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ANALISE COMPARATIVA DE TRES SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS EM ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

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ANÁLISE COMPARATIVA DE TRÊS SOLUÇÕES 
CONSTRUTIVAS EM ATERROS SOBRE SOLOS MOLES 
Carmo Cardoso 
IST, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, carmo.cardoso@ist.utl.pt 
 
Márcio de Souza S. Almeida 
COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, almeida@coc.ufrj.br 
 
Maria Cascão Ferreira de Almeida 
Poli - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil, mariacascao@poli.ufrj.br 
Alexandre Pinto 
IST, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, alexandrepinto@tecnico.ulisboa.pt 
 
 
RESUMO: A expansão dos centros urbanos perto de zonas fluviais leva á necessidade de construir 
sobre solos compressíveis. No presente artigo é exposto um estudo do comportamento de aterros 
que possam ser executados no encontro de pontes, sobre o tipo de solos referido, com especial foco 
na respectiva fundação. Para tal desenvolveram-se algumas soluções e posteriormente analisaram-se 
os resultados obtidos com a modelação no software Plaxis 2D. Estipularam-se um conjunto de 
dados base, iguais para todas as soluções, tendo como referência os dados do aterro estudado por 
Magnani (2006). O aterro AE1 é um dos três aterros experimentais levados à rotura no âmbito do do 
mesmo estudo. Foram analisados quatro modelos de soluções, que diferem de método construtivo, 
indo do mais deformável – aterro convencional com georeforço na base e fundação tratada com 
drenos verticais e construído em etapas - ao mais rígido - aterro estaqueado - passando pelo 
intermédio - aterro sobre colunas granulares e aterro sobre colunas granulares encamisadas. 
 
PALAVRA-CHAVE: Solos Moles, Aterros, Drenos Verticais, Colunas Granulares e Estacas 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Nas grandes metrópoles a ocupação do terreno 
tem-se verificado essencialmente em zonas 
litorais, devido à localização estratégica de 
comunicação e de transporte. Porém, estas áreas 
são cercadas por zonas essencialmente 
formadas por solos de sedimentação, erodidos e 
transportados pela água, bem como por aluviões 
de argila mole. A construção sobre estes solos, 
sempre que possível, tem sido evitada devido às 
suas características mecânicas, pouco propícias 
para fundação de estruturas e infraestruturas. 
A construção sobre solos argilosos moles 
constitui ainda hoje em dia um problema real, 
continuando a ser alvo de estudos, dada a 
necessidade de construir novas infra-estruturas 
urbanas e de transporte sobre estes, devido ao 
grande crescimento dos centros urbanos. 
Este artigo tem por objetivo comparar, sob 
os aspectos técnico e econômico, três soluções 
construtivas alternativas adotadas em solos 
muito moles no caso de encontro de pontes: 
aterro reforçado sobre drenos, aterro estruturado 
com plataforma de geossintéticos e aterros 
sobre colunas granulares encamisadas. 
2 APRESENTAÇÃO DO ATERRO 
EXPERIMENTAL AE1 
 
A base de dados aqui adotada é o aterro 
experimental AE1 executado, juntamente com 
mais outros dois, AE2 e AE3, sobre um 
depósito de argila mole, localizado no interior 
da Baía Sul da Ilha de Santa Catarina, no 
município de Florianópolis, Estado de Santa 
Catarina, localizado no sul do Brasil, Figura 1. 
Os aterros utilizados como referência nos 
estudos apresentados, foram construídos no 
 
 
âmbito do projeto da tese de doutoramento de 
Magnani (2006). Tinham como objectivo 
principal estudar o comportamento de aterros, 
reforçados executados sobre um depósito argila 
muito mole, em regime de construção rápida, e 
inseriram-se no projeto da via Expressa Sul, via 
que faz a ligação do centro da capital à parte sul 
da ilha de Santa Catarina. 
 
