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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ SIDNÉA DE OLIVEIRA GAISSLER BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC. CURITIBA 2012 SIDNÉA DE OLIVEIRA GAISSLER BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientadora: Profª Beatriz França. CURITIBA 2012 TERMO DE APROVAÇÃO SIDNÉA DE OLIVEIRA GAISSLER BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC. Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de grau de Bacharel em Direito no Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, ____ de _______________de 2012. ______________________________ Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografia Orientador: _______________________________ Prof.ª Beatriz França Examinador 1: _____________________________ Examinador 2: ____________________________ AGRADECIMENTOS Ao longo destes cinco, onde tive a oportunidade de dedicação ao curso de graduação, muitas pessoas fizeram-se presentes. Agora agradeço com sinceridade a todos que participaram desse processo e que contribuíram de alguma forma para a concretização deste sonho. Agradeço primeiramente a Deus que sempre esteve ao meu lado e pelas pessoas especiais que colocou em minha vida. Em especial a vida, fonte suprema de energia, por ter concedido saúde para realizar este trabalho e fé para acreditar na concretização de um sonho quase impossível. Aos meus pais, pessoas batalhadoras, que criaram seus quatro filhos com dificuldade e amor, pelos bons exemplos passados, pois sempre se esforçaram para dar para mim e aos meus irmãos uma educação com qualidade. A minha filha, Thaís, pelo incentivo ao longo do curso e meu genro, Marcell , por todo apoio, desde o Projeto até o TCC. Aos colegas de classe, pelos momentos que passamos juntos e pelas experiências trocadas. Especialmente, a Vania, companheira inseparável, e também a nossa amiga, Dil, por toda ajuda que nos foi dada no decorrer do curso, meu mais profundo reconhecimento e gratidão. Aos demais professores do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas, da Universidade Tuiuti do Paraná. Em especial a professora e orientadora Beatriz França, pela honra de ser sua orientanda, pela sua paciência, dedicação e calma que me transmitiu ao longo da construção deste trabalho, exemplo dignificante de ser humano e professora. Você ficará para sempre em meu coração. “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” (Nelson Mandela) “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.” (Paulo Freire) “A vida sem reflexão não merece ser vivida” (Sócrates). Dedico este trabalho à minha mãe Jacynira, por suas orações, por sempre acreditar e pelo amor incondicional. RESUMO GAISSLER, Sidnéa de Oliveira. Benefício de Prestação Continuada- PBC. 2012. Monografia (Graduação em Direito) — Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo analisar o Benefício de Prestação Continuada – BPC, da Assistência Social, como um direito social, previsto na Constituição Federal de 1988(artigo 203, V) e na Lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS. A experiência como servidora do INSS, a longo do exercício profissional, foi o ponto de partida para a construção do objeto de pesquisa que indaga se o Beneficio de Prestação Continuada pode ser considerado um efetivo direito do idoso e do portador de deficiência no campo da assistência social. Para tanto, optou-se pela pesquisa documental-bibliográfica. Os resultados evidenciaram que os critérios para inclusão no BPC, são altamente excludentes. Conclui-se, que o Benefício de Prestação Continuada - BPC, constitucionalmente garantido e reconhecido, como direito social, ainda é restrito e insuficiente para reduzir as desigualdades, levando em conta que os critérios para sua obtenção são muitos rigorosos, embora definidos em lei, inviabilizando o propósito do benefício assistencial: a promoção da dignidade das pessoas as quais se destina. Palavras-chave: Beneficio de Prestação Continuada. Direitos Sociais. Idoso. Pessoa com Deficiência. Dignidade da Pessoa Humana. ABSTRACT GAISSLER, Sidnéa de Oliveira. Benefício de Prestação Continuada- PBC. 2012. Monografia (Graduação em Direito) — Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. This course conclusion work aims to analyze the Continuous Cash Benefit - BPC, Social Welfare as a social right, as provided in the Constitution of 1988 (Article 203, V) and the Law 8.742/93, the Organic Law of Welfare - LOAS. Experience as a servant of the INSS, long professional practice, was the starting point for the construction of the research object that asks whether the continuous benefits can be considered an effective right of the elderly and disabled in the field of assistance social. Therefore, we chose to document research-literature. The results showed that the criteria for inclusion in BPC, are highly exclusive. We conclude that the Continuous Cash Benefit - BPC, constitutionally guaranteed and recognized as a social right, is still limitedand insufficient to reduce inequalities, taking into account the criteria for obtaining them are very strict, although defined by law, invalidating the purpose of the assistance benefit: the promotion of the dignity of the people whom it is intended. Keywords: continuous benefits. Social Rights. Elderly. Person with Disabilities. Dignity of the Human Person. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2 A EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL ........................................ 11 2.1 PRIMEIRAS REGRAS DE PROTEÇÃO .............................................................. 11 2.2 A LEI ELOY CHAVES. ........................................................................................ 12 2.3 OS INSTITUTOS DE CLASSE. ........................................................................... 12 2.4 DA CRIAÇÃO DO INPS À CONSTITUIÇÃO DE 1988. ....................................... 13 2.5 A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A SEGURIDADE SOCIAL. ................................. 14 2.6 A CRIAÇÃO DO INSS E AS PRIMEIRAS REFORMAS. .................................... 15 2.7 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A SEGURIDADE SOCIAL. ............. 15 3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS. ................................................................................ 18 3.1 DA ASSISTÊNCIA SOCIAL. ................................................................................ 18 3.2 PRINCÍPIOS DA LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. ............ 19 3.3 OBJETIVOS DA LEI 8.742/1993, LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. ........................................................................................................................ 19 3.4 DIRETRIZES DA LEI 8.742/1993, LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. ........................................................................................................................ 20 4 ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ......................................................................................................... 21 4.1 REQUISITOS LEGAIS PARA A CONCESSAO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ................................................................................... 22 4.2 REQUISITOS ECONÔMICOS PARA FINS DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ............................................................................. 