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MOVIMENTOS SOCIAIS AGRÁRIOS E O ESTADO

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MOVIMENTOS SOCIAIS AGRÁRIOS E O ESTADO E O QUE DIZ O 
DIREITO1 
 
CANNO, Daniele Cristina; OLIVEIRA, Alex Luciano; SEVERINO, Silvia Regina 
FACULDADE MARECHAL RONDON/ UNINOVE 
NPI – NÚCLEO DE PESQUISA INTERDISCIPLINAR 
 
INTRODUÇÃO 
 
A questão da reforma agrária será tratada aqui como um direito fundamental aos 
pequenos produtores rurais, buscando lançar uma nova visão sobre o tema, ou seja, 
sindicalismo e conflitos entre pequenos produtores e o Estado, fornecendo ao leitor uma 
visão histórica-social-política. 
Buscou-se, também, abordar formas eficazes por parte do Estado em 
implementar uma reforma agrária verdadeira e sustentável, dando ao agricultor a opção 
de sua soberania na produção para consumo próprio e, também, para a venda ao 
mercado interno, como já previsto na Lei federal nº 4.504 de 1964. 
Dessa forma, o agricultor incorpora à sua produção o direito de praticar o 
extrativismo em sua terra, sendo uma forma de complementação de renda e possível 
caminho para pacificação entre os movimentos agrários e o Estado, e dessa forma 
evitando que o Estado venha a se valer da força policial para a solução desse conflito 
como estipulado no art. 6º; § 4o da Lei nº 4.504. 
O presente artigo teve como objetivo tecer breves considerações a respeito dos 
caminhos percorridos pelos movimentos sociais agrários e o que o Estado tem feito em 
relação ao programa da Reforma Agrária, sugerindo possíveis soluções e mostrando 
                                                            
