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Ciências do Ambiente Esp. João Marcos Pardo Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus Me. Renata Cristina de Souza Chatalov C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MATEUS, Gustavo Affonso Pisano ; CHATALOV, Rena- ta Cristina de Souza; PARDO, João Marcos. Ciências do Ambiente. Gustavo Affonso Pisano Mateus; Rena- ta Cristina de Souza Chatalov e João Marcos Pardo. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. 240 p. “Graduação - EAD”. 1. Ciências. 2. Ambiente. 3. EaD. I. Título. ISBN CDD - 22 ed. 577 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues Galan e Fabio Augusto Gentilin. Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e Yasminn Talyta Tavares Zagonel. Revisão Textual Érica Fernanda Ortega e Cíntia Prezoto Ferreira. Editoração Isabela Mezzaroba Belido. Ilustração Natália de Souza Scalassara Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite; Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock. PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo(a)! Estima-se que a vida na Terra existe há cerca de 3,5 bilhões de anos, no entanto, apenas há duzentos anos que a vida humana se tornou mais confortável devido aos grandes avanços na área tecnológica. Nesses duzentos anos, a população mundial aumentou significativamente, a sociedade tornou-se cada vez mais consumista e, com isso, houve um aumento no consumo de recursos naturais que estão tornando-se cada vez mais escassos. A história do homem no planeta é diferente se compararmos com os demais animais, pois ohomem se apropria da natureza para satisfazer suas neces- sidades, criando sistemas mais elaborados, embasados em tecnologias que nem sempre são sustentáveis, que podem ocorrer de forma tão acelerada que os sistemas naturais não conseguem repor tudo com a mesma agilidade em que são consumidos. Nosso planeta, a água, o ar e o solo estão deteriorando qualitativamente, colocando em evidência o prejuízo biológico de muitas espécies, das quais o homem está incluído. Como exemplos de degradação ambiental, podemos citar: as queimadas, o consumo de combustíveis fósseis, o desflorestamento, a poluição das águas, do ar, do solo, entre outros que, na maioria das vezes, têm origem antrópica. Dessa forma, quando estudamos as questões ambientais, nós estudamos temas muito importantes para a formação acadêmica, tanto que a inter- disciplinaridade é essencial para compreensão do tema e exige esforços de profissionais nas mais diversas áreas do conhecimento. Nesse sentido, procuramos contribuir na disciplina de Ciências do Ambiente. Diante desse contexto, trataremos dos nossos estudos de Ciências do Am- biente que foram divididos em nove unidades. Nas Unidades 1 e 2, estudaremos o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Veremos os conceitos de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, apresentando seu histórico, bem como as questões do meio ambiente no meio econômico com bens e serviços ambientais. Nas Unidades 3 e 4, estudaremos sobre o gerenciamento e tratamento de águas e efluentes. Abordaremos os conceitos de águas subterrâneas, as questões da qualidade da água e as formas de tratamento de efluentes. Nas Unidades 5 e 6, abordaremos a questão de resíduos sólidos, desde a geração, a coleta, o acondicionamento, o transporte, o tratamento e a destinação final. Na Unidade 7, analisaremos o controle e qualidade de emissões atmosféricas e conceituaremos a poluição atmosférica, bem como suas formas de controle. Finalmente, nas Unidades 8 e 9, estudaremos as questões da Política Am- biental no Brasil, apresentando as legislações ambientais vigentes e a im- plementação de Sistemas de Gestão Ambiental. Desejamos a você ótimos estudos! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Esp. João Marcos Pardo Especialização em Educação à Distância pelo Instituto Eficaz (2017-2018). Graduação em Engenharia Civil pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2012-2016). Especialização em andamento em Gestão de Projetos e Docência no Ensino Superior pela Unicesumar. Atual- mente, é Professor Mediador I do Centro de Ensino Superior de Maringá. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em gestão de resíduos sólidos na construção civil, projeto arquitetônico e licitação em obras públicas. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/7568262155594348 Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus Mestrado em Biotecnologia Ambiental pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Espe- cialização em Docência no Ensino Superior e Análise Ambiental pela Unicesumar e Graduação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Possui experiência nas áreas de Fitossanidade, com ênfase em fungos fitopatogênicos e Tratamentos Alternativos de Água e Efluentes, em especial com os temas: processos de separação por membranas e coagulantes naturais. Atualmente, é aluno do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Ambiental da Universidade Estadual de Maringá em nível de Doutorado. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/1379816809384173 Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Possui Mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, Es- pecialização em Gestão Ambiental pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – FECILCAM, Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Universi- tário de Maringá (Unicesumar); Graduação em Tecnologia Ambiental pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Tem experiência em pesquisa na área de Sistema de Gestão de Qualidade e na Área Ambiental, com ênfase em Tecnologias Avançadas de Tratamento de Efluentes, Gestão e Tratamento de Resíduos Sólidos. Trabalha como Professora Formadora no curso de Gestão Ambiental, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de Negócios Imobiliários, Segurança do Trabalho no EAD, no Centro Universitário Maringá (Unicesumar). Trabalhou como professora no curso de graduação em Administração na Faculdade Metropolitana de Maringá. Professora da disciplina de Indústria e Meio Ambiente na Pós-graduação em Gestão Ambiental na Faculdade Metropolitana de Maringá. Professora da pós-graduação EAD - Unicesumar. Currículo Lattes disponível em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv. do?id=K4400997J9 Meio Ambiente e Sustentabilidade 13 Dinâmicas Ambientais 43 Gerenciamento de Recursos Hídricos - Captação e Tratamento de Água 71 Gerenciamento de Recursos Hídricos – Tratamento de Águas Residuárias Resíduos Sólidos – Geração, Classificação, Coleta e Transporte 91 115 Resíduos Sólidos – Tratamento e Disposição Final 135 Poluição Atmosférica – Controle e Qualidade das Emissões A Política Ambiental no Brasil 193 Gestão Ambiental - Certificação e Auditoria Ambiental 215 157 53 Ciclo da água 142 Aterro sanitário Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Esp. João Marcos Pardo Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus • Definir meio ambiente de acordo com as mudanças que o conceito sofre com o passar do tempo. • Entender como a ação humana interfere nos ambientes naturais. • Descrever como a questão do meio ambiente evoluiu junto aos meios de produção ao longo das revoluções industriais. • Definir desenvolvimento sustentável a partir de seu en- tendimento em âmbito internacional. • Definir sustentabilidade e sua relação com sistemas du- ráveis. O que é Meio Ambiente? Alterações de Origem Antrópica O que é Desenvolvimento Sustentável? De que se trata a Sustentabilidade? A Questão Ambiental nas Empresas Meio Ambiente e Sustentabilidade O Que é Meio Ambiente? Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à primeira uni- dade do livro de Ciências do Ambiente: “Meio Ambiente e Sustentabilidade”. Esta unidade tem como objetivo ajudar-te a compreender o contex- to histórico acerca das modificações ambientais de origem antrópica, ou seja, a capacidade e a ne- cessidade do homem em modificar o ambiente a sua volta. Mediante uma breve retrospectiva his- tórica, iremos discutir sobre alguns marcos his- tóricos que influenciaram os modelos sociais e que foram, em parte, responsáveis pelos processos produtivos como nós os conhecemos. Em seguida, iremos conhecer algumas espe- cificidades acerca dos conceitos de sustentabi- lidade e desenvolvimento sustentável e discutir os motivos pelos quais ambos conceitos são tão relevantes na atualidade e também em suas jor- nadas acadêmicas e profissionais. Iremos, ainda, conhecer algumas de suas aplicações em ambien- tes empresariais/coorporativos, representadas por algumas normas de certificação socioambiental. Sendo assim, convido você a uma leitura acerca dos conceitos apresentados. Bons estudos! 15UNIDADE 1 Inicialmente, realizaremos uma retrospectiva histó- rica para compreender e conhecer as definições de meio ambiente existentes, bem como a intensidade e origem das alterações e impactos ambientais. É fato que as definições atuais de meio ambien- te são resultado de uma série de estudos, reflexões e eventos históricos acerca desse tema, que foram fundamentais para a compreensão desse conceito em sua totalidade. As preocupações com o am- biente tomaram proporções internacionais em 1960, atingindo seu ápice na década seguinte, com o relatório e marco histórico intitulado: Os limites do crescimento (The limits to Growth), divulgado pelos intelectuais e empresários que faziam parte do Clube de Roma. Conforme Salheb et al. (2009), o relatório bus- cava a limitaçãodo desenvolvimento econômico baseado na extração de recursos naturais, porém, para os países em desenvolvimento, como o Brasil, as sugestões do relatório não foram convenientes, uma vez que limitava a exploração de recursos, “restringindo”, consequentemente, seu desenvol- vimento econômico. Uma das principais contribuições desse relató- rio consistiu no despertar da consciência ambien- tal coletiva, uma vez que, em sua conclusão, foram apresentados indícios de que, em uma projeção fictícia, caso fossem mantidos os níveis de indus- trialização, poluição e exploração de recursos, o limite de desenvolvimento do planeta seria atin- gido em até 100 anos. Entretanto, apesar das discussões e controvér- sias envolvendo o conceito de meio ambiente, este somente foi disposto em nosso país no art. 3º, I, As ciências do ambiente compreendem um campo acadêmico multidisciplinar que integra as ciências físicas e biológicas e sua ampla gama de recursos para a compreensão dos fenômenos ambientais existentes, visando o desenvolvimento de soluções para as problemáticas ambientais atuais. da Lei nº. 6.938/81, que discorre acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, que definiu meio ambiente como: “ o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e bioló- gica, que permitem, abrigam e regem a vida em todas as suas formas (BRASIL, 1981). Entretanto, analisando esse conceito, é comum nos remetermos apenas a ambientes naturais, pai- sagens, ecossistemas e outros meios de obtenção de recursos naturais que sejam possíveis. Apesar de correto, o conceito apresentado de- veria ser mais abrangente, englobando ambien- tes “naturais” oriundos da intervenção antrópica, conforme postulado por Silva (2004, p. 20), o qual compreende que “ [...] a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais correlatos, com- preendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico. Logo, passamos a considerar as alterações estrutu- rais realizadas no meio ambiente como parte de sua composição. Contudo, a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 alterou o conceito até então utilizado, conforme pode ser observado na Tabela 1, passando a incluir uma vertente relacionada à prá- tica laboral, como reflexo ao advento dos direitos trabalhistas expressivos naquele período histórico. 16 Meio Ambiente e Sustentabilidade Tabela 1 - Tipos de Ambiente definido pela Constituição Federal de 1988 NATURAL ARTIFICIAL CULTURAL (PATRIMÔNIO) TRABALHO Fauna, Flora, Ecos- sistemas, Solo, Água e Atmosfera. Conjunto de edifi- cações particulares ou públicas, princi- palmente urbanas. Cultural, Artístico, Arqueoló- gico, Paisagístico, Manifesta- ções culturais e populares. Conjunto de condições existentes no local de trabalho relacionadas à qualidade de vida do tra- balhador. (Art. 225, § 1°, I e VII) (Art. 5°, XXIII, art. 21, XX e art.182) (Art. 225, § 1° e § 2º) (Art. 7°, XXXIII, e art. 200) Fonte: adaptada de Alencastro (2012). Podemos concluir que Meio Ambiente é o termo utilizado para designar quaisquer espaços físicos, naturais, artificiais, culturais e, até mesmo, de trabalho, que se relacionem com a vida no planeta Terra. Meio Ambiente não somente se refere a florestas, rios, lagos e outros ambientes naturais. Essa nova definição de meio ambiente, que apre- senta caráter amplo e generalista, leva-nos a uma reflexão sobre nosso próprio posicionamento en- quanto seres humanos e como “parte” constituinte do meio ambiente. Em um contexto histórico, a vertente teórica do homem enquanto centro do universo surgiu e foi evidenciada com o antropocentrismo – concepção criada em resposta ao posicionamento teocentrista da Idade Média. Na concepção antropocentrista, o homem passa a considerar a humanidade como ponto central do universo, pressupondo que o meio ambiente e as demais espécies existem para servir e satisfazer suas necessidades (PIRES et al., 2014). Essa vertente, em um contexto moderno, está inti- mamente associada à desvalorização e degradação do meio ambiente e das outras espécies, uma vez que, dentro de seu contexto e momento histórico, o antropocentrismo considera a natureza e todos os seus componentes subordinados à espécie humana. Assim, observa-se que a destruição intrínseca à presença humana no ambiente está atrelada a um comportamento patológico, prejudicial à so- brevivência humana e de outras formas de vida. Portanto, os impactos causados ao meio ambiente não serão solucionados apenas com o advento do cenário tecnológico, mas por uma ação conjunta de avanços no paradigma científico e mudanças comportamentais (PIRES et al., 2014). Nesse sentido, dentre as várias contribuições voltadas a essa perspectiva crítica, destacam-se os valores ambientais sugeridos pelo ecocentrismo, que se refere ao grau de conscientização, interesse, esforços e engajamento sobre os problemas am- bientais (DUNLAP, 2008). Nesse entendimento, caro(a) aluno(a), po- demos inferir que dependemos diretamente do meio ambiente, uma vez que tudo o que nos cerca é considerado parte fundamental e componente do meio ambiente. Assim, toda e qualquer forma do ambiente está diretamente relacionada com o bem-estar da população e com o desenvolvimen- to social, especialmente pelos recursos biológicos, químicos e físicos que o meio ambiente em sua totalidade proporciona para a manutenção da vida em nosso planeta. Logo, um colapso ambiental re- sultaria em sérias consequências para a saúde da população. Alguns exemplos de consequências das alterações antrópicas serão abordados ao longo deste material didático. 17UNIDADE 1 Cabe ressaltar que, dentre as espécies que habitam nosso planeta, os seres humanos (Homo sapiens sapiens) destacaram-se em função de sua ca- pacidade de transformação do am- biente. Tal fato não significa que as demais espécies, aqui presentes, não sejam providas de intelecto, porém, o ser humano, em uma perspectiva evolutiva, apresentou características e habilidades que favoreceram seu pleno desenvolvimento e sua capa- cidade de adaptação. 