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GESTÃO DO IMPACTO

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GESTÃO DOS IMPACTOS 
AMBIENTAIS 
AUTOR: RICARDO FRANÇA N. DA ROCHA 
 
 Análise do Impacto Ambiental e 
Licenciamento Ambiental 
 
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SUMÁRIO. 
Introdução 
Unidade 1- Tipos de Atividades 
1. Conceito de Atividade 
2. Conceitos de Aspectos Ambientais 
3. Conceitos de Impactos Ambientais 
Unidade 2 - Classificação dos Impactos Ambientais 
1. Classificação dos Impactos ambientais por Tipo 
2. Impactos Ambientais Globais 
3. Mudanças Ambientais 
UNIDADE 3 – Levantamento e Análise de Impacto Ambiental 
1. Fluxograma Simplificado de Processo 
2. Graus de Significância 
3. Filtro de Significância 
UNIDADE 4 - Exercícios 
 
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Licenciamento Ambiental 
 
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INTRODUÇÃO 
Com a crescente demanda ambiental, a Análise do Impacto Ambiental tem se tornado 
extremamente importante para o desempenho ótimo das Organizações, permitindo o correto 
mapeamento das necessidades ambientais do empreendimento, possibilitando que não sejam 
destinados recursos para o controle dos aspectos não significativos ou outros aspectos nos quais a 
Organização não possui ingerência. A Análise do Impacto Ambiental é uma ferramenta poderosa 
para a estruturação de Um Sistema de Gestão Ambiental ou Integrado em função da 
previsibilidade dos eventuais “pontos fracos”. Sua ligação com o processo de Licenciamento 
Ambiental permite a Organização adequar-se pró - ativamente às exigências dos Órgãos de 
Controle Ambiental. 
 
UNIDADE 1: CONCEITO DE ATIVIDADE 
 
É a atividade gerada pela ação humana. Como vetores de mudança, temos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. TIPOS DE ATIVIDADES: 
1.1. ATIVIDADES ANTROPOGÊNICAS 
Ela pode ser Antropogênica: 
Impactos Ambientais Diretos Efeitos Primários (Ex. Correção do pH do solo). 
Impactos Ambientais Indiretos Efeitos secundários (Ex. Aumento do efeito estufa). 
As Atividades Antropogênicas de impactos ambientais diretos, são aquelas em que a intervenção 
no meio ambiente se dá instantaneamente. Os efeitos dos Impactos Ambientais são imediatamente 
Figura 3 -
Emissões de 
particulados, 
provenientes 
de 
incineradores: 
exemplo de 
atividades de 
efeito 
primário. 
Atividades Antropogênicas; 
 
Atividades Naturais. 
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Licenciamento Ambiental 
 
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sentidos, como por exemplo a correção do pH do solo, possibilitando o plantio em áreas 
consideradas inférteis, ao passo que nas Atividades Antropogênicas de impactos ambientais 
indiretos, os efeitos dos impactos ambientais são percebidos à médio e longo prazo. Na realidade 
são efeitos de impactos correlatos. Um exemplo desse caso é o aumento do efeito estufa 
provocado pela emissão de gases ácidos oriundos da queima dos combustíveis fósseis. O efeito 
primário é a própria emissão, que é um impacto ambiental de primeira ordem ou primário e o efeito 
secundário é a retenção dos raios infravermelhos na atmosfera, impedindo-os de se dissiparem no 
espaço (veremos mais adiante em impactos ambientais globais). 
Como vimos, não necessariamente as atividades antropogênicas são ruins. Na verdade, em 
algumas situações, a intervenção humana pode proporcionar melhoramentos. Como 
exemplificamos, a correção de solo, proporciona melhoria nas condições da agricultura, bem como 
favorece o fortalecimento do ecossistema local, criando condições para que a fauna local possa 
prosperar. 
Um exemplo polêmico é a manipulação genética para a criação de espécies transgênicas. 
Questão: é uma agressão à natureza? Dependerá da forma que será realizada tal manipulação. Se 
há um processo de melhoramento de certos vegetais, como por exemplo plantas resistentes as 
pragas, teremos menos impactos no solo com pesticidas, que inclusive afetam outras formas de 
vida. Porém se na fase de pesquisa, cuidados procedimentais não foram tomados, poderá haver 
contaminação da Biota e aí teremos um impacto ambiental negativo, causado por uma atividade 
antropogênica. 
1.2 ATIVIDADES NATURAIS 
As atividades naturais são aquelas em que a própria natureza se encarrega de engendrá-las. Não 
podemos dizer que todas as atividades naturais são impactantes, ou seja provocam impactos 
ambientais. Por exemplo, a formação de uma cordilheira ao longo de milhões de anos não é 
impactante para a vida, em qualquer de suas formas, porque tais mudanças ocorrem lentamente, 
permitindo que a própria vida possa se adaptar. Por outro lado, uma explosão vulcânica é 
impactante no ponto de vista ambiental, porque não dá chances para que a vida possa se adaptar 
e em muitos casos acaba por extingui-la. 
2. CONCEITOS DE ASPECTOS AMBIENTAIS 
O Aspecto Ambiental e o Impacto Ambiental estão relacionados como “causa e efeito” ou “Ação e 
Reação”. A definição dos mesmos ainda não está plenamente sedimentada e algumas distorções 
têm ocorrido, por ocasião das suas análises. É comum interpretar-se certos impactos ambientais 
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como aspectos ambientais. Por exemplo, é comum tratar derrame de produtos como aspecto 
ambiental, porém na realidade é um impacto ambiental. O erro, nesse caso, advém de se 
considerar que o impacto é a contaminação do solo e/ou águas e por sua vez o derrame seria a 
causa (aspecto). Na realidade, as contaminações advindas de um derrame, são IMPACTOS 
AMBIENTAIS CORRELATOS (o que veremos mais à frente). Embora o produto do derrame tenha 
sido a causa da contaminação, a causa primária, ou aspecto ambiental inicial é o tanque, linhas ou 
contenção rompidos. Ao longo desta apostila, procuraremos focar pela lógica do impacto 
ambiental, a diferença entre o que é aspecto ambiental e o que é impacto ambiental. 
2.1. DEFINIÇÕES 
O aspecto ambiental ainda é mal compreendido, como vimos no item 2. e sua definição, mesmo 
com a revisão da NBR 14001 em 2004, não ajudou muito os usuários da mesma. 
As definições e exemplos ilustram o conceito de aspectos ambientais e seu relacionamento com os 
impactos ambientais e os riscos ecológicos. 
Quando dizemos: Observem o aspecto daquele automóvel. Estamos de alguma maneira, definindo 
sua aparência, estado geral de conservação, etc. 
Podemos aplicar esta regrinha básica quando queremos definir o aspecto ambiental, 
caracterizando o aspecto da atividade na qual iremos estudar. 
 