1 Revista NPI - Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar, São Manuel, 02/08/2010. 07p. http://www.fmr.edu.br/npi.html. 
FMR - Vicinal Dr. Nilo Lisboa Chavasco, 500 – São Manuel, SP. 
erros já cometidos, de forma a lançar uma luz sobre a questão. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
Segundo LIBERATO (2003), o problema da questão da reforma agrária e seus 
conflitos teve início na colonização portuguesa no Brasil, dando-se pela forma de 
exploração, implantação de latifúndios com monoculturas e gerando concentração de 
renda e poder. Com o passar do tempo e com o advento da Constituição de 1988, criou-
se uma pressão popular para a efetivação da reforma agrária prevista; assim esses 
movimentos pela reforma agrária começaram a serem vistos como subversivos e seus 
membros, marginalizados. Com essa visão, o Estado passa a imputar tipos penalmente 
qualificados a essas pessoas, sendo um processo decorrente do paradoxo entre o Estado 
de Direito Democrático, anterior a 1988, e o Estado Democrático de Direito, posterior a 
1988. Há a conclusão de que a propriedade privada, a reforma agrária e a liberdade de 
expressão são reivindicações de direitos expressos na Constituição, sendo parte de um 
Estado Democrático de Direito, não podendo ser, assim, criminalizados. Porém, pela 
falta de organização por parte desses movimentos, a pressão pela reforma agrária dá-se 
de forma violenta, com a invasão de terras sem parâmetros legais e sem respeito à nova 
Constituição. A Constituição Federal de 1988 erigiu como direito fundamental a 
propriedade privada e a desapropriação por interesse social, objetivando a 
caracterização da reforma agrária enquanto um direito fundamental humano, 
possibilitando aos indivíduos atingirem a sobrevivência com dignidade na terra. Porém, 
somente o governo pode concluir se uma terra é própria para ser desapropriada para 
esses fins, não sendo isso motivo relevante para uma invasão de terras por parte de 
movimentos sociais agrários, que não possuem autoridade nem poder de decisão para 
objetivar uma invasão. 
Apesar do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) buscar se 
impor à sociedade brasileira como principal movimento para reivindicações de cunho 
agrário, estão longe de representarem dignamente os interessados em uma mudança 
significativa em relação à aceleração da reforma agrária no pais. Por outro lado, a 
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (FETAPE) é 
uma nova organização que inicialmente utilizou-se dos moldes do MST, porém 
diferenciou-se reunindo não só trabalhadores sem terra como também diferentes setores 
da sociedade. A FETAPE não se transformou em uma organização semelhante ao MST. 
Ao analisarmos as ações sindicais promovidas pela FETAPE, verificamos que este se 
destaca na verdadeira representação dos trabalhadores rurais, buscando solucionar os 
conflitos já existentes entre velhas e novas formas de organização e de luta política 
utilizando-se de forma seletiva das pautas de reivindicações de outros grupos sociais, 
objetivando o melhor caminho para beneficiar seus interessados (ROSA, 2004). 
Segundo BORQUETE (2005), dos governos que se sucederam desde meados 
dos anos de 1960, houve dois momentos de grande repercussão, sendo a implementação 
do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), no governo Sarney (1985-1989), e o 
Novo Mundo Rural, cuja concretização se dá no segundo mandato de Fernando 
Henrique Cardoso (1999-2002). O PNRA tinha como objetivo geral mudar a estrutura 
fundiária do País e elaborou um documento que apontava com riqueza de detalhes os 
problemas gerados pela concentração da propriedade rural e as formas efetivas de 
enfrentá-la. Assegurava também mecanismos para que fossem consideradas as 
diferentes expressões culturais dos trabalhadores, notadamente quanto às formas de 
exploração das terras, sendo recebida com entusiasmo pelos trabalhadores rurais, a 
proposta contou com a adesão de expressivas instituições e movimentos sociais: O 
MST, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), a 
Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), a Campanha Nacional pela 
Reforma Agrária (CNRA), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o 
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE). Porém, as declarações 
de apoio não foram suficientes para que, na assinatura do Plano propriamente dito, 
fossem mantidas todas as proposições. O Novo Mundo Rural pretendia promover a 
reforma agrária e dar apoio ao pequeno produtor familiar. Difundido pelo ex-presidente 
Fernando Henrique Cardoso como a grande novidade nas interpretações sobre o 
desenvolvimento rural brasileiro, teve sua elaboração iniciada em meados dos anos 
noventa e contou com a participação de governos estaduais, instituições de ensino 
superior e agências internacionais, notadamente da Organização das Nações Unidas 
para a Agricultura e Alimentação (FAO), do Instituto Interamericano de Cooperação 
Agrícola (IICA), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e 
do Banco Mundial. Porém, tais iniciativas não permitiram que se consolidasse um 
efetivo processo de democratização da terra no Brasil. Ao contrário, os esforços 
governamentais se voltaram para desqualificá-lo como estratégia para o 
desenvolvimento. Contudo, a expressiva mobilização de setores da sociedade civil tem 
mostrado, sob variadas formas de lutas e de apoio, que a reforma agrária é inevitável 
para a construção de uma nação democrática. 
 
Como exemplo de apoio, temos a soberania alimentar, que trata do direito do 
camponês que produz alimentos na área agrícola, escolhendo o que vai produzir para 
sua subsistência. Assim, esse produtor não estará visando a vontade de empresas e 
corporações transnacionais, abastecendo somente os mercados locais sem priorizar os 
internacionais, onde haverá a autonomia do pequeno produtor agrícola e o fim dos 
latifúndios. Com esta autonomia e direcionamento justo na distribuição de terras, sem a 
violência dos movimentos sociais atuais e nem a inércia do Estado, é possível haver 
mudanças no sentido de catalisar as ações dos movimentos sociais e demais setores 
organizados em direção à construção denovos referenciais de sociedade, mais justos 
quanto à distribuição de renda (THOMAZ JUNIOR, 2007). 
 
