de mora), prejuízos e despesas que seu inadimplemento deu causa, aí incluído também o ônus da sucumbência (artigos 826 e 831, CPC).
 
2.7- Toda execução deve respeitar os princípios da DIGNIDADE HUMANA:
                                  
        Uma vez mais, repete-se a regra segundo a qual a execução não tem por objetivo punir, assim não pode afetar a dignidade do devedor, objetivando causar-lhe vexame ou humilhação, levá-lo à fome ou impossibilitá-lo de exercer sua profissão.                                  
        È com fundamento nesse princípio que se estabelece a impenhorabilidade de certos bens, tais como as peças de vestuário (artigo 833, III, CPC) ou dos instrumentos necessários ao exercício de profissão (art. 833, V, do CPC) ou ainda aqueles bens que tenham apenas valor sentimental.
 
2.8- A execução está na esfera de DISPONIBILIDADE DO CREDOR:
                                  
        O credor tem integral disponibilidade sobre a execução, podendo deixar de executar o título que possui ou desistir da execução já iniciada, sem qualquer condição para tanto, ou seja, sem a necessidade de buscar a anuência da parte contrária, isto porque já há um direito reconhecido.                                  
        No processo de conhecimento, após o prazo de resposta, o autor só poderia desistir com o consentimento de réu, na execução não existe tal exigência, podendo o credor desistir de atos executivos ou de toda a execução (art. 775, CPC), assumindo apenas as custas geradas e honorários eventualmente gerados.                            
        A desistência não se confunde com a renúncia ao crédito, pois aquela permite a renovação da ação, enquanto a renúncia extingue em definitivo o direito ao crédito (art. 924, IV, CPC).                                  
        Apesar disso, em sendo interpostos Embargos, sendo estes uma espécie de ação de conhecimento incidental, o legislador determinou que se faça a análise sobre o objeto dessa ação, pois sendo questão meramente processual, os Embargos e a execução serão extintos juntos, sendo o credor, responsável pelas custas e honorários advocatícios do Embargante, já que deu causa a demanda, entretanto, não sendo o objeto meramente processual, versando a demanda sobre questão de mérito, a extinção só poderá operar com a concordância do Embargante (artigo 775, do CPC), pois este pode ter o interesse de, por exemplo, ver o título anulado.                                  
        Igualmente, em virtude do princípio da disponibilidade da execução, é possível ao credor alterar parcialmente o pedido até antes da propositura dos Embargos, inclusive, variando de espécie de execução ou desistindo parcialmente em relação a algum co-executado.                                 
        Entretanto, após a nomeação de patrono pelo devedor (ainda que não haja interposição de Embargos), o credor, na hipótese de desistência, responderá pelos honorários advocatícios deste.
 
3. COMPETÊNCIA
        A execução baseada no título extrajudicial é processada perante o juízo competente, considerando-se as seguintes hipóteses principais: o foro do domicílio do executado, o foro de eleição constante do título executivo ou do contrato e, por derradeiro, o foro da situação dos bens sujeitos ao processo executivo (CPC, art. 781, I).
        Além dessas três hipóteses acima que consideramos as mais comuns, os demais incisos do artigo 781, do CPC, tratam de outras hipóteses de foros também competentes, vejamos:
tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles;
sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de domicílio do exequente;
havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do exequente;
a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
        Verifica-se assim que, em regra, a fixação da competência do processo executivo corresponde aos casos de competência territorial, portanto, se sujeitam às regras da competência relativa.
        Porém, se o título executivo envolver direito real, o foro da situação do bem pode serobservado.
        É importante destacar que no cumprimento de sentença (título executivo judicial), como regra geral será competente o juízo onde o título se formou, exceto nos casos de decisão proferida por juízo criminal ou arbitral que será proposta perante o juízo cível competente segundo as regras gerais do CPC (art. 516, do CPC).
 
4. FORMAS, FASES E ATOS DA EXECUÇÃO
                                  
        Nosso ordenamento jurídico distingue os procedimentos executivos pela natureza da prestação assegurada ao credor, assim se fala em :
1 - Execução para entrega  de coisa certa (art. 806 a 810, CPC) ou Incerta (art. 811 a 813, CPC)
2 - Execução de obrigações de fazer (arts. 815 a 821, CPC) e de não fazer (arts. 822 e 823 CPC)
3 - Execução por quantia certa (artigo 824 e seguintes do CPC)
Atenção: Existe também a execução contra devedor insolvente porém este tipo de execução continua sendo regulado pelas disposições do CPC/73, enquanto não for editado lei específica, conforme disposto no art. 1.052 do CPC/15.
 
5. CLASSIFICAÇÃO E FASES
 
        Nesta última classificação, norteada pelo estado de solvência do devedor, costuma-se falar em:
 
5.1-EXECUÇÃO SINGULAR (contra devedor solvente):
                                  
        O Objetivo é o total pagamento do exeqüente, que com a penhora terá a preferência sobre os demais credores quirografários.
 
5.2-EXECUÇÃO COLETIVA (contra devedor insolvente):
                                  
        Quando há a prévia declaração de insolvência do devedor, dada a impossibilidade de seu patrimônio responder por todas as dívidas, assim são convocados todos os seus credores e arrecadados todos os seus bens penhoráveis.
        O objetivo da execução coletiva é colocar todos os credores em igualdade (ressalvados os privilégios legais), para que todos rateiem o produto da expropriação.                                  
        Além da classificação que se faz dos procedimentos executivos, em todo o processo de execução, é possível distinguir fases, apresentá-las por razões didáticas da seguinte forma:
a) PROPOSIÇÃO: o interessado na petição inicial, apresenta o título extrajudicial e justifica a execução.
b) PREPARAÇÃO: são realizados os atos de citação e na hipótese de não haver cumprimento voluntário da obrigação, iniciam-se os atos executivos para a satisfação da obrigação.
c) FASE FINAL: satisfação do credor
 
6. ATIVIDADE JURIDICIONAL NA EXECUÇÃO
 
        No processo de execução, em relação à atividade jurisdicional, podemos distinguir:
1 - DESPACHOS DE MERO EXPEDIENTE:
        São os atos judiciais que impulsionam o processo. Exemplo.: determinação de avaliação do bem penhorado.
2 - ATOS EXECUTÓRIOS EM SENTIDO ESTRITO: 
        São os atos processuais que agridem o patrimônio do devedor. Exemplo: realização da penhora, hasta pública, pagamento do credor, etc.
3 - DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS: 
        O juiz, profere juízos de valor sobre questões surgidas no curso da execução. Exemplo.: pedido de ampliação ou redução de penhora.
4 - SENTENÇA:
        Na execução a sentença não julgará o mérito da execução, mas apenas declarará extinta a obrigação, nas hipóteses previstas junto ao artigo 924, do Código de Processo Civil (pagamento, transação, renúncia).
Atenção: Ainda há que se observar que a relação processual na ação de execução se completa a existir a partir da citação do devedor, entretanto execução forçada só há a partir dos atos de agressão patrimonial.
 
7. DISPOSIÇÕES GERAIS
 
        As regras do procedimento comum (art. 771, parágrafo único, CPC) se aplicam de forma geral ao processo de execução, pois ambos os tipos de tutela mantêm relação de subsidiariedade. Exemplo: regras sobre a petição inicial (art. 319, CPC), nulidades (arts. 276 a 283, CPC), tempo e lugar dos prazos processuais (arts. 212 a 217, CPC), etc.
        Uma das regras aplicáveis ao processo de execução, assim como ao processo de conhecimento é o princípio da lealdade processual que determina que o magistrado zele pelo comportamento das partes, intervindo sempre que abusos forem cometidos, assim são poderes do juiz diante de atos inadequados:
a) Ordenar o comparecimento das partes (art. 772, I ,CPC)
b) Advertir o devedor, quando se comporte de forma atentatória à dignidade da justiça (artigo 772, II, combinado com 774, ambos do CPC), tais como fraudar a execução, resistir as ordens judiciais, não indicar bens quando intimado para tanto, se os possuir, etc.
c) Aplicar a multa de até 20% do valor do débito quando constatada a prática de ato atentatório à dignidade da justiça, salvo se o devedor apresentar fiador idôneo (art. 774, paragrafo único, CPC).
        Por ser lesão não só ao interesse da parte, como aos interesses da Justiça, o juiz pode e deve agir “ex-officio” ou ainda mediante provocação, podendo além de aplicar a multa do art. 774, CPC, condenar o devedor a indenizar o credor pelos prejuízos que o seu ato tenha causado, nos termos do art. 81, “segunda parte”, Código de Processo Civil.
 