18 Meio Ambiente e Sustentabilidade Segundo Ninis e Bilibio (2012), a separação da condição animal do homem ocorreu em função de uma série de fatores, como o domínio do fogo, aquisição da linguagem, a formação de sociedades, o advento da agricultura, dentre outros. Entretan- to, independentemente da razão, ainda de acordo com os autores, o ser humano apresenta certas ca- racterísticas que os tornam únicos em um sistema natural, sendo elas: crenças, consciência da própria morte; razão; moral; domínio tecnológico apura- do; capacidade de aprendizagem; adaptabilidade; cultura e sociedade e, em especial, a capacidade de alteração ou modificação do meio em que vive. Seria de grande pretensão listar todos os fatos, acontecimentos e passos evolutivos que garanti- ram ou possibilitaram o sucesso do ser humano até os dias atuais, entretanto, minha intenção aqui é ressaltar que, independente do acontecimento ou passo evolutivo, a capacidade de análise do am- biente a sua volta, sua capacidade de modificá-lo e sua dinâmica com ele é que promoveu tal passo. Em face dessa capacidade, a dinâmica do ho- mem com o ambiente foi sendo constantemente alterada, os meios naturais que já possuíam dinâ- micas próprias, inerentes à influência do homem e caracterizadas, principalmente, pela presença Alterações de Origem Antrópica 19UNIDADE 1 de um fluxo de energia e matéria entre seus ele- mentos constituintes, passaram a ser substituídos por ambientes artificiais, voltados à produção em ampla escala de bens e serviços (CORTEZ; OR- TIGOZA, 2009). Findada uma explicação inicial e não extensiva sobre a capacidade do ser humano de alterar o meio ambiente, torna-se essencial discorrer sobre os impactos e modificações sobre uma perspecti- va ambiental. É fato que, historicamente,as ações antrópicas foram responsáveis por inúmeras mo- dificações ambientais e tais alterações apresenta- ram diversas vertentes positivas e negativas. Um exemplo notório dessa afirmação é representa- do pela Revolução Industrial – período no qual houve intensa e extensiva exploração de recursos naturais e, consequentemente, elevada geração de resíduos persistentes; em contrapartida, esse período proporcionou amplo desenvolvimento de novas tecnologias e vasto conhecimento so- bre processos produtivos, bens e serviços que influenciaram na melhoria da qualidade de vida da população no período; tal avanço tecnológico se estende até os dias atuais e são responsáveis, de certa forma, pelo modelo social e econômico como nós o conhecemos. Incontáveis estudos atuais apontam que as mo- dificações ambientais de origem antrópica vêm alterando, significativamente, os ecossistemas na- turais, consumindo recursos desenfreadamente e causando alterações aos meios naturais, tornando a associação desses fatores responsáveis pela dimi- nuição da qualidade de vida da população. Aliás, caro(a) aluno(a), arriscaria-me a inferir que gran- de parte da produção científica de nosso país, nas mais diversas áreas do conhecimento, são voltadas ao desenvolvimento de tecnologias e/ou técnicas relacionadas à diminuição de impactos, prevenção e recuperação ambiental. Tal afirmação nos remete à necessidade de dis- tinguir tais conceitos. Para Verazsto et al. (2008), existe certa dificuldade em estabelecer uma defi- nição concreta para o termo “tecnologia”, uma vez que, historicamente, diferentes interpretações ou considerações podem ser realizadas ou atreladas a esse conceito. Entretanto, tais autores postulam: “ [...] torna-se notório conhecer que as pa- lavras técnica e tecnologia tem origem co- mum na palavra grega techné que consistia muito mais em se alterar o mundo de forma prática do que compreendê-lo. [...] Na técni- ca, a questão principal é do como transfor- mar, como modificar. O significado original do termo techné tem sua origem a partir de uma das variáveis de um verbo que signifi- ca fabricar, produzir, construir, dar à luz, o verbo teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teuchos que significa ferramen- ta, instrumento. [...] A palavra tecnologia provém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber fazer, e logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia é a razão do saber fazer [...]. Em outras palavras o estudo da técnica. O estudo da própria atividade de modificar, do transformar, do agir (VERAZSTO et al., 2008, p. 62). Logo, o desenvolvimento de técnicas e tecnologias para otimização de quaisquer processos produ- tivos, apesar de necessários para o atendimento das demandas populacionais cada vez mais cres- centes, tomaram vias contrárias ao equilíbrio e manutenção ambiental. Diversos autores indicam que a crise ambiental da modernidade é oriunda de um modelo societário pautado em metodolo- gias desenvolvimentistas e com visão exclusiva ao progresso científico e tecnológico, resultando, assim, em uma sociedade extremamente consu- mista e utilitarista que atrela a degradação am- biental apenas a uma mínima consequência de seus processos (LEFF, 2010). 20 Meio Ambiente e Sustentabilidade Ainda nessa linha de raciocínio, para Sampaio et al. (2013), o estabelecimento do sistema capitalista, no qual vivemos, consoli- da-se por meio da degradação ambiental e é baseado em teorias neoclássicas que buscam legitimar cientificamente a convicção de que o crescimento econômico e tecnológico é capaz de solucionar problemas de degradação ambiental com o passar do tempo. A teoria econômica que melhor embasa esse pensamento é a chamada Curva Ambiental de Kuznets, que estabelece uma relação direta entre a distribuição individual de renda e a degradação am- biental. Mediante informações referentes ao crescimento e distri- buição de renda dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, o autor Kuznets formulou uma curva em “U invertido”, que, teoricamente, indica que a distribuição individual da renda tende a ser pior nos primeiros estágios do desenvolvimento econômico; entretanto, fa- tores, como alterações na composição da produção e do consumo, aumento do nível educacional e da conscientização relacionada às questões ambientais, bem como sistemas políticos mais abertos, em teoria, a partir de determinado ponto, resultam em tendências am- bientais favoráveis, proporcionando um crescimento da renda per capita, ou seja, melhor distribuição de renda e, consequentemente, um consumo mais racional dos recursos naturais. D eg ra da çã o A m bi en ta l Renda per capta em função da Educação Figura 1 - Curva de Kuznets Fonte: o autor. Em outras palavras, segun- do Carvalho e Almeida (2008), o conceito descreve a trajetória (em tempo) pela qual a poluição de um país seguirá como resul- tado do desenvolvimento eco- nômico. Quando o crescimento ocorre em um país extremamen- te pobre, a poluição inicialmente cresce drasticamente, especial- mente em função do aumento na produção que geram emis- sões dos mais variados poluentes e porque o país, dado sua pobre- za, coloca uma baixa prioridade sobre o controle da degradação ambiental. Logo, uma vez que o país atinge determinado grau de desenvolvimento, sua prioridade muda e volta-se para a proteção da qualidade ambiental. Em relação ao “compor- tamento” da curva, conforme Carvalho e Almeida (2008), vários fatores podem ser indi- cados como “responsáveis” por seu formato, dentre eles: 1. Favorecimento e aprecia- ção da qualidade ambien- tal, ou seja, mediante o aumento de renda, a po- pulação tende a requerer maior qualidade ambiental. 2. Alterações na composição da produção e do consumo. 3. Aumento dos níveis de educação ambiental e conscientização das con- sequências das atividades econômicas sobre o meio ambiente. 