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Direito Constitucional - Aula 06 - Teoria Geral dos Dir. Fundamentais

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AULA 06: TEORIA GERAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
 
 
1) CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. DIFERENÇA ENTRE 
DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS 
Introdutoriamente, vamos propor uma definição de direitos 
fundamentais, para, em seguida, diferenciá-los dos direitos humanos 
(ou direitos do homem). 
Os doutrinadores divergem quanto ao conceito de direitos fundamentais. 
Sem penetrarmos nos pormenores das suas discussões, podemos analisar a 
matéria sob duas perspectivas, uma material e outra formal, e, a partir 
disto, intentar um conceito que as aglutine. 
A concepção material de direitos fundamentais é extremamente variável 
no tempo e no espaço, ou seja, altera-se profundamente conforme a 
sociedade dentro da qual o conceito seja formulado e o momento histórico 
em que tal formulação seja levada a cabo. Singelamente, esta concepção 
parte do reconhecimento de uma “fundamentalidade material” a 
determinados direitos, pois essenciais aos indivíduos, singular ou 
coletivamente considerados. Nessa concepção, direitos fundamentais são os 
direitos reputados capitais no seio de certa sociedade politicamente 
organizada, em dado período histórico, e que, em vista disso, podem 
ser exigidos pelas pessoas naturais ou jurídicas que a integram. 
A concepção formal baseia-se na previsão do direito no documento 
constitucional. Nessa acepção, são fundamentais os direitos previstos na 
Constituição do Estado. Essa previsão pode constar em um tópico 
específico, especialmente destinado à disciplina de tais direitos, ou de forma 
esparsa ao longo de todo o texto constitucional. Ademais, nesta perspectiva 
também se consideram fundamentais os direitos que, apesar de não 
constarem expressamente na Constituição, derivam direitos nela 
consagrados, e a estes são equiparados pelo sistema jurídico do Estado. 
Reunindo estas duas acepções, podemos definir direitos fundamentais como 
o conjunto de direitos que, em determinado período histórico e em 
certa sociedade, são reputados essenciais para seus membros, e 
assim são tratados pela Constituição, com o que se tornam passíveis 
de serem exigidos e exercitados, singular ou coletivamente. 
Com melhor técnica, trazemos o conceito de Perez Luño, apresentado por 
André Ramos Tavares. Segundo aquele autor, os direitos fundamentais são: 
Um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento 
histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade 
humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos 
ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. 
Uma vez proposto o conceito de direitos fundamentais, neste ponto é 
necessário diferenciar tais direitos dos direitos humanos (ou direitos do 
homem). 
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Os direitos humanos são os direitos reconhecidos como inerentes à 
própria natureza humana, os direitos a que todos fazem jus pelo mero 
fato de existirem, de sua condição de pessoa humana, sendo totalmente 
desvinculados de quaisquer considerações espaço-temporais. Em 
suma, o homem, por ser o homem, pela sua natureza humana, é titular de 
determinados direitos, seja qual for o período histórico considerado e 
o Estado a que pertença. É um conceito eminentemente jusnaturalista, 
fundado na razão humana, que reconhece ao homem um conjunto 
mínimo de direitos, independentemente de sua previsão em qualquer 
documento jurídico, seja nacional ou internacional (embora seja comum 
sua previsão nos documentos internacionais, a exemplo da Declaração 
Universal dos Direitos do Homem, promulgada pela ONU em 1948). Por 
isso, afirma-se que os direitos humanos têm caráter inviolável, universal 
e atemporal. 
Já os direitos fundamentais são os direitos humanos que encontram 
expressa previsão em um documento constitucional. O legislador 
constituinte, partindo de um largo espectro de direitos humanos, positiva 
alguns deles na Constituição. Esses, os direitos humanos explicitamente 
prescritos no texto constitucional, e, portanto, delimitados no tempo e no 
espaço, são os direitos fundamentais. Enquanto os direitos humanos têm 
um caráter universal, válido pra todas as épocas e todos os lugares, os 
direitos fundamentais tem caráter relativo, pois variam conforme a época e 
o local, já que correspondem ao conjunto de direitos positivados na 
Constituição em vigor de determinado Estado. 
Bem definido, então, nosso objeto de estudo nessa unidade: os direitos 
fundamentais, segundo a definição acima exposta. 
 
2) CLASSIFICAÇÃO 
Os direitos fundamentais, tomando por critério o momento histórico em que 
surgiram e no qual foram prescritos nos textos constitucionais, são 
tradicionalmente apresentados com a seguinte classificação: direitos 
fundamentais de primeira geração (ou dimensão), direitos fundamentais 
de segunda geração (ou dimensão) e direitos fundamentais de terceira 
geração (ou dimensão). Modernamente, há entendimento de que já existe 
uma quarta geração (ou dimensão) de direitos fundamentais, como 
veremos no momento apropriado. 
Os direitos fundamentais de primeira geração são os direitos civis e 
políticos. Correspondem às liberdades clássicas, e têm por fundamento 
o princípio da liberdade. 
Os direitos fundamentais de segunda geração são os direitos sociais, 
econômicos e culturais, e têm por fulcro o princípio da igualdade. 
Os direitos fundamentais de terceira geração são os direitos vinculados ao 
desenvolvimento, à paz, ao meio-ambiente, e têm por lastro o ideal da 
fraternidade. 
Conjugando esses princípios, temos o tríplice ideário dos revolucionários 
franceses do séc. XVIII: liberdade, igualdade, fraternidade. 
De pronto devemos afastar qualquer idéia de que o reconhecimento de uma 
geração posterior de direitos fundamentais implica na superação da geração 
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ou gerações posteriores. O que ocorre é justamente o oposto: além da 
permanência dos direitos das gerações anteriores, ocorre sua releitura 
perante a nova geração de direitos fundamentais. Os novos direitos, 
portanto, assumem dupla função: impõem novos valores ao Estado e à 
sociedade e redimensionam os valores já consagrados anteriormente. 
Partindo dessas premissas iniciais, vamos ao estudo de cada geração de 
direitos fundamentais. 
 