 
Figura 1 – Localização em Florianópolis, SC, Brasil[1] 
 
O aterro AE1 foi construído com reforço 
sintético na base e com a fundação tratada com 
drenos verticais. As funções principais dos 
reforços e dos drenos eram as de melhorar a 
estabilidade do corpo do aterro e de reduzir os 
recalques pós-construtivos, respetivamente. 
Sobre uma camada de aterro hidráulico de 
 e de espessura de argila mole, por 
sua vez assente sobre um estrato areia densa. 
Os drenos verticais pré-fabricados foram 
instalados com um espaçamento horizontal 
entre drenos de 1,3 m, em padrão triangular, e 
com comprimento de forma a atravessar toda a 
camada de argila. 
O aterro AE1 apresentava um comprimento 
de e taludes com a inclinação de 1,5:1,0 
(H:V). 
O aterro só parou de crescer, em altura, 
quando o solo de fundação atingiu a rotura, que 
ocorreu aos 5,0m. Tendo apresentado o 
desempenho patente na Figura 2. 
 
3 ATERROS DE ENCONTROS DE 
PONTES 
 
O aterro do encontro de uma ponte constitui um 
elemento particularmente sensível a 
assentamentos diferenciais, tendo por base 
objectivo principal permitir a ligação em 
condições de segurança e de conforto de duas 
estruturas com condições de fundação, em 
geral, de rigidez muito diferente. A ocorrência 
de assentamentos nestas infra-estruturas, em 
fase de utilização, não representam, por si só, 
riscos de atingir o Estado Limite Último, no 
entanto levam a grandes custos de manutenção, 
para garantir o Estado Limite de Utilização. 
 
Figura 2 – Desempenho do aterro AE1 
 
A escolha do método construtivo mais 
adequado é condicionada por vários factores, 
como as características geotécnicas do depósito, 
utilização da área e sua vizinhança, prazos 
construtivos e custos envolvidos, entre outros. 
No estudo em questão, não foram impostas 
restrições quanto ao espaço disponível ou 
problemas com a vizinhança. Em relação ao 
prazo de construção foi estipulado um limite 
máximo de tempo de 18 meses comum neste 
tipo de projetos. O objectivo deste aterro era o 
de atingir uma altura de 5 m acima do nível do 
terreno, cota +6,30 m, e de largura 
transversal, para posterior construção da via 
com duas faixas, de dois sentidos cada, e suas 
respetivas bermas, com os taludes de igual 
inclinação, 2:1 (H:V), como mostra a Figura 3. 
 
 
 
Figura 3 – Seção transversal tipo (unidades em metros) 
Como no caso do aterro experimental, 
considerou-se que o corpo do aterro foi 
 
 
executado com a mesma areia do aterro 
hidráulico, com os parâmetros apresentados na 
Tabela 1, analisada no Software Plaxis com 
recurso ao modelo Hardening Soil. 
Tabela 1 – Parâmetros característicos da Areia Fina – 
modelo Hardening Soil 
Parâmetro Valor 
Parâmetros geotécnicos 
Peso específico γ [kN/m3] 17,5 
Índice de vazios e0 0,6 
OCR 1 
Coeficiente de permeabilidade 
vertical 
10
-4 
Coeficiente de permeabilidade 
horizontal 
10
-4 
Parâmetros constitutivos 
Ângulo de atrito interno efetivo ∅’ 
[graus] 
33,8 
Ângulo de dilatancia [graus] 3,8 
Coesão efectiva c’ [kPa] 0(*) 
Módulo deformabilidade 
 
 
 
 
[kN/m
2
] 
18 000 
Módulo deformabilidade 
 
 52 000 
(*) Na modelação do aterro não saturado foi adoptado c’ 
= 1 kPa. 
 
A areia do colchão drenante, aplicada na 
base de todos os aterros, foi também estudada 
com o modelo de Hardening Soil, com as 
características apresentadas na Tabela 2 
Tabela 2 – Parâmetros característicos da Areia do colchão 
drenante – modelo Hardening Soil 
Parâmetro Valor 
Parâmetros geotécnicos 
Peso específico, γ [kN/m3] 17,4 
Índice de vazios, e0 0,5 
Coeficiente de permeabilidade 
vertical, 
10
-4 
Coeficiente de permeabilidade 
horizontal, 
10
-4 
Parâmetros constitutivos 
Ângulo de atrito interno efetivo, 
∅’[graus] 
33,8 
Ângulo de dilatância, [graus] 3,8 
Coesão efectiva, c’[kPa] 0 
Módulo deformabilidade, [kN/m2] 100 000 
Coeficiente de poisson, ν' 0,30 
O estrato de argila foi modelado com recurso 
ao modelo de Soft Soil, com os parâmetros 
presentados na Tabela 3. 
 