8. EXISTE REVELIA EM PROCESSO DE EXECUÇÃO?
                                  
        Ao estudarmos citação, observamos que a teor do artigo 247, verificamos que é perfeitamente possível a citação postal, ou seja, aquela feita através de carta enviada pelo correio, no processo de execução (à luz do CPC/73 isto era expressamente vedado).
        Logo, verificados os requisitos, é possível que também ocorra a citação edilícia (art. 256, CPC), ou na hipótese de ocultação do devedor até mesmo a citação com hora certa (art. 252 a 254, CPC) nas ações de execução por título extrajudicial.                                  
        Ocorrida à citação por edital ou com hora certa, o art. 72, II, do CPC, dispõe que deve ser nomeado curador ao réu.                                  
        Muitos autores e alguns tribunais a esse respeito, têm se manifestado no sentido de não haver nomeação de curador na execução, pois o devedor não é chamado para se defender, mas sim para cumprir a obrigação, afirmando ainda que por isso não haveria REVELIA.                                  
        Entretanto há confusão conceitual nesse entendimento, pois a revelia é a inércia diante do ato citatório, não se confundindo com os seus efeitos, estes sim, característicos do processo de conhecimento e inexistentes no processo de execução.
        Dessa forma, citado por edital ou com hora certa, entendemos que deve ser nomeado curador ao devedor, para que seja resguardado o contraditório em todos os atos do processo de execução, sendo certo que há quem entenda que se existirem elementos nos autos, o curador poderá até mesmo opor embargos, entendimento que só foi reforçado pelas últimas reformas, tendo em vista que não há mais a necessidade de garantia do juízo para embargar (artigos 914 e 915, do CPC). 
       
PARTE 1
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
 
 
INTRODUÇÃO
 
       Sentença ilíquida é aquela que não fixa o valor da condenação, sendo proferida como exceção, uma vez que sendo o pedido determinado a sentença deverá também, desde logo descrever o objeto da condenação, em sua qualidade e quantidade, entretanto, há casos em que o próprio legislador autorizou a indeterminação do pedido (hipóteses do artigo 324, do Código de Processo Civil), circunstâncias em que a sentença proferida poderá ser ilíquida (ressalvadas as hipóteses em que o legislador proibiu o juiz de proferir sentença ilíquida, como por exemplo, nas ações que tramitam pelos Juizados Especiais, conforme artigo 38 c/c 52, I, da Lei n°9.099/95).
      A iliquidez é incompatível com a execução, pois esta requer título líquido, certo e exigível, consoante o artigo 783, do Código de Processo Civil.
        Quando faltar esse requisito aos títulos judiciais, antes de proceder ao cumprimento da sentença, se fará sua liquidação para que se fixe o valor ou se individualize o objeto da execução. Já na hipótese de título extrajudicial a iliquidez faz com que perca a própria executividade, nãosendo então adequada a ação de execução, mas sim a chamada ação monitória (artigo 700 e seguintes do Código de Processo Civil).
      A respeito da natureza jurídica da liquidação de sentença, no passado, antes da reforma no CPC/73 operada pela Lei nº11.232/05, era pacífico o entendimento de que se tratava de processo preparatório, que antecedia a execução e gerava uma sentença declaratória que atribuía certeza ao título executivo anteriormente gerado.
     Atualmente a liquidação se tornou uma fase do processo de conhecimento que antecede o cumprimento da sentença, este também mera fase do processo anterior, sendo certo que o legislador passou a tratar a questão apenas como decisão interlocutória.
     Destarte, diante da clareza do texto legal, entendemos que não é mais possível sustentar qualquer dúvida doutrinária a cerca da natureza jurídica da liquidação de sentença.
 
LIMITES DA LIQUIDAÇÃO
 
        É certo que a decisão de liquidação não pode em nada alterar o teor da sentença anterior, sob pena de violar coisa julgada, conforme expressamente veda o artigo 509, § 4°, do nosso Código de Processo Civil.
        A regra, não se aplica aos juros e à correção monetária, cujos pedidos ainda que não formulados e mesmo que não contidos expressamente na sentença da ação de conhecimento, em conformidade com o artigo 332 e a Súmula 254, do Supremo Tribunal Federal, são considerados implícitos e assim devem ser sempre considerados na liquidação.
        O que não pode ser feito é alterar o percentual de tais juros ou o índice de correção anteriormente determinados na sentença, ressalvada a hipótese do índice oficialmente extinto e substituído por outro.
 
CONTRADITÓRIO
                       
        Como em qualquer procedimento ou fase do processo, este princípio também é respeitado na liquidação da sentença, tendo em vista que a parte pode apresentar pareceres e documentos elucidativos (art. 510, CPC), bem como poderá apresentar contestação (art. 511, CPC).
 
LIQUIDAÇÃO PARCIAL
 
        Na hipótese de haver na sentença uma parte líquida e outra não, é direito do credor executar a parte líquida desde logo, circunstância em que a liquidação da outra parte poderá ser procedida em autos apartados, tal como ocorrerá na hipótese de pendência de recurso, prevista pelo artigo 509, § 1°, do Código de Processo Civil.
 
LIQUIDAÇÃO EM FASE RECURSAL
                       
        O legislador autorizou que se inicie a liquidação de sentença, ainda que desta penda recurso (artigo 512, CPC), circunstância em que o procedimento de liquidação será realizado em autos próprios que serão instruídos com cópias dos autos principais, declaradas autênticas sob a responsabilidade do advogado.
        Esta medida é de evidente economia processual, haja vista que a liquidação da sentença pode levar tempo, entretanto, todo o procedimento pode ser posto a perder caso haja alteração da sentença em grau de recurso, risco o qual é assumido inteiramente pelo liquidante.
 
LIQUIDAÇÃO PELO VENCIDO
 
        A liquidação também pode ser requerida pelo vencido, uma vez que este tenha interesse em pagar voluntariamente a fim de fugir dos efeitos da mora, observando-se entretanto que, enquanto não procedida a liquidação, não é possível cobrar a multa prevista no artigo 523, do Código de Processo Civil.
 
DIFERENÇA ENTRE LIQUIDAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DE VALORES
 
        Não podemos confundir a apuração de quantia certa, que até então era desconhecida pelas partes, o que se faz nos títulos judiciais perante o procedimento de liquidação que estamos estudando, com as meras atualizações de débito, realizadas no curso do cumprimento da sentença e também nas execuções de título extrajudicial, apenas para agregar despesas processuais e custas ou atualizar acessórios.
 
ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO
 
        Nosso legislador processual estabeleceu tratou de três espécies de liquidação, quais sejam:
a) por cálculo (artigo 524, CPC);
b) por arbitramento (artigo 509, I);
c) pelo procedimento comum (artigo 509, II).
        Vejamos uma a uma:
 
A) LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO
       
        A liquidação por cálculo é na verdade um procedimento cumprido pela própria parte que ao peticionar requerendo o cumprimento da sentença junta a petição uma memória discriminada e atualizada do cálculo, procedido consoante o que fora determinado pela sentença e por essa razão uma parcela da doutrina afirma que não poderia sequer ser considerada espécie de “liquidação”, já que neste caso não seria necessário nenhum procedimento especial para apurar o valor.
        Não obstante isso, preferimos manter o tema, entre as espécies de liquidação, não apenas por apego á tradição, mas por entendermos que por enquanto este ainda é o modo mais didático de tratar o assunto.
        Assim, feita essa ressalva, é necessário dizer que há também hipóteses em que o cálculo depende da apresentação de documentos ou informações que estão com o devedor ou mesmo com terceiro e nessa hipótese deve-se requerer ao juiz que intime a parte ou terceiro para que apresente tais dados, podendo fixar até 30 (trinta) dias para cumprimento da diligência (artigo 524, § 4º, do CPC).
        Caso o devedor não apresente esses dados, sem justo motivo, o cálculo apresentado pelo credor será considerado correto, e sendo o descumprimento injustificado praticado por terceiro, será expedido mandado de busca e apreensão, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
        Como dito o cálculo é feito pela própria parte, como regra, entretanto, por exceção poderá ser determinado ao CONTADOR DO JUÍZO, quando os cálculos iniciais parecerem excessivos ou ainda quando o credor for beneficiário da assistência judiciária gratuita, tendo em vista a presumida hipossuficiência nesse último caso.
        Feito o cálculo pelo contador, as partes serão intimadas a se manifestar, entretanto se o credor discordar, a execução prosseguirá pelo valor originalmente requerido, entretanto a penhora será feita com base no valor encontrado pelo contador (artigo 524, § 1º, do Código de Processo Civil), aguardando-se a intimação do devedor a respeito da penhora, data a partir do qual correrá o prazo para eventual impugnação.
 
B) LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO
                                  
        A liquidação por arbitramento é feita quando:
a) a sentença determinar que assim o seja;
b) as partes convencionaram que assim o seja;
c) a natureza do objeto exija que assim o seja.
        A liquidação por arbitramento é realizada mediante exame pericial cujo objetivo é utilizar do conhecimento técnico de um profissional que analisará as informações dos autos, e sem necessidade de produzir outras provas, estimará o valor da condenação. Exemplo: estimar os lucros cessantes de uma atividade, estimar os danos em uma obra de arte, etc..
 
PROCEDIMENTO
        A liquidação por arbitramento seguirá as seguintes fases:
a) Petição de requerimento: o juiz recebendo a petição nomeará perito, fixando desde logo prazo para entrega do laudo;
b) As partes são intimadas, através de seus advogados, da nomeação do perito, e têm 15 (quinze) dias para indicar assistentes técnicos e apresentar quesitos (artigo 465, CPC).
c) Apresentado o laudo as partes têm o prazo comum de 15 (quinze) dias para se manifestarem a respeito.
 
C) LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM
 
        Proceder-se-á desta forma quando for necessário alegar e provar fato novo que não pode ser apurado antes da sentença, o que acontece freqüentemente nas situações continuativas, por exemplo, nos casos de indenização por danos que se propagam ao longo do tempo.
        É certo que o procedimento a ser seguido é o comum, conforme preceitua o artigo 511, do Código de Processo Civil, ou seja, o credor pode elaborar petição onde narre os fatos que tenham relação com a apuração dos valores, não podendo modificar ou inovar a condenação.
        Exemplo: em uma ação de indenização por atropelamento, a sentença condenatóriafoi ilíquida porque no momento em que foi proferida ainda não era possível determinar em definitivo os danos decorrentes do fato, haja vista que a vítima ainda estava hospitalizada, assim sendo a extensão dos danos será provada em fase de liquidação por artigos. Deve-se ressaltar que, no exemplo, as partes não voltarão a discutir a autoria e materialidade do fato causador do dano, pois este já está fixado na sentença, mas discutirão as provas de sua real extensão.
 
PROCEDIMENTO
        Este tipo de liquidação era chamado de “liquidação por artigos”, no antigo CPC/73, e agora seguirá o procedimento comum em todas as suas regras, assim sendo, temos em síntese as seguintes fases:
a) Petição requerendo a liquidação por essa forma, onde obrigatoriamente devem constar os fatos que precisam ser demonstrados a fim de que se chegue a um valor certo. Exemplo: em uma sentença que condenou o réu a indenizar as despesas de tratamento médico e psicológico originárias de uma agressão física, devem se elencar a título meramente ilustrativo, as contas do hospital, do ingresso até a alta médica, as contas de medicamentos, as contas de fisioterapeuta, as contas de sessões psicológicas realizadas e as que se estimem necessárias para a total cura da vítima, etc...
b) Intimação do devedor para em 15 (quinze) dias apresentar resposta, a teor do que determina o artigo 511, do Código de Processo Civil, lembrando que a autoria e a materialidade dos fatos já reconhecidos pela sentença não podem ser objeto de impugnação nessa fase, tendo em vista o respeito à coisa julgada;
c) Havendo ou não resposta pode haver ou não direito à réplica;
d) O juiz, sendo o caso, designará audiência preliminar do saneador (artigo 357, V, do CPC), e, especificadas as provas a serem produzidas, será designada audiência de instrução e julgamento (se necessária a prova oral), sendo a seguir proferida a decisão interlocutória a respeito da liquidação.
 
                                  
MODULO 2
PARTE 2
EXECUÇÃO DEFINITIVA E EXECUÇÃO PROVISÓRIA
 
 
EXECUÇÃO DEFINITIVA
 
        É aquela que se fundamenta em situação presumida pelo Estado como imutável. É a execução dos títulos extrajudiciais (artigo 784, CPC), pois a lei lhes conferem previamente a certeza jurídica, e dos títulos judiciais (artigo 515, do CPC) quando submetidas a coisa julgada (fase de cumprimento de sentença).
        Ainda no que se refere à execução definitiva é preciso observar que mesmo nos casos em que exista recurso pendente de julgamento, poderá ocorrer a execução definitiva, desde que o recurso ataque apenas parcialmente a sentença ou acórdão. Exemplo: em uma sentença que condena o réu ao pagamento de danos materiais e morais, este recorre voltando-se apenas contra a condenação por danos morais, silenciando quanto aos danos materiais.
        Neste caso, seria possível a execução definitiva sobre os danos materiais, eis que sobre esse aspecto houve o trânsito em julgado, em outras palavras, a ausência de inconformismo do condenado, gerou sua imutabilidade.
 
EXECUÇÃO PROVISÓRIA
 
        É aquela que se fundamenta em decisões judiciais que ainda não transitaram em julgado, na hipótese de pendência de recursos sem efeito suspensivo, razão pela qual tem um caráter precário, em virtude da possibilidade de reforma da decisão, como ocorre, por exemplo, nas apelações previstas no artigo 1.012, do Código de Processo Civil, ou também, no caso de interposição de recurso especial ou extraordinário.
 
EXECUÇÃO PROVISÓRIA E TUTELA PROVISÓRIA[1]
 
        Diz o art. 519, do CPC, que se aplicam as disposições relativas ao cumprimento da sentença, provisório ou definitivo, e à liquidação, no que couber, às decisões que concederem tutela provisória (correspondente ao art.273, § 3º do CPC/73).
        A execução provisória pode ser entendida como a possibilidade de a sentença ou o acórdão serem executados, isto é, cumpridos antes de seu trânsito em julgado. Dito de outro modo: a execução provisória é a autorização para que uma decisão judicial surta seus efeitos concretos mesmo enquanto existirem recursos pendentes de exame perante as instâncias superiores.
        É, portanto, a partir desta necessária releitura constitucional do processo civil que certos aspectos podem e devem ser analisados. O da execução provisória — como, de resto, diversos outros tantos também trazidos pelo movimento das Reformas do CPC/73.
        No embate entre segurança e efetividade, a execução provisória tende, consciente e expressamente para o segundo.  E tal opção, deve refletir-se em cada entendimento acerca do instituto. Entre aguardar que a decisão jurisdicional se torne imutável para produzir seus regulares e desejados efeitos e admitir que estes efeitos sejam experimentados mesmo enquanto há impugnações recursais pendentes de exame, a execução provisória representa a melhor opção.
        Até porque “coisa julgada” e “efeitos da sentença”, mesmo que, vez por outra, apresentem-se lado a lado não se confundem conceitualmente. Certo que a “execução provisória” carece de uma confirmação ulterior — esta se processa sob condição resolutiva, mas isto, pelas razões já expostas, não a torna provisória. Nenhum ato jurisdicional posterior (o provimento ou o desprovimento do recurso) modificará, substancialmente, os atos praticados sob as vestes de uma execução provisória.
        Tais atos prosseguirão até seus ulteriores termos, no caso de confirmação do título executivo que enseja a execução ou, inversamente, à parte que os sofreu será reconhecido um outro título executivo para perseguir perdas e danos. Nisto, acreditamos, não há nenhuma “provisoriedade” nos atos executivos, mas sim, bem diferentemente, uma “imediatidade” ou antecipação dos efeitos executivos da decisão jurisdicional.
        Se há algo de provisório em tal execução, tal característica só pode ser do título que a fundamenta. Este sim, rigorosamente, é que depende de uma ulterior “confirmação” mercê do sistema recursal.
        A antecipação dos efeitos da tutela na hipótese prevista no art. 294 e seguinte do CPC, consiste numa das modalidades de tutela de urgência previstas no direito brasileiro juntamente com a tutela cautelar.
        Considera a antecipação de tutela como algo satisfativo no sentido de conceder ao demandante a providência definitiva acerca do direito pleiteado, mas no sentido de permitir a fruição total ou parcial dos efeitos derivados da tutela pleiteada.
        Quer dizer, apesar de ser satisfativa do direito material, a tutela antecipada permite a sua realização, mas não a sua segurança, posto que feita mediante cognição sumária ou verossimilhança.
        Em verdade, a tutela antecipatória tem a mesma substância da tutela final, com a única diferença que consiste em ser lastreada em verossimilhança e, por isso, não resta coberta pela imutabilidade inerente da coisa julgada material. Afinal a tutela antecipatória é a tutela final, antecipada com base em cognição sumária.
        O Novo CPC prevê a antecipação de tutela como modalidade de tutela de evidência, mas vai depender da demonstração cabal da aparência do direito ainda que veementemente e não necessariamente evidente da existência do direito.
       