2.1) Direitos fundamentais de primeira geração (ou dimensão) 
Os direitos fundamentais de primeira geração, também denominados 
“liberdades públicas”, são os direitos civis e políticos, e abrangem as 
quatro liberdades clássicas (vida, liberdade, segurança e propriedade). 
São exemplos de tais direitos, entre outros, o direito à vida, à propriedade, 
à liberdade de locomoção, à liberdade de expressão, à liberdade de 
participação política, à igualdade (formal) perante a lei, à incolumidade 
física etc. 
Historicamente, são os primeiros direitos fundamentais, frutos do Estado 
Liberal. Representam, na sua essência, a vitória, ao menos parcial, do 
Estado Liberal sobre o Estado absolutista. Embora alguns entendam que sua 
origem (e, portanto, a origem dos direitos fundamentais) encontra-se na 
Magna Carta Libertatum, promulgada em 1215 na Inglesa, predomina o 
entendimento de que a efetiva positivação desses direitos deu-se com as 
declarações de direito elaboradas nos Estados norte-americanos, no séc. 
XVIII, sendo a primeira delas a Declaração dos Direitos do Bom Povo da 
Virgínia, datada de 1776. 
Posteriormente, tais direitos foram reconhecidos e reforçados na Declaração 
de Direito do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789 durante a 
Revolução Francesa.A partir dela, embora com cunho essencialmente 
individualista, deu-se a universalização dos direitos fundamentais, com sua 
paulatina positivação nas Constituições dos demais Estados europeus, 
depois se propagando para o restante do mundo. 
Os direitos fundamentais de primeira geração, diretamente vinculados à 
ideologia liberal, são essencialmente direitos de defesa do indivíduo frente 
ao Estado, pois objetivam não uma prestação positiva do Estado, mas uma 
atuação negativa, um não-agir por parte do Estado em benefício da 
liberdade do indivíduo, no sentido de que o ente estatal não interfira nas 
esferas jurídicas individuais. Buscam, basicamente, assegurar a liberdade 
do indivíduo na arena política e, precipuamente, em seus negócios privados. 
Como pondera Gabriel Dezen Junior: 
Pretende-se sobretudo fixar uma esfera de autonomia pessoal indene 
contra as expansões do Poder. Não surpreende, assim, que se voltem 
contra ações do Estado. Trata-se de direitos que postulam abstenções 
dos governantes, criam obrigações de não-fazer, de não interferir 
sobre aquelas esferas íntimas de cada indivíduo, indispensáveis ao 
digno desenvolvimento. 
Uma ressalva a esta atitude omissiva do Estado perante os indivíduos pode 
ser vislumbrada apenas quanto ao direito à segurança, para os que o 
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consideram um direito fundamental de primeira geração, já que ele exige 
para sua satisfação uma atuação comissiva do Estado, buscando assegurar 
a incolumidade física do cidadão mediante atividades de policiamento. 
 
2.2) Direitos fundamentais de segunda geração (ou dimensão) 
Os direitos fundamentais de segunda geração são os direitos de índole 
econômica, social e cultural (direito ao trabalho, à previdência social, ao 
lazer, à segurança etc.). Em termos cronológicos, surgem após os direitos 
de primeira geração e, diferentemente, destes, não visam a uma atuação 
estatal negativa, mas positiva, pois têm por conteúdo alguma prestação 
que o Estado deva cumprir perante os indivíduos. Exige, pois, uma atuação 
comissiva, um fazer do Estado frente aos membros da coletividade. 
Exemplificativamente, podemos citar como direitos de segunda geração o 
direito à proteção na idade avançada, o direito ao lazer, à saúde, à 
assistência social, à previdência social, ao trabalho, à habitação, ao 
desporto etc. 
Afirma-se que esses direitos buscam essencialmente a igualdade entre os 
indivíduos. Igualdade em termos materiais, reais, para o que se faz 
indispensável a atuação do Estado a favor dos hipossuficientes, e não 
uma igualdade formal (prevista abstratamente na lei), que marcou os 
direitos de primeira geração. 
José Afonso da Silva apresenta uma definição dos direitos sociais que pode, 
com as necessárias adaptações, ser aproveitada para os demais direitos de 
segunda geração, qual seja: 
Prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou 
indiretamente, enunciadas nas normas constitucionais, que possibilitam 
melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a 
realizar a igualização das situações sociais desiguais. São, portanto, 
direitos que se ligam ao direito de igualdade. Valem como pressupostos 
do gozo dos direitos individuais na medida em que criam condições 
materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o que, por 
sua vez, proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo 
da liberdade. 
O surgimento e a afirmação destes direitos decorrem da evolução do 
conceito de Estado, e se explicam dentro de um contexto maior da evolução 
da própria sociedade. Inicialmente, fez-se necessário a substituição do 
Estado absolutista, aniquilador da liberdade individual, pelo Estado Liberal, 
propugnador desta mesma liberdade. No final do séc. XIX e início do séc. 
XX, entretanto, já havia se solidificado e adquirido força social uma nova 
percepção, de que a dignidade individual da maioria dos membros da 
coletividade não seria obtida com a mera omissão estatal. 
Era necessário mais, que o Estado abandonasse sua postura passiva, como 
lhe foi exigido no momento histórico anterior, e passasse a atuar 
positivamente perante a sociedade, a fim de propiciar as condições para 
que a igualdade formal então obtida fosse transformada em uma igualdade 
material, real, efetiva. 
Percebeu-se que não bastava o reconhecimento formal da igualdade e a 
garantia da liberdade individual para se assegurar um pleno 
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desenvolvimento da sociedade como um todo, já que a maioria de seus 
membros não dispunha de condições reais de obter condições dignas de 
existência. Para que tal intento fosse atingido era indispensável que o 
Estado assumisse um papel atuante perante a sociedade, pois apenas o 
ente estatal, distanciado de interesses próprios, estaria apto a criar as 
condições para um efetivo desenvolvimento da integralidade dos membros 
da coletividade. Nessa nova perspectiva, impõem-se ao Estado a 
implementação de políticas públicas que criem as condições de igualdade 
material almejadas. Daí, porque os direitos de segunda geração são 
também chamados de direitos dos desamparados ou direitos do bem-estar. 
Com sua afirmação temos a superação do Estado Liberal pelo Estado Social, 
intervencionista na sociedade. 
É de se destacar que, logo após sua previsão nos textos constitucionais, os 
direitos de segunda geração passaram por uma crise de normatividade, 
pois sua concretização depende da implementação de políticas públicas pelo 
Estado, e isto exige a disponibilidade de vultosos recursos financeiros. Tal 
circunstância fez com que às normas que estabelecem esses programas de 
ação para o Estado (as normas programáticas) fosse negada uma real 
eficácia jurídica, já que sua aplicação – a implantação do programa de ação 
previsto – depende da existência dos recursos financeiros acima referidos. 
Ademais, a efetivação dos direitos de segunda geração requer, inúmeras 
vezes, que seja elaborada a legislação complementar à Constituição. É o 
que ocorre atualmente, por exemplo, no caso do art. 7o, I, da nossa 
Constituição, que exige a edição de lei complementar para disciplinar a 
proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa. 
Atualmente, cessou qualquer controvérsia no que toda à eficácia jurídica 
das normas que consagram os direitos de segunda geração. Em primeiro 
lugar, porque diversos direitos desta espécie não exigem regulação pela 
legislação ordinária para seu pleno exercício e, em segundo, porque mesmo 
aqueles que exigem essa complementação, a partir de sua previsão na 
Constituição, já produzem o que se chama de eficácia negativa, ou seja, a 
revogação da legislação anterior à Carta e a inconstitucionalidade daquela a 
ela superveniente que dispuserem de forma contrária ao prescrito em seu 
texto. 
Ademais, foram estabelecidos mecanismos nas Constituições 
contemporâneas justamente para conferir eficácia jurídica a todos os 
direitos fundamentais. É o que ocorre, exemplificativamente, com nossa 
Constituição, a qual, no § 1o do art. 5o estabelece o princípio da imediata 
aplicabilidade das normas que consagram os direitos fundamentais, 
dispositivo que visa a conferir uma real eficácia aos direitos fundamentais 
como um todo, em especial aos de segunda geração. 
Aonde sobre esses direitos fundamentais, trazemos lição de Vicente Paulo: 
Há que se destacar, porém, que nem todos os direitos fundamentais 
de segunda geração consubstanciam “direitos positivos”, vale dizer, 
exigência de atuação positiva por parte do Estado. 
Com efeito, a idéia geral é a de que os direitos sociais são direitos à 
prestação, direitos que se traduzem em deveres comissivos,positivos 
do Poder Público. Entretanto, essa não é uma regra absoluta, pois, 
assim como há direitos sociais à prestação positiva, temos direitos 
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sociais negativos. Na nossa Constituição Federal de 1988, o direito à 
saúde, à previdência social, à assistência social, à assistência aos 
filhos até seis anos de idade, à educação etc. são exemplos de 
direitos sociais positivos. Mas temos, também, direitos sociais 
negativos, como o de liberdade sindical (CF, art. 8o) e o de liberdade 
de greve (CF, art. 9o). 
Assim, o critério para distinguir direitos sociais de direitos individuais 
não pode ser, unicamente, o critério da prestação ser positiva ou 
negativa. Pode-se dizer, então, que os direitos sociais têm como 
premissa a necessidade da promoção da igualdade substantiva, a 
proteção do mais fraco na arena social, a mudança do status quo em 
favor de quem está desfavorecido. Enfim, os direitos fundamentais 
sociais são os que expressam o intervencionismo estatal em defesa 
do mais fraco, enquanto os direitos fundamentais individuais são os 
que visam a proteger liberdades públicas. 
 