Tabela 3 – Parâmetros característicos da Argila Mole – 
modelo Soft Soil 
Parâmetro Valor 
Parâmetros geotécnicos 
Peso específico γ [kN/m3] 13,7 
OCR 1 
Coeficiente de permeabilidade vertical 
 
10
-9 
Coeficiente de permeabilidade 
horizontal 
10
-9 
Parâmetros constitutivos 
Índice de vazios e0 3,5 
Ângulo de atrito interno efetivo ∅’ 
[graus] 
30 
Ângulo de dilatancia [graus] 0 
Coesão efectiva c’ [kPa] 5 
Índice de compressão modificado λ 0,1565 
Índice k 0,0344 
A camada de fundo foi analisada com 
recurso ao modelo de Mohr-Coulomb e com as 
características apresentadas na Tabela 4. 
Tabela 4 – Parâmetros característicos da Areia de fundo – 
modelo Mohr-Coulomb 
Parâmetro Valor 
Parâmetros geotécnicos 
Peso específico γ 17,5 
Índice de vazios e0 0,5 
Coeficiente de permeabilidade vertical 
 
10
-4 
Coeficiente de permeabilidade 
horizontal 
10
-4 
Parâmetros constitutivos 
Ângulo de atrito interno efetivo 
∅’[graus] 33,8 
Ângulo de dilatancia [graus] 3,8 
Coesão efectiva c’ 0 
Módulo deformabilidade 100 000 
Coeficiente de poisson, ν' 0,30 
 
4 SOLUÇÕES ANALISADAS 
 
Em todos as soluções analisadas, tal como o 
aterro AE1, estipulou-se a colocação de um 
georeforço na base do aterro. Embora sem a 
simulação da proximidade do encontro de uma 
ponte, admitiu-se que o comportamento dos 
aterros poderá ser extrapolado para a situação 
 
 
de proximidade do referido encontro de uma 
ponte. 
4.1 Aterro Convencional 
 
A solução do Aterro Convencional previa a 
colocação de drenos verticais e sobrecarga, de 
forma a acelerar os recalques primários e 
antecipar os recalques secundários, sendo 
construído por etapas. 
No pré-dimensionamento, através do cálculo 
analítico, estimaram-se os valores dos 
assentamentos primários que se obteriam para a 
situação mais simples, i.e., não considerando a 
melhoria das propriedades da fundação devido à 
construção faseada. Para tal, aplicou-se a 
equação de recalques (1) para uma cota fixa de 
aterro considerando a submersão da camada, 
por Almeida & Marques (2010). 
 
 
 
 (
 
 
 
 
 ) (1) 
Tendo-se obtido uma estimativa de 
 para um aterro de altura 
 . 
No calculo dos recalques secundários 
aplicou-se a metodologia exposta por Cardoso 
(2013), tendo-se estimado a partir da equação 
(2) um valor de . 
 
 
 
 ( 
 
 
) (
 
 
 
 )(2) 
Como conclusão, constata-se que seria 
necessário construir um aterro de altura 
 para no final 
compensar todos os recalques, 
 . A construção faseada se mostrou 
essencial tendo em vista a baixa resistência da 
argila mole em questão. 
A sobrecarga foi estimada de forma a que a 
altura do aterro mais a sobrecarga provocasse 
um recalque primário igual ou superior ao 
recalque total anteriormente estimado. Estimou-
se uma sobrecarga de , com recurso a 
equação dos recalques por adensamento 
primário, equação (3), para ser retirada no fim 
do período construtivo, os 18 meses. 
 [
 
 
 (
 
 
 
 ) 
 
 
 
 (
 
 
 
