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Aula 5 TanatologiaO ASPECTO HISTÓRICO E CULTURAL DO SUICÍDIO

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Profª Márcia Eliane de Oliveira Falcão.
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O suicídio é considerado um caso de saúde pública no Brasil e no mundo, representando mundialmente 1,4% de todas as mortes. As taxas mais altas costumam estar entre as pessoas idosas, acima de 70 anos de idade ou mais. No entanto, é possível identificar um número crescente de suicídios entre jovens, em vários países, inclusive no Brasil (TRIGUEIRO, 2015).
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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2014), é possível prevenir o suicídio, desde que, entre outras medidas, os profissionais de saúde, de todos os níveis de atenção, estejam aptos a reconhecerem os fatores de risco presentes, a fim de determinarem medidas para reduzir tal risco e evitar o suicídio.
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O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal. Pode ser realizado por atos (tiro ou envenenamento) ou por omissão (greve de fome). 
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O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas. É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais. Deve ser considerado como o desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados acontecimentos pontuais. 
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 Na Antiguidade greco-romana o suicídio era um ato clandestino, patológico, solitário. Os suicidas não tinham direito a uma sepultura, e as mãos eram enterradas separadamente.
 Em Roma, o indivíduo deveria submeter ao Senado as suas razões para desejar morrer.
 Na Índia, as viúvas eram incentivadas a morrer após a morte do marido.
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  Na Idade Média, a pessoa e sua vida pertenciam a Deus, e o suicida que não morria era castigado por ter tentado se apoderar da vida que não lhe pertencia.
  No Ocidente atual, a maior causa de suicídio é relacionada à solidão e o sentimento de irrelevância social provocada pelo desmonoramento dos três pilares básicos da sociedade (família, Estado e religião).
 
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No Oriente, alguns suicídios são considerados autossacrifício ou autopurificação. No Japão, existe um grande número de suicídios entre jovens, ligados à questão de honra (fracassam no rendimento escolar, e são considerados indignos).
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A taxa de suicídio é maior entre os mais idosos
Tentativas em homens são quase sempre mais graves, mais brutais e mais bem sucedidas do que em mulheres.
Aumentam o risco de suicídio, isolamento social, falta de amigos, não ser casado (viúvo, solteiro ou separado), não morar com uma outra pessoa, não ter filhos, não ser religioso aumentam o risco de suicídio.
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O suicídio é maior entre os portadores de melancolia - 70% dos suicídios ocorrem em decorrência de uma fase depressiva.
No Brasil, 5.000 adolescentes suicidam-se a cada ano. Jovens suicidas entre 12 e 27 anos eram de famílias com história de separação dos pais, alcoolismo, envolvimento com a polícia e a justiça. O suicídio já é a terceira causa de mortes de jovens no País. A maioria usa métodos violentos, como armas de fogo, forcas ou facas.
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Quanto mais planejado, mais perigoso porque indica a possibilidade de haver novas tentativas. Quem fez uma tentativa tem 30% a mais de chances de repetir do quem nunca tentou.
90% de quem tenta suicídio, avisou antes.
Nos casos de psicoses agudas com pensamentos suicidas, ou depressões delirantes com idéias de suicídio, pode ser necessária a internação. 
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Determinadas faixas de idade, determinados grupos étnicos; experiências de desemprego, queda no padrão vida, excesso de competitividade, estresse cumulativo, a disponibilidade de arma de fogo, o consumo de drogas ilícitas e o consumo de drogas lícitas que provocam depressão são fatores predisponentes (OMS, 2001). 
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O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios. Em 2012 foram registradas 11.821 mortes, cerca de 30 por dia, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres. Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes, sendo observado um aumento de mais de 30% em jovens. 
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Em 2012, cerca de 804 mil pessoas morreram por suicídio em todo o mundo, o que corresponde a taxas ajustadas para idade de 11,4 por 100 mil habitantes por ano – 15,0 para homens e 8,0 para mulheres (OMS, 2014). 15 A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. As taxas de suicídio vêm aumentando globalmente. 
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A taxa de suicídios entre os alcoolistas é aumentada por um fator de 12 a 75 vezes segundo a OMS. 
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Doenças incapacitantes e potencialmente mortais tais como as do SNC, os cânceres e a AIDS têm impacto importante na saúde mental, provocando angústias, ansiedades e depressão que podem levar ao estado de ideação suicida (OMS, 2001). 
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Estudos realizados pela OMS e pela Rede Internacional de Epidemiologia Clínica sobre saúde da mulher e violência doméstica em vários países (Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Filipinas, Peru e Tailândia), revelaram que as mulheres, por estarem submetidas a mais pressões e violência, pensam em suicidar-se ou tentam fazê-lo com mais frequência que os homens (OMS, 2002) 
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No Brasil, de um universo de 940 mulheres entrevistadas, 48% afirmaram já terem pensado alguma vez em suicidar-se contra 28% que nunca pensaram. A relação é de uma morte para cada 25 ou 30 tentativas de suicídios. (MELLO JORGE, 2001). 
