Buscar

Cap_01 - Processo Projeto Integrado de Edificações

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O Processo de Projeto 
Integrado de Edificações 1
A boa notícia é que sabemos o que precisa ser 
feito. A boa notícia é que temos tudo o que é 
necessário para enfrentar o desafio do aqueci-
mento global. Temos todas as tecnologias que 
precisamos; outras mais estão sendo desenvol-
vidas. E, à medida que se tornam disponíveis 
e ficam mais baratas quando produzidas em 
escala, essas tecnologias facilitarão o nosso tra-
balho. Mas não devemos esperar, não podemos 
esperar, não vamos esperar.
— Al Gore, ex-vice-presidente dos 
Estados Unidos da América, discursando na 
National Sierra Club Convention, em 
09 de setembro de 2005
O QUE É O PROCESSO DE PROJETO 
INTEGRADO DE EDIFICAÇÕES?
O projeto integrado de edificações é a prática de pro-
jetar de maneira sustentável. Os termos projeto sus-
tentável e projeto integrado de edificações devem ser 
vistos como equivalentes.
Até pouco tempo, o termo “projeto sustentável” 
sempre aparecia entre aspas, o que fazia com que seu 
significado parecesse ser mutável e questionável em 
termos de viabilidade. Hoje em dia, o projeto susten-
tável é um modelo de projeto e edificação consoli-
dado, que já tem sua própria história – e o projeto 
integrado resulta de sua evolução. Uma edificação 
integrada é uma edificação sustentável.
O projeto integrado é um tema abrangente, que 
orienta a tomada de decisões referentes ao consumo 
de energia, aos recursos naturais e à qualidade am-
biental. Tais decisões e estratégias serão introduzidas 
neste capítulo e aprofundadas nos capítulos a seguir.
No caso do projeto integrado, é necessário enca-
rar as variáveis do projeto como um todo unificado, 
utilizando-as como ferramentas para a solução de 
problemas. Os estudantes de arquitetura e engenharia 
aprendem a ser solucionadores de problemas, o que 
os leva a supor e a prever as possíveis implicações de 
todas as decisões de projeto, inclusive as que parecem 
mais benéficas. O estudo do projeto integrado conso-
lida essas habilidades e promove outra competência 
que é fundamental para todos os estudantes de arqui-
tetura – a capacidade de fazer parte de uma equipe de 
maneira produtiva e eficiente.
Diferentemente do projeto convencional, o pro-
cesso de projeto integrado exige um equilíbrio in-
tenso (bem como uma lista de prioridades) a fim de 
obter uma edificação sustentável de sucesso. O pro-
cesso funciona sempre que há comunicação entre os 
membros da equipe e quando cada projetista tem um 
profundo entendimento dos desafios e das responsa-
bilidades enfrentados pelos seus colegas.
Uma vez que cada decisão de projeto tem inúme-
ras consequências, e não um efeito isolado, o projeto 
integrado de qualidade demanda o entendimento das 
inter-relações de cada um dos materiais, sistemas e 
elementos espaciais (Figura 1-1). Ele exige que todos 
os atores encarem o projeto de maneira holística, em 
vez de concentrar-se exclusivamente em uma parte 
individual.
O processo
O processo de trabalhar coletivamente em ateliê 
como membro de uma equipe de qualquer tipo de 
projeto de arquitetura simula a realidade da prática 
profissional. Ele se aplica a problemas de projeto grá-
fico, como exercícios de criação de uma marca, ao 
desenvolvimento de um plano diretor e até à elabo-
ração de uma política fundiária ou de um loteamento 
urbano.
Por isso, é importante que o estudante aprenda o 
processo de projeto integrado desde o início de sua 
formação como arquiteto. Não há receita para chegar 
ao processo de projeto integrado ideal, ainda que vá-
rios níveis de tomada de decisões ocorram logo na de-
finição do projeto, enquanto o projeto é aprimorado, 
durante o desenvolvimento do projeto e de sua cons-
trução. Assim que o projeto estiver concluído, durante 
a crítica feita pelos professores, é muito importante 
avaliar a eficácia do processo de projeto integrado de 
cada equipe.
Keeler_01.indd 17Keeler_01.indd 17 30.04.10 17:19:2530.04.10 17:19:25
18 Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis
Neste capítulo, veremos como o projeto integrado 
se dá na prática.
Entenda o escopo do projeto
É muito útil estabelecer um cronograma de reuniões 
da equipe em função da finalização das etapas do 
projeto ou das datas de entrega determinadas pelos 
professores; a primeira reunião deve promover uma 
discussão que envolva as seguintes questões:
De que tipo é o projeto? •
Quais são o tamanho e a escala do projeto? Tra- •
ta-se de uma grande torre de escritórios, de um 
loteamento urbano sustentável ou de uma esco-
la particular pequena em um terreno de cinco 
acres?
O projeto será inserido em uma área urbana •
consolidada ou será desenvolvido em um espa-
ço aberto?
Algum plano-diretor orienta a nova edificação no •
terreno e descreve o escopo do projeto e as fases 
da construção?
Existem diretrizes legais para o projeto das veda- •
ções externas?
Alguma legislação municipal, regional, estadual •
ou nacional regulamenta o projeto sustentável?
Quais são os condicionantes geográficos e do ter- •
reno?
Quais são as densidades populacionais e os índi- •
ces urbanísticos do terreno?
De onde vem o dinheiro que financia o projeto? •
Ele vem de alguma agência governamental, da 
prefeitura, ou de investidores ou proprietários pri-
vados?
