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História Geral e do Brasil

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História Geral e do Brasil
Ementa e Objetivos
Ementa:
Introdução à história. A importância da história como fundamento do turismo. A evolução histórica da sociedade: períodos, caracterizações, especificidades e seus reflexos/testemunhos nos continentes. O descobrimento do Brasil e suas influências na formação sociocultural da Nação, do Império à República. A nova História.
Objetivos da Disciplina:
O estudo desta disciplina criará condições para que você possa: 
Identificar os principais elementos que contribuem para o estudo da história; 
Reconhecer a importância da história como recurso para estudar o turismo; 
Analisar a evolução da sociedade, bem como seus aspectos sociais e econômicos e sua influência no turismo; 
Identificar os principais fatos e manifestações culturais da História do Brasil, do descobrimento aos dias atuais, relacionando-os com a contribuição para o turismo do país. 
Introdução
Rádio Memória
Observe estas imagens.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Pense na palavra "história" e seus significados. 
Deixe sua mente viajar e lembre-se do que você aprendeu sobre história durante os anos que você estudou no ensino fundamental e médio. 
Pense nas transformações pelas quais a sociedade passou. Nas que você estudou e nas quais sua geração participou. 
Agora reflita sobre as questões a seguir:
Por que você irá estudar história no ensino superior? 
Por que será importante estudar história num curso de turismo? 
Como estudo da história irá contribuir para minha atuação como turismólogo? 
Aula 01 - Conceitos Básicos I
Ao estudar algum assunto é importante que procure entendê-lo bem, para compreender o significado do que está sendo discutido. Considerando isto, os conceitos básicos pertinentes ao estudo da história estão divididos nas duas primeiras aulas. Nesta Aula 1, você será capaz de definir história, compreender seu campo de estudo e identificar as formas pela qual a história pode ser estudada.
Definindo História
A palavra história geralmente remete as pessoas a algo que aconteceu no passado, mas história não é apenas o que aconteceu, mas também a sua compreensão do que ocorreu.
A palavra história surgiu no século VI antes de Cristo, na Grécia, e significa investigação, informação (Borges,1980). Para os ocidentais, a história como concebem atualmente, iniciou-se na região mediterrânea - do Oriente Próximo - da Costa norte-africana e da Europa Ocidental.
O homem sempre teve necessidade de explicar a sua origem e a sua vida. A primeira forma de explicação que surge nas sociedades primitivas é o mito transmitido pela tradição oral, onde incluem os conhecimentos mágicos e religiosos da realidade.
Para nós que, estamos acostumados com o pensamento científico, uma explicação mítica parece ingênua, irracional, ligada à superstição. É preciso reconhecer que o mito é uma forma de pensamento primitivo, com lógicas e coerência próprias, não uma invenção ou uma enganação.
A história aparece ao recontar ou recopiar as explicações mitológicas e, em certo momento, os homens passam a refletir sobre essas explicações. A história surge, então, como uma forma de explicação. Foi o grego Heródoto o primeiro a empregar a palavra história no sentido de investigação, pesquisa. Mesmo com o aparecimento da história, os mitos não desaparecem, eles ainda estão presentes entre nós na forma de símbolos e sonhos. A sobrevivência dos mitos é obra do inconsciente na cultura dos povos através dos arquétipos.
"(...) certos 'comportamentos míticos' sobrevivem ainda sob os nossos olhos. Não que se trata de 'sobrevivências' de uma mentalidade arcaica. Mas determinados aspectos e função do pensamento mítico são constitutivos do ser humano...
(...) No despontar do mundo moderno, a 'origem' gozava de um prestígio quase mágico. Ter uma origem bem estabelecida significava, afinal, tirar partido de uma origem nobre. No início do século XIX, a miragem da 'origem nobre' provocou em toda a Europa central e sul-oriental uma verdadeira paixão pela história nacional, sobretudo pelas fases mais antigas dessa história. Um povo sem história é como se não existisse". (ELIADE, 1963, pp.152-153).
Para mostrar que os arquétipos rondam nossa cultura contemporânea, pode-se encontrar produções literárias e cinematográficas que estão recheadas de elementos símbolos da cultura humana, mensagens ocultas que se comunicam diretamente com o inconsciente e seduzem e influenciam subjetivamente, por estarem conectadas ao inconsciente coletivo ou ao modo cultural sutil que marca o desenvolvimento de nosso inconsciente pessoal. (JUNG, 1964)
Mesmo com toda nossa nova bagagem cultural e as novas tecnologias, continua-se a repetir nas histórias, fórmulas clássicas adaptadas e reformuladas à nossa época. Os valores e símbolos mais profundos continuam presentes.
No século XX, figuras arquetípicas e modelares foram produzidas pela mídia e são capazes de ditar comportamentos. Morin (1984) denomina-os de olimpianos, por serem comparados aos antigos deuses do Olimpo - os deuses imortais e inatingíveis, mas que têm todas as características e aspirações dos mortais.
Existem vários trabalhos sobre a relação literatura, histórias em quadrinhos, filmes e os arquétipos presentes, que podem ser encontrados em livros ou mesmo na internet.
Antes de prosseguir com seus estudos leia o texto Os Arquétipos na lenda de "O Senhor dos Anéis", Passo a Passo. Preste bastante atenção ao texto, porque você irá utilizá-lo no exercício ao final da Aula.
Estudos da História
A transformação é a essência da história. Veja na sua própria vida quantas transformações você já passou e poderá compreender que mudamos constantemente. Se isso é válido para o indivíduo, é também válido para a sociedade. Estamos sempre mudando, nada permanece inalterado e é através do tempo que se percebem as mudanças. E são essas mudanças que interessam aos estudos da história.
A história se ocupa da realidade próxima e procura conhecer a realidade temporal e específica, diferentemente do mito que está relacionado ao atemporal e longínquo.
A historia possibilita a idéia de historicidade, isto é, a idéia de que as coisas como estão têm uma razão de ser e, mais importante, podem ser conservadas como estão ou alteradas. O homem assim, passa a ter o poder de alterar a história.
Os homens fazem sua própria história, mas não como melhor lhes parece; não fazem em circunstâncias por eles mesmos escolhidas, mas em circunstâncias encontradas, dadas e transmitidas pelo passado. (MARX; ENGELS, 1982, p.43)
A história não é uma "ciência" estática e fechada. O historiador que pesquisou em detalhes e escreveu todas as minúcias do "Golpe de 1930", por exemplo, jamais poderia afirmar que seu trabalho sobre aquele golpe seria definitivo, obra acabada e inquestionável. Se cada estudo feito fosse considerado finalizado, então não haveria razão para continuarmos pesquisando a história. Seria o fim da história.
Golpe de 1930 (NOVAES, C, LOBO, C. História do Brasil para principiantes, 1997, p.216)
O conhecimento histórico é refeito através de novas abordagens, por isso, nenhuma obra é acabada e definitiva. Cada tempo presente, cada realidade, traz interesses novos e perguntas novas.
Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo 'como ele de fato foi'. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo. (BENJAMIN,1986, p.224).
O historiador portanto é comprometido com seu tempo e sua ideologia. Se o presente estimula o estudo do passado, então para cada novo presente há um novo estímulo, o que resulta em uma história nova e diferente. A obra histórica reflete os valores, idéias e problemas da época em que foi produzida.
É comum que as pessoas façam confusão quando se refere à palavra história, podendo esta ter dois significados: o primeiro refere-se a história como processo histórico - isto é, acontecimentos que se passam em uma determinada sociedade -, e o outro é a história como conhecimento histórico, ou seja, o estudo desses acontecimentos.Pode-se então perguntar: para que serve a história?
Borges (1980) explica que a função da história é de fornecer à sociedade uma explicação de suas origens e ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas.
Praça do Patriarca
Clique aqui para saber mais sobre a Praça do Patriarca, em São Paulo, uma obra do arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
O tempo é a dimensão da análise histórica e é através dele que se analisam os acontecimentos. O tempo histórico não é o mesmo que o cronológico. Este é determinado pelo relógio, pelo calendário. O tempo histórico tem outra dimensão como o das transformações que geralmente são mais lentas.
Para se produzir história é preciso estudá-la dentro de uma visão que abranja pelo menos três níveis fundamentais: econômico, político e ideológico. Ao analisar uma sociedade em determinada época, temos que levar em conta esses três níveis. A transformação de um deles altera o conjunto da sociedade como um todo, por isso é importante estudá-los.
As Formas de Estudar História
A interpretação da história está necessariamente ligada a uma teoria, permitindo que esta seja contada de diversas formas. Dependo da teoria a história será explicada de uma determinada maneira. A seguir você irá identificar as formas de estudar a história e os elementos utilizados para análise a partir das principais escolas.
A Escola Positivista
A História como ciência é recente, surge no século XIX, e os seus primeiros estudos foram realizados a luz da Teoria Positivista. Para ela, cabe à história um levantamento "científico" dos fatos, sem procurar interpretá-los, deixando à sociologia sua interpretação. Para os historiadores positivistas, os fatos levantados se encadeiam mecânica e necessariamente numa relação determinista de causas e conseqüências. Para esta escola a história é uma sucessão de acontecimentos isolados, relatando, sobretudo os feitos políticos de grandes heróis, os problemas dinásticos, as batalhas, os tratados diplomáticos etc. Para estes historiadores o passado é algo morto, com o qual o presente em que vivem nada tem a ver.
