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08/03/2019 Geotécnica Viária Professor: Rafael Aredes Couto E-mail: rafaelcouto2111@gmail.com Telefone (Wpp): (31) 99819-0687 1 – Fundamentos de Mecânica do Solos A Geotecnia na Engenharia Civil Conceito: Geo: terra (solos e/ou rochas). tecnia: técnicas de engenharia. Geotecnia: técnicas de engenharia aplicadas aos solos e/ou rochas. 08/03/2019 1 – Fundamentos de Mecânica do Solos A Geotecnia na Engenharia Civil A geotecnia é um ramo da Engenharia Civil que trata dos estudos do comportamento dos solos e rochas, principalmente do comportamento na presença de água sob ou sobre a superfície terrestre. Para o entendimento destes comportamentos, torna-se necessário o conhecimento da Mecânica dos Solos, o conhecimento mais amplo sobre a Mecânica das Rochas e de Geologia na Engenharia. A Geotecnia na Engenharia Civil A geotecnia tem a função de avaliar sob fundamentação científica o comportamento dos materiais terrosos e/ou rochosos, sob o ponto de vista de um tripé básico destes três comportamentos: - Compressibilidade; - Estabilidade; - Permeabilidade. 08/03/2019 A Geotecnia na Engenharia Civil Os estudos para o projeto e execução de fundações de estruturas requerem prévias investigações geotécnicas. Um dos maiores riscos que se pode correr no campo de Engenharia de Construções é iniciar uma obra sem um conhecimento tão perfeito quanto possível do terreno. A Geotecnia na Engenharia Civil O objetivo da geotécnica é o de determinar a interação terreno- fundação-estrutura com o fim de prever e adotar medidas que evitem recalques prejudiciais ou ruptura do terreno, com o consequente colapso da construção. 08/03/2019 A Geotecnia na Engenharia Civil As obras rodoviárias, linearmente extensas e interessando a grandes áreas, onde se encontram terrenos com características variadas, exigem um cuidadoso reconhecimento geotécnico da região. A Geotecnia na Engenharia Civil O custo de uma investigação geotécnica é baixo em comparação a custos de reparação ou até mesmo de colapso da obra devido à má definição de um tipo de fundação e caracterização do solo. 08/03/2019 A Mecânica dos Solos na Engenharia Civil Exemplos de Áreas da Geotecnia •Geotecnia de Fundações •Geotecnia de Taludes •Geotecnia de Pavimentos •Geotecnia de Barragens •Geotecnia Ambiental Síntese das Principais Propriedades dos Solos Tipos Coesão Plasticidade Compressibilidade Resistência Seca Permeabilidade Areia Não existe Não existe Insignificante Não existe Alta Silte Baixa Baixa ou nenhuma Alta Baixa Baixa Argila Alta Alta Alta Alta Baixa 08/03/2019 1.2 Índices Físicos O solo é um material constituído por um conjunto de partículas sólidas, deixando entre si vazios que poderão estar parcialmente ou totalmente preenchidos pela água. Em geral, o solo é constituído por três fases: sólida, líquida e gasosa. O solo é constituído de uma fase fluida (água e/ou ar) e de uma fase sólida. A fase fluida ocupa os vazios deixados pelas partículas sólidas. Fase sólida Forma o esqueleto sólido do solo, e é caracterizado pelo tamanho, forma e arranjo das partículas, de acordo com a distribuição e composição granulométrica. Fase gasosa Fase composta geralmente pelo ar do solo em contato com a atmosfera, podendo-se também apresentar na forma oclusa (bolhas de ar no interior dos poros onde existe água). A fase gasosa é muito importante nos problemas de deformação do solo pois é bem mais compressível do que as fases sólida e líquida. 08/03/2019 Fase líquida Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter solutos e outros fluidos imiscíveis. Pode-se dizer que a água se apresenta de formas diferentes no solo, sendo, contudo, extremamente difícil se isolar os estados em que ela se apresenta em seu interior. Fase líquida A água contida no solo pode ser classificada em: A)- Água de constituição: é a que faz parte da estrutura molecular da partícula sólida. Não é removida utilizando-se processos de secagem tradicionais. B)- Água adsorvida ou de adesão: é aquela película de água que envolve e adere fortemente a partículas sólidas muito finas, devido a ação de forças elétricas desbalanceadas. 