Como a participação de cada membro da equipe •
e de cada ator1 afetará o processo de projeto inte-
grado?
As respostas para essas perguntas ajudarão as equi-
pes de projeto integrado a mapear o processo.
Quais impactos ambientais do projeto 
a equipe deverá considerar?
Para projetar com responsabilidade, é preciso com-
preender os possíveis pontos fracos do terreno e da 
comunidade. A Figura 1-2 traz um mapa de recursos, 
ou seja, uma representação gráfica que ajuda a identi-
ficar os impactos ambientais sobre o terreno. É possí-
vel mapear muitos problemas, desde a demografia até 
os níveis de ruídos. No caso do processo de projeto 
integrado de edificações sustentáveis, a equipe dedi-
cará um tempo considerável para avaliar os detalhes 
do terreno. As questões que precisam ser considera-
das incluem:
A vegetação e/ou animais ameaçados serão afe- •
tados?
Há algum pântano nas proximidades? •
O projeto deve restaurar os pântanos ou áreas vir- •
gens caso exerça algum impacto sobre eles?
Há algum rio tributário no terreno? •
A qualidade da água potável será afetada? •
Qual é o padrão atual de escoamento de águas •
pluviais?
3rd Avenue
VLT abaixo
Prefeitura
4th Avenue
Coleta de águas
pluviais
Bicicletário
Cobertura
Verde
Jam
es
 St
ree
t
Reservatório de
águas pluviais
Pavilhão de
uso público
Figura 1-1 Croqui que mostra as 
condições do terreno e as tecnolo-
gias sustentáveis do projeto da Civic 
Square, em Seattle, Washington, Es-
tados Unidos. O projeto é de Foster 
& Partners. A praça oferece uma série 
de espaços urbanos permeáveis co-
nectados.
1 Os atores são as pessoas, entidades ou agências que investiram – 
seja como proprietário, financiador, usuário ou projetista – no pro-
jeto, na construção e no resultado final do projeto da edificação.
Keeler_01.indd 18Keeler_01.indd 18 30.04.10 17:19:2530.04.10 17:19:25
Capítulo 1 O Processo de Projeto Integrado de Edificações 19
A água da chuva é absorvida e drenada até o len- •
çol freático ou algum corpo de água nas proximi-
dades?
Já existem superfícies impermeáveis no terreno? •
Como as superfícies impermeáveis afetarão a per- •
da de água pelo sistema de esgoto ou pelo proces-
so de evaporação?
A construção provocará a erosão ou a perda do •
solo devido ao vento?
Entenda as responsabilidades da 
equipe e defina as atribuições
Quais membros da equipe serão responsáveis por pes-
quisar, apresentar e resolver as questões identificadas 
pelas perguntas anteriores?
O ideal é que cada membro da equipe de projeto 
integradotenha um papel e uma área de especializa-
ção claramente definidos, pelos quais ele ou ela será 
responsável e sobre o qual trará as informações neces-
sárias para o projeto. A definição de tais atribuições 
pode levar à defesa de determinadas soluções de pro-
jeto. Mais uma vez, este exercício simula a prática do 
projeto integrado.
Na prática de projeto integrado, os diversos atores 
incluem o proprietário, os diferentes projetistas e enge-
nheiros (de estruturas, civil, de condicionamento do ar, 
hidrossanitário, elétrico e de energia), o construtor e o 
empreiteiro, os consultores especializados (iluminação 
natural, energia, projeto sustentável e outros), os usuá-
rios e os administradores da edificação (Figura 1-3).
Outros membros da equipe serão responsáveis por 
questões mais específicas, como as coberturas verdes, 
a conversão in loco de energia eólica em elétrica ou 
o tratamento das águas servidas. É possível que fabri-
cantes de sistemas extremamente eficientes, como da 
tecnologia de tratamento de águas fecais e de siste-
mas fotovoltaicos, participem de pelo menos algumas 
etapas do projeto.
Em exercícios de projeto de ateliê, cada membro 
da equipe deve se encarregar de funções convencio-
nais básicas; além disso, todos serão responsáveis por 
documentar suas próprias estratégias e decisões.
Considere como o projeto de sua equipe abordará 
as questões do sítio e da comunidade
Encare as soluções para os desafios do sítio, dos mate-
riais, da energia e da qualidade do ar como possíveis 
elementos do projeto, e defina objetivos mensuráveis 
específicos.
Por exemplo, a cobertura plana de uma edifica-
ção longitudinal, cuja fachada mais ampla está volta-
da para o sul (no hemisfério norte) e cujo piso é uma 
grossa laje de concreto, apresenta a possibilidade 
de ganhos térmicos e de termoacumulação; por ou-
tro lado, os grandes beirais das edificações de climas 
quentes protegem os usuários contra o ofuscamento e 
os ganhos térmicos indesejáveis.