2.3) Direitos fundamentais de terceira geração (ou dimensão): 
Os direitos fundamentais de terceira geração possuem natureza 
essencialmente transindividual, porquanto não possuem destinatários 
especificados, como os de primeira e segunda geração, abrangendo a 
coletividade como um todo. São, assim, direitos de titularidade difusa ou 
coletiva, que abrangem destinatários indeterminados ou de difícil 
determinação. Vinculam-se essencialmente aos valores da fraternidade ou 
solidariedade, e são tradução de um ideal intergeracional, que liga as 
gerações presentes às futuras, a partir da percepção de que a qualidade de 
vida destas depende sobremaneira do modo de vida daquelas. 
São exemplos os direitos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ao 
progresso, à paz, à autodeterminação dos povos, à conservação do 
patrimônio histórico e cultural, à comunicação (para alguns, também os 
direitos relacionados à infância e juventude e os direitos do consumidor), 
entre outros. 
Duas são as origens básicas desses direitos: a degradação das liberdades, a 
deterioração dos demais direitos fundamentais em virtude do uso nocivo 
das modernas tecnologias; e o nível de desigualdade social e econômica 
existente entre as diferentes nações. 
A fim de superar tais realidades, que afetam a humanidade como um todo, 
impõe-se o reconhecimento de direitos que também tenham tal abrangência 
– a humanidade como um todo -, partindo-se da idéia de que não há como 
se solucionar problemas globais a não ser através de soluções também 
globais. Tais “soluções” são os direitos de terceira geração. 
 
2.4) Direitos fundamentais de quarta geração (ou dimensão) 
O Professor Paulo Bonavides defende a existência de direitos que poderiam 
ser encartados à parte, constituindo uma quarta geração de direitos 
fundamentais. Seriam os direitos à democracia, à informação e ao 
pluralismo, frutos do processo de alastramento do fenômeno democrático 
por todo o mundo. 
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3) CARÁTER ABERTO E MUTÁVEL 
Pelo exposto no tópico precedente, é simples concluir que os direitos 
fundamentais não são estanques, não podem ser reunidos num elenco fixo, 
imutável, nem ter seu conteúdo compreendido da mesma forma nos 
diferentes períodos históricos em que se desenrolou seu estabelecimento e 
evolução. 
Sumariando alguns apontamentos já apresentados, vale lembrar que a 
revolução burguesa legou-nos os chamados direitos fundamentais de 
primeira geração (ou dimensão), basicamente civis e políticos, tais como 
os direitos à propriedade, à liberdade e à participação política; o alvorecer 
do séc. XX presenciou o nascimento dos direitos fundamentais de segunda 
geração, ligados ao princípio da igualdade, de cunho social, econômico e 
cultural, de que são exemplos os direitos à previdência social, às condições 
dignas de trabalho, à diversidade de ideologias, entre outros; o pós-guerra 
mundial, por sua vez, trouxe aqueles direitos considerados de terceira 
geração, cuja marca essencial é seu caráter difuso, pois englobam toda a 
sociedade e não se dirigem a nenhum indivíduo em particular, sendo sua 
fruição eminentemente coletiva, podendo ser assim considerados os direitos 
a um meio ambiente equilibrado, à paz, à autodeterminação dos povos, à 
comunicação sem fronteiras. E há os que, a exemplo de Paulo Bonavides, 
ainda defendem a existência de uma quarta geração de direitos 
fundamentais, relacionados à expansão do processo democrático a nível 
mundial, entre os quais podemos citar os direitos à democracia, à 
informação e ao pluralismo. 
Como se nota, o surgimento dos diversos direitos fundamentais, ao longo 
da História, comprova-nos serem esses direitos uma categoria aberta e 
potencialmente ilimitada, a qual pode ser complementada por outros 
direitos a partir da constatação de sua importância para o desenvolvimento 
pleno da sociedade, como poderá ocorrer com relação à clonagem, cujas 
potencialidades podem levar à defesa de sua legitimidade e à sua inserção 
entre o rol dos direitos fundamentais. Da mesma forma, daqui a dez, vinte, 
cinqüenta ou cem anos poderá ser notada a importância de algum direito, 
talvez hoje inexistente, em decorrência da evolução tecnológica e cultural 
contínua do corpo social, que o leve a ser considerado como fundamental. 
E não é só. Os direitos fundamentais não sofrem apenas transformações 
quantitativas, pela inserção de novos direitos dentro dessa categoria 
jurídica, mas também qualitativas, em função da diversidade de significado 
e do alcance que tais direitos passam a apresentar no decorrer da evolução 
histórica. Basta tomarmos um exemplo para aclarar esta questão: o direito 
de participação política, que, quando do seu surgimento, era restrito à 
parcela do povo que se encontrava em certo patamar econômico, ou que 
preenchia certos requisitos culturais, como grau mínimo de escolaridade, 
sexo masculino, e que hoje, na maioria das sociedades modernas, pode ser 
exercido por todos aqueles que atingirem determinada idade, sem 
restrições de ordem financeira, sexual e cultural. 
O direito de propriedade é outro exemplo disto: considerado absoluto no 
século passado, já que o proprietário podia utilizar-se de seus bens da 
forma que melhor lhe aprouvesse, sem quaisquer considerações de ordem 
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coletiva (primeira geração), adquiriu posteriormente um delineamento 
eminentemente social, que condiciona o uso da propriedade ao 
cumprimento de sua função social, admitindo-se, até mesmo, sua perda, 
quando esta finalidade social não estiver sendo alcançada (segunda 
geração), e atualmente a ele se acresce as preocupações relacionadas à 
preservação do meio ambiente, que impõe seu uso de forma 
ecologicamente equilibrada (terceira geração). 
Do exposto, fica patente serem os direitos fundamentais uma categoria 
aberta, pois incessantemente completada por novos direitos; e mutável, 
pois os direitos que a constituem têm alcance e sentido distintos, conforme 
a época que se leve em consideração. 
 
