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Cultivo de seringueira

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O Cultivo da Seringueira
INTRODUÇÃO 
A espécie vegetal seringueira (Hevea brasiliensis (Wild. ex Adr. de Juss)) é considerada a principal fonte da matéria-prima, o látex, utilizado para fabricação da borracha, conforme Nogueira et al. (2015). Essa espécie é nativa da região Amazónica, pode ser encontrada naturalmente nas regiões do norte do Brasil, como Acre, Amazonas, Rondônia, Para, como também, no Peru e Bolívia, e nos países ingleses e asiáticos, que introduziram a espécie, no qual, o látex extraído da seringueira é a principal fonte económica de alguns países asiáticos, como relatado por Frenesi et al. (2000).
A borracha natural, é derivada do látex, e por ser um produto altamente dinâmico, pode ser empregado em diversas áreas, como na fabricação de botas, capas, bolas, remédios, preservativos, entre outros, segundo Nogueira et al. (2015). A borracha passou, então, a ser largamente utilizada na fabricação dos mais diferentes artefatos em todo mundo, sendo hoje empregada em mais de 40.000 produtos (FRENESI et al, 2000). 
Entretanto, Nogueira et al. (2015) relatou que a maior demanda de mercado é das indústrias pneumáticas, que consome cerca de quase três quartos da borracha natural produzida no mundo, devido ser altamente resistente a exposição de elevadas temperaturas. O mesmo autor ainda relatou que as empresas estrangeiras, do setor pneumático, tornaram o Brasil a principal plataforma exportados dos produtos, desta forma, está ocorrendo um crescimento da indústria consumidora nacional. 
Conforme Nogueira et al. (2015) e Takahashi (2015), o Brasil passou da condição de maior exportador de borracha natural, no período entre final do século XIX e início do século XX, para a condição de importador, isto, devido a ocorrência de algumas pragas e patógenos, causadores da doença mal-das-falhas, ocasionada pelo fungo Microcyclus ulei (P. Henn.). 
Porém, conforme Takahashi (2015) e Pizetta (2017) houveram avanços científicos que possibilitaram o desenvolvimento e o estabelecimento do mercado de Borracha natural no país, como a criação de clones resistente ao ataque de patógenos e pragas e adaptados às condições edafoclimáticas, como a região do Cerrado.
LOCALIZAÇÃO ESPECÍFICA DO PROJETO
O plantio será realizado na zona rural do município de São José do Rio Preto em São Paulo, na fazenda Esperança, que possui estradas de fácil locomoção de grandes veículos como caminhões. O local foi escolhido devido ao seu relevo suavemente ondulado e seu clima que é propício para a cultura, onde a temperatura média anual é próxima ou superior a 25ºC e inverno seco com baixa possibilidade de chuva no período de refolha anual, que ocorre entre agosto e setembro. Devido ao noroeste paulista ser o principal produtor de látex do Brasil, a mão de obra especializada é de fácil acesso, não sendo necessário que os trabalhadores morem na propriedade.
ESTABELECIMENTO DA INFRAESTRUTURA 
O plantio será implantado em uma área de aproximadamente 20 ha, dividida em 4 talhões através de aceiros com 6 m de largura. 
ASPECTOS SILVICULTURAIS 
Descrição da espécie 
Segundo Lorenzi (1992), a seringueira (Hevea brasiliensis), também conhecida como seringa, seringa-verdadeira, cau-chu, árvore de borracha. E uma planta lactescente, pertencente à família Euphorbiaceae, podendo chegar à 30m de altura e seu tronco até 60cm de diâmetro . Sendo característico da espécie folhas compostas trifolioladas, com folíolos membranáceos e glabos.
(Figura 1)
A planta é semidecídua, heliófita ou esciófita (podendo desenvolver-se em lugares sombreados) sua floração ocorre a partir agosto e prolonga-se até novembro, e os frutos amadurecem de abril a maio.
A área de ocorrência dessa espécie é a região Amazónica, em lugares infindáveis, preferencialmente em solos argilosos e férteis. Sendo mais de 11 espécies de seringueira existentes na floresta amazónica.
A madeira da seringueira é de baixa densidade (0,45 g/cm:), usada para caixotaria e forros, porém o maior valor dessa espécie reside no látex, obtido do tronco, que é transformado em borracha. As suas sementes, são utilizadas na indústria tintas e vernizes como óleo secativo. Devido a esses fatores constituíram-se plantios dessa espécie no Brasil tropical (LORENZI, 1992).
Práticas culturais 
As mudas que serão utilizadas neste projeto são produzidas por meio da enxertia, que garante uma maior produção de látex no momento de exploração do que plântulas provenientes de plantios de sementes (BOTELHO, 2016), estas estarão adequadas para o plantio após dois lançamentos foliares maduros da muda e o cavalo do enxerto vigoroso. Sendo escolhidas as mais vigorosas e livres de pragas e doenças (GONÇALVES, 2017). 
