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DIREITOS FUNDAMENTAIS aula1

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DESCRIÇÃO
Os direitos fundamentais e seu papel no Estado Democrático de Direito.
PROPÓSITO
Entender o conceito de direito fundamental, quais são os direitos colocados nessa categoria pela
Constituição Federal e de que forma a sua compreensão é importante para a boa atuação no setor
público e para a defesa da democracia.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Compreender o conceito de direito fundamental e as suas classificações
MÓDULO 2
Reconhecer o tratamento dado pela Constituição Federal aos direitos fundamentais
PREPARAÇÃO
É importante que, ao longo do estudo, você tenha em mãos a Constituição Federal de 1988.
 
Fonte: ErenMotion/Shutterstock
INTRODUÇÃO
O Brasil é um Estado Democrático de Direito, conforme expresso no art. 1º da Constituição
Federal de 1988. Isso significa, em primeiro lugar, que em nosso país vigora a ideia de governo
da maioria, como decorrência da soberania popular. É por isso que ocorrem eleições periódicas,
por meio das quais se escolhem os representantes do povo de acordo com a vontade da maioria
manifestada nas urnas.
Entretanto, o Estado Democrático de Direito também possui outro requisito essencial: a existência
de uma Constituição que, além de definir a estrutura básica do Estado, protege os direitos
fundamentais. É justamente esse o objetivo principal buscado pela Constituição Brasileira de
1988.
Isso nos mostra que a estruturação e a atuação do Poder Público estão intimamente ligadas aos
direitos fundamentais que se busca proteger. Afinal, o fim último do Estado, por meio das suas
instituições, é promover a proteção e concretização dos direitos fundamentais. Compreendê-los,
portanto, é indispensável para uma boa gestão pública e atuação do poder público no exercício
das suas mais variadas competências.
Estudar os direitos fundamentais elencados na Constituição, a partir da sua conceituação e com a
análise dos direitos em espécie, permitirá uma melhor compreensão da nossa democracia, dos
direitos que o cidadão possui em face do Estado e de que modo a Administração Pública pode
repensar a sua gestão para atuar cada vez melhor na concretização desses direitos tão
importantes.
MÓDULO 1
 Compreender o conceito de direitos fundamentais e as suas classificações.
BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
Ao longo das sociedades antigas e da história, observamos períodos em que são reconhecidos
direitos pontuais a determinados grupos ou categoria de indivíduos. Vejamos:

 
Fonte: Wikipédia
 Ciro II e os hebreus
É o caso do decreto do rei persa Ciro II, permitindo que os povos exilados na Babilônia
retornassem a suas terras de origem, ou a restrição de penas corporais no Império Romano.
A primeira declaração moderna de direitos fundamentais é de 1776: a Declaração de Direitos do
Bom Povo de Virgínia, uma das treze colônias inglesas na América, à qual se seguiu a
Constituição dos Estados Unidos da América, aprovada na Convenção de Filadélfia de 1787, e
que foi objeto de diversas emendas garantidoras de importantes direitos fundamentais, como a
liberdade de religião, o direito de propriedade etc.
 
Fonte: Wikipédia
 Convenção de Filadélfia


 
Fonte: Wikipédia
 Revolução Francesa
Outro marco importantíssimo nesse processo histórico foi a Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão, de 1789, fruto da Revolução Francesa e da sua luta contra o absolutismo.
Tivemos também a Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, reconhecendo diversos direitos,
como a dignidade da pessoa humana, o direito à vida, à liberdade etc.
 