4) TITULARIDADE 
Neste ponto analisaremos a titularidade dos direitos fundamentais, ou, de 
outro modo, quem são ou podem ser seus destinatários. 
Inicialmente, vale frisar que o constitucionalismo contemporâneo tem 
salientado o princípio da universalidade dos direitos fundamentais, a 
partir do que se considera que tais direitos, em cada Estado, têm por 
destinatários todae qualquer pessoa física ou jurídica privada que 
esteja localizada dentro de seu território. 
Dentro deste enfoque, houve um alargamento da concepção tradicional, 
que centrava no indivíduo, no ser humano, a titularidade dos direitos 
fundamentais, de forma a entender-se, atualmente, que eles são aplicáveis 
também às pessoas jurídicas, às pessoas coletivas nascidas da reunião de 
pessoas físicas para o atingimento de uma finalidade consensualmente 
estabelecida. 
Não deve causar estranheza o fato de termos elencado como destinatárias 
de direitos fundamentais as pessoas jurídicas privadas. É verdade que, 
inicialmente, os direitos fundamentais foram construídos visando 
precipuamente ao ser humano, à pessoa “de carne e osso”. Modernamente, 
considera-se que o ser humano permanece como o principal titular dos 
direitos fundamentais, mas se entende também que não podem ser 
excluídas dessa condição as pessoas jurídicas. 
Desse modo, aceita-se que elas também sejam titulares de direitos 
fundamentais, não de todos, é bom que se frise, mas apenas daqueles que 
não pressupõem características inerentes ao ser humano. Por exemplo: não 
há como se aplicarem às pessoas jurídicas os direitos à vida, à liberdade de 
locomoção, à assistência social, que podem ter como destinatários apenas o 
homem, mas são extensivos a elas os direitos à propriedade, à liberdade de 
expressão, ao sigilo das comunicações, à indenização por dano à imagem, 
ao respeito do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, 
entre outros, que não pressupõem características essencialmente humanas. 
Essa conclusão aplica-se também ao próprio Estado e às suas entidades 
administrativas, no que for compatível com suas respectivas 
características. 
Se nos limitarmos aos direitos de primeira e segunda geração, é difícil 
percebermos a possibilidade de as pessoas jurídicas de direito público virem 
a deter a titularidade de direitos fundamentais. Realmente, os direitos 
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fundamentais inicialmente foram construídos como direitos do indivíduo 
frente ao Estado, seja como direitos de defesa contra o Estado (primeira 
geração), seja como direitos a uma prestação por parte do Estado (segunda 
geração). Nestes termos, não há como se colocar as pessoas de direito 
público no pólo ativo de uma relação de direito fundamental: como 
poderiam elas estar obrigadas às omissões ou ações que constituem seu 
conteúdo (pólo passivo) e, simultaneamente, ser titulares dessas ações ou 
omissões (pólo ativo)? 
É verdade: em regra as pessoas jurídicas de direito público ocupam o pólo 
passivo nas relações de direitos fundamentais. Entretanto, como é comum 
no mundo jurídico, toda boa regra tem uma boa exceção, ou mesmo um 
montão de boas exceções. E é precisamente isto que ocorre aqui. Basta 
pensarmos no direito de propriedade, típico direito fundamental de primeira 
geração, que também pode ter por titular uma entidade de direito público, 
ou os direitos de requisitar bens e serviços e de desapropriar bens 
particulares, direitos titularizados por entidades de direito público 
classificados entre os direitos de segunda geração. Frente a esses 
exemplos, torna-se claro que as pessoas jurídicas de direito público podem 
ser titulares de direitos fundamentais. 
Nossa Constituição é recheada de exemplos que comprovam a diversidade 
dos destinatários de direitos fundamentais, como aponta com exatidão 
Vicente Paulo, nos seguintes termos: 
Assim, na nossa Constituição Federal de 1988, temos direitos 
fundamentais igualmente voltados para as pessoas naturais, jurídicas 
e estatais (direito de propriedade, por exemplo – art. 5o, XXII); 
temos direitos fundamentais extensíveis às pessoas naturais e às 
pessoas jurídicas (assistência jurídica gratuita e integral, por exemplo 
– art. 5o, LXXIV); temos direitos fundamentais exclusivamente 
voltados para a pessoa natural (direito de locomoção, por exemplo – 
art. 5o, XV); temos direitos fundamentais restritos aos cidadãos (ação 
popular, por exemplo – art. 5o, LXXIII); temos direitos fundamentais 
voltados exclusivamente para a pessoa jurídica (direito de existência 
das associações, direitos fundamentais dos partidos políticos – art. 5o, 
XIX, e art. 17, respectivamente); direitos fundamentais voltados 
exclusivamente para o Estado (direito de requisição administrativa, 
por exemplo – art. 5o, XXV). 
 