23 4.3 CANCELAMENTO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ............. 24 5 ASPECTOS LEGISLATIVOS DA LEI 8.742/93- LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. ............................................................................. 26 6 O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DA LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE DEFESA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA DAS PESSOAS. ....................................................................................................... 28 7 A DESIGUALDADE DE TRATAMENTO ENTRE OS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC. ............................................ 30 8 OS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA-BPC. . 32 8.1 COMPREENDENDO O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA- BPC. ... 32 8.2 OS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - BPC. .................................................................................................................................. 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ..................................................................................... 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ........................................................................ 36 ANEXOS ................................................................................................................... 37 Anexo A – Requerimento do Benefício de Prestação Continuada – BPC e Declaração Sobre a Composição do Grupo e Renda Familiar. ................................. 37 Anexo B – Lei n. 8.742, de 07 de Dezembro de 1993. ............................................. 40 Anexo C – Decreto n. 1.744, de 08 de Dezembro de 1995. ..................................... 61 Anexo D - Lei n. 9.720, de 30 de Novembro de 1998 ............................................. 71 Anexo E - Decreto n. 6.214, de 26 de Setembro de 2007 ........................................ 74 Anexo F – Lei n. 10.741, de 1.º de outubro de 2003 ................................................ 93 Anexo G – Lei n. 12.435, de 06 de julho de 2011 ................................................... 116 Anexo H – Lei n. 12.470, de 31 de agosto de 2011 ................................................ 125 Anexo I – Decreto n. 7.617, de 17 de novembro de 2011. ..................................... 130 LISTA DE SIGLAS BPC – Benefício de Prestação Continuada. CF – Constituição Federal. CEME – Central de Medicamentos. CLPS – Consolidação das Leis da Previdência Social. CNSS – Conselho Nacional de Seguridade Social. CRAS – Centro de Referência da Assistência Social. FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social. IAP – Institutos de Aposentadoria e Pensões. IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social. IAPB – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários. IAPC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários. IAPI – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários. IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos. IAPETEC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Transportes e Cargas. INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. IPASE – Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado. INPS – Instituto nacional da Previdência Social. INSS – Instituto Nacional do Seguro Social. LBA – Legião Brasileira de Assistência. LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social. LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social. MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social. PcD – Pessoa com Deficiência. RGPS – Regime Geral da Previdência Social. SAS – Secretaria de Assistência Social. SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social. SUAS – Sistema Único de Assistência Social. SUDS – Sistema Único Descentralizado de Saúde. SUS – Sistema Único de Saúde. 10 1 INTRODUÇÃO A Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Assistência Social — LOAS — Lei 8.742/93, constituem marcos históricos de redefinição da Assistência Social. Uma vez que a assistência social preconizada na Carta Magna e na LOAS passa a integrar o tripé da Seguridade Social, ao lado da previdência social e da saúde, prevendo a universalidade de cobertura no campo da proteção social e como política estratégica não contributiva, devendo ser desenvolvida no sentido de prevenir e superar as diferentes formas de exclusão social, asseverando os padrões de cidadania às parcelas desprotegidas e excluídas da população. Porém, a trajetória da Assistência Social no Brasil, iniciada na década de 1930, teve seu acesso mediado no campo do favor, da benemerência e do assistencialismo praticado pelas "primeiras damas", sendo evidente o vínculo pessoal, e não público e de direito social. Nestes termos, o presente trabalho tem como principal indagação a questão do Beneficio de Prestação Continuada — BPC como direito no campo da assistência social. O tema pesquisado aborda o critério para fins de concessão do Benefício Assistencial no Brasil, previsto na Constituição Federal de 1988 e na Lei 8.742, de 1993, e regulamentado pelo Decreto 1.744/1995, sendo a sua especificidade a inclusão social dos cidadãos em atividades promovidas pelo Estado, visando dar assistência aos “hipossuficientes”,o amparo no valor de um salário mínimo concedido às pessoas idosas e aos portadores de deficiência propicia a inclusão social e garante a subsistência aos que comprovem possuir renda per capita inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo por dependente(grifo nosso). Entretanto, ao mesmo tempo em que abrange os excluídos, incentiva o desemprego e/ou a busca desenfreada pelo trabalho informal. Este trabalho tem como objeto a análise do Benefício de Prestação Continuada – BPC, como direito adquirido pela pessoa idosa e pela pessoa portadora de deficiência. 11 2 A EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL A formação de um sistema de proteção social no Brasil se dá por um lento processo de reconhecimento da necessidade de que o Estado intervenha para suprir deficiências da liberdade absoluta, partindo do assistencialismo para o Seguro Social, e deste para a formação da Seguridade Social. O Brasil só veio a conhecer verdadeiras regras de caráter geral em matéria de previdência social no século XX. Antes disso, apesar de haver previsão constitucional a respeito da matéria, apenas em diplomas isolados aparece alguma forma de proteção a infortúnios. A Constituição de 1824 – art. 179, XXXI – menciona a garantia dos socorros públicos, em norma meramente programática; o Código Comercial, de 1850, em seu art. 79, garantia por três meses a percepção de salários do preposto acidentado, sendo que desde 1835 já existia o Montepio Geral da Economia dos Servidores do Estado (MONGERAL) – primeira entidade de previdência privada no Brasil. 2.1 PRIMEIRAS REGRAS DE PROTEÇÃO As primeiras formas de proteção social dos indivíduos no Brasil eram de caráter eminentemente beneficente e assistencial. Assim, ainda no período colonial, foram criadas as Santas Casas de Misericórdia, sendo a mais antiga aquela fundada no Porto de São Vicente, depois Vila de Santos (1534), seguindo-se as Irmandades de Ordens Terceiras (mutualidades) e, no ano de 1785, estabeleceu-se o Plano de Benefícios dos Órfãos e Viúvas dos Oficiais da Marinha. Em matéria de previdência social no Brasil, foi expedido em 1821, pelo ainda Príncipe Regente, D. Pedro de Alcântara, Decreto de 1.