Fonte: Wikipédia
 Sede da Assembleia Geral

A partir desse processo histórico, podemos falar em três gerações de direitos fundamentais que
surgiram ao longo do tempo:
PRIMEIRA GERAÇÃO
É formada por direitos individuais que buscavam proteger o indivíduo perante os excessos e
abusos do Estado. São direitos ligados sobretudo às liberdades. Ex.: liberdade de reunião, direito 
de ir e vir etc.
SEGUNDA GERAÇÃO
Surge no século XX e caracteriza-se por direitos que exigem uma prestação do Estado. Não basta
que o Estado se abstenha de cometer abusos e violar os direitos individuais. É preciso mais: ele
deve atuar para consolidar direitos sociais e culturais. Essa é a geração dos direitos sociais e
coletivos. 
Ex.: direito à saúde, direitos da seguridade social.
TERCEIRA GERAÇÃO
Surge na segunda metade do século XX e está associada aos ideais de solidariedade e
fraternidade. É nesse momento que surgem os direitos difusos, como o direito ao meio ambiente
equilibrado (art. 225 da Constituição).
 ATENÇÃO
Já existem defensores de uma quarta geração de direitos fundamentais, que seriam aqueles
relacionados ao desenvolvimento tecnológico e biológico. São discussões delicadas em torno de
assuntos jurídica e moralmente controvertidos, como clonagem, eutanásia etc.
Observamos que a consolidação dos direitos fundamentais em diferentes sociedades e
ordenamentos jurídicos é fruto de um longo e complexo processo histórico, que se acentuou
especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Os horrores causados pela guerra e pelos
regimes totalitários deixaram clara a necessidade de se reconhecer direitos inatos a todos os
seres humanos, de modo a protegê-los de abusos e autoritarismos. É nesse contexto que os
diferentes Estados modernos começam a se preocupar em elaborar um catálogo de direitos
fundamentais que não seja meramente uma declaração política, mas também uma fonte para a
sua aplicação concreta à realidade.
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre as gerações dos direitos fundamentais.
CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
A Constituição de um Estado democrático, como é o caso do Brasil, possui, dentre as suas
funções principais, a proteção de direitos fundamentais. A própria topografia dos dispositivos
constitucionais que os preveem já indica a sua importância, tendo em vista que o catálogo de
direitos fundamentais se encontra no início do texto constitucional.
Tradicionalmente, as Constituições brasileiras começavam tratando da estrutura do Estado e no
final versavam sobre os direitos fundamentais. A Constituição de 1988 inverteu isso: os primeiros
artigos tratam de direitos. Essa mudança topográfica transmite a ideia de que o mais importante
são os direitos. O Estado existe em boa parte para protegê-los, promovê-los e assegurar que a
pessoa humana seja respeitada.
 
Fonte: Rafapress/Shutterstock
O constituinte entendeu que os direitos são parte integrante da própria essência da Constituição,
alçando-os à categoria de cláusulas pétreas, de modo que nem mesmo uma emenda pode
suprimi-los (art. 60, §4º).
Conceituá-los, porém, não é tarefa fácil. Além de o seu conteúdo ter variado ao longo da história e
dos diferentes contextos políticos e culturais, a sua nomenclatura muitas vezes se confunde com
outras. Vamos, aqui, pontuar as principais diferenças entre as nomenclaturas mais comuns a fim
de facilitar a compreensão da extensão e do conteúdo dos direitos fundamentais:
DIREITOS HUMANOS
São tratados no âmbito do 
direito internacional e se referem genericamente a todos os seres humanos, sem considerar as
peculiaridades de cada país ou comunidade, como religião, etnia etc.
Possuem a pretensão de serem atemporais e universais, aplicáveis a todos os povos e em todos
os tempos.

DIREITOS FUNDAMENTAIS
São tratados de maneira diferente por cada Estado, de acordo com as suas próprias
Constituições. Como cada ordenamento jurídico dispõe diferentemente acerca do rol de direitos
fundamentais, eles nem sempre correspondem ao rol de direitos humanos.
São apenas aqueles estabelecidos pelo Estado, conforme o seu Direito Positivo interno.
Reconhecendo a dificuldade de se estabelecer um conceito preciso de direitos fundamentais, José
Afonso da Silva (2020) prefere utilizar a expressão “direitos fundamentais do homem”. O autor
explica:

NO QUALITATIVO FUNDAMENTAIS, ACHA-SE AINDICAÇÃO DE QUE SE TRATA DE SITUAÇÕES
JURÍDICAS SEM AS QUAIS A PESSOA HUMANA NÃO SE
REALIZA, NÃO CONVIVE E, ÀS VEZES, NEM MESMO
SOBREVIVE; FUNDAMENTAIS DO HOMEM NO SENTIDO
DE QUE A TODOS, POR IGUAL, DEVEM SER, NÃO
APENAS FORMALMENTE RECONHECIDOS, MAS
CONCRETA E MATERIALMENTE EFETIVADOS. DO
HOMEM, NÃO COMO MACHO DA ESPÉCIE, MAS NO
SENTIDO DE PESSOA HUMANA. DIREITOS
FUNDAMENTAIS DO HOMEM SIGNIFICA DIREITOS
FUNDAMENTAIS DA PESSOA HUMANA OU DIREITOS
FUNDAMENTAIS. É COM ESSE CONTEÚDO QUE A
EXPRESSÃO “DIREITOS FUNDAMENTAIS” ENCABEÇA O
TÍTULO II DA CONSTITUIÇÃO, QUE SE COMPLETA,
COMO DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA
HUMANA, EXPRESSAMENTE, NO ART. 17.
(SILVA, 2020)
É possível apontar também a diferença entre direitos e garantias fundamentais. Enquanto os
direitos fundamentais são os enunciados que estabelecem o conteúdo de um direito (ex.: direito
à vida, à liberdade religiosa), as garantias fundamentais são instrumentos previstos na
Constituição para a defesa e proteção daqueles direitos (ex.: habeas corpus , que busca proteger
o direito à liberdade de locomoção).
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
Estudaremos a seguir as principais características dos direitos fundamentais apontadas pela
doutrina:
UNIVERSALIDADE
Significa que os direitos são de todos. O que faz alguém ser titular de um direito? Ser pessoa
humana. A sua titularidade independe de sexo, categoria ou qualquer tipo de classe ou
segmentação. Todos os seres humanos possuem igual dignidade.
A partir dessa premissa, o caput do artigo 5º da Constituição pode suscitar algumas dúvidas.
Vejamos a sua redação:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
As primeiras perguntas que surgem são: o estrangeiro que não reside no país não tem direitos
fundamentais? O turista não tem direito à vida, por exemplo?
O entendimento majoritário é de que, apesar da redação do dispositivo constitucional, o
estrangeiro não residente no país também é titular de direitos fundamentais desde que
compatíveis com a sua condição, pois a universalidade não impede a existência de alguns direitos
específicos de determinados grupos. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o
réu estrangeiro sem domicílio no Brasil deve ter assegurados:
“Os direitos básicos que resultam do postulado do devido processo legal, notadamente as
prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do contraditório, à igualdade
entre as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do magistrado
processante” (HC 94.016, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-2008, 2ª T, DJE de 27-2-2009).
Em que pese afirmarmos a universalidade como uma característica dos direitos fundamentais, há
direitos que pressupõem certos requisitos como, por exemplo, a nacionalidade no caso dos
direitos políticos. Há outros que são específicos para determinados grupos, como o direito
fundamental garantido às presidiárias.
RELATIVIDADE
Significa dizer que não há direitos absolutos. Eles podem sofrer restrições. Se o direito de
propriedade fosse absoluto, como ficaria a proteção do meio ambiente, por exemplo? Ou no caso
da liberdade de expressão, que é um direito que frequentemente se choca com outros, como
ficaria a proteção da intimidade?
Muitas vezes, a lei impõe uma restrição a um direito fundamental. É o caso das leis ambientais,
que restringem o direito de propriedade e exigem o cumprimento de uma série de regras que visa
à proteção do meio ambiente. Um exemplo é o Código Florestal (Lei n° 12.651), que possui
diversas regras restritivas ao direito de propriedade.
O legislador, entretanto, não consegue prever nem solucionar todos os possíveis conflitos entre
direitos fundamentais. Assim, muitas vezes, no caso concreto, é preciso que o Judiciário resolva
essa colisão restringindo um direito em prol de outro, buscando, um equilíbrio. Um exemplo
famoso é o caso Ellwanger, julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse julgamento, o Tribunal
entendeu que a liberdade de expressão, apesar de ser um direito fundamental importantíssimo,
não é um direito absoluto. Dessa maneira, ela não protege o discurso de ódio, o racismo nem a
publicação de livros antissemitas.
Há um princípio de interpretação constitucional que norteia o intérprete diante desses casos
difíceis de conflitos entre direitos e normas constitucionais, chamado princípio da concordância
prática:
"Consiste, essencialmente, numa recomendação para que o aplicador das normas
constitucionais, deparando-se com situações de concorrência entre bens constitucionalmente
protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas ao mesmo tempo
não acarrete a negação de nenhum." (MENDES; COELHO; BRANCO; 2007)
Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto nos dão um exemplo do emprego da
concordância prática pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Habeas Corpus
80.240 (STF, HC 80240, Relator(a): Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2001,
publicado no DJ 14-10-2005). Trata-se do caso de um líder indígena intimado para depor em uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Diante das normas constitucionais que garantem os
poderes da CPI e os direitos dos indígenas à sua cultura, o Tribunal, para conciliar as normas em
conflito no caso, decidiu que o depoimento poderia ser feito, mas apenas no interior das terras
indígenas e na presença de antropólogo e de representante da FUNAI.
Ou seja, considerando a relatividade dos direitos fundamentais e os seus possíveis conflitos em
um caso concreto, deve-se buscar sempre uma solução que leve ao equilíbrio entre eles.
HISTORICIDADE
Os direitos fundamentais foram conquistados historicamente e as mudanças na sociedade
influenciam a leitura que se faz deles.
Os direitos não são realidades metafísicas e sim realidades históricas e concretas. Eles foram
conquistados e ampliados ao longo da história, surgindo em diferentes etapas.
INALIENABILIDADE
Não possuem conteúdo econômico e não podem ser negociados ou transferidos:
“Se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são
indisponíveis.” (SILVA, 2020)
IMPRESCRITIBILIDADE
Os direitos fundamentais não se extinguem pelo decurso do tempo e o seu exercício não se
sujeita a qualquer prazo.
IRRENUNCIABILIDADE
Não se pode renunciar aos direitos fundamentais. O titular do direito pode até não o exercer, mas
isso não implica a renúncia ao direito.
APLICABILIDADE IMEDIATA
A Constituição Federal, no art. 5º, §1º, dispõe expressamente que:
“As normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais têm aplicação imediata”.
Houve aqui uma preocupação do constituinte em dar plena efetivação aos direitos fundamentais,
evitando o que acontecera sob a égide de Constituições pretéritas, em que os direitos previstos na
Constituição, muitas vezes, eram apenas retórica, uma simples proclamação política, sem
qualquer aplicação concreta.
A ideia da aplicabilidade imediata é a de que os direitos valem imediatamente e independem de
concretização legislativa, de regulamentação, para surtirem seus efeitos. O titular dos direitos
pode invocá-los com base apenas na Constituição.
NÃO EXAUSTIVIDADE OU ATIPICIDADE
Um direito não precisa estar positivado na Constituição para ser considerado fundamental.
Vejamos a redação do art.5º, §2º da Constituição:
"Os direitos e as garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte". (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Isso significa que é possível ter direitos fundamentais fora do catálogo formal previsto na
Constituição. Eles podem estar em tratados internacionais de direitos humanos, por exemplo. Qual
é o principalcritério para apontar direito fundamental fora do catálogo? O princípio da dignidade
da pessoa humana.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar a ADI 939 (STF, ADI 939, Relator
Sidney Sanches, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/1993, publ. DJ 18/03/1994), decidiu que o
princípio da anterioridade tributária, apesar de não estar no rol dos direitos fundamentais
elencados pela Constituição, e sim no capítulo referente à tributação, é um direito fundamental.
CLASSIFICAÇÕES
Existem inúmeras classificações que variam conforme o autor e o critério adotado. Uma delas, por
exemplo, divide os direitos fundamentais de acordo com o conteúdo:
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-INDIVÍDUO
Reconhecem autonomia aos particulares e se identificam com os direitos individuais. Ex.:
liberdade, igualdade e propriedade.
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-NACIONAL
São aqueles que definem a nacionalidade.
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-CIDADÃO
São os direitos políticos como, 
por exemplo, o direito de eleger e de ser eleito.
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM-SOCIAL
São os direitos “assegurados ao homem em suas relações sociais e culturais”, como o direito à
saúde e à educação.
DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM MEMBRO DE
UMA COLETIVIDADE
São os direitos coletivos. Incluem-se aqui o direito de petição (art. 5º, XXXIV, a) e o direito de
greve (art. 9º e 37, VII).
DIREITOS FUNDAMENTAIS DE TERCEIRA GERAÇÃO OU
DO HOMEM-SOLIDÁRIO
Trata-se de uma classe mais recente de direitos, como o direito ao meio ambiente, à paz e ao
desenvolvimento.
 