5) PÓLO ATIVO E PÓLO PASSIVO 
Como vimos no tópico anterior, podemos ter como titulares de direitos 
fundamentais as pessoas naturais, as pessoas jurídicas privadas e o próprio 
Estado. Ora, como todo direito, as relações de direito fundamental, se de 
um lado tem um titular, aquele que pode exigir o cumprimento do direito 
fundamental, de outro tem aquele que está obrigado a acatar tal exigência. 
Estamos, enfim, referindo-nos aos pólos ativo e passivo das relações de 
direitos fundamentais. 
A maioria dos direitos fundamentais segue tendo a pessoa física como 
titular e o Estado como obrigado à ação ou omissão. A regra geral, 
portanto, é que a pessoa física ocupe o pólo ativo e o Estado ocupe 
o pólo passivo nas relações de direitos fundamentais. 
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Pode ocorrer, contudo, situação inversa, com o Estado ocupando o 
pólo ativo e o particular o passivo. É o que se verifica, por exemplo, no 
caso da desapropriação, da requisição. O direito de propriedade é outro 
exemplo que pode ser citado, no que toca aos bens do Estado. 
Podemos até mesmo ter uma relação de direito fundamental que tenha 
como participantes apenas particulares. É o que veremos a seguir. 
 
6) RELAÇÕES PRIVADAS 
 Como já explanado, na sua elaboração originária os direitos fundamentais 
foram concebidos como tendo o Estado no pólo passivo da relação, obrigado 
a uma omissão frente ao particular, em função do que restaria respeitada 
sua esfera individual de liberdade, ou a uma ação voltada para o particular, 
tendente à satisfação de algum de seus direitos fundamentais. 
Originariamente, portanto, os direitos fundamentais eram exercitados em 
relações marcadas pela verticalidade, nas quais o Estado estaria em 
posição de supremacia perante o particular. 
Modernamente, tem-se reconhecido pacificamente que os direitos 
fundamentais alcançam até mesmo as relações entre os particulares, 
caracterizadas pela horizontalidade, pela inexistência de predominância 
de qualquer de suas partes. Trata-se, enfim, de se analisar a “eficácia 
horizontal” dos direitos fundamentais, sua incidência nas relações entre 
particulares. 
Realmente, não há como se negar a aplicabilidade dos direitos 
fundamentais em relações formadas sem a presença do Estado. Para 
corroborar tal afirmação, basta pensarmos em uma empresa que obrigue 
seus empregados, como condição para a manutenção de seus empregos, a 
abrir mão de seu direito de ingressar em um partido político ou de utilizar a 
greve como instrumento legítimo de reivindicação de melhorias na relação 
laboral. No primeiro caso, um direito político dos empregados está sendo 
cerceado; no segundo, um direito social, ambos incluídos entre os direitos 
fundamentais e, nessa situação, violados por uma empresa, um particular, 
em detrimento de seus empregados, também particulares. 
 
7) CARÁTER RELATIVO 
 A doutrina é uniforme quanto à relatividade dos direitos fundamentais, 
como esclarece à perfeição André Ramos Tavares, ao afirmar: 
Não existe nenhum direito humano consagrado pelas Constituições que 
se possa considerar absoluto, no sentido de sempre valer como máxima 
a ser aplicada nos casos concretos, independentemente da consideração 
de outras circunstâncias ou valores constitucionais.Nesse sentido, é 
correto afirmar que os direitos fundamentais não são absolutos. Existe 
uma ampla gama de hipóteses que acabam por restringir o alcance 
absoluto dos direitos fundamentais. 
Assim, tem-se de considerar que os direitos humanos consagrados e 
assegurados: 1o) não podem servir de escudo protetivo para a prática 
de atividades ilícitas; 2o) não servem para respaldar irresponsabilidade 
civil; 3o) não podem anular os demais direitos igualmente 
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consagrados pela Constituição; 4o) não podem anular igual direito 
das demais pessoas, devendo ser aplicados harmonicamente no âmbito 
material (sem destaques no original). 
Todos os direitos consagrados pelo legislador constituinte albergam valores, 
e a tais valores deve ser assegurada uma aplicação harmônica. Assim, 
frente a uma situação de colisão entre um direito fundamental e outro 
direito previsto na Constituição, o intérprete, com base num juízo de 
ponderação ou relativização, deve chegar a uma interpretação que 
assegure aplicabilidade a ambos os direitos e valores neles cristalizados, 
reconhecendo sua eficácia e, em termos mais amplos, a própria unidade 
normativa do texto constitucional. 
Para exemplificarmos essa conclusão, basta considerarmos o disposto no 
art. 5o, XXII, da CF, que assegura o direito de propriedade (direito 
fundamental de primeira geração), e o estabelecido no art. 243 da CF, que 
autoriza o Estado a expropriar as glebas onde forem localizadas culturas 
ilegais de plantas psicotrópicas, sem nem mesmo indenizar o seu 
proprietário. Nessa situação, não poderá o proprietário da gleba impedir a 
perda de sua propriedade, alegando o direito à propriedade, garantido no 
art. 5o, XII, pois a norma deverá ser interpretada em consonância com o 
art. 243, que autoriza ao Estado imputar ao proprietário tal sanção. Não se 
nega, pois, o direito de propriedade, mas se confere ao mesmo a amplitude 
adequada dentro da sistemática constitucional. 
 
8) CONFLITO 
O que foi dito acima aplica-se em tudo e por tudo nas situações em que o 
conflito se põe entre dois direitos fundamentais. 
Assim, em situações em que uma pessoa (física ou jurídica) entende-se 
protegida por certo direito fundamental, e outra pessoa (física ou jurídica) 
também se considera albergada por outro, não se admite solução que 
implique supressão absoluta de um dos direitos fundamentais, ou que parta 
da (falsa) premissa de que há, naquele caso, superioridade hierárquica de 
um dos direitos fundamentais com relação ao outro. 
Como acima afirmado, em situações como esta se impõe ao intérprete 
constitucional que se utilize do princípio da concordância prática, 
buscando harmonizar os direitos em conflito, mediante a redução do 
alcance semântico de cada um, considerando-se as peculiaridades do caso 
em concreto. Não há como se avaliar, a priori, o grau de redução de cada 
direito, qual deles terá certa preponderância sobre o outro (ou não), pois 
isto depende, como já dito, das especificidades de cada conflito. 
Enfim, não há fórmula infalível para a solução dos conflitos entre direitos 
fundamentais, apenas diretrizes de ordem geral, quais sejam: a aplicação 
do princípio da concordância prática, que leva à harmonização dos 
direitos em colisão mediante a redução proporcional do alcance de cada 
um em face das especificidades do caso em concreto, vedada qualquer 
solução que implique negação absoluta de um dos direitos em conflito ou 
que parta de um errôneo entendimento de hierarquia entre eles. 
 
