Buscar

Abricó da Praia - OMEPRAZOL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FABILE SCHLICKMANN 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL 
GASTROPROTETOR, ANTINOCICEPTIVO E ANTIPROLIFERATIVO 
DE Mimusops balata (ABRICÓ-DA-PRAIA) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí 
2015 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS 
FARMACÊUTICAS 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E 
SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS 
 
 
 
 
 
FABILE SCHLICKMANN 
 
 
 
 
ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL 
GASTROPROTETOR, ANTINOCICEPTIVO E ANTIPROLIFERATIVO 
DE Mimusops balata (ABRICÓ-DA-PRAIA) 
 
 
 
 
Dissertação submetida à Universidade do Vale do 
Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção 
do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. 
 
Orientador: Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho 
Co-Orientador: Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade 
 
 
 
 
 
Itajaí, Março, 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
S39e 
 
 
Schlickmann, Fabile, 1989- 
 Estudo químico e avaliação do potencial gastroprotetor, antinociceptivo e 
antiproliferativo de mimusops balata (abricó-da-praia) / Fabile 
Schlickmann, 2015. 
 111f. ; il., tab. ; fig. 
 
 Cópia de computador (Printout(s)). 
 Dissertação (Mestrado) Universidade do Vale do Itajaí, Mestrado em 
Ciências Farmacêuticas. 
 “Orientador : Prof . Dr Valdir Cechinel Filho ” 
 Bibliografia : p.95-111 
 
 1. Mimusops balata. 2. Fitoterapia. 3. Farmacologia. I. Título. 
 
 CDU: 615.32 
 
 
 
 
 
Josete de Almeida Burg – CRB 14.ª 293 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico este trabalho à minha mãe Alivir, 
que com sua força e doçura me ensinou a 
nunca deixar de seguir adiante e, ao meu 
pai Vicente (in memoriam), o qual se 
alegraria com este feito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
À Deus, por me proporcionar força e serenidade para seguir esta trajetória; 
À minha mãe e irmãos, pela compreensão e apoio nos momentos difíceis e à minha 
família, pelo carinho; 
Ao meu amor Ricardo, pela paciência e carinho; 
Às minhas amigas Fabiana, Adriana, Juarana, Ângela, Mariel, Beth que 
compartilharam importantes momentos comigo e às amigas distantes, mas que 
sempre estiveram presentes, Camila, Marja, Fernanda; 
Ao meu orientador Prof. Valdir Cechinel Filho, pela confiança, pelos ensinamentos e 
disposição para sempre fazermos um bom trabalho, além da amizade construída ao 
longo destes dois anos; 
Ao Prof. Theodoro Marcel Wagner, ao Funcionário Pedro Pablo Perez Netto (RMN), 
Marcel Petreanu, Prof. Oscar Iza e ao Herbário Barbosa Rodrigues, pela 
contribuição; 
À equipe da gastroproteção: Prof. Sérgio Faloni de Andrade, Prof. José Roberto 
Santin, Luísa, Thaise, Lincon e todos que contribuíram de alguma forma; 
Ao Prof. João Ernesto de Carvalho e ao Centro Pluridisciplinar de Pesquisas 
Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) na Universidade de Campinas 
(UNICAMP) pelo desenvolvimento dos testes in vitro (atividade antiproliferativa); 
À Profa. Fátima de Campos Buzzi, Karla e equipe, pelos testes antinociceptivos; 
À banca avaliadora, Profa. Ângela Malheiros, Profa. Márcia Maria de Souza e Profa. 
Simone Andrade Gualberto pela disposição em avaliar e contribuir com o presente 
trabalho; 
À Profa. Tania Mari Belle Bresolin, pelo apoio e confiança e à equipe da 
coordenação do PPGCF/Univali – Juliano e Helenize, sempre solícitos e atenciosos. 
À CAPES e CNPq pela oportunidade e apoio financeiro. 
À todos que estiveram presentes durante esta trajetória e que contribuíram de 
alguma forma. 
 
MUITO OBRIGADA!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
“A percepção do desconhecido é a mais 
fascinante das experiências. O homem 
que não tem os olhos abertos para o 
mistério passará pela vida sem ver nada.” 
 
Albert Einstein 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO QUÍMICO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL 
GASTROPROTETOR, ANTINOCICEPTIVO E ANTIPROLIFERATIVO 
DE Mimusops balata (ABRICÓ-DA-PRAIA) 
 
FABILE SCHLICKMANN 
Março, 2015 
 
Orientador: Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho. 
Co-Orientador: Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade. 
Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas 
Número de páginas: 111. 
 
O abricó-da-Praia (Mimusops balata), família Sapotaceae, é uma árvore perene 
nativa da América tropical, ocorre geralmente no litoral por se adaptar bem aos solos 
arenosos e salinos. A presente pesquisa teve como objetivo proceder a análise 
biológica (gastroprotetora, antinociceptiva e antiproliferativa) de extratos, frações e 
substâncias puras a partir de diferentes partes de Mimusops balata. A análise 
fitoquímica foi realizada por meio de maceração das partes da planta com metanol, 
por sete dias. Os extratos foram evaporados, com exceção do extrato da semente, o 
qual foi particionado gerando as frações clorofórmio e acetato de etila. Para 
elucidação estrutural utilizou-se técnicas convencionais espectrométricas (RMN, MS) 
e cromatográficas (CLAE, CG/FID). Quanto à parte farmacológica, foram utilizados 
modelos experimentais em ratos e camundongos. Para avaliação de dor aguda 
utilizou-se modelo por contorções abdominais induzidas pelo ácido acético. A 
atividade gastroprotetora foi avaliada pelos modelos de úlcera induzida por 
etanol/HCl, determinação da secreção gástrica e AINES. A avaliação da atividade 
antiproliferativa foi realizada, in vitro, em células neoplásicas humanas: U251 
(glioma), MCF-7 (mama) e NCI-H460 (pulmão). Foram identificados e isolados os 
compostos taxifolina, nas sementes (fração acetato de etila) e mistura de α e β-
amirina, nas folhas. Nos testes de dor aguda, todos os extratos exibiram efeito 
antinociceptivo, sendo o extrato da semente mais eficaz, possivelmente devido a 
presença da taxifolina. Nos diferentes modelos de úlcera utilizados, a dose de 
300mg/kg teve resultado estatisticamente significativo. Em relação à atividade 
antiproliferativa, os extratos não tiveram efeitos estatisticamente significativos. A 
taxifolina é o mais abundante composto presente nas sementes e não foi identificado 
nas demais partes da planta em estudo, podendo as sementes se constituirem de 
fonte para a obtenção deste importante flavonóide. Os resultados obtidos permitem 
concluir que a planta em estudo, particularmente as sementes, possuem relevantes 
ações biológicas, especialmente em modelos de gastroproteção.Sugere-se a 
continuidade dos estudos tanto fitoquímicos como farmacológicos na busca de 
novos agentes medicinais considerando o potencial terapêutico evidenciado e a 
ausência de publicações científicas sobre a planta em estudo. 
 
Palavras-chave: Mimusops balata. Triterpenos. Taxifolina. Gastroproteção. 
Antinocicepção. Antiproliferativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CHEMICAL STUDY AND EVALUATION OF GASTROPROTECTIVE, 
ANTINOCICEPTIVE AND ANTIPROLIFERATIVE POTENTIAL OF 
Mimusops balata (ABRICÓ-DA-PRAIA) 
 
FABILE SCHLICKMANN 
March 2015 
 
Supervisor: Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho. 
Co-Supervisor: Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade. 
Area of concentration: Natural Products and Bioactive Synthetic Substances 
Number of pages: 111. 
 
Abricó-da-Praia (Mimusops balata), Sapotaceae family, is a perennial tree that is 
native to tropical America, where it occurs mainly on the coast, adapting well to 
sandy and saline soils. The aim of this study was to carry out a biological analysis of 
the gastroprotective, antinociceptive and antiproliferative properties of extracts, 
fractions, and pure substances from different parts of Mimusops balata. The 
phytochemical analysis was carried out by maceration of the parts of the plant with 
methanol, for seven days. The extracts were evaporated, except for the seed extract, 
which was partitioned, generating chloroform and ethyl acetate fractions. For 
structural elucidation, conventional spectrometric (NMR, MS) and chromatographic 
(HPLC, GC/FID) techniques were used. In the pharmacological phase, experimental 
models were used on rats and mice. For the evaluation of acute pain, the model of 
acetic acid-induced abdominal contractions was used. The gastroprotective activity 
was evaluated by the models of ethanol/HCl-induced ulcer, determination of gastric 
secretion, and NSAIDs. The evaluation of in vitro antiproliferative activity was 
performed in vitro, in human cancer cells: U251 (glioma), MCF-7 (breast), and NCI-
H460 (lung). The compounds taxifolin, in the seeds (ethyl acetate fraction), and a 
mixture of α and β-amyrin, in the leaves, were identified and isolated. In the acute 
pain tests, all the extracts exhibited antinociceptive effect, the seed extract being the 
most effective, possibly due the presence of taxifolin. In the different ulcer models 
used at a dose of 300mg/kg, the result was statistically significant. In relation to the 
antiproliferative activity, the extracts had no statistically significant effects. Taxifolin is 
the most abundant compound present in the seeds, and was not identified in other 
parts of the studied plant, suggesting that the seeds are a source of this important 
flavonoid. These results suggest the need for further phytochemical and 
pharmacological studies in the search for new medicinal agents. 
 
 
Keywords: Mimusops balata. Triterpenes. Taxifolin. Gastroprotection. 
Antinociception. Antiproliferative. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 Foto de uma árvore de Mimusops balata (abricó-da-praia)................ 44 
Figura 2 Organograma da análise fitoquímica das folhas de Mimusops 
balata (abricó-da-praia)....................................................................... 
 
