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Eletromagnetismo Silvestre Ragusa 1 IFSC–USP 1Esta apostila foi reescrita a partir da versa˜o preliminar de 1987 das notas de aula escritas originalmente pelo Professor Silvestre Ragusa. As modificac¸o˜es que foram feitas sa˜o todas no sentido de dar a` linguagem do texto uma forma contemporaˆnea. Procurou-se manter, essencialmente, a mesma distribuic¸a˜o original para os to´picos apresentados. Tambe´m foi tomado o cuidado de preservar todas as abordagens e discusso˜es feitas de forma u´nica, contidas em nenhum outro texto dida´tico. Esmerindo Bernardes, Sa˜o carlos, 26 de Fevereiro de 2002. 2 Conteu´do I Eletrosta´tica 5 1 O Campo Ele´trico 7 1.1 A lei de Coulomb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2 O campo ele´trico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3 A lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.4 Equac¸o˜es do campo eletrosta´tico no va´cuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.5 Expansa˜o em multipolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.6 Energia eletrosta´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.7 Diele´tricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2 Campo Magnetosta´tico 11 2.1 Lei de Coulomb para o campo magne´tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2 Lei de Biot-Savart e de Ampe`re . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.3 Forc¸as entre correntes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.4 Meios magne´ticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 3 Induc¸a˜o Eletromagne´tica 13 3.1 Lei de Faraday-Neumann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.2 Energia magne´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3 4 CONTEU´DO Parte I Eletrosta´tica 5 Cap´ıtulo 1 O Campo Ele´trico 1.1 A lei de Coulomb Coulomb verificou experimentalmente que duas cargas puntiformes exercem mutuamente uma forc¸a de re- pulsa˜o (cargas de mesmo sinal) ou de atrac¸a˜o (cargas de sinais opostos), na direc¸a˜o da reta que as une, cuja intensidade e´ inversamente proporcional ao quadrado da distaˆncia entre elas. Chamando a constante de proporcionalidade de 1/ε, e considerando as coordenadas apresentadas na Fig. ??, tem-se F = 1 ε qQ R2 Rˆ, R = r− r′. (1.1) Este resultado, obtido experimentalmente por Charles Augustin de Coulomb (1736–1806), e´ conhecido como lei de Coulomb para as forc¸as eletrosta´ticas. Ele e´ va´lido no va´cuo ou num diele´trico (meio material condutor) homogeˆneo (mesmas propriedades em todos os pontos ao longo de uma determinada direc¸a˜o) e isotro´pico (mesmas propriedades em todas as direc¸o˜es a partir de um determinado ponto). A constante ε e´ denominada de constante diele´trica do meio condutor. No sistema CGS (gaussiano) de unidades, o seu valor no va´cuo e´ ε = ε0 = 1 (adimensional). Neste mesmo sistema de unidades, distaˆncias sa˜o medidas em cm, forc¸as em dyne e cargas em stat-coulomb. Outro fato experimental, conhecido por princ´ıpio da superposic¸a˜o, e´ que a forc¸a em q devido a uma distribuic¸a˜o de cargas e´ a soma vetorial de todas as forc¸as individuais. Para uma distribuic¸a˜o discreta de cargas Qk, tem-se F = ∑ k Fk = ∑ k qQk R2k Rˆk, Rk = r− r′k. (1.2) Quando a distribuic¸a˜o de cargas for cont´ınua, cada carga Qk e´ substitu´ıda por uma carga infinitesimal dQ: F = ∫ dF = ∫ qdQk R2 Rˆ, R = r− r′. (1.3) No caso de uma distribuic¸a˜o cont´ınua de cargas, tem-se treˆs situac¸o˜es relevantes para as demais discusso˜es: I) uma distribuic¸a˜o volume´trica caracterizada pela densidade volume´trica de carga ρ, dQ = ρ(r′)dV ′, (1.4) onde Q e´ a carga total contida no volume V ′; II) uma distribuic¸a˜o superficial caracterizada pela densidade superficial de carga σ, dQ = σ(r′)dA′, (1.5) onde Q e´ a carga total contida na superf´ıcie S′ e III) uma distribuic¸a˜o linear caracterizada pela densidade linear de carga λ, dQ = λ(r′)dC ′, (1.6) onde Q e´ a carga total contida na curva C ′. 