 )] (3) 
Optou-se por utilizar a mesma malha de 
drenos que foi utilizada no aterro AE1. O 
dimensionamento do colchão drenante foi 
realizado de acordo com a metodologia 
apresentada por Magnani (2006). 
Estimou-se o esforço de tração atuante no 
reforço através da metodologia proposta em 
1985, por Rowe e Sodermenn, exposta por 
Magnani (2006), desenvolvida para se avaliar as 
forças de tração mobilizadas no reforço a partir 
do valor de deformação previsível, , função, 
por sua vez, do valor de um parâmetro 
adimensional, Ω. 
Através da analise foi prevista uma 
deformação de , o que para um 
georefoço apresentando um módulo de 
elasticidade à tração, na direcção principal, de 
aproximadamente , para 5% de 
deformação (J5% ), se conclui que a tração 
máxima mobilizável no reforço seria da ordem 
de grandeza de , muito inferior ao 
valor de , indicado pelo fornecedor 
(Heusker). 
Foi realizada a previsão, através de cálculos 
analíticos, de quanto tempo seria necessário 
para que ocorresse o adensamento primário 
devido à construção do aterro, considerando 
adensamento com drenagem puramente radial, 
 , devido à existência dos drenos 
verticais. Não foi considerado o efeito de 
smear, de forma a simplificar e a compensar a 
não consideração da componente da drenagem 
vertical, nem as alterações dos valores dos 
coeficientes de permeabilidade devidas à 
construção faseada, tendo-se concluído que os 
18 meses seriam suficientes. 
Optou-se por desenvolver uma modelação 
em plane strain, com recurso ao modelo 
indicado da Figura 4. 
 
 
 
 
Figura 4 – Perfil transversal do Aterro Convencional: 1 - 
Aterro; 2 - Colchão drenante; 3 - Aterro Hidráulico; 4 - 
Estrato argiloso; 5 - Estrato de areia densa 
 
No entanto para modelar em plane strain e 
para representar o efeito smear, fez-se a 
transformação do problema 3D em 2D e 
alterou-se a permeabilidade junto dos drenos, 
aplicando-se a metodologia recomendada por 
Indraratna (2005), indicada na Figura 5. Tendo-
se obtido as permeabilidades indicadas na 
Tabela 5. 
Tabela5 – Permeabilidades da Argila Mole 
Parâmetro Valor 
Permeabilidade vertical 
 
Permeabilidade horizontal 
 
Permeabilidade horizontal com 
smear 
 
Permeabilidade horizontal em Plane 
Strain 
 
Permeabilidade horizontal em Plane 
Strain com smear 
 
 
 
Figura 5 – Transformação das permeabilidades, 
Indraratna (2005) 
 
Desta forma, após correr o modelo no 
software Plaxis 2D, foi possível obter os 
deslocamentos no topo do aterro que vem 
apresentado em forma de gráfico na Figura 6, 
onde é visível um empolamento da ordem dos 
 no momento em que é retirada a 
sobrecarga. Verificou-se que o georeforço 
mobilizou um esforço axial máximo com o 
valor de . Verificou-se que a 
construção em etapas fez com que se 
obtivessem assentamentos menores do que os 
estimados analiticamente e que seria necessário 
mais tempo para estabilizar, devido ao 
adensamento gradual do estrato argiloso, 
conforme Figura 6. 
 
Figura 6 - Evolução dos assentamentos com o tempo com 
altura de aterro para construção faseada (em etapas). 
4.2 Aterro sobre Colunas Granulares 
Encamisadas 
 
O aterro sobre colunas granulares tem como 
vantagem, face às soluções convencionais, um 
menor prazo construtivo e um maior controle 
sobre os recalques, produzindo um aumento de 
resistência na argila, devido à drenagem que as 
colunas conseguem e, consequentemente, ao 
aumento da capacidade resistente da fundação. 
Estipulou-se que as colunas teriam de 
comprimento, de modo a ficarem encastradas 
no estrato competente, diâmetro , 
formando uma malha quadrada de lado , de 
modo a assegurar a não existência de 
assentamentos diferenciais no topo do aterro. 
Para tal, aplicaram-se os critérios proposto por 
Filz (2012), conforme equação (4). 
 
 (4) 
Onde é o diâmetro do topo da coluna e é a 
metadeda maior distância horizontal de solo 
contido entre colunas. Impondo a altura, 
 , com o diâmetro 
 obtendo uma distância entre colunas 
 . Optou-se por estipular , 
valor comum neste tipo de obras, por questões 
de drenagem. 
 
 
O material granular utilizado tem as 
propriedades típicas de uma areia comum, 
modelado com o modelo de material Mohr-
Coulomb e com os parâmetros característicos 
apresentados na Tabela 6. 
No âmbito da modelação recorreu-se ao 
conceito de célula unitária, com diâmetro 
equivalente , utilizando a opção de 
simetria, apresentada na Figura 7. 
Obtiveram-se então as curvas dos 
assentamentos no topo do aterro para os casos 
não encamisado e encamisado, apresentados na 
Figura 8 tornando-se explícito o importante 
contributo do encamisamento. 
 