º de outubro do mesmo ano, concedendo aposentadoria aos mestres e professores, após trinta anos de serviço, e assegurando um abono de ¼ (um quarto) dos ganhos aos que continuassem em atividade. Em 1888, o Decreto n. 9.912-A, de 26 de março, dispôs sobre a concessão de aposentadoria aos empregados dos Correios, fixando trinta anos de serviço e idade mínima de 60 anos. 12 Em 1890, o Decreto n. 221, de 26 de fevereiro, instituiu a aposentadoria para os empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil, posteriormente estendida aos demais ferroviários do Estado pelo Decreto n. 565, de 12 de julho do mesmo ano. A Constituição de 1891, art.75, previu aposentadoria por invalidez aos servidores públicos. Em 1892, a Lei n. 217, de 29 de novembro, instituiu a aposentadoria por invalidez e a pensão por morte dos operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro. O peculiar em relação a essas aposentadorias é que não se poderia considerá-las como pertencentes a um regime previdenciário contributivo, já que os beneficiários não contribuíam durante o período de atividade. Essas aposentadorias eram concedidas de forma graciosa pelo Estado. Até então, não se falava em previdência social no Brasil. 2.2 A LEI ELOY CHAVES. A doutrina majoritária considerada em termos de legislação nacional, como marco inicial da Previdência Social a publicação do Decreto Legislativo n. 4.682, de 24 de janeiro de 1923, mais conhecida como Lei Eloy Chaves, que criou as Caixas de Aposentadoria e Pensões nas empresas de estradas de ferros existentes, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado, além de assistência médica e diminuição do custo de medicamentos. Entretanto antes mesmo da Lei Eloy Chaves, já existia a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Operários da Casa da Moeda, abrangendo os funcionários públicos daquele órgão(Decreto n. 9.284, de 30.12.11). Em seguida ao surgimento da Lei Eloy Chaves, criaram-se outras Caixas em empresas de diversos ramos da atividade econômica, estruturado por categoria profissional, surgindo os IAP – Instituo de Aposentadoria e Pensões (dos Marítimos, dos Comerciários, dos Bancários, dos Empregados em Transportes de Cargas). 2.3 OS INSTITUTOS DE CLASSE. 13 A primeira instituição brasileira de previdência social de âmbito nacional, com base na atividade econômica, foi o IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, criada em 1933, pelo Decreto n. 22.872, de 29 de junho. Seguiram-se IAPC – Instituo de Aposentadoria e Pensões dos Industriários e o IAPB – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários, em 1934; o IAPI- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, em 1936; o IPASE - Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores Públicos do Estado e o IAPETC- Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas, em 1938. Também foi regulamentada a aposentadoria dos funcionários públicos (1939). Em matéria de assistência social, foi criada a Legião Brasileira de Assistência - LBA, em 1942( Decreto-lei n. 4.890/42). Em 1960 foi criado o Ministério do Trabalho e Previdência Social e promulgada a Lei n. 3.807, Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS, não unificou os organismos existentes, mas criou normas para o amparo a segurados e dependentes dos vários Institutos, continuando excluídos da Previdência, os rurais e os domésticos. Em 1963, foram criadas as Leis: n. 4.296, de 03 de outubro, do salário família e n.4.281, de 08 de novembro, do abono anual. 2.4 DA CRIAÇÃO DO INPS À CONSTITUIÇÃO DE 1988. Foram unificados os IAP, com o surgimento do Instituto Nacional do Seguro Social – INPS, a partir de 1.º de janeiro de 1967(Decreto-lei n. 72, de 21.11.66). A Constituição de 1967, estabeleceu a criação do seguro-desemprego, que até então não existia, regulamentado com o nome de auxílio desemprego. Os trabalhadores rurais passaram a ser segurados da Previdência Social a partir da edição da Lei Complementar n. 11/71(criação do FUNRURAL) e os empregados domésticos em função da Lei n.5.859/72, art. 4.º. Assim, a Previdência Social Brasileira passou abranger dois imensos contingentes de indivíduos que, embora exercessem atividade laboral, ficavam à margem do sistema. Em 1977, foi promulgada a Lei n. 6.435, que regulou a possibilidade de criação de instituições de previdência complementar. 14 A Lei n.6.439/77,trouxe novas transformações ao modelo previdenciário, quanto ao aspecto organizacional. Criou-se o SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, que teria as atribuições distribuídas entre varais autarquias. Foram criados o IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social(para arrecadação e fiscalização das contribuições) e o INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social(para atendimento dos segurados e dependentes na área da saúde), mantendo o INPS(para pagamento e manutenção dos benefícios previdenciários), a LBA – Legião Brasileira de Assistência(para atendimento a idosos e gestantes carentes), a FUNABEM( para atendimento a menores carentes), a CEME – Central de Medicamentos( para fabricação de medicamentos a baixo custo) e a DATAPREV(para o controle de dados do sistema), todos fazendo parte do SINPAS. Em 1984, a última Consolidação das Leis da Previdência Social– CLPS reuniu toda a matéria de custeioe prestações previdenciárias, mais as decorrentes de acidente do trabalho. O benefício do seguro desemprego, foi criado pelo Decreto –lei n. 2.284/86, para os casos de desemprego involuntário, garantindo um abono temporário. 2.5 A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A SEGURIDADE SOCIAL. A Constituição Federal de 1988, estabeleceu o sistema de Seguridade Social, como objetivo a ser alcançado pelo Estado brasileiro, atuando simultaneamente nas áreas da saúde, assistencial social e previdência social, de modo que as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nestas três áreas, e não somente no campo da Previdência Social. Entretanto, antes da promulgação da Constituição, já havia disposição legal que determinava a transferência de recursos da Previdência Social para então Sistema Único Descentralizado de Saúde – SUDS, hoje Sistema Único de Saúde – SUS. O Regime Geral de Previdência Social- RGPS, não abriga a totalidade da população economicamente ativa, mas somente aqueles que mediante contribuição e nos termos da lei, fizerem jus aos benefícios, ficando excluídos do RGPS:os servidores públicos civis,regidos por sistema próprio de previdência; os militares;os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público; e os membros do Tribunal de Contas da União, todos por possuírem regime de previdenciário próprio. A proteção 15 ao desemprego involuntário é considerada benefício da Previdência Social (seguro desemprego, Lei n. 7.998/90), embora sua concessão fique a cargo do Ministério do Trabalho. A habilitação e a reabilitação profissionais decorrentes da atividade laborativa são de encargos da Previdência Social, ficando a cargo das entidades de assistência social a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência congênita, ou não decorrente do trabalho (Ex: APAE). A Assembléia Nacional Constituinte ao dispor sobre a matéria em 1988, assegura direitos até então não previstos, como a equiparação dos Direitos Sociais dos trabalhadores rurais