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Discussão	sobre	a	Formação	Alter	do	Chão	e	o
Alto	de	Monte	Alegre
Article	·	January	2011
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Mário	Vicente	Caputo
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 1 
Discussão sobre a Formação Alter do Chão e o Alto de Monte Alegre 
 
 
Mario Vicente Caputo1 
 1 Consultor independente caputo@interconect.com.br 
 Avenida Governador Magalhães Barata, 1012, Belém 
 CEP 66063-240, PARÁ 
Resumo 
Este trabalho abre uma discussão sobre a idade controversa da Formação Alter do Chão, propõe uma nova unidade 
litoestratigráfica para a Bacia do Amazonas e questiona a existência do Alto de Monte Alegre. A Formação Alter 
do Chão tem sido considerada de idade cretácea, cretácea-terciária ou terciária pelos investigadores que a tem 
estudado. Fósseis datam a Formação Alter do Chão como cenozóica e sugerem a Formação Jazida da Fazendinha 
como uma nova unidade litoestratrigráfica cretácea da Bacia do Amazonas. Em função das novas datações das 
formações analisadas, a paleogeografia e os eventos tectônicos da bacia são mais bem compreendidos. 
 
Palavras-chave: Idade Formação Alter do Chão, eventos tectônicos da Bacia do Amazonas, Alto de Monte Alegre 
 
Abstract 
Discourse on the Alter do Chão Formation and the Monte Alegre High. This study opens a discussion on the 
controversial age of the Alter do Chão Formation, proposes a new stratigraphic unit for the Amazon Basin and 
questions the existence of the Monte Alegre High. The Alter do Chão Formation has been considered as old as 
Cretaceous, Tertiary-Cretaceous or Tertiary by investigators who have studied it. Fossils date the Alter do Chão 
Formation as Cenozoic and the Jazida da Fazendinha Formation is proposed as a new Cretaceous lithostratigraphic 
unit of the Amazon Basin. Paleogeography and tectonic events of the Amazon Basin are better understood using 
this stratigraphic data. 
 
Keywords: Alter do Chão Formation age, Amazon Basin tectonic events, Monte Alegre High 
 
INTRODUÇÃO 
Esta discussão surge porque nos mapas geológicos do Brasil mais antigos, como também no mapa 
geológico da América do Sul (Schobbenhaus & Bellizzia 2000), a cobertura sedimentar da Bacia do 
Amazonas era considerada de idade cenozóica, representada por camadas da Formação Alter do Chão. 
Entretanto, em outros mapas geológicos do país, a Formação Alter do Chão foi posicionada no topo do 
Cretáceo / base do Paleógeno (Schobbenhaus, et al. 1981) ou no Neocretáceo (Schobbenhaus et al. 
2004). Da mesma forma, nos mapas geológicos recentes dos estados do Pará (Vasquez & Rosa-Costa, 
2008a, b) e do Amazonas (CPRM 2006), a Formação Alter do Chão também foi colocada no Cretáceo. 
Além disso, muitos trabalhos geológicos consideram a Formação Alter do Chão como de idade 
mesocretácea (Daemon & Contreiras 1970, 1971; Daemon 1975; Dino et al. 1999, 2000) ou neocretácea 
(Cunha et al. 2007) ou em parte cretácea e cenozóica (Costa 2002). Portanto, essa ambigüidade e 
disparidade de idades são discutidas na tentativa de esclarecer o problema. 
 
APRESENTAÇÃO DO TEMA 
Daemon & Contreiras (1970, 1971) realizaram estudos palinológicos em testemunhos de poços da 
Petrobras em duas seções geológicas: a primeira seção abrangeu as bacias do Acre, Alto Amazonas 
(atualmente Solimões) e Médio e Baixo Amazonas (simplesmente Bacia do Amazonas) e a segunda 
seção foi transversal à Bacia do Amazonas (Fig. 1). Na maioria dos poços, a seção pós-paleozóica 
mostrou-se composta por camadas cretáceas e terciárias; entretanto, em algumas sondagens Daemon & 
Contreiras (1970, 1971) consideraram apenas a existência de Cretáceo (Fig. 2) em toda a seção das 
partes centrais da Bacia do Amazonas. As camadas pós-paleozoicas do poço 1-AC-1-PA foram 
denominadas de Formação Alter do Chão por Kistler (1954) e formalmente validada por Caputo et al. 
(1971, 1972) como Formação Alter do Chão. O poço Alter do Chão (AC-1 - sigla abreviada), onde se 
situa a seção-tipo da unidade de mesmo nome, não foi estudado por Daemon & Contreiras (1971, 1972). 
A seção estratigráfica representada na figura 2 de Daemon & Contreiras (1971) é aqui 
reapresentada parcialmente, correspondendo apenas à parte da Bacia do Amazonas na figura 2 deste 
artigo. Cabe ressaltar, que na elaboração da seção apresentada por Daemon & Contreiras (1971, 1972) 
não foram obedecidas as verdadeiras distâncias entre os poços, pois foram plotados em intervalos 
equidistantes, de modo que distâncias pequenas com muitos poços aparentam ser muito maiores, do que 
 2 
distâncias grandes com poucos poços. Além disso, há poços situados, tanto próximos ao eixo da bacia, 
que é mais profundo e segmentado, com forma de dog leg, como nas plataformas (regiões marginais 
relativamente mais rasas e com baixo mergulho), tornando-os aparentemente desnivelados por tectônica 
posterior. O exame palinológico de Daemon & Contreiras (1971) evidenciou expressiva espessura de 
sedimentos cenozóicos, não denominados, ao longo da seção longitudinal mostrada na figura 2, desde a 
região do Alto de Purus poços CS-1 (Codajás 1) e CS-2 (Codajás 2) até o poço MD-1 (Madeirinha 1). 
Este último poço também apresentou uma seção cretácea sob o Terciário. 
 
 
 
Figura 1. Traçado longitudinal e transversal das seções das bacias do Acre, Solimões e Amazonas 
conforme a figura 1 de Daemon & Contreiras (1970, 1971). 
 
Na mesma seção, na linha do poço NO-1 (Nova Olinda 1) até o poço MA-1 (Monte Alegre 1), 
Daemon & Contreiras (1970, 1971) indicaram apenas a ocorrência exclusiva de Cretáceo, andares 
Eocenomaniano a Maastrichtiano, no topo da coluna estratigráfica, considerando-o como a Formação 
Alter do Chão (Fig. 2). Novamente, a partir do poço AL-1 (Almeirim 1) até o poço GU-1 (Gurupá 1), no 
leste da Bacia do Amazonas (Baixo Amazonas), eles consideraram a presença de camadas cenozóicas, 
sem denominação, com espessuras muito elevadas, inclusive 1.266 m no poço AL-1, capeando a coluna 
paleozóica. Nunca foi apresentado na literatura um mapa geológico de distribuição do Terciário e 
Cretáceo da Bacia do Amazonas, de acordo com as conclusões de Daemon & Contreiras (1970, 1971). 
Estes autores ainda concluíram que, quando da deposição do Terciário nos poços AL-1 e GU-1 no leste 
da bacia, ocorria soerguimento no suposto Arco de Monte Alegre (Fig. 2), onde estão os poços MA-1 e 
MM-1 (Mamuru 1), o que teria inibido a deposição de sedimentos terciários nessa área supostamente 
elevada. 
 3 
 
 
 4 
Entretanto, a interpretação de Daemon & Contreiras (1971) causou espécie em relação à suposta 
ausência de seção cenozóica, no depocentro da Bacia do Amazonas, entre os poços NO-1 e MA-1, onde 
sempre ocorreu maior subsidência em toda a história evolutiva da bacia (Fig. 2). Todas as formações são 
mais espessas nesse trecho central da bacia, afinando e ou desaparecendo para os flancos e arcos. 
Caputo et al. (1972) mantiveram o nome Formação Alter do Chão para toda a seção pós-
paleozóica, na revisão estratigráfica da bacia, em vista da suposta concordância das camadas de idades 
cretácea (maastrichtiana) e cenozóica, de acordo com osestudos de Daemon & Contreiras (1971) e 
também consideraram na coluna proposta que as camadas da seção superior da formação incluíam o 
Terciário. 
Posteriormente, Daemon (1975) retornou ao estudo da seção discutida com a finalidade de 
determinar melhor a idade da Formação Alter do Chão, acrescentando o testemunho no 23 do poço AC-
1, em seu novo estudo (Fig. 3). 
 
 
 
Figura 3. O testemunho 23 foi o único testemunho fossilífero estudado por Daemon (1975) do poço AC-
1, seção-tipo da unidade de mesmo nome. Os outros testemunhos superiores foram improdutivos. 
 