48 
Figura 3 Organograma da análise fitoquímica do caule de Mimusops balata 
(abricó-da-praia).................................................................................. 
 
49 
Figura 4 Organograma da análise fitoquímica da polpa do fruto de Mimusops 
balata (abricó-da-praia)....................................................................... 
 
50 
Figura 5 Organograma da análise fitoquímica das cascas do fruto de 
Mimusops balata (abricó-da-praia)..................................................... 
51 
Figura 6 Organograma da análise fitoquímica das sementes do fruto de 
Mimusops balata (abricó-da-praia)..................................................... 
 
52 
Figura 7 Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN-
1H) da Taxifolina isolada das sementes de Mimusops balata em 
metanol deuterado (CD3OD).............................................................. 
 
 
61 
Figura 8 Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de Carbono-13 
(RMN-13C) da Taxifolina isolada das sementes de Mimusops balata 
em metanol deuterado (CD3OD)......................................................... 
 
 
62 
Figura 9 Espectro expandido de Ressonância Magnética Nuclear de 
Carbono-13 (RMN-
13
C) da Taxifolina isolada das sementes de 
Mimusops balata em metanol deuterado (CD3OD)............................. 
 
 
63 
Figura 10 Cromatograma de CLAE. Sobreposição das amostras: (a) extrato 
metanólico da semente de Mimusops balata e (b) Taxifolina no 
comprimento de onda 288 nm............................................................ 
 
 
64 
Figura 11 Estrutura química da taxifolina (3',4'-di-hidroxifenil)-5,7-di-hidroxi-
flavanon-3-ol) ou dihidroquercetina, isolada das sementes de 
Mimusops balata................................................................................. 
 
 
65 
Figura 12 Estruturas químicas de α-amirina e β-amirina.................................... 68 
Figura 13 
 
 
Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio (RMN-
1H) da mistura de a-amirina e ß-amirina isolada do resíduo das 
folhas de Mimusops balata em metanol deuterado (CD3OD)............ 
 
 
69 
Figura 14 Espectro de Ressonância Magnética Nuclear de Carbono-13 
(RMN-13C) da mistura de a-amirina e ß-amirina isolada do resíduo 
das folhas de Mimusops balata em metanol deuterado (CD3OD)..... 
 
 
70 
Figura 15 Cromatograma obtido por CG (FID) para a amostra 23..................... 71 
Figura 16 Efeitos da administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e 
diferentes doses (30, 100 e 300mg/kg) do extrato metanólico da 
casca do fruto de Mimusops balata em camundongos submetidos 
ao modelo de úlcera induzida por etanol/HCl..................................... 
 
 
 
75 
Figura 17 Efeitos da administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e 
diferentes doses (30, 100 e 300mg/kg) do extrato metanólico da 
polpa do fruto de Mimusops balata em camundongos submetidos 
ao modelo de úlcera induzida por etanol/HCl..................................... 
 
 
 
75 
Figura 18 Efeitos da administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e 
diferentes doses (30, 100 e 300mg/kg) do extrato metanólico das 
sementes de Mimusops balata em camundongos submetidos ao 
modelo de úlcera induzida por etanol/HCl.......................................... 
 
 
 
76 
Figura 19 Fotos dos estômagos de camundongos submetidos aos efeitos da 
 
 
 administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e diferentes 
doses (30, 100 e 300mg/kg) do extrato metanólico das sementes 
de Mimusops balata, no modelo de úlcera induzida por etanol/HCl... 
 
 
76 
Figura 20 Efeitos da administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e 
taxifolina (T) isolada do extrato metanólico das sementes de 
Mimusops balata (1,14mg/kg) em camundongos submetidos ao 
modelo de úlcera induzida por etanol/HCl.......................................... 
 
 
 
77 
Figura 21 Fotos dos estômagos de camundongos submetidos aos efeitos da 
administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e taxifolina (T) 
isolada do extrato metanólico das sementes de Mimusops balata 
(1,14mg/kg), no modelo de úlcera induzida por etanol/HCl................ 
 
 
 
77 
Figura 22 Quantificação de muco (µg de Alcian Blue/g de tecido) após 
administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) ediferentes 
doses do extrato metanólico das sementes de Mimusops balata 
(30, 100 e 300mg/kg) em estômagos de camundongos submetidos 
ao modelo de úlcera induzida por etanol............................................ 
 
 
 
 
79 
Figura 23 Quantificação dos níveis de GSH (µg/g de tecido) após 
administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e diferentes 
doses do extrato metanólico das sementes de Mimusops balata 
(30, 100 e 300mg/kg) em estômagos de camundongos submetidos 
ao modelo de úlcera induzida por etanol............................................ 
 
 
 
 
80 
Figura 24 Quantificação dos níveis de MPO (D.O./mg proteína/ 3 minutos) 
após administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e do extrato 
metanólico das sementes de Mimusops balata (300mg/kg) em 
estômagos de camundongos submetidos ao modelo de úlcera 
induzida por etanol.............................................................................. 
 
 
 
 
81 
Figura 25 Quantificação dos níveis de LOOH (mmol/mg de tecido) após 
administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e extrato 
metanólico das sementes de Mimusops balata (300mg/kg) em 
estômagos de camundongos submetidos ao modelo de úlcera 
induzida por etanol.............................................................................. 
 
 
 
 
82 
Figura 26 Quantificação de volume (ml) de suco gástrico após administração 
oral de omeprazol (30mg/kg) e extrato metanólico das sementes de 
Mimusops balata (300mg/kg) em estômagos de ratos submetidos 
ao modelo de determinação de secreção gástrica............................. 
 
 
 
84 
Figura 27 Quantificação de pH após administração oral de omeprazol 
(30mg/kg) e extrato metanólico das sementes de Mimusops balata 
(300mg/kg) em estômagos de ratos submetidos ao modelo de 
determinação de secreção gástrica.................................................... 
 
 
 
85 
Figura 28 Quantificação de acidez (mEq [H+]) após administração oral de 
omeprazol (30mg/kg) e extrato metanólico das sementes de 
Mimusops balata (300mg/kg) em estômagos de ratos submetidos 
ao modelo de determinação de secreção gástrica............................ 
 
 
 
86 
Figura 29 Efeitos da administração oral de omeprazol (30mg/kg) extrato 
metanólico das sementes de Mimusops balata (300mg/kg) na 
atividade péptica (µM de tirosina/4 horas) em estômagos de ratos 
submetidos ao modelo de determinação de secreção 
gástrica............................................................................................. 
 
 
 
 
87 
Figura 30 
 
Quantificação de muco (µg de Alcian Blue/g de tecido) após 
administração oral de omeprazol (30mg/kg) e extrato metanólico 
 
 
das sementes de Mimusops balata (300mg/kg) em estômagos de 
ratos submetidos ao modelo de determinação de secreção 
gástrica................................................................................................ 
 
 
87 
Figura 31 Efeitos da administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e do 
extrato metanólico das sementes de Mimusops balata (300mg/kg) 
em ratos submetidos ao modelo de úlcera induzida por AINES 
(indometacina 80mg/kg)..................................................................... 
 
 
 
89 
Figura 32 Fotos dos estômagos de camundongos submetidos aos efeitos da 
administração oral de carbenoxolona (200mg/kg) e diferentes 
doses (30, 100 e 300mg/kg) do extrato metanólico das sementes 
de Mimusops balata, no modelo de úlcera induzida por etanol/HCl... 
 
 
 
90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 Princípios ativos, efeitos fisiológicos e principais fontes de alimentos 
funcionais.............................................................................................. 
 
33 
Tabela 2 Rendimento dos materiais vegetais de Mimusops balata no preparo 
de extratos metanólicos....................................................................... 
 
59 
Tabela 3 Resultados das Cromatografias de Camada Delgada dos extratos 
das partes de Mimusops balata conforme reveladores utilizados........ 
 
59 
Tabela 4 Comparação da estrutura química da taxifolina conforme 
literatura................................................................................................ 
 
64 
Tabela 5 Porcentagem de inibição de contorções abdominais em 
camundongos após a administração de extratos metanólicos brutos 
de Mimusops balata e Paracetamol por via intraperitoneal na dose 
de 10mg/kg........................................................................................... 
 
 
 
72 
Tabela 6 Porcentagem de inibição de contorções abdominais em 
camundongos após a administração de extratos metanólicos brutos 
de Mimusops balata e Paracetamol por via oral na dose de 
50mg/kg................................................................................................ 
 
 
 
73 
Tabela 7 Atividade antiproliferativa do controle positivo doxorrubicina e dos 
extratos metanólicos brutos da casca, caule e folhas de Mimusops 
balata contra linhagens tumorais humanas.......................................... 
 
