Prévia do material em texto
Fixismo - Teorias fixistas As primeiras tentativas de explicação da biodiversidade são fixistas. A perspectiva geocêntrica dominava o pensamento filosófico e científico desde a Antiguidade. Os filósofos gregos propunham teorias mais ou menos fantasistas, sem qualquer apoio científico. Por exemplo, Anaximandro (611-546 a.C.) propôs que os primeiros animais teriam tido origem da “vasa (lama) marinha” desaparecida, ressecada pelo sol. Mais tarde estes animais teriam sido substituídos por outros mais complexos. Contudo, a importância destes filósofos noutras áreas do pensamento levaram a que as suas teorias fossem bem aceitas na sociedade. O Fixismo era uma doutrina ou teoria filosófica bem aceita no século XVIII. Ele propunha na biologia que todas as espécies foram criadas tal como são por poder divino, e permaneceriam assim, imutáveis, por toda sua existência, sem que jamais ocorressem mudanças significativas na sua descendência. Um dos maiores defensores do fixismo foi o naturalista francês Georges Cuvier. Por volta do século XVII, John Ray, clérigo e naturalista inglês, catalogou as plantas que encontrou nos arredores de Cambridge. Este acontecimento foi o primeiro catálogo sistemático de que se tem notícia. Baseando inclusive pelo método e pelas idéias de J. Ray, Carl Von Linné propôs um sistema de classificação dos seres vivos em que ainda nos baseamos nos dias atuais e o publicou num trabalho chamado "Systema Naturae", classificando os seres vivos segundo categorias hierárquicas. Linné baseou-se no pensamento tipológico, que diz, em síntese, que os diferentes tipos de seres vivos eram como cópias defeituosas ou imperfeitas de um certo tipo ideal e perfeito. Linné reuniu os seres vivos semelhantes como sendo da mesma espécie. Linné, bem como todos os naturalistas da sua época, acreditavam que todos os organismos haviam sido "criados" como estavam na natureza e que não havia variação no número de espécies desde a criação do mundo. Extinções também eram negadas por alguns, por não fazerem sentido do ponto de vista de uma criação divina dos seres. Em 1812, Georges Cuvier apontou que diversos fósseis, como por exemplo o alce-gigante e o mamute não eram representantes de qualquer espécie viva de animal. Propôs então a hipótese catastrofista, que admite que na história da Terra teria havido uma sucessão de catástrofes geológicas que teriam destruído as espécies existentes sendo então substituídas por novas criações. Hipótese Criacionista Mais tarde, com o aparecimento do cristianismo, num mundo onde a religião tem uma papel muito importante, a interpretação à letra do Gênesis leva à implementação da ideia de que todas as formas vivas foram criadas num único momento da criação, por obra divina, perfeitas e imutáveis. Como Deus é perfeito, todo o seu trabalho é perfeito. As imperfeições seriam devidas às condições do mundo material que, este sim, era corrupto e imperfeito. Mesmo os filósofos da época, numa tentativa de conciliação entre entre religião, ciência e sociedade, propõem que perfeição implica estabilidade. Coisas perfeitas e divinas não mudam. Consolida-se a ideia de que depois de Deus ter criado as primeiras espécies perfeitas, elas mantiveram-se fixas desde todo o sempre. Todas as vezes que uma espécie era descrita,constituía um tipo ideal e entrava nas colecções dos museus a fim de representar esse tipo. Hipótese da Geração Espontânea De acordo com esta hipótese, os seres vivos podem surgir espontaneamente a partir de matéria inerte, não-viva.Já Aristóteles tinha defendido a ideia de que os seres vivos poderiam gerar a partir da matéria inerte, e que esses seres vivos podiam ser simples ou complexos, mas todos poderiam surgir de forma espontânea, por intermédio da acção daquilo a que chamou "princípio activo".Mais tarde, no séc. XVI, quando começam a surgir novas preocupações com o pensamento científico e a importância da observação, algumas observações levadas a cabo por naturalistas ,por serem feitas com pouco rigor, consolidaram a ideia de que seria inclusivamente possível