Com base em novas análises, Daemon (1975) atribuiu idade mesoalbiana/neo-albiana a 
eocenomaniana para a parte inferior da seção e neocenomaniana a turoniana para a parte média, de 
acordo com as Zonas K-400 a K-600, estabelecidas anteriormente por Lima (1971) para a Bacia de 
Barreirinhas. Os palinomorfos de idade cretácea no poço AC-1 foram encontrados somente a 502m de 
profundidade, no testemunho no 23, portanto a parte superior da seção desse poço com mais de 500m de 
espessura ficou com a idade em aberto, mas foi considerada também cretácea (Fig. 3) por Daemon 
(1975). 
O palinólogo Eglemar Conde Lima (comunicação verbal e anotações escritas na Petrobras) 
examinou minuciosamente em 1987, além de testemunhos, amostras de calha da Formação Alter do 
Chão, no intervalo da superfície (elevação de 18 m) até 545 m de profundidade (-527m), do poço AC-1. 
Ele detectou várias amostras de calha produtivas, determinando a presença de Cenozóico até cerca de 
425 m de profundidade e Cretáceo com cerca de 120 m de espessura na porção inferior do intervalo pós-
Paleozóico examinado. Deve ser observado que, próximo à locação do poço AC-1, existe a elevação da 
 5 
Serra Piroca com cerca de 130 m de altitude, deduzindo-se que existam na região, pelo menos 537 m de 
Terciário. Estes novos dados permitiram estender a área de ocorrência da bacia terciária até as margens 
do Rio Tapajós, ou seja, a região correspondente a todo o antigo Baixo Amazonas, desde a região de 
Gurupá até a do Rio Tapajós. Os resultados do trabalho de Lima, infelizmente, não foram relatados e 
nem publicados. Suas fichas de leituras palinológicas foram examinadas e confirmadas como de idade 
cenozóica e cretácea, também pela palinóloga Marília Regali, em uma visita à Petrobras em Belém, 
onde trabalhara Lima. 
O poço MA-1 (Figs. 1 e 2), distante cerca de 80 km a norte-nordeste do poço AC-1, foi 
considerado por Daemon & Contreiras (1971) com base em palinologia, como tendo também uma seção 
exclusivamente cretácea. Entretanto, a proximidade com o poço AC-1, reestudado palinologicamente 
por Lima em 1987, com espessa seção terciária (537 m), em distância relativamente curta, sugere que 
também exista neste poço (MA-1) uma significativa seção terciária não detectada. Efetivamente, folhas 
fósseis da seção aflorante no domo de Monte Alegre, na Serra de Paituna, próxima ao poço Ma-1, 
também indicaram idade terciária (eocênica) para a porção basal dessas camadas da Formação Alter do 
Chão (Duarte 1987). Dino et al. (1999, 2000) estudaram palinologicamente os testemunhos dos poços 
NO-1 e 9-FZ-28-AM (Fazendinha 28), onde neste último poço foram feitas testemunhagens quase 
contínuas (Fig. 4), para fins de análises petrofísicas, visando dar suporte à perfuração do poço guia para 
construção de um shaft, com diâmetro final de 12m para abertura de galerias para extração de silvinita 
(minério de potássio). Esse estudo permitiu detectar duas sequências cronoestratigráficas cretáceas, a 
partir do testemunho 88 (poço 9-FZ-28-AM), com rica biota em condições excepcionais de preservação. 
Os esporos posicionaram os depósitos da parte inferior (SEQ 1) da seção Neo-Alagoas (Neo-Aptiano-
Albiano), dentro das palinozonas P-270/P-280, zonas estas também encontradas nas margens leste e 
equatorial brasileiras. O pacote inferior da SEQ 2, que foi dividida em quatro intervalos, indicou idade 
neocenomaniana no testemunho 88 (profundidade 300m), dentro da palinozona P-380. Os testemunhos 
superiores, até a superfície, foram considerados improdutivos. 
 
 
 
Figura 4. Seção cretácea apresentada por Dino et al. (1999, 2000), parcialmente modificada. As seções 
com setas aos lados dos poços correspondem aos mesmos poços, com as seções consideradas 
cenozóicas por Daemon & Contreiras (1971), Lima (comunicação verbal) e Regali (comunicação 
verbal). 
 
O contato SEQ1/SEQ2 foi mal posicionado por Dino et al. (1999, 2000) na figura do poço FZ-28, 
pois conforme a sua figura 3 esse contato se situa a 330 m de profundidade, mas em sua figura 4 o 
mesmo contato foi posicionado a 250 m de profundidade. A figura 4 de Dino et al. (1999, 2000) está 
representada na figura 4 deste artigo. Caso seja considerada a profundidade do testemunho 88 do poço 
FZ-28 até a superfície, a seção não datada desse poço alcança cerca de 300m de espessura, grande parte 
da qual pode ser inferida idade cenozóica, como ocorre com outros poços vizinhos a oeste. O poço 
 6 
vizinho MD-1 (Madeirinha 1) apresenta expressiva seção terciária (> 300 m) no topo da coluna (Fig. 2) 
datada por Daemon & Contreiras (1971). 
No poço NO-1, próximo do poço FZ-28, ocorre uma seção superior pouco consolidada com 175 
m de espessura, também não datada, que pode ser cenozóica, conforme opinou Setembrino Petri a Price 
(1960). Nesse poço, na profundidade de 193-196 m, no testemunho 33, foi encontrado um dente de 
dinossauro Theropoda que sugere para essa parte da seção idade cretácea (Price 1960). Não parece 
provável, que em distâncias relativamente muito pequenas entre os poços (Fig. 4), o pacote de 
sedimentos terciários seja substituído por mesma espessura de sedimentos supostos cretáceos, não 
datados no poço NO-1. Isto reforça a idéia de que a cobertura da Bacia do Amazonas é de idade 
cenozóica, pois onde se conseguiram leituras paleobotânicas e palinológicas na seção superior, o 
resultado foi Cenozóico confirmado, e onde não se conseguiram leituras, foi inferido Cretáceo. 
O que se deduz, é que foi estendida a idade cretácea das seções inferiores do intervalo sob 
discussão até a superfície nos poços com intervalos sem leituras palinológicas. Então a parte superior 
dos red beds dos poços NO-1 e 9-FA-28-AM da seção da figura 4 seria de idade cenozóica, mostrando 
consistência estratigráfica com os demais poços de toda a região. A configuração das linhas sísmicas 
descarta a possibilidade de as camadas cretáceas alcançarem a superfície. Dino et al. (1999) observaram 
ainda a ausência de microplâncton marinho em ambas as sequências cretáceas, indicando forte 
influência continental na deposição. 
O cenário que pode ser construído para o Paleógeno é que subsidência e sedimentação ocorriam 
em todas as bacias do norte do Brasil, com drenagem maior para o oceano Paleopacífico e Caribe. 
Entretanto, depois, no Mesomioceno, na Bacia do Amazonas passou a ocorrer soerguimento e exposição 
principalmente nos flancos nordeste da bacia. Nessas áreas possivelmente a seção superficial é um 
pouco mais antiga que a seção superficial da calha central da bacia. Nas bacias do Solimões e do Acre 
continuou a subsidência e sedimentação (Formação Solimões), onde alcançou o Neomioceno, e 
possivelmente o Plioceno, (Latrubesse et al. 2007), ao passo que a sedimentação da Formação Alter do 
Chão na Bacia do Amazonas foi detida possivelmente no Mesomioceno, principalmente nas margens e 
flancos da bacia. A Formação Solimões (paludial, canais fluviais e planícies de inundação e 
paleossolos), predominantemente argilosa, variegada, e com boa proporção de sedimentos cinza, é 
correlacionável à Formação Alter do Chão, e de acordo com estudo de paleocorrentes na Bacia do Acre, 
seus sedimentos de afloramentos derivaram dos Andes (Mason & Caputo 1964). 
A inversão da drenagem no Mesomioceno (Hoorn 1993), devido possivelmenteà ascensão da 
Cordilheira Oriental Andina, fez a sedimentação Solimões cenozóica, oriunda dos Andes, recobrir 
também parte da Formação Alter do Chão na ampla região do Alto de Purus e áreas adjacentes da parte 
ocidental da Bacia do Amazonas e Vale do Amazonas. Sedimentos basais, correspondentes à Formação 
Solimões, são mais velhos na Bacia do Acre e mais novos em direção ao embasamento e ao Arco de 
Purus, conforme pode ser observado na comparação de idades entre os poços 1AS-4a-AM e 1AS-51-
AM da CPRM, este último próximo ao embasamento norte da Bacia do Solimões (Hoorn, 1993) e a 
pouca distância da Colômbia. Na Bacia do Acre, a base da seção equivalente à da Formação Solimões 
foi considerada de idade paleocênica (Daemon & Contreiras 1971) ou eocênica (Cunha et al. 2007). 
O rio Amazonas escavou parcialmente a Formação Alter do Chão no vale central como também 
depositou sedimentos pliopleistocênicos e holocênicos em trechos e terraços de seu novo percurso em 
direção ao Oceano Atlântico. A “Formação Novo Remanso”, entre Itacoatiara e Manaus (Rozo et al. 
2005), descontínua ao longo do vale do Rio Amazonas faz parte do cenozóico da Bacia do Amazonas; 
esta unidade foi criada no pressuposto de que seria uma unidade independente da Formação Alter do 
Chão de suposta idade cretácea. 
 