08/03/2019 Fase líquida C)- Água livre: preenche os vazios do solo. Pode estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da gravidade ou outros gradientes de energia. D)- Água higroscópica: é a que ainda se encontra em um solo seco ao ar livre. Água que o solo possui quando está em equilíbrio com a umidade atmosférica e a temperatura ambiente. Fase líquida E)- Água capilar: é aquela que nos solos de grãos finos sobe pelos interstícios capilares deixados pelas partículas sólidas, além da superfície livre da água. É a água que se encontra presa às partículas do solo por meio de forças capilares. Esta se eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas sólidas, devido às tensões superficiais nos contatos água-ar- sólido, originados a partir da superfície livre da água. 08/03/2019 Fase líquida Obs: As águas livre, higroscópica e capilar são as que podem ser totalmente evaporadas pelo efeito do calor, a uma temperatura maior que 100 ºC. O comportamento de um solo depende da quantidade relativa de cada uma das suas três fases (sólido, líquido e gasoso). Diversas relações são empregadas para expressar as proporções entre elas. No caso de solos saturados, todos os vazios estarão preenchidos pela água, e a água pode conter substâncias dissolvidas entre ela, em forma de soluto. 08/03/2019 Da figura podemos identificar as diversas situações que correlacionam a interação destas 3 fases: Vt = Volume total; Pt = Peso total; Vv = Volume de vazios; Ps = Peso de sólidos; Vs = Volume de sólido; Pa = Peso de água. Va = Volume de água; * O peso do ar é desprezível. Var = Volume de ar; Relações entre pesos e volumes a)- Teor de umidade de um solo; b)- Peso específico aparente de um solo; c)- Peso específico real dos grãos; d)- Peso específico aparente de um solo seco; e)- Índice de Vazios; f)- Grau de Compacidade; g)- Porosidade do solo; h)- Grau de saturação de um solo; i)- Grau de Aeração; j)- Relações diversas; k)- Peso específico de um solo saturado; l)- Peso específico de um solo submerso. 08/03/2019 Relações entre pesos e volumes A)- Teor de umidade de um solo (h) Basta determinar o peso da amostra no seu estado natural e o peso após completa secagem em estufa a 105ºC ou 110ºC. Sendo P1 o peso origina da amostra mais a tara: P1 = P+Ps+Pa Onde P é o peso da tara e, P2 = P+Ps O peso da amostra seca, tem-se: 100(%) Ps Pah Ps Pa PP PPh 2 21 Observação: Outro meio para a determinação da umidade consiste no emprego do aparelho Speedy. Relações entre pesos e volumes B)- Peso específico aparente de um solo (γ) Por definição: Vt Pt Observação: No campo, a determinação pode ser feita pelo processo do frasco de areia. 08/03/2019 Relações entre pesos e volumes C)- Peso específico real dos grãos (γg) Por definição: Vs Psg Relações entre pesos e volumes D)- Peso específico aparente de um solo seco (γs) Por definição: Dividindo por Pt ambos os termos da fração e notando que Pt = Ps+Pa, tem- se: Vt Pss h s h Pt Vt PaPs Ps s 11 08/03/2019 Relações entre pesos e volumes E)- Índice de vazios (e) É a razão entre o volume de vazios (Vv) e o volume da parte sólida (Vs) de um solo: Em laboratório, sua determinação é feita em função de γg (peso específico real das partículas de solo) e γs (peso específico aparente do soloseco). Vs Vv 1111 s g s g Ps Vs Ps Vt Vs Vt Vs VsVt Relações entre pesos e volumes F)- Grau de compacidade (GC) O estado natural de um solo não coesivo (areia, pedregulho) define-se pelo chamado grau de compacidade. No laboratório emáx é obtido vertendo-se simplesmente o material seco num recipiente de volume conhecido e pesando-se: mínmáx natmáxGC g Ps g PsV máx ' ' Onde: V = Volume do recipiente; Ps’ = Peso do material seco solto; γg = Peso específico dos grãos. 