Figura 01 – Aspecto Ambiental e Impacto Ambiental 
Nem todos os aspectos ambientais causam impactos ambientais. Tomando como exemplo o 
armazenamento de lubrificante. Se o recipiente vazar, o óleo derramado impactará o ambiente. 
Aspecto Aspecto e Impacto 
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Porque existe o potencial para um impacto, o recipiente de armazenagem do lubrificante é um 
aspecto ambiental. Mas se o recipiente não vazar, então não há nenhum impacto no ambiente 
proveniente do armazenamento do lubrificante, que é a atividade. 
Outro exemplo: 
Um aparelho de ar condicionado é aspecto ou impacto? Ele é um aspecto, constituído de 
ASPECTOS-SUBORDINADOS, ou seja, peças, gás refrigerante e outros insumos. O conjunto de 
aspectos-subordinados, formam o Aspecto ambiental total. E Qual serão seus impactos ambientais 
potenciais? Podemos citar alguns, como ruído, colaboração para a destruição da camada de 
ozônio, devido a liberação dos CFC’s e doenças respiratórias, devido a manutenção inadequada 
dos filtros. 
A definição que utilizaremos para o aspecto será a da Referência Normativa NBR ISO 14001:2004: 
ASPECTO AMBIENTAL  Elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma 
Organização que pode interagir com o Meio Ambiente. 
Vejamos: “Elemento das atividades,produtos e serviços...”. Facilmente nos remetemos a afirmativa 
de que o aspecto ambiental, para existir precisa estar vinculado a uma atividade ou produto ou 
serviço, dos quais sem eles não há aspecto ambiental. 
A questão é a seguinte: Como definir “atividade”? A atividade é uma ação. O ato de viver é uma 
atividade, assim como a iluminação de um cômodo, o transporte de cargas, a armazenagem de 
produtos, o preparo de alimentos, e que também são ações e para todas essas ações existem 
elementos que podem ser considerados aspectos ambientais e possuem impactos ambientais 
potenciais, ou seja, não aconteceram mas podem acontecer. 
Produto e serviço são aspectos ambientais-subordinados de atividades. Em uma fábrica de 
automóveis cuja atividade e a montagem de veículos, por exemplo, a linha de montagem, com 
todos os equipamentos e automóveis, em fase de acabamento ou não, é um aspecto ambiental. 
Seus aspectos ambientais-subordinados são compostos de cada equipamento, cada peça que os 
compõe e dos automóveis que estão em fase de acabamento ou já acabado. O produto automóvel 
possui por sua vez componentes que são aspectos-subordinados a ele. 
Com relação aos Serviços, tomemos como exemplo a mesma Montadora de Veículos que contrata 
um prestador de serviços de limpeza dos galpões. O desengraxante utilizado no piso é um 
elemento desse serviço, assim como são os demais equipamentos utilizados para levar à contendo 
a limpeza da área, sendo todos considerados aspectos ambientais. 
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Pode-se fixar um aspecto ambiental como principal e a partir dele denominar os aspectos–
subordinados restantes de primeira ordem, segunda ordem, etc. até a ordem n, hierarquizando-os. 
Figura 02- Organograma do Aspecto Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obviamente para fins de levantamento de aspectos ambientais, é recomendado que se leve em 
consideração o aspecto principal, a menos que haja na Organização interesse de controlar seus 
aspectos-subordinados. O excesso de preciosismo tem levado muitas empresas a listar 
inumeráveis aspectos-subordinados, causando perda de tempo e conseqüentemente de dinheiro. 
3. CONCEITOS DE IMPACTOS AMBIENTAIS 
ASPECTO-SUBORDINADO – a1 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – a2 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – a3 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – b1 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – b2 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – b3 
Segunda ordem 
 
ASPECTO PRINCIPAL 
ASPECTO-SUBORDINADO – a 
Primeira ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – c1 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – c2 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – c3 
Segunda ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – b 
Primeira ordem 
ASPECTO-SUBORDINADO – c 
Primeira ordem 
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Pela Referência Normativa NBR ISO 14001:2004, temos a seguinte definição de Impacto 
Ambiental: 
IMPACTO AMBIENTAL  É qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, 
que resulte, no todo ou em parte, dos Aspectos Ambientais da Organização. 
Podemos considerar para efeito de impactos ambientais tudo aquilo que possa alterar o meio 
ambiente Positivamente ou Negativamente: Energia, produção de bens de consumo, aumento da 
arrecadação, geração de empregos, derrame de produtos químicos e petroquímicos, cancelamento 
de vagas de empregos, degradação de áreas, contaminação de lençóis freáticos, emissão de 
poluentes, etc. 
Uma outra definição, bastante abrangente de Impacto Ambiental, é a descrita pela Resolução 
CONAMA 001, de 23.01.1986: 
IMPACTO AMBIENTAL: 
“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada 
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou 
indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as atividades 
sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V - 
a qualidade dos recursos ambientais” 
 Resolução CONAMA 001, de 23.01.1986. 
Podemos então compreender que o Impacto Ambiental é uma força mutatória que modifica o meio 
ambiente original, implementando mudanças temporárias ou permanentes. Claro que o conceito de 
perenidade do Impacto Ambiental é relativo, pois se falamos da extinção de uma determinada 
espécie ou da eutrofização de um lago, este Impacto ambiental é permanente. Há gêneros de 
Impactos Ambientais, que embora seus efeitos durem por exemplo 5.000 anos, para o homem, 
pode ser encarado como permanente, porém são temporários, levando-se em consideração a 
idade do planeta Terra. 
3.1 OUTRAS DEFINIÇÕES DE IMPACTOS: 
“Qualquer alteração no sistema ambiental físico, químico, biológico, cultural e sócio-econômico que 
possa ser atribuída a atividades humanas relativas às alternativas em estudo para satisfazer as 
necessidades de um projeto”. (Canter,1977). 
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"Impacto ambiental pode ser visto como parte de uma relação de causa e efeito. Do ponto de vista 
analítico, o impacto ambiental pode ser considerado como a diferença entre as condições 
ambientais que existiriam com a implantação de um projeto proposto e as condições ambientais 
que existiriam sem essa ação" (Dieffy, 1975). 
"Uma alteração (ambiental) pode ser natural ou induzida pelo homem, um efeito é uma alteração 
induzida pelo homem e um impacto inclui um julgamento do valor da significância de um efeito" 
(Munn,1979). 
 