ESTRATIGRAFIA 
Em função do que foi aqui exposto, a idade da Formação Alter do Chão é cenozóica e a seção 
cretácea constitui outra formação, cuja denominação é proposta que seja Jazida da Fazendinha, nome 
este que se refere ao poço 9-FZ-28-AM da jazida de silvinita, onde foi mais bem amostrado e descrito 
até o presente por Dino et al. (1999, 2000). 
Formação Jazida da Fazendinha - Sobre as formações paleozóicas e diabásio Penatecaua, 
introduzido cerca do limite Triássico-Jurássico (204 Ma), ocorre uma seção siliciclástica discordante na 
base e no topo, que anteriormente fazia parte da Formação Alter do Chão e este trabalho propõe uma 
unidade independente, denominada Formação Jazida da Fazendinha. O termo Fazendinha apenas, não 
pode ser usado para esta formação, pois já foi anteriormente utilizado para uma formação metamórfica 
 7 
na Bahia, de acordo com o banco de dados da CPRM (http://geobank.sa.cprm.gov.br). 
A seção-tipo da Formação Jazida da Fazendinha encontra-se no poço Fazendinha número 28 (9-
FZ-28-AM), aberto pela Petromisa, antiga subsidiária da Petrobras, para acesso à jazida subterrânea de 
silvinita, próximo à margem direita do Rio Madeira, no Amazonas. O poço fica localizado mais 
especificamente nas coordenadas geográficas WGr -3,66649200 de latitude e -58,94921200 de 
longitude, na elevação de 27 m, no intervalo da seção-tipo entre cerca de 475 e 295 m de profundidade. 
Não é conhecida nenhuma seção dessa unidade em afloramentos. Para seção de referência é 
designado o poço 1-NO-1-AM (Nova Olinda, no 1, Amazonas), cujas coordenadas geográficas são –3, 
88108700 de latitude e –59,08481500 de longitude, no intervalo entre 550 e cerca de 180 m de 
profundidade. A seção constitui duas seqüências (Fig. 4) compostas por arenitos, arenitos 
conglomeráticos, conglomerados e folhelhos cinza na sequência inferior, seguida por folhelhos cinza 
esverdeados e vermelhos e espessos pacotes de arenito branco na superior (Dino et al. 1999, 2000). 
Nas porções centrais da bacia, esta unidade jaz discordantemente sobre a Formação Andirá e nos 
flancos com a Formação Nova Olinda. O contato é abrupto, onde sedimentos variegados, geralmente 
grosseiros, pouco consolidados e mal selecionados da Formação Jazida da Fazendinha, passam para 
sedimentos relativamente finos e bem consolidados das formações Andirá e Nova Olinda. Em muitos 
casos o contato basal é feito também com soleiras do Diabásio Penatecaua. O paleorelevo onde se 
assenta a Formação Jazida da Fazendinha é irregular e bastante colinoso, conforme pode ser visualizado 
em seções sísmicas. 
As características sísmicas da Formação Alter do Chão são semelhantes às da Formação 
Solimões, ambas de idades cenozóicas e pouco consolidadas, e diferentes das propriedades acústicas das 
camadas cretáceas, algo mais consolidadas. Nas seções sísmicas da Bacia do Amazonas, realizadas pela 
Petrobras, nota-se um refletor bem definido, que indica a passagem de camadas cenozóicas para as 
camadas cretáceas (Figs. 5, 6 e 7) É interessante notar que Daemon & Contreiras (1971) não detectaram 
Cretáceo na Bacia do Solimões. Formas de erosão como paleocanais ocorrem, em seções sísmicas, no 
topo do Cretáceo (Formação Jazida da Fazendinha) de acordo com Mauro Filho & Eiras (1994) e Costa 
(2002), o que confirma também a presença de discordância erosiva no contato com a Formação Alter do 
Chão (Fig. 5). 
 
 
 
Figura 5. Perfis sônicos de poços na Bacia do Solimões (A) e Bacia do Amazonas (B), ao sul de 
Manaus, mostrando contrastes de velocidades intervalares entre Terciário, Cretáceo e Paleozóico. Na 
Bacia do Amazonas, o Terciário corresponde à Formação Alter do Chão e o Cretáceo à Formação 
Jazida da Fazendinha. Note na seção sísmica em C a presença de paleocanais no contato Cretáceo-
Terciário. 
 
Em perfis sônicos de poços e seções sísmicas da Petrobras, este contato é bem identificado, onde 
 8 
ocorre notável mudança de velocidade acústica (Fig. 5). O perfil sônico mostra velocidade média nas 
formações Solimões e Alter do Chão de 1850-1900 m/s, denominadas de Terciário, e de 2250-2200 m/s, 
na seção do Cretáceo, e de > 3000 m/s, na seção do paleozóico e cerca de 6000 m/s no diabásio, 
conforme discutido por Costa (2002). O que é denominado Terciário corresponde à Formação Alter do 
Chão, e Cretáceo corresponde à Formação Jazida da Fazendinha na Bacia do Amazonas. O contato 
superior é discordante, erosivo e com baixo ângulo, com a Formação Alter do Chão (Fig. 6). 
Nas imediações de Manaus, em subsuperfície, as camadas cretáceas (Jazida da Fazendinha) foram 
truncadas pela Formação Alter do Chão (Cenozóico) indicando uma notável discordância de baixo 
ângulo, evidenciada na seção sísmica da figura 6. Nos afloramentos da área de Manaus e adjacências 
ocorrem apenas sedimentos terciários e quaternários. Daemon & Contreiras (1971) também não 
colocam sedimentos cretáceos na parte superior dos poços dessa área, MN-1(Manaus) e AM-1(Autás-
Mirim). 
 
Figura 6. A Formação Jazida da Fazendinha (Cretáceo) é parcialmente truncada pela Formação Alter 
do Chão (Cenozóico) em direção aos flancos, plataformas e Arco Purus. 
 9 
 
 
Figura 7. Seções sísmicas na Bacia do Amazonas, com sequências designadas de Terciário (mais 
espessa-superior) e Cretáceo (menos espessa) por Costa (2002), aqui identificadas como formações 
Alter do Chão e Jazida da Fazendinha, respectivamente. A seta mostra a posição das seções sísmicas 
no mapa e as seções sísmicas se cruzam nas linhas pretas verticais tracejadas. 
 