Durante muitos anos esta forma de estudar a história foi difundida no Brasil, o que se estudava em história eram nomes, datas, heróis. Os fatos obedeciam à vontade particular dos personagens, vontade vinda não se sabe de onde e em que condições sociais. A história se caracterizava pelas questões fechadas, pela ausência de pontos de vista diferentes ou divergências, sem debates. A história assim, não cumpre o papel proposto de possibilitar a compreensão das transformações, por ser desenvolvida através de um pensamento linear, de forma encadeada de causas e conseqüências.
Um cronista carioca bastante conhecido nos anos de 1960, Stanislau Ponte-Preta, criou um samba que mostra muito bem aonde este tipo de leitura histórica pode nos levar. No exercício desta aula você terá acesso a letra do Samba do Crioulo Doido, de Sérgio Porto, composta em 1968.
A Escola do Materialismo Histórico
Ainda no século XIX, outras pessoas além dos positivistas, procuravam formas de compreender a história.
Marx e Engels refletiram sobre a sociedade de sua época impregnada do pensamento iluminista e pela Revolução Industrial. Surge assim um método denominado de materialismo histórico.
O método materialismo histórico baseia-se no método dialético para explicar as mudanças importantes ocorridas na história da humanidade através dos tempos.
Na atividade econômica e social, os homens estabelecem relações necessárias e independentes de sua vontade. São as relações de produção, que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas (trabalho humano, instrumentos, máquinas). O conjunto das relações de produção forma a infra-estrutura econômica da sociedade, base material sobre a qual se eleva uma superestrutura política, jurídica e ideológica, o que engloba as idéias morais, estéticas e religiosas.
O processo de transformação social, porém, não é puramente mecânico e, sim, produto da atividade humana, mas limitada pelo gênero de sociedade onde tem suas raízes. Assim, o modo de produção dos bens materiais condiciona a vida social, política e intelectual que, por sua vez, interage com a base material. Há uma interdependência e uma interação entre a infra-estrutura e a superestrutura e em última instância, os fatores econômicos são os determinantes.
Ao estudar determinado fato histórico, este método procurava seus elementos contraditórios, no qual cada realidade social traz dentro de si o princípio de sua própria contradição, isto é, busca encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num novo fato, dando continuidade ao processo histórico. É esta dialética que gera a transformação constante na história e o que move a história são as lutas de classes pelas suas contradições.
A teoria do materialismo histórico foi criada para o estudo da história e para a transformação, segundo o próprio Marx. Com o fim do socialismo no leste europeu e a visão pós-moderna da história ocorreu uma descrença nesta teoria.
A grande crítica ao materialismo histórico recai sobre o esgotamento deste método como teoria para o entendimento dos problemas históricos da atualidade, em especial pelas teses irracionalistas da "pós-modernidade", principalmente aquelas relacionadas à negação da ciência (leis da história) e o estudo totalizante das diferentes realidades. Através da retomada de perspectivas relativistas e fragmentárias, teóricos e historiadores, têm insistido não apenas na crise do marxismo, mas mesmo na sua morte.
"Grandes homens" e grandes feitos. Alexandre ou César, Gengis Khan, Luis XIV, Napoleão... Assim se encontrava organizada a história tradicional até o início do século XX.
Fernand Braudel, pesquisador da próxima escola que você estudará, propõe, no entanto, que o olhar do historiador modifique seu foco para o estudo da história a partir dos grupos humanos, do seu meio e das estruturas sociais. Assim, as grandes rotas do comércio e das vias navegáveis e as mentalidades passam a compor o novo cenário do estudo.
Escola de Annales
Já no século XX, na década de 1930, alguns historiadores franceses e professores universitários lançam a revista Anais: Economias-Sociedades-Civilizações e, por isso, ficaram conhecidos como a "escola francesa" ou "escola dos Anais". Estes historiadores não queriam estudar a história como os positivistas ou como marxistas, já que acreditavam na reflexão histórica e desacreditavam que o econômico, em ultima instância, determinava a história. Estes historiadores vão além dos estudos dos fatos singulares, pois passaram a analisar as estruturas sociais (econômicas, políticas, culturais, religiosas etc), vendo seu funcionamento e evolução. Acreditavam que o estudo histórico devia se abrir às outras áreas do conhecimento como economia, sociologia, política entre outros, sendo favoráveis aos estudos interdisciplinares para se obter uma história total.
"Os historiadores tradicionais pensam na história como essencialmente uma narrativa dos acontecimentos, enquanto a nova história está mais preocupada com a análise das estruturas". (Burke, 1992, p.12)
Ou seja, a nova história não estuda épocas, mas estruturas particulares. Aqui reside o conceito de "História de Longa Duração". Segundo Braudel (1977), a história situa-se em três escalões: a superfície, uma história dos acontecimentos, que se insere no tempo curto (concepção positivista); a meia encosta, uma história conjuntural que segue um ritmo mais lento e em profundidade; e uma história estrutural de longa duração, que põe em causa os séculos. Nesse sentido a nouvelle histoire, isto é, a história sob a influência das ciências sociais, realizou uma revolução epistemológica quanto ao conceito de tempo histórico. Não obstante, a pesquisa histórica dentro do quadro do tempo longo, consiste em um esforço de superação do evento e de seus corolários: a história contínua, progressiva e irreversível da realização de uma consciência humana capaz de uma reflexão total.E atualmente? Como se estuda a história?
Não acabaram as pesquisas históricas baseadas nessas teorias, mas a sociedade globalizada e complexa atual é permeada por incertezas que nos levam a pensar na crise da "ciência" histórica. Em 1989, o norte-americano Francis Fukuyama, declarou o fim da História. Alegou que a história havia acabado porque o futuro da humanidade teria apenas o neoliberalismo como caminho, pois foi o vencedor diante das outras ideologias que se contrapuseram a ele neste último século. Se não houvesse mais outros sistemas, então não haveria mais história.
Na medida em que todo o sistema social contemporâneo foi aos poucos perdendo a sua capacidade de reter seu próprio passado, vivendo num perpétuo presente e numa perpétua mudança, podemos sim acreditar no fim da história, neste sentido e exatamente em "amnésia histórica".
Nem a história e nem a "ciência" histórica acabaram e atualmente, estão passando por uma crise teórica. Jamenson (1991), crítico de Fukayama (1989), afirma que não chegamos ao fim da história e o que houve de concreto foi a quebra do processo histórico da burguesia. Estamos, então, procurando novas formas de conviver com os novos paradigmas que nos apresentam em uma sociedade pós-moderna que tem como um dos seus pilares o caos.
Esta aula termina aqui, mas você continuará, na próxima aula, estudando os Conceitos Básicos relacionados ao estudo da História. Agora, exercite o que você aprendeu realizando os exercícios.
Atividades
Os exercícios a seguir auxiliarão na reflexão e aplicação dos conteúdos estudados na Aula 1. É importante que além de realizá-los você participe dos fóruns.
Aula 02 - Conceitos Básicos II
Nesta aula você continuará seus estudos sobre os conceitos básicos relacionados à história. No entanto, o enfoque será para aqueles conceitos relacionados ao turismo. Como a história relaciona-se com o turismo? E por que estudar história num curso de turismo? Na atividade de introdução desta disciplina você foi convidado a refletir sobre estas questões. Lembra? Agora você irá estudar sobre elas.
Relação entre História e Turismo
Cabe a nós, seres pós-modernos, pensarmos na história do nosso tempo. Para tanto, devemos encontrar caminhos que permitam entender como estamos vivendo e como chegamos a esta situação. Não cabe ao turismólogo estipular métodos de estudos históricos, mas escolher o estudo histórico em que irá basear seus estudos turísticos. Por isso, é importante entender o que é história e como ela foi e está sendo produzida. E, principalmente, nunca esquecer a história como fruto de seu tempo e que as perguntas respondidas são feitas por pessoas que vivem o tempo presente. Mesmo vivendo no presente seu olhar para o passado deve ser conduzido pelo ambiente do período estudado.
Lembrar também que uma mesma história será estudada várias vezes e que a cada vez, dependendo do método, da época e dos documentos acessíveis, ela resultará em uma versão. Não há verdade absoluta na história e não há verdade absoluta em lugar algum. Por isso, ao escolher uma versão histórica, é fundamental ter ciência de seu método, dos documentos usados, da seriedade de seus pesquisadores e não esquecer que deve ser produto da ciência e não literatura ou invenção.
Um bom exemplo do uso indevido da história pelos turismólogos é a inclusão das histórias dos municípios, sem fontes apropriadas, em seus planos turísticos. Quase sempre o pesquisador recorre a dados fornecidos pela prefeitura local, que entrega uma história positivista com data da fundação, nome do fundador, depois um ou outro acontecimento econômico e geralmente acaba na metade do século passado. Então perguntamos: o que interessam esses dados no plano turístico? O dado histórico, neste caso, deverá ajudar a entender como o município está atualmente e auxiliar a pensar no turismo neste contexto. Ou ainda subsidiar os programas de city-tours e atrativos históricos culturais. 
A história é um fenômeno sociocultural e podemos considerá-la inserida na cultura por ser um dos conhecimentos da sociedade. Para o turismo é um atrativo turístico cultural, além de ser um conhecimento histórico muito importante para o estudo turístico de uma localidade, região ou país nos aspectos do planejamento turístico. Por essas razões, deve-se estudar a história nos cursos de turismo.
Barreto (2000) escreve sobre o conceito de turismo histórico e explica que, na língua inglesa, é possível ampliar este conceito para a expressão heritage based tourism, podendo ser traduzida como "turismo com base no legado cultural", ou seja, o turismo que tem como principal atrativo o patrimônio cultural. Este será o corte histórico e cultural para a definição do conteúdo a ser tratado nesta disciplina.