UNIDADE 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 
Os impactos ambientais são classificados em diversos tipos, conforme a sua natureza. Tal 
classificação permite a correta análise do impacto, para que medidas mitigadoras possam ser 
tomadas, caso devido. 
1. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS POR TIPO 
 Ordem do impacto; 
 Manifestação dos seus efeitos; 
 Temporalidade; 
 Representatividade; 
 Localidade; 
 Condições operacionais; 
 Natureza. 
É importante salientar que um único impacto ambiental poderá ser classificado de acordo com 
todas as sete definições. 
1.1 ORDEM DO IMPACTO. 
O impacto ambiental de primeira ordem é o impacto conhecido como impacto ambiental primário 
ou direto. Na verdade é uma simples relação de causa-efeito, na qual o efeito se manifesta 
imediatamente. 
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Tomemos como exemplo um derrame de óleo no mar. 
O impacto ambiental de segunda ordem, conhecido como impacto ambiental secundário, bem 
como os demais tipos de impacto até o de enésima ordem, são impactos ambientais indiretos. São 
conhecidos quando se manifestam como reações secundárias, terciárias, etc. em relação à ação 
ou quando é parte de uma cadeia de reações. Tal classificação dependerá da sua situação na 
cadeia de reações. 
Ainda dentro do exemplo anterior, sendo o derrame de óleo no mar um impacto de primeira ordem 
ou direto, o impacto de segunda ordem (ou secundário) será a contaminação das águas, o de 
terceira ordem a morte da fauna local e por fim o de enésima ordem poderá ser a degradação das 
relações sociais e econômicas de uma comunidade pesqueira, seguindo as relações na cadeia dos 
impactos. 
Os impactos primários até o de enésima ordem são chamados de IMPACTOS CORRELATOS e 
como mencionado anteriormente é muito comum a confusão de certos autores em classificar um 
impacto de ordem pregressa, como aspecto ambiental do impacto ambiental de ordem posterior. 
Tais definições são importantes, pois os esforços para o Planejamento Ambiental de uma 
Organização devem ser direcionadospara a criação de medidas mitigadoras para o Impacto 
Ambiental Direto ou de Primeira Ordem, pois uma vez minimizando-se este, será possível reduzir o 
número de ordens dos impactos ambientais correlatos. 
 
 
 
1.2. MANIFESTAÇÃO DOS SEUS EFEITOS. 
Quanto a manifestação dos seus efeitos, o impacto ambiental pode ser: 
Figura 11 - Contaminação química em organismos do 
sedimento, devido a derrame de óleo leve. 
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 Imediato; 
 Médio prazo; 
 Longo prazo. 
No impacto ambiental imediato, seus efeitos manifestam-se quase instantaneamente, ou seja, o 
efeito se dá no instante que surge a ação. 
Nos impactos ambientais de médio ou longo prazo, os efeitos manifestam-se certo tempo após a 
ação. 
É razoável considerar que impacto ambiental de médio prazo é aquele cujos efeitos manifestam-se 
em até onze meses. O impacto ambiental de longo prazo é aquele em que a manifestação dos 
seus efeitos se dá em um ano ou mais. 
NOTA: Um impacto ambiental de primeira ordem, sempre será um impacto ambiental imediato. 
1.3. TEMPORALIDADE. 
Em termos de temporalidade um impacto ambiental pode ser: 
 Temporário; 
 Permanente. 
O impacto ambiental temporário é aquele em que o efeito permanece por um tempo determinado e 
depois desaparece, ou por uma ação natural de degradação do impacto ambiental ou por uma 
ação antrópica de restauração. 
O impacto ambiental permanente é aquele em que uma vez executada a ação, os efeitos não 
cessam de se manifestar, num horizonte temporal conhecido. 
Cabe ressaltar, um conceito importante que é o da RESILIÊNCIA. A resiliência do meio ambiente, 
é a capacidade desse se restaurar. Quando um impacto ambiental ultrapassa a resiliência do meio 
afetado (Ponto limítrofe de restauração –PLR), inicia-se o processo de degradação ambiental que 
poderá tornar o impacto ambiental irreversível, caso ações antrópicas não forem tomadas. 
Tomemos como exemplo um derrame de etanol, conhecido comercialmente como álcool etílico, 
com conseqüente contaminação do solo. Embora seja um impacto ambiental grave, cessando a 
fonte do impacto, as bactérias indígenas (naturais do solo em questão) iniciarão o processo de 
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degradação do etanol contaminante. Com menor vigor , tais bactérias degradam a gasolina e o 
diesel. 
1.4. REPRESENTATIVIDADE. 
O Impacto Ambiental também pode ser classificado pela sua importância. 
Temos então duas classes: O impacto ambiental Estratégico e o não estratégico. 
O impacto ambiental estratégico é considerado quando é afetado um componente ou recurso 
ambiental de importância coletiva ou nacional. 
O impacto não estratégico apenas afeta uma determinada organização ou localidade sem que 
seus efeitos comprometam uma coletividade. 
1.5. LOCALIDADE. 
Esta classificação divide o impacto ambiental em: 
 Local; 
 Regional; 
 Global. 
O impacto ambiental local, é aquele que se restringe ao sítio e sua circunvizinhança. Um impacto 
ambiental, anteriormente classificado como local, será reclassificado como regional, quando seus 
efeitos ultrapassarem os limites da propriedade afetada no território de dois ou mais Estados. Diz-
se que uma “região” foi afetada. Portanto um impacto ambiental local é aquele que se restringe ao 
território de um estado. 
O impacto ambiental é classificado como regional, a partir do momento em que seus efeitos 
atingem territórios de dois ou mais estados (Resolução CONAMA 237 de 19.12.1997) além do sítio 
aonde ocorreu o impacto ambiental de primeira ordem. Não necessariamente o impacto ambiental 
local precisa abranger todo o território de um estado para que a partir daí seja classificado como 
regional. Basta ocorrer um impacto ambiental na fronteira de dois estados para que ele seja 
considerado regional, muitas das vezes com a extensão menor que a de um impacto local, 
circunscrito a um estado. 
O impacto ambiental global será sempre aquele em que seus efeitos tenham dimensões 
planetárias. Ocorrendo um impacto ambiental em um país, que venha a afetar significativamente a 
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economia de uma outra nação, este impacto ambiental pode ser classificado como global. Seu 
limite máximo, obviamente, é a sua manifestação por todo o planeta. 
 