A natureza dos sedimentos e a presença de palinomorfos fósseis continentais, âmbar (Pereira et al. 
 10 
2006) e dentes de dinossauro (Price, 1960) indicam que a Formação Jazida da Fazendinha foi depositada 
em ambiente continental (fluvial e flúvio-lacustre) com forte influência eólica nos intervalos arenosos. 
Gipsita não foi identificada, sugerindo um clima mais ameno nos intervalos fossilíferos e mais árido nos 
intervalos arenosos espessos, em função do forte retrabalhamento eólico. De acordo com Dino et al. 
(1999), que detalharam melhor a paleontologia da unidade, os esporos encontrados posicionaram as 
camadas da sequência inferior (SEQ 1) no Alagoas Superior (Aptiano Superior-Albiano), dentro das 
palinozonas P-270/P-280 em função da presença de Araucariacites australis, A. guianensis, Afropollis 
jardinus, Callialasporites dampieri, Cicatricosisporites avnimelech, Classopollis alexi, Crybelosporites 
pannuceus, Cyathidites australis, Dictyophyllidites harrisii, Equisetosporites ambiguus, Exesipollenites, 
tumulus,Inaperturopollenites simplex, Klukisporites variegatus, Sergipea simplex, e Spheripollenites 
scabratus. 
A sequência superior (SEQ 2), situada dentro da Palinozona P-380, foi depositada no 
eocenomaniano, e é caracterizada por Classopollis alexi, Elateroplicites africaensis (dois apêndices), 
Galeacornea causea A, Gnetaceaepollenites similis, G. crassipolli, G. clathratus, Psilastephanoporites 
brasiliensis, e Triorites africaensis (Dino et al. 1999, 2000) 
A Formação Jazida da Fazendinha ocorre somente em subsuperfície, seguramente desde o poço 
MD-1 até o poço AC-1. Espessuras conhecidas são em torno de 100-200m. A unidade se afina e 
desaparece para as margens (plataformas) e flancos da bacia e em direção aos arcos de Gurupá e do 
Purus (Fig. 2). 
Formação Alter do Chão - Os primeiros estudos sobre a seção estratigráfica de cobertura da Bacia 
do Amazonas couberam a Agassiz (1867, apud Hartt 1870). Albuquerque (1922) usou o termo Arenito 
Manaus para especificar corpos de arenito silicificados e ferruginosos ocorrentes na cidade de Manaus e 
interior da Amazônia, termo este emprestado de Agassiz que os descrevera em 1865 em igarapés de 
Manaus e Vila Bela. Esta denominação não foi consagrada pelo uso. Além disso, esses arenitos são 
distribuídos em alguns níveis e de caráter lenticular e local, não cabendo mapeá-los formalmente como 
uma formação. 
A Série Itauajuri foi designada por Oliveira & Leonardos (1943) para definir arenitos espessos, 
capeadores das camadas paleozóicas na região de Monte Alegre, entretanto esta denominação caiu em 
desuso. 
Amaral (1954) estudou, na área de Alter do Chão, a Serra Piroca com 130 m de altitude onde 
descreveu argila síltica, coloração branca e homogênea com manchas arroxeadas e concreções 
limoníticas (lateritas) no topo. Em Alter do Chão, nos barrancos do Rio Tapajós, relatou siltito claro, 
arenito branco maciço e estratificado, argilito cinza e concreções limoníticas, o qual denominou a seção 
descrita de Série Barreiras, nome este que não perdurou na literatura da bacia. Na localidade Alter do 
Chão, a unidade foi estudada em superfície, inicialmente por Katzer (1898) e Carvalho (1926). Para este 
último autor, a Serra Piroca, nas imediações, seria parte do planalto terciário erodido, pois ainda 
ocorriam altitudes maiores no citado planalto. 
Durante a perfuração do poço 1-AC-1-PA, na margem direita do Rio Tapajós, verificou-se que os 
sedimentos, vermelhos pós-paleozóicos, atingiram uma profundidade de 545 m. Kistler (1954), a 
serviço da Petrobras, denominou essas camadas de Formação Alter do Chão, termo este empregado por 
Morales (1959) e a maioria dos geólogos que trabalharam na região. 
Caputo et al. (1972) ao revisarem a estratigrafia da bacia mantiveram o nome Formação Alter do 
Chão para designar as camadas vermelhas que cobrem as formações paleozóicas; nessa localidade as 
camadas perfuradas e o pacote da Serra Piroca completam a seção-tipo. 
Mais tarde, Caputo (1984) chamou a seção inteira de sedimentos cenozóicos do Baixo Amazonas, 
encontrados nos poços 1-AL-1-PA e 1-GU-1-PA de Formação Almeirim, na suposição de que a 
Formação Alter do Chão fosse somente cretácea, baseado em Daemon & Contreiras (1970, 1971). 
Na última revisão estratigráfica feita pela Petrobras na carta estratigráfica da bacia (Fig. 8), 
apresentada por Cunha et al. (2007), parte desses mesmos sedimentos da porção oriental da bacia foi 
designada de Formação Marajó de idade cenozóica e o restante da seção foi considerado de idade 
cretácea sem datação. Na comprovação de que a Formação Alter do Chão é terciária e capeia 
continuamente a seção estratigráfica da Bacia do Amazonas, os termos Almeirim e Marajó devem ser 
desconsiderados, por questões de prioridade e para evitar duplicidade de nomes. A denominação Marajó 
deve ser restrita apenas aos sedimentos da bacia do mesmo nome, no lado oriental do Arco de Gurupá. 
Como já mencionado, a seção-tipo da Formação Alter do Chão encontra-se no poço 1-AC-1-PA, 
perfurado no Pará, mais especificamente na latitude sul de 2º 31' 15" e na longitude oeste de 54º 58' 30", 
 11 
na elevação de 18 m. A unidade estende-se desde o topo da Serra Piroca (elevação de 130 m, conforme 
Gisele dos Anjos da CPRM, comunicação verbal) até a profundidade de 425 m no citado poço, com 
espessura total de cerca de 537 m (130 -18 + 425 = 537 m). Para seção de referência, embora 
incompleta, considera-se a seção aflorante nos barrancos da cidade de Aveiro, no Rio Tapajós, Pará. 
A formação é composta por intercalações de arenitos, argilitos, siltitos e, subordinadamente 
conglomerados, predominantemente vermelhos. As camadas de granulação grosseira mostram 
composição ortoquartzítica a arcósica, com feldspatos frequentemente alterados para caulinita. Ocorrem 
frequentemente arenitos brancos. A espessura máxima perfurada da unidade foi 1266 m, no poço AL-1, 
mas espessuras entre 200 e 400 m são comuns. 
Nas porções centrais da bacia, esta unidade jaz discordantemente sobre a Formação Jazida da 
Fazendinha. Nos flancos e nas bordas, cobre parcialmente as unidades paleozóicas desde a Formação 
Nova Olinda até o Grupo Trombetas, em discordância erosiva, levemente angular em termos regionais. 
O contato das camadas Alter do Chão, com as formações paleozóicas, é abrupto, onde sedimentos 
vermelhos desta formação, geralmente grosseiros, inconsolidados e mal selecionados, passam 
inferiormente para sedimentos relativamente finos e bem consolidados. O contato basal também é feito 
com soleiras de diabásio mesozóicas. Em perfis geofísicos de poços e em seções sísmicas, esta unidade 
mostra propriedades acústicas distintas e contrastantes com a Formação Jazida da Fazendinha (Figs. 5, 6 
e 7). Nas margens norte e sul das extremidades oeste da bacia ela cobre a Formação Prosperança em 
discordância angular e o embasamento cristalino em discordância litológica. 
A natureza dos sedimentos, a cor vermelha e a presença de palinomorfos fósseis continentais e 
restos foliares indicam que a Formação Alter do Chão foi depositada em leques aluviais, planícies 
aluviais e em deltas fluviais relacionados à ambientes lacustres, em clima tropical. A presença de 
paleossolos e superfícies laterizadas é comum devido à divagação dos rios que erodem, oxidam e 
expõem por longo tempo, sedimentos previamente depositados. Indicadores de clima árido, como 
gipsita e anidrita não foram encontrados. 
O intervalo bioestratigráfico XVII [Zonas K400 (Albiano) a K600 (Cenomaniano a Turoniano)] 
de Daemon & Contreiras (1970, 1971) se situa na Formação Jazida da Fazendinha, não fazendo mais 
parte da Formação Alter do Chão. Assim sendo, esta unidade situa-se apenas no intervalo 
bioestratigráfico XVIII indiferenciado, proposto por Daemon & Contreiras (1970, 1971) para 
caracterizar apenas o Cenozóico (Paleoceno-Mioceno) e o Holoceno. Segundo estes autores, os estudos 
palinológicos deste intervalo foram feitos com base em trabalhos anteriores da Petrobras, onde os 
mesmos palinomorfos são encontrados na Bacia do Marajó e bacias da plataforma continental do norte 
do Brasil. Considerando apenas este intervalo bioestratigráfico, a Formação Alter do Chão iniciou-se no 
Paleoceno (Daemon & Contreiras 1970, 1971) e possivelmente encerrou-se antes do fim do Mioceno 
(Lima, comunicação verbal). 
Sedimentos situados 66 m acima da base da Formação Alter do Chão, com espessura total de 
1266 m no poço AL-1 (Almeirim), guardam os palinomorfos Spinizonocolpites echinatus Muller e 
Bombacacidites sp, identificados por Daemon & Contreiras (1970) e indicativos do Paleoceno. 
No poço AC-1, Lima (comunicação escrita) identificou os seguintes esporomorfos: Retitriletes 
sommeri, Cyatheacidites annulatus, Cicatricosisporites cristatus, Fovoetriletes ornatus, Magnastriatites 
howard, Verrucatusporites usmensis, Polypodiaceaeoisporites potoniei, Cicatricosisporites baculatus e 
Echitriletesmueller e os polens: Psilatricolporites operculatus, P. crassus, Zonocostites ramonae de 
idade miocênica. Não foram encontrados palinomorfos marinhos. 
Amostras de restos de plantas coletadas na cota de cerca de 100 m na Serra de Paituna (200 m de 
altura total), já mencionadas por Oliveira & Leonardos (1943), foram estudadas por Duarte (1987), a 
qual examinou restos foliares de trinta e cinco exemplares e estabeleceu uma distribuição 
cronoestratigráfica, a partir de dados da literatura dos gêneros estudados (Tabela 1). 
Duarte (1987) considerou uma idade neocretácea e eocênica para o material estudado, mas, em 
função da distribuição cronoestratigráfica apresentada pelo conjunto de gêneros examinados, é atribuída 
apenas idade eocênica. Esta idade para as camadas fossíliferas cenozóicas da base da seção aflorante da 
Serra Paituna (região do domo de Monte Alegre) é plenamente compatível com a idade paleocênica-
eocênica obtida por Daemon & Contreiras (1970, 1971), fundamentados em esporomorfos, para os 
sedimentos basais da Formação Alter do Chão no poço Almeirim (AL-1). 
 
 
 
 12 
Material K1 K2 Paleo Eo Olig Mio Plio Pleist. Terc. Indet Holoc. 
Equisetum L. X X X X X X X X 
Coccoloba L. X X X X 
Minispermites 
Lesq. 
X X X 
Capparis L. X X 
Rhamnus L X X X 
Gerviopsis Sap. X X X 
 
Tabela 1. Distribuição cronoestratigráfica dos restos foliares da Serra Paituna em torno do 
Domo de Monte Alegre (Duarte 1987), indicando idade eocênica para os 100 m acima da base da 
Formação Alter do Chão. 
 
A coluna litoestratigráfica mesozóica-cenozóica, da Bacia do Amazonas proposta por Cunha et al. 
(2007), mostra muitas incorreções, como, por exemplo, camadas turonianas a maastrichianas (Fig. 8) 
não reconhecidas posteriormente por Daemon (1975) e Dino et al. (1999, 2000); a espessa coluna de 
Cretáceo na extremidade leste da bacia não apresenta comprovação paleontológica e Daemon & 
Contreiras (1971) observaram apenas camadas paleocênicas na base da espessa seção de 1266 m que 
recobre camadas paleozóicas. 
 
 
 
Figura 8. Na carta estratigráfica, na parte Mesozóica e Cenozóica da Bacia do Amazonas proposta por 
Cunha et al. (2007) na revisão estratigráfica da bacia, o Cretáceo predomina erroneamente sobre o 
Cenozóico. Estes autores também não consideraram a datação neo-aptiana a neocenomaniana de Dino 
et al. (1999, 2000) para a seção cretácea. Na extremidade leste da bacia, Daemon & Contreiras (1971) 
identificaram apenas sedimentos cenozóicos a partir do Paleoceno sobre o Paleozóico, ao contrário de 
Cunha et al. (2007) que acrescentaram uma coluna de sedimentos cretáceos sem comprovação 
paleontológica. 
 
A figura 9 mostra a nova proposta para a coluna litoestratigráfica Mesozóica-Cenozóica da Bacia 
do Amazonas. A Formação Alter do Chão cobre a Formação Jazida Fazendinha no centro da bacia e a 
sequência paleozóica nos flancos e ocorre desde o Arco de Gurupá até o Alto de Purus, onde muda de 
fácies para parte da Formação Solimões e é por esta encoberta parcialmente. Na extremidade leste, a 
Formação Alter do Chão passa lateralmente para as formações Limoeiro Superior (Paleoceno) e Marajó 
(Eoceno-Mioceno) da Bacia do Marajó. Como se observa na figura 9, os sedimentos cenozóicos 
encobrem os sedimentos cretáceos em toda a extensão da bacia. 
 
 
 
 
 
 
 13 
 
Figura 9. Carta estratigráfica Mesozóica e Cenozóica da Bacia do Amazonas proposta neste trabalho, 
onde a seção cenozóica (Formação Alter do Chão) é mais desenvolvida e mais extensa que a seção 
cretácea (Formação Jazida da Fazendinha). O detalhamento das idades dentro do Terciário ainda 
necessita de uma melhor calibração, principalmente da base e do topo da Formação Alter do Chão. 
 
