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Catilinárias X Brasil Atual

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A destruição de um Estado na busca pelo poder 
Um grupo político representado por um líder, trama uma conspiração contra o 
Estado, onde para tomar o poder, usa de meios duvidosos, dos quais possam incendiar 
cidades, derrubar quem estiver pela frente, convencer a população a respeito de sua 
“verdade” para que essa lute por si, contra aqueles, que mesmo cidadãos do próprio país, 
sejam desfavoráveis a essas ideias. Esse fato embora nos pareça familiar, algo que 
vivenciamos a pouco, que recentemente fizemos parte, representa também um fato 
ocorrido em 63 a.C. em Roma. 
A ganância em chegar ao poder (ou não o deixar) para resolver problemas próprios 
é um acontecimento histórico, que vem se repetindo ano após ano. Na Roma antiga, a 
ambição por tal poder levou Lúcio Sérgio Catilina a conspirar uma revolta para derrubar 
as autoridades eleitas, nem que para isso fosse necessário incendiar cidades e assassinar 
pessoas. Catilina era um aristocrata falido, que via como uma única oportunidade para se 
reerguer a tomada do poder político. Por meios lícitos, ele havia perdido as eleições para 
o consulado para Marcus Tullius Cícero, então, começou a procurar outros cidadãos em 
situações semelhantes às suas (ricos decadentes, endividados), e outros em situação de 
pobreza, descontentes com a atual situação, para lhe ajudar em seu plano. 
O plano de “revolução” de Catilina foi descoberto por Cícero, o qual levou ao 
conhecimento do senado tal plano através de seus discursos, que ficaram conhecidos 
como as Catilinárias. Tais discursos, fizeram com que Catilina deixasse a cidade e fosse 
para o exílio, sendo executado posteriormente. 
No Brasil, recentemente, operações de combate a corrupção expuseram um 
submundo de crimes, onde grupos políticos (ou criminosos), tinham forte esquema para 
enriquecimento, através de propinas, desvios, entre outros. Políticos que foram eleitos 
para representar o interesse do povo, mas que se elegeram para seu próprio interesse. 
Grupos esses, que não vem no poder uma chance de ajudar a Pátria, ajudar a população, 
mas vem no poder político uma forma de auto enriquecimento, ascensão social. 
Os atos ilegais, vem a margem não somente na ascensão, mas também na 
manutenção do poder. A troca de favores, compra de ajuda entre políticos é algo 
corriqueiro, como no caso do Impeachment da presidente Dilma Rousseff, onde o seu 
grupo político, vendo a eminente saída do poder, tentou comprar apoio do presidente da 
Câmara Eduardo Cunha, para que o mesmo não aceitasse o pedido, como relata em 
entrevista a IstoÉ. 
Todo o dinheiro desviado, roubado, era dinheiro do povo, esses crimes se 
assemelham às ideias de Catilina em queimar cidades, onde o povo sai ferido em suas 
necessidades básicas, de direitos fundamentais. A conspiração novamente é tratada, 
modernamente agora. De um lado, os derrotados, que acusam aqueles que assumiram o 
poder de conspirar para lá chegar. Do outro, os “vencedores”, que acusam de conspiração 
aqueles que cometeram crimes para poder se manter no poder. A República é destruída 
por conspirações, seja de qual lado vem, não importando o lado vencedor, pois a perda é 
irreparável. 
Políticos atuais e antigos sempre procuram respaldo em um povo empobrecido por 
seus próprios roubos, prometendo riquezas, uma vida justa, ao qual dão migalhas, para 
que esses gritem seus nomes em tempos de “guerras”. Pessoas essas, que se aliam a outras 
que são seus espelhos, corruptos, criminosos. 
O tempo passou, mudaram-se as armas e os meios, mas os fins se mantiveram os 
mesmos: a qualquer custo obter o poder para satisfazer um interesse próprio. Difícil 
mesmo seria tentar fazer uma comparação com o nosso cenário recente, e tentar descobrir 
quem é nosso Catilina e quem é nosso Cícero. Talvez a célebre frase que abre os discursos 
de Cícero contra Catilina, ficasse sem nome, pois não caberiam tantos quais o mereciam 
estar... “Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda 
há de zombar de nós essa tua loucura?” 
 
REFERÊNCIAS 
https://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/gilda-de-castro/gan%C3%A2ncia-e-
obscurantismo-dos-pol%C3%ADticos-brasileiros-1.1458079 
Beard, Mary SPQR : uma história da Roma Antiga / Mary Beard ; [tradução Luis Reyes 
Gil]. – 1. ed. – São Paulo: Planeta, 2017 
https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/pt-tentou-comprar-apoio-
de-cunha-e-dilma-sabia-de-tudo-diz-o-proprio-deputado/ 
 https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/-Houve-uma-conspiracao-no-Brasil-
/4/36202 
CÍCERO, Marcus Tullius. As Catilinárias. São Paulo: Ed. Martin Claret.2006

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