 
1.6. CONDIÇÕES OPERACIONAIS. 
O impacto ambiental pode ser dividido em duas classes, de acordo com as suas condições 
operacionais: 
 Impacto ambiental normal; 
 Impacto ambiental acidental. 
Um impacto ambiental normal, embora o termo “normal” cause espanto, é o impacto ambiental 
inerente ao aspecto relacionado à atividade. Por exemplo: um automóvel é um aspecto ambiental 
em que um dos seus impactos ambientais é a emissão de gases da queima. Nesse caso o impacto 
é normal, pois não existe motor à combustão que não emita gases. Cabe ao fabricante 
implementar medidas mitigadoras, sendo uma delas a instalação de catalisadores. Outro exemplo 
é o abastecimento de combustíveis nos postos: a emissão gerada pelo abastecimento é um 
impacto ambiental normal, pois o combustível, pelo turbilhonamento na temperatura ambiente 
volatiliza-se. Portanto é importante criarmos o seguinte paradigma: não existe atividade 
econômica que não polua o meio ambiente. 
O impacto ambiental acidental é aquele que embora seja pertinente à atividade, ocorre por 
deficiência na segurança do controle do aspecto ambiental. É um evento acidental e portanto, 
segue o conceito legal de acidente: um evento não programado. 
Figura 12 - O desastre ecológico ocorrido na 
Indústria Cataguazes de Papel e Celulose 
atingiu os rios Pomba e Paraíba do Sul, em 
território fluminense, cujas águas receberam 
um volume de resíduos tóxicos, calculado em 
1,2 bilhão de litros. 
 
O acidente, que causou a formação de uma 
mancha de cerca de 50 quilômetros de 
extensão, descendo o rio Pomba, afetando o 
abastecimento de água de sete municípios que 
tiveram a captação de água interrompida. É 
um exemplo de impacto ambiental regional. 
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Como todo acidente, um impacto ambiental acidental não ”surge” simplesmente, ele é construído 
passo a passo, por pequenas falhas de segurança, gerenciais, procedimentais, tecnológicas, etc. 
Embora seja um evento não programado é importante prevê-lo e investir em medidas preventivas. 
 
1.7. NATUREZA. 
Esta classificação estabelece a diferença entre o impacto ambiental positivo ou benéfico e o 
impacto negativo ou adverso. 
Nem todo o impacto ambiental pode ser considerado pernicioso. Quando o homem interfere na 
natureza melhorando-a, está causando um impacto ambiental positivo. Outro exemplo: quando se 
gera emprego, está se criando um impacto ambiental positivo, aliás, é importante salientar que o 
impacto ambiental sócio-econômico pode ser negativo ou positivo. 
O leitor deve estar se perguntando: porque uma situação sócio-econômica é considerada um 
impacto ambiental? A análise dos impactos ambientais inclui todo o grande espectro dos impactos 
sócio – Econômicos. 
Reconhecer que os impactos nos ecossistemas, ciclos biogeoquímicos e outros estão intimamente 
ligados através de complexos mecanismos de feedback com os impactos sociais e as 
considerações econômicas. A degradação sócio-econômica sempre é acompanhada de uma 
degradação ambiental a curto e médio prazo e todo crescimento sócio-econômico, é acompanhado 
de uma melhoria ambiental a médio e longo prazo. 
A diferença no timing entre a degradação e a melhoria ambiental, em função de fatoressócio-
econômicos, deve-se ao componente de educação da população. As mudanças de hábito 
dificilmente ocorrem em uma geração, mesmo que aja um motor motivador que seria um programa 
sério de educação ambiental de governo no âmbito federal, estadual e municipal, isto porque em 
qualquer camada social a dificuldade encontrada é a mudança de hábitos, certamente com suas 
exceções. 
2. IMPACTOS AMBIENTAIS GLOBAIS. 
2.1. O Efeito Estufa 
Alguns gases da atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2), funcionam como uma 
capa protetora que impede que o calor absorvido da irradiação solar escape para o espaço 
exterior, mantendo uma situação de equilíbrio térmico sobre o planeta, tanto durante o dia como 
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durante a noite. Sem o carbono na atmosfera a superfície da Terra seria coberta de gelo. A essa 
particularidade benéfica da camada de ar em volta do globo se dá o nome de "efeito estufa". 
 
 
 
 
Figura 4 – Gráfico da concentração media mensal de CO2 na atmosfera 1958 – 1990. 
Como podemos ver na figura 4, é mostrada a variação da concentração de dióxido de carbono 
(média mensal) na atmosfera desde 1958 a 1991, obtida segundo dados fornecidos pela estação 
de monitoramento de Mauna Loa, no Havaí: 
O efeito da maior concentração de CO2 na atmosfera é uma exacerbação do originalmente 
benéfico efeito estufa, isto é, o planeta tende a se aquecer mais do que o normal; em outras 
palavras, a temperatura média da Terra tende a subir. 
Os mais avançados modelos matemáticos indicam que a temperatura média da Terra deverá 
aumentar em 2°C para uma duplicação da concentração de dióxido de carbono a partir do nível de 
270 ppm. 
Na figura seguinte, são mostrados os pontos em que se detectou alteração na temperatura da 
superfície do planeta entre 1951 e 1993. Os pontos em vermelho significam acréscimo de 
temperatura, e os pontos em azul, decréscimo; de acordo com as dimensões, os pontos indicam 
variações de 2ºC a 6ºC por século. Fica fácil constatar que a Terra está, de fato, esquentando. 
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Figura 5 - Tendências das temperaturas de superfície. 
 
Na figura 6 é mostrada a variação da temperatura global do planeta de 1851 a 1997. Ele foi obtido 
do trabalho conjunto dos pesquisadores Phil Jones (University of East Anglia), David Parker 
(United Kingdom Meteorological Office), John Christy (University of Alabama) e dados da NASA. A 
linha mais fina corresponde às temperaturas anuais médias, e a linha mais grossa à temperatura 
média a cada 5 anos. Observa-se que, apesar de algumas oscilações, a tendência é de um 
crescimento contínuo na temperatura média da Terra. 
 
