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Aula 8 – Severidade na Têmpera Fatores que afetam a temperabilidade Severidade de Têmpera O diâmetro crítico de um aço depende do meio de resfriamento. Quanto maior a velocidade de resfriamento, maior a sua severidade. Essa característica costuma ser indicada pela letra “H”. Para que se pudesse comparar aços diferentes, quanto à temperabilidade seria necessário associar os diâmetros críticos a um certo H. Diâmetro Crítico Ideal O diâmetro crítico obtido por um meio de resfriamento hipotético com capacidade infinita de extração de calor(H=infinito) Pode-se definir a temperabilidade de um aço por meio de um valor numérico. É uma medida de previsão de diâmetro de uma barra redonda que endurecerá em qualquer meio Por exemplo, um aço com diâmetro crítico 1,2” esfriado em um meio com H=0,4 possui diâmetro ideal = 2,6” Exemplo Através das curvas de correlação pode-se determinar a severidade de têmpera e assim o meio de têmpera que deve ser empregado. Por exemplo, se pegarmos uma barra de 2” de um aço 8640 e desejarmos uma dureza de 50HRC no centro tem-se ½” de distância Jominy ou 8/16. Da curva de correlação tem-se que para no centro tenha-se 8/16 de distância Jominy, a severidade de têmpera deve ser 1,0 (água sem agitação) Fatores que afetam a temperabilidade Fatores que diminuem a temperabilidade Granulação fina da austenita Inclusões não dissolvidas: carbonetos ou nitretos e inclusões não-metálicas Fatores que aumentam a temperabilidade Elementos dissolvidos na austenita (exceto o Co) Granulação grosseira da austenita Homogeneidade da austenita Fatores que afetam a temperabilidade Fatores que alteram a Temperabilidade Influência de elementos de liga Todas as cinco ligas possuem durezas idênticas nas extremidades temperadas; essa dureza é função exclusivamente do teor de carbono. O aço carbono comum possui a menor temperabilidade, pois sua dureza decai de maneira brusca após uma distância Jominy relativamente curta. Os aços-liga terão uma dureza temperada mais alta até profundidades maiores. Os elementos de liga como níquel, cromo e molibdênio retardam as reações da austenita para perlita e/ou bainita e assim mais martensita é formada. Influência do teor de carbono As curvas de temperabilidade dependem também do teor de carbono A dureza em qualquer posição Jominy aumenta em função do aumento do teor de carbono Com o aumento de teor de carbono a formação de produtos de transformação (perlita, ferrita e cementita) é mais difícil Banda de temperabilidade Durante a produção industrial existe sempre uma ligeira e inevitável variação na composição e no tamanho médio do grão. Isso resulta em um espalhamento dos dados de medição de temperabilidade que são plotados na forma de uma banda ou faixa que representam os valores mínimos e máximos esperados para uma liga Importância da Temperabilidade Faixas de Temperabilidade Novo método de traçados de curvas de resfriamento Meios de Têmpera Para controle da taxa de resfriamento de modo a temperar o aço, utiliza-se diferentes meios de têmpera, com diferentes capacidades de extração de calor Quanto mais rápido for o meio de resfriamento menor será a temperabilidade necessária, entretanto altas velocidades de resfriamento estão associados a severos choques térmicos Óleo Água severamente agitada Diâmetro Temperatura Tempo aproximado Núcleo Superfìcie Diferença 20 mm 240º C 200º C 40º C 50 s 40 mm 280º C 200º C 80º C 80 s 80 mm 410º C 200º C 210º C 115 s 160 mm 590º C 200º C 390º C 180 s Diâmetro Temperatura Tempo aproximado Núcleo Superfìcie Diferença 20 mm 275º C 200º C 75º C 13 s 40 mm 390º C 200º C 190º C 16 s 80 mm 600º C 200º C 400º C 18 s 160 mm 740º C 200º C 540º C 20 s Estágios de Resfriamento A têmpera em um meio líquido pode ocorrer em três estágios: 1°Estágio: quando o aço é introduzido forma-se uma camada de vapor que rodeia o metal e o resfriamento se faz por condução e radiação através da camada gasosa 2°Estágio: A película de vapor vai desaparecendo e dando lugar à formação e desprendimento de bolhas 3°Estágio:resfriamento se dá por condução e convecção.Durante este estágio ocorre a transformação martensítica Meios de Têmpera mais empregados Os meios de têmpera mais utilizados são Água Salmoura Óleo Banho de sais ou metal fundido (Ex. Pb) Ar Solução de polímeros Soda cáustica Têmpera em salmoura O termo salmoura refere-se á solução aquosa contendo diferentes quantidades de cloreto de sódio (NaCl) ou cloreto de cálcio (CaCl2). As concentrações de NaCl variam entre 2 à 