 
PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PROVISÓRIA
 
        É sempre um risco do credor, que fica obrigado a REPARAR PERDAS E DANOS, caso a sentença seja reformada (artigo 520, I, CPC), ressaltado que sendo esta reforma parcial, somente nesta ficará sem efeito a execução (artigo 520, III, CPC).   As perdas e danos ocorridos serão apurados nos próprios autos, mediante arbitramento pelo juiz. Exemplo de situação danosa ao suposto devedor: o credor pede a penhora de um imóvel do executado que estava prestes a ser vendido para custeio de um tratamento de saúde, o que se inviabiliza pela determinação de constrição judicial; caso, posteriormente a sentença seja reformada, entendendo-se que o executado não era na verdade devedor, os prejuízos por ele suportados devem ser reparados pelo exeqüenteque iniciou, sob seu risco, a execução provisória.
        VEDAM-SE, a princípio, atos que impliquem em levantamento de dinheiro ou alienação de propriedade, ou quaisquer outros que possam causar graves danos ao executado, ressalvada a apresentação de CAUÇÃO IDÔNEA arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos (artigo 520, IV, CPC), ressalvada as hipóteses de dispensa de garantia.
        O artigo 521, do CPC, autorizou o juiz a dispensar a caução nas seguintes hipóteses:
a) para o crédito alimentar de qualquer natureza;
b) o credor demonstrar situação de necessidade do exeqüente ou,
c) na pendência do agrafo do art. 1.042, do CPC.
        Retorno total ou parcial ao “status quo ante”, caso o recurso seja total ou parcialmente provido (artigo 520, IV, CPC), o credor deve providenciar o retorno da situação ao estado anterior.  Se a reversão se tornar impossível por qualquer razão, serão apurados eventuais prejuízos nos próprios autos, mediante arbitramento pelo juiz. 
        Entretanto, se o Tribunal confirmar a sentença a execução que antes era provisória, se tornará definitiva. 
        A execução provisória, em virtude dos autos estarem em instâncias superiores, será feita em autos apartados, sendo certo que o exeqüente instruirá seu pedido com cópias autenticadas dos documentos que entender necessários, e obrigatoriamente dos seguintes documentos:
     1. Decisão exequenda;
     2. Certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
     3. Procurações outorgadas pelas partes;
     4. Decisão de habilitação, se for o caso e,
     5. Facultativamente com as peçças que a parte considerar necessária.
        Definitiva ou provisória a execução se fará sempre mediante provocação do interessado, através de petição, que será petição inicial na ação de execução de título extrajudicial, que obedecerá todos os requisitos do art. 319, CPC; ou se tratando de título judicial, será mero pedido de providências, requerendo o cumprimento da sentença.
 
[1] Comentários da profa. Gisele Leite In Melo, Nehemias Domingos de. Novo CPC anotado, comentado e comparado, 2ª. ed. Araçariguama: Rumo Legal, 2016, pp. 474/476.
PARTE 1
REQUISITOS E ELEMENTOS DA EXECUÇÃO
 
 
1). PRESSUPOSTOS DA EXECUÇÃO FORÇADA
 
        A execução se submete aos mesmos requisitos genéricos de qualquer ação, assim é necessária a presença das condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, interesse e legitimidade), bem como os pressupostos processuais que permitem o estabelecimento e desenvolvimento válido da relação processual (competência, capacidade para ser parte, para estar em juízo, capacidade postulatória, etc...).
        A par desses requisitos genéricos o processo de execução possui requisitos específicos que consistem na existência de um título executivo de onde se extraia a certeza, liquidez e exigibilidade da obrigação (artigo 783, do Código de Processo Civil), bem como a caracterização do inadimplemento do devedor, eis que sem este não há sequer interesse de agir.
 
A). O TÍTULO EXECUTIVO (LÍQUIDO, CERTO E EXIGÍVEL)
 
         O titulo executivo tem por função autorizar a execução, definir o fim da execução (se é execução por quantia certa, fazer, não fazer, etc...), e fixar os limites da execução (valor e espécie da obrigação, bem como legitimidade ativa e legitimidade passiva).
        A conseqüência prática do título executivo é tornar certa a relação obrigacional estabelecida, autorizando a agressão patrimonial na hipótese de inadimplemento, essa certeza nos títulos judiciais, decorre da manifestação do Estado no processo de conhecimento e nos títulos extrajudiciais, da manifestação da vontade das partes, cientes do consecutório legal.
 
ATRIBUTOS ESPECÍFICOS DO TÍTULO EXECUTIVO
        Além da existência material do título para que este seja passível de execução, tem de preencher os seguintes requisitos, segundo o art. 783, CPC:
A1 - LIQUIDEZ: consiste na obrigação de que esteja determinado no título o conteúdo e o “quantum” da prestação a ser exigida.  Na hipótese de cumprimento de sentença, a indeterminação quantitativa gera o procedimento de “liquidação de sentença”, que aprenderemos mais adiante, já para os títulos extrajudiciais a iliquidez gera a impossibilidade da ação de execução, passando a ser hipótese de ação monitória.
A2 - CERTEZA: é a convicção sobre a existência de instrumento que preencha os requisitos formais para que seja considerado título executivo, na medida em que esclarece a obrigação quanto a sua existência e extensão.
A3 - EXIGIBILIDADE: o seu pagamento não depende de termo ou condição ainda não cumprida. Exemplo: pretendo executar a obrigação de fazer transferência do título de domínio, tenho de comprovar que paguei todas as prestações devidas.
        Na hipótese da execução estar condicionada à contraprestação a cargo do credor, por tratar o título de obrigação recíproca (artigo 476, do Código Civil), este só poderá propor a execução, se oferecer em juízo a sua contraprestação (artigo 798, I, d, do Código de Processo Civil).
        De outro lado, embora o credor não possa executar o devedor, se não cumpriu sua parte na obrigação, o devedor quando citado, em tal hipótese, poderá exonerar-se da dívida depositando sua prestação, sendo o exeqüente chamado a cumprir sua contraprestação para efetuar o levantamento (art. 582, parágrafo único, do Código de Processo Civil), em prazo certo, após o qual, o depositante poderá executar o autor, pois agora este se transforma em único devedor.
 
B).INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR
 
        Inadimplente é aquele, que não cumpriu na forma e tempo devidos uma obrigação, sendo o inadimplemento exigência fundamental para a propositura da execução, uma vez que sua inexistência caracterizaria, inclusive, a ausência de interesse de agir, que é uma das condições da ação.
                                  
 
2). ELEMENTOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
 
        Em qualquer relação processual, há elementos subjetivos e objetivos, pois qualquer relação jurídica é sempre um vinculo entre pessoas a respeito de bens da vida.
Elementos subjetivos compreendem: partes (credor e devedor) e órgão jurisdicional
Elementos objetivos compreendem: titulo executivo, bens sobre os quais recaiam a atividade jurisdicional (execução forçada)
 
A). ELEMENTOS SUBJETIVOS (JUÍZO DE PARTES):
        Partes na execução são denominadas de exeqüente e executado ou como fez o legislador algumas vezes: credor e devedor.
 