7 8 1. O Campo Ele´trico 1.2 O campo ele´trico Dividindo a forc¸a ele´trica F pela carga q, a qual sera´ denominada de carga de prova ou de teste, obtem-se uma quantidade vetorial, denominada de campo vetorial, que so´ depende da distribuic¸a˜o de cargas e da posic¸a˜o da carga de prova considerados: E = F q . (1.7) Naturalmente, a carga de prova q deve ser suficientemente pequena para na˜o pertubar a distribuic¸a˜o (por induc¸a˜o) para a qual se quer definir o campo vetorial E. No caso de uma fonte puntiforme com carga Q, resulta de (1.1) o campo ele´trico (com ε = 1) de uma carga puntiforme: E = Q R2 Rˆ, R = r− r′. (1.8) No caso de uma distribuic¸a˜o de cargas, o campo ele´trico e´ derivado de (1.2) ou (1.3), dependendo se a distri- buic¸a˜o e´ discreta ou cont´ınua. Evidentemente, o vetor campo ele´trico satisfaz a propriedade de superposic¸a˜o. Por exemplo, o campo ele´trico de uma distribuic¸a˜o volume´trica de cargas, considerando a (1.4), e´ E = ∫ dV ′ρ(r′) r− r′ |r− r′|3 , (1.9) onde a integral deve ser efetuada em todo o volume da distribuic¸a˜o. Duas propriedades importantes a respeito deste campo de uma distribuic¸a˜o volume´trica: ele e´ sempre finito e sempre cont´ınuo. A demosntrac¸a˜o destas duas propriedades foge ao escopo do presente texto. No caso de uma distribuic¸a˜o superficial σ ou linear λ, tem-se expresso˜es ana´logas a` (1.9) com σ dA′ ou λ dC ′, respectivamente, no lugar de ρ dV ′. A expressa˜o (1.9) do campo ele´trico de uma distribuic¸a˜o volume´trica reduz-se a` expressa˜o (1.8) do campo de uma carga puntiforme no limite V ′ → 0. De fato, considere uma distribuic¸a˜o de cargas ocupando um volume muito pequeno em torno de um ponto r0 fixo. Neste caso |r − r′| ≈ |r − r0| e a Eq. (1.9) pode ser escrita como: E ≈ ∫ dV ′ρ(r′) r− r0 |r− r0|3 = Q r− r0 |r− r0|3 . (1.10) De forma ana´loga, mostra-se que o campo (1.9) longe da origem reduz-se ao campo de uma carga puntiforme localizada na origem. Neste caso, na regia˜o distante da origem r >> r′, |r − r′| ≈ r e a Eq. (1.9) pode ser escrita como: E ≈ ∫ dV ′ρ(r′) r r3 = Q r r3 . (1.11) 1.3 A lei de Gauss Em geral, o ca´lculo do campo ele´trico pela definic¸a˜o (1.9) (e suas formas equivalentes para distribuic¸o˜es superficiais e lineares) e´ muito dif´ıcil, tornando-a de pouca utilidade em muitas situac¸o˜es de interesse. Uma alternativa via´vel ao uso da integral em (1.9), principalmente em distribuic¸o˜es exibindo algum tipo de simetria, e´ dada pelo ca´lculo do fluxo do vetor campo ele´trico. O fluxo Φ de qualquer campo vetorial E atrave´s de uma superf´ıcie S e´ definido como a integral da componente normal de E a` superf´ıcie S: Φ = ∫ S E · nˆ dA, (1.12) onde nˆ e´ a normal e dA e´ o elemento de a´rea da superf´ıcie S. Este fluxo tambe´m sera´ u´til em muitas outras situac¸o˜es que sera˜o discutidas neste texto. Considere primeiramente o caso de uma fonte puntiforme para ilustrar o uso do fluxo para o ca´lculo do campo ele´trico. Sejam α o aˆngulo entre a normal nˆ e o campo ele´trico. Seja tambe´m dΩ o aˆngulo so´lido subentendido pela a´rea infinitesimal dA, situada a uma distaˆncia r da carga Q, definido por dΩ = rˆ · nˆ r2 dA = cosα r2 dA. (1.13) 1. A lei de Gauss 9 Usando esta definic¸a˜o, o campo de uma carga puntiforme pode ser reescrito na seguinte forma: E · nˆ dA = Qrˆ · nˆ r2 dA = QdΩ. (1.14) Substituindoeste resultado