Fonte: Chinnapong/Shutterstock
Vejamos outra classificação, com base no texto da Constituição Federal de 1988:
DIREITOS INDIVIDUAIS 
(ART. 5º).
DIREITOS À NACIONALIDADE 
(ART. 12).
DIREITOS POLÍTICOS 
(ARTIGOS 14 A 17).
DIREITOS SOCIAIS 
(ARTIGOS 6º E 193).
DIREITOS COLETIVOS 
(ART. 5º).
DIREITOS SOLIDÁRIOS 
(ARTIGOS 3º E 225).
 ATENÇÃO
Há também os direitos econômicos, previstos na Constituição no Título da Ordem Econômica e
Financeira (artigos 170 e seguintes).
EFICÁCIAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Além da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais, eles também suscitam importantes
questionamentos a respeito da sua eficácia.
Tradicionalmente, os direitos fundamentais eram aplicados à relação entre o indivíduo e o Estado,
verticalmente. Isso se explica até mesmo pela primeira geração de direitos fundamentais, criados
para a defesa do indivíduo contra o poder absoluto do Estado.
Essa noção, contudo, foi mudando ao longo do tempo, pois notou-se a existência de lesões a
direitos que não provêm somente do Estado, mas podem se originar de relações entre patrão e
empresa, entre loja e comprador, entre pai e filho, por exemplo. São relações muito variadas nas
quais nem sempre o Estado está presente.
Surge, então, a ideia da eficácia horizontal dos direitos fundamentais (em contraposição à eficácia
vertical), que significa a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas. Mas, é
importante ressaltar, há o risco de comprometer a liberdade individual e a espontaneidade das
relações sociais.
Vejamos um exemplo dessa problemática:
Vamos supor que alguém pertença a uma associação. A associação, de maneira discriminatória,
resolve expulsar os sócios. Isso é possível? Até que ponto a liberdade e a autonomia privada
protegem esse tipo de conduta?
EXPLICAÇÃO
EXPLICAÇÃO
O Supremo Tribunal Federal já teve a oportunidade de analisar um caso parecido (o Recurso
Extraordinário 158.215), envolvendo a expulsão do membro de uma cooperativa sem que lhe
fosse dado o direito de defesa. A Corte entendeu que “na hipótese de exclusão de associado
decorrente de conduta contrária aos estatutos, impõe-se a observância ao devido processo
legal, viabilizado o exercício amplo da defesa” (STF, RE 158215, Relator Marco Aurélio,
Segunda Turma, julgado em 30/04/1996, publ. DJ 07/06/1996).
 