 
90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
 
AINES – Anti-Inflamatórios Não Esteroidais 
ATP – Adenosina Trifosfato 
Cbn – Carbenoxolona 
CCD – Cromatografia de Camada Delgada 
CG/FID – Cromatografia Gasosa com Detector por Ionização de Chama 
CG/MS - Cromatografia Gasosa/Espectrometria de Massa 
CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência 
COX – Ciclo-Oxigenase 
COX-1 – Ciclo-Oxigenase 1 
COX-2 – Ciclo-oxigenase 2 
DI50 – Dose Inibitória de 50% 
DMSO – Dimetilsulfóxido 
EITF – Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier 
EROs – Espécies Reativas de Oxigênio 
GR – Glutationa Redutase 
GSH – Glutationa reduzida 
i.p. – Intraperitonealmente 
LDL – Low Density Lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade) 
LOOH – Hidroperóxidos Lipídicos 
MPO – Mieloperoxidase 
MS – Mass Spectrometry (espectometria de massa) 
NADPH – Fosfato de Dinucleótido de Nicotinamida e Adenina 
Naive – Animais sem tratamento farmacológico 
Ome – Omeprazol 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
Ran – Ranitidina 
RMN – Ressonância Magnética Nuclear 
RMN-1H – Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio 
RMN-
13
C – Ressonância Magnética Nuclear de carbono 13 
RPMI – Roswell Park Memorial Institute 
SFB – Soro Fetal Bovino 
 
 
SRB – Corante Protéico Sulforrodamina B 
T1,14 - Dose 1,14mg de taxifolina 
TGI – Total Growth Inhibition (inibição total de crescimento) 
TR – Tempo de Retenção 
Vei – Veículo 
v.o. – Via Oral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 23 
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 25 
2.1 Objetivo Geral: ................................................................................................. 25 
2.2 Objetivos Específicos: ..................................................................................... 25 
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 27 
3.1 Plantas e seus metabólitos .............................................................................27 
3.1.1 Principais classes de metabólitos secundários ......................................... 28 
3.2 Alimentos funcionais ....................................................................................... 31 
3.3 Análise fitoquímica e atividade biológica: aspectos gerais .......................... 34 
3.4 Dor ..................................................................................................................... 36 
3.5 Úlcera ................................................................................................................ 37 
3.6 Carcinogênese ................................................................................................. 40 
3.7 Da planta em estudo: Mimusops balata (abricó-da-praia)............................. 41 
3.7.1 Família e Gênero ........................................................................................... 41 
3.7.2 Mimusops balata (abricó-da-praia) .............................................................. 43 
4 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 45 
4.1 Análise Fitoquímica ......................................................................................... 45 
4.1.1 Materiais e reagentes .................................................................................... 45 
4.1.2 Equipamentos ............................................................................................... 45 
4.1.3 Obtenção de extratos .................................................................................... 46 
4.1.4 Elucidação estrutural .................................................................................... 47 
4.1.5 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência .................................................... 47 
4.1.6 Cromatografia Gasosa – FID ........................................................................ 48 
4.2 Análise Farmacológica .................................................................................... 53 
4.2.1 Avaliação da atividade antinociceptiva em modelo de dor aguda ............ 53 
4.2.2 Avaliação da atividade gastroprotetora ....................................................... 54 
4.2.3 Avaliação da atividade antiproliferativa in vitro. ......................................... 57 
4.2.4 Análise estatística ......................................................................................... 58 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 59 
5.1 Análise fitoquímica .......................................................................................... 59 
5.1.1 Identificação de compostos isolados .......................................................... 59 
 
 
5.2 Atividade Farmacológica ................................................................................. 72 
5.2.1 Atividade antinociceptiva ............................................................................. 72 
5.2.2 Atividade gastroprotetora............................................................................. 74 
5.2.3 Atividade antiproliferativa in vitro ................................................................ 90 
6 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 93 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 95 
 
 
 
23 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O registro da utilização de plantas como agentes terapêuticos são tão 
remotos quanto a era Paleolítica (FABRICANT; FARNSWORTH, 2001; 
RAMALINGUM; MAHOMOODALLY, 2014). Com o crescimento de doenças crônicas 
e complicações patológicas associadas, a saúde tornou-se alvo de investigação 
científica para encontrar novos alimentos e estratégias para abordar tal problema. 
Nos últimos anos ocorreram desafios significativos nos conceitos tradicionais de 
nutrição e farmacologia (RAMADAN; AL-GHAMDI, 2012; RAMALINGUM; 
MAHOMOODALLY, 2014). 
Os conhecimentos sobre o papel dos componentes fisiologicamente ativos 
dos alimentos, de fontes vegetais e animais tem mudado o entendimento do papel 
da dieta sobre a saúde (ADA, 2004). Em vista disto, há interesse mundial para 
melhorar a qualidade da nutrição e reduzir os gastos com saúde por meio da 
prevenção de doenças crônicas, da melhoria da qualidade e da expectativa de vida 
ativa (BADARÓ et al., 2008; STRINGHETA; OLIVEIRA; GOMES, 2007). 
Assim, foi esse interesse que levou a concepção do termo "alimentos 
funcionais", expressado também em uma variedade de termos como "pharmafoods", 
"medifoods", "vitafoods", ou "medicinalfoods" (KRUPA, 2008; RAMALINGUM; 
MAHOMOODALLY, 2014). Os alimentos funcionais possuem potencial para 
promover a saúde por meio de mecanismos não previstos na nutrição convencional, 
o que significa uma abordagem prática para alcançar o estado de saúde desejado, 
promovendo o bem estar e, possivelmente, a redução do risco de desenvolver 
enfermidades (COSTA et al., 2013; ROBERFROID, 2007; SIRÓ et al., 2008). 
A planta sintetiza susbtâncias químicas (metabólitos secundários) para 
elaboração de um sistema de proteção contra agressores presentes no ambiente, e, 
por conseguinte, algumas de suas funções podem ser de fungicida, de inseticida 
e/ou antibacteriana. Desta forma, a análise fitoquímica é realizada para conhecer os 
constituintes e eficácia terapêutica (VIZZOTTO; KROLOW; TEIXEIRA, 2010). 
É sabido que a utilização de plantas com fins medicinais para tratamento, 
cura e prevenção de doenças é uma das mais antigas formas de terapia medicinal 
24 
 
da humanidade (FERREIRA; DANTAS; CATÃO, 2014; LÓPEZ, 2006; VEIGA-
JÚNIOR; PINTO, 2005). 
No que tange a efeitos gastroprotetores, diversas substâncias de origem 
vegetal, entre elas flavonóides, taninos e terpenóides, têm apresentado atividade 
gastroprotetora bastante significativa demonstrando o grande potencial dos vegetais 
como fontes alternativas para o tratamento desta patologia (BORRELLI; IZZO, 2000; 
DONATINI et al., 2009; KLEIN-JÚNIOR et al., 2012a; MARQUES et al., 2006; 
RODRIGUEZ; HIRUMA-LIMA; SOUZA BRITO, 2004). 
Além disso, alguns estudos realizados com fitoconstituintes sugerem efeitos 
positivos no tratamento de dor e inflamação, sendo reportados por diversos autores 
(BRIOSCHI et al., 2009; GARCIA, 2011; MESQUITA et al., 2011). Como cita Brioschi 
et al. (2009, p.277) “a nutrição funcional, oferece ações úteis para auxiliar no 
tratamento coadjuvante da dor musculoesquelética e inflamatória, possibilitando 
abordagem multidimensional e maior eficácia terapêutica do que a medida 
medicamentosa isoladamente”. 
Ainda, a busca por conhecimentos acerca de plantas com potencial 
antiproliferativo para células carcinogênicas cresce progressivamente, sendo esta 
uma área promissora no que tange a saúde pública. De acordo com o INCA (2014), 
ocorreram 14,1 milhões de casos novos de câncer e um total de 8,2 milhões de 
mortes por câncer, em todo o mundo, em 2012. Esta condição continuará crescendo 
nos países em desenvolvimento e aumentará ainda mais em países desenvolvidos 
se medidas preventivas não forem vastamente aplicadas. 
Buscou-se, na presente pequisa, analisar a planta em estudo com o intuito de 
proceder o isolamento e identificação de substâncias com potencial gastroprotetor, 
antinociceptivo e antiproliferativo de Mimusops balata (abricó-da-Praia). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
2 OBJETIVOS 
 
 
2.1 Objetivo Geral: 
 
Isolar e identificar as principais substâncias e avaliar o potencial 
gastroprotetor, antinociceptivo e antiproliferativo de extratos, frações e substânciaspuras de Mimusops balata (abricó-da-Praia). 
 
2.2 Objetivos Específicos: 
 
- Preparar extratos e frações de diferentes partes de Mimusops balata; 
- Avaliar o material obtido em distintos modelos experimentais de dor aguda, 
úlcera em camundongos e ratos e avaliar a atividade antiproliferativa in vitro; 
- Selecionar as frações mais ativas para isolamento dos princípios ativos por 
meio de métodos de cromatografia convencionais (Cromatografia de Camada 
Delgada, Coluna Cromatográfica, etc.); 
- Identificar os princípios ativos obtidos por técnicas espectroscópicas usuais; 
- Avaliar farmacologicamente as substâncias majoritárias obtidas para verificar 
o potencial gastroprotetor, antinociceptivo e antiproliferativo; 
- Comparar o efeito biológico dos produtos obtidos com medicamentos 
usados na clínica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
3 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
3.1 Plantas e seus metabólitos 
Ao longo dos tempos, o conhecimento sobre as plantas acompanhou a 
evolução do homem. As civilizações primitivas perceberam que as plantas 
comestíveis, de maior ou menor toxicidade, revelavam ainda que empiricamente, o 
seu potencial curativo (FERRO, 2006). São esses conhecimentos arraigados em 
grupos restritos que possibilitam o resgate do uso de plantas medicinais na 
terapêutica (CADETE et al., 2011; CARVALHO; ALMANÇA, 2003). 
Até o século XIX, os recursos para terapias e tratamentos de doenças eram 
provenientes, predominantemente, de plantas e extratos vegetais, o que pode ser 
comparado pelas Farmacopéias da época. Um exemplo é a Farmacopéia de 
Portugal (1974), na qual constam 11 produtos de origem animal, 30 produtos de 
origem mineral e mais de 400 espécies de vegetais (SCHENKEL; GOSMANN; 
PETROVICK, 2010). 
Médicos ilustres na Antiguidade, como Hipócrates e Avicenna, já utilizavam 
plantas medicinais para tratamento de doenças. Em países como a China, a prática 
de uso de ervas como terapia é seguida há muitos séculos. No Brasil, os índios 
utilizavam as plantas em rituais de cura, assim como os africanos associavam-nas a 
rituais religiosos (FERRO, 2006). 
Desta forma, os recursos vegetais começaram a ser pesquisados e assim, 
deu-se a tendência de utilizar as substâncias ativas isoladas, denominadas 
“princípios ativos”, sendo este um resquício da linguagem alquimista da época 
(SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK, 2010). 
As substâncias oriundas das plantas são comumente chamadas de 
fitoquímicos e podem ser classificadas como metabólitos primários ou secundários. 
Os metabólitos primários estão amplamente distribuídos na natureza e são 
necessários para o desenvolvimento fisiológico em plantas (BALANDRIN et al., 
1985; YÁÑEZ et al., 2013). O metabolismo primário envolve as etapas metabólicas 
de fixação de carbono e nitrogênio, catabolismo e anabolismo de metabólitos 
primários como carboidratos, lipídeos e proteínas. Este processo é essencial à vida 
28 
 