TECTÔNICA 
Em função dos novos dados estratigráficos, a tectônica, que envolve o Mesozóico e Cenozóico 
pode ser mais bem compreendida. Durante as intrusões básicas (Diabásio Penatecaua – 204 Ma) a 
introdução de espessas soleiras soergueu o pacote sedimentar paleozóico da Bacia do Amazonas, 
provocando erosão e peneplanização generalizada em toda a sua extensão. Após o magmatismo 
Penatecaua e durante a erosão, ocorreu o Megacisalhamento do Solimões, conhecido também como 
Diastrofismo Juruá, muito intenso na Bacia do Solimões, alcançando também a parte ocidental da Bacia 
do Amazonas de forma atenuada (Costa, 2002). A subsidência e sedimentação só retornaram no 
Cretáceo (Aptiano-Cenomaniano) com a deposição da Formação Jazida da Fazendinha. No início do 
Cenozóico, novo ciclo sedimentar depositou a Formação Alter do Chão, com início no Paleoceno e 
término no Mioceno. A sedimentação em terraços e vales dos grandes rios da região continua até o 
presente. 
Quanto ao Alto de Monte Alegre (Fig. 2), os poços MA-1 e MM-1, situados na aqui nomeada 
Plataforma de Alenquer ao norte e próximo à charneira da plataforma de Mamuru ao sul, (Fig. 10) não 
servem para indicar a presença do suposto alto interpretado por Daemon & Contreiras (1970, 1971) e 
Daemon (1975). As linhas de contorno estrutural do embasamento ou de qualquer formação geológica 
não mostram irregularidades entre a bacia ocidental (Médio Amazonas) e oriental (Baixo Amazonas). 
Toda a bacia oriental é mais rasa que a ocidental, por exemplo, os evaporitos carboníferos (halitas) se 
acumularam apenas na parte ocidental da bacia. 
A grande inflexão para sul, visível na faixa de afloramentos das unidades paleozóicas do flanco 
norte da bacia, reflete essa estrutura em dog leg do rifte precursor, formador da Bacia do Amazonas; 
esta inflexão ocorre também no eixo da bacia, na charneira da plataforma de Alenquer (Fig. 10) e nas 
curvas de isópacas e de contorno estrutural de todas as unidades da bacia (Caputo 1984). 
Outro argumento definitivo contra a presença do Arco de Monte Alegre é a ocorrência de 
sedimentação cenozóica espessa (537 m), encontrado no poço AC-1, situado entre os poços MA-1 e 
MM-1, justamente, usados como evidência da existência do citado arco (Fig. 2). Esta situação geológica 
invalida a idéia de um soerguimento ou formação de um arco no Cenozóico nessa área. Este suposto 
arco (Plataforma de Alenquer) e a inflexão para sul da faixa de afloramentos, visível nos mapas 
geológicos, foram usados no passado por vários pesquisadores, para dividir a bacia em Médio e Baixo 
Amazonas (Fig. 10). 
 14 
 
 
Figura 10. Arcabouço estrutural da Bacia do Amazonas. A charneira norte é paralela ao eixo 
deposicional e à faixa de afloramentos, indicando que todas essas feições foram herdadas desde a 
origem da bacia. As curvas de isópacas e de contornos estruturais mostram a mesma configuração. As 
plataformas de Manaus, Alenquer e Mamuru e os diastrofismos Manaus e Xingu estão também 
representados nesta figura (modificado de Caputo 1986). 
 
A idéia é que desde a separação da América do Sul e África, o Arco de Gurupá como ombreira do 
Aulacógeno do Marajó e áreas adjacentes a oeste, estavam sob efeito de soerguimento térmico 
(diapirismo astenosférico) e forte erosão. Essa situação não permitiu a deposição de Cretáceo na parte 
mais oriental da Bacia do Amazonas, depositando sedimentos cretáceos em regiões mais afastadas para 
onde se dirigia a maior parte da drenagem em direção ao oceano Paleopacífico e Caribe e ao rifte do 
Marajó. 
Na verdade, todo o pacote paleozóico da Bacia do Amazonas, com cerca de 5.000m de espessura, 
que tinha continuidade com a seção da Bacia do Parnaíba, foi removido no ápice do arco, indicando 
soerguimento de mais de 5.000 m (Caputo 1984). No ápice do Arco de Gurupá ocorrem sedimentos 
cenozóicos diretamente sobre quartzitos cloríticos pré-cambrianos da Formação Teles. Na Bacia do 
Marajó, no lado oriental do arco, ainda foi preservada expressiva seção estratigráfica ordoviciana-
devoniana típica da Bacia do Amazonas. 
Mais tarde, com a subsidênciatérmica e grande efeito da sobrecarga de sedimentos da Bacia do 
Marajó e da região oceânica adjacente, houve condições de acumular sedimentos cenozóicos sobre o 
Arco de Gurupá (ombreira do Rifte Marajó) e nas bacias, Marajó e Parnaíba, adjacentes do Amazonas. 
Outro fator que espessou os sedimentos terciários ao leste da Bacia do Amazonas foi o desenvolvimento 
de falhas transtensivas de gravidade de direção leste-oeste, formando numerosos grabens e horsts 
estreitos, mapeados sismicamente pela Petrobras. A tectônica tafrogênica parece ter atuado durante e 
após a sedimentação do pacote cenozóico. 
Na região do suposto Arco de Monte Alegre, na verdade, houve extensa subsidência terciária no 
depocentro da bacia, pois foram identificados cerca de 537 m de espessura de camadas cenozóicas, não 
detectadas por Daemon & Contreiras (1970, 1971), Daemon (1975) e Dino et al. (1999, 2000). No oeste 
da Bacia do Amazonas foi identificado outro tectonismo de caráter transpressivo por Travassos & 
Barbosa Filho (1990) denominado de “Tectônica Terciária”. Essas duas manifestações diastróficas 
transcorrentes que se desenvolveram em toda a bacia são aqui reunidas no Diastrofismo Xingu (Fig. 10). 
O intenso tectonismo Xingu, na Bacia do Amazonas, é atribuído à ação de um binário dextral E-W que 
se implantou na Placa Sul-Americana, em decorrência de sua movimentação roto-translacional para NW 
e interação com a placa do Caribe (Hasui 1990, Costa 2002). A seção cenozóica de idade paleocênica-
miocênica foi afetada por tectônica e halocinese na parte ocidental da bacia (Costa 2002), e na parte 
oriental onde não há sal ocorreu apenas tafrogenia. Costa (2002) datou esse tectonismo como Mio-
Plioceno (pois supôs idade miocênica para as camadas envolvidas), mas pode ter atuado também 
 15 
durante o Paleógeno, concomitante com a sedimentação da Formação Alter do Chão a partir do 
Paleoceno. 
O tectonismo que deformou os sedimentos cretáceos, sem envolver os cenozóicos, foi datado 
como pré-Mioceno por Costa (2002), mas como o pacote terciário não afetado é de idade paleocênica-
miocênica, esse tectonismo poderá ser datado com mais precisão como pré-Paleoceno ou Neocretáceo, 
entre o Neocenomaniano e Maastrichtiano. Este tectonismo, menos evidente, é aqui designado de 
Diastrofismo Manaus (Fig. 10), nome derivado da região da plataforma de Manaus onde seções sísmicas 
salientam melhor o citado diastrofismo (Costa 2002). É aqui especulado que o diastrofismo Manaus 
possa ter-se originado da colisão inicial da placa do Caribe com a extremidade noroeste da Placa Sul-
Americana no fim do Neocretáceo. 
 