Fonte: Cacio Murilo/Shutterstock
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Vejamos outro exemplo de um caso também enfrentado pelo Supremo Tribunal Federal:
Uma empresa francesa que estabelecia vantagens exclusivas para empregados franceses,
criando uma discriminação em relação a funcionários de outras nacionalidades. O fato de ser uma
empresa privada, à qual se aplica a autonomia e a livre iniciativa, protege esse tipo de conduta?
EXPLICAÇÃO
EXPLICAÇÃO
Mais uma vez, a Corte Suprema entendeu que os direitos fundamentais também devem ser
aplicados às relações privadas, declarando inconstitucional a discriminação perpetrada pela
empresa:
“(...) Ao recorrente, por não ser francês, não obstante trabalhar para a empresa francesa, no
Brasil, não foi aplicado o Estatuto do Pessoal da Empresa, que concede vantagens aos
empregados, cuja aplicabilidade seria restrita ao empregado de nacionalidade francesa.
Ofensa ao princípio da igualdade: C.F., 1967, art. 153, §1º; C.F., 1988, art. 5º, caput .
II – A discriminação que se baseia em atributo, qualidade, nota intrínseca ou extrínseca do
indivíduo, como o sexo, a raça, a nacionalidade, o credo religioso etc., é inconstitucional.
(...)”
(STF, RE 161243, Relator Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em 29/10/1996, publ. DJ
19/12/1997)
Existe controvérsia em torno da maneira de aplicar os direitos fundamentais às relações privadas.
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Fonte: Lemon.key/shutterstock
TEORIA DA EFICÁCIA INDIRETA OU MEDIATA
Um primeiro entendimento defende que essa aplicação deve ser feita pelo legislador. E se a lei, ao
tratar de direito privado, violar direitos fundamentais ou não os proteger adequadamente, será
inconstitucional. Ou seja, os direitos fundamentais não devem ser automaticamente aplicados às
relações entre particulares.

 
Fonte: Banderlog/shutterstock
TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA
Um segundo entendimento defende que essa aplicação deve ser feita diretamente pelo juiz,
independentemente da atuação do legislador. Este, ao julgar as causas, deve levar em
consideração os direitos fundamentais, mesmo que sejam causas privadas.
A principal porta de entrada dos direitos fundamentais na atividade jurisdicional são as cláusulas
gerais de direito privado. Ex.: bons costumes, boa-fé, ordem pública. Elas devem ser
concretizadas, devem ser lidas de uma maneira que protejam e promovam os direitos
fundamentais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A RESPEITO DAS DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Os direitos de primeira geração são tipicamente de cunho social.
B) O direito ao meio ambiente equilibrado foi um dos primeiros direitos fundamentais a serem
protegidos.
C) Os direitos difusos são típicos da terceira geração de direitos fundamentais, marcada
especialmente pelo ideal de solidariedade.
D) O direito à liberdade só começa a ser protegido na segunda metade do século XX.
2. “OS DIREITOS FUNDAMENTAIS PODEM SOFRER RESTRIÇÕES E NÃO SE
SUJEITAM A QUALQUER PRAZO PARA SEREM EXERCIDOS”. 
A AFIRMAÇÃO ACIMA SE REFERE A QUAIS CARACTERÍSTICAS DOS
DIREITOS FUNDAMENTAIS?
A) Irrenunciabilidade e aplicabilidade imediata.
B) Relatividade e imprescritibilidade.
C) Historicidade e indisponibilidade.
D) Atipicidade e eficácia horizontal.
GABARITO
1. A respeito das dimensões dos direitos fundamentais, assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
A letra C está correta, pois a terceira geração de direitos fundamentais se caracteriza pelo
surgimento dos direitos difusos, como é o caso do direito ao meio ambiente, previsto no art. 225
da Constituição.
2. “Os direitos fundamentais podem sofrer restrições e não se sujeitam a qualquer prazo
para serem exercidos”. 
A afirmação acima se refere a quais características dos direitos fundamentais?
A alternativa "B " está correta.
 
A afirmativa B está correta, uma vez que, ao dizer que os direitos fundamentais podem ser
restringidos, refere-se expressamente à relatividade dos direitos fundamentais, que não são
absolutos. Em seguida, ao dizer que o seu exercício não se sujeita a prazo, faz-seclara referência
à imprescritibilidade dos direitos fundamentais.
MÓDULO 2
 Reconhecer o tratamento dado pela Constituição Federal aos direitos fundamentais.
DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS
CONSAGRADOS NA CONSTITUIÇÃO
Os direitos individuais estão previstos no artigo 5º e respectivos incisos da Constituição Federal.
Podem ser conceituados, conforme ensina José Afonso da Silva (2020), como aqueles que
reconhecem autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e independência aos indivíduos
diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado.
 