LEGITIMAÇÃO ATIVA
        Pertence a aqueles que estão autorizados a propor a ação (art. 778, CPC), podendo ser ainda:
 
1. Legitimação originária
         É aquela decorre do próprio título executivo em sua formação.
· Credor (é a regra geral): aquele que consta no título executivo como beneficiário da obrigação descumprida.
·  Ministério Público: quando atua como substituto processual do credor, nas hipóteses em que a lei autoriza. Exemplo: execução de sentença penal condenatória para ressarcir civilmente a vítima (ação “ex delicto” de vítima pobre).
 
2.  Legitimidade superveniente ou derivada
        Quando decorre de fato posterior à formação do título que representa sucessão de partes (seja esta sucessão da espécie “causa mortis” ou “inter vivos”).
        Atenção especial deve ser dada a essas hipóteses dada a sua excepcionalidade, são os casos em que outra pessoa assume a posição do credor, seja judicial ou extrajudicial o título.
        A condição de sucessor deve estar comprovada na inicial da ação de execução, sob pena de indeferimento por ilegitimidade ativa, ou havendo sucessão no curso da demanda, assim que esta ocorrer.
 
São LEGITIMADOS ATIVOS supervenientes:
 
a) espólio, herdeiros ou sucessores do credor, quando o direito foi transmitido pela morte do credor:
        Enquanto não efetivada a partilha dos bens deixados pelo falecido, o espólio promoverá a execução forçada, sendo representado pelo inventariante, salvo se este for dativo, quando então será representadopela totalidade dos herdeiros.
        Embora a representação processual do espólio seja aquela estabelecida no art. 75, VII, CPC, na omissão do inventariante, qualquer herdeiro, na qualidade de comunheiro de bens, terá interesse na defesa do espólio ou para a propositura da respectiva ação.
        Se o falecimento ocorreu no curso do processo, deve ser feita a habilitação incidente do espólio ou dos sucessores.
        O dispositivo ao distinguir herdeiro e sucessores do falecido, está na primeira hipótese se referindo aos sucessores a título universal e na segunda aos legatários ou sucessores a título singular (de coisa específica).
 
b) Cessionário:
        Aquele que recebe o título por ato “inter vivos”, oneroso ou gratuito, desde que a cessão não seja vedada pela lei (exemplo de proibição legal é a da cessão de benefício previdenciário) ou pela própria vontade das partes.
 
c) Subrogado:
        Cumpre esclarecer que subrogação é o direito que nasce para aquele que paga dívida de terceiro, de assumir todos os direitos, ações, garantias e privilégios do credor primitivo em face do devedor e seus fiadores (art. 349, CC).
        A subrogação pode decorrer da lei ou da vontade das partes. Exemplo: fiador que paga dívida do afiançado, adquirente de imóvel hipotecário.
O credor originário pode prosseguir no feito na condição de substituto processual, bem como o subrogado pode nela prosseguir na hipótese de ter ocorrido já no curso do processo.
Embora os artigos 778, CPC, não tenham mencionado também, são partes legítimas para propor ação de execução a massa falida, o condomínio e a herança jacente ou vacante.
 
 
LEGITIMAÇÃO PASSIVA
        Corresponde aquele em face de quem se pode mover ação de execução. Nesse sentido, há três categorias de legitimados passivos a saber:
· Devedores originários; (art. 779, I, CPC)
· Sucessores; (art. 779, II e III , CPC)
· Responsáveis patrimoniais (art. 779, IV e V, CPC)
         A distinção que se faz entre os devedores (sejam originais ou sucessores) e os responsáveis pela dívida, leva em conta a distinção entre o caráter pessoal da obrigação (assumida pelo devedor), e o seu caráter patrimonial (assumida pelo devedor e eventualmente por terceiros garantidores da obrigação em decorrência da lei ou do contrato).
        O devedor está OBRIGADO pela dívida, mas o responsável sofre a execução em virtude da SUJEIÇÃO de seus bens ao processo.
        A respeito da RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL, que é exatamente a sujeição do patrimônio à execução, nosso Código de Processo Civil dedicou todo um capítulo, detalhando a questão entre os artigos 789 a 796 do Código de Processo Civil.
        É certo dizer que a princípio o devedor responde pela dívida com todo o seu patrimônio, presente ou futuro, ressalvadas apenas as hipóteses de impenhorabilidade que a própria legislação estabeleça (artigo 833, do CPC e Lei nº 8.009/90).
        Sempre que não existir a identidade de obrigação e sujeição, ou seja, quando o exeqüente esteja acionando aquele que é apenas o RESPONSÁVEL PATRIMONIAL e não devedor, deverá instruir a inicial com a prova documental dessa responsabilidade, dada a impossibilidade de instrução oral em processo de execução.
 
a) Devedor originário: é aquele que figure no corpo do título executivo como devedor.
 
b) Sucessores: aqui menciona o art. 779, II, CPC, o espólio, os herdeiros e os demais sucessores. O espólio será parte ré até antes da partilha, pois ultimada esta cada herdeiro responde na proporção que lhe coube na herança (art. 796, CPC), preservado o seu patrimônio pessoal.
 
c) Novo devedor: ocorre na hipótese de assunção de dívida prevista pelo artigo 299  do Código Civil, tendo como condição a anuência expressa do credor que deve consentir. O antigo devedor fica exonerado salvo se o novo devedor era insolvente e esta condição era ignorada pelo credor.
Na hipótese de execução em face do novo devedor, o credor deve junto à inicial, trazer a prova da assunção da dívida.
O art. 303 do Código Civil, fala do adquirente de imóvel hipotecado, quando notifica o credor que assumirá o crédito, em não havendo manifestação em contrário, presume-se o assentimento.
 
d) Fiador Judicial (RESPONSÁVEL PATRIMONIAL): é garantia pessoal prestada no curso do processo, podendo ser cautelar preparatória ou incidental.
Exemplo 1:. quando o condenado em ação de indenização à prestação de caráter alimentar requerer a substituição da constituição de capital, por fiança bancária (art. 533, § 2º, do Código de Processo Civil).
Exemplo 2: Nas ações possessórias, quando o réu prove que o autor não tem idoneidade financeira para na hipótese de sucumbência responder por perdas e danos (art. 559, CPC).
    O fiador tem o BENEFÍCIO DE ORDEM, que consiste na faculdade de nomear bens do devedor os seus responderão pela dívida, resguardado o DIREITO DE REGRESSO, NOS MESMOS AUTOS (art. 794, do Código de Processo Civil).
        O art. 779, IV, só trata do fiador judicial, porque o fiador extrajudicial, ou seja, aquele que se obrigou por um instrumento particular (contrato acessório de caução), é equiparado ao devedor, pois os contratos de caução são títulos executivos por si mesmos (art. 784, III, do Código de Processo Civil) apesar de acessórios em relação a um contrato principal.
 
e) Responsável tributário (art. 779, VI, do Código de Processo Civil): aquele definido na legislação tributária e cujo nome esteja inscrito na dívida ativa como responsável, tenha ou não auferido vantagem do fato gerador da obrigação tributária.
Exemplo 1: O adquirente é responsável pelos tributos relativos aos bens adquiridos (art. 130, “caput” do Código Tributário Nacional).
Exemplo 2: O tomador de serviços é responsável pelas contribuições previdenciárias não recolhidas pelo prestador.
        O artigo 790 trata de outras hipóteses de SUJEIÇÃO PATRIMONIAL afirmando que respondem pela dívida OS BENS:
 
a) OBJETO DA OBRIGAÇÃO EM PODER DO SUCESSOR A TÍTULO SINGULAR: a responsabilidade ocorre na hipótese da execução para entrega de coisa (seja em cumprimento de sentença ou ação de execução de título extrajudicial) estar fundamentada em direito real ou em obrigação reipersecutória, ou seja, aquela em que existe direito de seqüela sobre o bem (perseguição do bem com quem quer que esteja). 
 