21UNIDADE 1 4. Desenvolvimento de sistemas políticos mais abertos. Dentre outros fatores, como aumento na rigidez da regulação ambiental impulsionada pelo au- mento da pressão social, melhorias tecnológicas e uma amplitude comercial também podem estar atrelados a esse fenômeno. Existem, ainda, autores que desacreditam ou descredibilizam a teoria Kuznets, especialmente em função de outras teorias ou hipóteses, como, por exemplo, a hipótese de poluição de portos. Esta gira em torno da relação entre o comércio, desenvolvimento e o meio ambiente e, basica- mente, segundo Feijó (2001) e Azevedo (2009), sugerem que a utilização de políticas ambientais aumenta os custos de produção, reduzindo a pos- sibilidade de especialização de alguns países na produção de bens que exigem atividades polui- doras. Em outras palavras, países com políticas ambientais menos rígidas apresentam vantagem comparativa aumentada em relação à produção de bens ambientalmente sensíveis (produzidos por indústrias “sujas” ou altamente poluidoras) (SIEBERT, 1977). Historicamente, e pautadas nos princípios des- sa hipótese, as indústrias consideradas poluidoras ou “sujas” deslocaram-se do norte para o sul, ou, em uma analogia plausível, dos países desenvol- vidos para os em desenvolvimento. Porém, evi- dências empíricas não sustentam essa hipótese, especialmente em relação à competitividade entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento e a vantagens comparativas (AZEVEDO, 2009). Dentre os fatores que “desqualificam” essa van- tagem competitiva/comparativa em termos de mercado econômico internacional, figuram não somente os custos de controle ambiental, mas também a estabilidade política, acesso ao merca- do, qualificação e especialização de mão de obra, custos com logística e transporte e incentivos fis- cais (ANDERSON, 1996). Independentemente do modelo teórico utilizado para a compreensão do desenvolvimento, é fato que deve haver uma harmonização entre o desenvolvimento/crescimento econômico e a exploração de recursos naturais ou, em outras palavras,sustentabilidade! 22 Meio Ambiente e Sustentabilidade Em sua essência, o principal objetivo das ativida- des de uma empresa é o lucro. Essa problemática de todas as empresas traz com ela várias preocu- pações inerentes a qualquer processo produtivo há tempos longínquos, mas principalmente esta: Como gastar menos recursos e produzir mais, maximizando meus lucros? Após as duas Revoluções Industriais – a pri- meira, na metade do século XVIII, e a segunda a partir da metade final do século XX – a indústria existente sofreu drásticas modificações, princi- palmente relacionadas à organização do trabalho. A mecanização do trabalho com a evolução das máquinas trouxe uma nova realidade às empre- sas. Agora, é necessário preocupar-se com no- vas legislações relacionadas à saúde e segurança do trabalhador e normas de vigilância sanitária, além das limitações financeiras que começaram a existir, afinal, era preciso recursos financeiros para adquirir os meios de produção. Quem não conseguiu seguir o ritmo acelerado das transfor- mações, foi engolido pelo mercado e, basicamente, deixou de existir. A Questão Ambiental nas Empresas 23UNIDADE 1 Em termos de utilização de recursos, houve um crescimento e evolução exponencial. Trabalhos que, antes, eram realizados manualmente e que levavam muito tempo a serem concluídos e que, consequentemente, significam uma produção me- nor, agora, passam a ser realizados por maquiná- rios avançados em um tempo muito, muito menor. Se minha empresa passa a produzir mais, isso quer dizer que eu gasto mais recursos e gero mais resíduos ao final do meu processo produtivo. Então, o que antes limitava-se a apenas algumas centenas de quilos por semana, agora passa a ser toneladas de resíduos todos os dias. Você conse- gue, a partir daí, entender qual outra preocupação começa a surgir no contexto empresarial, além das mencionadas anteriormente? A questão do meio ambiente. Segundo Xavier et al. (2015), a necessidade do aumento da produção possibilitou o surgi- mento de diversos modelos de produção inicial- mente aplicados à indústria automobilística e que, posteriormente, foram adotados e adapta- dos por indústrias dos mais variados segmentos, revolucionando o pensamento administrativo e, em especial, o mundo industrial. Dentre eles, a teoria da administração científica de Frederick W. Taylor, que se baseia em métodos de ciência positiva, racional e metódica em relação aos pro- blemas administrativos, objetivando maximizar a produtividade. Taylor propôs métodos e sistemas racionais e disciplinados voltados ao operário, colocando-o sob comando da gerência. Segundo Matos e Pires (2006, p. 509): “ [...] promovendo a seleção rigorosa dos mais aptos para realizar as tarefas; a fragmentação e hierarquização do trabalho. Investiu nos estudos de tempos e movimentos para me- lhorar a eficiência do trabalhador e propôs que as atividades complexas fossem dividi- das em partes mais simples facilitando a ra- cionalização e padronização. Propõe incen- tivos salariais e prêmios pressupondo que as pessoas são motivadas exclusivamente por interesses salariais e materiais de onde surge o termo ‘homo economicus’ [...]. Outra corrente teórica relevante foi desenvolvida por Henry Ford, por volta de 1913, pautada nos mesmos princípios de Taylor, entretanto, com uma abordagem abrangente de organização da produ- ção, contemplando extensa mecanização, como o uso de máquinas e ferramentas especializadas em uma linha de montagem e formato de esteira rolante e crescente divisão do trabalho (LARAN- JEIRA, 1999). A título de comparação, antes de Ford surgir com o sistema de produção por esteiras, a fabrica- ção de um veículo Ford T levava, em média, 12,5 horas. Após a revolução na indústria trazida por meio da linha de montagem de Ford, em que cada trabalhador realizava uma função específica, esse tempo foi reduzido para, pasmem, 93 minutos (SZEZERBICKI; PILATTI; KOVALESKI, 2004). A partir do momento em que se aumenta o passivo ambiental gerado com os resíduos de- correntes dos meus processos produtivos, even- tualmente passa-se a ter problemas relacionados ao impacto das atividades, principalmente in- dustriais, no meio ambiente em que estou inse- rido, seja ele natural ou artificial. A população passa a ter problemas de saúde relacionados a potenciais agentes poluidores, aumenta-se o custo com limpeza pública, além de, é claro, os danos causados à fauna e flora nativas. Surgem políticas públicas (leia-se multas) que abordarão esses problemas. Logo, as indústrias não teriam mais que se adaptar aos modelos sugeridos pelos gestores, mas sim os gestores passaram a se adap- tar às necessidades dos processos e das empresas, buscando torná-las competitivas e, sobretudo, lucrativas (XAVIER et al., 2015). 24 Meio Ambiente e Sustentabilidade Em face dos desafios existentes, os profissionais desse segmento passaram a deparar-se não somente às necessidades de cada empresa, mas também com as preocupações com o meio ambiente, que con- sistem em alinhar as questões ambientais (legislações ambientais pertinentes), de forma a interferir minimamente nos lucros da empresa, buscando a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável. Qual a diferença entre esses dois termos? A partir de agora, iremos, juntos, conhecer as mais diversas definições, variáveis e aplicações relacionadas a esse conceito. 25UNIDADE 1 Em 1987, surge o conceito de desenvolvimen- to sustentável como resultado das reflexões da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desen- volvimento, patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU). O relatório publicado pela comissão ficou conhecido como o “Relatório de Brundtland”, em homenagem à coordenadora da comissão Gro Harlem Brundtland. O relatório in- titulado “Nosso futuro comum” ou “Our commom future” versava sobre a desigualdade econômica entre os países e apontava a pobreza como uma das grandes causas dos problemas ambientais; como solução, o relatório apontou detalhadamen- te as medidas, esforços e desafios que deveriam ser superados para que fosse possível alcançar o de- senvolvimento sustentável (XAVIER et al., 2015). Nesse instante é que foi introduzida a ideia de que o desenvolvimento econômico atual deve ocorrer sem comprometer as necessidades das gerações vindouras (SEIFFERT, 2009). Sendo considerado um marco inovador em raciocínio ambiental da época, o relatório discorreu sobre: O Que é Desenvolvimento Sustentável? 