08/03/2019 Relações entre pesos e volumes F)- Grau de compacidade (GC) Analogamente obtêm-se emín, compactando-se o material por vibração ou por socamento dentro do mesmo recipiente: Seguindo o critério usualmente aceito, as areias se classificam em: Fofas (ou soltas) quando 0 < GC < 1/3. Medianamente compactas quando: 1/3 < GC < 2/3. Compactas quando: 2/3 < GC < 1. g Ps g PsV mín " " Onde: V = Volume do recipiente; Ps” = Peso do material seco compactado; γg = Peso específico dos grãos. Relações entre pesos e volumes G)- Porosidade do solo (n) É a razão entre o volume de vazios e o volume total de uma amostra de solo: Sua determinação é feita em função do índice de vazios, através da relação: 100% Vt Vvn 1 n Obtida dividindo-se ambos os termos da fração por Vs, observando-se que: Vt = Vv+Vs 08/03/2019 Relações entre pesos e volumes H)- Grau de saturação de um solo (S) É a porcentagem de água contida nos vazios: Sendo: Temos: uma vez que: como se obtém da equação: Se o solo estiver saturado (S=100%): 100% Vv VaS n nhhS )1( S Vsa VvSa gVs aVa Ps Pah n n 11 1 n h Relações entre pesos e volumes I)- Grau de Aeração Por definição: 100% Vv VarA S Vv VaVvA 1 08/03/2019 Relações entre pesos e volumes J)- Relações diversas Temos: onde: ou: )1( )1( Vs hPs VvVs PaPs )1( )1( hg sg h 11 Como e Temos ainda: Para um solo seco (S=0) esta relação nos dá: ag Sh aS 1 as )1( Relações entre pesos e volumes K)- Peso específico de um solo saturado Nesse caso, S = 1 e a relação apresentada no slide anterior nos dá: Em função da porosidade: asat )1( )( anssat annsat ])1([ 08/03/2019 Relações entre pesos e volumes L)- Peso específico de um solo submerso Quando o solo é submerso, as partículas sólidas sofrem o empuxo da água e então: anansub )1()1( ansub )1()1( asub )1( )1( asatsub Relações entre pesos e volumes Distinção entre solo saturado e submerso: Solo Submerso: Solo Saturado: Nota-se que um solo submerso é saturado porém um solo saturado não é necessariamente submerso. 08/03/2019 Exercícios 1)- Uma amostra de solo pesa 30,2 kg e seu volume é de 0,0179 m³. Após a secagem em estufa, o seu peso se reduz a 26,8 kg. A densidade das partículas é de 2,65 g/cm³. Determinar todos os possíveis índices físicos do solo. 2)- Uma amostra de solo tem volume de 60 cm³ e peso de 92,5 g. Depois de completamente seca seu peso é de 74,3 g. O peso específico real dos grãos sólidos é 2,62 g/cm³. Calcular sua umidade e grau de saturação. 3)- Um recipiente contendo solo saturado peso 113,27 gf antes de ser colocado em estufa, e 100,06 gf após 24 horas de secagem. O peso do recipiente é de 49,31 gf e a massa específica real é 2,80 g/cm³. Determinar o índice de vazios, porosidade, umidade e o peso específico aparente da amostra. Exercícios 4)- Uma amostra de areia foi colhida em tubo amostrador de aço, cujo volume é de 495 cm3. A amostra mais o amostrador pesa 1170 g. O peso do amostrador é 320 g. Depois de seca em estufa o peso da amostra passou a ser 788 g. Determinar a partir da definição de Índices Físicos o índice de vazios, a porosidade, o teor de umidade e o grau de saturação da areia, admitindo que o peso específico dos grãos é de 2,75 g/cm3. 5)- Uma amostra de argila saturada (S=100%), tem volume de 200 cm3 e pesa 360 g, admitindo que o peso específico dos grãos é de 2,67 g/cm3. Pede-se determinar: Peso específico natural, Índices de vazios, Porosidade, Teor de umidade, Peso específico seco. 08/03/2019 Exercícios 6)- Um aterro com 100.000 m3 deverá ser construído com as seguintes especificações: peso específico natural = 1,9 t/m3; umidade 20%. Para a construção dispõe-se de duas jazidas “A” e “B” que apresentam as seguintes características: Sabendo-se que o custo de escavação e transporte do material da Jazida “A” é de R$ 10,00/m3 e o da jazida “B” é de R$ 9,00/m3, pede-se: a) Determinar a jazida de exploração mais econômica. b) Estimar o volume d‘água a ser adicionado para execução do aterro no caso de se empregar o material da jazida “B”. Jazida A B Peso específico natural (t/m³) 1,6 1,5 Umidade (%) 15 12 Peso específico dos sólidos (t/m³) 2,7 2,7 Exercícios 7)- Uma amostra de argila saturada possui umidade de 60% e peso específico aparente de 1,7 gf/cm³. Determinar a porosidade, índice de vazios e peso específico aparente seco. 8)- Para a construção de uma barragem de terra é previsto um volume de 300000 m³ de terra, com um índice de vazios de 0,8. Dispõe-se de três jazidas, que designaremos por A, B e C. O índice de vazios do solo de cada uma delas, bem como a estimativa do custo do movimento de terra até o local da barragem são indicados no quadro a seguir: Considerando o peso específico real dos grãos igual a 2,4 gf/cm³, qual a jazida explorável economicamente? Jazida Índice de Vazios Custo (R$/m³) A 0,9 10,20 B 2,0 9,00 C 1,6 9,40 08/03/2019 Exercícios 9) Para se construir um aterro, dispõe-se de uma quantidade de terra, que é chamada pelos engenheiros de “área de empréstimo”, cujo volume foi estimado em 3.000m³. Ensaios mostraram que o peso específico natural é da ordem de 17,8 kN/m³ e que o teor de umidade é cerca de 15,8%. O projeto prevê que no aterro o solo seja compactado com um teor de umidade de 18%, ficando com um peso específico aparente seco igual a 16,8 kN/m³. Que volume de aterro é possível construir com o material disponível e que volume de água deve ser acrescentado? 10) Se 150.000 m3 de solo são escavados de um empréstimo, no qual o índice de vazios médio é de 1,22, qual será o volume correspondente de aterro se o índice de vazios médio obtido no mesmo é de 0,70? Sabendo-se que o teor de umidade no empréstimo é de 8% e que o aterro depois de pronto terá uma umidade de 12%, calcular o volume de água que deverá ser adicionado ao material escavado. Estime os valores dos índices físicos necessários. Observação: Adotar d = 2,67. Exercícios 11)- Um solo de uma área de empréstimo tem n = 58% e gg = 2,70 g/cm3 . Deseja-se utilizar esse solo para construção de um aterro com um volume de 100.000 m3 . Que volume deverá ser escavado se o aterro deverá ser construído com g= 1,80 g/cm3 e h = 15%? 12)- Para construir um aterro dispõe-se de uma quantidade de terra, que é chamada pelos engenheiros de área de empréstimo, cujo volume foi estimado em 3000 m³. Ensaios mostraram que o peso específico natural (g) é da ordem de 17,8 kN/m³ e que a umidade é de cerca de 15,8 %. O projeto prevê que no aterro o solo seja compactado com uma umidade de 18 %, ficando com uma peso especifico seco de 16,8 kN/m³. Pergunta-se: a) Que volume de aterro é possível construir com o material disponível? b) Que volumede água deve ser acrescentado? 08/03/2019 1.3 Plasticidade e Consistência dos Solos Plasticidade A plasticidade é normalmente definida como uma propriedade dos solos que consiste na maior ou menor capacidade de serem moldados, sob certas condições de umidade, sem variação de volume. Trata-se de uma das mais importantes propriedades das argilas. As propriedades plásticas do solo dependem do teor de umidade. O-A = Fase Elástica A-B = Fase Plástica 1.3 Plasticidade e Consistência dos solos Limites de consistência do solo: LC = Limite de contração. LP = Limite de plasticidade. LL = Limite de liquidez. IP = Índice de plasticidade. IP = LL – LP. NP = Não Plástico IP < 0. 08/03/2019 1.3 Plasticidade e Consistência dos solos Limites de consistência do solo: Estado líquido: O solo apresenta as propriedades e a aparência de uma suspensão. Se apresenta como um fluido denso, não possui forma própria e não apresenta nenhuma resistência ao cisalhamento. LL Estado plástico: O solo apresenta propriedades de plasticidade, ou seja, pode sofrer deformações rápidas, sem que ocorra variação volumétrica apreciável, nem ruptura ou fissuramento. Ele perde a sua capacidade de fluir, porém pode ser moldado facilmente e conservar sua forma. LP Estado semi-sólido: O solo tem aparência de um sólido, entretanto ainda passa por variações de volume ao ser secado. O solo se desmancha ao ser trabalhado. LC Estado sólido: O solo não sofre mais variações de volume por secagem. 