Os projetos de estacionamento com piso asfáltico 
escoam a água da chuva para o coletor pluvial, impe-
dindo que ela seja aproveitada para outros usos; já os 
projetos com superfícies porosas deixam que a água 
passe para o lençol freático, o que contribui para a efi-
ciência do ciclo da água. A Figura 1-4 mostra uma área 
Área administrativa
dos rios tributários
Área
administrativa
florestal
Área com significação
regional
Probabilidade
de sítio
arqueológico
Área Ambientalmente
Sensível (ESA)
Pântano
Área sujeita
a enchentes
Rio
tributário
Área protegida
pela marinha
Área de nidificação
Área de possível
ocupação
Área sujeita
a enchentes
Figura 1-2 Um exemplo de mapa de recursos.
seleção da equipe
de projeto
PROJETO E 
EXECUÇÃO DE UMA
EDIFICAÇÃO
EXECUÇÃO DE UM
PROJETO
INTEGRADO
vo
lu
m
e 
d
e 
tr
ab
al
h
o
vo
lu
m
e 
d
e 
tr
ab
al
h
o
tempo
tempo
 fase de projeto
seleção do
construtor
seleção do
construtor
 fase de projeto
seleção da equipe
de projeto
fase de
pré-construção
execução
execução
Figura 1-3 A execução de um projeto integrado exige o envolvimen-
to do construtor desde o início, além de várias atividades e estudos 
preliminares.
Keeler_01.indd 19Keeler_01.indd 19 30.04.10 17:19:2630.04.10 17:19:26
20 Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis
com superfície porosa que oferece um pavimento durá-
vel, mas também permite a drenagem da água ao solo.
Uma vez que a sustentabilidade nas edificações 
envolve a justiça social, o projeto comunitário é 
considerado parte do processo de projeto integrado 
e, consequentemente, assume um significado muito 
mais profundo. Em termos de impacto social, todos os 
projetos podem melhorar ou mesmo deslocar comu-
nidades preexistentes. A equipe de projeto integrado 
deve examinar a história do sítio e sua etnografia, de-
terminando as condições ideais para melhorar a qua-
lidade de vida das comunidades preexistentes.
Ao mesmo tempo, o projeto tem condições de criar 
uma comunidade – um conceito que faz parte do en-
sino de arquitetura tradicional completo. Por meio do 
projeto integrado, a criação de comunidades assume 
uma nova dimensão.
A equipe deve, por exemplo, encarar os futuros 
usuários de um projeto habitacional multifamiliar 
como mais do que simples elementos no programa de 
necessidades. Ela também deve garantir a preservação 
da estrutura social, além de fornecer oportunidades 
para que os habitantes se envolvam com o seu am-
biente ou se afastem dele, participando do planeja-
mento de seus lares e das futuras gerações. O mais 
recente plano de sustentabilidade do Reino Unido, 
Securing the Future – UK Government Sustainable 
Development Strategy (Protegendo o Futuro – A Es-
tratégia de Desenvolvimento Sustentável do Governo 
do Reino Unido)2, ressalta a justiça e a inclusão social 
como uma dentre as diversas áreas fundamentais do 
desenvolvimento sustentável (Figura 1-5).
O projeto integrado educará os cidadãos sobre as 
edificações sustentáveis e também sobre a relação 
entre a edificação, a comunidade e o entorno. Ainda 
que pareça algo banal, educar os futuros habitantes 
do local sobre as práticas específicas de manutenção 
e limpeza exigidas pelas edificações sustentáveis faz 
parte do processo de projeto integrado.
Pondere os impactos inter-relacionados 
das soluções propostas
Neste ponto do processo, os diferentes membros da 
equipe costumam contribuir em suas especialidades, 
colocando as vantagens e desvantagens das soluções 
identificadas em discussão. Os membros da equipe 
devem se comunicar e interagir entre si.
O membro da equipe responsável pela análise 
energética pode ressaltar, por exemplo, que as edifi-
cações que aproveitam a luz diurna e os recursos de 
conversão de energia no local (como as estantes de 
luz) também estão sujeitas a ofuscamentos ou ganhos 
térmicos indesejáveis.
O arquiteto de interiores recomendará os acaba-
mentos internos, e seu trabalho terá um grande impac-
to sobre a qualidade do ar interno. O projetista pode 
propor o uso de um material de piso específico com 
100% de borracha reciclada; no entanto, embora uti-
lize os recursos de modo inteligente, o material exala 
um odor muito forte por meses após a instalação – o 
que não ocorre com pisos de borracha virgem.
O cliente do projeto talvez argumente que algu-
mas estratégias sustentáveis trazem consigo um im-
pacto mais alto em termos de custo. A abordagem 
de projeto tradicional, que costuma tratar o projeto 
sustentável como algo que lhe é agregado posterior-
mente, é mais dispendiosa. A abordagem de projeto 
integrado, por sua vez, geralmente implica gastos 
mais elevados com honorários, mas pode levar a cus-
tos iniciais mais baixos e a uma redução nas despesas 
operacionais. Em geral, na prática profissional, é pos-
sível executar uma análise do custo de ciclo de vida 
ou a orçamentação, a fim de ponderar tais estratégias 
e avaliar sua viabilidade econômica em curto e longo 
prazo. A Figura 1-6 compara os custos de vida útil das 
edificações nas alternativas de construção, mostrando 
que uma edificação sustentável que gera sua própria 
energia proporciona a melhor relação custo e vida.
O cliente talvez afirme que a tecnologia não com-
provada não é um risco que deseja percorrer devido à 
responsabilidade e à natureza potencialmente impre-
visível dos sistemas inovadores. O cliente talvez afir-
me não estar disposto a correr riscos com tecnologias 
cuja eficiência ainda não foi comprovada, devido aos 
possíveis passivos e responsabilizações e à natureza 
talvez imprevisível dos sistemas inovadores em geral. 
Quais são seus efeitos sobre a estética do projeto? O 
projetista de edificações sustentáveis argumentará que 
os sistemas de alta tecnologia são capazesde produ-
zir bons projetos, mas as opiniões dos usuários e da 
comunidade sobre o que é um bom projeto precisam 
ser incluídas no processo de projeto integrado.