26 Meio Ambiente e Sustentabilidade “ [...] estratégias ambientais de longo prazo para obter um desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000 e daí em diante; reco- mendar maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se traduza em maior cooperação entre os países em desenvolvi- mento e entre países em estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social e leve à consecução de objetivos comuns e in- terligados que considerem as inter-relações de pessoas, recursos, meio ambiente e desen- volvimento (DRUMMOND, [2019],on-line). Para alcançar esses objetivos, Souza Filho (2008) sugere que os países em desenvolvimento priori- zem políticas que fomentem: a reciclagem, o uso eficiente de energia, a conservação, a recuperação de áreas degradadas, a busca pela equidade, justi- ça, redistribuição e geração de riquezas. Ao seguir tais recomendações, o desenvolvimento alcan- çado será diferente do crescimento econômico, indo além da “riqueza” material, alcançando me- tas e reparando desigualdades passadas. Segundo Barbieri e Cajazeira (2009), o desenvolvimento sustentável se ampara nos pilares: Sustentabilidade social: que representa a equidade na distribuição dos bens e da renda para melhorar os direitos e condições da população, e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas. Sustentabilidade econômica: representa a distribuição e gestão eficiente dos recursos pro- dutivos, bem como fluxo regular de investimentos público e privado.Sustentabilidade ecológica: busca pela dimi- nuição de carga de impactos ou pressão exercida sobre o planeta para evitar danos ao meio ambien- te, principalmente os causados pelos processos do crescimento econômico. Sustentabilidade espacial: que se refere ao equilíbrio do assentamento humano rural/urbano. Sustentabilidade cultural: diz respeito à pluralidade de soluções particulares específicas a cada ecossistema, cada cultura e cada local. Considerando essas vertentes estruturantes do desenvolvimento sustentável, será comum, ao longo de sua jornada acadêmica e profissio- nal, encontrar bibliografias que os apresentem divididos em três dimensões básicas, conforme a Figura 2, a seguir: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EC O N O M IC AM EN TE VI ÁV EL AM BI EN TA LM EN TE CO RR ET O SO CI A LM EN TE JU ST O Figura 2 - Pilares do Desenvolvimento Sustentável Fonte: o autor. 27UNIDADE 1 Em primeira instância, a sustentabilidade é um conceito antigo que vem sendo discutido e apri- morado por décadas, sendo alguns eventos, encon- tros, manifestos e a própria realidade social, econô- mica e ambiental responsáveis pela definição atual como a conhecemos. Segundo Almeida (1997), a noção de sustentabilidade deve ser tomada como ponto de partida para a compreensão e interpre- tação de processos sociais e econômicos e de suas relações com o equilíbrio dos ecossistemas. As discussões iniciais sobre sustentabilidade foram de responsabilidade do Clube de Roma, em 1968. Segundo Kruger (2001), o Clube de Roma correspondia a uma organização formada por cientistas, pedagogos, economistas, representan- tes da indústria e colaboradores reunidos com o objetivo de debater a crise da humanidade. Antes de surgirem as discussões acerca de sus- tentabilidade e sobre o desenvolvimento susten- tável, veio à tona o termo ecodesenvolvimento, idealizado por Ignach Sachs, por volta de 1970, que antecipou a formalização dos ideais promo- vidos pela sustentabilidade, porém, na época, o autor discutia o papel do homem no processo de desenvolvimento, como protagonista ou vítima (CACHON, 2007). De que se Trata a Sustentabilidade? 28 Meio Ambiente e Sustentabilidade Ainda, segundo Cachon (2007), o ecodesen- volvimento significa um desenvolvimento socioe- conômico equitativo e implica na escolha de um processo de desenvolvimento ou crescimento que também contemple a dimensão ambiental e reco- nheça sua importância; a problemática relaciona- da a esse conceito ocorreu em função da dicotomia entre os termos “crescimento” e “desenvolvimento”, uma vez que o crescimento ocorre em termos eco- nômicos, em determinado tempo, em dado espaço territorial; enquanto o desenvolvimento se dá em função da distribuição equitativa dos resultados do crescimento para a população. Logo, somente o crescimento não induz es- pontaneamente à equidade social e tampouco à eficiência alocativa de recursos naturais, seria necessária a coordenação pública, presença da sociedade civil em um processo cooperativo para alcançar o desenvolvimento equitativo que não degrade ambiente (MENEGETTI, 2004). Já a sustentabilidade, segundo a World Comission on Environment and Development, propõe estar diretamente ligada ao desenvolvimento econômi- co sem a agressão do meio ambiente, utilizando recursos de forma inteligente, garantindo, assim, o desenvolvimento sustentável (WCED, 1987). As mais diversas reflexões sobre desenvolvi- mento sustentável e sustentabilidade buscam, em geral, possibilitar a construção de processos eco- nômicos e sustentáveis dentro dos mais variados segmentos, como a agricultura sustentável, in- dústria sustentável, sociedade sustentável, dentre outros. Em uma analogia simples, Merico (2002) sugere que ser sustentável é tornar as “coisas” per- manentes ou duráveis. Portanto, caro(a) aluno(a), a transição de uma simples consciência susten- tável social para o desenvolvimento sustentável propriamente dito caracteriza-se como um pro- cesso bastante lento, que requer paciência, tempo e, sobretudo, participação ativa da sociedade na construção de projetos, leis e políticas públicas. Exato! A cidadania e a ética se fazem mais que relevantes quando se discute essas temáticas! Desde a revolução industrial, tais temas têm sido enfoque de eventos, conferências e debates, em especial por tratar-se de um desafio coletivo e de escala global. Tal afirmação se faz relevante, pois a coletividade, mencionada anteriormente, con- templa os mais variados “setores” da sociedade, em especial o coorporativo (XAVIER et al., 2015). Na Tabela 2, estão sumarizados diversos marcos histó- ricos relevantes para a definição desses conceitos: 29UNIDADE 1 Tabela 2 - Marcos históricos que contribuíram para o desenvolvimento dos conceitos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável MARCO HISTÓRICO ANO DESCRIÇÃO Clube de Roma 1968 Dentre outras funções citadas anteriormente, o clube de Roma possuía, por finalidade, discutir sobre temáticas ou complexo de problemas re- levantes para o período, como: a degradação ambiental; a crescente pobreza em meio a riqueza; o crescimento urbano descontrolado; a insegurança econômica, e outras questões monetárias. O clube de Roma ainda pregava pela visão sistêmica de compreensão global, em outras palavras, defendiam que era possível compreender o mundo com um sistema único. Conferência de Estocol- mo 1972 Essa conferência foi considerada um marco ambiental internacional contemporâneo, pois foi a primeira reunião mundial a tratar da temáti- ca em escala global. As temáticas lá debatidas continuam a influenciar a importantes discussões e, principalmente, a formulação de políticas ambientais por todo o mundo. A conferência produziu a “Declaração sobre o Meio Ambiente Humano”, que corresponde a uma declaração dos princípios e responsabilidades que deveriam nortear as decisões concernentes ao meio ambiente. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 1972-1973 Criada como uma agência da ONU voltada para as temáticas ambientais e considerada uma “consequência” à conferência de Estocolmo, a agência atua apoiando instituições em seus processos de governança ambien- tal, estando relacionada a uma ampla gama de instituições dos setores governamentais, não governamentais, acadêmico e privado. A agência internacional avalia as condições e tendências ambientais globais; o de- senvolvimento de instrumentos ambientais nacionais e internacionais. Dentre seus objetivos, figuram o monitoramento do meio ambiente em escala global; alertar as nações sobre os problemas ambientais existen- tes; e a recomendação de medidas que auxiliem na qualidade de vida da população, buscando o não comprometimento dos recursos naturais e serviços ambientais para as futuras gerações. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desen- volvimento (CNUMAD) 1992 Aprovada pela Assembleia das Nações Unidas, em 1989, a Cnumad é também conhecida como Rio-92. Dentre os efeitos mais efetivos da Rio- 92, destacam-se a criação da Convenção da Biodiversidade e das Mu- danças Climáticas (que posteriormente resultou no Protocolo de Kyoto), a Declaração do Rio e a Agenda 21. A Declaração do Rio relaciona meio ambiente e desenvolvimento, mediante uma boa gestão dos recursos naturais e sem comprometer o modelo econômico expansionista da épo- ca. Já a agenda 21 caracteriza-se como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis em diferentes localidades geográficas, a agenda concilia métodos de eficiência econômica, proteção ambiental e justiça social. Protocolo de Kyoto 1997 Também considerado um grande marco, o protocolo estabeleceu metas para a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa e propôs mecanismos adicionais de implementação para que esse objetivo fosse alcançado. Dentre os mecanismos propostos, encontrava-se o mecanis- mo de desenvolvimento limpo (MDL), que possibilitava a participaçãode países em desenvolvimento em cooperação com países desenvolvidos. O objetivo desse mecanismo consistia na redução das emissões mediante os investimentos em tecnologias eficientes, a substituição de fontes tra- dicionais de energia fósseis por renováveis, a racionalização do uso de energia, o reflorestamento, entre outros. 30 Meio Ambiente e Sustentabilidade A Cúpula Mundial so- bre Desen- volvimento Sustentável (CMDS) ou Rio+10 2002 O propósito dessa conferência foi obter um plano de ação factível. Dentre os desafios citados no documento, persistiam diversos problemas am- bientais globais. Entretanto, foram, pela primeira vez, mencionados os problemas relacionados à globalização, uma vez que os benefícios e os custos a ela atrelados estão distribuídos desigualmente. Foi apontado, também, o risco das condições extremas de pobreza gerar a desconfiança nos sistemas democráticos, resultando no surgimento de sistemas dita- toriais. Como medidas detalhadas, foram sugeridos aumentar a proteção da biodiversidade e o acesso à água potável, ao saneamento, ao abrigo, à energia, à saúde e à segurança alimentar, bem como priorizar o combate a diversas situações adversas: fome crônica, desnutrição, ocupação es- trangeira, conflitos armados, narcotráfico, crime organizado, corrupção, desastres naturais, tráfico ilícito de armas, tráfico de pessoas, terrorismo, xenofobia, doenças crônicas transmissíveis (aids, malária, tuberculose e outras), intolerância e incitação a ódios raciais, étnicos e religiosos. Para atingir os objetivos, o documento ressalta a importância de instituições multilaterais e internacionais mais efetivas, democráticas e responsáveis. Rio + 20 2012 Realizada no Rio de Janeiro, a conferência teve por objetivo renovar o comprometimento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sus- tentável. O documento confeccionando após o evento foi intitulado “O Futuro que Nós Queremos”, e retrata as principais ameaças ao planeta, sendo alguns exemplos: a desertificação, o esgotamento dos recursos pesqueiros, contaminação, desmatamento, extinção de espécies e aque- cimento global. Fonte: adaptada de Kruger (2001); Alencastro (2012); Brasil (2004); Lopes (2002); Paschoaleto et al. (2014); CDMAALC (1991); Viana, Silva e Diniz. (2001). Torna-se interessante observar como se deu a tra- jetória histórica desses conceitos e como diversas dificuldades foram superadas. Lembrando que não foram apenas estes os eventos que influen- ciaram a temática ambiental em escala global como a conhecemos, inúmeros outros tiveram grande relevância, assim como inúmeros outros serão responsáveis por alterar o cenário atual das condições ambientais. Neste ponto de sua leitura, você deve estar se perguntando: afinal, o que di- ferencia a sustentabilidade do desenvolvimento sustentável? Iremos elucidar! Segundo Dovers e Handmer (1992), a sustentabilidade se caracteriza como a capacidade de um sistema, seja ele humano, natural ou misto, de adaptar-se à mudança interna ou externa por tempo indeterminado; já o desenvolvimento sustentável é uma via de melhoria e mudança intencional que responde às necessidades populacionais atuais. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. https://apigame.unicesumar.edu.br/getlinkidapp/3/586 31UNIDADE 1 Na primeira visão, o desenvolvimento susten- tável trata do caminho para alcançar a sustenta- bilidade, sendo ela considerada o objetivo final a ser alcançado a longo prazo. Entretanto, é válido destacar que pautado em algumas das discussões ambientais da época, em 1994, Elkington criou o termo “Triple Bottom Line” ou Tripé da Sustentabilidade, definindo sustentabilidade como o equilíbrio dos pilares: ambiental, social e econômico, dando origem à famosa imagem da sustentabilidade amplamente utilizada no segmento empresarial. No contexto empresarial, espera-se que as empresas contribuam de forma progressiva com a sustentabilidade, sobretudo quando precisam de mercados estáveis; e, para tanto, elas devem possuir habilidades tecnológicas, financeiras e de gerenciamento, que possibilitem a transição rumo ao desenvolvimento sustentável (ELKINGTON, 2001). Temos aqui, caro(a) aluno(a), uma segunda visão, diferente da primeira: em que o desenvol- vimento sustentável é o objetivo a ser alcançado e a sustentabilidade é o processo para se atingir o desenvolvimento sustentável. Para fins didáticos, a menos que indiquemos o contrário, utilizaremos durante o livro a primeira definição de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Iremos explorar as ferramentas da sustentabilidade no contexto empresarial em um segundo momento. O relevante, aqui, é compreender que ambas as abordagens estão corretas e que o amplo in- teresse e busca por esses conceitos fez com que diversas abordagens ambientais surgissem nos mais variados segmentos, como economia, engenharia, ecologia, administração e outros, sendo as estratégias listadas a seguir, segundo Glavic e Lukman (2007), “derivadas” desses conceitos: Produção mais limpa Controle de poluição Ecoeficiência Gestão Ambiental Responsabilidade Social Ecologia Industrial Investimentos éticos Economia Verde Ecodesign Reúso Consumo sustentável Resíduos zero, e outros 32 Meio Ambiente e Sustentabilidade Todos esses conceitos citados serão muito relevantes e se farão presentes ao longo de sua carreira como futuro profissional desse segmento, seja como um desafio ou requisito de implementação ou como um objetivo a ser alcançado! As ferramentas de susten- tabilidade empresarial serão apresentadas nas próximas unidades. Os diferentes selos ambientais existentes possuem como fina- lidade informar aos consumidores que determinados produtos passaram por auditorias internas ou autorreguladoras e externas ou independentes de qualidade. Saiba mais sobre os diferentes selos de qualidade acessando: https://sustentarqui.com.br/uma- -breve-historia-sobre-os-selos-verdes/. Nesta unidade, inicialmente, foi apresentada uma breve introdução pautada em eventos históricos que discorreu sobre a capacidade do ser humano de alterar o ambiente a sua volta. Tal discussão teve, por finalidade, não apenas apresentar as características evolutivas que fizeram do homem o ser vivo capaz de modificar o ambiente em que vive de forma favorável ao seu desenvolvimento, mas também explicitar que tais alterações ambientais foram necessárias para separar o homem da condição animal e foram, ainda, responsáveis pela história como nós a conhecemos. Vimos como o advento da produção fomentada pela revolução industrial e as conquistas sociais influenciadas por esse período afetam positivamente nosso modelo social até os dias atuais. Finalmente, conceituamos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável e conhecemos alguns marcos históricos na definição desses termos que ressoam na realidade das empresas até hoje. Os conceitos aprendidos e as discussões apresentadas objetivam incitá-lo(a) a ter uma visão crítica acerca dos impactos ambientais decorrentes da ação humana e, dessa forma, buscar soluções pau- tadas na Engenharia que poderão sanar boa parte dos problemas encontrados na produção de bens e serviços atualmente. Na próxima unidade, abordaremos alguns conceitos relacio- nados a como o planeta Terra se comporta frente aos diferentes elementos químicos presentes em sua constituição atmosférica, terrestre e aquática, bem como a relação que esses elementos pos- suem com os demais seres vivos. Até já! 33 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. O termo “Meio Ambiente” sofre alterações de acordo com o contexto histórico e evolui com o passar do tempo, à medida que instituições e governos em nível internacional se reúnem para discutir as questões ambientais. É um erro pensar que “Meio Ambiente” inclui apenas a fauna e a flora locais, como as florestas, rios e lagos. Assim, descreva, em suas palavras, o que entendemosatualmente por “Meio Ambiente”. 