com os dos trabalhadores urbanos; a ampliação do período de licença maternidade para 120 dias e a adoção do Regime Jurídico Único para os servidores públicos da Administração Direta, Autarquias e Fundações Públicas das esferas Federal, Estadual e Municipal, unificando todos os servidores em termos de direito à aposentadoria, com proventos integrais, diferenciada do restante dos trabalhadores vinculados ao RGPS. 2.6 A CRIAÇÃO DO INSS E AS PRIMEIRAS REFORMAS. Em 1990, foi criado o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia que passou a substituir o INPS e IAPAS, nas funções de arrecadação e no pagamento de benefícios e prestações de serviços aos segurados e dependentes do RGPS. As atribuições no campo da arrecadação, fiscalização, cobrança de contribuições e aplicação de penalidades, bem como a regulamentação da matéria ligada ao custeio da Seguridade Social foram transferidas, em 2007, para a Secretaria da Receita Federal do Brasil(Lei n.11.457/2007). Entre os anos de 1993 a 1997, a legislação de Seguridade Social foram alteradas, sendo relevantes: a criação da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS(Lei n. 8.742, de 07.12.993), sendo extintos os benefícios: renda mensal vitalícia, auxílio natalidade e auxílio funeral;o fim do abono de permanência em serviço e do pecúlio; adoção de critérios mais rígidos para aposentadoria especial e o fim da aposentadorias do juiz classista do Trabalho e a do jornalista(Lei n. 9.528/1997) 2.7 CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE A SEGURIDADE SOCIAL. 16 A Seguridade Social no Brasil consiste num conjunto de políticas sociais cujo objetivo visa amparar e assistir os cidadãos que se encontram em situações de necessidade. Posto isso, pode-se dizer que os indícios de direito de natureza securitária já pairavam na primeira Constituição do Brasil (1824), como era previsto em seu inciso XXXI, do artigo 179, que assegurava o socorro público em determinados casos, como, por exemplo, calamidades públicas, epidemias entre outras. Desta feita, as demais Constituições Brasileiras também trouxeram resquícios da seguridade social em seu texto, como pode ser percebido pelas disposições da Constituição de 1891, que apresentou pela primeira vez a palavra aposentadoria, ressaltando-se que, para a sua concessão não era necessário nenhum tipo de contribuição pelo beneficiário, uma vez que o custeio era ainda integralmente do Estado. Já a Constituição de 1934, trazia mais detalhes sobre a proteção social, como, por exemplo, na alínea c, inciso XIX, do artigo 5º, que atribuía à União competência para legislar sobre a assistência social. Com a promulgação da Constituição de 1937, com forte incidência dos dogmas do Estado Social, viu-se explícito a proteção do Estado ao direito das crianças, adolescentes e pais miseráveis, que em seu artigo 137 resguardava a proteção à velhice, vida, invalidez e acidentes de trabalho, uma prova clara da evolução da seguridade social. Não bastante, nesse mesmo ano, houve, também, a criação do Conselho Nacional de Seguridade Social (CNSS). Com o passar dos anos, a assistência social foi se fortalecendo, sendo que em 1974, foi criada a Renda Mensal Vitalícia, reconhecida como “amparo previdenciário”, instituído pela Lei 6.179/74, custeado pela Previdência Social que oferecia aos beneficiários uma quantia correspondente à metade do salário mínimo. Com o advento da Carta Magna de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, seu valor passou a ser o equivalente a um salário mínimo, e não podia ser acumulado com qualquer espécie de benefício do RGPS ou da Antiga Previdência Social Urbana e Rural, ou de outro regime. A Renda Mensal Vitalícia integrou o elenco de benefício da Previdência Social até a regulamentação do inciso V do art. 203 da Constituição Federal, que se deu pela Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993. 17 A lei Orgânica da Assistência Social foi regulamentada pelo Decreto 1.744, de 08 de dezembro de 1995, que extinguiu, a partir de 1.º de janeiro de 1996, a Renda Mensal Vitalícia. Diante disso, as pessoas que faziam jus ao benefício seriam aquelas que apresentassem idade superior a 70 anos ou deficientes que não exercessem atividades remuneradas, não auferindo qualquer rendimento superior ao valor de sua renda mensal, nem fossem subsidiados por pessoas de quem dependessem obrigatoriamente, não tendo, portanto, outro meio de prover a própria subsistência, conforme percebe-se pela leitura do art. 1º, da lei 6.179/74 “in verbis”. “Os maiores de 70 (setenta) anos de idade e os inválidos, definitivamente incapacitados para o trabalho, que, num ou noutro caso, não exerçam atividade remunerada, não aufiram rendimento, sob qualquer forma, superior ao valor da renda mensal fixada no artigo 2º, não sejam mantidos por pessoa de quem dependam obrigatoriamente e não tenham outro meio de prover ao próprio sustento, passam a ser amparados pela Previdência Social, urbana ou rural, conforme o caso, desde que: I - tenham sido filiados ao regime do INPS, em qualquer época, no mínimo por 12(doze) meses, consecutivos ou não, vindo a perder a qualidade de segurado; ou II - tenham exercido atividade remunerada atualmente Incluída no regime do INPS ou do FUNRURAL, mesmo sem filiação à Previdência Social, no o mínimo por 5 (cinco) anos, consecutivos ou não, ou ainda: III - tenham ingressado no regime do INPS, após complementar 60 (sessenta) anos de idade sem direito aos benefícios regulamentares.” Em nossa Constituição o direito à seguridade social está previsto nos arts. 194 a 204. É um direito social, nos termos do art. 6.º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, são direitos prestacionais no rol dos direitos fundamentais. A seguridade socialno Brasil compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinada a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência social e assistência social. 18 3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS. Ao tratar do Benefício de Prestação Continuada – BPC, requer, inicialmente, a abordagem da Assistência Social. 3.1 DA ASSISTÊNCIA SOCIAL. A Assistência Social é um dos pilares da Seguridade Social e está regida pela Lei 8.742/93 – Lei Orgânica da Assistência Social -LOAS. O texto constitucional na parte (título VII) em que versa sobre a ordem social aborda a Assistência Social(seção IV) e menciona que um dos objetivos é garantir o benefício assistencial de prestação continuada(artigo 203, V, Constituição da República). A Constituição de 1988, também trouxe uma grande novidade ao apresentar e solidificar de vez a Seguridade Social em seu artigo 194, assegurando os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. O Artigo 203, da CF/88, prescreve que a Assistência Social “será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”, sendo a proteção à família, à maternidade, à adolescência e à velhice; amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e a reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. A Assistência Social é o instituto que melhor atende o preceito de redução das desigualdades sociais e regionais, porque se destina a combater a pobreza, a criar as condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. O financiamento da Assistência Social é feito com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no artigo 195 da CF, além de outras fontes (artigo 204 da CF). E o financiamento das prestações assistenciais é feito com os recursos do Fundo Nacional de Assistência Social - FNAS, das contribuições previstas no artigo 195, da CF, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (artigo 28, da LOAS). 