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09) RESTRIÇÕES LEGAIS 
Acima já se esclareceu que os direitos e garantias fundamentais, não 
obstante sua relevância na estrutura jurídica de um Estado, não possuem 
caráter absoluto. Nesse momento, analisaremos as limitações a tais direitos 
que podem ser instituídas pelo legislador ordinário. 
A partir da obra do Professor Vicente Paulo, podemos identificar as 
seguintes espécies de restrições aos direitos e garantias fundamentais: 
 1. restrições imanentes ou implícitas: são limites constitucionais não-
expressos, decorrentes da necessidade de harmonização do exercício de 
certo direito fundamental com os demais direitos de idêntica natureza, 
inscritos em nossa Carta Política. É exemplo deste tipo de restrição a 
previsão pelo Código de Processo Penal de diversos recursos às decisões 
proferidas pelo Tribunal do Júri no caso de decisão manifestamente 
contrária às provas apresentadas no processo, o que, se de um lado diminui 
o alcance do princípio da soberania dos veredictos (CF, art 5o, XXXVIII, c), 
aplicável às decisões daquele órgão colegiado, de outro assegura a 
observância do princípio do devido processo legal (CF, art. 5o, LIV). Não há 
qualquer limitação ao princípio da soberania dos veredictos na Carta, mas 
sua instituição por lei surge do imperativo de conciliar sua aplicação à dos 
demais direitos fundamentais; 
 2. restrições diretas ou imediatas: decorrentes do texto da própria 
Constituição. Como exemplo, podemos citar a limitação ao direito de 
propriedade (CF, art. 5o, XXII), que deverá atender à sua função social (CF, 
art. 5o, XXIII); 
 3. restrições legais simples: ocorrem quando a Constituição limita-se a 
determinar que eventual restrição a certo direito ou garantia fundamental 
deve ser veiculada por lei, sem definir quaisquer outros requisitos ou 
finalidades a serem observadas pelo legislador ordinário, de que é 
exemplo o art. 5o, VII, da CF, o qual dispõe “é assegurada, nos termos da 
lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva”. A Constituição requer apenas a regulamentação por 
lei, sem condicionar sua elaboração a qualquer requisito ou fim específico a 
ser observado na elaboração da norma; 
 4. restrições legais qualificadas: têm lugar quando a Constituição, 
além de exigir lei para limitar algum direito fundamental, agrega a 
tal exigência as condições ou os objetivos que devem ser buscados 
pela norma restritiva. Exemplo desta espécie de restrição é a contida no 
inc. XII do art. 5o da CF, que autoriza a lei a quebrar o sigilo das 
comunicações telefônicas, mas apenas para fins de investigação 
criminal ou instrução processual penal. 
Por oportuno, deve-se esclarecer que, se de um lado admite-se que os 
direitos fundamentais podem ser restringidos pela atuação do legislador 
ordinário, de outro não pode esta restrição legal implicar no 
esvaziamento do direito, na aniquilação de seu núcleo semântico 
fundamental. É o que se denomina “teoria do limite dos limites”. 
Tudo se resolve, afinal, por um juízo de ponderação calcado no princípio da 
razoabilidade. Não se admite um direito absoluto, logo é possível restringir-
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se todo e qualquer direito, desde que tal restrição legal seja estabelecida de 
forma razoável, sem extirpar o núcleo essencial do direito fundamental. 
Enfim, desde que a restrição seja necessária, adequada e proporcional, é de 
se considerá-la legítima e constitucional. 
 
10) DIREITOS X GARANTIAS 
Direitos são bens da vida que as normas jurídicas consagram, garantias 
são os instrumentos previstos em normas jurídicas para assegurar a plena 
fruição desses bens, dos direitos. Como afirma Gabriel Dezen Junior, a 
partir da lição de Rui Barbosa, “os direitos seriam disposições declaratórias, 
e as garantias, disposições assecuratórias”. 
Liberdade de manifestação do pensamento, por exemplo, é um direito 
individual de status constitucional. Aquele que tiver seudireito de 
manifestar seu pensamento livremente poderá se valer do mandado de 
segurança, uma garantia, ou seja, um instrumento jurídico previsto na 
Constituição para a proteção de direitos líquidos e certos, dentre os quais, o 
direito à liberdade de manifestação do pensamento. 
Essencialmente, tudo o que o indivíduo pode juridicamente gozar é um 
direito, tudo o que for previsto para assegurar esse gozo é uma garantia. 
Os direitos existem de forma autônoma, já as garantias têm caráter 
acessório, instrumental, pois se prestam à proteção de algum direito. 
A Carta de 1988 foi pródiga na previsão de direitos fundamentais ao 
indivíduo, não apenas no art. 5o, mas ao longo de todo o texto 
constitucional. Mas não se limitou a isto, estabelecendo também garantias 
para a sua plena fruição. 
Garantias são, portanto, instituições jurídicas que instrumentalizam o 
indivíduo na defesa de seus direitos junto aos Poderes da República, em 
especial o Judiciário, garantindo a efetividade dos direitos fundamentais 
declarados na Constituição. A título exemplificativo, podemos citar o habeas 
corpus, o habeas data, o mandado de segurança, o mandado de injunção, a 
ação popular etc. 
Por oportuno, esclarecemos que, apesar de até este ponto da unidade 
termos falado somente em direitos fundamentais, os comentários até aqui 
explanados são, regra geral, válidos também para as garantias 
fundamentais, já que elas não passam de direitos previstos para a proteção 
de outros direitos. Logo, também estão compreendidas na expressão 
direitos fundamentais, em sentido amplo. 
 
11) CARACTERÍSTICAS 
Por todo o exposto até este momento, podemos considerar como 
características dos direitos fundamentais: 
a) universalidade: os direitos fundamentais alcançam a todos que se 
encontrem no Estado onde vigoram, dentro das suas especificidades. Não 
importam aqui considerações quanto a raça, idade, sexo, religião, ideologia. 
Claro, há direitos fundamentais que se aplicam às pessoas naturais, outros 
às pessoas jurídicas, outros a ambas. O que se quer afirmar é que eles 
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protegem, dentro das suas peculiaridades, todas as pessoas físicas e/ou 
jurídicas, sem discriminação de qualquer espécie; 
b) intransmissibilidade: os direitos fundamentais não podem ser 
transferidos a terceiros, seja em caráter gratuito ou oneroso 
(inalienabilidade); 
c) imprescritibilidade: os direitos fundamentais são exercitáveis a qualquer 
tempo, não cabendo falar-se em prescrição; 
d) irrenunciabilidade: não é possível renunciar-se a direitos fundamentais, 
admitindo-se apenas, em situações específicas, que seu titular deixe de 
exercê-lo (entendem alguns que é possível a renúncia temporária, não a 
definitiva, o que na prática significa a mesma coisa); 
e) historicidade: altera-se o sentido ou a amplitude do direito fundamental 
conforme o momento histórico em que seja analisado, podendo até mesmo 
ocorrer a extinção de certo direito reconhecido como fundamental em época 
anterior; 
f) interdependência e complementaridade: cada direito ou garantia 
fundamental goza de uma autonomia relativa, mas são inúmeros seus 
pontos de contatos com outros direitos ou garantias fundamentais, a 
exemplo do que ocorre com o habeas data e o direito à informação, ou a 
liberdade de associação e o direito à livre manifestação de idéias; 
g) inviolabilidade: é vedado aos agentes públicos ou à legislação 
infraconstitucionais desobedecer os direitos fundamentais; 
h) efetividade: é dever do Poder Público atuar visando a tornar efetivos os 
direitos fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES 
*Peço desculpas pelo número reduzido de questões. Estou com 
problemas nos meus arquivos de provas. Logo que solucionar o 
problema, complementarei o material. 
 