O binômio turismo-cultura levou os primeiros estudiosos desse assunto a criar uma categoria: turismo cultural. Esta denominação refere-se a uma das motivações dos viajantes nas suas escolhas por destinos. Atualmente, o papel do turismo, tanto econômico como social, permite que a cultura seja deslocada da função de base mercadológica para uma preocupação desde a formatação de produtos turísticos (concepção e planejamento) até suas implicações sociais em termos de identidade e memória. (GASTAL, 2003)
A expressão turismo cultural traz consigo uma carga muito densa de elementos diferenciais, o próprio termo turismo pode significar, em última análise, a busca pelas diferenças, e cultura "o código mais profundo que revela o modo de ser de uma dada sociedade". (AZEVEDO, 2002, p.151)
O turismo, ao colocar a cultura como uma das suas finalidades, permite uma certa legitimação que se contrapõe com o turismo consumista. A cultura, neste sentido, passa a contribuir para a imagem do turismo como original em época de massificação. O turista com um status diferenciado e mais intelectualizado, busca além do consumo de massas, a autenticidade:
Para pessoas com competências para apreciarem e entenderem os produtos culturais, com um capital que lhe permita decodificar a mensagem artística. (LIMA, 2003, p.61)
Esta visão de consumo da cultura está muito associada à cultura erudita, e o turismo cultural representaria essa vertente. Não tem sido exatamente esta a definição mais atualizada de turismo cultural, que abarca um universo bem maior, incluindo outras formas de cultura. Nas sociedades pós-modernas, a massificação abriu uma perspectiva maior para a fruição da cultura espontânea. 
Em alguns lugares do mundo, o turismo cultural vem sendo empregado como antídoto à cultura de massas, como no caso dos controles de visitação e a revitalização de centros urbanos.
Busca-se também a educação informal nas viagens como uma forma de complementação da educação formal e o turismo cultural têm possibilitado esta ação.
Para alguns autores, incluindo Lima (2003) o turismo cultural possui duas dimensões que estão interligadas:
A heritage tourism: ligado às obras de arte históricas, aos vestígios arqueológicos, monumentos, jardins históricos, representações teatrais e de música clássica, ou mesmo o folclore e a cultura do arts tourism , que se integram aos museus e galerias de artes. 
Ilha de Taquile, maior ilha do lago Titicaca, no Peru, é um exemplo de preservação do legado Inca e um roteiro turístico muito procurado.
A cultura popular: como itinerários de descoberta e de interpretação, visitas guiadas e teatralizadas, rotas gastronômicas e de vinhos, festivais de música, eventos artísticos, e toda as manifestações de cultura espontânea representada. 
A Banda de Pífaros no Piauí, as vinícolas gaúchas e o Maracatu em Pernambuco são atrativos turísticos representativos da cultura popular.
O turismo cultural integra a cultura em duas instâncias, enquanto produto e enquanto processo. No primeiro, incluem todas as formas de operacionalização do produto turismo cultural, buscando os três "es": entretenimento, emoção e educação. O segundo é o processo como um povo se identifica consigo próprio.
O estudo do turismo cultural atual apresenta a preocupação com a integridadedo patrimônio e o que se tem feito para evitar que o patrimônio seja atingido.
Azevedo (2002) apresenta a caracterização do turismo a partir dos fundamentos, princípios subjacentes, elementos básicos, motivação central, oferta, constituição do produto, demanda e fatores condicionantes.
Você estudará sobre os elementos apontados acima na disciplina Teoria Geral de Turismo I, mas acompanhe o pensamento descrito a seguir.
Os fundamentos do turismo cultural são constituídos pelo homem/espaço/patrimônio, denominados pela Unesco como patrimônio humano. Os fundamentos que permeiam o turismo cultural são da subsidiaridade, significando aderência à realidade local com suas características muito peculiares e da alteridade, representando uma espécie de contraponto ao primeiro, implicando respeito ao outro. Esses princípios sustentam os elementos básicos do turismo cultural: a identidade dos povos, e também, a diversidade cultural. A motivação central corresponde à busca do conhecimento e a sua oferta é bastante diversificada, podendo ocorrer em qualquer época do ano (tempo) e em qualquer tipo de território (espaço). O produto cultural tem uma oferta original muito específica, conforme valores criados pelo homem (cultura, tradição e história) e a oferta derivada (acolhida, alojamento, alimentação, animação, locomoção) não se diferencia dos outros tipos de turismo. A demanda é formada por perfis diferenciados atingindo tanto jovens como aposentados adultos e famílias.
O turismo como área de estudo pela antropologia, história e sociologia é bem recente. Mas há ainda uma certa resistência dessas áreas do conhecimento humano em estudar o turismo, em virtude do caráter mercadológico, como apontou Nash no início da década de 1980. É, no entanto, de fundamental importância que o estudo do turismo seja incluído na pauta de investigações antropológicas, sociológicas e históricas. É sabido, por exemplo, que parte dos turistas deslocam-se a procura de prazer em comunidades receptoras com exclusão social. A relação estabelecida entre turistas e nativos é ambígua, pois para os turistas existe apenas a prestação de serviços e para os nativos uma fonte de renda. Não ocorrendo assim trocas entre sujeitos sociais e sim entre consumidores e prestadores de serviços. Por estas razões é mister que os impactos sociais e as suas conseqüências sejam estudados, permitindo que comunidades receptoras, empresários, planejadores e turistas os conheçam melhor e, refletindo sobre eles, possam buscar alternativas para um desenvolvimento harmônico em busca da sustentabilidade.
Leia o texto Turismo Cultural Traços distintivos e contribuição para o desenvolvimento endógeno, pois ele tem informações que lhe ajudarão a aprofundar seus conhecimentos.
A Memória
Não existe história sem memória. Se a história explica as mudanças importantes ocorridas através dos tempos, o que temos como matéria-prima para estes estudos é a memória.
Todos nós temos lembranças de nossa infância, de momentos difíceis que queremos esquecer e de momentos bons que procuramos sempre lembrar. Mas não lembramos de tudo e, muitas vezes, não conseguimos lembrar de alguns fatos, apesar de tentarmos. Muitas vezes, uma música nos remete a um acontecimento, o cheiro de um perfume nos faz lembrar alguém e o sabor de um alimento, mesmo que não estejamos comendo-o, nos vem a mente. Afinal, o que é essa memória? Por que não a controlamos? Por que ela é tão importante para nós?
Vejamos, lembrar não é a re-excitação de inumeráveis traços fragmentados, fixos e sem vida. É uma reconstrução ou construção imaginativa feita a partir de nossa atitude em relação a uma massa ativa de reações ou experiências do passado, organizadas em relação a pequenos detalhes importantes que comumente aparecem em imagem ou na forma da linguagem. (BARTLETT, 1961)
A memória é uma forma de pensamento, percepção ou prática que tem o passado como sua principal referência. As experiências passadas estão presentes em cada palavra pronunciada, a cada passo dado e a cada sonho construído. A memória está presente no pensamento, nos sentimentos e percepções, bem como na imaginação. O conhecimento atual e futuro se devem a ela. O ser humano tem "várias memórias" e não apenas uma. (...)
A principal função da memória no ser humano ou em qualquer outro animal é proporcionar segurança. A memória funciona como um complexo "sistema de defesa" que sinaliza antes que algo ruim aconteça, isto é, ante um fato novo o cérebro é capaz de se reportar às experiências anteriores, ou seja, pesquisar na memória, a fim de saber qual a melhor solução para uma situação que representa perigo. Assim, é natural o cérebro consultar rapidamente a memória antes de tomar qualquer decisão. (ALVES, 2004).
Mesmo considerando a presença da memória "em nós", precisamos entender que esse "nós" não é uno e indivisível. Não somos capazes de lembrar com todos os detalhes os momentos vividos há algumas horas, por isso, ela é seletiva e não lembramos de tudo. A memória está presente dentro e exteriormente a nós, e se cristaliza externamente em lendas, monumentos e objetos que estão longe de ser reflexos de verdades históricas. Não temos controle sobre ela, o lembrar e o esquecer são resultados apenas de nossas intenções e desejos declarados. Lembramos de coisas insignificantes e esquecemos de rostos, nomes e lugares que seriam importantes.
O que é preciso compreender é que indivíduos não armazenam uma totalidade de experiências passadas. Ao lembrar um episódio vivenciado no passado (memória episódica), o indivíduo reconstitui o que aconteceu, primeiro, a partir de uma massa ativa de reações ou experiências do passado organizadas, ou seja, a partir de uma estrutura já existente, como a linguagem, e de uma disposição que ele tem para lembrar (que pode ser associada à memória-hábito), e, segundo, a partir dos fragmentos que remanesceram da experiência vivenciada. Podemos dizer, portanto, que estamos sempre reconstituindo o passado a partir do legado que o passado deixou em nós e que o balanço entre as determinações do passado e do presente não é jamais dado a priori. (SANTOS, 2003)
Muitos artefatos nos fazem lembrar de diversas coisas, por isso podemos dizer que eles contêm memórias, como por exemplo, um souvenir nos faz lembrar de passagens alegres ou tristes de uma viagem.
A memória coletiva, de acordo com Habwachs (1950), é uma memória social exterior ao indivíduo e estendida no tempo, que guarda eventos passados. Esta memória envolve as memórias individuais e conserva os fatos acontecidos na sociedade à qual o indivíduo pertence, além dos fatos que o indivíduo não testemunhou, mas fazem parte de seu passado e de sua vida.