A época do plantio mais favorável é no início da estação chuvosa, para tanto deverá se ater a permanência de vegetação para o controle de erosão. O plantio será realizado em nível, onde as covas serão abertas com o uso de cavadeiras, sendo a dimensão da cova de 0.4 x 0,4 x 0,5m. O espaçamento que deve ser utilizado é o de 7 x 2,5m (IAC, 2004). Deverá ser realizada a adubação em todas as fases de desenvolvimento, pois o desequilíbrio nutricional pode afetar a produção de látex.
Para garantir o desenvolvimento uniforme do seringal, serão aplicadas as seguintes práticas culturais, recomendadas por Pereira et al., 1985, sendo elas: 
a) Indução de copas 
Para esta cultura é necessário que seja feito a indução de copas, para obtenção de um maior incremento radial do tronco. Para a indução, poderá ser realizado um desses quatro processos ou a combinação destes numa operação, sendo elas: a decepagem; anelamento; eliminação do bruto terminal e cobertura do broto apical. Essas operações serão utilizadas se as plantas não apresentarem esgalhamento natural, na altura de 2.2 a 2.5m.
b) Decepagem 
A decepagem é um processo mais drástico, onde será podada a haste principal em torno de 2,5 m de altura. Tendo sempre o cuidado de que na execução a decepagem deve ser feita próxima e imediatamente abaixo de uma roseta de lançamentos. 
c) Anelamento 
O anelamento deverá ser feito com canivete de enxertia, que removerá dois pequenos anéis da casca, forçando assim a brotação de ramos laterais na região anelada. A eliminação do bruto apical é feita no início do seu desenvolvimento, por volta de 12 meses após o plantio, sendo assim menos drástico do que a decepagem. É provocada a brotação das gemas axilares.
No processo de cobertura do brota apical, as folhas do lançamento subapical são dobradas, de forma que cubram o broto apical. Esse processo pode ser realizado a partir de 12 meses após o plantio, quando a planta não apresentar esgalhamento natural, na altura aproximada de 2,5 m. 
d) Desbrota de ramos 
Será realizada durante o manejo do plantio a desbrota de ramos da porta-enxerto e nas hastes laterais, a poda dessas ramificações, até a altura que se deseja a formação de copa, sendo esta altura de 2,0 a 2,5 m livre de brotações. O período de realização dessa operação ocorre a partir do plantio da muda, até o término do terceiro anos tempo em que a planta já possua o porto em altura livre de ramificações. 
e) Controle de plantas daninhas
As plantas infestantes podem causar sérios danos no rendimento do seringal, para tanta, deverá ser realizado o controle preventivo, para tais espécies indesejáveis. Será feita a aplicação de herbicidas pré emergentes até 10 dias após o plantio das mudas, segundo GONÇALVES (2017) os herbicidas cadastrados para a seringueira são: atrazine, imazapyr; simazine e trifluralina. Uma vez que, será optado por um desses herbicidas para a execução do controle. Serão feitas três aplicações de herbicidas pré e pós emergentes no primeiro ano, e no segundo e terceiro ano serão realizadas quatro aplicações de três em três meses. Após esse período não se faz mais necessária a aplicação do herbicida, pois o sombreamento da própria planta impede o desenvolvimento das espécies invasoras (BOTELHO, 2016). 
f) Controle de doenças 
O controlede doenças será realizado a partir de observações dos sintomas nas plantas, além da tomada de medidas fitossanitárias necessárias para o bom desenvolvimento da cultura. 
MANUTENÇOES ANUAIS 
Manutenções de estradas e aceiros
Segundo Pruski (2006), um dos principais fatores de degradação de estudas e aceiros é a erosão provocada pela água no leito e nas margens. Isso se dá, devido ao fato da infiltração da água ser muito baixa, seja por causa da impermeabilização causada pela compactação do solo. Para minimizar esse problema, é essencial que haja um sistema de drenagem eficiente, capaz de evitar o acúmulo de água sobre o leito. 
5.2 Combate a formiga 
Segundo Botelho (2016), o combate a formigas é necessário podendo comprometer o desenvolvimento das plantas. Será realizado nos três primeiros anos do plantio, a cada 3 meses, sendo 12 aplicações no total onde para cada hectare serão utilizados 2 kg de isca granulada.
5.3 Vigilância contra incêndios 
Para vigilância contra incêndios no plantio, será feito rondas periódicas para detecção de possíveis focos de incêndio, como exemplo após chuvas com ocorrência de descargas elétricas que podem iniciar focos de incêndio no plantio. Essas medidas preventivas reduzem os riscos de propagação do fogo, sendo uma das etapas mais importantes no plano de proteção contra incêndios (RIBEIRO, 2004). 