2. A Curva Ambiental de Kuznets (CAK) tem a mesma forma do “U invertido”, mas é aplicada para a área ambiental. A CAK tem sido usada pelas pessoas que defendem o desenvolvimento econômico como uma prioridade em relação ao meio ambiente. A ideia básica é que o desenvolvimento só causa grandes pro- blemas ambientais em suas etapas iniciais. Porém, a partir de um certo ponto, o desenvolvimento econômico e o tecnológico levariam a uma menor degradação ambiental. Portanto, segundo o otimismo kuznetiano, altas doses de desenvol- vimento seriam úteis também para salvar a natureza (ALVES, 2012, on-line)1. A respeito da degradação ambiental sob a ótica capitalista, podemos afirmar que a degradação ambiental diminui à medida que: I) A população passa a exigir mais qualidade ambiental com o aumento de sua renda. II) Os hábitos de consumo e produção são alterados com a evolução das tec- nologias. III) Aumenta-se o nível de conscientização e educação ambiental da população. IV) Surgem sistemas políticos mais voltados às questões ambientais. Está correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) I e III, apenas. c) I, II, III e IV. d) III e IV, apenas. e) II e III, apenas. 34 3. Foram concluídas, em agosto de 2015, as negociações que culminaram na ado- ção, em setembro, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por ocasião da Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Processo iniciado em 2013, seguindo mandato emanado da Conferência Rio+20, os ODS deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos quinze anos, sucedendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) (BRASIL, [2019], on-line)2. A questão do Desenvolvimento Sustentável ganha bastante relevância no con- texto empresarial atual e baseia-se nos seguintes pilares: I) Socialmente justo. II) Humanamente possível. III) Economicamente viável. IV) Politicamente correto. V) Ambientalmente correto. É correto o que se afirma em: a) I, somente. b) II e V, somente. c) II e IV, somente. d) I, II, III, IV e V. e) I, III e V, somente. 35 Introdução à Engenharia Ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável Autor: Benedito Braga, Ivanildo Hespanhol, João G. L. Conejo, José C. Mierzwa, Mario T. L. de Barros, Mailton Spencer, Monica Porto, Nelson Nucci, Nelsa Juliano e Sérgio Elger. Editora: Pearson Sinopse: escrito por um grupo de professores pioneiros no estudo e no ensino do tema, esse livro procura relacionar a engenharia com outras áreas do conhe- cimento, já que transmite a visão da engenharia em relação ao meio ambiente, além de apresentar a questão do conflito entre os aspectos socioeconômicos e os ambientais como um dos grandes desafios da engenharia no futuro. Essa nova edição leva em conta o dinamismo dos temas e dos próprios sistemas abordados, atualizando dados e conceitos e incluindo um novo capítulo sobre métodos de gestão corporativa para o meio ambiente e prevenção da poluição. Destinado aos cursos de engenharia, esse livro também atende às necessidades de profis- sionais de outras áreas interessados no presente e no futuro do meio ambiente. LIVRO Uma Verdade Inconveniente Ano: 2006 Sinopse: o cineasta Davis Guggenheim acompanha Al Gore, o ex-candidato à presidência dos EUA, no circuito de palestras para conscientizar o público sobre os perigos do aquecimento global, e pede uma ação imediata para conter seus efeitos destrutivos ao meio ambiente. FILME 36 ALENCASTRO, M. S. C. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão socioambiental corporativa. Curitiba: InterSaberes, 2012. ALMEIDA, J. A problemática do desenvolvimento sustentável. In: BECKER, F. D. (orgs). Desenvolvimento sustentável: necessidade e/ou possibilidade? Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1997. ANDERSON, K. Environmental standards and international trade. In: BRUNO, M.; PLESKIVIC, B. (ed.). Annual World Bank Conference on Development Economics. Washington: World Bank, 1996. AZEVEDO, P. R. Consumo sustentável: possibilidade de equilíbrio entre teoria neoclássica e psicologia econômica. 2009. 86 f. 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E. 41 42 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Classificar os seres vivos de acordo com sua complexidade e influência no planeta Terra. • Explicar como as dinâmicas ambientais influenciam o de- senvolvimento de todos os seres vivos. • Introduzir o conceito de ciclos biogeoquímicos e dos com- portamentos dos elementos no planeta. Hierarquia e Organização Ecológica Fatores Limitantes ao Desenvolvimento dos Seres Vivos Ciclos Biogeoquímicos Esp. João Marcos Pardo Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus Dinâmicas Ambientais Hierarquia e Organização Ecológica Prezado(a) aluno(a), nesta segunda unidade, ire- mos explorar alguns conceitos relacionados à bio- logia e à ecologia conservacionista, a fim de conhe- cer e conceituar corretamente os diferentes níveis ou hierarquias de organização ecológica existentes. Iremos conhecer algumas das dinâmicas am- bientais naturais que serão apresentadas, a fim de elucidar suas finalidades e subsidiar a compreen- são das mais amplas dimensões que os impactos ambientais podem afetar, sendo estes relacionados à distribuição de recursos e/ou às alterações das condições ambientais favoráveis ao desenvolvi- mento dos indivíduos ou, ainda, relacionadas às alterações nos ciclos biogeoquímicos existentes e observados na biosfera terrestre. Ciclos biogeoquímicos envolvem os diversos ele- mentos presentes na atmosfera, solo e águas do pla- neta Terra. Cada um desses ciclos é importante para a sobrevivência dos diferentes tipos de organismos vivos. Sua utilização e reposição no meio ambiente, dentro de um período de tempo, é fundamental. A partir de agora, daremos atenção ao co- nhecimento de alguns conceitos básicos acerca das dinâmicas ambientais existentes. Torna-se importante conhecer as dinâmicas ambientais naturais para que seja possível compreender, efe- tivamente, a extensão dos impactos ambientais 45UNIDADE 2 causados pelas ações antrópicas e também pelos processos produ- tivos. Inicialmente, iremos relembrar acerca da hierarquia dos ní- veis ecológicos ou hierarquia dos níveis de organização ecológica. A hierarquia dos níveis ecológicos é representada pela seguinte cadeia inicial: Assim, temos uma breve re- tomada evolutiva da formação dos indivíduos e, com diferen- tes indivíduos, passamos à se- guinte cadeia: ORGANISMO POPULAÇÕES COMUNIDADES OU BIOCENOSE ECOSSISTEMAS BIOMAS BIOSFERA ÁTOMO MOLÉCULA ORGANELAS CELULARES CÉLULA TECIDO ÓRGÃOS SISTEMAS ORGANISMOS 46 Dinâmicas Ambientais Lembrando que cada subconjunto apresentado é menor do que o próximo, sendo a biosfera considerada o maior nível. A Figura 1 representa todo o sistema de hierarquização ecológico. Figura 1 - Sistema de Hierarquização Ecológico Fonte: adaptada de Quizlet (on-line)1. Conhecer esses níveis hierárquicos se torna relevante, pois nos auxilia a compreender a dimensão dos impactos causados e sua extensão biológica. Sendo assim, vamos às definições, com enfoque nos níveis superiores, iniciando nos organismos. 