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Análise do Balanço Orçamentário

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Prof. Márcio Rodrigo 
Análise do Balanço Orçamentário 
Balanço Orçamentário da Prefeitura Municipal X 
RECEITAS Prevista Realizada Saldo % DESPESAS Prevista Realizada Saldo % 
Corrente 700.000 750.000 50.000 6,7% Corrente 650.000 620.000 -30.000 -4,8% 
Tributária 250.000 260.000 10.000 3,8% Pessoal e encargos 450.000 400.000 -50.000 -12,5% 
Contribuições 50.000 40.000 -10.000 
-
25,0% 
 Juros e serviços da 
dívida 
50.000 40.000 -10.000 -25,0% 
Patrimoniais 20.000 30.000 10.000 33,3% Outras correntes 150.000 180.000 30.000 16,7% 
Serviços 10.000 20.000 10.000 50,0% 
 
- 
0,0% 
Transferências Correntes 370.000 400.000 30.000 7,5% 
 
- 
0,0% 
Capital 300.000 310.000 10.000 3,2% Capital 350.000 290.000 -60.000 -20,7% 
Operações de crédito 80.000 50.000 -30.000 
-
60,0% 
 Investimentos 260.000 240.000 -20.000 -8,3% 
Alienação de bens 30.000 50.000 20.000 40,0% Inversões financeiras 40.000 20.000 -20.000 
-
100,0% 
Amortização de 
empréstimos 
10.000 10.000 
 
- 
0,0% Amortização da dívida 50.000 30.000 -20.000 -66,7% 
Transferências de capital 180.000 200.000 20.000 10,0% 0,0% 
SOMA 1.000.000 1.060.000 60.000 5,7% SOMA 1.000.000 910.000 -90.000 -9,9% 
Déficit - - 
 
- 
0,0% Superávit - 150.000 150.000 100,0% 
TOTAL 1.000.000 1.060.000 60.000 5,7% TOTAL 1.000.000 1.060.000 60.000 5,7% 
 