b) DO SÓCIO: os bens particulares dos sócios, como regra, não respondem pela dívida da sociedade, ressalvado quando a lei assim o determinar, o que ocorre nas sociedades simples, conforme determina o artigo 1.023, do CC (responsabilidade pessoal na proporção de sua participação societária). 
Os sócios também tem o chamado benefício de ordem (artigo 1.024 do CC combinado com artigo 795, do CPC), que consiste na possibilidade de indicarem bens da pessoa jurídica a fim de não terem seu patrimônio pessoal atingido, nem mesmo no limite da responsabilidade societária.
Necessário mencionar, entretanto, que caso existam abusos ou ilegalidades praticadas na administração da empresa, esta regra de distinção entre a pessoa jurídica e física é alterada, sendo utilizada para tanto a teoria da “desconsideração da personalidade jurídica” (disregard of legal entity), que não impõe limites a execução forçada sobre o patrimônio pessoal dos sócios, estando disciplinada pelo artigo 50, do Código Civil e pelos artigos 133 a 137 do Código de Processo Civil.
 
c) DO DEVEDOR, MAS EM PODER DE TERCEIROS: esta regra na verdade não cria qualquer exceção haja vista que não importa a localização dos bens, mas sim sua titularidade, logo se tenho um barco guardando em uma marina particular, este barco está tão sujeito à execução quanto qualquer outro bem que esteja diretamente sob minha posse, ainda que exista posse contratual de terceiro (na hipótese de locação ou comodato).
 
d) DO CÔNJUGE: o cônjuge, ainda que não tenha diretamente contraído a dívida, poderá responder com sua meação, bens próprios ou reservados, nas hipóteses em que a lei determina sua responsabilidade patrimonial.
Os artigos 1.643e 1.644, ambos do Código Civil, determinam que as dívidas contraídas por qualquer deles para aquisição de coisas necessárias à economia doméstica ou empréstimos para a aquisição de tais bens, obrigam solidariamente ambos os cônjuges, qualquer que seja o regime de casamento.
No regime de comunhão parcial (artigo 1.664, CC) dívidas contraídas para atender a encargos da família ou a despesas de administração dos bens comuns também são de responsabilidade solidária.
 
e) BENS OBJETO DE FRAUDE À EXECUÇÃO: quaisquer bens que tenham sido alienados a qualquer título ou gravados com ônus real, se:
e-1) Já pendia sobre eles ação fundada em direito real;
e-2) Já havia ação em curso capaz de reduzir o devedor à insolvência;
e-3) Quando a lei assim o determinar.
Devemos esclarecer que nossa jurisprudência pátria vem interpretando este dispositivo de forma a preservar os interesses do terceiro adquirente de boa-fé, assim considerado aquele que tomou todos os cuidados na aquisição do bem, mas ainda assim não tinha como ter ciência da existência de demandas (ver a esse respeito Apelação com Revisão nº1163592-0/6 – voto 15.593 – 32ª. Câmara de Direito Privado – TJSP – julgado em 28/08/2008; RECURSO ESPECIAL Nº60.660/PR – Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça – Ministro Relator Nilson Naves – julgado em 17.10.1995; RECURSO ESPECIAL Nº316.244/SP – Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça – Ministro Relator Aldir Passarinho Junior – julgado em 27/06/2002; RECURSO ESPECIAL Nº494.545/RS – Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça - Relator Ministro Teori Albino Zavascki – Julgado em 14/09/2004; RECURSO ESPECIAL Nº439.418/SP – Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça - Relatora Ministra Nancy Andrighi – Julgado em 23/09/2003; RECURSO ESPECIAL Nº111.899/RJ – Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça -Relator Ministro Eduardo Ribeiro – DJ 08/11/1999)
 
A título de exemplificação:
        Imaginemos que um devedor X possui contra si uma demanda ajuizada na Comarca de Manaus-AM e atualmente resida em Cuiabá-MT, sendo proprietário de um imóvel na cidade do Rio de Janeiro.
Seria total absurdo exigir de qualquer possível interessado na compra do imóvel, que tenha dons premonitórios e adivinhe a existência da ação na Comarca de Manaus-AM, uma vez tendo perquirido pela vida do devedor no seu domicílio e na matrícula do imóvel.
 
B) COMPETÊNCIA
        Na hipótese de CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, a redação do artigo 516, do Código de Processo Civil, dispõe que será competente:
a) Tribunal: para o cumprimento de acórdãos nas ações originárias.
b) O juízo que processou a causa em 1º grau para as sentenças cíveis em geral, 
c) O juízo cível competente, segundo as regras normais de competência territorial, para cumprimento de sentença penal condenatória, de sentença arbitral, de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo
Atenção: o credor pode OPTAR PELO FORO DA SITUAÇÃO DOS BENS OU DO ATUAL DOMICÍLIO DO DEVEDOR, nos casos tratados em 'b' e 'c' (art. 516, parágrafo único, do Código de Processo Civil).
 
        Na hipótese de SENTENÇÃ ESTRANGEIRA, é importante destacar que nesse caso, esta só será título executivo em nosso país após sua prévia homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 961, CPC e artigo 105, I, i, da Constituição Federal).
        A execução em si, após a homologação, far-se-á, por carta de sentença e competentes para os atos executórios serão os juízes federais de primeira instância, segundo o que dispõe o art. 109, X, de nossa Carta Magna.
        O credor em hipótese alguma poderá ajuizar ação de execução em outro país e buscar cumprimento de mandado executivo no Brasil, pois já se decidiu que não será concedido o “exequatur”, para Carta Rogatória executiva (STF, Exeq. Nº 1395, Min. Oswaldo Triqueiro).
        Assim sendo, se o título é judicial, o credor deve antes requerer a homologação da sentença, se é extrajudicial, deve propor ação de execução no Brasil.
        O art. 781, do Código de Processo Civil, estabelece para ações de execução por TÍTULO EXTRAJUDICIAL, a aplicação das regras similares à competência do processo de conhecimento.
        Assim será distribuída a ação de execução de título extrajudicial:
a) foro de eleição: se o título executivo for contrato e tiver previsto tal cláusula (artigo 111, “caput”, do Código de Processo Civil).
b) local onde a obrigação deve ser satisfeita, quando não houver foro de eleição, mas existir indicação no próprio título executivo (praça de pagamento), conforme artigo 100, IV, do Código de Processo Civil.
c) foro geral: domicílio do réu.
        Parte de nossa jurisprudência entende que como as duas primeiras regras (foro de eleição e local de cumprimento da obrigação) são estabelecidas em benefício do credor, o devedor não poderia opor exceção de incompetência na hipótese de ser acionado em seu domicílio, haja vista que nenhum prejuízo acarretaria.
 
3) CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES
 
        Em virtude do princípio da economia processual, que consiste em obter no processo um melhor resultado com a prática de menor número de atos, nosso legislador processual civil autorizou a cumulação de execuções, desde que obedecidos os seguintes requisitos, expostos no artigo 780, do Código de Processo Civil:
a) que seja o mesmo devedor;
b) que seja o mesmo procedimento (obrigação de natureza igual, ou seja, duas ou mais execuções por quantia certa, duas ou mais execuções para entrega de coisa, etc...);
c) que o juiz seja competente para todas as execuções.
        Preenchidos esses requisitos, podemos ter a cumulação de execuções sem qualquer problema.
 
MODULO 3
PARTE 2
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
 
 
INTRODUÇÃO
 
       Sentença ilíquida é aquela que não fixa o valor da condenação, sendo proferida como exceção, uma vez que sendo o pedido determinado a sentença deverá também, desde logo descrever o objeto da condenação, em sua qualidade e quantidade, entretanto, há casos em que o próprio legislador autorizou a indeterminação do pedido (hipóteses do artigo 324, do Código de Processo Civil), circunstâncias em que a sentença proferida poderá ser ilíquida (ressalvadas as hipóteses em que o legislador proibiu o juiz de proferir sentença ilíquida, como por exemplo, nas ações que tramitam pelos Juizados Especiais, conforme artigo 38 c/c 52, I, da Lei n°9.099/95).
      A iliquidez é incompatível com a execução, pois esta requer título líquido, certo e exigível, consoante o artigo 783, do Código de Processo Civil.
        Quando faltar esse requisito aos títulos judiciais, antes de proceder ao cumprimento da sentença, se fará sua liquidação para que se fixe o valor ou se individualize o objeto da execução. Já na hipótese de título extrajudicial a iliquidez faz com que perca a própria executividade, não sendo então adequada a ação de execução, mas sim a chamada ação monitória (artigo 700 e seguintes do Código de Processo Civil).
      A respeito da natureza jurídica da liquidação de sentença, no passado, antes da reforma no CPC/73 operada pela Lei nº11.232/05, era pacífico o entendimento de que se tratava de processo preparatório, que antecedia a execução e gerava uma sentença declaratória que atribuía certeza ao título executivo anteriormente gerado.
     Atualmente a liquidação se tornou uma fase do processo de conhecimento que antecede o cumprimento da sentença, este também mera fase do processo anterior, sendo certo que o legislador passou a tratar a questão apenas como decisão interlocutória.
     Destarte, diante da clareza do texto legal, entendemos que não é mais possível sustentar qualquer dúvida doutrinária a cerca da natureza jurídica da liquidação de sentença.
 