Fonte: Zolnierek/Shutterstock
EM RELAÇÃO AOS DESTINATÁRIOS, SERÁ QUE
ELES SE APLICAM TAMBÉM ÀS PESSOAS
JURÍDICAS OU APENAS ÀS PESSOAS FÍSICAS?
RESPOSTA
No tópico relativo às características dos direitos fundamentais, nós também já vimos a
controvérsia provocada pela redação do caput do art. 5º da Constituição, que aparentemente
exclui o estrangeiro não residente no país da titularidade dos direitos fundamentais ali elencados.
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Naquela oportunidade, vimos que o entendimento amplamente majoritário, inclusive agasalhado
pelo Supremo Tribunal Federal, é o de que a Constituição não excluiu os direitos fundamentais do
estrangeiro não residente no país.
 ATENÇÃO
No processo de elaboração constitucional, cogitou-se colocar os direitos coletivos em capítulo
especial. Tal proposta, porém, foi rejeitada, mantendo-se o capítulo intitulado “Dos Direitos e
Deveres Individuais e Coletivos”.
Eles são, na verdade, direitos cuja titularidade é individual, mas cujo exercício requer a
participação conjunta de diversas pessoas. Incluem-se nessa categoria os direitos de reunião, de
associação, dentre outros.
O rol de direitos elencados no art. 5º é extenso e, por isso, estudaremos mais detidamente a
seguir aqueles que são mais relevantes e que suscitam maior controvérsia:
DIREITO DE PROPRIEDADE
Está previsto nos seguintes incisos do artigo 5º:
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá à sua função social.
Existem também outros dispositivos constitucionais com previsões específicas acerca do
direito de propriedade ao longo de toda a Constituição (ex.: artigos 5º, XXIV; 182 etc.).
A partir dos dispositivos citados, vemos que a própria Constituição já define um limite para o
direito de propriedade, ao exigir que ela atenda à sua função social. Essa decisão do
constituinte supera a antiga ideia de que a propriedade é absoluta.
Uma questão que se põe diz respeito ao conceito de função social. O artigo 1228 do Código
Civil fixa alguns parâmetros:
§1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas.
§2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou
utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
A Constituição também fixa requisitos para o atendimento da propriedade rural:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio
ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Atenção! 
Seguindo essa linha, o Supremo Tribunal Federal já afirmou expressamente que o direito de
propriedade não se revela absoluto, estando relativizado pela Constituição.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Está prevista no art. 5º, IV: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato”.
É vital para uma democracia, que pressupõe debate público, amplo acesso a ideias e pontos
de vista divergentes. Em qualquer espaço, pressupõe-se que cada pessoa, para poder
decidir sobre algo, deva ter acesso às informações mais variadas.
A ideia subjacente a esse direito fundamental é de que a democracia exige um espaço
público de discussão robusto, plural, dinâmico no qual diferentes pontos de vista possam ser
devidamente debatidos sem a tirania de uma única ideia.
Tem por fim a autonomia, a realização pessoal de cada indivíduo, na medida em que o
homem, como um ser social, tem a necessidade de se comunicar, moldando a sua
personalidade conforme interage com os outros do seu meio.
A necessidade de se proteger a liberdade de expressão como corolário da própria
democracia tem sido reiterado pelo Supremo Tribunal Federal em diversos julgados:
“A Democracia não existirá e a livre participação política não florescerá onde a
liberdade de expressão for ceifada, pois esta constitui condição essencial ao
pluralismo de ideias, que por sua vez é um valor estruturante para o salutar
funcionamento do sistema democrático. A livre discussão, a ampla participação
política e o princípio democrático estão interligados com a liberdade de expressão,
tendo por objeto não somente a proteção de pensamentos e ideias, mas também
opiniões, crenças, realização de juízo de valor e críticas a agentes públicos, no sentido
de garantir a real participação dos cidadãos na vida coletiva. São inconstitucionais os
dispositivos legais que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a
força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático” (STF, ADI 4451,
Relator Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 21/06/2018, publ. DJ
06/03/2019).
Atenção! 
Conforme visto no tópico relativo às características dos direitos fundamentais, o Supremo Tribunal
Federal não inclui discursos de ódio ou racistas no âmbito de proteção da liberdade de expressão.
LIBERDADE RELIGIOSA
Liberdade de religião não é apenas o direito de professar publicamente determinada religião,
mas também o direito de não ter nenhuma.
Tema mais polêmico diz respeito à possibilidade de, com base na liberdade religiosa, tentar
converter outras pessoas e atrair fiéis para determinada seita religiosa.
O Supremo Tribunal Federal já se debruçou sobre o tema e entendeu que essas atitudes
estão protegidas pela liberdade de religião:
“A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço
público, e inclui o direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a
mudar de religião. O discurso proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão
religiosa. (...) A liberdade política pressupõe a livre manifestação do pensamento e a
formulação de discurso persuasivo e o uso dos argumentos críticos. Consenso e
debate público informado pressupõem a livre troca de ideias e não apenas a
divulgação de informações. (...) (STF, ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, julgado
em 16/05/2018, publ. DJ 23/10/2018).
Outro ponto polêmico relacionado a esse direito envolve a discussão em torno da
admissibilidade ou não do sacrifício de animais como manifestação religiosa. Como se sabe,
essa é uma prática cultural presente em diversas religiões, especialmente nas de matriz
africana. O debate nos coloca um conflito entre dois direitos fundamentais: a liberdade
religiosa e a proteção ao meio ambiente.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal também já se manifestou sobre o assunto ao
analisar uma lei, do Rio Grande do Sul, que permitia o sacrifício de animais em ritos
religiosos. A Corte fixou a seguinte tese:
“É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade
religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz
africana”.
Dessa maneira, entendeu que a prática e os rituais relacionados ao sacrifício animal são
patrimônio cultural imaterial e constituem os modos de criar, fazer e viver de várias comunidades
religiosas,devendo tal direito ser protegido (STF, RE 494601, Relator Edson Fachin, Tribunal
Pleno, julgado em 28/03/2019, publ. DJ 19/11/2019).
LIBERDADE DE REUNIÃO
Está prevista no art. 5º, XVI:
“Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente”.
Da leitura do dispositivo, concluímos que se exige apenas o mero aviso à autoridade competente.
Não cabe à autoridade definir o local, nem tomar medidas para dificultar a reunião. A Constituição,
porém, ressalta que não se pode atrapalhar outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local. Busca-se, assim, evitar o abuso de direito que vise atrapalhar outras reuniões, além de se
evitar eventuais conflitos que coloquem em risco a ordem pública.
Na lição de José Afonso da Silva (2020), reunião é qualquer agrupamento formado em certo
momento com o objetivo comum de trocar ideias ou de receber manifestação de
pensamento político, filosófico, religioso, científico ou artístico. Ela protege passeatas e
manifestações nos logradouros públicos.
Note-se que a liberdade de reunião tem grande relevância, pois, por meio dela, é possível exercer
outras liberdades, como as de expressão e de locomoção. Assim, tal direito fundamental é
instrumento para proteção de outros direitos fundamentais.
DIREITOS SOCIAIS
Os direitos sociais são aqueles ligados à igualdade. Trata-se de prestações positivas a serem
oferecidas direta ou indiretamente pelo Estado a fim de conceder melhores condições de vida
àqueles que não possuem uma situação social digna.
Conforme vimos no módulo 1, os direitos sociais surgem na segunda geração de direitos
fundamentais, caracterizados por exigirem uma prestação positiva do Estado para atender às
necessidades dos indivíduos. Não é mais suficiente que o Estado se abstenha de violar direitos; é
preciso que ele atue para protegê-los e concretizá-los.
O artigo 6º da Constituição enumera como direitos sociais:
EDUCAÇÃO
SAÚDE
ALIMENTAÇÃO
TRABALHO
MORADIA
TRANSPORTE
LAZER
SEGURANÇA
PREVIDÊNCIA SOCIAL
PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA
ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS
Todos os direitos mencionados exigem uma prestação positiva do Estado, ou seja, uma política
pública para garanti-los, o que gera custos. Assim, os direitos sociais trazem o desafio de qual
será a parcela desse direito que será exigível do Estado.
 