 
Prof. Márcio Rodrigo 
Análise da Receita 
A análise da receita é feita tomando por base a receita realizada e a receita prevista. Na coluna saldo, você já tem o valor que representa 
um excesso ou frustração de arrecadação. Caso o saldo seja positivo, houve excesso de arrecadação (ou a receita realizada foi maior que a receita 
prevista). Do contrário, se a receita realizada for menor que a receita prevista, tem-se uma frustração de arrecadação (ou a receita arrecadada foi 
menor que a receita prevista). 
Você pode fazer essa análise em vários níveis. O primeiro nível é a soma das receitas correntes mais as receitas de capital. O segundo 
nível é analisar apenas as receitas correntes. O terceiro nível é analisar apenas das receitas de capital. A partir daí você poderá analisar cada tipo 
de receita corrente em relação ao total da receita corrente. E também cada tipo de receita de capital em relação à soma da receita de capital. 
No exemplo acima, veja que um excesso de arrecadação geral de 60.000, o que representa 5,66% da receita total arrecadada. Esse excesso 
foi originado por 50.000 de excesso de arrecadação da receita corrente e 10.000 de excesso de arrecadação da receita de capital. Analisando 
apenas a receita corrente, percebe-se que 30.000 foram oriundos do excesso das transferências correntes. Assim sucessivamente. 
Análise da Despesa 
A análise da despesa também deve ser realizada com por base a despesa realizada em relação à despesa prevista (fixada). Na coluna saldo, 
você já tem o valor que representa um excesso de gastos ou uma economia de recursos. Caso o saldo seja positivo, houve excesso de gasto (ou a 
despesa realizada foi maior que a despesa prevista). Do contrário, se a despesa realizada for menor que a despesa prevista, tem-se uma economia 
de recursos (ou a despesa executada (empenha) foi menor que a despesa prevista (fixada)). 
Você pode fazer essa análise em vários níveis. O primeiro nível é a soma das despesas correntes mais as despesas de capital. O segundo 
nível é analisar apenas as despesas correntes. O terceiro nível é analisar apenas das despesas de capital. A partir daí você poderá analisar cada 
tipo de despesa corrente em relação ao total da despesa corrente. E também cada tipo de despesa de capital em relação à soma da despesa de 
capital. 
No caso em análise, nota-se que houve uma economia de recursos globais (corrente mais capital) na ordem de 90.000, o que significa 
9,9% da despesa realizada. Essa economia foi gerada com 60.000 de economia nas despesas de capital e 30.000 de economia nas despesas 
correntes, ou seja, dois terços dos recursos não gastos foram oriundos da despesa de capital. No setor público ter economia orçamentária não 
significa necessariamente um bom indicador. Pelo contrário, geralmente indica que a gestão foi ineficiente no processo de execução 
orçamentária, não conseguindo executar projetos que deviam beneficiar a sociedade. 
Prof. Márcio Rodrigo 
Você ainda pode analisar o comportamento da despesa dentro de cada categoria econômica. Veja que nas despesas correntes o grupo 
pessoal e encargos gerou uma economia de 50.000, ao passo que outras despesas correntes teve excesso de gasto de 30.000. As despesas de 
capital, todas elas, apresentaram economia de recurso de 20.000. 
Análise do Orçamento 
Para analisar o orçamento você precisar confrontar as receitas e as despesas de acordo com seus respectivos estágios. Ou seja, previsão da 
receita com previsão/fixação da despesa e realização da receita com realização da despesa. 
Novamente você irá começar com uma análise geral das somas das receitas correntes mais de capital e despesas correntes mais de capital. 
Se a soma das receitas previstas for maior que a soma das despesas previstas/fixadas, implica em um superávit de previsão orçamentária. Caso 
contrário, significa um déficit de previsão orçamentária. No caso sob análise, nota-se que elas foram iguais, ou seja, ouve um equilíbrio da 
previsão orçamentária. 
Em seguida parta para análise da execução do orçamento. Confronte a soma das receitas realizadas com a soma das despesas realizadas. 
Caso as receitas sejam maiores que as despesas, significa um superávit orçamentário. Do contrário, se as despesas forem maiores que as receitas, 
implica em déficit orçamentário. Note que esses valores ficam registrados na penúltima linha do balanço orçamentário. Os superávits no lado das 
despesas e os déficits no lado das receitas. Esse procedimento visa equilibrar a linha de total do balanço. Perceba que no caso acima houve um 
superávit orçamentário de 150.000, que representa 14,15% do total das receitas arrecadadas. 
Depois de analisar o orçamento pela sua soma, você faz a análise do orçamento corrente. O orçamento corrente é a soma das receitas 
correntes versus a soma das despesas correntes. Note que a parte de cima do balanço, o primeiro quadro. Se as receitas correntes forem maiores 
que as despesas correntes, significa um superávit do orçamento corrente, caso contrário haveria um déficit do orçamento corrente. No entanto, a 
situação de déficit no orçamento corrente não é permitida pela legislação brasileira, de forma geral. Em outras, as receitas correntes devem ser 
suficientes para pagar todas as despesas correntes. Por outro lado, é vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal usar receitas de capital para 
custear despesas correntes. 
O caso da prefeitura X exposto acima demonstra que houve um superávit do orçamento corrente de 130.000 (750.000 – 620.000), o que 
representa 17,33% das receitas correntes. Esse é um bom indicador de gestão financeira pública pois significa que o ente está conseguindo gerar 
receitas sem necessidade de contrair dívidas ou vender ativos em volume maior que seus gastos ordinários. Com isso, sobra-lhe recursos para 
investir em novos bens e serviços públicos. O superávit do orçamento corrente deverá ser usado, portanto para pagar despesas de capital. 
Enquanto maior o superávit do orçamento corrente, melhor. Pelo contrário, se o ente não tiver superávit corrente, ele fica completamente 
dependente de outros entes para realizar investimentos e executar projetos importantes. 
Prof. Márcio Rodrigo 
Outra análise que você precisa fazer para averiguar essa dependência em relação aoutros entes públicos para realizar investimentos é 
comparando as receitas de transferência de capital com as despesas de capital. No caso em tela, tivemos receitas de transferência de capital 
realizadas de 200.000, ao passo que as despesas de capital foram de 290.000. Ou seja, 68,96% dos gastos de capital (tanto para compra ou 
formação de novos bens de capital, quanto para pagamento da dívida) foram custeados com recursos de transferências voluntárias. Sim, as 
transferências de capital são todas voluntárias, o que significa dizer que o ente repassador só envia o dinheiro se ele desejar, caso contrário o ente 
recebedor ficará impossibilitado de melhorar as condições sociais, educacionais, de saúde, de infraestrutura etc. de sua comunidade porque não 
terá dinheiro para realizar investimentos nessas áreas. Portanto, definitivamente não é bom ter alta dependência de transferências de capital em 
relação. 
Além dessas análises, pode-se fazer a avaliação do cumprimento da regra de ouro das finanças públicas estabelecida na Constituição 
Federal de 1988. Segundo ela, é vedada a contratação de operações de crédito em valores superiores ao total da despesa de capital, salvo 
autorização legislativa específica aprovada por maioria absoluta. Com isso, se você divide o valor das receitas de operações de crédito pela soma 
das receitas de capital encontrará o indicador de cumprimento ou descumprimento constitucional. Caso esse índice seja menor que 1, implica que 
o ente está cumprindo a regra. Mas se o número encontrado for menor que 1, significa que a regra está sendo quebrada. Nesse caso, deve-se 
pesquisar se existe essa lei específica autorizando a quebra da regra de ouro, o que não é comum no Brasil, desde a CF88 não se tem notícia de 
aprovação de nenhuma lei nesse sentido. 
No caso sob análise, nota-se que as receitas de operação de crédito somaram 50.000, ao passo que as despesas de capital foram de 
290.000 (ambas olhadas pelos valores realizados). Visualmente já percebe-se que não há quebra da regra, pois 50 é menor que 290. Contudo, 
calculando o índice, chega-se à conclusão que 17,24% das despesas de capital foram custeados com receitas de operação de crédito. Portanto, o a 
prefeitura de X está cumprimento a determinação do artigo 167 da CF88: 
Art. 167. São vedados: 
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos 
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;

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