recriar as condições de formação de algumas espécies. Van Helmont, um conceituado médico, químico e fisiologista belga, defensor das ideias de Aristóteles, chega mesmo a escrever um "livro de receitas" que ensinava como obter seres vivos a partir do "princípio activo" de que falava o filósofo. No séc. XVI ainda nada se sabia a respeito de microbiologia. É claro que mantendo-se condições de assepsia adequadas, e em ambientes controlados sem acesso a outros seres exteriores será completamente impossível que qualquer uma destas "receitas" resulte. Os animais teoricamente gerados são na realidade atraídos pelas misturas sugeridas pelo autor. Numa tentativa de conciliação com o pensamento religioso dominante, assumia-se que as espécies seriam então unidades fixas e imutáveis, surgiam num mundo estático de forma independente umas das outras de uma de duas formas: ou a partir de uma matéria inerte, em condições especiais (geração espontânea) ou então num acto de criação especial (criacionismo). Catastrofismo No séc. XVIII, Georges Cuvier, um naturalista, zoólogo e paleontólogo francês, dedica-se ao estudo dos fósseis, até então considerados apenas como meras curiosidades científicas. Com base no registo fóssil, este naturalista procura fazer a reconstrução dos animais cujos vestígios vai encontrando. É a partir do estudo dos fósseis que Cuvier chega à conclusão que no passado existiram espécies diferentes das actuais. Contudo, verificou que algumas espécies desaparecem repentinamente de um estrato para outro. Defensor das teorias fixistas, Cuvier interpreta essas lacunas e a existência de espécies diferentes das atuais como o resultado de grandes catástrofes naturais que teriam levado à destruição dessas espécies, que foram depois substituídas por outras num momento único. Essas espécies permaneceriam imutáveis até à ocorrência de uma nova catástrofe. A sua teoria foi por isso chamada de catastrofismo. Durante a história do planeta, ocorreram grandes eventos de extinção em massa, este por sua vez, acelerou a evolução da vida da Terra. O evento de extinção eliminou o antigo grupo dominante e abriu espaço para um novo grupo habitar. Após o término de uma extinção em massa, há uma irradiação adaptativa, onde um pequeno número de espécies ancestrais de uma táxon se diversifica em um número maior de espécies descendentes, ocupando uma variedade mais ampla de nichos ecológicos. Origem e evolução da vida, segundo os chineses O mito chinês da criação do universo é uma verdadeira poesia. Diz a lenda que, no início, não havia nada além do Dao, o Vazio. E do Dao criou-se um ovo negro, que foi chocado por dezoito mil anos. Dentro deste ovo, Yin, Yang e Panku coexistiram em um estado de unicidade por todo este tempo. Com muita determinação, Panku rompeu a casca do ovo e foi criado o Universo.Yin, mais pesado, foi para baixo e formou a Terra. Yang, mais leve, subiu e formou o Céu. Panku, assustado com sua criação, rapidamente afastou as pernas e ergueu os braços, segurando Céu e Terra e impedindo que eles voltassem a se unir. Depois de dezoito mil anos, Panku descansou. Sua respiração tornou-se o vento; sua voz, o trovão. Seu olho esquerdo se transformou no Sol e o direito na Lua. Seu corpo deu origem às montanhas e seu sangue formou os rios. Seus músculos deram origem à Terra. Sua barba formou os arbustos e mudas de plantas, e seus pêlos formaram as florestas. Sua pele virou o chão, seus ossos os minerais e sua medula, todas as pedras preciosas. Seu suor caiu como chuva. E todas as pequenas criaturas que viviam em seu corpo, como pulgas, piolhos e pequenas bactérias, foram carregadas pelo vento e deram origem a todos os dez mil seres, que se espalharam pelo mundo. Grandes eventos de extinções A extinção do Cambriano foi uma extinção em massa ocorrida há aproximadamente 488 milhões de anos. Foi, em termos, o primeiro evento de extinção em larga escala ocorrido no planeta. A grande maioria das espécies de braquiópodes, conodontes e equinodermos da época foram extintas e o número de espécies de trilobitas foi drasticamente