OUTRAS CONSIDERAÇÕES 
O uso dos termos Grupo Javari (formações Solimões e Alter do Chão) da Bacia do Solimões 
(Eiras et al. 1994, Wanderley Filho et al. 2007) propostos para a sequência cenozóica e cretácea da 
Bacia do Amazonas (Cunha et al. 1994, 2007) é impróprio, pois a seção-tipo do Grupo Javari não se 
situa na Bacia do Amazonas e a seção-tipo da Formação Alter do Chão não se encontra na Bacia do 
Solimões. Além disso, a seção denominada de Formação Alter do Chão naquela bacia não se 
correlaciona cronologicamente com a Formação Alter do Chão, na seção-tipo da Bacia do Amazonas. 
Seria melhor formalizar outro nome para essa seção sob a Formação Solimões na bacia homônima. 
Não foi comprovada a presença do Arco de Monte Alegre proposto por Daemon & Contreiras 
(1971) e Daemon (1975) com caráter regional. A feição do domo de Monte Alegre é uma estrutura local 
multifásica estabelecida apenas em parte da Plataforma de Alenquer, que posteriormente a sua origem, 
sofreu perturbação em função da Tectônica Terciária (Diastrofismo Xingu) que atingiu a bacia. 
Horbe et al. (2001) identificaram três superfícies de aplainamento no nordeste do Amazonas, no 
Município de Presidente Figueiredo, próximo a Manaus, classificando-as em SA1, SA2 e SA3. À 
superfície SA1, bem evoluída, com elevações de 180 e 190 m, construída sobre a Formação Nhamundá 
(neordoviciana-eosiluriana) foi atribuída idade neocretácea a eocênica. Este aplainamento foi 
relacionado à superfície Sul Americana. Entretanto, após o vulcanismo básico no limite Triássico-
Jurássico, a Bacia do Amazonas foi soerguida e exposta, ocorrendo ampla erosão que só cessou em 
parte com a deposição da Formação Jazida da Fazendinha durante o Mesocretáceo. Essa superfície de 
erosão seria SA0, que se encontra soterrada pela Formação Jazida da Fazendinha e preservada nas partes 
centrais da bacia. Parte dessa superfície deve estar parcialmente preservada no embasamento e no 
paleozóico exposto da bacia. 
Novo processo erosivo durante o Neocretáceo deve ter desenvolvido uma superfície sobre a 
Formação Jazida da Fazendinha e sobre as formações paleozóicas das bordas da bacia e no 
embasamento. Esta superfície se encontra encoberta pela Formação Alter do Chão de idade paleocênica-
miocênica dentro da bacia. Segundo Mauro Filho & Eiras (1994), no topo da seqüência arenosa da 
Bacia do Solimões (equivalente à Formação Jazida da Fazendinha) ocorrem paleocanais bem visíveis 
em seções sísmicas, com larguras que alcançam até 5 km, preenchidos por mais de 60 m de espessura de 
arenito. Esse topo apresenta um hardground com 5 m a 10 m de espessura, que possivelmente seja uma 
crosta laterítica. A velocidade sônica nesse hardground é elevada em relação aos demais intervalos. Esta 
exposição corresponde ao intervalo Neocenomaniano-Maastrichtiano. Como durante o Paleoceno-
Mioceno estava ocorrendo sedimentação que cobriu a Formação Jazida da Fazendinha, formações 
paleozóicas, e mesmo o embasamento nas extremidades da Bacia do Amazonas, esta superfície poderia 
corresponder a SA1, mas desenvolvida no Neocretáceo, não alcançando o Cenozóico. 
Dentro da bacia, a superfície Sul Americana (SA1) foi soterrada pela Formação Alter do Chão e 
possivelmente foi em parte preservada sobre algumas formações paleozóicas, incluindo a Formação 
Nhamundá, e também o pré-Cambriano exposto. 
A superfície SA2, desenvolvida sobre a Formação Alter do Chão, foi considerada tentativamente 
de idade miocênica, mas como esta formação é de idade paleocênica a mesomiocênica, tal superfície 
deve ser de idade, pelo menos, do final do Mioceno ao Plioceno. A superfície SA2 de Horbe et al. 
(2001) correlaciona-se com a superfície dos platôs bauxíticos da região leste da Bacia do Amazonas, 
superfície IV de Aleva (1981) e com a superfície Velhas Tardia do Plioceno reconhecida em várias 
partes do Brasil. A idade das bauxitas da Bacia do Amazonas se correlaciona com a idade da superfície 
SA2 (Mioceno-Plioceno). A superfície SA3 teve seu desenvolvimento durante o Quaternário mais 
moderno. 
 16 
Recentemente, Rossetti & Neto (2006) relatam, com base em estudos faciológicos e iconológicos 
de afloramentos no Rio Amazonas, próximos a confluência com o Rio Negro em Manaus, a influência 
marinha no Cretáceo e discutem a atuação de um sistema deltaico que progradou para leste ou sudeste, 
em conexão com ambiente marinho em sedimentos da Formação Alter do Chão, de suposta idade 
cretácea. 
No Cretáceo, a drenagem se dirigia para oeste, portanto a progradação deltaica deveria ser para 
oeste, como ocorre na Bacia do Acre, onde sedimentos cretáceos continentais da Formação Divisor 
passam a litorâneos e marinhos com glauconita (Caputo, 1984). Entretanto, no Mioceno deltas fluviais e 
lacustres poderiam progradar para leste e sudeste em direção ao oceano Atlântico. 
Em ambientes não marinhos, traços de fósseis podem ser tão numerosos e diversos como aqueles 
de regiões marinhas (Kim et al. 2002). Os traços de fósseis referidos por Rossetti e Neto (2006) podem 
ser encontrados em ambiente continental tais como Planolites, Thalassinoides, Scoyenia. O traço fóssil 
Taenidium barretti, bioindicador de água doce, se encontra intimamente associado a tipos de 
Thalassinoides e Planulites, nos afloramentos examinados,que também devem indicar água doce. 
Os icnofósseis representam elementos que refletem aspectos físico-químicos do ambiente - 
repetindo-se determinadas condições, as morfologias se repetem. Pode ser em um lago raso, ou em um 
ambiente marinho, a resposta iconológica será a mesma (Ismar da S. Pereira, comunicação verbal, 
2008). Por outro lado, não há evidências paleontológicas que comprovem que os sedimentos aflorantes 
na bacia sejam cretáceos. Sedimentos cenozóicos correlacionáveis à Formação Alter do Chão mostram a 
presença de incursões marinhas costeiras apenas na Bacia do Marajó e na Plataforma Bragantina no 
Estado do Pará. 
 
CONCLUSÕES 
Parte da controvérsia sobre a idade da Formação Alter do Chão parece ter sido elucidada, mas 
falta detalhar o zoneamento completo da formação e de seus limites dentro do Cenozóico. Mesmo 
desconsiderando as informações palinológicas não publicadas de Eglemar Conde Lima (comunicação 
verbal), as datações paleobotânicas (Duarte 1987) e palinológicas de Daemon & Contreiras (1970, 
1971), indicam a presença de um pacote Terciário capeando toda a seção estratigráfica da Bacia do 
Amazonas e discordante com uma seção cretácea sotoposta. Em seções sísmicas e perfis de poços 
observam-se duas unidades denominadas Cretáceo e Terciário, caracterizadas por propriedades 
acústicas distintas (Costa 2002). Na Bacia do Amazonas, esses sedimentos são aqui reconhecidos como 
Formação Jazida da Fazendinha e Formação Alter do Chão, respectivamente. Nos poços estudados, os 
sedimentos terciários datados capeiam as seções, e nos poços onde a seção superior não foi datada, foi 
inferida idade cretácea sem evidência paleontológica (Daemon & Contreiras 1971, 1972; Daemon 1975; 
Dino et al. 1999, 2000). Até o presente não foi demonstrado em nenhum afloramento, poço ou seção 
sísmica da seção superior da Bacia do Amazonas a presença de Cretáceo, comprovado por fósseis ou 
por levantamentos sísmicos. Portanto, toda a cobertura superficial da Bacia do Amazonas é cenozóica. É 
reconhecido que ocorreu um alçamento (basculamento) mais enérgico e mais antigo na porção leste e 
norte da Bacia do Amazonas do que na porção oeste. Isto poderia ter propiciado um processo de 
bauxitização mais completo na parte oriental do que na porção ocidental que é muito incipiente, 
conforme observado por Horbe et al. (2005). A suposta discordância, entre Cenozóico e Cretáceo, 
interpretada por Santos (1974), deve ser uma descontinuidade intracenozóica resultante do recobrimento 
da Formação Solimões sobre a Formação Alter do Chão. Os dois eventos tectônicos reconhecidos por 
Costa (2002) foram redatados e nomeados Diastrofismo Manaus de idade neocretácea e Diastrofismo 
Xingu, de idade cenozóica que juntos com o Diastrofismo Juruá (Mesojurássico-Eocretáceo) constituem 
os eventos tectônicos mais evidentes na bacia. 
 
Agradecimentos - Agradeço aos palinólogos Eglemar Conde Lima e Marília Regali pela 
composição deste trabalho, pois sem o conhecimento paleontológico e seus respectivos trabalhos sobre 
o assunto nada poderia ser feito. Agradeço também Diógenes de Almeida Campos, Ismar de Souza 
Carvalho, Carlos Schobbenhaus, Antonio Roberto Almeida Costa, Raimundo Oliver Brazil Santos, 
Edgardo M. Latrubesse e Ana Maria Góes por suas valiosas informações e sugestões. Agradecimentos 
são extensivos à Adriana Maria Coimbra Horbe por sua paciente ajuda editorial. 
 
 
 
 17 
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Northern Edges of the Guiana Shield, South America. Economic Geology, 76: 1142-1152. 
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 1 
Discussão sobre a Formação Alter do Chão e o Alto de Monte Alegre 
 
 
Mario Vicente Caputo1 
 1 Consultor independente caputo@interconect.com.br 
 Avenida Governador Magalhães Barata, 1012, Belém 
 CEP 66063-240, PARÁ 
Resumo 
Este trabalho abre uma discussão sobre a idade controversa da Formação Alter do Chão, propõe uma nova unidade 
litoestratigráfica para a Bacia do Amazonas e questiona a existência do Alto de Monte Alegre. A Formação Alter 
do Chão tem sido considerada de idade cretácea, cretácea-terciária ou terciária pelos investigadores que a tem 
estudado. Fósseis datam a Formação Alter do Chão como cenozóica e sugerem a Formação Jazida da Fazendinha 
como uma nova unidade litoestratrigráfica cretácea da Bacia do Amazonas. Em função das novas datações das 
formações analisadas, a paleogeografia e os eventos tectônicos da bacia são mais bem compreendidos. 
 
Palavras-chave: Idade Formação Alter do Chão, eventos tectônicos da Bacia do Amazonas, Alto de Monte Alegre 
 
Abstract 
Discourse on the Alter do Chão Formation and the Monte Alegre High. This study opens a discussion on the 
controversial age of the Alter do Chão Formation, proposes a new stratigraphic unit for the Amazon Basin and 
questions the existence of the Monte Alegre High. The Alter do Chão Formation has been considered as old as 
Cretaceous, Tertiary-Cretaceous or Tertiary by investigators who have studied it. Fossils date the Alter do Chão 
Formation as Cenozoic and the Jazida da Fazendinha Formation is proposed as a new Cretaceous lithostratigraphic 
unit of the Amazon Basin. Paleogeography and tectonic events of the Amazon Basin are better understood using 
this stratigraphic data. 
 