1.3 Plasticidade e Consistência dos Solos Limite de liquidez Definição teórica: é o teor de umidade em porcentagem em que o solo passa do estado líquido para o estado plástico. Definição física: é o teor de umidade em porcentagem em que uma massa de solo na concha do aparelho de Casagrande fecha uma ranhura feita com o cinzel quando são aplicados vinte e cinco golpes no aparelho. 08/03/2019 1.3 Plasticidade e Consistência dos Solos Limite de plasticidade Definição teórica: é o teor de umidade em porcentagem em que o solo passa do estado plástico para o semi-sólido. Definição física: é o teor de umidade em porcentagem em que um cilindro de solo rolado em uma superfície lisa apresenta fissuras quando seu diâmetro é de 3 mm. 1.3 Plasticidade e Consistência dos Solos Índice de Plasticidade Denomina-se índice de plasticidade a diferença entre os limites de liquidez e de plasticidade: IP = LL – LP Mede a plasticidade dos solos e fisicamente representa a quantidade de água necessária para que o solo passe do estado plástico ao líquido. Mede ainda a tendência de expansão do solo. Quando um material não tem plasticidade (areia, por exemplo), considera-se o índice de plasticidade nulo e escreve-se IP = NP (não plástico). É utilizado como um dos parâmetros para classificação do solo, seguindo os vários métodos unificados de classificação do solo. 08/03/2019 1.3 Plasticidade e Consistência dos Solos Limite de contração É definido como a fronteira entre os estados semi-sólido e sólido. Corresponde ao teor de umidade no momento em que o solo deixa de apresentar redução de volume, quando submetida à secagem lenta. 1.4 Estruturas dos solos Definições e tipos de estruturas Chama-se estrutura ao arranjo ou disposição das partículas constituintes do solo. Tradicionalmente consideram-se: A)- Estrutura granular simples: é característica das areias e pedregulhos, predominando as forças da gravidade na disposição das partículas, que se apoiam diretamente umas sobre as outras. De acordo com a maneira pela qual os grãos se agrupam, a estrutura pode ser mais densa ou mais solta, o que é definido pelo grau de compacidade. 08/03/2019 Estrutura granular simples 1.4 Estruturas dos solos B)- Estrutura alveolar ou em favo de abelha: é o tipo de estrutura comum nos siltes mais finos e em algumas areias. Quando na formação de um solo sedimentar, um grão cai sobre o sedimento já formado. Devido à predominância da atração molecular sobre o seu peso, ele ficará na posição em que se der o primeiro contato, dispondo-se assim em forma de arcos. Esta estrutura é típica dos solos de grãos finos que se depositam em um meio contínuo, normalmente água e em certas condições no ar. Nestas partículas a gravidade exerce uma atração de modo a fazê-las sedimentar, porém dada sua pequena massa, outras forças (como a atração molecular) podem tornar-se em grandeza comparáveis a gravidade. 08/03/2019 Estrutura alveolar 1.4 Estruturas dos solos C)- Estrutura flocular ou floculante: nesse tipo de estrutura, que só em possível em solos cujas partículas componentes sejam todas muito pequenas, as partículas, ao sedimentarem, dispõem-se em arcos, os quais, por sua vez, formam outros arcos. Na formação de tais estruturas, desempenham uma função importante as ações elétricas que se desenvolvem entre as partículas, as quais, por sua vez, são influenciadas pela natureza dos íons presentes no meio onde se processa a sedimentação. Em geral, a estrutura molecular desses solos é aberta, isto é, uma das moléculas tem uma carga elétrica ainda disponível, possibilitando, assim, a formação dessas estruturas. 08/03/2019 Estrutura flocular 1.4 Estruturas dos solos D)- Estrutura em esqueleto: nos solos onde, além de grãos finos, há grãos mais grossos, estes dispõe-se de maneira tal a formar um esqueleto, cujos interstícios são parcialmente ocupados por uma estrutura de grãos mais finos. É o caso das complexas estruturas das argilas marinhas. Na natureza as estruturas raramente se apresentam constituídas por partículas de um único tamanho, sendo, portanto, na sua sedimentação regidas por leis diferentes, dando origem a estruturas ditas compostas. Nestas estruturas, encontramos partículas grossas formando como que um esqueleto unido a estruturas de solos finos. 