A memória surge a partir das narrativas do presente e a história é resultado de experiências que se acumulam ao longo do tempo, assim a memória e a história são arbitrárias em relação ao passado e ambos são resultados de tradições construídas. De acordo com bricolagem, de dar novos usos a materiais antigos, rebatendo a idéia anterior. A cultura é continuadamente recriada, "como uma espécie de canteiros de obras onde os andaimes nunca são desmontados porque a reconstrução cultural nunca termina". (BURKE, 2001, 11)
(...) a "rememoração" [...] proporciona o sentimento da distância temporal; mas ela é a continuidade entre presente, passado recente, passado distante, que me permite remontar sem solução de continuidade do presente vivido até os acontecimentos mais recuados da minha infância. (RICOUER, 1990, p. 8)
Nossas lembranças se fortificam graças às narrativas coletiva dos acontecimentos que estão marcados na história coletiva. Ricoeur (1996) estabelece uma distinção entre "rememoração" (parte de um processo de elaboração individual) e comemoração (trabalho de construção de uma memória coletiva). A mediação entre a memória individual e coletiva passaria, então, pelo viés de uma identidade narrativa, inscrita no tempo e na ação.
Uma das formas de guardamos a nossa memória é através das comemorações realizadas nas festasfolclóricas que podem ser religiosas ou cívico-folclóricas.
Quantas vezes não participamos das festas juninas? Estas festas vieram ao Brasil via Portugal. Na Europa, o mês de junho é o período de semear a terra, de pedir proteção aos deuses para que a terra gere novos frutos. A Igreja Católica se apropria de tradições mais antigas e usa santos para fazer a intermediação com Deus. Nós vivemos no hemisfério sul, onde em junho não é verão e sim inverno. Pela cultura recebida dos antepassados lusitanos também comemoramos os santos juninos, mesmo que o nosso plantio não aconteça nesta época. Ao participarmos das festas juninas, comemoramos nossas raízes mais profundas, não as deixando no esquecimento. Lembrar é manter vivo.
O texto O folclore como atração turística propõe uma nova visão para o fazer-turístico no sentido de valorização da cultura popular brasileira - o folclore. Leia-o antes de prosseguir.
Quando a gente porta um RG, aquilo é nossa marca, é o que nos diferencia dos demais. E os sinais coletivos têm o mesmo papel para as cidades. Ao mesmo tempo em que sofremos o impacto de modernização e precisamos saber lidar com isso, não podemos arrancar tudo o que temos para trás. A História não é um passado distante, ela termina 5 minutos para trás, e de repente achamos que ela não tem nada a ver conosco. A História das pessoas está enlaçada nas cidades: a perda do patrimônio, no fundo, significa a perda das pessoas. (GARCEZ, 2004) Acesso em novembro de 2004>
A memória para Isquierdo é:
o que nos identifica como indivíduos, é o que realmente nos dá identidade. Eu sou quem sou, porque lembro que sou. Você é quem é porque lembra quem é. Você não é eu, e eu não sou você. Somos diferentes porque cada um de nós tem memórias diferentes. (ISQUIERDO apud GASTAL, 2003, p. 72)
A memória individual é volúvel, mas a coletiva está conservada em museus, em sítios arqueológicos, obras de arte, nos costumes, nas comemorações, entre outros, lembrando a existência de outros antes de nós e nos fazendo menos solitários. O passado resguardado se impõe como fato e permite que nos aproximemos dele não somente com a nossa memória, mas com os nossos cinco sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar) da mesma forma como nos aproximamos do presente.
A memória materializada transforma-se em bem cultural para um determinado grupo. Estes bens (culturais) têm a característica de estarem vinculados a fatos da História do Brasil ou têm excepcional valor arqueológico, bibliográfico, artístico ou, ainda, serem portadores de referências à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
Veja algumas das Leis brasileiras que protegem nossos patrimônios históricos e, conseqüentemente, nossa memória histórica acessando http://www.minc.gov.br/legisl/leis.htm.
A memória social é muito mais do que diz a Constituição, pois nem todos os bens que fazem parte das lembranças de uma comunidade têm "excepcional" valor. Para determinados grupos sociais, o que faz parte da memória coletiva não está registrado na história oficial ou foi valorizada pelo mercado financeiro, contudo são lembranças afetivas com significados próprios.
E você o que traz guardado em suas memórias? O que você traz guardado com você o faz caminhar para frente ou parar diante de obstáculos? Como dizia Cazuza, o poeta, "o tempo não para".
A Evolução histórica da sociedade
No início da Aula 1 você estudou sobre a discussão de métodos para o estudo da história. Quando se referem à macro-história ou história da humanidade, os autores têm diversas formas para balizá-los. Um dos principais problemas para se explicar a história universal ou classificá-la é a sua complexidade e dimensão. É sobre isto que você estudará no último item desta aula.
São milhares de anos, nos quais foram produzidas muitas culturas diferentes em vários territórios e para estudá-las geralmente o historiador, o antropólogo e o paleontólogo, estipulam modelos. Abordagens diversificadas de seu objeto e obras respeitam, além de regras metodológicas clássicas cuidadosamente expostas, alguns princípios básicos comuns, raramente formulados: estes axiomas pertencem ao substrato do raciocínio proposto no campo histórico, constituindo evidências que, por sua qualidade, não exigiriam justificativas.
A tarefa do historiador não é encontrar o desenrolar entre os grupos e as sociedades numa cadeia ininterrupta de filiações sucessivas (...) mas sim descortinar no passado toda uma série de combinações infinitamente ricas e diversas (...) O preconceito daquilo que podemos chamar de "evolução linear" da humanidade foi reconhecido pelo que ele é: um preconceito e mesmo duplamente um preconceito. (LUCIEN FEBVRE, 1985, p. 290).
A mais difundida e menos questionada destas evidências é o evolucionismo cultural, ou seja, o fato de que todas as sociedades evoluem e se transformam, num sentido linear único.
Partindo do princípio da unidade do homem, o paradigma evolucionista quer dar conta ao mesmo tempo da diversidade das situações históricas dos povos (etapas da evolução) e da superioridade da "civilização européia". (Schulte-Tenckhoff, 1985, p. 59 apud. Dabat, 2004. s/d)
Este modelo, baseado na evolução das sociedades, hierarquiza as sociedades humanas e seus membros. Desta forma, escamoteia os elementos de escolha embutido na seleção de critérios de classificação utilizados. Todas as sociedades existentes no mundo são classificadas dentro destes modelos.
Aquelas que não conseguem inserir-se em nenhum modelo estão em fase ou estágios que devem ser percorridos.
Os antropólogos discutiram a respeito da lógica desta concepção da história evolucionista, difundida pelo Ocidente no âmbito de sua dominação em escala mundial. O capitalismo e o imperialismo reduziram então muitas vezes o debate à definição daquilo que os antecedeu nas regiões conquistadas; em compensação, abriram-se debates em torno do próprio conceito de progresso, e, por conseguinte, do evolucionismo cultural que lhe é geralmente acoplado, ilustrando-o a partir de realidades não-européias.
Por causa do eurocentrismo e o etnocentrismo, aparece à idéia de evolução cultural, ou seja, a humanidade evoluiria de estágios menos aperfeiçoados para situações melhores, conforme passa o tempo e se sucedem as civilizações. Esta concepção de níveis culturais foi difundida pela civilização européia, onde a visão de progresso está associada a dominação.
As nações européias difundiram a idéia de serem supostamente superiores às outras sociedades pelo estágio tecnológico que possuíam. Isto serviu de justificativa para a política colonialista imposta pelos Estados Europeus à América, África e Ásia. Explorar os países em estágios inferiores aos dos europeus era uma maneira de civilizá-los. Este tipo de pensamento produz uma falácia que justifica a prática do racismo e da dominação que se estende até a atualidade.
Durante sua secular e contínua expansão, os ocidentais virtualmente eliminaram as civilizações ameríndias, praticando terríveis etnocídios. Além disso, as culturas indiana, islâmica e africana foram subjugadas enquanto a chinesa e a japonesa foram subordinadas aos "desejos" ocidentais. Por outro lado, as principais ideologias e doutrinas políticas dos séculos XIX e XX - o Liberalismo, o Anarquismo, o Socialismo, o Nazi-facismo, o Comunismo, o Nacionalismo - foram produtos da civilização ocidental. (OLIC, 2004)
Esta idéia de progresso, também está associada a crença de que a expansão do conhecimento científico e a emancipação da humanidade andavam de mãos dadas. O iluminismo influenciou esta forma de pensar principalmente dos positivistas. Estes no século XIX acreditavam que as sociedades ao passarem a basear-se na ciência ficariam mais parecidas entre si. Deste modo, o conhecimento científico desenvolvido principalmente nos países europeus, daria uma moralidade universal na qual a meta da sociedade seria a maior produção possível. A tecnologia estenderia a humanidade seu poder além dos recursos da Terra e venceriaas piores formas de escassez natural. Seriam vencidas assim, a pobreza e a guerra, que deixariam de existir e, um mundo novo seria criado com o poder conferido pela ciência.
O mito moderno é que a ciência capacita a humanidade a tomar conta do seu destino, mas a própria "humanidade" é um mito, um resto empoeirado da fé religiosa. Na verdade, só há pessoas humanas que usam o crescente conhecimento propiciado pela ciência na busca de seus fins conflitantes. (GRAY, 2004, p. 72)
Em vários momentos tivemos o desenvolvimento de novas tecnologias e conhecimentos, que se confundiram com a evolução da sociedade.
Esta idéia de evolução não levou em conta que algumas civilizações orientais tiveram a capacidade de perdurar desde a Antigüidade muitos milênios antes de Cristo, e de suportar sucessivas ondas de influências e de invasões externas. Nutriram-se e fortaleceram-se com a energia dessa dinâmica.