(CESPE/Auditor do TCDF/2002) - A perspectiva histórica dos direitos 
do homem tem íntima relação com o surgimento do Estado moderno 
constitucional e pode ser ligada à própria história da limitação do 
poder. Acerca das concepções, dos conceitos e do desenvolvimento 
dos direitos humanos, julgue os itens seguintes. 
1 Não obstante a diversidade semântica utilizada pela Constituição da 
República de 1988, há consenso entre os doutrinadores de que a 
expressão direitos humanos refere-se aos direitos reconhecidos e 
positivados na esfera constitucional de determinado Estado, ao passo 
que direitos fundamentais identifica-se com o termo direitos naturais, 
referindo-se àquelas posições jurídicas válidas para todos os povos, 
em todos os tempos, por serem próprias da condição humana, não-
vinculadas a uma ordem constitucional específica. 
2 O direito de participar do bem-estar social, nas palavras de Celso 
Lafer, impõe outorgar ao indivíduo prestações estatais como 
assistência social, saúde, educação, proteção ao trabalho etc. 
Somente no século XX, esses direitos a prestações positivas 
acabaram sendo consagrados nas constituições, o que revela uma 
transição entre as liberdades formais clássicas e as liberdades 
materiais concretas. 
3 Em razão do princípio da máxima efetividade dos direitos 
fundamentais, o legislador infraconstitucional não os pode limitar sem 
expressa autorização constitucional. 
 
4 (CESPE/Consultor Legislativo – Senado/2002) - Considerando que 
a Constituição da República estabelece como cláusulas pétreas os 
direitos e garantias individuais, em respeito ao princípio 
hermenêutico geral de que exceções devem ser objetos de 
interpretação estrita, deve-se interpretar que apenas os direitos de 
primeira geração configuram cláusulas pétreas e, portanto, propostas 
de emenda constitucional tendentes a abolir direitos sociais podem 
ser objeto de deliberação do Congresso Nacional. 
 
5 (CESPE/Procurador – MP/TCDF – 2002) - Na disciplina estabelecida 
pela Constituição da República de 1988, é assegurada a liberdade de 
manifestação do pensamento, garantido o direito ao anonimato. 
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6 (CESPE/Procurador – MP/TCDF – 2002) - A previsão de garantias 
institucionais é conquista do constitucionalismo liberal; a eficácia de 
tais garantias foi questionada a partir da estipulação, nas 
constituições escritas, dos chamados direitos sociais, ou direitos de 
segunda geração. 
 
7 (CESPE/Procurador TCE/RN – 2002) - Os direitos fundamentais não 
se revestem de caráter absoluto, podendo ser, inclusive, restringidos, 
desde que, para tanto, seja resguardado o seu núcleo essencial, 
utilizado o instrumento próprio e observado o princípio da 
proporcionalidade/razoabilidade. Tomando-se por base a norma de 
direito fundamental que prevê a liberdade do exercício de atividade 
profissional, não será destituído de razoabilidade ato legislativo que 
exija qualificação especial para aqueles que pretendam exercer, por 
exemplo, a Medicina. Os interesses em jogo são, portanto, a 
liberdade profissional e a saúde pública, prevalecendo esta na 
hipótese mencionada. 
 
8 (CESPE/Procurador TCE/RN – 2002) - A era dos chamados direitos 
políticos teve início com a Revolução Francesa e com a aprovação da 
primeira declaração dos direitos do homem. A marca registrada desse 
período está na consciência da imperiosa necessidade de se 
estabelecerem limites ao poder do Estado. A preocupação, no 
entanto, não foi capaz de frear a tendência de, partindo-se do 
individualismo jurídico, chegar-se aos estados totalitários. O 
individualismo jurídicodemonstrou claramente a sua disfunção, 
porque passou a traduzir os interesses de uma classe determinada, 
deixando à margem um grupo de pessoas desiguais. O 
amadurecimento de novas exigências ou de novos valores, tais como 
o bem-estar e o interesse na manutenção de uma igualdade que 
transcende a fronteira do Estado, fizeram explodir uma nova era, a 
dos chamados direitos sociais, como o direito à liberdade, à 
propriedade, à educação, ao pleno emprego e à segurança. 
 
(CESPE/Defensor Público – Alagoas/2003) - Os direitos fundamentais 
possuem quatro dimensões básicas, que a doutrina de Bobbio 
consagrou como gerações de direito. Menciona-se o termo dimensão, 
pois se considera o alerta de Antonio Cançado Trindade para o 
reducionismo do termo geração, no sentido de que este fornece uma 
idéia de que os direitos nascem e morrem quando em verdade são 
indivisíveis e interdependentes, sobrevivendo com o passar do 
tempo. Impossível ter direito à liberdade sem direitos econômicos e 
sociais. Além disso, sempre se concebe o direito fundamental como 
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detentor de uma garantia, embora alguns direitos já se revelem em si 
mesmos como tal. 
Acerca desse tema e considerando o texto acima, julgue os itens a 
seguir. 
9 São considerados direitos fundamentais de primeira geração os 
direitos civis e políticos, que correspondem, em um quadro histórico, 
à fase inicial do constitucionalismo no ocidente. 
10 Os direitos de primeira geração consagram a titularidade no 
indivíduo, porém não podem ser traduzidos em forma de oposição ao 
Estado, uma vez que são atributos da pessoa humana e não se 
enquadram na categoria de status negativus. 
11 De acordo com a boa doutrina, a concepção de direitos 
fundamentais que contêm garantias institucionais de liberdade deve 
ser recebida com certa cautela, pois o direito de liberdade, ao 
contrário do que acontece com a propriedade, não está suscetível de 
institucionalização em termos de garantia. 
12 O direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao meio 
ambiente e o direito de propriedade ao patrimônio comum da 
humanidade podem ser considerados como direitos de segunda 
geração ou dimensão. 
13 O direito de comunicação pode ser enquadrado no rol dos direitos 
de terceira dimensão ou geração. 
 