Figura 6 – Tendências da temperatura global – mudanças de temperatura. 
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2.2. CHUVA ÁCIDA. 
Não existe chuva totalmente pura, pois ela sempre arrasta consigo componentes da atmosfera. O 
próprio CO2, que existe normalmente na atmosfera, como resultado da respiração dos seres vivos 
e da queima de materiais orgânicos, ao se dissolver na água da chuva já a torna ácida, devido à 
reação: CO2 + H2O => H2CO3. Como o ácido carbônico formado é muito fraco, a chuva 
contaminada tem pH = 5,6. 
 
Estes óxidos por sua vez, produzem juntamente com a água da chuva, certos ácidos, entre eles o 
H2SO4 e o HNO3. Esses ácidos provêm de reações químicas na atmosfera terrestre, a partir da 
emissão de substâncias poluentes, especialmente os NOX e o SO2. Os NOX são liberados pelos 
veículos movidos à gasolina e óleo diesel. O SO2 produzido artificialmente, é gerado pela queima 
de óleo diesel por caminhões e ônibus e de combustíveis fósseis, como o carvão e os derivados de 
petróleo. Ao atingirem a superfície terrestre sob a forma de chuva, geada, neve ou neblina, esses 
ácidos alteram a composição do solo e das águas, comprometendo as lavouras, as florestas e a 
vida aquática. Também podem corroer edifícios, estátuas e monumentos históricos, o que vem 
ocorrendo em vários lugares na Europa. 
O SO2 produzido pela natureza é proveniente de erupções vulcânicas e da decomposição de 
vegetais e animais. Na atmosfera, o SO2 reage com a água da chuva formando o ácido sulfuroso, 
que é um ácido fraco, mas quando o SO2 é oxidado a SO3, este reage com a água da chuva 
produzindo ácido sulfúrico, que é um ácido muito forte. 
O NO existe naturalmente na atmosfera. Em dias de tempestade, os raios provocam a reação N2 + 
O2 => 2NO. Os óxidos de nitrogênio são produzidos naturalmente por decomposição de animais e 
vegetais, por bactérias do solo e artificialmente nas combustões dos motores de automóveis, 
aviões, etc. Na atmosfera, o NO é facilmente oxidado a NO2. O NO2 é responsável pela neblina de 
cor castanha que se observa nas cidades em dias de muita poluição. 
Além disso, o NO2 reage com a água da chuva, produzindo o HNO2, que é um ácido fraco, e o 
HNO3 que é um ácido forte. Aliás, o próprio HNO2 se oxida a HNO3. 
Figura 7 – Corrosão em pilar, provocado pela 
acidez das chuvas. 
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Em grandes cidades, devido às indústrias e ao número de automóveis, e em regiões muito 
industrializadas, o ar acaba se carregando de H2SO4 e HNO3, e a chuva conduz esses ácidos para 
o solo. A Chuva Ácida possui pH menor do que 5,6, podendo chegar a 4,5 e até 2 em regiões 
populosas e industriais. Como exemplo, 80% dos lagos na Noruega já são ácidos. Isso pode 
provocar a destruição da vegetação aquática, a morte de peixes em lagos, morte de árvores em 
florestas devido à destruição das células respiratórias, e empobrecimento de solos, pois a acidez 
retira do solo muitos nutrientes tais como cálcio e magnésio. Cerca de 67% das florestas inglesas 
já foram destruídas desta forma. Nos prédios podemos observar a corrosão do concreto e do ferro 
utilizado nas construções. Os monumentos, como o Cristo Redentor, também são atingidos, 
principalmente os de mármore e outras pedras calcárias. As estátuas de cobre e outros objetos 
deste metal vão lentamente se cobrindo de verde de malaquita, conhecida comumente como 
“azinhavre”. 
Atualmente, as precipitações ácidas são mais intensas nas áreas industriais do Hemisfério Norte. 
Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), cerca de 35% dos ecossistemas europeus já 
estão degenerados em função da acidez da chuva. O fenômeno está prejudicando a pesca nos 
lagos da Suécia. Na América do Norte, a água dos lagos tornou-se de 10% a 30% mais ácidos nos 
últimos 20 anos. No Brasil, as regiões mais afetadas são os grandes centros industriais localizados 
principalmente nos estados de São Paulo (na região metropolitana a precipitação está 
contaminada devido ao grande número de veículos em circulação), Rio de Janeiro, Rio Grande do 
Sul e Santa Catarina.
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Licenciamento Ambiental 
 
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Figura 8 – Formação da Chuva Ácida. 
2.3. DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO. 
O ozônio (O3) é formado por três átomos de oxigênio. O oxigênio começou a se acumular na 
atmosfera há aproximadamente 400 milhões de anos, produzido por organismos anaeróbicos que 
excretavam O2. Mas as moléculas de O2, sob a ação constante dos raios ultravioletas (UV) do Sol, 
quebravam e depois se recombinavam, dando origem ao O3. Também o O3 é formado durante as 
tempestades, tendo como catalisador as descargas elétricas produzidas pelos relâmpagos e seu 
odor é confundido como de “terra molhada” que é sentido quando há um prenúncio de tempestade. 
A camada de O3 situa-se numa faixa de 25 a 30 kmda estratosfera - a parte da atmosfera que vai 
de 12 a 40 km. O oxigênio absorve o excesso de radiação ultravioleta. Foi graças a esta capa 
protetora que a vida pôde evoluir em nosso planeta. Diminuindo a intensidade da chegada dos UV 
à superfície, o O3 evita feridas na pele, câncer e mutações degenerativas. Ele funciona como um 
agente do sistema imunológico do planeta. Sua ausência deixa todos expostos, indefesos ante os 
efeitos dos raios ultravioleta. 
Em 1982, detectou-se, pela primeira vez, o desaparecimento de O3 em áreas sobre a Antártida. 
Medições sucessivas constataram que a camada de O3 era cada vez mais rarefeita. Atualmente 
esse fenômeno pode ser percebido não só no Pólo Sul, mas também sobre o Ártico, o Chile e a 
Argentina. Os cientistas apontam os clorofluorcarbonos como os responsáveis pela situação. 
Também chamados CFC’s, os clorofluorcarbonos surgiram em 1931 para serem usados em 
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Licenciamento Ambiental 
 