Figura 1-4 Pavimentos porosos permitem a absorção da água da 
chuva em vez de seu escoamento.
2 Disponível no Departamento do Reino Unido para Questões Am-
bientais, Alimentícias e Rurais [United Kingdom Department for 
Environment, Food and Rural Affairs], em http://www.defra.gov.uk/
environment/sustainable.
Keeler_01.indd 20Keeler_01.indd 20 30.04.10 17:19:2630.04.10 17:19:26
Capítulo 1 O Processo de Projeto Integrado de Edificações 21
Estabeleça as prioridades
Um dos fatores que mais incomoda no processo de 
projeto integrado é que não há soluções perfeitas e 
que nenhum projeto alcança a sustentabilidade abso-
luta – pelo menos, não como a definimos neste livro. 
Mas é possível chegar perto ponderando as vantagens 
e os efeitos complementares identificados anterior-
mente e testando suas soluções e impactos.
Muitas vezes há, para cada projeto, várias soluções 
ideais que se relacionam com os condicionantes de 
maneira única. A liderança da equipe se torna crucial 
durante o processo de discussão e tomada de deci-
sões, uma vez que, para ser eficiente, a equipe precisa 
adotar uma abordagem e uma direção determinadas, 
conforme aquelas que identificamos anteriormente.
Neste ponto, as atribuições da equipe e o processo 
de projeto integrado também são extremamente im-
portantes. É evidente que, no final, será preciso tomar 
uma decisão definitiva. Esta área do projeto só tem a 
lucrar com o processo de projeto integrado, tirando 
proveito do compartilhamento dos conhecimentos es-
pecíficos dos diferentes membros da equipe.
Dê um passo além
Na prática profissional, o processo de projeto integra-
do não termina com a construção. Os administrado-
res, usuários, inquilinos, locadores, zeladores e geren-
tes de instalações precisam de treinamento a fim de 
compreender o comportamento de cada decisão sus-
tentável inter-relacionada. Os manuais dos inquilinos 
e dos administradores auxiliam nessa compreensão e 
aumentam a probabilidade de sucesso das edificações 
sustentáveis integradas. A contratação de diversos es-
pecialistas – processo definido e descrito a seguir – 
garante que a edificação seja saudável e funcional, 
que, por sua vez, é o mecanismo que confirma que o 
objetivo de projeto foi alcançado.
O projeto integrado de edificações: 
a energia, os recursos naturais e o ar
A metodologia e as ferramentas para o controle do 
consumo de energia no processo de projeto integrado
Conforme discutimos no início deste capítulo, o projeto 
integrado é um processo que considera as relações en-
tre as diferentes decisões tomadas durante o projeto de 
uma edificação. Algumas decisões iniciais de projeto, 
como as que tratam do terreno e da orientação da edi-
ficação, das plantas baixas e do volume da edificação, 
e do tamanho e da localização das janelas, influenciam 
enormemente a estética do prédio (Figura 1-7).
Em muitos casos, as inter-relações das decisões de 
projeto também determinam quanta energia a edifica-
ção consumirá no seu dia a dia. No processo de proje-
to integrado, o projetista deve estar ciente de um con-
junto mais amplo de impactos, incluindo a estética, a 
energia, o meio ambiente e a experiência do usuário.
Usar a ciência de maneira 
responsável.
Garantir que as políticas sejam desenvolvidas e 
implantadas com base em evidências científicas 
comprovadas, mas também considerando as 
incertezas científicas (por meio do Princípio da 
Precaução), bem como as posturas e valores públicos.
Viver dentro de limites
ambientais.
Respeitar os limites do ambiente, dos recursos e 
da biodiversidade do planeta, de forma a 
melhorar o ambiente em que vivemos e a 
garantir que os recursos naturais necessários para 
a vida sejam preservados e permaneçam para as 
futuras gerações.
Garantir uma sociedade forte, 
saudável e justa.
Atender às diferentes necessidades de todas 
as pessoas nas comunidades tanto 
pré-existentes como futuras, promovendo o 
bem-estar social, a coesão social e 
oportunidades iguais para todos.
Alcançar uma economia
sustentável.
Construir uma economia forte, estável e sustentável 
que ofereça prosperidade e oportunidades para 
todos, na qual os custos ambientais e sociais sejam 
de responsabilidade daqueles que os provocam (“O 
Poluidor é Quem Paga”) e na qual se incentive o uso 
eficiente dos recursos.
Promover uma boa
governança.
Promover ativamente sistemas de governança 
eficazes e participativos em todos os níveis da 
sociedade, envolvendo a criatividade, a energia e a 
diversidade das pessoas. Figura 1-5 Dentre os cincos pontos 
principais do planejamento britânico 
de sustentabilidade, três tratam de 
questões sociais.
Edificação convencional
Edificação eficiente no consumo de energia
Edificação sustentável
Edificação sustentável com receitas
resultantes da geração de
energia sobressalente
C
u
st
o
s 
ac
u
m
u
la
d
o
s 
(e
m
 v
al
o
re
s 
at
u
ai
s)
Vida útil da edificação (anos)
0 25 50 75 100
Figura 1-6 Uma comparação do custo de ciclo de vida de quatro tipos 
de edificação: uma edificação convencional, uma edificação eficiente 
no consumo de energia, uma edificação sustentável e uma edificação 
sustentável com receitas resultantes da geração de energia sobressa-
lente. Os custos acumulados da edificação com estratégias de consumo 
eficiente de energia e com receitas geradas com a venda de energia são 
significativamente mais baixos, enquanto os gastos da edificação con-
vencional aumentam vertiginosamente com o passar do tempo.