SISTEMA DE SANGRIA 
As atividades de exploração do seringal visam obter o látex, garantir a conservação, maior produtividade e vida útil do seringal. A borracha natural é derivada do Látex, que é obtido a partir da sangria das seringueiras, sendo que está é considerada a operação mais importante, devido está relacionada diretamente ao produto final, assim como relatado por Silva et al. (2007). Para produzir a borracha é necessário realizar as seguintes operações: 
6.1 . Avaliação do seringal 
Dentre as etapas de exploração, a primeira operação a ser realizada é a avaliação da floresta de seringueira, no qual, serão identificadas as árvores aptas a extração do látex, de acordo com os padrões técnicos, essa avaliação de aptidão relaciona- se com exigências para realizar a sangria, cujo a árvore deverá possuir no mínimo uma circunferência 45 cm de tronco, espessura de casca de 6 mm e 1 ,30 m de altura, conforme Frenesi et al. (2000). 
As atividades realizadas nesta etapa serão: medição dos indivíduos do povoamento, com auxilio fita métrica, hipsômetro e régua graduada, marcação das árvores, que pode ser com cal hidratada, tinta óleo e pincel comum e após realizar a marcação deve indicar no croqui do povoamento as árvores aptas a realização da sangria, segundo a recomendação de frenesi et al. (2000). 
6.2. Sangria 
Essa atividade baseia-se em uma raspagem fina na casca da árvore para extração do látex (figura 2), conforme definido por frenesi et al. (2000). Através de um estudo realizado por Silva et al. (2007), que analisou o desempenho produtivo e os aspectos económicos de três tipos clones de seringueira, sob nove sistemas de sangria, na região do Cerrado. As variáveis observadas durante o desenvolvimento da pesquisa foi: perímetro do caule, produtividade de borracha seca, secagem do painel e viabilidade económica dos sistemas de sangria. Analisando os resultados obtidos no estuda, foi que o sistema que se demonstrou maior potencial é o método i/zS, conhecido também como meia espiral (figura 3), pois este apresentou maior produtividade, maior viabilidade económica e otimização quanto aos aspectos fisiológicos da planta.
 (Figura 2)
(Figura 3)
Por isso, dentre todos os sistemas utilizados para realizar a sangria, o que se demonstrou ser o mais adequado para retida do látex na região é o método meio espiral. A sangria será realizada com intuito de garantir maior produtividade, menor consumo de casca e custo de produção, e aumentar a vida útil do seringal. A sangria será realizada a cada 4 dias, de acordo com frenesi et al. (2000), este é a frequência que ocorre melhor eficiência, já que pequenos intervalos aumentam o consumo de casca e intensificam a mão-de-obra e grandes intervalos reduz a produção.
6.3. Abertura do painel 
Nos meses de fevereiro e setembro, época indicada por ser a de menor incidência de doenças, é necessário realiza a abertura do painel, atividade que é definida como etapa de preparação da árvore para sangria. Os instrumentos e materiais necessários para abertura do painel são: riscador (figura 5b), faca "Jebong", paquímetro, marcador de consumo de casca e a bandeira. 
Essa atividade é dividida em uma série de operações, conforme frenesi et al. (2000) e Pereira et al. (2001 ): 
1) Primeira realizar a mensuração e marcar a circunferência do tronco a 1 ,20 m do solo. 
2) Dividir longitudinalmente o tronco da árvore em duas partes iguais, no qual, cada uma irá constituir um painel, e com auxílio riscador realizar a marcação de duas linhas de geratrizes, sendo que estas devem permanecer no sentido oposto a linha de plantio, essas geratrizes irão delimitar a extensão do corte, assim como demonstrado na figura 8a.
3) Próximo etapa é marca o ângulo de corte, que deve ser de 35o do sentido da esquerda para direita, em relação ao plano horizontal, para isso será necessário utiliza a bandeira (figura 5c), que é usada como gabarito para marcar a linha de corte no ângulo desejado e com a inclinação correta, o riscador deve seguir a inclinação da bandeira e deve ser posicionado entre as geratrizes (figura 5d), isso irá constituir um painel. 
4) Com a "Jebong", uma faca própria para abertura, realizar o aprofundamento da faca no tronco até restar no mínimo 2 mm de casca perto do tronco. no sentido de cima para baixo, deve ser retirado a casca de 2 a 2,5 cm, com isso será formado uma rampa uniforme, que deverá se conectar com uma canaleta, local onde haverá escoamento do látex, como pode ser observado na figura 5e. 