08/03/2019 Estrutura em esqueleto 1.5- Caracterização dos solos Raramente se encontram na natureza as partículas do solo de modo isolado. Então, a designação do solo baseia-se nas quantidades percentuais (em peso) das frações presentes no solo, a partir de 10%, possibilitando as seguintes combinações: Areia Areia siltosa Areia argilosa Areia silto-argilosa Areia argilo-siltosa Silte Silte arenoso Silte argiloso Silte areno-argiloso Silte argilo-arenoso Argila Argila arenosa Argila siltosa Argila areno-siltosa Argila silto-arenosa 08/03/2019 Observações: 1)- Caso os percentuais sejam iguais, adota-se a seguinte ordenação: 1º)- Argila; 2º)- Areia; 3º)- Silte. 2)- Fração comparecer com menos de 5%: “com vestígios de...”. 3)- Fração entre 5 e 10%: “com pouco...”. 4)- Presença de pedregulho de 10 a 30%: “com pedregulho”. 5)- Presença de pedregulho acima de 30%: “com muito pedregulho”. Exercício: Argila Areia Silte Pedregulho Identificação 12% 61% 27% - 22% 22% 56% - 03% 39% 04% 54% 18% 42% 23% 17% 08/03/2019 Exercício: Argila Areia Silte Pedregulho Identificação 12% 61% 27% - Areia silto-argilosa 22% 22% 56% - Silte argilo-arenoso 03% 39% 04% 54% Areia c/ vestígios de silte, argila e muito pedregulho 18% 42% 23% 17% Areia silto-argilosa com pedregulho Granulometria: São utilizadas peneiras padronizadas pela ABNT. Tamanho dos buracos da peneira: Maior: 3” ou 76 mm. Menor: 0,075 mm (nº 200). Peneiramento fino: Passa pela peneira nº10 (2 mm). Peneiramento grosso: Ocorre com a fração de solo que fica retida na peneira nº10 (2 mm). ∅ = diâmetro equivalente dos grãos (no caso do peneiramento). Abertura da malha mais fina pelo qual o grão passa. 08/03/2019 Granulometria: Frações constituintes dos solos de acordo com a NBR 6502:1995 da ABNT: Escala granulométrica: 08/03/20191.6 - Classificação dos solos O interesse da Mecânica dos Solos é mais focado no comportamento dos solos perante as solicitações a que estarão submetidos nas obras. 1)- Sistema Rodoviário de Classificação – TRB (ou HRB/AASHTO). 2)- Sistema de Classificação Unificada – USC/ASTM – (Airfield Classification System – AC). Sistema Rodoviário de Classificação – TRB (ou HRB/AASHTO) O sistema divide os solos em grupos (A1 até A8). Esses grupos são classificados a partir do P10, P40, P200 (Granulometria) e LL e IP (Plasticidade). IP = Índice de plasticidade = LL – LP. NP = Não plástico. IG = Índice de Grupo – Elemento definidor da “capacidade de suporte” do terreno de fundação do pavimento, representado por um número inteiro, que retrata o duplo aspecto de plasticidade e graduação do solo. Em condições normais de boa drenagem e forte compactação a capacidade suporte de um material para subleito é inversamente proporcional ao seu IG, isto é, um IG baixo indica um “bom” material e um IG alto indica um material “muito fraco” para subleito. 08/03/2019 Sistema Rodoviário de Classificação – TRB (ou HRB/AASHTO) Fórmula para cálculo do IG: IG = (P200 – 35).[0,2 + 0,005.(LL – 40)] + 0,01.(P200 – 15) . (IP – 10) Simplificando (D. J. Steele): IG = 0,2a + 0,005a.c + 0,01b.d onde: 0 ≤ IG ≤ 20 a = P200 – 35 - (0 a 40) se a ≥ 40, adota-se 40. b = P200 – 15 - (0 a 40) se b ≥ 40, adota-se 40. c = LL – 40 - (0 a 20) se c ≥ 20, adota-se 20. d = IP – 10 - (0 a 20) se d ≥ 20, adota-se 20. OBS: 1)- Se o resultado de IG for negativo, adota-se 0 (zero). 2)- Observe que se P200 ≤ 15%, IG = 0. Sistema Rodoviário de Classificação – TRB (ou HRB/AASHTO) 08/03/2019 Exercício: Classifique pelo sistema TRB os 2 solos que apresentaram os resultados de laboratório expostos a seguir. 