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No mundo, o suicídio é uma das três principais causas de morte entre adultos jovens (15 a 34 anos de idade) e representa a primeira e segunda causas para ambos os sexos. A partir de dados encontrados em alguns países estima-se que o número de tentativas é até 20 vezes maior que o número de suicídios consumados (OMS, 2001). 
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Pelos números da Unesco, a taxa de suicídio no Brasil é relativamente baixa se comparada a outros países. Os brasileiros ficam em 51º no ranking mundial de suicídios. 
Os índices mais altos se concentram no sul do País, com o Rio Grande do Sul na liderança, com 10 casos por 100 mil habitantes. Proporcionalmente, a faixa etária que reúne as maiores taxas é a partir dos 70 anos, com 7,3 casos por 100 mil habitantes; 
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Os suicídios têm representado 0,6% do total de óbitos e 5,6% das mortes por causas externas.
O suicídio assistido ocorre quando uma pessoa, que não consegue concretizar sozinha sua intenção de morrer, solicita o auxílio de outra. A assistência (prescrição de doses altas de medicação e indicação 
de uso) ou, de forma mais passiva, através de persuasão ou de encorajamento. 
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Uso de termos como:  eu desisto, já não me importo mais ou estou a pensando em terminar tudo. Tais comentários devem-se levar sempre a sério.
Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero são fortemente associados ao suicídio. É preciso estar atento, pois a desesperança pode persistir mesmo após a remissão de outros sintomas depressivos. 
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Depressão, melancolia, grande tristeza, desesperança e pessimismo (falar muito na morte, tudo parecer negativo, perdido); 
 Pôr os negócios em ordem e dar as coisas de estimação
 Mudar de comportamento, atitude ou aparência. 
 Abuso de drogas e bebidas alcoólicas 
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Sofrer muito prejuízo ou alteração no modo de vida 
 Automutilação
Escrever sobre a morte e o suicídio
Tentativa de suicídio anterior
Apatia pouco usual, letargia, falta de apetite 
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Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente 
 Grande impulsividade, agressividade 
Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo
Afastamento ou isolamento social
Outras ações que fujam completamente ao cotidianoe despertem suspeita... 
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Abuso físico ou sexual
 História familiar de violência e suicídio
Morte de um amigo ou de um familiar
 Mau aproveitamento escolar, notas baixas.
Desemprego, problemas no trabalho.
Fim de relacionamento afetivo 
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Conflitos familiares 
Depressão e doença psiquiátrica 
Mudança nas condições de saúde ou de estado físico 
Problemas econômicos e de desemprego 
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1.   Possibilidades de se livrar de conflitos.
2.    Busca de uma vida que não tinha antes.
3.    Fantasia de reencontro com outras pessoas.
4.    Busca de um elemento de beleza na morte.
5.   Fuga de uma situação intolerável.
6.   Satisfação de tendências masoquistas, com autocastigo.
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1.   História de alcoolismo
2.    Notas, mensagens e cartas do suicida
3.    Livros (que lia ou gostava de ler)
4.    Avaliação dos relacionamentos (familiares, conjugais, filiais, empregos, amizade)
5.   Estado de ânimo (depressão, problemas somáticos)
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5.   Estado de ânimo (depressão, problemas somáticos)
6.   Estressores psicossociais (perdas, separações, situação financeira e legal)
7.   Linguagem (dados verbalizados)
8.    Uso de drogas
9.   História de morte na família
10.  Familiaridade com instrumentos que provocam morte
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É necessário observar e cuidar do indivíduo que pede ajuda
As tentativas de suicídio são muitas vezes taxadas pejorativamente de ato histérico, e tende-se a não levar estas pessoas a sério.
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A pessoa que tenta o suicídio tem alto risco de repetir o ato, se não receber a ajuda que necessita.
É importante cuidar de questões como: defesas enfraquecidas, apoio dos valores pessoais, possibilidade de expressão de sentimentos, ênfase em novas relações e elevação da autoestima.
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Profissionais de saúde tendem a tratar estes pacientes com desprezo, agressão, chegando a maltratá-los. O desprezo neste momento pode ser extremamente letal.
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TAVARES, M. & PRIETO, D. Fatores de risco para suicídio e tentativa de suicídio: incidência, eventos estressores e transtornos mentais. Universidade de Brasília. Disponível no formato on line em: Jornal Brasileiro de Psiquiatria 54(2): 146-154, 2005 
BARROS, M.B.A. & MARÍN-LEON, L. Mortes por suicídio: diferenças de gênero e nível sócioeconômico. Disponível no formato on line em: Rev Saúde Pública 2003;37(3):357-63 357. www.fsp.usp.br/rsp
AVANCI, R.C.; PEDRÃO, L.J.; JÚNIOR, M.L.C. Tentativa de suicídio na adolescência: considerações sobre a dificuldade de realização diagnóstica e a abordagem do profissional de enfermagem. Disponível no formato on line em: Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, v.1, n. 1. http://www.2eerp.usp.br
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