19 3.2 PRINCÍPIOS DA LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. Os princípios e diretrizes da Lei n.º 8.742, LOAS, estão inscritos na lógica da preservação do direito social. Conforme dispõe o artigo 4°, da lei 8.742/93, são princípios da Assistência Social: “I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão”. Diante do referido, nota-se que o benefício de prestação continuada é apenas um dos benefícios da Assistência Social, consistindo em um conjunto de ações que intentam, sobretudo, a dignidade da pessoa humana. Princípio este que norteia a ordem social, disposta na Constituição da República. 3.3 OBJETIVOS DA LEI 8.742/1993, LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. A Lei Orgânica da Assistência Social — LOAS, regulamenta diretrizes apresentadas cinco anos antes, através dos artigos 203 e 204, da Constituição Federal de 1988, que dispõem acerca da assistência social. A Assistência Social tem por objetivos, elencados no artigo 2.º, da lei supra citada: “I – a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente, (Redação dada pela Lei n. 12.435/2011): a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;(Incluído pela Lei n.º 12.435/2011) b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;(Incluído pela Lei 12.435/2011) c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;(Incluído pela Lei n.º 12.435/2011) 20 d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e (Incluído pela Lei n.º 12.435/2011) e) a garantia de 1(um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família;(Incluído pela Lei n.º 12.435/2011) II – a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;( Redação dada pela Lei n.º 12.435/2011) III – a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais( Redação dada pela Lei n.º 12.435/2011) Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais.(Redação dada pela Lei n.º 12.435/2011)”. 3.4 DIRETRIZES DA LEI 8.742/1993, LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. As diretrizes da Lei Orgânica da Assistência Social, estão inscritas no artigo 5°, da lei, são elas: “I — descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II — participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III — primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo”. 21 4 ASPECTOS IMPORTANTES SOBRE O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. A origem do Beneficio de Prestação Continuada- BPC, está intrinsecamente relacionada com as intenções da Constituição da República, pautada na dignidade da pessoa humana, sendo, inclusive, reputada de Constituição Cidadã. A criação deste benefício, pois, remonta ao artigo 203, V da Constituição Federal de 1988: “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”. Conseqüentemente, desde 1988, a previsão de um meio apto a amparar (ou melhor, tentar amparar) algumas das pessoas geralmente mais necessitadas, os idosos e aos portadores de deficiência. O próprio artigo 203, supracitado, previu expressamente a necessidade de criação de um dispositivo legal para versar acerca de um benefício às pessoas portadoras de necessidades especiais e aos idosos. O Benefício de Prestação Continuada - BPC, também conhecido como Benefício Assistencial ou LOAS, foi, então, instituído pela Lei 8.742/93, a chamada Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. O benefício assistencial corresponde à garantiade um salário mínimo, devido à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais de idade que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e também não possa tê-la provida por sua família. O Benefício de Prestação Continuada é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único de Assistência Social – SUAS,pago pelo governo federal e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas portadoras de deficiência condições mínimas de uma vida digna. O Beneficio de Prestação Continuada, consiste, portanto, em um dos meios de se concretizar alguns dos objetivos da República Federativa do Brasil, quais sejam construir uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a 22 marginalização; reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos. (artigo 3° da Constituição da República). É um instrumento da Assistência Social. Cabe ressaltar, que o benefício de prestação continuada possui uma terminologia mais correta: benefício assistencial. No tocante a esta denominação é necessária fazer uma ressalva. A nomenclatura benefício de prestação continuada com intuito de referir-se ao benefício assistencial previsto na LOAS, não é correta. Pois, os benefícios assistencial ou previdenciário são de prestação continuada, sendo pagos por certo período e não apenas o benefício assistencial. O escopo do benefício assistencial é garantir o atendimento de necessidades básicas do cidadão que não consegue prover sozinho seu sustento. No entanto, há doutrinadores que amplia a destinação do benefício assistencial, incluindo o indígena não amparado por nenhum sistema de previdência social e ao estrangeiro naturalizado e domiciliado no Brasil, que não receba pensão ou aposentadoria de seu país de origem e até mesmo o indigente. Cabe frisar que a maior parte da doutrina cita que o BPC é destinado apenas para os portadores de deficiência e para os idosos com mais de 65 anos de idade que não tenham condições de proverem seu sustento ou de tê-lo provido pela família. 4.1 REQUISITOS LEGAIS PARA A CONCESSAO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. - Pessoa Idosa – idoso deverá comprovar cumulativamente: ter 65 anos de idade ou mais; renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo e não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o de assistência médica e pensão especial de natureza indenizatória. - Pessoa com Deficiência – PcD, deverá comprovar de forma cumulativamente: a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, obstruam sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus integrantes, inferior a um 23 quarto do salário mínimo e não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória, bem como a remuneração advinda de contrato de aprendizagem. A remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo da renda per capita familiar (Lei 12.470/2011). A acumulação do benefício com a remuneração advinda do contrato de aprendizagem pela pessoa com deficiência está limitada ao prazo máximo de dois anos, de acordo com regra estipulada pelo Decreto 7.617/2011(ANEXO I). Para efeito de concessão deste benefício, em conformidade com as Leis 12.435/2011 e 12.470/2011, considera-se: I – pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; II – impedimento de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de dois anos. A Pessoa com Deficiência – PcD deverá ser avaliada se a sua deficiência o incapacita para a vida independente e para o trabalho, e esta avaliação é realizada pelo Serviço Social e pela Perícia Médica do INSS. E, ainda, segundo o art. 16 do Regulamento do LOAS: “a concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF, estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da Saúde n. 54.21, aprovada pela 54.ª Assembléia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001.” (Redação dada pelo Decreto n. 7.617, de 2011). De acordo com a Súmula 29 da TNU: “ Para os efeitos do art. 20, § 2.º, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento”. 4.2 REQUISITOS ECONÔMICOS PARA FINS DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. 24 Para fins do cálculo da renda per capita, a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou padrasto, os irmãos solteiros, os filhos solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (Lei n. 12.435/2011). A renda mensal bruta corresponde a: “soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro- desemprego, comissões, pró-labore, outros rendimentos de do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada”Decreto n. 7.617/2011. 4.3 CANCELAMENTO DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. O benefício deve ser revisto a cada dois anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. A cessação do pagamento ocorrerá nas seguintes hipóteses: - superação das condições que lhe deram origem; - morte do beneficiário; - falta de comparecimento do beneficiário portador de deficiência ao exame médico– pericial, por ocasião da revisão do benefício; - falta de apresentação pelo beneficiário da declaração de composição do grupo familiar por ocasião da revisão do benefício. O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização. O benefício será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual. A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do benefício, limitado a dois anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício. O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação e reabilitação, entre outras, 25 não constituem motivo de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência (Lei n. 12.435/2011). A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa com deficiência, inclusive em razão do seu ingresso no mercado de trabalho, não impede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em lei (Lei n. 12.470/2011). O benefício assistencial é intransferível e, portanto, não gera pensão por morte. No entanto, o valor do resíduo não recebido em vida pelo beneficiário será pago aos seus herdeiros ou sucessores, na forma da lei civil.26 5 ASPECTOS LEGISLATIVOS DA LEI 8.742/93- LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – LOAS. A Lei 8.742/1993 foi substancialmente alterada pelas Leis 12.435, de 06/07/2011 e 12.470, de 31/08/2011. A idade para considerar a pessoa como idosa já foi objeto de mudanças, conforme segue: a) no período de 01/01/1996 a 321/12/1997, a idade mínima para o idoso era de 70 anos, vigência da redação original do Artigo 20 da Lei n.º 8.742/1993(Anexo B); b) a partir de 010/01/1998 a 31/12/2003, a idade mínima para o idoso passou a ser 67 anos, em razão da Lei n.º 9.720/1998(Anexo D ); c) com a aprovação do Estatuto do Idoso, Lei 10.741/2003(Anexo F), a partir de 01/01/2004, a idade mínima para o idoso passou a ser de 65 anos. Apesar do Estatuto do Idoso fixar a idade de 60(sessenta) anos como paradigma para a qualificação da pessoa idosa, o Benefício Assistencial restou limitado para os idosos com mais de 65(sessenta e cinco) anos; d) a Lei 12.435/2011 atualizou o art. 20, da Lei 8.742/1993, trazendo a idade mínima de 65 anos para o idoso fazer jus ao benefício. Até a edição da Lei 12.435/2011,(Anexo G) alterada posteriormente pela Lei 12.470/2011,(Anexo H) considerava-se a pessoa portadora de deficiência aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho, em razão de anomalias ou lesões irreversíveis, de natureza hereditária, congênita ou adquirida (artigo 20, § 2.º , da antiga redação da Lei 8.742/1993). Com a publicação do citado diploma legal, passou-se a considerar pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Considera-se impedimento de longo prazo aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. Então, parece-nos que o conceito trazido pelo LOAS, era equivocado e acabava por tornar iguais situações de desigualdade evidente. E não é só: ao exigir a comprovação a comprovação da incapacidade para a vida independente e para o 27 trabalho, o que não é previsto na Constituição, acabava por impedir a integração de muitas pessoas com deficiência. 28 6 O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DA LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE DEFESA DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA DAS PESSOAS. O princípio da Dignidade da Pessoa Humana, trazido pela Constituição da Federal de 1988, como um de seus objetivos, está intrinsecamente ligado a efetivação dos direitos sociais, dentre os quais, mais especificamente, o beneficiário pela Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, tendo em vista que a referida legislação, resguarda um mínimo de dignidade para as pessoas que sobrevivem em estado de miserabilidade e aquelas que não tiveram a possibilidade de se inserir na sociedade, ficando, portanto a sua margem. Assim, mesmo que a LOAS tenha suas bases na busca de efetivação do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, dentro de seu contexto ainda existem algumas incongruências, estas que só serão passíveis de solução ao se aplicar, caso a caso, os dogmas e preceitos que norteiam o referido princípio. Podemos perceber que a busca da Seguridade Social em efetivar as melhores e mais eficazes políticas assistenciais, para aqueles que necessitam de seus benefícios, ainda precisa de muito estudo e pesquisa, pois a Dignidade Humana ainda carece, e muito, de concretização no contexto daqueles que precisam de apoio para se afirmarem realmente como pessoas humanas. Nos dias atuais, as pessoas que são incapacitadas, por sua idade ou por terem algum tipo de deficiência, de prover o próprio sustento, estão cada dia mais esquecidas pela sociedade, que não se preocupa mais com o próximo, querendo-o somente enquanto possuir os meios laborais suficientes para ajudar no crescimento econômico do Estado. É válido lembrar inclusive, que as pessoas que sofrem de doenças como, por exemplo, a AIDS, ainda sofrem com preconceitos o que as impossibilita de conseguir um trabalho, e, conseqüentemente, são retiradas do contexto ativo dos quadros laborais, marginalizando estas pessoas. Por fim, a busca pela proteção da dignidade humana, ou seja, dos meios necessários para garantir-se o mínimo essencial àqueles que por um “golpe” do destino não forma agraciados com a possibilidade de sozinhos auferir as condições indispensáveis para o seu sustento e o de sua família, a LOAS, apresenta como 29 uma forma de dar àqueles esquecidos pela sociedade moderna, uma chance de viver dignamente. 30 7 A DESIGUALDADE DE TRATAMENTO ENTRE OS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC. A CF/1988,em seu artigo 5.º, caput reza que “ todos são iguais perrante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes ...” A Lei n. 8.742/1993, em seu artigo 20 prescreve que “ o benefício de prestação continuada é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65(sessenta e cinco anos) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família(Redação dada pela Lei n. 12.435, de 2011). Uma comparação entre os benefícios revela-se que os destinatários são cidadãos carentes, pessoas de poucos recursos que precisam da assistência e amparo do Estado,direitos garantidos constitucionalmente, tratando de forma igualitária o idoso e o portador de deficiência. O direito ao Benefício de Prestação Continuada, previsto na Lei 8.742/1993, tratou em um único dispositivo legal, ou seja, no art. 20, da retro mencionada lei, da concessão do referido benefício tanto ao idoso quanto à pessoa portadora de deficiência, oferecendo assim o mesmo tratamento legal. Esta regra aplicava-se ao idoso e a pessoa portadora de deficiência até a entrada em vigor do Estatuto do Idoso em 1.