Keeler_01.indd 21Keeler_01.indd 21 30.04.10 17:19:2630.04.10 17:19:26
22 Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis
No mundo real da arquitetura e do projeto, a prática 
integrada geralmente requer um tempo de projeto adi-
cional durante a fase de estudos preliminares. Esse tem-
po é necessário para que o arquiteto, os engenheiros 
mecânicos e elétricos, e os demais membros da equipe 
possam fazer perguntas, discutir as opções e seus im-
pactos, e estimar as implicações de energia e custo das 
escolhas que estão considerando. (Veja a Figura 1-3.)
Os objetivos básicos da sustentabilidade devem 
ser estabelecidos já no início do projeto, o que re-
sulta em metas significativas que permitem avaliar as 
opções e o progresso alcançado. Em vez de prescre-
ver soluções específicas, esses objetivos devem esti-
pular metas mensuráveis e de fácil compreensão para 
o desempenho da edificação.
Ao considerar o desempenho energético, o estu-
dante pode ter como objetivo reduzir o consumo de 
energia da edificação em 50% em relação ao consu-
mo médio de energia de edificações semelhantes em 
sua região. Para demonstrar o cumprimento da meta, é 
possível utilizar desde uma lista simples de estratégias 
de projeto de baixo consumo de energia até um mode-
lo energético simples do projeto feito em um software 
fácil de usar, como o Energy-10 ou o eQUEST (Figuras 
1-8A, B e C). Aprender a usar as ferramentas de infor-
mática que avaliam o desempenho energético da edi-
ficação antes de se formar deve estar entre os objetivos 
de todos os estudantes de arquitetura e engenharia.
No nível profissional, o estabelecimento de metas 
de desempenho e a avaliação do projeto devem fazer 
parte de um processo mais rigoroso. No âmbito do pro-
jeto de edificações, muitas associações profissionais 
estipularam padrões para as práticas recomendadas.
A ASHRAE (American Society of Heating, Refri-
gerating, and Air-Conditioning Engineers) criou um 
padrão de uso energético conhecido como ASHRAE 
90.1, que é atualizado periodicamente; a atualização 
mais recente data de 2007.
Os Padrões Energéticosde Edificações do Título 
24 [Title 24 Building Energy Standards]3, do Estado da 
Califórnia, estabelecem exigências para novas edifica-
ções e projetos de reforma dentro do estado. As exi-
gências tanto do ASHRAE 90.1 como do Título 24 va-
riam de acordo com a região. Os objetivos gerais em 
termos de consumo de energia devem se relacionar 
com os padrões preexistentes, exigindo, por exem-
plo, um desempenho energético 50% superior ao do 
ASHRAE 90.1-2005 ou do Título 24-2008.
No nível profissional, é importante fazer a modela-
gem das opções para a tomada de decisões bem emba-
sadas. Isso permite uma melhor compreensão das in-
terações entre os sistemas da edificação e entre outros 
elementos de um projeto sustentável, como o uso de 
recursos pelos materiais e a qualidade do ar interno.
No caso tanto de estudantes como de profissio-
nais, o objetivo deve ser maximizar a eficiência dos 
sistemas da edificação, buscando interações comple-
mentares que reduzam o lixo e os efluentes – usando, 
por exemplo, a capacidade térmica residual de um 
sistema para pré-aquecer outros. No nível profissio-
nal, isso envolve usar equipamentos extremamente 
SOL
ALTO
NO VERÃO, VENTOS
QUENTES E ÚMIDOS DA
DIREÇÃO SUDOESTE
NO INVERNO,
VENTOS FRIOS DA
DIREÇÃO NORDESTE
RUÍDOS E
POLUIÇÃO VINDOS
DA ESTRADA
Figura 1-7 Croqui do Centro de 
Ciências de Istambul que ajuda os 
projetistas a compreender os pa-
drões eólicos do terreno e o percurso 
aparente do sol, já que os dois fatores 
afetarão as decisões de projeto.
3 California Energy Commission, 2008 Building Energy Effi-
ciency Standards for Residential and Nonresidential Buildings, 
CEC-400-2008-001-CMF (Sacramento, CA: California Energy Com-
mission, December 2008).
Keeler_01.indd 22Keeler_01.indd 22 30.04.10 17:19:2730.04.10 17:19:27
Capítulo 1 O Processo de Projeto Integrado de Edificações 23
eficientes, dimensionar os sistemas de modo adequa-
do e incorporar energias renováveis assim que os de-
mais sistemas forem aprimorados.
Recursos: a água e as matérias-primas 
da construção de edificações
Como ocorre com todas as decisões sustentáveis, con-
siderar o uso de recursos desde o início é essencial 
para um projeto sério. Nos Estados Unidos, a indústria 
da construção civil responde por 40% de todo o con-
sumo de matérias-primas (3 bilhões de toneladas por 
ano)4. Assim, é essencial o aproveitamento consciente 
da água e do solo, bem como dos recursos de minera-
ção e extrativismo.
Figura 1-8 a-c Telas ilustrativas do 
software de avaliação do consumo 
de energia eQUEST, disponível online 
em http://www.doe2.com/equest/.