Segundo DA SILVA (2007), através da Reforma Agrária, os assentados poderão 
melhorar sua renda através da prática do extrativismo e a alienação do produto em seus 
lotes, sendo isso possível desde que previamente estipulado por um contrato de 
concessão de uso, dando direito ao assentado de ampla exploração de sua terra. Como 
não haverá processo licitatório, isso se torna mais um motivo para a aceleração do 
programa de Reforma Agrária, sendo um promissor caminho para uma possível 
pacificação entre os movimentos sociais agrários e o Estado. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante desta análise, conclui-se que para uma implementação efetiva da 
Reforma Agrária no Brasil supõe-se necessárias algumas medidas no sentido de 
favorecer e proteger o pequeno produtor agrícola para sua maior integração na 
economia, assim garantindo o previsto na Lei Federal nº 4.504 de 1964 Art. 1º, § 2º. 
Para tanto a prática do extrativismo e alienação dos produtos que já estiverem em seus 
lotes, de acordo com a Lei nº 8.629 Art. 16º e 21º, devem ter melhor implementação, 
conforme amparados pelo Estatuto da Terra na Lei nº 4.504 Art. 24, III. Assim, essa 
pratica extrativista será usada de maneira mais efetiva para uma maior complementação 
da renda, concedendo autonomia ao pequeno produtor na produção para consumo 
próprio e venda ao mercado interno, sem agredir o meio ambiente. Dessa forma a 
produção é protegida quanto à entrada de produtos importados semelhantes. 
Buscando a sustentabilidade do assentamento, sugere-se o fornecimento aos 
assentados de um programa de conhecimentos das técnicas de produção objetivando a 
melhor utilização do solo. 
Nesse sentido, propõe-se também a criação de um sistema de produção voltado 
para a manutenção do mercado interno, no sentido de produzir vários alimentos para 
atender a todos os setores. 
A mobilização de setores da sociedade civil tem o objetivo de acelerar a reforma 
agrária para a construção de uma Nação democrática, com distribuição de renda mais 
justa e a diminuição da pobreza. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
 
BORQUETE, Paulo Roberto Fontes. O Estado Brasileiro e a Reforma Agrária: 1964-
2002.Políticas Públicas e Sociedade.2005 Disponível em: 
<http://www.inclusaodejovens.org.br/Documentos/BIBLIOTECA/Agricultura/o_estado
_brasileiro_e_a_reforma_agraria.doc> Acesso em: 28Mai2010. 
 
BRASIL, Lei nº 4.504, de 30 de Novembro de 1964. 
 
BRASIL, Lei nº 8.629, de 25 de Fevereiro de 1993. 
 
JUNIOR, Antonio Thomaz. Trabalho, Reforma Agrária e Soberania Alimentar: 
Elementos para Recolocar o Debate da Luta de Classes no Brasil.ub.2007 Disponível 
em: <http:// www.ub.es/geocrit/sn/sn-24546.htm> Acesso em: 28Mai2010. 
LIBERATO,Ana Paula Gularte. O Direito Humano Fundamental: A Reforma Agrária. 
Biblioteca.Pucpr.2003 Disponível em: 
<http://www.biblioteca.pucpr.br/tede/tde_arquivos/1/tde-2005-04-13t1345382-
118/publico/anapauladtodiss.pdf> Acesso em: 28Mai2010. 
ROSA, Marcelo. As novas faces do sindicalismo rural brasileiro: a reforma agrária e as 
tradições sindicais na Zona da Mata de Pernambuco.SciELO.2004 Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?scqipt=sci_artext&pid=50011-
52582004000300002&lng=pt&nrm=i50> Acesso em: 28Mai2010. 
 
SILVA, Daniel Leite da. O Regime jurídico do assentado pela reforma agrária e o 
extrativismo.Jus2.2007 Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.ASP?id=10619//> Acesso em: 28Mai2010. 
 
 
ANEXO 
Lei nº 4.504, de 30 de Novembro de 1964. 
Art. 1º § 2º “Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à 
propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as 
atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de 
harmonizá-las com o processo de industrialização do país”. 
 
Art. 6º § 4o “Para a realização da vistoria e avaliação do imóvel rural para fins de 
reforma agrária, poderá o Estado utilizar-se de força policial”. 
 
Art. 24. III – “para a formação de glebas destinadas à exploração extrativa, agrícola, 
pecuária ou agro-industrial, por associações de agricultores organizadas sob regime 
cooperativo”. 
 
Lei nº 8.629, de 25 de Fevereiro de 1993. 
 
Art. 16. “Efetuada a desapropriação, o órgão expropriante, dentro do prazo de 3 (três) 
anos, contados da data de registro do título translativo de domínio, destinará a 
respectiva área aos beneficiários da reforma agrária, admitindo-se, para tanto, formas de 
exploração individual, condominial, cooperativa, associativa ou mista”. 
 
Art. 21. “Nos instrumentos que conferem o título de domínio ou concessão de uso, os 
beneficiários da reforma agrária assumirão, obrigatoriamente, o compromisso de 
cultivar o imóvel direta e pessoalmente, ou através de seu núcleo familiar, mesmo que 
através de cooperativas, e o de não ceder o seu uso a terceiros, a qualquer título, pelo 
prazo de 10 (dez) anos”.

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