º de outubro de 2003. Há uma distinção de tratamento criada pela entrada em vigor da Lei n. 10.741/2003, aos destinatários da Lei 8.742/1993 e art. 203, V, da CF/1988. O art. 34 da Lei 10.741/2003(Estatuto do Idoso), estabelece em seu parágrafo único que “o benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS” ( Lei 8.742/1993). Desta forma podemos vislumbrar a diferenciação de tratamento que foi dada aos beneficiários da Lei n. 8.742/1993, com a entrada em vigor do Estatuto do Idoso. Se o idoso foi tratado a princípio como beneficiário do amparo juntamente com portador de deficiência, foi em virtude de possuírem semelhanças que os enquadravam no mesmo dispositivo legal. 31 Ao invocarmos o princípio constitucional da igualdade para sanar essa lacuna que foi criada na lei, é indispensável rememorarmos a lição de San Tiago Dantas:”Quanto mais progridem e se organizam as coletividades, maior é o grau de diferenciação a que atinge seu sistema legislativo. A lei raramente colhe no mesmo comando todos os indivíduos; quase sempre atende a diferenças de sexo, de profissão, de atividade, de situação econômica, de posição jurídica, de direito anterior; raramente regula do mesmo modo a situação de todos os bens, quase sempre os distingue conforme a natureza, a utilidade, a raridade, a intensidadeda valia que oferecem a todos; raramente qualifica de um modo único as múltiplas ocorrências de um mesmo fato, quase sempre as distingue conforme as circunstâncias em que se produzem, ou conforme a repercussão que têm no interesse geral. Todas essas distinções, inspiradas no agrupamento natural e racional dos indivíduos e dos fatos, são essenciais ao processo legislativo, e não ferem o princípio da igualdade. Servem, porém, para indicar a necessidade de uma construção teórica, que permite distinguir as leis arbitrárias das leis conformes ao direito, e eleva até essa alta triagem a tarefa do órgão máximo do Poder Judiciário”. 32 8 OS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA-BPC. 8.1 COMPREENDENDO O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA- BPC. O Beneficio de Prestação Continuada — BPC- é um beneficio da política de assistência social, sendo assim, não é contributivo, que consiste no valor de 1(um) salário mínimo mensal, é devido ao idoso a partir de 65 anos de idade e à pessoa com deficiência que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família; não está sujeito a desconto de qualquer contribuição, nem gera direito a abono anual, como o 13.º salário; não poderá ser acumulado com outro benefício da Previdência Social ou de outro regime assistencial ou previdenciário; além de ser intransferível, sendo assim, não gera pensão à sucessores ou herdeiros.. A renda familiar per capita deve ser inferior a 1/4 do salário mínimo por mês, ou seja, a soma total da renda de toda a família, dividida pelo número de membros que fazem parte do núcleo familiar. A renda mensal bruta familiar é considerada a soma dos rendimentos brutos obtidos mensalmente, como: salários, pensões, pensões alimentícias, proventos, pró-labore, benefícios de previdência pública ou privada, outros rendimentos do trabalho não assalariado, do mercado informal ou autônomo, rendimentos advindos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e BPC. O Benefício de Prestação Continuada é garantido pelo Estatuto do Idoso(Lei n° 10.741/2003). O valor do Benefício de Prestação Continuada -BPC concedido ao idoso não entra no cálculo da renda mensal bruta familiar para fins de concessão do beneficio a outro idoso da mesma família, conforme previsto no art.34, parágrafo único, Lei n. 10.741/03( Anexo F). A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. (Lei n. 12.435/2011). O Benefício de Prestação Continuada é assegurado pela Constituição Federal de 1988, nas disposições acerca da seguridade social (Arts. 203 e 204), foi instituído pela Lei. 8.742/1993 - Lei Orgânica de Assistência Social — LOAS, regulamentado pelo Decreto n. 1.744, de 08 de dezembro de 1995, revogado em 26 de setembro de 2007, pelo Decreto n°6.214 (Anexo E), que estabeleceu como competência do 33 Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, por intermédio da Secretaria de Assistência Social - SAS, a implementação, coordenação geral, regulação, financiamento, monitoramento e avaliação da prestação dos benefícios, compartilhadas com as representações Municipais e Estaduais de Assistência Social, o que passou a ser de responsabilidade, a partir de 2004, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. O Instituto Nacional de Seguro Social - INSS, através das Agências de Previdência Social, cabe a responsabilidade da operacionalização, ficando a cargo da Dataprev, o processamento dos dados. O Benefício de Prestação Continuada - BPC é financiado com recursos Federais situados no Fundo Nacional de Assistência Social, integrando a proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social — SUAS e deve ser prestado em consonância com outras políticas e serviços da assistência social, com o intuito de ampliar a proteção das pessoas com deficiência e idosos, bem como de suas famílias. Para obter orientação quanto ao Benefício de Prestação Continuada - BPC, o usuário deve procurar uma Agência da Previdência Social, a Secretaria Municipal de Assistência Social de sua cidade, ou um Centro de Referência da Assistência Social - CRAS, caso a cidade possua. A solicitação do Benefício de Prestação Continuada se dá a partir da apresentação dos seguintes documentos: - Requerimento do Benefício de Prestação Continuada – BPC e Declaração sobre a Composição do Grupo e Renda Familiar.( Anexo A). - RG; - Cadastro de Pessoa Física — CPF; - Certidão de Nascimento ou Casamento; - Certidão de óbito do esposo(a) falecido(a). se o beneficiário for viúvo(a); - Comprovante de renda dos membros do grupo familiar; - Número de Identificação do Trabalhador — NIT (PIS/PASEP) ou número de inscrição do Contribuinte Individual Doméstico / Facultativo / Trabalhador Rural, se possuir; - Procuração nos casos necessários; - Tutela, no caso de menores de 21 anos, filhos de pais falecidos ou desaparecidos; - Curatela, no caso de pessoas inaptas para o exercício da vida civil; 34 - Documentação que comprove, em casos de divórcio, separação ou congênere. 8.2 OS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - BPC. Os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada – BPC são as pessoas idosas com mais de 65 anos e os deficientes, desde que a renda per capita familiar seja inferior a ¼ do salário mínimo e destinam-se apenas aos brasileiros natos e aos estrangeiros naturalizados e domiciliados no Brasil, desde que não estejam amparados pelo sistema previdenciário do país de origem. Os indígenas também podem usufruir destas prestações. 