5) O aprofundamento do corte será realizado conforme demostrado da na figura 5g, raspa-se as laterais até que tocar na superfície da faca. Na figurar 5h, está sendo ilustrado como o operário deve realizar a raspagem de abertura do painel e na figura 6, estar sendo demostrado uma árvore pronta para próxima etapa, no dual e recebe a bica e a caneca coletora de látex.
(Figura 4)
 6.4. Disposição do equipamento de sangria 
Benesi et al. (2000) e Pereira et al. (2001), relataram que depois que os painéis estiverem abertos, deve-se colocar na árvore os equipamentos que coletarão o látex, sendo eles: bica, caneca e arame. Os procedimentos de disposição dos equipamentos são: a l cm abaixo da canaleta, da segunda geratriz coloque a bica, em seguida fixe a caneca plástica no suporte da bica amarrando-a na árvore com arames, assim como demonstrado na figura 6. (Figura 6)
6.5. Aplicação de fungicida 
Conforme Brenesi et al. (2000), a necessidade de proteger o povoamento contra ataques de doenças fungicas, devido a maior suscetibilidade pela exposição do caule da árvore, que podem promover uma redução na produtividade, por isso medidas preventivas devem ser tomadas. Assim deverá ser feito aplicação de uma calda a cada 10 dias. Os materiais necessários são: produto químicos com pincel ou bomba costal, balde, fungicidas e pá de madeira. 
6.6. Execução da sangria 
Benesi et al. (2000), faz referência a abertura dos vasos laticíferos, que resultam no escoamento do látex, porém caso o corte seja muito profundo o câmbio pode ser atingido, e isso impossibilita a regeneração da casca e isto inviabiliza as próximas sangrias, a profundidade ideal de corte é de 1 ,5 mm de casca. Os materiais utilizados são: faca "Jebong", canivete, recipiente, plástico de l/2 litro, uma esponja, pedra de amolar, solução desinfetante, vasilha, plástica e paquímetro. O período de 12 às 14 horas deve-se evitar a sangria, devido à alta temperatura. 
6.7. Coagulação do látex 
De acordo com frenesi et al. (2000), nesta etapa ocorre a transformação do látex, que passa do estado líquido para sólido (figura 6), está mudança acontece naturalmente e em um períodode 48 horas, para evitar perdas utiliza-se o produto químico, o ácido acético glacial. Os procedimentos realizados nesta devem ser: em um recipiente contendo água, dilua a quantidade indicada de ácido acético, após armazene a substancia em um recipiente para aplica-lo. 
(Figura 7)
6.8. Coleta e armazenagem 
Etapa de retirada da produção de látex coagulado das árvores em sangria, no qual, deve-se retirar o coágulo das canecas, e armazena-los em recipientes e leva-los para local de armazenagem, sendo que este deve ser bem acondicionado, apresentar boas condições, fluxo de ar livre, temperatura ambiente, sem contato direto com radiação solar e chuvas, assim como descrito por frenesi et al. (2000).
CUSTOS E ANÁLISE ECONÔMICA
O custo de implantação de um seringal está relacionado aos seguintes fatores:
1. Localização geográfica da área. Locais muito afastadas de centros urbanos apresentam um custo mais elevado pelo fato de o transporte ser acrescido a todos os insumos.
2. Relevo e condições do solo. Áreas inclinadas têm o custo adicional da confecção de terraços e/ou curvas de nível e solos degradados precisam ser recuperados antes do plantio.
3. Idade das mudas. Mudas de 18 meses sofrem menos na transferência do viveiro para o campo, mas apresentam um custo de aquisição mais alto em relação às mudas de 12 meses.
A escolha da área para o plantio é um fator determinante no custo de implantação de um seringal.
De uma maneira geral, a compra das mudas representa 30% do investimento total para se formar um seringal e 60% do montante total é gasto nos dois primeiros anos, pois uma vez atingido um determinado porte, a seringueira não precisa mais de tratos culturais intensivos até entrar em sangria, sendo necessários somente a adubação e o combate às ervas daninhas. Os preços dos fatores de produção são aqueles praticados no mês de setembro de 2018 na região noroeste do Estado de São Paulo.
Por ser considerada uma cultura perene, o cultivo da seringueira exige elevado investimento nos anos iniciais de implantação, apresentando uma fase juvenil entre seis a sete anos, momento em que se inicia a extração do látex. Sendo assim, somente após esse período se inicia o retorno econômico. O custo de implantação, ou seja, o primeiro ano da cultura, é o de maior valor, pois são consideradas as operações como o preparo do solo, plantio, replantio, irrigação e outras operações de instalação da cultura. Esse custo apresenta valor de R$17.542,94 para o custo operacional efetivo (COE) e custo operacional total (COT) de R$ 19.501,78/ha. O custo de implantação até o sexto ano é de R$27.251,25 para o COE, enquanto o do COT é R$31.486,32/ha. Nos anos subsequentes (segundo ao sexto anos) o custo de produção apresenta valores menores em relação ao primeiro ano por apresentar operações de manejo sem sofrer o impacto, principalmente, dos custos com operações de máquinas os maiores ocorridos quando de sua implantação.