25%, entretanto, utiliza-se como referência a solução contendo 10% de NaCl. As taxas de resfriamento da salmoura são superiores às obtidas em água pura para a mesma agitação. A justificativa é que, durante os primeiros instantes da têmpera, a água evapora com contato com a superfície metálica e pequenos cristais de NaCl depositam-se nesta. Com o aumento da temperatura, ocorre a fragmentação destes cristais, gerando turbulência e destruindo a camada de vapor. Têmpera em salmoura Principais vantagens: Taxa de resfriamento maior que da água Temperatura de têmpera menos crítica Resfriamento mais uniforme, ocasionando menor distorção das peças Desvantagens: Controle das soluções Custo mais alto Natureza corrosiva da solução Têmpera em água A água atinge alta taxa de resfriamento e é usada quando não resulta em excessiva distorção ou trinca da peça. Utilizada para o resfriamento de metais não ferrosos, anos inoxidáveis austeníticos. Os valores mais elevados de dureza são obtidos com temperatura de 15°C a 25°C, pois acima dessa temperatura há o favorecimento de formação de estruturas mais moles pelo prolongamento do 1°estágio. Têmpera em água i) o arrefecimento é irregular, dado coexistirem vulgarmente diferentes etapas do processo de arrefecimento após a imersão da peça, o que promove a instalação de gradientes térmicos elevados; ii) a primeira etapa de arrefecimento é longa; iii) a terceira etapa do arrefecimento ocorre, em geral, a temperaturas inferiores a Ms; iv) provoca corrosão superficial das peças; v) promove o crescimento de fungos nos tanques de arrefecimento. Têmpera em óleo Os óleos de têmpera são geralmente extraídos do petróleo. A composição do petróleo não é constante no tempo e varia ainda mais com a identidade da respectiva fonte; assim, as características dos óleos de têmpera sofrem também variações que afectam o seu desempenho; As principais características que afectam o desempenho de um óleo de têmpera são: i) a viscosidade, ou mais precisamente, a variação da viscosidade do óleo com a temperatura, ii) o ponto de ebulição do óleo, iii) a aptidão à molhagem do metal pelo óleo. Têmpera em óleo A viscosidade do óleo deve ser baixa a temperatura elevada, para facilitar o transporte de calor da superfície da peça, pois a transferência de calor decresce exponencialmente com a viscosidade; a viscosidade do óleo deve aumentar a temperaturas próximas de Ms, para garantir a atenuaçáo da intensidade do arrefecimento durante a formação da martensite. A curvada viscosidade do óleo com a temperatura depende da composição química do óleo. O ponto de ebulição do óleo deve ser suficientemente elevado para garantir um arrefecimento rápido a temperaturas elevadas, durante a segunda etapa de arrefecimento (ebulição), impedindo assim a formação de produtos macios; mas deve também promover um arrefecimento lento a temperaturas próximas de Ms, para garantir a atenuaçáo da intensidade do arrefecimento durante a formação da martensite. O ponto de ebulição do óleo depende da respectiva composição química. Finalmente, é desejável que o óleo molhe a superfície da peça a temperar, o que depende da respectiva composição e eventualmente de aditivação específica. Têmpera em óleo Os óleos de têmpera classificam-se em três grandes classes: a) convencionais, b) de arrefecimento acelerado e c) de têmpera em banho quente. Óleos convencionais –sem adição de aditivos Os óleos convencionais são os mais simples e econômicos; podem conter aditivos para melhorar a estabilidade térmica, mas não os contêm para a melhoria da eficácia do arrefecimento. Provocam leis de arrefecimento relativamente lentas, apresentando uma primeira etapa de longa duração; a terceira etapa provoca arrefecimentos muito lentos. São usados para o arrefecimento de peças finas fabricadas em aços ligados, com elevada aptidão à têmpera. Óleos rápidos –mistura de óleos minerais, contém aditivos que fornecem efeitos de têmpera mais rápidos Os óleos de arrefecimento acelerado são misturas de óleos minerais com elevada estabilidade térmica; sofrem aditivação para melhoria da eficácia do arrefecimento durante as duas primeiras etapas, normalmente constituída por gorduras animais, polímeros e hidrocarbonetos de elevado peso molecular; podem também ser-lhes acrescentados agentes anti-oxidantes. A melhoria da eficácia do arrefecimento é conseguida pela promoção da rotura da bolha gasosa formada na primeira etapa, graças à adição de agentes nucleadores da ebulição ou pela melhoria das características de molhagem do aço pelo óleo. Considerações