em (1.12), tem-se Φ = ∫ S E · nˆ dA = Q ∫ S dΩ. (1.15) Esta integral em dΩ e´ o aˆngulo so´lido compreendido pela superf´ıcie S. Em geral, as superf´ıcies fechadas sa˜o aquelas de utilidade pra´tica no ca´lculo do campo ele´trico. Se a carga Q for interna a uma superf´ıcie fechada, enta˜o o aˆngulo so´lido cobre todo o espac¸o: Ω = 4pi. Se a carga Q estiver na superf´ıcie, enta˜o o aˆngulo so´lido cobre apenas uma metade do espac¸o: Ω = 2pi. Se a carga Q estiver localizada externamente, enta˜o, por simetria, conforme indicado na Fig, Ω = 0. Portanto, a (1.15) torna-se em Φ = ∫ S E · nˆ dA = 4piQ se Q for interno a` superf´ıcie S, 2piQ se Q estiver na superf´ıcie S, 0 se Q estiver fora da superf´ıcie S. (1.16) A utilidade deste fluxo para determinar o campo ele´trico pode ser exemplificada da forma seguinte. Sabendo que o campo E de uma carga puntiforme Q e´ radial, isto e´, da forma E(r) = E(r) r r = E(r) rˆ, (1.17) enta˜o a superf´ıcie fechada mais adequada para que a integral em (1.16) seja efetuada, e´ uma superf´ıcie esfe´rica de raio r, centrada na carga Q. Nesta superf´ıcie esfe´rica, o mo´dulo do campo, E(r), e´ constante e rˆ = nˆ. Isto nos possibilita calcular a integral em (1.16) explicitamente:∫ S E · nˆ dA = ∫ S E(r) dA = 4pir2E(r) = 4piQ ⇒ E(r) = Q r2 . (1.18) Esta e´ a mesma expressa˜o obtida em (1.8) para o campo ele´trico de uma carga puntiforme Q, com a carga na origem (r′ = 0). Este exemplo mostra a utilidade do fluxo para os casos envolvendo distribuic¸o˜es de carga com simetria. Embora o fluxo resultante em (1.16) tenha sido calculado para uma u´nica carga puntiforme Q, ele e´ completamente geral devido ao princ´ıpio da superposic¸a˜o. Se a superf´ıcie contiver mais cargas, totalizando QI , bem como uma quantidade QS de cargas superficiais, o campo resultante sera´ a soma vetorial dos campos individuais e, portanto, o fluxo resultante sera´ tambe´m a soma dos fluxos. Assim, a (1.16) pode ser reescrita como: ∫ S E · nˆ dA = 4piQI + 2piQS . (1.19) Este resultado e´ conhecido como lei de Gauss (Johann Carl Friedrich Gauss, 1777–1855) para o campo ele´trico. Ela independe se as cargas interna QI e superficial QS sejam discretas ou cont´ınuas. Exerc´ıcio 1 Use a lei de Gauss (1.19) para calcular o campo de uma distribuic¸a˜o esfe´rica (de raio a) uniformemente carregada, ρ(r) = ρ0, em todo o espac¸o. Verifique que o campo resultante e´ cont´ınuo e finito em todo o espac¸o. Repita este exerc´ıcio para uma distribuic¸a˜o cil´ındrica. Exerc´ıcio 2 Repita o exerc´ıcio anterior para uma distribuic¸a˜o plana, infinita e com uma desnsidade superficial constante σ0. Mostre que neste caso, o campo resultante em todo o espac¸o tem duas discontinuidades. Esta dupla discontinuidade presente no campo de distribuic¸o˜es superficiais e´ tambe´m um resultado geral. 10 1. O Campo Ele´trico 1.4 Equac¸o˜es do campo eletrosta´tico no va´cuo 1.5 Expansa˜o em multipolos 1.6 Energia eletrosta´tica 1.7 Diele´tricos Cap´ıtulo 2 Campo Magnetosta´tico 2.1 Lei de Coulomb para o campo magne´tico 2.2 Lei de Biot-Savart e de Ampe`re 2.3 Forc¸as entre correntes 2.4 Meios magne´ticos 11 12 2. Campo Magnetosta´tico Cap´ıtulo 3 Induc¸a˜o Eletromagne´tica 3.1 Lei de Faraday-Neumann 3.2 Energia magne´tica 13 I Eletrostática O Campo Elétrico A lei de Coulomb O campo elétrico A lei de Gauss Equações do campo eletrostático no vácuo Expansão em multipolos Energia eletrostática Dielétricos Campo Magnetostático Lei de Coulomb para o campo magnético Lei de Biot-Savart e de Ampère Forças entre correntes Meios magnéticos Indução Eletromagnética Lei de Faraday-Neumann Energia magnética
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