e manutenção dos seres vivos. Têm como função a degradação de macromoléculas 
e fornecimento de energia (LEITE, 2009). 
Por outro lado, os metabólitos secundários são derivados dos metabólitos 
primários, são limitados em distribuição no reino vegetal e estão restritos a um grupo 
taxonômico particular. Metabólitos secundários são, na maioria das vezes, 
substâncias provenientes de adaptações a estresses ambientais (BALANDRIN et al., 
1985; YÁÑEZ et al., 2013). 
Os metabólitos secundários têm como funções fisiológicas: defesa contra 
herbívoros e microrganismos, proteção contra raios ultravioleta, atração de animais 
polinizadores, ação alelopática e resposta ao estresse devido ao ataque microbiano. 
Alguns exemplos de metabólitos secundários são os flavonóides, terpenóides, 
alcalóides, taninos, cumarinas, óleos essenciais entre outros (LEITE, 2009). Esses 
geralmente não são vitais para as plantas; são a expressão química dos indivíduos e 
são distintos de espécie para espécie, em qualidade e quantidade; comumente são 
produzidos em pequenas quantidades e são intimamente influenciados pelo 
ambiente (FERRO, 2006). 
Além dos fatores ambientais comuns, outros podem influenciar o 
desenvolvimento de terpenos como a idade da folha, eventos fenológicos, acúmulo 
de nitrogênio foliar, herbivoria, injúria física e outras formas de estresse 
(GUENTHER, 1997; LIMA; KAPLAN; CRUZ, 2003). 
 
3.1.1 Principais classes de metabólitos secundários 
As classes de metabólitos secundários mais representativas são terpenóides 
e compostos fenólicos e, abaixo são indicados resumidamente algumas informações 
de maior interesse: 
- Terpenóides: esta classe representa a maior classe química de 
constituintes ativos de vegetais, ocorrendo mais de 30.000 substâncias elucidadas 
(LIMA; KAPLAN; CRUZ, 2003; RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001; VERPOORTE; 
MARASCHIN, 2001). 
São obtidos pelas vias do mevalonato e da desoxixilulose-fosfato, onde 
ocorrem a biossíntese de unidades isoprênicas. Estas por sua vez, são precursores 
responsáveis pela formação de diversos produtos naturais conhecidos como 
terpenóides. Por este motivo, são conhecidos como isoprenóides. As unidades 
isoprênicas bioquimicamente ativas são identificadas como os ésteres de pirofosfato 
29 
 
(ou difosfato) de isopentenila (IPP) e pirofosfato de dimetilalila (DMAPP) (LEITE, 
2009). 
Há uma grande diversidade de terpenóides produzidos por vegetais, animais, 
fungos e bactérias, compondo mais de vinte mil espécies conhecidas. São 
compostos formados por 10, 15, 20, 30 ou 40 átomos de carbono. Nomeados, 
respectivamente, como mono, sesqui, di, tri e tetraterpenos. Compostos esteroidais 
também pertencem a esta classe, dentre eles o colesterol e os glicosídios 
cardiotônicos como a digitoxina e digoxina, molécula comercializada como fármaco 
para tratamento cardiovascular. Outros compostos, a exemplo do pigmento 
betacaroteno, também se incluem nessa classe (EMERY; SANTOS; BIANCHI, 
2010). 
Em recente revisão, os monoterpenos são apontados devido a propriedades 
analgésica, anti-inflamatória, anestésica e antioxidante (GUIMARÃES; QUINTANS; 
QUINTANS-JÚNIOR, 2013). No artigo de revisão de Ntie-Kang e colaboradores 
(2014), são citados as atividades biológicas dos terpenóides (anti-inflamatório, 
antimicrobiano, antitripanossoma, antiplasmódico, antiúlcera) e o impacto da 
distribuição geográfica dos gêneros de plantas. Também são sugeridas ações para 
descoberta de fármacos a partir de produtos naturais na África Ocidental. 
 
 - Compostos fenólicos: estes têm como característica a presença de um 
grupamento hidroxila (-OH) ligado a um anel aromático (EMERY; SANTOS; 
BIANCHI, 2010). Este grupo ocorre vastamente na natureza, sendo de considerável 
importância fisiológica e morfológica para as plantas. Como um grande grupo de 
substâncias químicas bioativas, têm diversas funções biológicas (IGNAT; VOLF; 
POPA, 2011; POPA et al., 2008). 
Semelhantemente aos flavonóides, os ácidos fenólicos constituem importante 
classe de compostos fenólicos com funções bioativas, e são usualmente 
encontrados em plantas e produtos alimentícios. Os ácidos fenólicos podem ser 
divididos em dois subgrupos sendo eles ácidos hidroxibenzóicos (como ácidos 
gálico, vanílico, siríngico) e hidroxicinâmicos (ácidos cafeico, ferrílico, sináptico) 
(BRAVO, 1998; MARTINS et al., 2011). 
Os polifenóis são compostos de pequeno peso molecular (200-400g/mol) que 
ocorrem naturalmente. Eles são produzidoscomo metabólitos secundários que têm 
por função proteger o vegetal do bombardeio de patógenos e radiação ultravioleta. 
30 
 
Após a ameaça ambiental, a planta hospedeira ativa uma das vias de síntese e, 
assim, estruturas de polifenóis são produzidas e, posteriormente, secretadas. A 
especificidade do polifenol produzido dependerá em grande parte do seu 
hospedeiro, a região de origem e os estímulos ambientais. Muitos polifenóis são 
sintetizados pela via do fenilpropanóide. Entre as classes de polifenóis pode-se citar: 
flavonóides, estilbenos, isoflavonóides e lignanas (FERRER et al., 2008; YÁÑEZ et 
al., 2013). 
 Os flavonóides têm estruturas complexas. Consistem de uma unidade de 15 
carbonos com dois anéis de benzeno A e B ligados por uma cadeia de carbonos. 
Esta cadeia é fechada na maior parte dos flavonóides, constituindo o anel 
heterocíclico C; no entanto, chalconas e dihidrochalconas apresentam-se como um 
sistema de anel aberto. Dependendo do estado de oxidação do anel C e na ligação 
do anel B ao anel C, os flavonóides podem ser classificados em subclasses. Podem 
ser submetidos à hidroxilação, metilação, glicosilação, acilação, prenilação, e 
sulfonação; gerando subclasses distintas como: flavononas, flavonas, isoflavonas, 
flavonóis, diflavonóis e antocianidinas (BALANDRIN et al., 1985; BEECHER, 2003; 
STAFFORD, 1990; YÁÑEZ et al., 2013). 
Os taninos agregam sabor adstringente às folhas de plantas lenhosas. As 
ligninas são polímeros que conferem rigidez, resistência e impermeabilidade à 
parede celular de plantas. Há ainda outras classes conhecidas: derivados de ácidos 
graxos, moléculas produzidas por animais e corais marinhos, importantes para o 
sistema circulatório, hormonal e respiratório; policetídeos, como as naftoquinonas 
juglona e plumbagina, que inibem o crescimento de outras plantas competidoras que 
estão ao redor, aflatoxinas (substâncias tóxicas produzidas pelos fungos), 
tetraciclinas usadas como antibióticos no tratamento de infecções bacterianas; 
peptídeos, têm como exemplo as penicilinas, produzidas por fungos ou bactérias e 
que apresentam grande poder antibiótico (EMERY; SANTOS; BIANCHI, 2010). 
Os polifenóis de todas as classes são encontrados em uma grande variedade 
de plantas e produtos como suplementos fitoterápicos e cosméticos (FERRER et al., 
2008; YÁÑEZ et al., 2013). 
Artigos relevantes de revisão (KHAN; HUMA; DANGLES, 2014; MUSHTAQ; 
WANI, 2013, YÁNEZ et al., 2013) apontam principalmente o potencial antioxidante 
dos polifenóis, sendo este um fator de proteção à saúde humana. 
31 
 
Foi em função dos metabólitos secundários que muitos organismos vivos 
sobreviveram com o passar dos séculos, transmitindo suas características de 
geração para geração, dando continuidade ao processo de evolução (EMERY; 
SANTOS; BIANCHI, 2010). 
 Os produtos naturais, tanto de origem marinha como terrestre, especialmente 
as chamdas plantas superiores, são considerados uma excelente fonte de inspiração 
para o desenvolvimento de novos fármacos. Uma inspeção de aprovação de 
medicamentos revelou que aproximadamente 64% de todos os fármacos 
considerados, tiveram um produto natural envolvido em seu desenvolvimento, tanto 
em relação ao seu uso puro como modelos para a síntese destes fármacos 
(NEWMAN; CRAGG, 2012; VALLI et al., 2013). Neste contexto, cabe ressaltar a 
importância das plantas como fonte de substâncias com potencial terapêutico, 
podendo ser utilizadas também na forma de alimento funcional. 
 