Portanto para o plantio da seringueira na Fazenda Esperança com 20ha, teremos um custo operacional efetivo de R$ 300.858,80 e um custo operacional total de R$ 390.035,60. Com seis anos, onde termina o período de implantação, teremos um custo operacional efetivo de R$ 545.025,00 e um custo operacional total de R$ 390.035,60. Ao final de 10 anos, onde a produção do coágulo estará em plena produção, o custo operacional efetivo de R$ 1.422.179,40 e um custo operacional total de R$ 1.622.517,80. Considerando o preço da borracha a R$ 4,20, o cultivo da seringueira começará a dar um lucro real a partir do ano 11.
Tabela - Valor custo operacional efetivo (COE) e custo operacional total (COT) nos custos de formação de seringueira (R$/ha).
A partir do sétimo ano, inicia-se a sangria e os custos de produção exibem aumento, principalmente pelo impacto da aquisição dos materiais para a sangria e emprego do sangrador. A partir do décimo ano, o seringal entra em plena produção com 100% das árvores em sangria tendendo a estabilização da produção.
Considerando-se o seringal adulto em plena produção, calculou-se o custo de produção para análise de seus resultados econômicos. O COE para o quilograma de coágulo foi estimado em R$3,63 (R$10.162,49/ha) e o COT atingiu o valor de R$11.773,25/ha ou R$4,20 por quilograma de coágulo.
Tabela – Custo de produção de participação percentual dos itens componentes do custo de produção para a cultura da seringueira. Produção de 2800 kg, hectare, Região de São José do Rio Preto, São Paulo, em R$ da safra 2017/2018.
O item de maior participação percentual no COT é o da mão de obra, que soma 40,54% (comum, sangria, tratorista e fiscal), seguido dos custos dos encargos sociais (16,2%). A seguir, os maiores são com defensivos (11,6%), operação de máquinas (5,7%), seguidos dos gastos com transporte de pessoal (5,7%) e adubos (4,9%).
Os resultados apresentam margem bruta negativa para os níveis de produtividade de 3.200,00 kg de coágulo por hectare, o que é considerado uma alta produção, visto que a média nacional é de 2400 kg de coágulo por hectare. Mesmo se considerando uma alta produção, o ponto de equilíbrio que representa o nível de produção em que a receita é igual ao custo também não apresenta produção suficiente para remunerar os custos tanto em nível de COE quanto no de COT, o que gerou resultados negativos, não remunerando, portanto, os custos de produção aqui estimados.
Tabela – Indicadores de rentabilidade para a cultura de seringueira, produtividade de 3.200 kg de coágulo por hectare em três diferentes preços recebidos pelo produtor, estado de São Paulo, 2018.
A queda no preço do látex no mercado tem feito produtores demitir funcionários e até eliminar arvores em produção. Já são quatro aos de preços baixos, especialmente devido ao excesso de produção em países asiáticos que dominam o mercado mundial, como Indonésia, Tailândia e Malásia.
A produção em março de 2017 era vendida a R$ 3,20 o quilo, já na última cotação feita em março de 2019 está cotada em R$ 2,30, sendo que o preço mínimo deveria ser de R$ 4,20. Na década de 80, o quilo era comercializado por U$ 2,50, o que equivale hoje a R$ 9,50.
Figura – Preços médios reais recebidos pelos produtores do estado de São Paulo de janeiro de 2006 a fevereiro de 2016 por Kg de coágulo.
Figura – Produção de kg de coágulo no estado de São Paulo de 1983 a 2016.
Diante disso, os dados apresentados mostram duas questões relevantes: o controle dos custos na gestão eficiente dos fatores de produção no caso, a mão de obra que onera mais de 70% a atividade e a busca de alternativas para aumento da produtividade, uma vez que os produtores não possuem poder de controle dos preços recebidos pois estes são “dados” pelo mercado. Em relação à mão de obra, os treinamentos do sangrador podem ser uma opção, pois uma boa sangria impacta tanto na qualidade do coágulo quanto na preservação da árvore. Há de se considerar também os aspectos ambientais da cultura da seringueira, que são altamente positivos em relação à agenda proposta pelo setor ambiental. Um importante desafio é aperfeiçoar as formas de coordenação e negociação entre os segmentos da cadeia, seja entre produtores e usinas, e entre estas e a indústria consumidora de borracha.
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Para o primeiro ano agrícola desenvolvemos o seguinte planejamento:
Tabela – Cronograma do primeiro ano de implantação da cultura da seringueira.
	