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS. O Benefício Assistencial, chamado pela lei de Benefício de Prestação Continuada - BPC,é instrumento da Assistência Social, expresso em nossa Carta Magna em favor dos necessitados, sendo garantido um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovarem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. A proteção ao idoso e ao deficiente é um mecanismo real de garantia digna de vida a estas pessoas. Apesar desta grande conquista, não podemos elencar as dificuldades que estas pessoas possuem em gozar tais direitos. O destinatário da norma para se valer de direito fundamental de todo o cidadão que é a dignidade da pessoa humana e para conseguir o deferimento do benefício passa por regras como: renda per capita, idade e deficiência que são seletivas e excludentes. O objetivo do Benefício de Prestação é garantir uma renda mínima a dois grupos: idosos e portadores de deficiência que estão mais vulneráveis ao risco social de não exercer atividade remunerada que lhes garanta subsistência. Diante de toda a análise envolvendo o Benefício de Prestação Continuada - BPC, foi possível observar que o benefício constitucionalmente garantido e reconhecido, como direito social, ainda é restrito e insuficiente para reduzir as desigualdades, dado que os critérios para sua obtenção são muitos rigorosos, embora definidos em lei, inviabilizando o propósito do benefício assistencial: a promoção da dignidade das pessoas as quais se destina. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. BRASIL. Lei n. 8.742, de 07 de dezembro de 1993. BRASIL. Decreto n. 1.744, de 08 de dezembro de 1995. BRASIL. Lei n. 9.720, de 30 de novembro de 1998. BRASIL. Lei n. 10.741,de 1.º de outubro de 2003. BRASIL. Decreto n. 6.214, de 26 de setembro de 2007. BRASIL. Lei n. 12.435, de 06 de julho de 2011. BRASIL. Lei n. 12.470, de 31 de agosto de 2011. BRASIL. Lei n. 7.617, de 17 de novembro de 2011. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário/Carlos Alberto Pereira de Castro, João Batista Lazzari. 14. ed. Florianópolis. Conceito Editorial, 2012. COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito Previdenciário Brasileiro, 11. ed. Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 2001. GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de Direito Previdenciário, 13. Ed. São Paulo Atlas, 2009. KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 9. ed. revista, ampliada e atualizada. Salvador: Editôra Jus Podivm, 2012. MARTINEZ, Wladimir Novaes. Comentários à Lei Básica da Previdência Social – 8. ed. São Paulo: Ltr, 2009. MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 29. ed. São Paulo: Editôra Atlas S.A, 2010. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito Previdenciário Esquematizado. 2. ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2012. TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de Direito da Seguridade Social. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, 2.ª tiragem 2010. 37 ANEXOS Anexo A – Requerimento do Benefício de Prestação Continuada – BPC e Declaração Sobre a Composição do Grupo e Renda Familiar. 38 39 40 Anexo B – Lei n. 8.742, de 07 de Dezembro de 1993, Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. 41 Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993. Mensagem de veto Regulamento Texto compilado Vide Decreto nº 7.788, de 2012 (Regulamenta o Fundo Nacional de Assistência Social) Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL CAPÍTULO I Das Definições e dos Objetivos Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. Art. 2º A assistência social tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Parágrafo único. A assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender contingências sociais e à universalização dos direitos sociais. Art. 2o A assistência social tem por objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) 42 e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 3º Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas que prestam, sem fins lucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de seus direitos. Art. 3o Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumulativamente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de direitos. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o São de atendimento aquelas entidades que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos em situações de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o São de assessoramento aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas e projetos voltados prioritariamente para a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) CAPÍTULO II Dos Princípios e das Diretrizes SEÇÃO I Dos Princípios Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: 43 I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticaspúblicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. SEÇÃO II Das Diretrizes Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo. CAPÍTULO III Da Organização e da Gestão Art. 6º As ações na área de assistência social são organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos setores envolvidos na área. Parágrafo único. A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do Bem-Estar Social. Art. 6o A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social; 44 IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice e, como base de organização, o território.(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas por esta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos de proteção: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos instrumentos das proteções da assistência social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-B. As proteções sociais básica e especial serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especificidades de cada ação. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de que a entidade de assistência social integra a rede socioassistencial. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o Para o reconhecimento referido no § 1o, a entidade deverá cumprir os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Federal, na forma do art. 9o; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) 45 III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata o inciso XI do art. 19. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o As entidades e organizações de assistência social vinculadas ao Suas celebrarão convênios, contratos, acordos ou ajustes com o poder público para a execução, garantido financiamento integral, pelo Estado, de serviços, programas, projetos e ações de assistência social, nos limites da capacidade instalada, aos beneficiários abrangidos por esta Lei, observando-se as disponibilidades orçamentárias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 4o O cumprimento do disposto no § 3o será informado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome pelo órgão gestor local da assistência social. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-C. As proteções sociais, básica e especial, serão ofertadas precipuamente no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), respectivamente, e pelas entidades sem fins lucrativos de assistência social de que trata o art. 3o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 1o O Cras é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 2o O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão municipal, estadual ou regional, destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais instituídas no âmbito do Suas, que possuem interface com as demais políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 6o-D. As instalações dos Cras e dos Creas devem ser compatíveis com os serviços neles ofertados, com espaços para trabalhos em grupo
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