3.2 Alimentos funcionais 
Os alimentos funcionais surgiram na década de 80, no Japão, por meio de um 
programa de governo que tinha como objetivo desenvolver alimentos saudáveis para 
uma população que envelhecia e apresentava uma grande expectativa de vida, 
criando então outra concepção de alimentos (ANJO, 2004; COLLI, 1998; 
RAMALINGUM; MAHOMOODALLY, 2014; SIRÓ et al., 2008). 
Há duas resoluções brasileiras que aprovam o uso de alimentos com 
propriedades funcionais, são elas: Resolução ANVISA/MS 18/99 - Aprova o 
Regulamento Técnico que estabelece as Diretrizes Básicas para a Análise e 
Comprovação de Propriedades Funcionais e/ou de Saúde, alegadas em rotulagem 
de alimentos; Resolução ANVISA/MS 19/99 - Aprova o Regulamento Técnico de 
Procedimentos para Registro de Alimentos com Alegação de Propriedades 
Funcionais e ou de Saúde em sua Rotulagem (BRASIL, 1999a; BRASIL, 1999b). 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 1999a, item 3.3) 
considera como alimento funcional “O alimento ou ingrediente que alegar 
propriedades funcionais ou de saúde pode, além de funções nutricionais básicas, 
quando se tratar de nutriente, produzir efeitos metabólicos e ou fisiológicos e ou 
benéficos à saúde devendo ser seguro para consumo sem supervisão médica”. 
O termo nutracêutico é usado para alimento ou parte de um alimento que 
propicia benefícios à saúde, os quais incluem prevenção e/ou tratamento da doença. 
32 
 
Podem ser nutrientes isolados, suplementos dietéticos, produtos herbais e alimentos 
processados tais como cereais, sopas e bebidas, ou até na forma de cápsulas 
(ANDLAUER & FÜRST, 2002; HUNGENHOLTZ, 2002; KWAK; JUKES, 2001; 
MORAES; COLLA, 2006; ROBERFROID, 2002). Os nutracêuticos podem ser 
classificados em fibras dietéticas, ácidos graxos poliinsaturados, proteínas, 
peptídios, aminoácidos ou cetoácidos, minerais, vitaminas antioxidantes e outros 
antioxidantes (ANDLAUER; FÜRST, 2002; MORAES; COLLA, 2006) 
A prevenção e a redução do risco de doenças são atribuídas aos alimentos 
funcionais, enquanto aos nutracêuticos são atribuídas a prevenção e principalmente 
o tratamento das doenças (KWAK; JUKES, 2001; MORAES; COLLA, 2006). Assim, 
os nutracêuticos incluem suplementos dietéticos e outros tipos alimentares, 
enquanto que os funcionais apresentam-se sob a forma de alimento comum (ANJO, 
2004). 
O aumento de interesse por alimentos funcionais está relacionado aos custos 
de tratamentos de saúde, à legislação e às descobertas científicas (IKEDA; 
MORAES; MESQUITA, 2010; MILNER, 2000). Considera-se ainda, o aumento da 
consciência dos consumidores, que desejando melhorar a qualidade de suas vidas, 
optam por hábitos saudáveis (MORAES; COLLA, 2006). 
O cultivo de vegetais que seja de simplificada execução e custo reduzido, 
para a produção de alimentos, pode ser uma forma importante de se oferecer 
alimentos de qualidade e em quantidade à população. No entanto, a cadeia 
produtiva nem sempre avança, devido, dentre muitos fatores, à carência de 
informações técnico-científicas sobre estas plantas (TOFANELLI; RESENDE, 2011). 
Assim, a nutrição humana tem conhecimento que os alimentos são 
instrumentos na prevenção de doenças, como já reportado anteriormente. A seguir, 
tabela proposta por ANJO (2004) adaptada de FAGUNDES & COSTA (2003) 
exemplifica esta prática, onde estão apresentados algumas classes de metabólitos 
secundários, seus efeitos e fontes alimentares: 
 
 
 
 
 
33 
 
Tabela 1 – Princípios ativos, efeitos fisiológicos e principais fontes de alimentos 
funcionais. 
Composto ativo Efeito Fonte 
Terpenóides 
Carotenóides Atividade antioxidante e 
anticancerígena 
Frutas (melancia, mamão, 
melão, damasco, pêssego), 
verduras (cenoura, espinafre, 
abóbora, brócolis, tomate, 
inhame, nabo) 
 
Fitoesteróis Redução dos níveis de 
colesterol total e LDL-colesterol 
Óleos vegetais, sementes, 
nozes, algumas frutas e 
vegetais 
 
Glucosinolatos Detoxificação do fígado, 
atividade anticancerígena e 
antimutagênica 
Brócolis, couve-flor, repolho, 
rabanete, palmito e alcaparra 
 
Fenólicos 
Ácido fenólico Atividade antioxidante Frutas (uva,morango, frutas 
cítricas), vegetais (brócolis, 
repolho, cenoura, berin jela, 
salsa, pimenta, tomate, agrião), 
chá 
 
Flavonóides Atividades antioxidante, 
redução do risco de câncer e 
de doença cardiovascular 
Frutas cítricas, brócolis, couve, 
tomate, berinjela, soja, 
abóbora, salsa, nozes, cereja 
 
Isoflavonas Inibição do acúmulo de 
estrogênio, redução das 
enzimas carcinogênicas 
Leguminosas (principalmente 
soja), legumes 
 
Catequinas Atividade antioxidante, redução 
do risco de doença 
cardiovascular 
 
Uva, vinho tinto, morango, chá 
verde, chá preto, cacau 
Antocianinas Atividade antioxidante, proteção 
contra mutagênese 
 
Frutas (amora, framboesa) 
 
Ácidos graxos ϖ3 e ϖ6 Redução do risco de câncer e 
de doenças cardiovasculares, 
Peixes de água fria, óleo de 
canola, linhaça e nozes 
34 
 
redução da pressão arterial 
 
 
Oligossacarídeos 
Polissacarídeos 
Redução do risco de câncer e 
dos níveis de colesterol 
Frutas, verduras, leguminosas, 
cereais integrais 
 
Prebióticos Regulação do trânsito intestinal 
e da pressão arterial, redução 
do risco de câncer e dos níveis 
de colesterol total e 
triglicerídeos, redução da 
intolerância à lactose 
 
Raiz de chicória, cebola, alho, 
tomate, aspargo, alcachofra, 
banana, cevada, cerveja, 
centeio, aveia, trigo, mel 
 
Probióticos Regulação do trânsito intestinal, 
redução do risco de câncer e 
dos níveis de colesterol total e 
triglicerídeos, estímulo ao 
sistema imunológico 
Iogurte, leite fermentado 
 
3.3 Análise fitoquímica e atividade biológica: aspectos gerais 
Diante da imensidão das florestas, ainda não se têm conhecimento completo 
sobre a ocorrência, distribuição e densidade das plantas. A exploração racional e 
sustentável dos recursos naturais concebe oportunidades de desenvolvimento em 
setores como economia, agricultura, horticultura, cosméticos, alimentação e fármacos 
(LEITE, 2009). 
Distintos grupos de pesquisadores estudam a atividade biológica de plantas 
medicinais originárias de diversas regiões do mundo, orientados pelo uso popular das 
espécies nativas. A exploração científica contínua e ampliada é importante, pois o 
pesquisador pode determinar as qualidades e usos potenciais de produtos de 
espécies distintas, sendo capaz de determinar a localização dos recursos, o 
rendimento, problemas de logística e outros fatores que influenciam a utilização das 
plantas (DUARTE, 2006). 
O progresso na química de produtos naturais sempre esteve ligado às 
inovações na tecnologia analítica. A caracterização de metabólitos em misturas 
complexas exige técnicas sofisticadas, que deverão ter boa sensibilidade e 
seletividade, bem como a informação estrutural sobre os componentes de interesse. 
Apesar de diversos métodos de extração e estudos de compostos oriundos de 
35 
 
plantas serem demonstrados constantemente na literatura, o foco necessita ser em 
compostos que apresentem relevante atividade biológica. Assim, é extremamente 
importante a necessidade de estudos fitoquímicos guiados pelos bioensaios, seja “in 
vivo” ou “in vitro”. Ressalta-se importância da colaboração ampla entre químicos e 
farmacólogos para a análise de extratos, obtendo-se então extratos semi-puros, 
frações e, finalmente, os compostos puros (CECHINEL FILHO; YUNES, 1998; 
MARSTON; HOSTETTMANN, 2009; MALHEIROS et al., 2010). 
Geralmente extrai-se uma combinação de vários tipos de compostos bioativos 
ou substâncias químicas em diferentes polaridades da planta em estudo. A separação 
destas continua a ser um grande desafio para o processo de identificação e 
caracterização de compostos bioativos. É comum utilizar no isolamento destes 
compostos, diferentes técnicas de separação, tais como: Cromatografia de Camada 
Delgada (CCD), cromatografia em coluna, cromatografia flash, cromatografia de 
filtração em gel (Sephadex) e Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), entre 
outros (SASIDHARAN et al., 2011). 
Ao escolher projetos novos e inovadores para o laboratório, o pesquisador 
deve levar em consideração os princípios ativos que estão presentes no extrato que 
está sendo testado. Além disso, é imprescindível que os extratos utilizados na 
atividade biológica sejam padronizados, geralmente por meio de CLAE (WAGNER, 
2012). 
Os compostos puros são então utilizados para a determinação da estrutura e 
atividade biológica. Além disso, as técnicas não-cromatográficas podem ser usadas 
para facilitar a identificação dos compostos bioativos, tais como: imunoensaio – que 
utilizam anticorpos monoclonais, ensaio de rastreio fitoquímico e Espectroscopia no 
Infravermelho com Transformada de Fourier (EITF) (SASIDHARAN et al., 2011). 
É valido ressaltar a contribuição de estudos de correlação entre estrutura 
química e atividade biológica, por meio da química medicinal clássica (via 
modificação estrutural ou síntese de análogos), que admite determinar quais são os 
principais fatores envolvidos na atividade de moléculas de interesse (YUNES; 
CECHINEL FILHO, 2012). 
Além disso, a avaliação biológica de um extrato vegetal necessita basear-se 
em informações de que a planta foi utilizada de forma etnomédica para uma 
condição semelhante ou idêntica, exceto quando da triagem de um alto número de 
plantas, usualmente in vitro. Ainda, a pesquisa somente terá valor científico se os 
36 
 
extratos demonstrarem atividades biológicas extraordinárias quando comparados 
com um agente antimicrobiano sintético ou natural padrão. Todos os resultados de 
triagens e outras investigações devem ser discutidos quanto à sua possível 
relevância terapêutica (WAGNER, 2012). 
 