Keywords: Alter do Chão Formation age, Amazon Basin tectonic events, Monte Alegre High 
 
INTRODUÇÃO 
Esta discussão surge porque nos mapas geológicos do Brasil mais antigos, como também no mapa 
geológico da América do Sul (Schobbenhaus & Bellizzia 2000), a cobertura sedimentar da Bacia do 
Amazonas era considerada de idade cenozóica, representada por camadas da Formação Alter do Chão. 
Entretanto, em outros mapas geológicos do país, a Formação Alter do Chão foi posicionada no topo do 
Cretáceo / base do Paleógeno (Schobbenhaus, et al. 1981) ou no Neocretáceo (Schobbenhaus et al. 
2004). Da mesma forma, nos mapas geológicos recentes dos estados do Pará (Vasquez & Rosa-Costa, 
2008a, b) e do Amazonas (CPRM 2006), a Formação Alter do Chão também foi colocada no Cretáceo. 
Além disso, muitos trabalhos geológicos consideram a Formação Alter do Chão como de idade 
mesocretácea (Daemon & Contreiras 1970, 1971; Daemon 1975; Dino et al. 1999, 2000) ou neocretácea 
(Cunha et al. 2007) ou em parte cretácea e cenozóica (Costa 2002). Portanto, essa ambigüidade e 
disparidade de idades são discutidas na tentativa de esclarecer o problema. 
 
APRESENTAÇÃO DO TEMA 
Daemon & Contreiras (1970, 1971) realizaram estudos palinológicos em testemunhos de poços da 
Petrobras em duas seções geológicas: a primeira seção abrangeu as bacias do Acre, Alto Amazonas 
(atualmente Solimões) e Médio e Baixo Amazonas (simplesmente Bacia do Amazonas) e a segunda 
seção foi transversal à Bacia do Amazonas (Fig. 1). Na maioria dos poços, a seção pós-paleozóica 
mostrou-se composta por camadas cretáceas e terciárias; entretanto, em algumas sondagens Daemon & 
Contreiras (1970, 1971) consideraram apenas a existência de Cretáceo (Fig. 2) em toda a seção das 
partes centrais da Bacia do Amazonas. As camadas pós-paleozoicas do poço 1-AC-1-PA foram 
denominadas de Formação Alter do Chão por Kistler (1954) e formalmente validada por Caputo et al. 
(1971, 1972) como Formação Alter do Chão. O poço Alter do Chão (AC-1 - sigla abreviada), onde se 
situa a seção-tipo da unidade de mesmo nome, não foi estudado por Daemon & Contreiras (1971, 1972). 
A seção estratigráfica representada na figura 2 de Daemon & Contreiras (1971) é aqui 
reapresentadaparcialmente, correspondendo apenas à parte da Bacia do Amazonas na figura 2 deste 
artigo. Cabe ressaltar, que na elaboração da seção apresentada por Daemon & Contreiras (1971, 1972) 
não foram obedecidas as verdadeiras distâncias entre os poços, pois foram plotados em intervalos 
equidistantes, de modo que distâncias pequenas com muitos poços aparentam ser muito maiores, do que 
 2 
distâncias grandes com poucos poços. Além disso, há poços situados, tanto próximos ao eixo da bacia, 
que é mais profundo e segmentado, com forma de dog leg, como nas plataformas (regiões marginais 
relativamente mais rasas e com baixo mergulho), tornando-os aparentemente desnivelados por tectônica 
posterior. O exame palinológico de Daemon & Contreiras (1971) evidenciou expressiva espessura de 
sedimentos cenozóicos, não denominados, ao longo da seção longitudinal mostrada na figura 2, desde a 
região do Alto de Purus poços CS-1 (Codajás 1) e CS-2 (Codajás 2) até o poço MD-1 (Madeirinha 1). 
Este último poço também apresentou uma seção cretácea sob o Terciário. 
 
 
 
Figura 1. Traçado longitudinal e transversal das seções das bacias do Acre, Solimões e Amazonas 
conforme a figura 1 de Daemon & Contreiras (1970, 1971). 
 
Na mesma seção, na linha do poço NO-1 (Nova Olinda 1) até o poço MA-1 (Monte Alegre 1), 
Daemon & Contreiras (1970, 1971) indicaram apenas a ocorrência exclusiva de Cretáceo, andares 
Eocenomaniano a Maastrichtiano, no topo da coluna estratigráfica, considerando-o como a Formação 
Alter do Chão (Fig. 2). Novamente, a partir do poço AL-1 (Almeirim 1) até o poço GU-1 (Gurupá 1), no 
leste da Bacia do Amazonas (Baixo Amazonas), eles consideraram a presença de camadas cenozóicas, 
sem denominação, com espessuras muito elevadas, inclusive 1.266 m no poço AL-1, capeando a coluna 
paleozóica. Nunca foi apresentado na literatura um mapa geológico de distribuição do Terciário e 
Cretáceo da Bacia do Amazonas, de acordo com as conclusões de Daemon & Contreiras (1970, 1971). 
Estes autores ainda concluíram que, quando da deposição do Terciário nos poços AL-1 e GU-1 no leste 
da bacia, ocorria soerguimento no suposto Arco de Monte Alegre (Fig. 2), onde estão os poços MA-1 e 
MM-1 (Mamuru 1), o que teria inibido a deposição de sedimentos terciários nessa área supostamente 
elevada. 
 3 
 
 
 4 
Entretanto, a interpretação de Daemon & Contreiras (1971) causou espécie em relação à suposta 
ausência de seção cenozóica, no depocentro da Bacia do Amazonas, entre os poços NO-1 e MA-1, onde 
sempre ocorreu maior subsidência em toda a história evolutiva da bacia (Fig. 2). Todas as formações são 
mais espessas nesse trecho central da bacia, afinando e ou desaparecendo para os flancos e arcos. 
Caputo et al. (1972) mantiveram o nome Formação Alter do Chão para toda a seção pós-
paleozóica, na revisão estratigráfica da bacia, em vista da suposta concordância das camadas de idades 
cretácea (maastrichtiana) e cenozóica, de acordo com os estudos de Daemon & Contreiras (1971) e 
também consideraram na coluna proposta que as camadas da seção superior da formação incluíam o 
Terciário. 
Posteriormente, Daemon (1975) retornou ao estudo da seção discutida com a finalidade de 
determinar melhor a idade da Formação Alter do Chão, acrescentando o testemunho no 23 do poço AC-
1, em seu novo estudo (Fig. 3). 
 
 
 
Figura 3. O testemunho 23 foi o único testemunho fossilífero estudado por Daemon (1975) do poço AC-
1, seção-tipo da unidade de mesmo nome. Os outros testemunhos superiores foram improdutivos. 
 
Com base em novas análises, Daemon (1975) atribuiu idade mesoalbiana/neo-albiana a 
eocenomaniana para a parte inferior da seção e neocenomaniana a turoniana para a parte média, de 
acordo com as Zonas K-400 a K-600, estabelecidas anteriormente por Lima (1971) para a Bacia de 
Barreirinhas. Os palinomorfos de idade cretácea no poço AC-1 foram encontrados somente a 502m de 
profundidade, no testemunho no 23, portanto a parte superior da seção desse poço com mais de 500m de 
espessura ficou com a idade em aberto, mas foi considerada também cretácea (Fig. 3) por Daemon 
(1975). 
O palinólogo Eglemar Conde Lima (comunicação verbal e anotações escritas na Petrobras) 
examinou minuciosamente em 1987, além de testemunhos, amostras de calha da Formação Alter do 
Chão, no intervalo da superfície (elevação de 18 m) até 545 m de profundidade (-527m), do poço AC-1. 
Ele detectou várias amostras de calha produtivas, determinando a presença de Cenozóico até cerca de 
425 m de profundidade e Cretáceo com cerca de 120 m de espessura na porção inferior do intervalo pós-
Paleozóico examinado. Deve ser observado que, próximo à locação do poço AC-1, existe a elevação da 
 5 
Serra Piroca com cerca de 130 m de altitude, deduzindo-se que existam na região, pelo menos 537 m de 
Terciário. Estes novos dados permitiram estender a área de ocorrência da bacia terciária até as margens 
do Rio Tapajós, ou seja, a região correspondente a todo o antigo Baixo Amazonas, desde a região de 
Gurupá até a do Rio Tapajós. Os resultados do trabalho de Lima, infelizmente, não foram relatados e 
nem publicados. Suas fichas de leituras palinológicas foram examinadas e confirmadas como de idade 
cenozóica e cretácea, também pela palinóloga Marília Regali, em uma visita à Petrobras em Belém, 
onde trabalhara Lima. 
O poço MA-1 (Figs. 1 e 2), distante cerca de 80 km a norte-nordeste do poço AC-1, foi 
considerado por Daemon & Contreiras (1971) com base em palinologia, como tendo também uma seção 
exclusivamente cretácea. Entretanto, a proximidade com o poço AC-1, reestudado palinologicamente 
por Lima em 1987, com espessa seção terciária (537 m), em distância relativamente curta, sugere que 
também exista neste poço (MA-1) uma significativa seção terciária não detectada. Efetivamente, folhas 
fósseis da seção aflorante no domo de Monte Alegre, na Serra de Paituna, próxima ao poço Ma-1, 
também indicaram idade terciária (eocênica) para a porção basal dessas camadas da Formação Alter do 
Chão (Duarte 1987). Dino et al. (1999, 2000) estudaram palinologicamente os testemunhos dos poços 
NO-1 e 9-FZ-28-AM (Fazendinha 28), onde neste último poço foram feitas testemunhagens quase 
contínuas (Fig. 4), para fins de análises petrofísicas, visando dar suporte à perfuração do poço guia para 
construção de um shaft, com diâmetro final de 12m para abertura de galerias para extração de silvinita 
(minério de potássio). Esse estudo permitiu detectar duas sequências cronoestratigráficas cretáceas, a 
partir do testemunho 88 (poço 9-FZ-28-AM), com rica biota em condições excepcionais de preservação. 
Os esporos posicionaram os depósitos da parte inferior (SEQ 1) da seção Neo-Alagoas (Neo-Aptiano-
Albiano), dentro das palinozonas P-270/P-280, zonas estas também encontradas nas margens leste e 
equatorial brasileiras. O pacote inferior da SEQ 2, que foi dividida em quatro intervalos, indicou idade 
neocenomaniana no testemunho 88 (profundidade 300m), dentro da palinozona P-380. Os testemunhos 
superiores, até a superfície, foram considerados improdutivos. 
 