reduzido, nautilóides também foram severamente afetados. A extinção do Cambriano-Ordoviciano marcou o fim do período Cambriano e iniciou o período Ordoviciano . Existem duas teorias que tentam explicar as causas da extinção do Cambriano-Ordoviciano, uma defende que a Terra passou por um período de glaciação e a outra diz que houve drástica diminuição do nível de oxigênio nos oceanos . Extinção do Ordoviciano foi o segundo maior evento de extinção em massa na história da Terra em termos de porcentagem de gêneros extintos. O evento de extinção ocorreu entre cerca de 450 a 440 milhões de anos atrás, e compreendeu dois eventos de extinção, separados por um milhão de anos. Esta foi a segunda maior extinção da vida marinha, ficando apenas abaixo da extinção do Permiano. Na época, toda a vida conhecida estava confinada nos mares e oceanos. Mais de 60% dos invertebrados marinhos foram extintos, incluindo dois terços de todas as famílias de braquiópodes e briozoários. A causa imediata de extinção parece ter sido o movimento de Gondwana para a região polar sul. Isso levou a um arrefecimento global, glaciação e consequente queda do nível do mar. A queda do nível do mar interrompeu ou eliminou habitats ao longo das plataformas continentais. A evidência para a glaciação foi encontrada em depósitos no deserto do Saara . A extinção do Devoniano é considerada a terceira mais intensa das extinções massivas a ser registrada na história da vida na Terra e atingiu o que é considerada como a "idade dos peixes", coincidente com a expansão da vegetação terrestre. Suas causas são ainda não conhecidas, atribuídas a sucessivos impactos meteoríticos de grande escala, glaciação e diminuição da temperatura global, redução do dióxido de carbono e anoxia dos oceanos e outras massas d'água. Os peixes placodermos,como o Dunkleosteus, desapareceram nesta extinção em massa. A extinção do Permiano, também conhecida como A Grande Agonia, foi uma extinção em massa que ocorreu no final do Paleozóico há cerca de 251 milhões de anos. Foi o evento de extinção mais severo já ocorrido no planeta Terra, resultando na morte de aproximadamente 95% de todas as espécies marinhas e de 70% das espécies sobre continentes. Esse evento foi descrito por D. H. Erwin como "a mãe de todas as extinções em massa". A extinção provocou uma mudança drástica em todas as faunas. A teoria mais aceita pela comunidade científica actualmente, chama-se Hipótese da arma de clatratos. Ela diz que erupções vulcânicas gigantescas aconteceram no território da Sibéria e da atual Rússia. A primeira cobriu a maior parte da Sibéria com derramamentos de magma e deixou traços mais evidentes. A segunda erupção, que ocorreu uns 100 mil anos mais tarde na bacia do rio Tunguska, deixou menos traços visíveis, mas foi esta a que matou a maior parte da vida na Terra. A extinção do Cretáceo-Terciário (K-T), foi uma extinção em massa, ocorrida há mais ou menos 65,5 milhões de anos, que marca o fim do período Cretáceo. Este evento teve um enorme impacto na biodiversidade da Terra e vitimou boa parte dos seres vivos da época, incluindo os dinossauros e outros répteis gigantes. A extinção K-T, apesar de não ser a maior extinção em massa da história, é a mais conhecida devido ao desaparecimento dos dinossauros. Este evento vitimou cerca de 26% das famílias existentes e pelo menos 75% das espécies tanto de organismos terrestres como marinhos, e as classes mais afetadas foram a dos répteis e a dos moluscos. A Extinção em massa do Holoceno é a extinção em massa de espécies, em escala mundial, que está ocorrendo durante a moderna época geológica do Holoceno. A extinção em massa do Holoceno inclui o desaparecimento notável de grandes mamíferos, conhecidos como megafauna, ao fim da última glaciação, de 9.000 a 13.000 anos atrás. Estas extinções são atribuídas ao surgimento do homem moderno e sua colonização global. Durante a última era do gelo, o homem migrou para as américas pela Beríngia, onde colonizou e caçou as espécies de megafauna americanas como a preguiça-gigante, o tatu-gigante e o leão-das-montanhas.