Janews/Fonte: Shutterstock
Dentre eles, o direito à saúde merece uma análise mais detida. A Constituição deixa claro que a
saúde é um direito de todos e dever do Estado. Ela é tratada com mais detalhes nos artigos 196 e
seguintes da Constituição, onde também há regras de competências dos entes federados para a
implementação de políticas públicas de saúde.
A consagração do direito à saúde tem provocado inúmeros debates em torno da extensão desse
direito e dos limites da interferência do Judiciário na sua aplicação. Se a Constituição garante o
direito à saúde, então é possível requerer judicialmente qualquer tratamento médico ou remédio
em face do Poder Público? Esse é um tema que tem desafiado todos os entes federados no país,
que recebem diariamente milhares de ações judiciais com demandas dessa natureza.
O STF (Supremo Tribunal Federal) , sempre que provocado, tenta estabelecer parâmetros para a
interferência do Judiciário na concretização desse direito. A Corte Suprema já entendeu que, em
regra, o Estado não é obrigado a fornecer medicamentos de alto custo solicitados judicialmente
quando não estiverem previstos na relação do Programa de Dispensação de Medicamentos em
Caráter Excepcional, do Sistema Único de Saúde (SUS).
O direito à alimentação e à moradia buscam consagrar o direito à saúde e a uma vida digna, tendo
servido de esteio para diversos programas sociais de renda mínima e de crédito à moradia
implementados nas últimas décadas. Em 2020, eles voltaram a ter destaque nacional com o
auxílio emergencial implementado pelo governo federal diante dos impactos econômicos e sociais
da pandemia de COVID-19.
Com base no direito à moradia, os tribunais, inclusive o Supremo Tribunal Federal, têm entendido
que, no caso de construções irregulares, ainda que se reconheça o poder-dever do poder público
de demoli-las, ele é obrigado a implementar medidas para mitigar os efeitos sobre as famílias que
ali se encontram. É muito comum que o poder público, em especial o município, seja obrigado a
oferecer alguma opção de moradia ou algum benefício assistencial antes de retirar as pessoas
que ocupam áreas irregulares ou de risco.
O artigo 7º da Constituição também estabelece uma série de outros direitos sociais aos
trabalhadores urbanos e rurais, como por exemplo:
Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.
Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre a extensão da exigibilidade do direito
fundamental à saúde.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A RESPEITO DA LIBERDADE RELIGIOSA, MARQUE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) Ela não está prevista expressamente na Constituição Brasileira de 1988.
B) Estabelece que todo cidadão obrigatoriamente precisa escolher uma religião.
C) O indivíduo é livre para escolher a sua religião, mas o Estado estabelece uma religião oficial.
D) A liberdade religiosa permite a prática de cultos religiosos, ainda que envolvam o sacrifício de
animais.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA A RESPEITO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988:
A) O direito de propriedade, desde que atenda à sua função social, é absoluto.
B) O direito à saúde autoriza que o brasileiro ou estrangeiro residente no país requeira
judicialmente qualquer tipo de medicamento, desde que possua receita médica.
C) O direito à moradia está no rol dos direitos sociais e exige que o poder público atue para
garanti-lo.
D) O discurso racista está protegido pela Constituição, mas não o discurso de ódio.
GABARITO
1. A respeito da liberdade religiosa, marque a alternativa correta:
A alternativa "D " está correta.
 