 
 
Figura 4. Seção cretácea apresentada por Dino et al. (1999, 2000), parcialmente modificada. As seções 
com setas aos lados dos poços correspondem aos mesmos poços, com as seções consideradas 
cenozóicas por Daemon & Contreiras (1971), Lima (comunicação verbal) e Regali (comunicação 
verbal). 
 
O contato SEQ1/SEQ2 foi mal posicionado por Dino et al. (1999, 2000) na figura do poço FZ-28, 
pois conforme a sua figura 3 esse contato se situa a 330 m de profundidade, mas em sua figura 4 o 
mesmo contato foi posicionado a 250 m de profundidade. A figura 4 de Dino et al. (1999, 2000) está 
representada na figura 4 deste artigo. Caso seja considerada a profundidade do testemunho 88 do poço 
FZ-28 até a superfície, a seção não datada desse poço alcança cerca de 300m de espessura,grande parte 
da qual pode ser inferida idade cenozóica, como ocorre com outros poços vizinhos a oeste. O poço 
 6 
vizinho MD-1 (Madeirinha 1) apresenta expressiva seção terciária (> 300 m) no topo da coluna (Fig. 2) 
datada por Daemon & Contreiras (1971). 
No poço NO-1, próximo do poço FZ-28, ocorre uma seção superior pouco consolidada com 175 
m de espessura, também não datada, que pode ser cenozóica, conforme opinou Setembrino Petri a Price 
(1960). Nesse poço, na profundidade de 193-196 m, no testemunho 33, foi encontrado um dente de 
dinossauro Theropoda que sugere para essa parte da seção idade cretácea (Price 1960). Não parece 
provável, que em distâncias relativamente muito pequenas entre os poços (Fig. 4), o pacote de 
sedimentos terciários seja substituído por mesma espessura de sedimentos supostos cretáceos, não 
datados no poço NO-1. Isto reforça a idéia de que a cobertura da Bacia do Amazonas é de idade 
cenozóica, pois onde se conseguiram leituras paleobotânicas e palinológicas na seção superior, o 
resultado foi Cenozóico confirmado, e onde não se conseguiram leituras, foi inferido Cretáceo. 
O que se deduz, é que foi estendida a idade cretácea das seções inferiores do intervalo sob 
discussão até a superfície nos poços com intervalos sem leituras palinológicas. Então a parte superior 
dos red beds dos poços NO-1 e 9-FA-28-AM da seção da figura 4 seria de idade cenozóica, mostrando 
consistência estratigráfica com os demais poços de toda a região. A configuração das linhas sísmicas 
descarta a possibilidade de as camadas cretáceas alcançarem a superfície. Dino et al. (1999) observaram 
ainda a ausência de microplâncton marinho em ambas as sequências cretáceas, indicando forte 
influência continental na deposição. 
O cenário que pode ser construído para o Paleógeno é que subsidência e sedimentação ocorriam 
em todas as bacias do norte do Brasil, com drenagem maior para o oceano Paleopacífico e Caribe. 
Entretanto, depois, no Mesomioceno, na Bacia do Amazonas passou a ocorrer soerguimento e exposição 
principalmente nos flancos nordeste da bacia. Nessas áreas possivelmente a seção superficial é um 
pouco mais antiga que a seção superficial da calha central da bacia. Nas bacias do Solimões e do Acre 
continuou a subsidência e sedimentação (Formação Solimões), onde alcançou o Neomioceno, e 
possivelmente o Plioceno, (Latrubesse et al. 2007), ao passo que a sedimentação da Formação Alter do 
Chão na Bacia do Amazonas foi detida possivelmente no Mesomioceno, principalmente nas margens e 
flancos da bacia. A Formação Solimões (paludial, canais fluviais e planícies de inundação e 
paleossolos), predominantemente argilosa, variegada, e com boa proporção de sedimentos cinza, é 
correlacionável à Formação Alter do Chão, e de acordo com estudo de paleocorrentes na Bacia do Acre, 
seus sedimentos de afloramentos derivaram dos Andes (Mason & Caputo 1964). 
A inversão da drenagem no Mesomioceno (Hoorn 1993), devido possivelmente à ascensão da 
Cordilheira Oriental Andina, fez a sedimentação Solimões cenozóica, oriunda dos Andes, recobrir 
também parte da Formação Alter do Chão na ampla região do Alto de Purus e áreas adjacentes da parte 
ocidental da Bacia do Amazonas e Vale do Amazonas. Sedimentos basais, correspondentes à Formação 
Solimões, são mais velhos na Bacia do Acre e mais novos em direção ao embasamento e ao Arco de 
Purus, conforme pode ser observado na comparação de idades entre os poços 1AS-4a-AM e 1AS-51-
AM da CPRM, este último próximo ao embasamento norte da Bacia do Solimões (Hoorn, 1993) e a 
pouca distância da Colômbia. Na Bacia do Acre, a base da seção equivalente à da Formação Solimões 
foi considerada de idade paleocênica (Daemon & Contreiras 1971) ou eocênica (Cunha et al. 2007). 
O rio Amazonas escavou parcialmente a Formação Alter do Chão no vale central como também 
depositou sedimentos pliopleistocênicos e holocênicos em trechos e terraços de seu novo percurso em 
direção ao Oceano Atlântico. A “Formação Novo Remanso”, entre Itacoatiara e Manaus (Rozo et al. 
2005), descontínua ao longo do vale do Rio Amazonas faz parte do cenozóico da Bacia do Amazonas; 
esta unidade foi criada no pressuposto de que seria uma unidade independente da Formação Alter do 
Chão de suposta idade cretácea. 
 
ESTRATIGRAFIA 
Em função do que foi aqui exposto, a idade da Formação Alter do Chão é cenozóica e a seção 
cretácea constitui outra formação, cuja denominação é proposta que seja Jazida da Fazendinha, nome 
este que se refere ao poço 9-FZ-28-AM da jazida de silvinita, onde foi mais bem amostrado e descrito 
até o presente por Dino et al. (1999, 2000). 
Formação Jazida da Fazendinha - Sobre as formações paleozóicas e diabásio Penatecaua, 
introduzido cerca do limite Triássico-Jurássico (204 Ma), ocorre uma seção siliciclástica discordante na 
base e no topo, que anteriormente fazia parte da Formação Alter do Chão e este trabalho propõe uma 
unidade independente, denominada Formação Jazida da Fazendinha. O termo Fazendinha apenas, não 
pode ser usado para esta formação, pois já foi anteriormente utilizado para uma formação metamórfica 
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na Bahia, de acordo com o banco de dados da CPRM (http://geobank.sa.cprm.gov.br). 
A seção-tipo da Formação Jazida da Fazendinha encontra-se no poço Fazendinha número 28 (9-
FZ-28-AM), aberto pela Petromisa, antiga subsidiária da Petrobras, para acesso à jazida subterrânea de 
silvinita, próximo à margem direita do Rio Madeira, no Amazonas. O poço fica localizado mais 
especificamente nas coordenadas geográficas WGr -3,66649200 de latitude e -58,94921200 de 
longitude, na elevação de 27 m, no intervalo da seção-tipo entre cerca de 475 e 295 m de profundidade. 
Não é conhecida nenhuma seção dessa unidade em afloramentos. Para seção de referência é 
designado o poço 1-NO-1-AM (Nova Olinda, no 1, Amazonas), cujas coordenadas geográficas são –3, 
88108700 de latitude e –59,08481500 de longitude, no intervalo entre 550 e cerca de 180 m de 
profundidade. A seção constitui duas seqüências (Fig. 4) compostas por arenitos, arenitos 
conglomeráticos, conglomerados e folhelhos cinza na sequência inferior, seguida por folhelhos cinza 
esverdeados e vermelhos e espessos pacotes de arenito branco na superior (Dino et al. 1999, 2000). 
Nas porções centrais da bacia, esta unidade jaz discordantemente sobre a Formação Andirá e nos 
flancos com a Formação Nova Olinda. O contato é abrupto, onde sedimentos variegados, geralmente 
grosseiros, pouco consolidados e mal selecionados da Formação Jazida da Fazendinha, passam para 
sedimentos relativamente finos e bem consolidados das formações Andirá e Nova Olinda. Em muitos 
casos o contato basal é feito também com soleiras do Diabásio Penatecaua. O paleorelevo onde se 
assenta a Formação Jazida da Fazendinha é irregular e bastante colinoso, conforme pode ser visualizado 
em seções sísmicas. 
As características sísmicas da Formação Alter do Chão são semelhantes às da Formação 
Solimões, ambas de idades cenozóicas e pouco consolidadas, e diferentes das propriedades acústicas das 
camadas cretáceas, algo mais consolidadas. Nas seções sísmicas da Bacia do Amazonas, realizadas pela 
Petrobras, nota-se um refletor bem definido, que indica a passagem de camadas cenozóicas para as 
camadas cretáceas (Figs. 5, 6 e 7) É interessante notar que Daemon & Contreiras (1971) não detectaram 
Cretáceo na Bacia do Solimões. Formas de erosão como paleocanais ocorrem, em seções sísmicas, no 
topo do Cretáceo (Formação Jazida da Fazendinha) de acordo com Mauro Filho & Eiras (1994) e Costa 
(2002), o que confirma também a presença de discordância erosiva no contato com a Formação Alter do 
Chão (Fig. 5). 
 
 
 
Figura 5. Perfis sônicos de poços na Bacia do Solimões (A) e Bacia do Amazonas (B), ao sul de 
Manaus, mostrando contrastes de velocidades intervalares entre Terciário, Cretáceo e Paleozóico. Na 
Bacia

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