Estas duas classes de óleos costumam utilizar-se no intervalo de temperatura entre 40 e 90°C, sendo mais frequente o intervalo de 50 a 70°C. O óleo utilizado a uma temperatura inferior ao menor valor indicado acelera a lei de arrefecimento das peças na terceira etapa, aumentando o risco de distorção; simultaneamente, o óleo não aquecido apresenta uma viscosidade elevada, o que diminui a intensidade das correntes de convecção; tal fato pode levar ao sobre-aquecimento localizado do óleo (nas regiões em contacto com a superfície das peças), provocando a sua inflamação. É desaconselhada, por razões de segurança, a utilização de óleos a temperaturas a menos de 50°C do respectivo ponto de inflamação. Óleos solúveis Normalmente utilizados como fluidos refrigerantes, mas em concentrações de 3 a 15 % são utilizados em têmpera com efeitos similares à água. Óleos de martêmpera – altos efeitos de têmpera devido à aditivos aceleradores de velocidade Os óleos para têmpera em banho quente (ou martêmpera, adiante tratada em pormenor) apresentam uma estabilidade térmica muito elevada, podendo ser utilizados a temperaturas da ordem dos 200°C (em geral entre 150 e 200°C ao ar e entre 150 e 230°C sob atmosfera controlada); contêm aditivos inibidores da oxidação e da degradação térmica, podendo também conter agentes para melhoria da eficácia do arrefecimento. Têmpera em óleo - Vantagens A principal vantagem dos óleos de têmpera reside no arrefecimento lento que provocam durante a fase de convecção, garantindo uma transformação martensítica na peça mais gradual que a conseguida com o arrefecimento em água; daí as peças arrefecidas em óleo serem menos sujeitas a distorções. Têmpera em óleo - Desvantagens A contaminação pela água, que altera a severidade de arrefecimento; a produção de fumos (cancerígenos); Risco de incêndio, se a sua temperatura atingir o ponto de ignição; O envelhecimento dos óleos, adulterando as suas propriedades; A eliminação dos óleos usados. Temperaturas mais altas causam envelhecimento Temperaturas mais baixas causam distorção na peça pelo efeito de tempera mais rápido e perigo de fogo pela alta viscosidade Têmpera em banhos de sais fundidos Existem banhos de sais fundidos, com diferentes composições, estáveis a gamas de temperaturas muito variadas, desde 150 até 1300°C; para os arrefecimentos de têmpera apenas os sais de baixa temperatura têm interesse, sendo os restantes utilizados para recozimentos isotérmicos, austenitisações e tratamentos termo-químicos (estes últimos à base de cianetos). Através da mistura em partes quase iguais de nitrato de potássio e nitrito de sódio preparam-se sais que fundem a 160°C e são estáveis até 550°C, muito utilizados como meio de arrefecimento de têmpera e também como meio de execução de revenidos; o poder arrefecedor da mistura é pouco afectado pela temperatura, mas favorecido de modo significativo pela agitação. Têmpera em banho de sais fundidos Composição e temperatura de trabalho de algumas misturas de sais (cf. G. Totten "Steel heat treatment handbook", 1997, Marcel Drekkar, tab. 4.11, p. 240) Sal Composição da mistura (%) NaNO3 45-55 15-25 57 --- NaNO --- 23-55 43 53 KNO3 45-55 45-55 --- 47 Temperatura de trabalho (ºC) 260-595 175-590 230-550 160-550 Têmpera em banho de sais fundidos As severidades dos sais são próximas das dos óleos, com a enorme vantagem de se poderem utilizar a temperaturas superiores; são isentos de riscos de incêndio e não libertam fumos; valores de temperatura de utilização exagerados originam a decomposição dos sais. Dada a sua estabilidade a temperaturas superiores a Ms, a utilização de banhos de sais é particularmente útil para a execução do tratamento de martêmpera. Os banhos de sais podem receber injecções de água (da ordem de 1%) para incrementarem a respectiva severidade; estas injecções tornam a mistura explosiva, se esta for utilizada a temperaturas exageradas; a incompatibilidade da água com os banhos de sais é aliás facilmente observável se nestes se introduzirem peças húmidas, que de imediato provocam uma enérgica projecção de sal perigosa para o operador. Têmpera em ar Como a água, o ar é um meio de tempera antigo, comum e barato. A aplicação do ar forçado como meio de têmpera é mais comum em aços de alta temperabilidade como aços-liga e aços-ferramenta. Aços carbono não apresentam temperabilidade suficiente e, conseqüentemente, os valores de dureza após a têmpera ao ar são inferiores aos obtidos em óleo, água ou salmoura. Como qualquer outro meio de têmpera, suas taxas de transferência de calor