(a)
(b)
4 N. Lenssen and D. M. Roodman, “Paper 124: A Building Revolu-
tion: How Ecology and Health Concerns are Transforming Cons-
truction,” Worldwatch (1995),Worldwatch Institute.
Keeler_01.indd 23Keeler_01.indd 23 30.04.10 17:19:2730.04.10 17:19:27
24 Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis
Para utilizar os recursos com inteligência, é preci-
so maximizar seu potencial a fim de aumentar a efi-
cácia e a eficiência e reduzir ou “eliminar o concei-
to de desperdício” por completo, conforme William 
McDonough e Michael Braungart propuseram em The 
Hannover Principles.5 Algumas culturas usam os ani-
mais por inteiro – do focinho ao rabo e do bico à gar-
ra – para fins de alimentação e vestimenta; devemos 
fazer o mesmo com as árvores, o granito e os recursos 
ameaçados e superexplorados, utilizando todo o seu 
potencial de maneira criteriosa.
A outra faceta do uso de recursos exige que se 
entenda o equilíbrio natural e se evite interferir nele 
durante a extração dos mesmos. Neste momento, a 
realidade incômoda do projeto integrado permite que 
determinemos prioridades, meios-termos e opções. As 
Figuras 1-9 e 1-10 mostram os resultados das práticas 
de manejo florestal sustentáveis em relação às não 
sustentáveis.
É necessário examinar os recursos, materiais, pro-
dutos e sistemas, incluindo suas vidas úteis, para im-
plantar o projeto integrado completamente. Estamos 
enfrentando uma crise devido às mudanças climáticas 
e aos impactos associados, como a redução de radia-
ção solar na Terra e a escassez de água. Temos de lidar 
com uma tarefa planetária monumental: tentar equili-
brar a energia, as emissões e os fluxos de água.
Como arquitetos e projetistas, podemos abordar 
tais questões na escala local e de maneira menos gran-
diosa, projetando edificações sustentáveis; além de vi-
ável, essa tarefa tem efeitos cumulativos significativos.
A água
As edificações usam 12,2% de toda a água potável, ou 
seja, 57 trilhões de litros por ano, nos Estados Unidos.6
Nos capítulos a seguir, discutiremos estratégias es-
pecíficas para reduzir o consumo de água durante a 
construção e a ocupação, e também para aproveitar a 
água não potável e a água da chuva coletada em usos 
Figura 1-8 a-c Continuação.
(c)
Re
flo
re
sta
me
nto
Ar
tifi
cia
l e
/o
u n
atu
ral
Me
lho
res
 pr
át
ica
s d
e 
m
an
ej
o
Estética do
habitat
Recreação,
toras e polpa
de madeira
Toras e
madeira serrada
Queimadas
prescritas para
preservação da
biodiversidade
Tratamento intermediário
Desmatamento controlado e recuperação
Ex
tra
tiv
ism
o
Conservação do solo e da água
Preparação do terreno
Figura 1-9 Técnicas para o extrativismo responsável de recursos.
5 William McDonough & Michael Braungart, The Hannover Principles, 
Design for Sustainability, Edição do 10º Aniversário, encomendada 
para ser o manual de projeto oficial da EXPO 2000, William McDo-
nough + Partners, McDonough Braungart Design Chemistry, 2003.
6 Dados fornecidos pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos 
[United States Geological Service] (1995).
Keeler_01.indd 24Keeler_01.indd 24 30.04.10 17:19:2730.04.10 17:19:27
Capítulo 1 O Processo de Projeto Integrado de Edificações 25
que não sejam o consumo humano. As águas pluviais 
coletadas devem ser aproveitadas, conforme descre-
vemos na Figura 1-11.
Como arquitetos e projetistas, devemos pensar 
em soluções construídas, como sistemas de armaze-
nagem de água, sejam elas naturais ou humanas, e 
em soluções de tratamento de água no terreno e na 
própria edificação. Para fins de projeto integrado, as 
estratégias de conservação de água giram em torno do 
lançamento de esgoto, da preservação da paisagem e 
do manejo dos recursos hídricos.
O lançamento de esgoto. As edificações sustentáveis 
influenciam o projeto integrado de maneira significa-
tiva no que se refere à água, pois têm condições de 
reduzir a quantidade de água potável necessária para 
descartar os dejetos humanos. A reciclagem das águas 
fecais e servidas é uma estratégia de conservação da 
água potável (Figura 1-12).
Outra maneira de reduzir o consumo de água po-
tável é fazer o projeto hidrossanitário de acordo com 
a demanda dos usuários. Essa abordagem envolve 
Figura 1-10 Técnicas de extrativismo destrutivo de recursos.
A ÁGUA PLUVIAL É COLE TADA TR ATADA ARMAZENADA DISTRIBUÍDA
A ÁGUA INGRESSA NO SISTEMA PLUVIAL
A ÁGUA É TRATADA
IRRIGAÇÃO
PARA O
ESGOTO
LAVAGEM DE AUTOMÓVEIS
BACIAS SANITÁRIAS
PARA O
SISTEMA
DE ÁGUAS
PLUVIAIS
A ÁGUA FICA EM RESER VATÓRIOS
ATÉ QUE SE JA PRECISO USÁ-LA
A ÁGUA É ARMAZENADA
EM BACIAS
A ÁGUA PLUVIAL É
COLE TADA DAS COBER TURAS,
RUAS E PASSEIOS
Figura 1-11 Sistema de coleta de águas pluviais no nível comunitário, na Nova Zelândia.