1.7 Capilaridade, Permeabilidade e Compressibilidade Capilaridade Nos solos, por capilaridade, a água se eleva por entre os interstícios de pequenas dimensões, deixados pelas partículas sólidas, além do nível do lençol freático. A altura alcançada depende da natureza do solo. 08/03/2019 1.7 Capilaridade, Permeabilidade e Compressibilidade Capilaridade Os fenômenos capilares são muito importantes na construção de pavimentos rodoviários. Assim, por exemplo, se o terreno de fundação de um pavimento é constituído por um solo siltoso e o nível freático está pouco profundo, a fim de evitar que a água capilar, que ascende muito em solos siltosos, venha a prejudicar a estabilidade do pavimento a ser construído, tornam-se necessárias certas precauções, por exemplo, substituir o material siltoso por outro de menor grau de capilaridade ou construindo bases e sub-bases adequadas. 1.7 Capilaridade, Permeabilidade e Compressibilidade Permeabilidade Todos os solos são materiais permeáveis, por ser um elemento particulado, com poros interligados. Dessa forma, a água está livre para fluir através destes poros existentes entre as partículas sólidas. A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o escoamento da água através dele, sendo o seu grau de permeabilidade expresso numericamente pelo "coeficiente de permeabilidade". O conhecimento da permeabilidade de um solo é de importância em diversos problemas práticos de engenharia, tais como: drenagem, rebaixamento do nível d'água, recalques, etc. 08/03/2019 1.7 Capilaridade, Permeabilidade e Compressibilidade Permeabilidade A determinação do coeficiente de permeabilidade é feita tendo em vista a lei experimental de Darcy (proposta em 1856 por esse engenheiro francês), de acordo com a qual a velocidade de percolação é diretamente proporcional ao gradiente hidráulico (i = h/L). 1.7 Capilaridade, Permeabilidade e Compressibilidade Fatores que influenciam na permeabilidade: O coeficiente de permeabilidade varia para os diferentes tipos de solo e, para um mesmo solo. Ele depende essencialmente da temperatura e do índice de vazios. Quanto maior for a temperatura, menor é a viscosidade da água e, portanto, mas facilmente ela se escoa pelos vazios do solo. Dessa maneira, ocorre o aumento do coeficiente de permeabilidade k, pois é inversamente proporcional à viscosidade da água. 08/03/2019 1.7 Capilaridade, Permeabilidade e Compressibilidade Problemas onde se aplicam os conceitos de fluxo de água no solo: - Estimativa da vazão de água (perda de água do reservatório de uma barragem), através da zona de fluxo. - Instalação de poços de bombeamento para rebaixamento do lençol freático. - Problemas de expansão e colapso em solos não saturados. - Dimensionamento de sistemas de drenagem. - Previsão de recalques diferenciais com o tempo. - Análise da influência da água na estabilização de taludes. - Análise da possibilidade da infiltração da água produzir erosão interna, através do arrastamento de partículas sólidas. 1.7 Capilaridade, Permeabilidade e Compressibilidade Compressibilidade Quando se comprime o solo, segue uma redução em seu volume, decorrente da diminuição do volume de vazios, caso as partículas sólidas (grãos) sejam consideradas incompressíveis, o que é perfeitamente válido na engenharia. Esta propriedade do solo é designada por compressibilidade. Uma das principais causas de recalques é a compressibilidade do solo, ou seja, a diminuição do seu volume sob a ação das cargas aplicadas. Em particular, um caso de grande importância prática é aquele que se refere à compressibilidade de uma camada de solo, saturada e confinada lateralmente. Tal situação condiciona os chamados recalques por adensamento, que alguns autores preferem denominar recalques por consolidação. 08/03/2019 Exercícios 1)- Classificar os seguintes solos pelo sistema TRB. Exercícios 1)- Classificar os seguintes solos pelo sistema TRB. 08/03/2019 Exercícios 1)- Classificar os seguintes solos pelo sistema TRB. Utilizar LL = 40 e LP = 10 para o solo de cima e LL = 15 e LP = 10 para o solo de baixo.
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