A concepção da idéia de civilização Ocidental ocorreu a partir do século VIII e IX e entre os séculos XI e XIII, época na qual ela ainda estava restrita espacialmente à parte ocidental do continente europeu, começou um processo gradativo de incorporação de novas áreas à sua órbita de influência, envolvendo territórios correspondentes às atuais Hungria, Polônia, Escandinávia e proximidades do Mar Báltico.
A grande expansão desta civilização ocorre na chamada Reconquista da Península Ibérica e no início da expansão marítima de Portugal e Espanha iniciada no século XIV e com seu apogeu na metade do século XVIII. Este processo de colonização mercantil européia incorporou aos domínios da civilização ocidental todo o continente americano e parcerias na Ásia.
No final do século XVIII e início do século XIX, houve uma retração da influência geopolítica européia, com a independência dos Estados Unidos e, em seguida, a descolonização da maior parte da América Latina. Nessa época, talvez mais do que em qualquer momento posterior, Europa e Estados Unidos se distanciaram, pois a República norte-americana declarava a sua oposição ao colonialismo e desenvolvia uma visão oposta à européia. A Doutrina Monroe, proclamada em 1823, assinalava essa cisão que seria apenas temporária.
No século XIX, o colonialismo europeu se estende pelos continentes africano e asiático, quando vários territórios são incorporados aos impérios britânico, francês, alemão, belga e italiano. Em 1874, pouco mais de 65% das terras habitadas do planeta encontravam-se sob a influência direta da civilização ocidental, parcela que aumentou para cerca de 85% às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Mesmo com o processo de mundialização nem toda a humanidade vive a cultura ocidental.
Os turistas ao visitarem lugares motivados pelo heritage vão estimulados do espírito da descoberta, da compreensão das questões atuais. Nada adiantaria a nós planejadores do turismo, explicar o que aconteceu em uma sociedade apenas por explicar. O turista cultural busca conhecimentos, interação com a comunidade que visita e respostas para a sua vida.
Nas civilizações egípcia ou grega, há deuses mortos, esfinges, pirâmides, acrópole, Zeus, Hera, Afrodite. Há ruínas hoje visitadas como atração turística que retratam a grandeza do passado daquelas sociedades. Na Índia, deuses milenares são cultuados no século XXI e templos construídos há milhares de anos são freqüentados até hoje e utilizados com sua função religiosa original.
Olhar para a Índia, tendo como espelho seus problemas e as formas como lidou com eles, pode ser uma valiosa aprendizagem para o futuro. Afinal, aquela civilização, entre todas as que existem, foi a que soube ser sustentável em sua relação com o ambiente natural, forjando estilos de vida e padrões de consumo com baixa pressão sobre o meio ambiente. Soube também ser sustentável em sua relação com outras culturas, por meio da sua capacidade de suportar invasões, de não se deixar destruir ou oprimir por outros povos; ela absorveu, recebeu, metabolizou influências e as devolveu transformadas ao mundo. Soube, ainda, desenvolver uma tecnologia das emoções para lidar com o equilíbrio físico, emocional, mental e corporal dos seres humanos .
Assim, é muito difícil estabelecer um modelo, uma classificação para o caminho da evolução histórica das sociedades, embora grandes historiadores tenham desenvolvido métodos, como Arnold Toynbee com Estudos da História (1967) levantando 37 civilizações mundiais, ou anterior a ele Lord Lames que dividiu as sociedades em coletora, normádica, agrícola e comercial ou capitalista, ou, ainda, Marx que desenvolveu modos de produções como o da Antigüidade, o Feudal e o Capitalista. Temos também a fixação feita por Stalin, nos anos de 1930, que apontava para uma seqüência "obrigatória" de cinco estágios: comunismo primitivo, modo de produção escravista antigo, modo de produção, e, mais recentemente, Toffler (1995) que identificou na história da humanidade apenas três grandes ondas: o agriculturismo, o industrialismo e o Informacionismo. Vale destacar também a famosa e usual classificação da História Universal: Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Contemporânea. Todas as classificações terão restrições e serão subjetivas, portanto cabe a você, ao estudar a história de uma sociedade, analisar com cuidado que método ou balizamento foi utilizado para desenvolvê-la.
Nas duas primeiras aulas você centrou seus estudos nos conceitos básicos relacionados a História. As próximas, destinam-se ao estudo das principais passagens da História do Brasil. Busca-se, assim, criar condições para que você analise os principais fatos da construção do nosso país e identifique como esses vários momentos estão sendo tratados pelo turismo e de que maneira a nossa história se transforma em atrativos turísticos.
Atividades
Para complementar o que você estudou nesta Aula, leia o texto A transparência dos conceitos de feudalismo e de modo de produção feudal a regiões não-européias.
Remexendo no Baú Memória
1. Tente lembrar de uma viagem que fez, podendo ser recente ou não. Escreva um relato sobre esta viagem. Depois leia o texto para alguém que viajou com você e peça para ele incluir dados que você não relatou. Perceba o que mais lhe chamou a atenção para a seleção de suas lembranças (as imagens, os sons, os odores etc).
Aplicando o conhecimento
2. Você leu o texto O folclore como atração turística. Então, agora desenvolva uma pesquisa no seu município, verificando se há alguma manifestação popular que destaque a identidade local, ou seja, uma festa folclórica. Se houver, descreva-a abordando:
nome da manifestação, o período de realização e a importância para o município. 
Explique porque os turistas não podem deixar de conhecer a referida manifestação. 
Divulgue seu texto no fórum convidando as pessoas para participarem do evento. 
OBS.: Caso não tenha em seu município nenhuma manifestação, procure em outro município mais próximo do seu, ou descreva uma festa folclórica que seja popular no Brasil.
Aula 03 - A História do Brasil - Antes do Brasil ser o Brasil
A história, como já foi visto, parte sempre de uma pergunta do presente ao passado. Quando iniciamos os estudos sobre o passado brasileiro a primeira pergunta que nós fazemos é sobre a nossa origem enquanto seres humanos. Este é o tema desta aula.
A Pré-História
Com certeza você já estudou sobre os primeiros hominídeos primatas e sabe que eles surgiram na África há mais de quatro milhões de anos. É importante ressaltarmos que já possuíam algumas características humanas. Os Australopithecus, por exemplo, tinha dentição semelhante, andar bípede e postura ereta como o homem atual. Algumas espécies foram ainda capazes de criarem ferramentas e utilizarem instrumentos rudimentares. Estas descobertas podem ser comprovadas pela paleontologia através de estudos de fragmentos obtidos de escavações em sítios arqueológicos.
A linhagem humana
Nos últimos anos muitas descobertas têm alterado os conhecimentos sobre a espécie humana e o seu passado longínquo. Mesmo sendo necessárias pesquisas para compreendereste passado, uma teoria bastante aceita é que o processo de evolução física permitiu ao homem tornar-se mais hábil com as mãos aprendendo a utilizá-las como instrumento de trabalho. Isto os levou a um cérebro mais desenvolvido favorecendo a capacidade de raciocínio e de criação. Criou ferramentas, aprendeu a preparar e consumir alimentos aumentou a cognição e o uso da habilidade cerebral. (BLASIS, 2001)
Para a arqueologia a divisão da pré-história é definida pelos instrumentos deixados. No quadro abaixo temos uma divisão cultural da pré-história.
	Paleoíndio 
primeiras ocupações no continente americano há mais de 10 mil anos a.C.
	Estágio de adaptação às condições climáticas e ecológicas. Nômades, caçadores de animais de grande porte e coletores.
	Final do período geológico classificado como glaciação, marcado pela elevação das temperaturas médias do planeta, final do pleistoceno.
	Evidências materiais características do período: artefatos, pontas de lança de pedra lascada.
	Arcaico 
10 mil anos até 6.500 a.C.
	Outras estratégias adaptativas em função da extinção de vários animais. Redução do nomadismo. Exploração aquática e domesticação de plantas e animais.
	Holoceno 
Condições climáticas próximas das atuais.
	Ferramentas líticas em estilos tecnológicos distintos, manifestando práticas de subsistências diferenciadas e culturas diversas.
	Formativo 
Posterior a 6.500 a.C.
	Prática da agricultura 
Ocupação sedentária 
Aumento da densidade populacional.
	Condições climáticas mais estáveis.
	Mós, percutores, ferramentas que indicam intensidade de exploração de técnicas agrícolas 
Populações pré ceramistas e ceramistas.
Disponível em http://www.unifieo.br/exercicios/antropologia/histpopind.html 
Acesso em fevereiro de 2005.
Para enriquecer o conteúdo desta Aula, sugerimos a você que navegue pelo site www.itaucultural.org.br/arqueologia/pt/home.htm. Este site é dedicado à Arqueologia Brasileira e há informações sobre o início do povoamento no Brasil até os dias de hoje.
Em seguida, leia o texto Crânio africano de 1 milhão de anos agrava confusão sobre hominídeos.
O homem vai adquirindo competências para criar objetos e modificar a natureza. Isso o levou a construir o seu mundo e controlar este processo, o que o faz ser humano. Cada grupo humano construiu um mundo a seu modo, de acordo com as próprias necessidades e do ambiente que o cercava.
A pré-história pode ser explorada pelo turismo cultural como uma maneira de informar ou ensinar os turistas sobre a cultura e a história de diversos povos.
Muitas vezes uma exposição em um museu ou em centro de cultura pode proporcionar ao visitante o conhecimento de uma cultura diferente da sua, entender outras formas de pensar e de agir, ampliando seu universo cultural e diminuindo seus preconceitos.