Sistema aprovado pelo Departamento de Saúde
de Nova Gales do Sul (Austrália)
Este sistema é usado para tratar águas servidas, água 
do banho, água dos lavatórios e água da máquina de 
lavar roupa, até se atingir os padrões estabelecidos 
pelo Departamento de Saúde para a reciclagem e o 
reuso na descarga de bacias sanitárias, na lavagem de 
automóveis,na irrigação de jardins e até em 
máquinas de lavar roupa.
a água reciclada vai para a residência
irrigação do jardim e lavagem
dos automóveis
linhas de conexão da caixa de controle
ladrão para o esgoto
do banheiro e da cozinha para o esgoto
águas servidas do banheiro e da lavanderia
Figura 1-12 As águas servidas provenientes de banheiras, chuveiros, pias e da lavagem de roupa podem ser tratadas e reutilizadas na descarga 
de bacias sanitárias e na irrigação dos jardins.
Keeler_01.indd 25Keeler_01.indd 25 30.04.10 17:19:2730.04.10 17:19:27
26 Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis
o cálculo de diversos fatores utilizando um cenário 
de projeto básico ou padrão e propondo um caso de 
projeto com o qual se possa compará-lo. Trata-se de 
um exercício de modelagem que, consequentemente, 
pode ser usado como uma ferramenta de projeto. Para 
fazer modelos que visem à redução do uso de água 
potável no lançamento de esgoto, é preciso conside-
rar os seguintes fatores:
A ocupação, ou seja, quantas pessoas utilizam a •
edificação e em quais horários elas estão presentes.
A frequência do uso. •
Os tipos de aparelhos hidrossanitários. •
A preservação da paisagem. As equipes de projeto 
têm condições de projetar visando à redução signifi-
cativa do uso de água nos jardins e, ao mesmo tempo, 
à diminuição do consumo de água potável no interior 
da edificação. Novamente, recomendamos a compa-
ração entre cenários simples, a partir da modelagem 
de pressupostos consistentes sobre o clima e a paisa-
gem, para obter a eficiência da irrigação. Para a mo-
delagem das questões referentes à paisagem, é preciso 
considerar os seguintes fatores:
Os tipos de vegetação (adaptação ao clima, espécies •
nativas, xerojardinagem, evitar-se a monocultura)
Os sistemas de irrigação •
O controle da erosão •
O manejo das águas pluviais •
Os recursos hídricos. Evidentemente, o controle do 
consumo de água é apenas um dentre os vários aspec-
tos envolvidos na maximização da eficácia no uso da 
água; os outros são a boa gestão dos recursos hídricos 
e até a possibilidade de produzir água própria para 
uso, seja por meio de tecnologias de tratamento ou da 
dessalinização. Os métodos para controlar o consu-
mo de água incluem:
A coleta e a armazenagem das águas pluviais •
O tratamento das águas fecais ( • in loco e integrado 
às edificações)
A utilização das águas servidas municipais •
As tecnologias futuras, como a dessalinização e a •
reciclagem da água para torná-la potável
A fim de proteger e gerir os recursos hídricos exis-
tentes, também é possível desenvolver programas 
educativos de conservação da água voltados para os 
usuários das edificações. Será necessário repensar os 
métodos históricos de manejo do abastecimento de 
água, do seu uso comunitário e da sua distribuição.
As matérias-primas da construção
Nos capítulos a seguir, discutiremos alguns exemplos 
de recursos. Existem vários tipos de recursos, incluin-
do os vivos e os não vivos, como metais, minerais, 
óleos e madeira; os recursos energéticos renováveis, 
como a energia das marés, dos ventos e do sol; além 
de outros recursos renováveis e não renováveis.
No caso de edificações, as matérias-primas são 
tratadas diretamente nas categorias de recursos vivos 
e não vivos, embora os recursos energéticos renová-
veis também façam parte de seus ciclos de vida.
Especificar os materiais de construção é essencial 
para projetar edificações sustentáveis. Fazer perguntas 
sobre a vida útil dos produtos é uma boa maneira de 
aprender sobre a variabilidade, a utilidade e a con-
tribuição dos materiais para a degradação do meio 
ambiente. (A seleção dos materiais será discutida em 
outro capítulo.)
Durante o processo de projeto integrado, os ar-
quitetos e demais projetistas devem reunir dados so-
bre os materiais e produtos que desejam especificar 
para então criar uma edificação eficiente em termos 
de recursos, utilizando os materiais de mineração e 
extrativismo com inteligência. O projetista deve se in-
formar a respeito dos seguintes fatores relacionados 
aos produtos:
a embalagem •
a energia incorporada •
o conteúdo reciclado •
a possibilidade de reciclagem, de reuso e de recu- •
peração
a produção de lixo •
o processo de fabricação em circuito fechado; •
a durabilidade e a vida útil •
a proporção de recursos renováveis e não renová- •
veis em cada produto
Os bancos de dados e sistemas de avaliação de 
materiais, como o Pharos (Figura 1-13), que serão 
discutidos no capítulo dedicado aos materiais susten-
táveis, facilitam enormemente a pesquisa que funda-
menta as melhores escolhas ambientais.
A qualidade do ar e do ambiente internos
A qualidade do ambiente interno inclui várias ques-
tões relacionadas ao conforto dos usuários e à quali-
dade do espaço de trabalho ou habitação: a tempera-
tura, a umidade, o ofuscamento, a acústica, o acesso 
à luz natural, a eficiência da circulação do ar através 
dos espaços utilizados e a qualidade do ar interno 
propriamente dito. Os próprios usuários podem lidar 
com muitas dessas preocupações, contanto que os sis-
temas das edificações sejam criativos o bastante para 
permitir que as pessoas controlem os ambientes.