Tabela 6 – Parâmetros característicos do material da 
coluna granular – modelo Mohr-Coulomb 
Parâmetro Valor 
Parâmetros geotécnicos 
Peso específico húmido γh [kN/m3] 18 
Peso específico saturado γsat [kN/m3] 20 
Coeficiente de permeabilidade vertical 
 
1,16x10
-4 
Coeficiente de permeabilidade 
horizontal 
1,16x10
-4 
Parâmetros constitutivos 
Índice de vazios e0 0,5 
Ângulo de atrito interno efetivo ∅’ 
[graus] 
38 
Ângulo de dilatancia [graus] 12 
Coesão efectiva c’ [kPa] 5 
Molulo deformabilidade E’ [kN/m2] 25x103 
Índice n’ 0,30 
 
 
 
Figura 7 – Célula unitária malha de elementos finitos do 
aterro sobre colunas granulares encamisadas 
 
Figura 8 – Evolução no tempo dos recalques no topo do 
aterro, em função da altura construída de aterro para a 1 - 
Coluna Granular não encamisada e 2 - Coluna Granular 
encamisada 
 
4.3 Aterro sobre Estacas 
Considerou-se nesta solução o aterro sobre 
estacas cravadas em concreto armado, com 
comprimentos e diâmetro ∅ 
 , com capitéis circulares de diâmetro 
 , formando uma malha quadrangular de 
lado , dimensão que garante a não 
existência de assentamentos diferenciais no 
topo do aterro, tal como no projeto do Aterro 
sobre colunas granulares, respeita os critérios 
propostos por Kempfert em 2004, apresentado 
por Magnani (2006), e assegura que as tensões 
no reforço são admissíveis. 
Tal como no caso do aterro sobre colunas 
granulares, a modelação do aterro sobre estacas 
recorre a uma célula unitária. Contudo, a 
modelação axissimétrica não considera a 
anisotropia do georeforço, nem permite 
verificar a concentração de tensões nos vértices 
dos capitéis. De forma a solucionar esta 
limitação, foi prevista a construção de capitéis 
circulares sem zonas angulosas. A malha de 
elementos finitos adotada para o caso é 
mostrada na Figura 9. 
Modelou-se a estaca de concreto com um 
comportamento linear elástico, com as 
propriedades apresentadas na Tabela 7. Todos 
os outros materiais tiveram suas propriedades e 
modelos inalterados. 
Verificou-se que a estaca mobiliza um 
deslocamento vertical máximo de 10 cm e que 
não são mobilizados assentamentos diferenciais 
no terreno à cota do topo da estaca. 
 
 
 
Tabela 7 – Parâmetros característicos do concreto 
Parâmetro Valor 
Peso específico, γ [kN/m3] 25,0 
Módulo deformabilidade, [kN/m2] 30x106 
Coeficiente de poisson, ν' 0,00 
Coeficiente de permeabilidade vertical, 
 
10
-8 
Coeficiente de permeabilidade 
horizontal, 
10
-8 
 
 
Figura 9 – Célula unitária e malha de elementos finitos do 
caso de aterro sobre estacas. 
 
5 ANÁLISE ECONÓMICA 
COMPARTATIVA 
 
Na Tabela 8 estão descritas as principais 
características técnicas de cada uma das 
soluções apresentadas na Figura 10. As 
quantidades apresentadas estão contabilizadas 
por metro longitudinal de aterro e como 
consequência, também os preços finais se 
referem a valores por metro longitudinal de 
aterro. Os valores dos preços unitários aplicados 
a cada tarefa são representativos dos valores 
médios de mercado (de Portugal). 
Na proposta apresentada para o Aterro 
convencional não foi introduzido o preço da 
construção da laje de transição, uma vez que 
essa contabilização não era viável por metro 
longitudinal de aterro. 
Com os valores obtidos para cada proposta 
apresentada é possível concluir que a solução 
mais flexível - Aterro Convencional - é a mais 
barata, com um custo de cerca 3.000,00€, por 
metro longitudinal de aterro. No entanto é 
também a solução que necessita de maior 
espaço de tempo - 18 meses - para obter a 
estabilização do estrato compressível. 
O fator tempo deve ser analisado em 
conjuntos com outros factores, como por 
exemplo, o tempo de construção de outras infra-
estruturas ou ainda outras intervenções que 
aquela área poderá sofrer. Poderá suceder que o 
tempo de espera entre etapas de construção seja 
utilizado, na íntegra, para a construção das 
outras infra-estruturas. 
A solução mais onerosa é a proposta de 
Aterro sobre Colunas Granulares Encamisadas, 
com um custo de cerca 5.700,00€, por metro 
longitudinal de aterro, não apresentando 
nenhuma vantagem para a solução do Aterro 
Estaqueado. A proposta de Aterro Estaqueado é 
a solução mais rígida e com maior fiabilidade. 
Nas várias soluções estudadas não se alterou 
a inclinação dos taludes, 1:2 (vertical : 
horizontal) por ter sido uma condicionante 
inicial. No entanto é plausível que nas soluções 
mais rígidas se possam executar taludes com 
inclinações mais acentuadas, eventualmente 
reforçados com georeforços, o que se iria 
traduzir em menores volumes de aterro, com 
provável reflexo no custo final da solução. 
 