LIMITES DA LIQUIDAÇÃO
 
        É certo que a decisão de liquidação não pode em nada alterar o teor da sentença anterior, sob pena de violar coisa julgada, conforme expressamente veda o artigo 509, § 4°, do nosso Código de Processo Civil.
        A regra, não se aplica aos juros e à correção monetária, cujos pedidosainda que não formulados e mesmo que não contidos expressamente na sentença da ação de conhecimento, em conformidade com o artigo 332 e a Súmula 254, do Supremo Tribunal Federal, são considerados implícitos e assim devem ser sempre considerados na liquidação.
        O que não pode ser feito é alterar o percentual de tais juros ou o índice de correção anteriormente determinados na sentença, ressalvada a hipótese do índice oficialmente extinto e substituído por outro.
 
CONTRADITÓRIO
                       
        Como em qualquer procedimento ou fase do processo, este princípio também é respeitado na liquidação da sentença, tendo em vista que a parte pode apresentar pareceres e documentos elucidativos (art. 510, CPC), bem como poderá apresentar contestação (art. 511, CPC).
 
LIQUIDAÇÃO PARCIAL
 
        Na hipótese de haver na sentença uma parte líquida e outra não, é direito do credor executar a parte líquida desde logo, circunstância em que a liquidação da outra parte poderá ser procedida em autos apartados, tal como ocorrerá na hipótese de pendência de recurso, prevista pelo artigo 509, § 1°, do Código de Processo Civil.
 
LIQUIDAÇÃO EM FASE RECURSAL
                       
        O legislador autorizou que se inicie a liquidação de sentença, ainda que desta penda recurso (artigo 512, CPC), circunstância em que o procedimento de liquidação será realizado em autos próprios que serão instruídos com cópias dos autos principais, declaradas autênticas sob a responsabilidade do advogado.
        Esta medida é de evidente economia processual, haja vista que a liquidação da sentença pode levar tempo, entretanto, todo o procedimento pode ser posto a perder caso haja alteração da sentença em grau de recurso, risco o qual é assumido inteiramente pelo liquidante.
 
LIQUIDAÇÃO PELO VENCIDO
 
        A liquidação também pode ser requerida pelo vencido, uma vez que este tenha interesse em pagar voluntariamente a fim de fugir dos efeitos da mora, observando-se entretanto que, enquanto não procedida a liquidação, não é possível cobrar a multa prevista no artigo 523, do Código de Processo Civil.
 
DIFERENÇA ENTRE LIQUIDAÇÃO E ATUALIZAÇÃO DE VALORES
 
        Não podemos confundir a apuração de quantia certa, que até então era desconhecida pelas partes, o que se faz nos títulos judiciais perante o procedimento de liquidação que estamos estudando, com as meras atualizações de débito, realizadas no curso do cumprimento da sentença e também nas execuções de título extrajudicial, apenas para agregar despesas processuais e custas ou atualizar acessórios.
 
ESPÉCIES DE LIQUIDAÇÃO
 
        Nosso legislador processual estabeleceu tratou de três espécies de liquidação, quais sejam:
a) por cálculo (artigo 524, CPC);
b) por arbitramento (artigo 509, I);
c) pelo procedimento comum (artigo 509, II).
        Vejamos uma a uma:
 
A) LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULO
       
        A liquidação por cálculo é na verdade um procedimento cumprido pela própria parte que ao peticionar requerendo o cumprimento da sentença junta a petição uma memória discriminada e atualizada do cálculo, procedido consoante o que fora determinado pela sentença e por essa razão uma parcela da doutrina afirma que não poderia sequer ser considerada espécie de “liquidação”, já que neste caso não seria necessário nenhum procedimento especial para apurar o valor.
        Não obstante isso, preferimos manter o tema, entre as espécies de liquidação, não apenas por apego á tradição, mas por entendermos que por enquanto este ainda é o modo mais didático de tratar o assunto.
        Assim, feita essa ressalva, é necessário dizer que há também hipóteses em que o cálculo depende da apresentação de documentos ou informações que estão com o devedor ou mesmo com terceiro e nessa hipótese deve-se requerer ao juiz que intime a parte ou terceiro para que apresente tais dados, podendo fixar até 30 (trinta) dias para cumprimento da diligência (artigo 524, § 4º, do CPC).
        Caso o devedor não apresente esses dados, sem justo motivo, o cálculo apresentado pelo credor será considerado correto, e sendo o descumprimento injustificado praticado por terceiro, será expedido mandado de busca e apreensão, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência.
        Como dito o cálculo é feito pela própria parte, como regra, entretanto, por exceção poderá ser determinado ao CONTADOR DO JUÍZO, quando os cálculos iniciais parecerem excessivos ou ainda quando o credor for beneficiário da assistência judiciária gratuita, tendo em vista a presumida hipossuficiência nesse último caso.
        Feito o cálculo pelo contador, as partes serão intimadas a se manifestar, entretanto se o credor discordar, a execução prosseguirá pelo valor originalmente requerido, entretanto a penhora será feita com base no valor encontrado pelo contador (artigo 524, § 1º, do Código de Processo Civil), aguardando-se a intimação do devedor a respeito da penhora, data a partir do qual correrá o prazo para eventual impugnação.
 
B) LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO
                                  
        A liquidação por arbitramento é feita quando:
a) a sentença determinar que assim o seja;
b) as partes convencionaram que assim o seja;
c) a natureza do objeto exija que assim o seja.
        A liquidação por arbitramento é realizada mediante exame pericial cujo objetivo é utilizar do conhecimento técnico de um profissional que analisará as informações dos autos, e sem necessidade de produzir outras provas, estimará o valor da condenação. Exemplo: estimar os lucros cessantes de uma atividade, estimar os danos em uma obra de arte, etc..
 
PROCEDIMENTO
        A liquidação por arbitramento seguirá as seguintes fases:
a) Petição de requerimento: o juiz recebendo a petição nomeará perito, fixando desde logo prazo para entrega do laudo;
b) As partes são intimadas, através de seus advogados, da nomeação do perito, e têm 15 (quinze) dias para indicar assistentes técnicos e apresentar quesitos (artigo 465, CPC).
c) Apresentado o laudo as partes têm o prazo comum de 15 (quinze) dias para se manifestarem a respeito.
 
C) LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM
 
        Proceder-se-á desta forma quando for necessário alegar e provar fato novo que não pode ser apurado antes da sentença, o que acontece freqüentemente nas situações continuativas, por exemplo, nos casos de indenização por danos que se propagam ao longo do tempo.
        É certo que o procedimento a ser seguido é o comum, conforme preceitua o artigo 511, do Código de Processo Civil, ou seja, o credor pode elaborar petição onde narre os fatos que tenham relação com a apuração dos valores, não podendo modificar ou inovar a condenação.
        Exemplo: em uma ação de indenização por atropelamento, a sentença condenatória foi ilíquida porque no momento em que foi proferida ainda não era possível determinar em definitivo os danos decorrentes do fato, haja vista que a vítima ainda estava hospitalizada, assim sendo a extensão dos danos será provada em fase de liquidação por artigos. Deve-se ressaltar que, no exemplo, as partes não voltarão a discutir a autoria e materialidade do fato causador do dano, pois este já está fixado na sentença, mas discutirão as provas de sua real extensão.
 