Normalmente este tipo de conteúdo é trabalhado pelo turismo em dois lugares específicos: os sítios arqueológicos e os museus, sendo que muitos sítios arqueológicos estão localizados dentro de Unidades de Conservação.
Para desenvolver atividades turísticas em locais frágeis, como os sítios arqueológicos, é preciso um planejamento muito sério feito por equipes multidisciplinares. Podemos citar como exemplo a caverna de Lascaux - França, que apresentou indícios de deterioração nas pinturas rupestres, causadas principalmente pelo gás carbônico da respiração dos visitantes. Como mecanismo para conter o processo destrutivo, a caverna foi fechada à visitação e tomaram diversas medidas para controlar a atmosfera interior que recuperou progressivamente o seu brilho original. Para resolver o problema em relação aos turistas foi construída uma réplica da caverna denominada Lascaux II.
As paredes da caverna de Lascaux contam a história de nossos antepassados.
E no Brasil existiu Pré- História?
A pré-história no Brasil
Para conhecer o Brasil é preciso mergulhar no passado muito mais remoto do que apenas os últimos 500 anos. O conhecimento advindo dos estudos da pré-história, dos condicionalismos geológicos e da geografia torna-se uma ferramenta-chave para uma interpretação mais coerente do nosso "processo civilizatório".
Pouco se sabe sobre a nossa pré-história, mas muitos estudos estão sendo realizados pela paleontologia e arqueologia que nos ajudarão a entendê-la melhor.
Os estudos realizados até agora têm possibilitado esclarecer e questionar sobre a forma como os povos viviam, do que se alimentavam, o que produziam, como se relacionavam entre outras questões.
A descoberta mais polêmica e também mais importante nestes últimos anos deveu-se aos estudos sobre a origem do homem americano.
Estudos realizados na Toca do Boqueirão, no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), levou a equipe da arqueóloga Niedè Guidon a criar uma nova teoria sobre a origem do homem americano.
Arte rupestre brasileira nas pedras da Serra da Capivara.
Na escola, aprende-se que os primeiros homens chegaram às Américas pelo Estreito de Bering, vindos da Sibéria. A contestação para essa reconhecida teoria está nos sítios arqueológicos deste parque que guardam indícios da ocupação humana a 50 mil anos, ou seja, 30 mil anos antes dos homens vindos da Sibéria. Pinturas rupestres, ferramentas e prováveis restos de fogueiras modificam esta teoria. Muitos arqueólogos internacionais não aceitam e contestam as datações obtidas pela arqueóloga brasileira. (FUNARI, 2002)
O parque é o melhor e o mais importante exemplo de sítio arqueológico preparado para a visitação turística do Brasil.
Saiba um pouco mais sobre este assunto lendo o texto De volta à Pré-historia.
Com maiores aceitações internacionais, são os registros arqueológicos que comprovam a presença humana em todo continente americano, por volta de 10 mil anos atrás, desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul. Mais à frente no tempo, os registros apontam que aproximadamente a 4 mil anos a.C os povos que aqui viviam estavam adaptados ao meio e tinham grande conhecimento sobre a fauna e flora.
O aquecimento do planeta foi responsável pela diversidade dos povos pré-históricos brasileiros. Estas mudanças climáticas geram novos ecossistemas que obrigaram o homem a se adaptar, desenvolvendo culturas diferenciadas. (BLASIS, 2001, p. 6)
Os grupos existentes na pré-história brasileira podem ser divididos segundo as tradições do Período Arcaico em Grupos do Planalto Centro-Oriental, Planalto Meridional (Umbu), do Litoral (Sambaquis), da Floresta Sub-Tropical (Humaitá) e Área de Transição.
A nossa pré-histórica é pouco estudada. Na verdade, apesar de ser muito antiga, foi descoberta há pouco tempo. Mas descobrir que ela existiu abre espaço para refletirmos sobre a vida dos povos indígenas que se encontravam aqui quando os portugueses chegaram. Acompanhe a seguir!
Os povos indígenas em 1500
Os portugueses generalizaram os povos indígenas. A história oficial nos passou a idéia de que todos eles são iguais, denominando de índios os diversos povos autóctones.
Alguns historiadores que estudam a história pela visão dos vencidos relatam que sabemos pouco sobre eles, pois a maior parte da história é escrita sobre a visão dos vencedores. O caso dos povos indígenas é um bom exemplo.
Muitas vezes, o imaginário sobre estes povos que habitam o Brasil atual é o mesmo do ano de 1500, pela falta de conhecimento ou informação sobre suas vidas recentes.
Esta nossa ignorância, produziu uma mentalidade que guarda ainda indícios do pensamento romântico e do mito do bom selvagem em determinados momentos. Também essa mesma mentalidade guarda a imagem negativa construída para justificar a dominação destes povos que os descrevia como preguiçosos, inaptos e ignorantes.
Devemos então perguntar como conhecer os povos indígenas atuais? Como deve ser o relacionamento deles com a outra parte da sociedade brasileira?
Neste contexto, podem-se citar alguns trabalhos que estão sendo realizados no Brasil relacionando a questão indígena e o turismo. Algumas iniciativas como o Projeto Kaiapós e do Instituto das Tradições Indígenas (IDETI) visama aproximar os não índios da cultura indígena e vice-versa. Embora essas iniciativas tenham nobres fundamentos, por questões relacionadas à conservação dos espaços indígenas, a legislação não permite o turismo em suas terras.
A Fundação Nacional do Índio - Funai, preocupada com o aumento deste tipo de atividade turística ilegal e o que ele pode ocasionar, tem realizado estudos sobre o assunto. Paradoxalmente o governo apóia este tipo de iniciativa, como se pode constatar com as Oficinas para o Planejamento Turístico - realizadas em Aldeia Indígenas durante a vigência do Programa Nacional de Municipalização do Turismo (1994-2002) - e também o site do Projeto Kaiapós está na página do Ministério do Turismo.
Não se sabe exatamente quantas sociedades indígenas existiam no início da colonização portuguesa no Brasil. A estimativa sobre o número de habitantes nativos varia de 1 a 10 milhões de indivíduos.
Atualmente, no Brasil, vivem cerca de 345 mil índios, distribuídos entre 215 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,2% da população brasileira. Cabe esclarecer que este dado populacional considera tão-somente aqueles indígenas que vivem em aldeias, havendo estimativas de que, além destes, há entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há também indícios da existência de mais ou menos 53 grupos ainda não-contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista. (FUNAI, 2004)
Durante os 500 anos, o processo de colonização realizado pelos portugueses, baseado no uso da força por meio das guerras e da política de assimilação, gerou extermínios de muitos povos indígenas, resultando nos números acima apresentados.
Continuando a história do nosso país, na próxima aula você estudará sobre os principais fatos do Brasil Colônia.
Atividades
Aplicando o conhecimento
Parque Nacional da Serra da Capivara - para saber mais e entender como o Turismo tem sido trabalhado neste local, faça uma pesquisa sobre o parque junto aos órgãos oficiais de turismo e outros sites que tratam do tema. Em sua pesquisa, faça uma seleção daqueles aspectos que você considera mais interessantes para o turismo local, justificando sua escolha. Partilhe seu estudo com os demais colegas e troque idéias. 
Acesse o site http://www.funai.gov.br/ e pesquise sobre a vida dos índios hoje. Depois, entre no site http://www.turismo.gov.br e acesse o link sobre o Projeto Kaiapós. Leia sobre este povo e a proposta de turismo nas áreas indígenas. Depois, avalie a questão sobre os impactos culturais que a presença de turistas poderá causar? Partilhe suas reflexões no fórum. 
Aula 04 - A História do Brasil - Brasil Colônia II
Visualize a cena! Século XIV na Europa, as rotas comerciais tradicionais que cruzavam a França estavam comprometidas por causa da Guerra dos Cem Anos com a Inglaterra. A peste negra também contribuía para a diminuição da atividade comercial, gerando a fome provocada pela escassez de víveres no cenário de destruição da guerra.
Esta aula parte dessa cena para que você estude os primeiros passos da nossa história.
O contato dos "civilizados" com os "selvagens"
Esta crise diminuiu a população européia levando a retomada comercial a acontecer de forma lenta, seguindo a expansão demográfica. Problemas relacionados à oferta de moeda, provocados pelo esgotamento das minas de metais e o envio destes para o Oriente como forma de pagamento, estrangulou o comércio. Acrescenta-se ainda, o monopólio da rota mediterrânea pelas cidades italianas, formando-se o cenário que forçou a burguesia européia a buscar novas alternativas para expandir o comércio. A saída foi a navegação atlântica, gerando o processo de expansão marítima européia.
Quando chegaram ao Brasil, os portugueses encontraram um povo que ainda não conheciam. Na carta de Caminha ele registra:
Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. A carta de Caminha ainda menciona que o encontro inicial foi pacífico, os índios deitaram no chão suas armas e até dançaram. (Mendes Junior; Roncari, 1976, p. 57)
Qual era a imagem que se tinha do Brasil?
No início da época Moderna, o universo mental do europeu representou a colônia brasileira como um "Paraíso Terrestre", isto é, terra abundante, pródiga, o luxuriante éden perdido. Ao mesmo tempo, o fantástico Brasil era também visto como o Inferno, ou seja, um sítio medonho onde a natureza humana era freqüentemente identificada com o próprio diabo. Neste lugar contrastante o demoníaco e o divino conviviam lado a lado como partes opostas, similar à fé religiosa dos católicos.