A letra D é a correta, porque a liberdade religiosa garante a prática livre e pública de todas as
seitas religiosas e, conforme já decidido pelo Supremo Tribunal Federal, é constitucional a lei que
permite o sacrifício de animais para fins religiosos.
2. Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal de 1988:
A alternativa "C " está correta.
 
A letra C é a correta, pois o direito à moradia foi expressamente previsto no art. 6º da Constituição
como direito social. E como tal, o Poder Público é obrigado a atuar, por meio de políticas públicas,
para garanti-lo.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo do nosso estudo, vimos a trajetória de surgimento e consolidação dos direitos
fundamentais e as sucessivas gerações de direitos que ganharam espaço nas Constituições dos
diferentes Estados ao redor do mundo.
Dos direitos individuais aos difusos, passando pelos direitos sociais, nós pudemos compreender
melhor as características definidoras dos direitos fundamentais e por que eles possuem um lugar
de destaque no ordenamento jurídico, estando inclusive no rol das cláusulas pétreas.
Analisamos também as dificuldades e controvérsias que desafiam a aplicação desses direitos e
vimos alguns direitos em espécie cuja relevância exige um estudo mais aprofundado.
Tudo isso nos permite entender melhor o que podemos esperar do Estado como cidadãos e
analisar criticamente o papel que o poder público vem desempenhando na concretização dos
direitos previstos na Constituição.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BARROSO, L. R. Curso de direito constitucionalcontemporâneo: os conceitos fundamentais e
a construção de um novo modelo. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
MENDES, G. F.; COELHO, I. M.; BRANCO, P. G. G. Curso de Direito Constitucional. São Paulo:
Saraiva, 2007.
SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positivo. 43. ed. São Paulo: Malheiros, 2020.
SOUZA NETO, C. P.; SARMENTO, D. Direito Constitucional: teoria, história e métodos de
trabalho. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2017.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os direitos fundamentais, leia o artigo O conteúdo essencial dos
direitos fundamentais e a eficácia das normas constitucionais , do professor Virgílio Afonso
da Silva, disponível no repositório da USP.
Confira o artigo sobre os direitos sociais, O reconhecimento dos direitos sociais como
fundamentais no Brasil , de autoria de José Carlos Bortoloti e Guilherme Pavan Machado,
disponível no Portal de Publicações Eletrônicas da UERJ.
CONTEUDISTA
Elias Suzano Mendes
 CURRÍCULO LATTES
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