PROCEDIMENTO
        Este tipo de liquidação era chamado de “liquidação por artigos”, no antigo CPC/73, e agora seguirá o procedimento comum em todas as suas regras, assim sendo, temos em síntese as seguintes fases:
a) Petição requerendo a liquidação por essa forma, onde obrigatoriamente devem constar os fatos que precisam ser demonstrados a fim de que se chegue a um valor certo. Exemplo: em uma sentença que condenou o réu a indenizar as despesas de tratamento médico e psicológico originárias de uma agressão física, devem se elencar a título meramente ilustrativo, as contas do hospital, do ingresso até a alta médica, as contas de medicamentos, as contas de fisioterapeuta, as contas de sessões psicológicas realizadas e as quese estimem necessárias para a total cura da vítima, etc...
b) Intimação do devedor para em 15 (quinze) dias apresentar resposta, a teor do que determina o artigo 511, do Código de Processo Civil, lembrando que a autoria e a materialidade dos fatos já reconhecidos pela sentença não podem ser objeto de impugnação nessa fase, tendo em vista o respeito à coisa julgada;
c) Havendo ou não resposta pode haver ou não direito à réplica;
d) O juiz, sendo o caso, designará audiência preliminar do saneador (artigo 357, V, do CPC), e, especificadas as provas a serem produzidas, será designada audiência de instrução e julgamento (se necessária a prova oral), sendo a seguir proferida a decisão interlocutória a respeito da liquidação.
 
                                  
MODULO 4
AÇÃO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA
 
 
         Preliminarmente é importante dizer que nesta unidade trataremos apenas das ações de execução por quantia certa, ou seja, apenas da execução fundada em título extrajudicial (artigo 784, do Código de Processo Civil), a qual não se confunde com a fase de cumprimento de sentença, embora muitas de suas disposições sejam aplicáveis a ambas espécies.
        O objetivo da ação de execução por quantia certa prevista nos artigos 824 e seguinte, do CPC é a expropriação de bens do devedor para satisfazer obrigação expressa em unidades monetárias, constante de título extrajudicial.
        A divisão da ação de execução por quantia certa em fases é meramente didática, ou seja, faz-se exclusivamente com o intuito de aprender com maior facilidade. Assim, podemos vislumbrar as seguintes fases ou etapas da execução por quantia certa:
a). proposição (da petição inicial a citação do devedor)
b). preparação (ocorrerá se não houve pagamento voluntário, podendo ir de uma penhora até a arrematação do bem)
c). pagamento ou satisfação do credor (através de adjudicação deste pelo credor, pela entrega do produto da arrematação ou mesmo pelo usufruto destes).
Vejamos uma a uma estas fases:
 
A) FASE DE PROPOSIÇÃO
 
        A PETIÇÃO INICIAL deve vir acompanhada necessariamente do instrumento de mandato, da memória do débito, e do título executivo extrajudicial (art. 784, CPC), que como vimos deve ser líquido, certo e exigível.
        O credor poderá indicar na sua petição inicial os bens que conhece do devedor a fim de que, em não havendo pagamento, sejam estes penhorados(artigo 829, § 2º, CPC), não obstante o juiz possa, de ofício ou a requerimento da parte, a qualquer tempo determinar a intimação do devedor para indicar bens à penhora, prevendo que se não indicá-los em 5 (cinco) dias, considerar-se-á que está praticando ato atentatório à dignidade da Justiça (artigo 774, do CPC).
        O requerimento de CITAÇÃO DO DEVEDOR ocorre para que ele pague no prazo de 3 (três) dias, conforme artigo 829, do CPC.
O juiz ao receber a petição inicial, se verificar que está incompleta ou que falta algum documento essencial deve determinar sua emenda no prazo de 15 (quinze) dias (art. 801, CPC), sob pena de indeferimento; e ao DESPACHAR A INICIAL o juiz fixará desde logo os honorários advocatícios de 10% (dez por cento) para a hipótese de pagamento, sendo certo que o devedor terá o benefício de redução da verba honorária pela metade na hipótese de pagamento integral  no prazo de 3 (três) dias (artigo 827, do CPC).
        É importante lembrar que o prazo para oferecimento de Embargos do Devedor (ação incidental que visa desconstituir o título ou apontar defeitos do processo), não se confunde com prazo para pagamento voluntário e será contado a partir da juntada do mandado de citação cumprido aos autos, sendo de 15 (quinze) dias, conforme dispõe o artigo 915, “caput” do Código de Processo Civil.
        O legislador, objetivando incentivar o pagamento dos débitos, outorgou ao devedor um outro benefício, no prazo dos Embargos: caso o devedor, no prazo para Embargar, reconheça a dívida, depositando em juízo 30% (trinta por cento) do valor do débito (considerando o valor original, seus acréscimos, custas e honorários), poderá pedir ao juiz para pagar o saldo em até 6 (seis) parcelas, com correção monetária e juros de 1% ao mês (artigo 916, caput, do Código de Processo Civil)
        O juiz decidirá se defere ou não a proposta, se deferir, todos os atos executórios serão suspensos para aguardar o pagamento, mas ainda que seja indeferida a proposta o valor do depósito permanecerá nos autos e a execução prosseguirá.
        Caso o devedor deixe de pagar qualquer parcela incidirá em multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e a execução prosseguirá.
 
CERTIDÃO DE DISTRIBUIÇÃO E AVERBAÇÃO SOBRE BENS DO DEVEDOR
 
        Tão logo seja distribuída a execução, o credor tem o direito de obter Certidão comprobatória do seu ajuizamento, com identificação das partes e valor da causa, para efetuar AVERBAÇÃO junto a registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora e arresto.
        É obrigatória a comunicação das averbações feitas, no prazo de 10 (dez) dias a partir de sua concretização, e após a penhora dos bens será determinado o cancelamento das averbações dos bens que não tenham sido penhorados (artigo 828, do CPC).
        É certo que a partir desta averbação autorizada em lei, ocorre uma PRESUNÇÃO DE FRAUDE na hipótese de alienação ou oneração dos bens que sofreram averbação (artigo 828, § 4º, do CPC).
        O legislador também se preocupou em proteger a parte executada de eventuais abusos, sendo prevista indenização para o exeqüente que promover averbação indevida, indenizará a parte contrária, caso em que o incidente será processado em autos apartados (art. 828, § 5°)
        O novel legislador estabeleceu que, após normatização pelos Tribunais, a averbação de penhora de bens poderá ser realizada por meios eletrônicos (artigo 837, do CPC).
 
B) FASE DE PREPARAÇÃO:
 
ARRESTO: DEVEDOR NÃO ENCONTRADO PARA CITAÇÃO
 
        O Oficial de Justiça, estando com o mandado executivo em mãos, procurará o devedor no endereço indicado na inicial, e caso não o encontre, mas encontre bens, deverá arrestar o que for suficiente para garantir a execução, circunstância em que deve permanecer com o mandado executivo nos 10 (dez) dias seguintes ao arresto, procurando o devedor por 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação por hora certa, certificando o ocorrido (art. 830, CPC).
        O credor será intimado do arresto realizado e deve nos 10 (dez) dias seguintes a sua intimação sobre o arresto providenciar a citação por Edital do devedor.
        Após o decurso do prazo do Edital o devedor terá os 3 (três) dias seguintes para efetuar o pagamento, e em não havendo este pagamento o arresto será convertido em penhora (artigo 830, § 3°) e a execução prosseguirá.
 
PENHORA DE BENS DO DEVEDOR:
 
        Caso o devedor tenha sido citado pelo Oficial de Justiça, decorrido o prazo de 3 (três) dias para pagamento (que será contado a partir da citação), o oficial de justiça retornará ao endereço do devedor e verificado o inadimplemento, procederá a penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e intimando o executado, na mesma oportunidade, se este estiver presente.
        A intimação da penhora também pode ocorrer na pessoa do advogado do devedor (se houver) ou pode até mesmo ser dispensada (artigo 841, § 1º, CPC).
        É por ocasião da penhora, que o Oficial de Justiça faz a descrição dos bens, sua apreensão, sua avaliação (se não se tratar de objeto que exija conhecimentos técnicos) e seu depósito.
 
Conseqüências ou efeitos da penhora na esfera de direito das partes:                        
a). ineficácia dos atos de disposição perante o credor, ou seja, ainda que ocorra a alienação a terceiro (e entre o devedor e o adquirente este ato pode produzir efeitos pessoais), isto não afeta o direito do credor;
b). indisponibilidade do bem para o depositário, que em regra, não poderá

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