Essas visões antagônicas geradas por mitos arcaicos povoavam as mentes dos europeus e influenciaram seu imaginário sobre estas terras.
Mas vale o registro que na maior obra épica portuguesa - que aborda, inclusive, as grandes navegações - não há magníficas passagens sobre o Brasil e suas maravilhas. Como se pode ler abaixo, esta é a única referência em toda a epopéia sobre o país:
Mas cá onde mais se alarga, ali tereis/ 
Parte também, co pau vermelho nota;/ 
De Santa Cruz o nome lhe poreis;/ 
Descobri-lo-á a primeira vossa frota. 
Camões - Os Lusíadas
Para o turismo a imagem é fundamental, pois é ela que auxilia na decisão da viagem e o que o turista espera encontrar. Depois de 500 anos, qual imaginário o país desperta? No texto Reflexões sobre os mistérios da paisagem brasileira você encontrará mais informações sobre este assunto.
No início do século XVI a presença dos portugueses não provocou uma alteração profunda no território brasileiro. Ao desenvolverem feitorias dispersas no litoral não chegaram a marcar território e eram dependentes dos povos que aqui viviam para a alimentação e proteção. Também precisavam dos nativos na coleta dos produtos que desejavam, como o pau-brasil, por isso, suas relações foram pacíficas com os povos aliados.
O comércio de pau-brasil era realizado tanto por portugueses como por espanhóis e franceses. À medida que seu volume crescia, aumentava o interesse de Portugal, cuja primeira reação fora arrendar as terras, já em 1502, a um consórcio de mercadores liderados por Fernão de Noronha. Com a ameaça estrangeira, porém, o governo começou a mandar cada vez mais frotas armadas. Em 1526, durante uma dessas expedições, comandada por Cristóvão Jaques, foi fundado o primeiro núcleo permanente, uma feitoria em Pernambuco. Apesar do apresamento de vários navios, sobretudo franceses, a tentativa de controle da terra por meios militares não afastou os concorrentes. Sem que o governo se desse conta, todo um sistema de comércio já estava em funcionamento. (CALDEIRA, 1997)
Os portugueses que passavam a viver no Brasil, por medida de sobrevivência, uniam-se aos povos nativos através do casamento. A união possibilitava uma aliança muito oportuna com a família da mulher em época de guerra. Os parentes da esposa os auxiliavam no sistema de escambo do pau-brasil e no abastecimento das naus.
Quando Portugal começou a interferir de fato no Brasil
Por volta de 1534, a Coroa Portuguesa muda sua estratégia em relação ao Brasil.
A política colonizadora baseava-se no " domínio monopolista metropolitano, a serviço do Estado e de sua classe mercantil que tinha interesse em assegurar a posse e a exploração colonial e executar a administração e a fiscalização". (VICENTINO; DORIGO, 2001, p. 182)
Pelas características encontradas no Brasil, a opção portuguesa recaiu sobre a agricultura, diferenciando-a da América Espanhola que era apoiada na mineração. Sem minérios, o açúcar foi a forma de viabilizar a ocupação e povoamento da colônia.
Para iniciar a colonização, Portugal dividiu o Brasil em 12 faixas de terras distribuídas pelo rei e doadas a funcionários da Coroa, veteranos ou negociantes que tinham feito fortuna no Oriente, para que estes desenvolvessem a economia colonial nos moldes usados na Ilha da Madeira: cultivo de cana-de-açúcar, construção de engenhose uso de mão de obra escrava. Esta economia deu início à caça indígena e ao tráfico de africanos.
O modelo previa investimento de recursos no Brasil a partir de particulares que teriam condições econômicas para tanto. Em contrapartida, o governo receberia uma parte dos resultados. Para a situação de Portugal na época, que não detinha recursos para o investimento, era uma solução.
O sistema de capitanias acabou fracassando pelas dificuldades financeiras, falta de recurso dos donatários, grande extensão dos lotes, a distância da Metrópole e, sobretudo, o sistemático ataques de índios e franceses. Entre as capitanias que tiveram bons resultados podemos citar São Vicente e Pernambuco.
São Vicente foi a primeira vila do Brasil e também o local onde foram construídos os primeiros engenhos de açúcar.
No período do aniversário do município, é encenado o maior espetáculo teatral em areia de praia do mundo com características históricas. Esta encenação denomina-se a Fundação da Vila de São Vicente e chega a atrair mais de 100 mil turistas ao município.
Este espetáculo mostra a presença dos primeiros portugueses desembarcados nesta região e o povoado que criaram juntamente com os povos indígenas. A aliança dos portugueses com os nativos foi fundamental para a instalação da primeira Vila.
Antes de seguir adiante leia o Texto - Fundação da Vila de São Vicente.
O Governo Geral
As Capitanias fracassaram, mas surge uma nova proposta.
Com o fracasso das capitanias, uma nova proposta política é implementada: o Governo Geral, composto de uma estrutura administrativa que incluía um governador-geral, um punhado de magistrados e funcionários dependentes do rei. Este sistema político foi elaborado através de um projeto colonizador minucioso - Regimentos, 1548. O primeiro governador geral foi Tomé de Souza que funda Salvador e cria a primeira capital brasileira, toda murada com taipa e rodeada de fortes, com casas do governo, da Câmara, dos Contos, Alfândega, Matriz e a Sé do futuro bispado. Cria um pequeno estaleiro, manda vir gado de Cabo Verde, viaja em inspeção ao Sul. As atitudes tomadas pelo primeiro governador alteram o cenário da colônia.
A ocupação do território dependia, portanto, do bom relacionamento com os nativos. Já a segunda tarefa do governador, promover as atividades econômicas, requeria uma política oposta, pois implicava a captura de escravos. Como a exploração do pau-brasil era monopólio régio e, de qualquer modo, a madeira já começava a rarear junto ao litoral, os colonos resolveram tentar a cultura da cana e a produção de açúcar. A decisão era compreensível: em meados do século XVI o açúcar era uma mercadoria de grande valor e a técnica de sua produção, um segredo conhecido dos portugueses que a haviam aperfeiçoado nos Açores.
A palavra "açúcar" deriva etimologicamente do árabe "al-succar", palavra que provém do sânscrito "sakara", isto é, semelhante à areia branca (RIBEMBOIM, 2000). Desde a Antigüidade o açúcar era conhecido e utilizado pela medicina, primeiro pelos fenícios, depois pelos árabes e indianos, mas foi na China que pela primeira vez ele seria refinado. No século VI, aparece no Ceilão e, três séculos depois, na Sicília, de onde seria exportado para a Península Ibérica, África e Américas.
No século XV, inicia-se a produção do açúcar em escala comercial na Ilha da Madeira e o açúcar produzido segue para a Inglaterra, Países Baixos, Gênova e Veneza. Outro local de grande produção seria a Ilha de São Tomé com a presença de judeus no negócio.
No Brasil, o açúcar chega em Pernambuco no início do século XVI, mas a primazia da industria cabe a São Vicente. Acredita-se que o primeiro engenho foi o da Madre de Deus ou Nossa Senhora das Neves, em 1532, no Enguaguaçu por iniciativa de Pero de Góes na Baixada Santista. Deve ter existido pelo menos seis engenhos nesta região na segunda metade do século XVI. (REIS, 1989, p. 64).
Para estimular a ampliação da cultura da cana e a dinamização econômica dos colonizadores, foi construído na atual São Vicente, o Engenho do Governador ou de São Jorge. Este engenho era uma empresa mercantil com participação da família Schetz de Antuérpia, na Bélgica. Os flamengos mantinham escritório em Lisboa. Pode-se ver, pela sociedade, que o agronegócio do açúcar não era constituído apenas por portugueses, muitos europeus estavam envolvidos como flamengos, alemães e genoveses. Estes últimos financiavam grande parte do negócio português e cuidavam do beneficiamento e da distribuição na Europa. Esta cooperação durou até a Guerra dos Países Baixos e a formação da União Ibérica entre Portugal e Espanha.
A cultura do açúcar foi espalhada por diversas capitanias e aumentou mais no período do Governo Geral. Mas não foi fácil seu desenvolvimento. Por mais favoráveis que fossem a terra e o clima, a escassez de mão-de-obra era um sério obstáculo para o cultivo da cana e a fabricação do açúcar. Por intermédio do cativeiro dos nativos que passaram a ser capturados, até mesmo os das nações amigas, buscou-se a primeira solução.
As relações entre os nativos e os portugueses que antes foram amistosas, se alteram para a escravização, negociação, sujeição e outras formas que garantiriam o projeto português.
Esta nova forma de relacionamento entre os povos indígenas e os colonizadores foi marcada pelo estranhamento. Os europeus julgavam inferiores os povos que aqui habitavam por não terem a sua religião e desconhecerem a agricultura no estágio tecnológico a que tinham obtido. Também por não possuírem cidades, usarem roupas, entre outras coisas. Como já foi apresentado antes, o eurocentrismo provocado pela intolerância e ignorância, criava a imagem deturpada dos grupos que aqui viviam. Essa imagem de selvagens era bastante útil, pois servia para justificar atrocidades cometidas contra os nativos, afinal eram "seres humanos que não completaram a evolução" e o contato com a cultura adiantada os faria evoluir. Essa visão acabou trazendo grande mortandade tanto pela exploração exagerada da força de trabalho, como do contato com doenças desconhecidas e pelas guerras, entre outras, que dizimou milhares de índios.
Quantos cadáveres e escravos ergueram esta nação entre índios e negros?
Na época de Tomé de Sousa, os portugueses começaram a importar escravos da África como solução em longo prazo para o problema do fator humano no trabalho colonial.