3.4 Dor 
 A dor é definida como “uma sensação ou experiência emocional 
desagradável”, associada ao dano tecidual atual ou potencial, ou descrita em tais 
termos. Via de regra é subjetiva, não necessita ser verbal e relaciona-se com as 
experiências vividas (LOESER; TREEDE, 2008). 
A nocicepção abrange toda a difusão e processamento da informação 
dolorosa. A dor é um complexo sistema que está ligado ao aspecto comportamental 
devido ao processamento da informação ocorrer no sistema somatossensorial e 
também no sistema límbico. O começo da transmissão dolorosa se dá pelos 
neurônios sensoriais primários de alto limiar que também atuam como receptores 
chamados nociceptores. Estão subdivididos em mielínicos, do tipo A, e amielínicos, 
do tipo C, especializados em transmitir informações mecânicas, químicas e térmicas 
por meio de impulsos elétricos. Seus corpos celulares estão localizados no gânglio 
da raiz dorsal (GILRON et al., 2006; MONTINI; NEMAN, 2012). 
As fibras envolvidas na percepção tátil são as mielínicas grossas A-, já as 
fibras mielínicas finas A- e amielínicas C, tem como função transmitir a nocicepção e 
os estímulos térmicos. A nocicepção normal abrange a detecção de temperaturas 
altas e baixas e estímulos mecânicos intensos. Os nociceptores originam-se da pele 
e órgãos e findam na camada superficial do corno dorsal na medula espinhal. Os 
axônios das células do corno dorsal conduzem impulsos nociceptivos para o tálamo 
e, por meio deste, ao córtex cerebral que processa a consciência dolorosa (GILRON 
et al., 2006; MONTINI; NEMAN, 2012). A modulação inibitória da dor irá ocorrer com 
a diminuição dos estímulos periféricos e centrais que sensibilizam o sistema nervoso 
(GOSLIN, 2012; MOSELEY, 2003). 
 Segundo o estudo de Calixto e colaboradores (2000), apesar da terapia da 
dor estar em progressivo avanço, ainda há necessidade de analgésicos potentes e 
eficazes, sobretudo para o tratamento da dor crônica. Uma das substânciasanalgésicas mais importantes utilizados na prática clínica de hoje continua a ser o 
alcalóide morfina. Nesse estudo, ressaltaram a contribuição e história da Papaver 
37 
 
somniferum, as espécies de Salix, Capsicum e Cannabis sativa no desenvolvimento 
de analgésicos. Entre as principais classes de substâncias antinociceptivas, estão os 
alcalóides, terpenóides e flavonóides (CALIXTO et al., 2000). 
Em estudo de revisão elaborado por Gautam; Jachak (2009), estão descritos 
os produtos naturais anti-inflamatórios derivados de plantas e fontes marinhas 
relatados durante a última década. Os compostos expostos pertencem a diferentes 
classes químicas, tais como alcalóides, esteróides, terpenos, os polifenóis, 
fenilpropanóides, ácidos graxos e outros. 
Pan e colaboradores (2009) também estudaram as ações de compostos 
naturais bioativos dietéticos como frutas, vegetais, grãos, legumes, chás e vinho, 
demonstrando que compostos bioativos podem ser úteis no tratamento da 
inflamação. 
Na literatura, diversas plantas são citadas com potencial antinociceptivo e/ou 
anti-inflamatório como o trevo-roxo (OLIVEIRA et al., 2014), angico, cumaru, hortelã-
graúda (LORENZI; MATOS, 2008), aroeira, barbatimão, cajueiro-roxo, canela, 
carqueja, camomila, catingueira, cebola branca, endro, faveleira, hortelã-miúda, 
juazeiro, sabugueiro (SOUSA, 2013), copaíba (MENDONÇA; ONOFRE, 2009), erva-
cidreira (DANTAS, 2007) entre outras. 
Pesquisas experimentais em modelos de dor realizadas no 
NIQFAR/CCS/UNIVALI utilizando distintas espécies de plantas, exibiram efeitos 
promissores como: Litchi chinensis – lichia (CASTELLAIN et al., 2014), 
Chenopodium ambrosioides – erva de Santa Maria (GRASSI et al., 2013), Phyllathus 
niruri L. – quebra-pedra (MOREIRA et al., 2013), Polygala cyparissias – Gelol-da-
praia (KLEIN-JÚNIOR et al., 2012b), Piper methysticum – kava-kava (KORMANN et 
al., 2012), Litsea guatemalensis Mez. - condimento "laurel" (SILVA et al., 2012), 
Aleurites moluccana – nogueira-de-iguape (QUINTÃO et al., 2014; QUINTÃO et al., 
2012). 
 
3.5 Úlcera 
Úlceras gástricas podem ser definidas como uma ruptura no revestimento da 
mucosa estomacal, com uma profundidade considerável visualizada na endoscopia 
ou evidência histológica de implicação da submucosa. Já, as erosões são rupturas 
no epitélio de superfície que não tem profundidade perceptível. O termo “úlcera 
péptica” é usado de forma ampla para incluir úlceras e erosões, no estômago e no 
38 
 
duodeno com as mais variadas causas. Este termo se refere à pepsina, uma enzima 
proteolítica em solução ácida, que desempenha um papel importante na causa de 
ruptura das mucosas, independente do agente agressor (Helicobacter pylori, aspirina 
ou AINEs) (VAKIL, 2010). 
Décadas de investigação incidiram sobre o papel da secreção ácida e os 
efeitos do estresse, tipo de personalidade e genética na patogênese da úlcera. A 
descoberta de receptores de histamina-2 (H2) e desenvolvimento de drogas 
inibidoras da bomba de prótons geraram importantes mudanças na conduta da 
úlcera péptica. A descoberta da H. pylori e seu tratamento levaram a mudanças 
relevantes na prevalência e recorrência da doença, transformando a úlcera péptica, 
de uma doença crônica recorrente à uma doença curável (MARSHALL; WARREN, 
1984; VAKIL, 2010). 
Diversos fatores são responsáveis pelo aparecimento da úlcera como a 
infecção por H. pylori, uso de AINEs, uso de álcool, fumo e outros fatores 
associados. Ao longo dos anos, observou-se que o desenvolvimento de úlcera não é 
exclusividade dos indivíduos infectados por H. pylori. Isto levou à hipótese da 
existência de cofatores como genética, ambiente ou ligado às distintas 
características das cepas de H. pylori (STEFANO; MICELI; CORAZZA, 2010). 
O uso de AINEs promove o aparecimento de danos na mucosa gástrica 
devido à inibição da enzima ciclo-oxigenase (COX-1), reduzindo a produção de 
prostaglandinas, muco e bicarbonato e inibição da proliferação de células epiteliais 
(AKAPA et al., 2014; CHAN; LEUNG, 2002; STEFANO; MICELI; CORAZZA, 2010). 
O tabagismo provoca redução da produção de prostaglandinas a nível da 
mucosa gástrica e duodenal e inibe a secreção de bicarbonato pela mucosa 
duodenal, além de aumentar a secreção de ácido e promover a proliferação H. 
pylori. Ainda, a fumaça do cigarro impede a cura das lesões ulcerativas e a sinergia 
com o H. pylori aumenta o risco de recorrência (AKAPA et al., 2014; CHAN; LEUNG, 
2002; STEFANO; MICELI; CORAZZA, 2010). 
O consumo de álcool estimula a secreção de ácido gástrico, assim como o 
consumo excessivo de café e alguns tipos de chás. Outras condições médicas têm 
sido associadas ao aumento do risco de úlcera péptica, entre elas: infecção por 
citomegalovírus, tuberculose, doença de Crohn, cirrose, insuficiência renal, 
sarcoidose e doença mielo e linfoproliferativas. Outros fármacos são potencialmente 
ulcerosos, como esteróides, bisfosfonatos, agentes quimioterapêuticos e cloreto de 
39 
 