dependem da vazão. Têmpera em solução de polímeros Essas soluções são utilizadas como meio intermediário entre água e óleo. Isto porque a água se torna inadequada algumas vezes devido à formação de trincas enquanto que o óleo possui capacidade de extração de calor relativamente baixa. Com a seleção de um polímero básico, através do controle de sua concentração e do procedimento de têmpera é possível cobrir toda uma faixa intermediária entre óleo e água com tão pequenos incrementos quanto se queira.Têmpera em solução de polímeros São de alto peso molecular. Ex: o mais frequente o poli alquil glicol (abreviado na literatura anglo saxónica por PAG); poli vinil pirrolidona (PVP), poli acrilato de sódio (PSA) e a poli etil oxazolina (PEOX). Contêm ainda adições de inibidores de corrosão, sendo vulgar o uso de nitrito de sódio e sais aminados. As percentagens de adição de polímero à água variam entre 3 e 30%, diminuindo o poder arrefecedor com o teor em polímero. As temperaturas de utilização das soluções oscilam entre 35 e 50°C. A agitação é o terceiro parâmetro controlador da severidade do arrefecimento, crescendo esta com a intensidade daquela. Têmpera em solução de polímeros PAG e PEOX Solubilidade em água decrescente com a elevação da temperatura; dissolvem-se à temperatura ambiente, tornando- se insolúveis a uma temperatura dependente da natureza do polímero, grau de degradação e aditivos; Temperatura ocorre na gama entre 65 e 85°C; a temperatura à qual o polímero se torna insolúvel designa-se por temperatura de separação, pois a partir deste valor a solução separa-se em duas fases. Processo de formação do filme Durante a primeira etapa: a solução aquosa aquece e o polímero, torna-se insolúvel, isola a peça, formando um filme sobre a sua superfície; concentrações de polímero elevadas favorecem espessuras mais elevadas do filme; temperaturas de solução elevadas e baixa intensidade da agitação tornam o filme mais estável; este comportamento justifica o sentido da variação da severidade do arrefecimento das soluções de polímeros. Com a descida da temperatura da peça, o filme de polímero sofre rotura e dissolve-se na solução aquosa; a viscosidade da solução de polímero afeta a taxa de arrefecimento; a viscosidade da solução aumenta exponencialmente com o peso molecular do polímero e faz diminuir exponencialmente a transferência de calor. É importante que o filme de polímero envolva a peça de modo uniforme, o que implica uma agitação optimizada e um volume de solução que assegure polímero em quantidade suficiente. Têmpera em solução de polímeros 4,3 s 8,3 s 12,3 s 6 s 6,35 s 7,65 s Comparação do processo de resfriamento de: A) um óleo mineral e B) uma solução aquosa de polímero CANALE LCF, TOTTEN GE, CANALE AC, POLÍMEROS DE TÊMPERA À BASE DE PAG,Minerva, 3(2): 209-214 A B Vantagens As soluções de polímeros apresentam a vantagem singular de permitirem ao utilizador o doseamento quase por medida das respectivas severidades de arrefecimento, que assim se podem adaptar às necessidades das diferentes cargas a tratar, constituindo pois um meio muito flexível. Muito estáveis durante a sua utilização, não apresentando tendência para se oxidarem nem para se decomporem termicamente. Não libera fumos e não implica qualquer risco de incêndio. Desvantagens A principal desvantagem apontada a estas soluções é: Provocar leis de arrefecimento muito elevadas a temperaturas da ordem dos 300°C (francamente superiores às dos óleos); através da aditivação é possível atenuar este inconveniente. Têmpera em soda cáustica Soluções aquosas de soda cáustica são também utilizadas em 5 a 10% de concentração O desempenho é similar ao das soluções de salmoura, porém não apresenta comportamento corrosivo Essas soluções são utilizadas para processos de grande produção enquanto que a salmoura é adequada para aplicações pequenas de têmpera em ferramentas Erros Cometidos na Têmpera Causas mais frequentes residem em aspectos defeituosos na execução do tratamento. Dureza inferior ao esperado: Aquecimento insuficiente Arrefecimento lento Voltar a temperar Revenido elevado Descarbonização superficial Deformações: Aquecimento exagerado Aquecimento não uniforme Recozido de amaciamento Arrefecimento demasiado brusco e nova têmpera(desempeno) Posição de têmpera incorreta “Não há conquistas fáceis. São as estradas sinuosas que levam ao caminho certo. O profissional, em qualquer ofício, alcançará o triunfo a partir de um espírito tenaz, forte, obstinado” Afonso Opazo
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