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refrigeradores, eram excelentes, pois, além de baratos, não eram tóxicos nem inflamáveis. Os 
CFC’s são compostos por cloro, flúor e carbono. Quando chegam à estratosfera, eles são 
decompostos pelos raios ultravioleta. O cloro resultante reage com o O3, destruindo-o. O cloro é 
liberado, após a reação e volta a atacar as outras moléculas de O3, recomeçando o ciclo das 
reações. Cada átomo de cloro de CFC pode destruir 100 mil moléculas de O3. É lógico que a forma 
de diminuir o buraco seria a não utilização do CFC, como já acontece em vários países da Europa 
e EUA. O problema é que os CFC’s são muito estáveis: depois de 139 anos, metade da 
quantidade liberada no ar ainda permanece na atmosfera. Por isso, eles têm muito tempo para 
subir até a estratosfera e começar o processo de destruição. Quer dizer: na metade do século XXI, 
a camada de O3 ainda estará sofrendo os efeitos dos primeiros CFC’s lançados na atmosfera. 
Em Setembro de 1987, o Programa das Nações Unidas para proteção do Meio Ambiente 
conseguiu que um grupo de 31 países reunidos no Canadá assinasse o "Protocolo de Montreal", 
determinando a redução pela metade da produção mundial de CFC até o ano de 2000. Em 1989, o 
documento contava com a adesão de 81 países, inclusive o Brasil. Nessa ocasião, os signatários 
do protocolo decidiram interromper completamente a produção de CFC até o final do século XX. 
Em 1992, os Estados Unidos decidiram que suspenderiam sua produção em 1996. Logo depois, a 
Alemanha, a Dinamarca e a Holanda anunciaram que interromperiam a produção até 1994. 
Figura 9- Buraco na camada de ozônio sobre a Antártica. 
 
 
 
 
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2.4. DESTRUIÇÃO PROVOCADA POR TSUNAMI. 
Em 26 de dezembro de 2004, o mundo assistiu estarrecido a destruição provocada por um 
Tsunami [Japonês: tsu=porto; nami=onda], na Ásia, atingindo a Indonésia, Tailândia, Índia, Sri 
Lanka e a costa da África. Cerca de 220 mil pessoas morreram e a face do planeta alterou-se 
permanentemente. Este fenômeno trata-se de uma Grande onda ou sucessão de ondas marinhas 
que se desloca em alta velocidade (pode viajar a mais de 700km/h) com grande comprimento de 
onda (pode ter mais de 100km) e de pequena amplitude e que pode ser catastrófica ao atingir as 
linhas de costa. 
Embora seja um fenômeno natural, seus efeitos geram impactos ambientais globais, uma vez 
atingindo a costa. 
O fenômeno em si é um aspecto ambiental cujos impactos ambientais alcançarão proporções 
maiores, conforme a força com que atinjam a faixa litorânea. Podemos elencar como impactos 
ambientais correlatos: a morte dos seres vivos, extinção de espécies, problemas sócio-
econômicos, mudanças geológicas. 
Um Tsunami pode ter muitas origens, como: tremores sísmicos ou terremoto (maremoto) no 
assoalho oceânico, por diatrofismo (tectonismo) e/ou vulcanismo principalmente; deslizamentos ou 
avalanches submarinas, até mesmo impacto meteorítico. 
As ondas de marés e as ondas provocadas por tufões, mesmo podendo ser catastróficas, não são 
elencadas como Tsunamis. 
Figura 10 – Formação de Tsunami por movimento das placas tectônicas. 
 
 
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3. MUDANÇAS AMBIENTAIS: 
Mesmo na ausência do homem, o Meio Ambiente natural promove continuamente mudanças sem 
que necessariamente sejam impactos ambientais. Não esqueçamos que a Terra é um mundo vivo 
e portanto, sofre mutações, que embora não percebidas por nós, acontecem e continuarão 
acontecendo. Se pudéssemos viajar no tempo, para um bilhão de anos à frente, estaríamos diante 
de um mundo completamente desconhecido para nós, salvo um ou outro detalhe que seria 
preservado. 
 
Em seguida temos alguns exemplos de mudanças que não são necessariamente classificadas 
como impacto ambiental. 
  Milhões de anos: formação de montanhas; 
 Dezenas de Milhares: mudanças no nível dos mares; 
 Centenas de anos: eutrofização natural; 
 Poucos anos: crescimento de colônias de animais ou plantas; 
 Mudanças Reversíveis/Cíclicas: secas, ciclo climático. 
Figura 12 – Lago Eutrófico 
Elevado enriquecimento de 
nutrientes; muito crescimento 
planctônico (alta 
produtividade); extensa área 
coberta com plantas 
aquáticas; muita acumulação 
de sedimentos no fundo; 
baixos níveis de oxigênio 
dissolvido no fundo; e contem 
apenas espécies de peixes de 
águas quentes. 
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 Irreversíveis: eutrofização de um lago. 
UNIDADE 3 – LEVANTAMENTO E ANÁLISE DO IMPACTO AMBIENTAL 
1. FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DE PROCESSO 
Para identificar os aspectos ambientais, devemos iniciar a análise pelo fluxograma de processo. 
É importante que se estabeleça um fluxograma simplificado, como o apresentado na figura 
abaixo: 
 
Figura 13 – Fluxograma simplificado de processo 
2. GRAUS DE SIGNIFICÂNCIA 
Significância de um impacto ambiental é a importância desse impacto com a sua respectiva 
mensuração para que seja mitigado ou mesmo prevenido. 
Um impacto considerado significativo deve ser controlado, mitigado e se possível, baseado em 
uma Análise de Custo X Benefício, eliminado. 
PROCESSO 
PRODUTIVO 
ENTRADAS 
SAÍDA
S 
- Materiais 
- Energia 
- Aquisição de Matérias Prima 
- Movimentação 
- Fabricação 
- Uso / Re-Uso / Reciclagem 
- Disposição Final 
- Transporte 
- Produtos 
- Emissões Atmosféricas 
- Efluentes Líquidos 
- Resíduos Sólidos 
-Outras Partes 
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Um impacto ambiental, considerado não significativo, deve ser no mínimo controlado e 
acompanhado. 
IMPORTANTE: Um impacto ambiental significativo advém de um aspecto ambiental significativo. 
 