Este tipo de escravidão era explorado por companhias particulares, através do direito de explorar o tráfico cedido pelo rei mediante pagamento. Os negros eram capturados na África pelos portugueses, promovendo ou estimulando guerras entre as tribos para poderem comprar os negros derrotados. Com o passar do tempo iniciaram a captura sem guerra por parte dos chefes de determinadas tribos que trocavam os "escravos" por fumo, tecido, cachaça, armas, jóias, vidros etc. (PINSKY, 1981)
Não se tem ao certo o número de africanos que foram deslocados para o Brasil. Aceita-se que até o século XIX entraram no território brasileiro entre 10 a 15 milhões, dos quais cerca de 40% foram capturados pelos brancos e deslocados para a América (idem, p.28).
"Os vivos, os moribundos e os mortos amontoados numa única massa. Alguns desafortunados no mais lamentável estado de varíola, doentes com oftalmia, alguns completamente cegos; outros esqueletos vivos, arrastando-se com dificuldade, incapazes de suportarem o peso de seus corpos miseráveis. Mães com crianças pequenas penduradas em seus peitos, incapazes de darem a elas uma gota de alimento. Como os tinham trazidos até aquele porto era surpreendente: estavam complemente nus. Seus membros tinham escoriações por terem deitados no assoalho durante tanto tempo. No compartimento inferior o mau cheiro era insuportável. Parecia inacreditável que seres humanos sobrevivessem naquela atmosfera." (FAWN apud BUENO, 2003, p. 112)
Este é um dos muitos relatos sobre as atrocidades cometidas aos africanos que eram capturados e trazidos ao Brasil. Os tumbeiros, assim denominados os navios negreiros, foram até alcunhadosde "ventre da besta e o bojo da fera", pelos seus próprios responsáveis.
Justamente por causa desta situação atroz, um em cada cinco escravos embarcados na África não sobrevivia à viagem ao Brasil e os que chegaram com vida não viveriam mais do que sete anos, em média. Eram "mercadorias" baratas e substituíveis, de onde tinham vindo havia mais.
Não foi somente no transporte que a vida foi dura para essas pessoas, o trabalho no engenho, a péssima alimentação, os castigos corporais, a falta de higiene e ainda a pressão psicológica tiravam-lhes a "humanidade".
Muitos escravos não aceitavam essa situação e de diversas maneiras procuraram acabar com ela, fugiam para formar quilombos, se matavam, assassinavam o senhor de engenho, entre outras. Já é bem conhecida a história de alguns quilombos e a sua luta e resistência como o caso de Palmares.
Atualmente na Serra da Barriga - AL, onde se localizava Palmares, deve ser criado o Memorial de Zumbi.
Os quilombos já existiam na própria África como resistência à escravidão. Os descendentes destes quilombos no Brasil, os quilombolas, continuam até hoje vivendo nas terras de seus antepassados com uma organização social geralmente comunitária.
No século XXI, os quilombolas sobreviverão? Visite o site da Fundação Palmares e veja o que esta instituição vem fazendo para preservar a memória histórica dos negros brasileiros.
Embora tenham direitos legais sobre suas terras pela Constituição Federal de 1988, de acordo com dados do IBGE, poucas entre as mais de 700 comunidades que vivem em quilombos atuais conseguiram demarcar suas terras. Pouco se sabe sobre essas comunidades, localizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Pernambuco, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe, Goiás e Amapá, cujos Direitos Culturais Históricos são assegurados pelos artigos 215 e 216 da Constituição Federal que tratam das questões relativas à preservação dos valores culturais da população negra. Além disso, suas terras são consideradas Território Cultural Nacional.
Ainda segundo o IBGE, estima-se que 2 milhões de pessoas vivam nestas comunidades organizadas e os habitantes remanescentes dos quilombos, segundo a Fundação Palmares, preservam o meio ambiente e respeitam o local onde vivem. Mas sofrem constantes ameaças de expropriação e invasão das terras por inimigos que cobiçam as riquezas em recursos naturais, fertilidade do solo e qualidade da madeira.
Pelas características de terem uma cultura tradicional e por estarem localizadas em áreas conservadas, muitos quilombos estão sendo explorados pelo ecoturismo. Mas da mesma maneira que se deve ter muito cuidado ao implementar visitação às áreas indígenas deve-se ter as mesmas em áreas de quilombolas.
A religiosidade na Colônia
Quantas Igrejas Católicas há na sua cidade? Você sabia que em Salvador, por exemplo, existem 365 igrejas, praticamente uma para cada dia do ano?
Quando visitamos as cidades turísticas no Brasil, deparamos com inúmeras igrejas. Por essa simples observação podemos afirmar que a Igreja Católica esteve presente na construção do País. Desde o início, a religião é um dos pilares da colonização.
Quando Tomé de Sousa desembarcou na Bahia, trouxe um pequeno grupo de religiosos da Companhia de Jesus. Em menos de dois séculos, cresceram em número e importância, desempenharam papel fundamental no trato com os índios. Os Jesuítas tinham como uma das suas principais metas a difusão da fé católica.
A religião, além de ser um braço do poder e uma forma de controle, dava identidade e inserção aos colonos em um grupo social ou no mundo. Quanto aos nativos, a "colonização da alma" devia-se por serem uma força de trabalho a ser explorada e também por não conhecerem o "criador".
Os jesuítas cuidavam dos registros de nascimentos, casamentos e mortes; estudavam as culturas locais, catequizavam indígenas opondo-se à escravidão e foram os responsáveis pelas primeiras escolas brasileiras.
Para atingir os objetivos da catequese, transformando os índios em gentio-cristão e súditos do rei, tiveram que criar uma forma de organização denominada missão ou redução. Esses aldeamentos situados em locais distantes dos núcleos urbanos foram criados para proteger os indígenas da exploração dos colonos e permitir que os jesuítas pudessem realizar sua catequização sem a interferência do branco.
As primeiras tentativas de catequizá-los sem organizá-los em missões ou em reduções não obtiveram grande sucesso. Os nativos voltavam facilmente para as matas e para os seus costumes.
O confinamento em aldeamento jesuítico não era escravidão, mas também não era uma forma de liberdade. Tinham a proteção contra a escravidão, mas eram obrigados a abandonarem seu modo tradicional de vida e aceitar um novo tipo imposto pelos jesuítas.
"Este gentio é de qualidade que não se quer por bem, senão por temor e sujeição, como se tem experimentado e por isso se S.A. os quer ver todos convertidos mande-os sujeitar e deve fazer entender os cristãos pela terra dentro e reparti-lhes os serviços dos índios àqueles que os ajudarem a conquistar e senhorear em outras partes de terras novas [...], sujeitando-se o gentio, cessarão muitas maneiras de haver escravos mal havidos muitos escrúpulos, porque terão os homens escravos legítimos, tomados em guerra justa e terão serviço e vassalagem e a terra se povoará e Nosso Senhor ganhará muitas almas e S.A. terá muita renda nesta terra[..], A lei, que lhes hão de dar, é defender-lhes comer carne humana e guerrear sem licença do governador; fazer-lhe ter uma só mulher, vestirem-se pois têm muito algodão, ao menos depois de cristãos, tirar-lhes os feiticeiros, manter-lhes em justiça entre si e para com os cristãos; fazê-los viver quietos sem se mudarem para outra parte, se não for para entre cristãos, tendo terras repartidas que lhes bastem e com estes padres da Companhia para os doutrinarem" [...] (NÓBREGA, séc. XVI apud Dourado, 1958, p. 80)
Em Portugal, no século XVIII, afirmava o Marques de Pombal que os jesuítas haviam criado um Estado dentro do Estado português. Essa afirmação era o termômetro do que estava acontecendo em Lisboa, uma oposição sistemática aos jesuítas, por acharem que eles não obedeciam ao rei e acumulavam riquezas que não tinham controle real, além de serem acusados de insuflarem os índios contra o governo e criarem conflito com os colonos. Esta situação acabou em expulsão da Companhia de Jesus em 1759. Com a sua saída, colégios e seminários são fechados e mais tarde, com a reforma pombalina (1770), o ensino torna-se laico.
O maior atrativo cultural do Mercosul - as missões jesuíticas, conhecidas também como povos das missões, estão distribuídas pelos territórios brasileiro, paraguaio e argentino.
Bandeirismo e ouro das Gerais
Se o Nordeste era a região mais próspera do Brasil e o sul a mais pobre, como se deu essa reviravolta na Colônia?
Os paulistas, embora tivessem iniciado a plantação de açúcar com relativo sucesso no início das capitanias hereditárias, não obtiveram o mesmo êxito comparando-os com os nordestinos. Várias são as causas apontadas pelos historiadores, desde problemas relacionados à geografia da região e tipo de solo até questões de segurança.
Por não participarem do monopólio do açúcar como grande exportador, obrigavam-se a encontrar outras soluções e as que escolheram os levaram a penetração no sertão, o que provocou a expansão do território brasileiro.
Duas razões principais estimulavam os paulistas a dirigirem-se ao sertão, a captura de nativos para escravizá-los e a procura de metais preciosos.
Os bandeirantes paulistas eram um grupo de paramilitares que rasgavam a mata e caçavam homens. Durante o século XVII, mataram ou escravizaram 500 mil indígenas, transformando São Paulo num dos maiores centros escravistas de todo continente. Mesmo com esse passado, nos anos de 1920, surge o mito dos bandeirantes como "raça de gigantes". Este era um período em que a cidade de São Paulo estava em pleno desenvolvimento e um passado de glória principalmente para os descendentes

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