Tabela 8 – Análise comparativa técnico-econômica entre as soluções estudadas, Cardoso (2013) 
Designação 
Aterro 
reforçado 
sobre drenos 
Aterro sobre 
Colunas 
Granulares 
Encamisadas 
Aterro 
Estaqueado com 
reforço 
Quantidades 
1.Estimativa de altura de aterro necessária 7,15m 5,5m 5,1m 
2. Estimativa de assentamento (recalque) 1,8m 0,5m 0,0m 
3. Estimativa de custo global de cada 
solução (por metro longitudinal de aterro) 3.000,00 € 5.700,00 € 4.200,00 € 
 
 
 
Figura 10 – Seção tipo de cada solução: A – Aterro convencional ; B – Aterro sobre colunas granulares encamisadas ; C 
–Aterro sobre estacas. 
 
6 PRINCIPAIS CONCLUSÕES 
 
Aterros sobre solos moles podem ser 
construídos com sucesso caso a solução tenha 
tido em consideração o comportamento 
complexo dos solos argilosos, Sonney (2013), 
em particular quando executados junto a 
encontros de pontes, onde a transição de rigidez 
deverá ser a mais gradual possível, conforme já 
referido por . 
A solução do aterro convencional, como o 
aterro experimental AE1, explora ao máximo o 
benefício da consolidação acelerada pela 
combinação dos drenos e sobrecarga. 
Com a modelagem, verificou-se ainda que o 
estrato de argila obtinha melhorias 
significativas, com a construção faseada, 
resultando em assentamentos menores e, 
consequentemente, reduzindo o coeficiente de 
permeabilidade, o que determinou a 
necessidade de mais tempo para a dissipação da 
poro-pressão, ou seja, mais tempo para a 
estabilização. 
Comparativamente com as soluções de aterro 
sobre colunas granulares e sobre estacas, estas 
últimas embora mais onerosas, permitem a 
realização da obra num menor intervalo de 
tempo e, sobretudo, com maior previsibilidade 
de comportamento, fator extremamente 
importante em aterros a executar em zonas 
sensíveis, que, como já referido, são os 
encontros de pontes. 
A análise económica comparativa foi 
realizadacom a intenção de estimar o custo de 
cada solução, tendo, para tal, sido utilizado os 
valores médios praticados no mercado europeu, 
em particular de Portugal. No entanto, será 
importante ter em consideração que os preços 
de mão de obra mais qualificada são na maioria 
dos países da Europa, em geral, ainda 
superiores aos aplicados na maioria dos países 
da América do Sul, o que significa que na 
análise comparativa o fator tempo de 
construção poderá requer uma atenção especial. 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
Almeida, M. S., & Marques, M. E. (2010) Aterros sobre 
solos moles: Projeto e desempenho. São Paulo. 
Oficina de texto. 
Cardoso, M. C. (2013) Análise de Soluções de Projetos 
de Aterros Sobre Solos Moles. Tese de Mestrado – 
IST – UTL, Lisboa, Portugal, em parceria com a 
COPPE – UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil. 
Filz, G. (2012) Column-Supported Embankments: 
Settlement and Load Transfer. Geotechinical 
Engineering State Of The Art And Practice - Keynote 
Lectures From Geocongress. 
HUESKER. (s.d.). Stabilenka - Woven Fabrics for 
Reinforcement and Separation. 
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