O grau de significância está diretamente ligado à: 
 Existência de legislações; 
 Política Ambiental; 
 Partes Interessadas; 
 Análise de Impactos ambientais. 
Se um a aspecto ambiental ou o impacto ambiental é mencionado em legislação, ou está presente 
na Política Ambiental da Organização, ou finalmente é motivo de preocupação das partes 
interessadas, o mesmo já é considerado significativo independentemente do resultado da Análise 
de Impactos Ambientais. 
3. DESENVOLVIMENTO DE REGISTROS DE ASPECTOS AMBIENTAIS SIGNIFICATIVOS 
A identificação dos impactos ambientais em uma Organização é precedida pelo levantamento dos 
aspectos ambientais, preferenciando os aspectos ambientais principais. 
O objetivo desse trabalho é mapear todos os aspectos ambientais de maneira a identificar os que 
sejam significativos. Aspectos ambientais significativos produzem impactossignificativos, porém o 
grau de significância, primeiro é determinado no impacto ambiental normal ou acidental identificado 
para depois definir a significância do aspecto ambiental. 
É importante se dizer que se o aspecto ambiental possuir mais que um impacto ambiental, por 
exemplo: cinco possibilidades de impacto ambiental e apenas um for valorado como significativo, o 
aspecto ambiental também será considerado significativo. 
Um Aspecto pode ser identificado, por ex., em termos do uso de um Recurso Natural em particular. 
Contudo, ele pode não estar sujeito a um Controle Direto da organização, o que quer dizer que ele 
não pode ser administrado diretamente. Mesmo assim, isso não significa que ele não possa se 
tornar um ASPECTO de grande significância para a organização em um horizonte de tempo. Sua 
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inclusão no registro poderia ser utilizada para assinalá-lo como um aspecto a ser monitorado 
dentro do Sistema de Gerenciamento Ambiental. 
 
 
 
Os Aspectos Ambientais Significativos podem incluir: 
 Máquinas Fabris; 
 Equipamentos em geral; 
 Uso da terra, água, combustíveis, energia. 
Estes necessitam ser considerados no contexto de: 
 Condições Normais de Operação; 
 Condições Anormais de Operação, incluindo paradas e partidas de operação; 
 Situações Razoavelmente Previsíveis; 
 Incidentes, Acidentes e Situações Emergências Potenciais; 
 Atividades Passadas, Presentes e Planejadas. 
Teoricamente, Aspectos Potenciais Resultantes de uma Organização são INUMERÁVEIS. 
Na prática, deve-se partir de uma Linha Base, ou seja, decidir o que deve ou não ser considerado 
como “significativo” é um dos maiores desafios no Desenvolvimento dos Registros de Aspectos 
Ambientais. 
Três fases podem ser definidas para o desenvolvimento de registros de Aspectos Ambientais, são 
elas: 
 Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais. 
 Avaliação da Significância. 
 Compilação dos Registros. 
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A questão é: como identificar os Aspectos Ambientais? 
Lembrando: “Aspecto é o elemento da atividade ou produtos ou serviços...”. 
A Organização deve listar seus Aspectos, envolvidos em sua atividade fim. 
É recomendado que a política ambiental, os objetivos e metas de uma organização sejam 
baseados no conhecimento dos aspectos ambientais e dos impactos ambientais significativos 
associados às suas atividades, produtos ou serviços. Isto pode assegurar que os impactos 
ambientais significativos associados a tais aspectos sejam levados em consideração quando 
estabelecimento dos objetivos ambientais. 
A identificação dos aspectos ambientais é um processo contínuo que determina o impacto 
ambiental (positivo ou negativo) passado, presente e potencial das atividades de uma organização 
sobre o meio ambiente. Este processo também inclui a identificação da potencial exposição legal, 
regulamentar e comercial que pode afetar a organização. Pode, também, incluir a identificação dos 
aspectos sobre a saúde e segurança e a avaliação de risco ambiental. 
Algumas questões a serem consideradas em identificação de aspectos ambientais e avaliação de 
impactos ambientais: 
1 – Quais são os aspectos ambientais das atividades, produtos e serviços da organização? 
2 – As atividades, produtos ou serviços da organização geram impactos ambientais adversos 
significativos? 
3 – A organização tem um procedimento para avaliar os impactos ambientais de novos projetos? 
4 – A localização da organização exige considerações ambientais especiais, por exemplo, áreas 
ambientais sensíveis? 
5 – De que forma as modificações ou acréscimos pretendidos nas atividades, produtos ou serviços 
afetarão os aspectos ambientais e seus impactos associados? 
6 – Quão significativos ou severos são os impactos ambientais potenciais, se ocorrer uma falha no 
processo? 
7 – Com que freqüência uma situação que leve a um impacto ambiental poderá ocorrer? 
8 – Quais são os aspectos ambientais significativos, levando-se em consideração os impactos, 
probabilidade, a severidade, e a freqüência? 
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9 – Os impactos ambientais significativos são de abrangência local, regional ou global? 
A relação entre aspecto ambientais e impactos ambientais é uma relação de causa efeito, como foi 
dito anteriormente. Um aspecto ambiental se refere a um elemento da atividade, produto ou serviço 
da organização que pode ter um impacto benéfico ou adverso sobre o meio ambiente. Por 
exemplo, ele poderia envolver uma descarga, uma emissão, consumo ou reutilização de um 
material, ou ruído. 
Um impacto ambiental se refere à alteração que ocorre no meio ambiente como um resultado do 
aspecto. Exemplos de impactos podem incluir derrame, emissões gasosas nocivas ou 
contaminação da água, contaminação do solo ou esgotamento de um recurso natural. 
3.1 FILTRO DE SIGNIFICÂNCIA 
Tipicamente, um IMPACTO será SIGNIFICATIVO se: 
 For controlado por Legislação; 
 Possuir Implicações Financeiras; 
 For de interesse dos clientes; 
 For de interesse dos acionistas e segurados; 
 For de interesse das comunidades locais. 
3.2 AVALIAÇÃO DA SIGNIFICÂNCIA: ESCOPO E METODOLOGIA 
 