A qualidade do ar interno (QAI) deve ser a prin-
cipal preocupação dos projetistas de edificações in-
tegradas, uma vez que o ar interno está diretamente 
relacionado à saúde dos usuários a longo prazo. A 
QAI ruim gera inúmeros problemas, conforme des-
creve a Figura 1-14. Para obter um bom ar interno, é 
Keeler_01.indd 26Keeler_01.indd 26 30.04.10 17:19:2830.04.10 17:19:28
Capítulo 1 O Processo de Projeto Integrado de Edificações 27
preciso reduzir a exposição dos usuários a produtos 
químicos preocupantes (por exemplo, cancerígenos, 
tóxicos do sistema reprodutivo e outras substâncias 
químicas possivelmente prejudiciais à saúde), con-
siderando os quatro elementos da boa QAI durante 
todo o projeto:
O • controle da fonte, que inclui a seleção criterio-
sa dos materiais, acabamentos, móveis e acessó-
rios da edificação; selecione-os de acordo com as 
emissões de compostos orgânicos voláteis (VOCs), 
e não pelo conteúdo.
O • controle da ventilação, que inclui o projeto de 
sistemas que filtrem adequadamente o ar externo 
e o façam circular, ultrapassando as taxas de troca 
de ar mínimas.
A • avaliação da edificação e da qualidade do ar in-
terno, que permite aos engenheiros e construtores 
determinar se os sistemas da edificação estão fun-
cionando de maneira adequada.
A • manutenção da edificação, que envolve a in-
trodução de novos produtos químicos capazes 
de produzir efeitos sinergísticos e de gerar novas 
substâncias químicas preocupantes. Para garantir 
a melhoria contínua da qualidade do ar, é impor-
tante utilizar produtos de limpeza e manutenção 
benignos – e também estabelecer um programa de 
monitoramento de sustentabilidade.
Depois de ler este capítulo, talvez você comece a 
achar que o projeto integrado de edificações é extre-
mamente complicado. Porém, sempre que esse pro-
cesso único é visto como uma maneira inovadora, 
mas consistente, de solucionar desafios de projeto e 
de introduzir o raciocínio sustentável, tanto a prática 
como o resultado dos esforços são benéficos. Este li-
vro apresenta aos estudantes “uma nova arquitetura 
sustentável”, isto é, uma arquitetura capaz de pro-
jetar e produzir ambientes construídos eficientes e 
saudáveis.
EXERCÍCIOS
Memorize três estatísticas fundamentais identi-1. 
ficadas no capítulo e que são capazes de ilustrar 
os efeitos do exaurimento de recursos naturais na 
construção convencional.
Crie um mapa de recursos ambientais para um 2. 
projeto hipotético e determine qual local teria um 
impacto ambiental menor sobre os recursos do en-
torno.
Crie um modelo energético simples com o 3. 
Energy-10,utilizando uma lista de princípios de 
consumo de energia.
Planeje uma equipe de projeto integrado. Como 4. 
as atribuições seriam divididas entre os membros 
da equipe? De quais níveis e fases do projeto cada 
membro participaria?
Em termos de processo de projeto integrado, quais 5. 
seriam as diferenças entre um edifício alto (uma 
“torre”) e uma escola particular de ensino funda-
mental? Quais consultores participariam de cada 
projeto?
Desenvolva um cronograma de reuniões regula-6. 
res em torno de etapas de projeto para seu projeto 
atual de ateliê da faculdade de arquitetura.
M
EI
O 
AM
BI
EN
TE
 • 
RE
CU
RS
OS
 NA
TU
RA
IS
SOCIEDADE • COM
UNIDADE
SAÚDE • POLUIÇÃO
1
2
3
Figura 1-13 A “roda” ou “lente” Pharos ilustra três esferas de sustenta-
bilidade: o meio ambiente e os recursos naturais; a sociedade e a comu-
nidade; a saúde e a poluição, classificando os materiais de acordo com 
uma escala visual.
SINTOMAS RELACIONADOS AOS POLUENTES DO AR INTERNO
Dores de cabeça
Tontura
Cansaço
Náuseas
Vômito
Urticária
Irritação nos olhos
Irritação no nariz
Irritação na garganta
Irritações respiratórias
Tosse
Falta de ar
Infecções respiratórias
Asma (piora do quadro)
Reações alérgicas
Câncer de pulmão
Partículas Bioaerossóis Gases
Po
ei
ra
, t
er
ra
,
ci
n
za
s
Fu
m
aç
a 
d
e
ci
g
ar
ro
Pó
le
n
M
of
os
, b
ol
or
es
,
fu
n
g
os
B
ac
té
ri
as
, v
ír
us
C
on
ví
vi
o 
co
m
an
im
ai
s
d
om
és
ti
co
s
Á
ca
ro
s
M
on
óx
id
o
d
e 
ca
rb
on
o
Fo
rm
al
d
eí
d
os
C
om
p
os
to
s
O
rg
ân
ic
os
Vo
lá
te
is
 (V
O
C
s)
Figura 1-14 A má qualidade do ar interno pode ter diversos efeitos 
negativos.
Keeler_01.indd 27Keeler_01.indd 27 30.04.10 17:19:2830.04.10 17:19:28

Outros materiais