14 (CESPE/Atendente Judiciário – TJBA – 2003) - O caput e o 
parágrafo 3.º do art. 225, da Constituição da República, ao 
estabelecerem disposições atinentes ao meio ambiente, preceituam o 
seguinte: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
§ 3.º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
Determinado estado da Federação editou lei complementar à 
Constituição da República, cominando as sanções penais e 
administrativas aplicáveis às pessoas físicas e jurídicas, em 
decorrência das condutas lesivas ao meio ambiente. 
Com base nas disposições constitucionais e na situação hipotética 
acima, julgue o item seguinte. 
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O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, de que trata 
o texto, representa a consagração constitucional de um típico direito 
fundamental de terceira geração; tal geração de direitos, 
denominados pela doutrina de direitos de solidariedade ou direitos de 
fraternidade, são assim chamados porque a sua efetividade está 
vinculada à necessidade de cooperação dos povos e dos países. 
 
(CESPE/Juiz Substituto – TJSE – 2004) - Considerando a evolução 
dos direitos fundamentais, julgue os itens a seguir. 
15 No modelo de estado social, cunhado no século XX, o 
intervencionismo estatal propiciou proteção a direitos dependentes de 
prestações positivas. 
16 Enquanto os direitos de primeira geração foram reconhecidos a 
todos os indivíduos na democracia ateniense, os direitos de segunda 
geração ou dimensão, conhecidos como direitos de defesa do 
indivíduo frente ao Estado, são conquistas das revoluções francesa e 
americana. 
QUESTÃO 6 
(CESPE/Procurador Federal de 2ª Categoria – AGU - 2004) - No que 
se refere às declarações de direitos, aos direitos e garantias 
individuais e coletivos e, ainda, ao princípio da legalidade, ao 
princípio da isonomia e ao regime constitucional da propriedade na 
Constituição da República de 1988, julgue os itens subseqüentes. 
17 A Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia constitui a 
primeira declaração de direitos fundamentais em sentido moderno, 
sendo anterior à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
francesa. 
18 As garantias institucionais, uma decorrência dos direitos 
fundamentais de segunda geração, tiveram papel importante na 
transformação do Estado em agente concretizador dos direitos 
coletivos ou de coletividades, sociais, culturais e econômicos. 
19 Segundo a doutrina, os efeitos horizontais dos direitos, liberdades 
e garantias individuais dizem respeito às suas limitações recíprocas, 
na ordem constitucional. 
 
20 (CESPE/Procurador do MP junto ao TCU – 2004) - Na concepção 
liberal-burguesa, os direitos fundamentais são oponíveis apenas 
contra o Estado, uma vez que eles existem essencialmente para 
assegurar aos indivíduos um espaço de liberdade e autonomia contra 
a ingerência indevida do poder público. Logo, tal concepção não 
agasalha a tese da eficácia dos direitos fundamentais no âmbito das 
relações interprivadas. 
 
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(CESPE/Técnico Judiciário – Área Administrativa – STJ – 2004) - 
Considerando os direitos e as garantias individuais e coletivas no 
direito brasileiro, julgue os itens a seguir. 
21 A inviolabilidade de direitos individuais é distinguida das garantias 
constitucionais, ainda que atuem em conexão. 
22 Em matérias referentes à vida, à igualdade, à liberdade e à 
propriedade, os destinatários dos direitos e garantias individuais 
podem ser tanto pessoas físicas quanto jurídicas. 
 
(CESPE/Técnico Judiciário – Ar. Jud/Adm. – TJAP – 2004) - Com 
base nos direitos fundamentais, julgue os itens a seguir. 
23 São considerados direitos fundamentais de primeira geração os 
direitos civis e políticos, que correspondem, em um quadro histórico, 
àquela fase inicial do constitucionalismo no ocidente. 
24 Os direitos de primeira geração consagram a titularidade no 
indivíduo, porém não podem ser traduzidos em forma de oposição ao 
Estado, uma vez que são atributos da pessoa humana e não se 
enquadram na categoria de status negativus. 
25 De acordo com a boa doutrina, a concepção de direitos 
fundamentais que contêm garantias institucionais de liberdade deve 
ser recebida com certa cautela, pois o direito de liberdade, ao 
contrário do que acontece com a propriedade, não está suscetível de 
institucionalização em termos de garantia. 
26 O direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à 
propriedade e ao patrimônio comum da humanidade podem ser 
corretamente considerados como direitos de segunda geração ou 
dimensão. 
27 O direito de comunicação é enquadrado no rol dos direitos de 
terceira dimensão ou geração. 
 
28 (CESPE/Auditor das Contas Públicas – TCE/PE – 2004) - Na 
evolução dos direitos fundamentais, consolidou-se a classificação 
deles em diferentes gerações(direitos fundamentais de primeira, 
segunda e terceira gerações), as quais se sucederam e se 
substituíram ao longo do tempo, a partir, aproximadamente, da 
Revolução Francesa de 1789. 
 
29 (ESAF/Procurador do BACEN/2002) - A respeito dos direitos 
fundamentais, é correto afirmar: 
a) os direitos sociais, por estarem submetidos à cláusula do 
financeiramente possível, não dispõem de eficácia jurídica, 
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dependendo de desenvolvimento pelo legislador ordinário para 
produzir efeito. 
b) no conflito de um direito fundamental com outro direito previsto na 
Constituição, aquele deve sempre prevalecer, por dispor de mais 
elevado status. 
c) pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares de direitos 
fundamentais. 
d) o princípio constitucional da autonomia da vontade impede que os 
direitos fundamentais tenham incidência nas relações entre 
particulares. 
e) não há norma constitucional definidora de direito fundamental 
individual que não tenha eficácia plena e aplicabilidade imediata. 
 
30 (ESAF/Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 7ª Região 
2003) - Assinale a opção correta. 
a) No Brasil, não há direito fundamental autoaplicável, uma vez que 
sempre se necessita da intermediação do legislador ordinário para 
que os direitos previstos na Constituição surtam os seus efeitos. 
b) Somente os brasileiros, natos ou naturalizados, podem invocar 
direitos fundamentais no Brasil. 
c) Somente pessoas físicas podem ser titulares de direitos 
fundamentais. 
d) As normas que prevêem direitos sociais no Brasil não têm 
nenhuma força jurídica, valendo apenas como programa de ação 
governamental, que pode ser seguido ou desprezado pelos Poderes 
Públicos, sem conseqüências de Direito. 
e) O menor de idade pode ser titular de direitos fundamentais, na 
ordem constitucional em vigor. 
 
Gabarito: 
 
1. E 
2. C 
3. E 
4. E 
5. E 
6. E 
7. C 
8. E 
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21
9. C 
10. E 
11. C 
12. E 
13. C 
14. C 
15. C 
16. E 
17. C 
18. C 
19. E 
20. C 
21. C 
22. C 
23. C 
24. E 
25. C 
26. E 
27. C 
28. E 
29. B 
30. E

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