Num primeiro momento, a SIGNIFICÂNCIA é examinada no contexto da percepção da organização 
sobre o que ela considera relevante. 
A SIGNIFICÂNCIA será direcionada para Aspectos relativos às prioridades das partes interessadas 
(clientes, investidores, reguladores, comunidade local e grupos de pressão) que farão 
conjuntamente uma reflexão abrangente sobre o que a sociedade supõe que seria Ambientalmente 
Significativo. 
3.3. ETAPAS 
A identificação de aspectos ambientais e a avaliação de impactos ambientais associados são um 
processo que pode ser realizado em quatro etapas: 
Etapa 1 – Seleção de uma atividade, produto ou serviço 
 Análise do Impacto Ambiental e 
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É recomendado que atividade, produto ou serviço selecionado seja grande o suficiente para que o 
exame tenha significado. 
 Etapa 2 – Identificação de aspectos ambientais da atividade, produto ou serviço 
Identificar o maior número possível de aspectos ambientais associados à atividade , produto ou 
serviço selecionado. 
Etapa 3 – Identificação dos impactos ambientais 
Identificar o maior número possível de aspectos ambientais associados à atividade , produto ou 
serviço selecionado. 
Exemplo de planilha de levantamento: 
Atividade, Produto ou 
Serviço 
Aspecto Impacto 
Atividade: 
Manuseio de Materiais 
Perigosos. 
Tanque armazenador. Derrame. 
Contaminação do solo ou da 
água. 
Produto: 
Gasolina. 
Reformulação do produto para 
reduzir as emissões. 
 
Melhoria da qualidade do ar. 
Serviço: 
Manutenção de veículos. 
Emissões de escapamento. Redução de emissões para a 
atmosfera. 
Etapa 4 – Avaliação da importância dos impactos 
A importância de cada impacto ambiental identificado pode variar de uma organização para outra. 
A quantificação pode auxiliar no julgamento. 
A avaliação pode ser facilitada levando-se em conta às seguintes 
Considerações ambientais: 
 escala do Impacto; 
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 severidade do impacto; 
 probabilidade de ocorrência; 
 duração do impacto. 
Considerações Comerciais: 
 potencial exposição legal e regulamentar; 
 dificuldade de alterações do impacto; 
 custo para alteração do impacto; 
 efeito de uma alteração sobre outras atividades e processos; 
preocupações das partes interessadas; 
 efeitos na imagem pública da organização. 
Não Importa: Mudança / efeito/ Impacto é geralmente expresso em função de sua Natureza, 
Magnitude e significância. 
3.5 ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS – MÉTODO. 
Analisar a Significância de um Impacto pode remeter o profissional à subjetividade. Existem 
metodologias de avaliação da Significância que auxiliam para que se minimize esta subjetividade. 
Aqui apresentaremos duas metodologias, baseadas em estudos de casos reais para derivados de 
petróleo e que podem ser aplicadas com bastante aproximação para outros tipos de produtos. 
Ao usuário é facultado adaptar as variáveis ao tipo de produto que opera, bem como o nível de 
precisão que a Organização espera. Em linhas gerais as metodologias abrangem: 
 Impacto normal; 
 Impacto acidental. 
O Impacto Normal pode ser analisado mediante a fórmula: 
 I = F x M + E 
Aonde I é a importância, F é a Freqüência, M é a Magnitude e a extensão do Impacto. 
 Análise do Impacto Ambiental e 
Licenciamento Ambiental 
 
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O Impacto é considerado Significativo quando o valor obtido de I é igual ou maior que 17. 
Freqüência (repetibilidade do impacto ambiental): 
(5) Contínua; 
(4) semanal; 
(3) Mensal; 
(2) Anual; 
(1) Esporádico 
Magnitude (Gravidade do impacto ambiental): 
(6) Muito Grave; 
(5) Grave; 
(4) Preocupante; 
(3) Considerável; 
(2) Pequena; 
(1) Desprezível. 
NOTA: Pode ser considerado muito grave, o impacto ambiental que pode causar perdas de vidas 
humanas ou degradações no meio ambiente com seqüelas para as partes interessadas ou que 
descumpra as legislações ambientais. 
Extensão (Área afetada pelo impacto ambiental): 
(3) Acima de 100 m²; 
(2) de 2 m² a 100 m²; 
(1) Até 1,99 m ². 
NOTA: Os valores da extensão podem ser alterados de maneira a se adaptarem às necessidades 
da Organização pelo tipo de produtos na qual venha a operar. Se os produtos são químicos na 
fase líquida com baixa volatilização ou derivados de petróleo, não é necessário que se faça 
 Análise do Impacto Ambiental e 
Licenciamento Ambiental 
 
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alterações, porém se são gasosos e extremamente agressivos ao meio ambiente e à saúde 
humana, cabe ao analista reduzir os valores da Extensão, mediante estudos baseados nas 
características do produto e sua periculosidade ou insalubridade. 
O Impacto Acidental pode ser analisado mediante a fórmula: 
 I = P 
1,5
 x S 
Aonde I é a Importância, P é a Probabilidade e S é a Severidade. 
O Impacto Acidental é considerado Significativo, quando o valor da Importância é igual ou maior 
que 12. 
Probabilidade (expectativa de acontecimento do impacto ambiental): 
(5) Muito alta; 
(4) Alta; 
(3) Média; 
(2) Baixa; 
(1) Muito Baixa. 
Severidade (violência do impacto ambiental): 
(5) Muito alta; 
(4) Alta; 
(3) Média; 
(2) Baixa; 
(1) Muito Baixa. 
NOTA: A severidade pode ser encarada como o nível de transtorno que o impacto ambiental pode 
causar, em termos de perdas de vidas, impactos ambientais de múltiplas ordens, descumprimentos 
de legislações, multas ambientais, etc. 
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3.6 CLASSIFICAÇÃO E PRIORIZAÇÃO 
Finalizando o nosso estudo, em termos de priorização, os Tipos de Impactos para a inclusão nos 
Registros podem ser classificados como: 
 Impactos Diretos; 
 Impactos Indiretos. 
4. EXERCÍCIOS 
4.1. Durante o carregamento de 30.000 Litros de óleo lubrificante, por um descuido do 
operador, derramaram-se 1000 L de produto. Sabendo-se que em 10 anos de operação, foi o 
segundo derrame deste tipo e que a área afetada era de 60 m², pede-se: 
a) O tipo do Impacto; 
b) A sua Importância. 
 
4.2. Em um processo de fabricação de tintas, semanalmente é produzido um 
verniz, que exala um odor forte que atinge uma área de aproximadamente 200 m². Em toda a 
Reunião da CIPA os funcionários citam a necessidade do uso do EPI, o que é rebatido pela 
gerência, por considerar a fabricação deste produto esporádica. Pede-se: 
a) O tipo do Impacto; 
b) A sua Importância.

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