47UNIDADE 2 • Organismo: uma forma de vida indivi- dual e livre, composta pela associação de sistemas, órgãos e tecidos que operam e realizam suasfunções de forma conjunta para proporcionar as condições favoráveis à vida. Para a ecologia, trata-se de uma uni- dade fundamental de estudos. • Populações: populações podem ser de- finidas como grupos de indivíduos per- tencentes a uma mesma espécie presente e ocupante de uma determinada área por um período de tempo. Além disso, uma população apresenta como característica uma ampla probabilidade de realizar cru- zamento entre si, quando consideramos fatores, como localização geográfica e ou- tros fatores favoráveis. • Comunidades: consistem de populações que coexistem e habitam o mesmo am- biente; interagindo de forma organizada, é denominada comunidade, sendo cada indivíduo associado a seu respectivo nicho ecológico existente. • Ecossistemas: trata-se de um meio no qual os organismos interagem com o meio ambiente, realizando trocas de matéria e energia pelas vias existentes. Em outras palavras, é a interação dos seres bióticos (seres vivos) com os abióticos (solo, água, recursos minerais, dentre outros). • Biomas: segundo Colinvaux (1993), um bioma é composto por um conjunto de ecos- sistemas, em uma larga escala geográfica, no qual as plantas ou as formações vegetais se destacam como características, assim como suas especificidades climáticas. São exem- plos de biomas brasileiros: a Caatinga, o Cerrado, a floresta amazônica, a mata atlân- tica, o Pantanal, os pampas, dentre outros. • Biosfera: a biosfera se caracteriza como a junção das interações que ocorrem entre a atmosfera, hidrosfera e a litosfera. Sendo cada uma delas, segundo Rosa, Messias e Ambrozini (2003), correspondente às se- guintes porções: » Atmosfera: porção gasosa da Terra e seus componentes. » Hidrosfera: porção aquosa da Terra e seus componentes. » Litosfera: porção mineral da Terra e seus componentes. O conhecimento apropriado sobre esses conceitos nos faz refletir sobre a proporção dos impactos causados, não só em uma escala empresarial/ industrial, mas também como nossas atitudes cotidianas podem desencadear impactos mais amplos e significativos do que o imaginado. Para realizar um manejo adequado de uma atividade impactante, segundo Peroni e Hernandéz (2011), é essencial considerar todas as características e di- nâmicas das populações, comunidades e ecossis- temas envolvidos, especialmente quando as ações humanas podem favorecer o desenvolvimento de uma população, enquanto outras podem aumen- tar o número de mortes. 48 Dinâmicas Ambientais Quando pensamos em fatores limitantes ao de- senvolvimento dos seres vivos, somos imediata- mente direcionados aos recursos disponíveis. Cla- ro que existe uma relação entre disponibilidade de recursos e o desenvolvimento de uma população, assim como a retirada de recursos pode levar à extinção de determinada população. Segundo Santos (2006), a variação na densidade populacio- nal está relacionada aos fatores que influenciam nas taxas de natalidade, mortalidade, imigração e emigração. Como mencionado anteriormente, os fatores ecológicos podem ser classificados em bióticos e abióticos; porém, devemos levar em consideração que sua importância varia de acordo com o am- biente ou área estudada/impactada e de acordo com a pressão exercida sobre os recursos renová- veis e não renováveis. Para facilitar a compreensão, vamos conhecer um pouco mais sobre os fatores ecológicos que são limitantes ao crescimento dos seres vivos. Fatores Limitantes ao Desenvolvimento dos Seres Vivos 49UNIDADE 2 Conforme Lovato (1993), a intensidade da luz solar incidente afeta a fotossíntese dos vegetais, cresci- mento da parte aérea, distribuição da matéria seca e, consequentemente, o rendimento fotossintetizante, exercendo efeitos sobre outros fatores ambientais, principalmente a temperatura. Sobre ambientes aquáticos continentais e costeiros, o grau de intensidade luminosa está relacionado à atividade de algas flutuantes e sésseis e da diversidade de seres planctônicos. A intensidade da luz ainda serve como parâmetro indicativo da quantidade de partículas em suspensão (turbidez). Em relação aos animais, a luminosidade está diretamente relacionada a hábitos de repouso ou ativi- dade, uma vez que haverá atividade animal nos mais variados nichos ecológicos diurnos, noturnos e crepusculares. A variação desse fator se relaciona com a hibernação de mamíferos, o metabolismo de seres exotérmicos e com a migração em aves (SANTOS, 2006). O fator temperatura se destaca como um dos mais relevantes, pois afeta diretamente na distribuição de espécies animais e vegetais, influenciando todas as fases do ciclo vital dos seres vivos. Atualmente, existe grande discussão acerca dos efeitos que são observados e que serão observados no futuro, de- vido às mudanças climáticas geradas pela liberação excessivas de gases relacionados ao efeito estufa na atmosfera. Para os vegetais, a temperatura influi grandemente o rendimento de tubérculos, uma vez que afeta a fotossíntese e a respiração. A magnitude do seu efeito depende de quanto influencia no desenvolvi- mento da parte aérea, na distribuição da matéria seca produzida e, consequentemente, na qualidade de suporte do solo (LOVATO, 1993). No caso dos animais, para a temperatura ambiente, são definidas zonas de conforto térmico e de termo- neutralidade específicas para as diferentes espécies de animais (PORTUGAL; PIRES; DURAES, 2000). É fato que a umidade e o acesso à água são dois fatores primordiais para a distribuição da fauna e da flora global. Entretanto, a umidade é diretamente influenciada pela disponibilidade de recursos hídri- cos, pela temperatura e pela intensidade luminosa. Quando associado o fator temperatura, torna-se responsável pelo conforto térmico de animais e pelo fator determinante na respiração e transpiração vegetal. Na agricultura de precisão, por exemplo, a umidade do solo se torna um fator limitante e imprescindível, especialmente quando se tem por objetivo um manejo adequado do solo visando ao aumento na produção. Luz ou intensidade luminosa Temperatura Umidade 50 Dinâmicas Ambientais A salinidade e o potencial de hidrogênio iônico (pH) são fatores primordiais para a abundância dos seres vivos, especialmente em ambientes aquáticos continentais e costeiros. Com exceção de algumas bactérias que toleram condições ex- tremas, os demais seres vivos não toleram pHs extremamente ácidos (abaixo de 3) ou extrema- mente alcalinos (acima de 9). Esses parâmetros costumam sofrer alterações imediatas após o despejo de efluentes ou substân- cias sem o devido tratamento em corpos hídricos, A disponibilidade de recursos pode ser considerada o fator mais relevante para a sobrevivência e de- senvolvimento de espécies, especialmente quando associada à capacidade de adaptação ou tolerância às condições locais. Os organismos ou indivíduos podem tolerar alterações bruscas no ambiente por um curto período de tempo, ou seja, as condições para o desenvolvimento de cada espécie são sempre espécie-específicas. Entretanto, os indivíduos e suas atividades não irão esgotar os recursos disponíveis; via de regra, isso acontece sob condições de estresse populacional (quando, por alguma razão não natural, eles são forçados a consumir outra fonte de alimento ou quando há a introdução de uma espécie exótica no ambiente em questão) e quando o ser humano esgota esses recursos ou passa a utilizá-los de forma não racional. Um exemplo de estresse populacional pode ser competição intra e interespecífica, devido à diminuição de espaço ou território útil. Recursos alterando, drasticamente, as condições favoráveis ao desenvolvimento da fauna e da flora aquática e consequentes dos demais seres vivos que se uti- lizam da água disponível para sua sobrevivência/ atividades. Sobre os vegetais, esses parâmetros influenciam na absorção dos nutrientes pelas raízes, limitam o desenvolvimento de fungos benéficos às plantas nos ambientes aquáticos. No solo, também levam à limitação da produção
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