potássio (AKAPA et al., 2014; CHAN; LEUNG, 2002; STEFANO; MICELI; 
CORAZZA, 2010). 
Nos dias atuais, os fármacos utilizados para o tratamento de desordens 
gástricas produzem muitos efeitos adversos e não são tão eficientes quanto 
deveriam. Por esta razão, há um interesse crescente em terapias alternativas e a 
utilização de produtos naturais (KLEIN-JÚNIOR et al., 2012a). 
Klein-Júnior e colaboradores (2012a) realizaram um levantamento sobre 
metabólitos secundários gastroprotetores naturais que foram classificados de acordo 
com a sua estrutura química, incluindo fontes terrestres e marinhas. Mais de 150 
compostos distintos foram apresentados, dentre eles estão: flavonóides (chalconas 
[sofalcona], rutina, naringenina [presente em frutas cítricas e uva], catequinas 
[catequina, epicatequina, epicatequina galato, epigalocatequina, epigalocatequina 
galato]); terpenóides (sesquiterpenos, diterpenos, monoterpenóides e 
triterpenóides); saponinas (araloside A, ginsenoside, theasaponina, spartitrioside); 
polissacarídeos (xilose, galactose, glucose, arabinose, ramnose, manose, ácido 
galacturônico) e alcalóides (capsaicina, morfina), entre outros compostos. 
 Alguns extratos provenientes de plantas estudadas na UNIVALI têm mostrado 
efeitos gastroprotetores eficazes publicados recentemente. Niero e colaboradores 
(2012) verificaram que os extratos obtidos a partir de G. achachairu e o composto 
isolado guttiferone A demonstraram resultados positivos contra úlcera em modelos 
de camundongos, em especial contra lesão por etanol/HCl e úlcera induzida por 
indometacina, suportando o uso popular desta planta. Esse efeito pode ser atribuído, 
a capacidade para diminuir a secreção gástrica. Guttiferone A, o principal 
componente das sementes, tem também potencial para utilização como um protótipo 
para obter novos e promissores agentes medicinais com perfis gastroprotetores. 
Lemos e colaboradores (2012) verificaram o efeito gastroprotetor de couve (B. 
oleraceae var. acephala). O tratamento de animais com o extrato foi mais eficaz do 
que a cimetidina na cura de lesões gástricas e também mais ativo do que as frações. 
O tratamento com extrato da couve foi capaz de reverter esse processo. 
Efeitos gastroprotetores foram observados por Silvério e colaboradores 
(2008), quando utilizaram o extrato alcóolico de Eremanthus erythropappus em 
camundongos submetidos aos modelos de úlcera induzida por indometacina e 
etanol. 
40 
 
3.6 Carcinogênese 
O termo câncer é dado a um conjunto de mais de cem tipos diferentes de 
doenças que têm em comum o desenvolvimento desordenado de células anormais 
com potencial invasivo. Origina-se por condições multifatoriais, essas causaspodem 
agir em conjunto ou em sequência para iniciar ou promover a carcinogênese 
(HANAHAN; WEIBERG, 2011; INCA, 2014). 
O câncer é uma condição clínica grave que gera desafios sociais e 
econômicos significativos para o sistema de saúde. Apesar da melhoria das técnicas 
de imagem e de diagnóstico molecular, o câncer continua atingindo milhões de 
pessoas em todo o mundo. Em muitos países, o câncer é a segunda principal causa 
de morte, perdendo apenas para doenças cardíacas. A descoberta e identificação de 
novos fármacos antineoplásicos, com baixos efeitos colaterais sobre o sistema 
imunológico tornou-se alvo em diversos estudos de imunofarmacologia (AWASARE; 
BHUJBAL; NANDA, 2012; SUBHADRADEVI et al. 2010). 
Dados recentes de estimativas mundiais do projeto Globocan 2012, da 
Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (International Agency for Research 
on Cancer), da Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam que ocorreram 14,1 
milhões de casos novos de câncer, totalizando 8,2 milhões de mortes por câncer, em 
2012. Os tipos de câncer mais frequentes na população masculina foram de 
próstata, pulmão e cólon e reto; e entre as mulheres - mama, cólon e reto e pulmão. 
Em países em desenvolvimento, os cânceres de pulmão, estômago e fígado foram 
mais frequentes em homens; e mama, colo do útero e pulmão nas mulheres. Em 
2030, a carga global será de 21,4 milhões de casos novos de câncer e 13,2 milhões 
de mortes por câncer, em decorrência do crescimento e do envelhecimento da 
população, bem como da redução na mortalidade infantil e das mortes por doenças 
infecciosas em países em desenvolvimento (INCA, 2014). 
No Brasil, a estimativa para o ano de 2014 e 2015, é a ocorrência de 
aproximadamente 576 mil casos novos de câncer, sendo os principais: câncer de 
pele do tipo não melanoma, tumores de próstata, mama feminina, cólon e reto, 
pulmão, estômago e colo do útero (INCA, 2014). 
 Diante dessa situação mundial, pesquisadores têm buscado plantas com 
atividade antiproliferativa de carcinomas, como pode ser visto nos seguintes artigos 
intitulados como: eliminação de radicais livres, antiproliferativa e perfis de variações 
no nível de fitoquímicos em diferentes partes do brócolis (Brassica oleracea italica) 
41 
 
(CHAUDHARY et al., 2014); efeito anti-proliferativo e fitoquímica da análise do 
extrato de Cymbopogon citratus (HALABI; SHEIKH, 2014); atividades in vitro 
antioxidante e antiproliferativa, e estudo fitoquímico em diferentes extratos de flores 
de Nyctanthes arbortristis (KHANAPUR; AVADHANULA; SETTY, 2014); efeitos 
anticancerígenos de compostos bioativos berry (FOLMER et al., 2014); a capacidade 
antioxidante e antiproliferativa de fitoquímicos extraíveis de frutas tropicais (abacaxi, 
manga e mamão) (AGUIRRE et al., 2014), entre outros estudos. 
 
 
3.7 Da planta em estudo: Mimusops balata (abricó-da-praia) 
 
3.7.1 Família e Gênero 
Sapotaceae pertence à ordem Ericales (APG II, 2003). A família é Pantropical 
composta por 53 gêneros e em torno de 1100 espécies, com, aproximadamente, 400 
espécies no Neotrópico, 250 na África e 350 na Ásia Tropical (MONTEIRO; 
ANDREATA; NEVES, 2007). 
Dentre os caracteres morfológicos da família, sobressai a presença de 
laticíferos, como espécies da América do Sul (Manilkara sp.). Embora a 
predominância dos laticíferos, outras estruturas e compostos ergásticos foram 
citados para distintos gêneros da família (MONTEIRO, 2006; MONTEIRO; 
ANDREATA; NEVES, 2007). 
Mimusops ou Manilkara é um gênero de árvores da família Sapotaceae, 
compreendendo 78 espécies distribuídas nos trópicos (30 no Sul e América Central, 
35 na África e 13 no Sudeste Asiático) (ARMSTRONG et al., 2014; MCLOUGHLIN, 
2001). 
A reconstrução da distribuição ancestral de classes indica que as espécies de 
Mimusops colonizaram a América do Sul. Esta classe da América do Sul é composta 
por duas subclasses, sendo elas: classe de espécies amazônicas e classe de 
espécies da Mata Atlântica do litoral. As subsclasses são separadas 
geograficamente por biomas secos do Cerrado e da Caatinga, bem como as áreas 
de maior relevo do escudo brasileiro. Entre as classes amazônicas estão Mimusops 
balata, Mimusops huberi e Mimusops paraenses (ARMSTRONG et al., 2014; 
GRAHAM, 2009; GREGORY-WODZICKI, 2000). 
42 
 
Na literatura, espécies de Mimusops/Manilkara se destacam com atividades 
biológicas já identificadas como: Mimusops elengi L., Manilkara zapota L. e 
Mimusops hexandra Roxb. 
- Mimusops elengi L.: caracteriza-se por tornar-se uma grande árvore 
encontrada em toda a Índia. Essa espécie tem sido usada pelas comunidades 
indígenas como medicamento para o tratamento de várias doenças, tais como, 
doenças dentárias, queimadura, desordens uterinas, úlceras, doenças cardíacas, 
febre e também é utilizada como diurético, adstringente e afrodisíaco (KIRTIKAR, 
BASU, 1988; PURNIMA et al., 2010; YOGANARASHIMAN, 1996). Também tem sido 
utilizado como gastroprotetor, anti-hiperlipidêmico e anti-helmíntico (GHAISAS el al., 
2008; MALI; MAHAJAN; MEHTA, 2007; PAYAL et al., 2003; PURNIMA et al., 2010). 
Segundo resultados obtidos por Purnima e colaboradores (2010), esta espécie 
possui atividade anti-inflamatória, analgésica e antipirética. 
- Manilkara zapota L.: o sapoti (Manilkara zapota (L.) von Royen) é uma fruta 
tropical muito saborosa e também a frutífera mais popular da família das sapotáceas. 
É amplamente encontrado por todo território brasileiro. No entanto, as condições 
ambientais mais favoráveis para o seu cultivo estão nas regiões Norte e Nordeste 
(LEDERMAN et al., 2001; MENDONÇA et al., 2007). Os extratos alcoólicos e 
aquosos de frutos verdes (FAYEK et al., 2013) e folhas (FAYEK et al., 2012) 
exibiram atividades antioxidante, antihiperglicêmica e hipocolesterolêmica. O extrato 
etanólico das folhas apresentou atividade antiartrítica (SINGH et al., 2011). Além 
disso, o extrato acetato de etila da casca do caule de M. zapota demonstrou 
atividade antitumoral significativa contra carcinoma de Ehrlich (OSMAN et al., 2011); 
o extrato etanólico da casca do caule demonstrou atividade antiproliferativa para as 
linhagens celulares HL-60, HT-29, A 549, A 431 e MCF-7 (AWASARE; BHUJBAL; 
NANDA, 2012). 
- Mimusops hexandra Roxb.: as folhas, cascas e frutos são usados 
popularmente para tratamento de febre, cólica, lepra, opacidade da córnea, úlceras, 
helmintíase, hiperdipsia, cefaléia, icterícia, dor de dente, diarréia, como aperitivo, 
purificador do sangue, tônico e adstringente (KUMAR; KAUR; ARORA, 2010; 
MISHRA; PAREEK, 2014; PULLAIAH, 2006; WARRIER et al., 1995). A casca do 
caule tem sido apontada com atividade gastroprotetora em diferentes modelos 
experimentais de úlceras gástricas (MODI et al., 2012; SHAH; GOSWAMI; 
43 
 
SANTANI, 2004). Na pesquisa de Kumar; Kaur; Arora (2010), o extrato metanólico 
das folhas de Mimusops hexandra exibiu atividade antioxidante. 
 
3.7.2 Mimusops balata (abricó-da-praia) 
O abricó-da-Praia, família Sapotaceae, é uma árvore perene (Figura 1), nativa 
da América tropical (Guiana e, particularmente, Trinidad). Ela tem como sinônimos: 
Manilkara bidentata, Achras balata, Mimusops balata, Mimusops bidentata, 
Mimusops globosa, Mimusops surinamensis, Sapota mulleri. Manilkara é um nome 
local do sul indiano (costa do Malabar) relatado em 1683 por um botânico holandês, 
H.A. van Rheede (1637-1691) (ELAND, 2013). 
Esta planta é conhecida popularmente como Ausubo (Dominicana, Porto 
Rico), Balata vermelho (Francês Guianese), Balato (Esperanto), Bala, Chicozapote 
(Mexicana), maçaranduba (Brasileiro) (ELAND, 2013). 
A árvore ocorre geralmente no litoral por se adaptar bem aos solos arenosos 
e salinos.Ela mede de quatro a dez metros de altura, dependendo do ambiente em 
que se situa e possui tronco pardo escuro e copa piramidal (CARNEIRO et al., 2011; 
SIMÃO, 1998). 
As folhas são simples, dispostas em espiral, coriáceas, ovaladas e de cor 
verde brilhante com nervura central amarelada. Elas medem cerca de sete a treze 
centímetros de comprimento por três a cinco centímetros de largura. Suas flores são 
isoladas ou aos pares, axilares e pedunculadas, de cor branca e rosa (CARNEIRO et 
al., 2011; CRUZ, 1982). 
Os frutos são redondos com casca resistente e dura, coloração amarela, 
contendo polpa esbranquiçada, envolvendo uma ou duas sementes marrons. O 
consumo do fruto, com polpa de sabor adocicado, se limita ao estádio maduro, pois 
antes disso produz um látex branco e pegajoso (CARNEIRO et al., 2011; CORRÊA, 
1984). 
A madeira é explorada comercialmente, a árvore possui um látex não elástico, 
que contribui para um revestimento de alta qualidade para bolas de golfe e é 
empregado na fabricação de solas e cintos. No passado, a madeira vermelha 
escura, dura e pesada tinha uma vasta gama de utilizações como construção de 
obras, barcos e piso, têxtil e equipamentos de fábrica (ELAND, 2013). 
Os produtos de Mimusops balata podem ser exsudato laticíferos como 
borrachas, gomas e resinas hidrossolúveis, óleos essenciais, ceras, frutos 
44 
 
comestíveis, marfim vegetal, fontes de fibras (celulose e lignina) e alcalóides (para 
fins medicinais e inseticidas) (WILLIAMS, 1961). 
Rhourri-Frih e colaboradores (2013) realizaram pesquisa sobre o abricó-da-
praia. Três triterpenos (3β-O-acetil-α-amirina, 3β-O-trans cinamoil α-amirina e 3β-O-
trans cinamoil lupeol) foram isolados inicialmente a partir da resina de Mimusops 
balata. De acordo com os resultados, a Mimusops balata diminuiu a produção de 
citocinas inflamatórias IL-1β e IL-8. Esta atividade demonstra o potencial de 
Mimusops balata como agente anti-inflamatório e anti-idade na indústria 
farmacêutica e cosmética. De modo geral, na literatura, são escassas as publicações 
de Mimusops balata demonstrando atividades terapêuticas. 
 
Figura 1 – Foto de uma árvore de Mimusops balata (abricó-da-praia). 
 
Fonte: <http://www.alternativarural.com.br/ABRICO-DE-PRAIA/prod-951168/> 
 
Assim, a pesquisa da presença de metabólitos secundários em vegetais é um 
campo promissor na busca de combinações funcionais, preventivas ou curativas em 
patologias presentes na população (LEMOS et al., 2012). Sendo a dor, úlcera e 
câncer patologias recorrentes, buscou-se a realização de testes experimentais 
preliminares explorando o potencial farmacológico da planta em estudo. 
45 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
4.1 Análise Fitoquímica 
 
4.1.1 Materiais e reagentes 
O perfil cromatográfico por CCD dos extratos, frações e substâncias puras 
obtidas foi delineado por meio da utilização de placas de sílica gel 60 GF254 de 20µm 
de espessura preparadas sobre as folhas de alumínio da Merck. Distintos sistemas 
de eluentes foram usados de acordo com a polaridade das amostras. Posteriormente 
à eluição, as cromatoplacas foram visualizadas sob luz ultravioleta antes da 
revelação destrutiva da amostra com os reveladores específicos. Como reveladores 
(CCD) foram utilizados o Anisaldeído sulfúrico (identificação de terpenos e 
esteróides), Cloreto férrico (compostos fenólicos), Dragendorff (alcalóides) e 
Hidróxido de Potássio (cumarinas) (UGAZ, 1994). As cromatoplacas foram 
vaporizadas com o revelador selecionado e, no caso do Anisaldeído sulfúrico, foram 
aquecidas à temperatura aproximada de 105ºC. 
 Nos procedimentos de cromatografia em coluna, foi utilizada como fase 
estacionária, sílica gel 60 (Merck) de granulometria 70-230 mesh (ɸ = 0,063 - 
0,20mm). O diâmetro e altura das colunas foram determinados de acordo com a 
quantidade do material a ser cromatografado. A eluição foi realizada com solventes 
orgânicos em ordem crescente de polaridade. Os solventes usados foram hexano 
(Hex), acetato de etila (AcOEt) e metanol (CH3OH) provenientes dos Laboratórios 
Dinâmica, Quimex ou Vetec. As frações obtidas foram reunidas de acordo com as 
semelhanças de fator de retenção (Rf) verificadas nas CCDs. 
Para análise de RMN de 1H e RMN de 13C foram utilizados solventes 
deuterados (acetona, clorofórmio e metanol), provenientes da Cambridge Isotope 
Laboratories Inc. 
Além disso, foram utilizados (para extração/partição) outros reagentes como 
acetona, clorofórmio, éter, metanol (CH3OH), diclorometano (DCM) e sulfato de 
sódio, advindos comercialmente dos Laboratórios Dinâmica, Quimex e Vetec. 
 
4.1.2 Equipamentos 
Para visualização da fluorescência das substâncias rastreadas por CCD, foi 
utilizada radiação ultravioleta Minerallight (ג= 254 e 366nm) em câmara de UV-DIST. 
46 
 
Os espectros de RMN de 1H e RMN de 13C foram realizados em espectrômetro 
BRUCKER AC-300F (300 MHz); tendo como referência interna o tetrametilsilano 
(TMS) ou o próprio solvente. Os deslocamentos químicos foram registrados em 
valores adimensionais δ (ppm). 
Os extratos foram concentrados em rotavapor TECNAL TE-2II com controle 
de temperatura, e pesados em balança analítica SHIMADZU LIBROR-AEG-220 e 
SHIMADZU LIBROR-EB-33OD. 
 
4.1.3 Obtenção de extratos 
 A coleta das partes da planta foi realizada em dois momentos: folhas e caule 
ocorreram dia 13/06/2013 e casca do fruto, polpa e semente no dia 20/08/2013, na 
Praia Brava - Itajaí, Santa Catarina. 
O material botânico foi identificado pelo Prof. Oscar Iza (UNIVALI) e o voucher 
foi depositado no Herbário Barbosa Rodrigues (Itajaí) sob o n. VCFilho 157. 
A análise fitoquímica da planta escolhida, abricó-da-Praia ocorreu em etapas. 
Primeiramente, o material vegetal fresco (polpa, casca do fruto e semente com 
pesos de 280,76g, 276,79g e 240,00g, respectivamente) e seco (folhas e caule com 
530,00g e 150,50g, respectivamente) foi previamente picado e triturado (semente), 
para a realização da extração com metanol. A maceração ocorreu por sete dias 
consecutivos. Em seguida, as soluções foram filtradas e o solvente evaporado, com 
exceção do extrato das sementes, o qual foi evaporado a 10% de seu volume inicial 
para, posteriormente, realizar-se a partição de líquido-líquido. 
Os extratos foram analisados por meio de CCD com os eluentes 
hexano:acetona (8:2) e clorofórmio:metanol (8:2), variando as concentrações. De 
acordo com as CCDs, foram realizadas colunas cromatográficas para isolamento de 
compostos das partes da planta escolhida. 
O extrato metanólico das sementes foi submetido a partição de líquido-líquido. 
A concentração desse extrato foi determinada por meio de amostras em duplicata, 
em vidros de relógios, tendo o rendimento de 9,7% - 23,50g em 100mL de extrato 
metanólico bruto. 
Para a partição líquido-líquido, foram utilizados 100mL do extrato metanólico 
bruto das sementes e água, 100mL do solvente clorofórmio e posteriormente 150mL 
acetato de etila. 
47 
 
A fração clorofórmio foi submetida à coluna cromatográfica aberta com 
hexano:acetato de etila para separação de compostos. 
Posteriormente, com a fração acetato de etila, foram realizadas CCDs e 
também uma nova coluna cromatográfica aberta com os eluentes 
clorofórmio:metanol. 
Foi também analisado o resíduo vegetal, que preciptou ao deixar o extrato 
das folhas do abricó-da-praia em repouso. Este resíduo foi submetido à coluna 
cromatográfica aberta, hexano:acetato de etila, para separação dos compostos. 
 
4.1.4 Elucidação estrutural 
A substância proveniente da coluna foi submetida a elucidação da sua 
estrutura. Para elucidar e caracterizar quimicamente o composto purificado das

Continue navegando