	Jul
	Ago
	Set
	Out
	Nov
	Dez
	Jan
	Fev
	Mar
	Abr
	Mai
	Jun
	Preparo do solo
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Aplicação de herbicida
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Gradagem
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Calagem
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Implantação
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Abertura de cova
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Adubaçao de cobertura
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Plantio
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Replantio
	
	
	
	
	
	
	X
	
	
	
	
	
	Tratos culturaisControle de formigas
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Capina manual
	
	X
	
	X
	
	X
	
	X
	
	X
	
	X
	Irrigação
	
	
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fiscalização
	
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
Para os anos seguintes até o ano 11, ressaltamos que a fiscalização deve ser feita para o controle de plantas daninha, doenças e pragas, para que então possa ser tomada alguma atitude perante o problema. No ano 7 cerca de 50% das plantas já estão produzindo, e atingindo seu potencial de 100% de produção no ano 10. O retorno financeiro do investimento feito na implantação, poderá ser recuperado a partir do ano 11.
Tabela: Cronograma dos 11 primeiros anos da cultura da seringueira.
	Ano
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	10
	11
	Implantação
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Adubaçao de cobertura
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Replantio
	X
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	Tratos culturais
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Controle de formigas
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Capina química
	
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Capina manual
	X
	
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Irrigação
	X
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	Fiscalização
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	X
	Produção de 50%
	
	
	
	
	
	X
	X
	X
	
	
	Produção de 100%
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
	X
	Recuperação do investimento
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	X
BIBLIOGRAFIA
BENESI. J.F.C.; OLIVEIRA, M.A. Sangrador de seringueira: sangria em seringueira. SENAR, São Paulo/SP, n. 4898, 57p., 2000. 
BOTELHO, J. L. P. A SERINGUEIRA (Hevea brasiliensis): ASPECTOS TÉCNICO-CULTURAIS E ECONÔMICOS DO PROCESSO PRODUTIVO. 2016. 108f. Monografia (graduação). Universidade Federal de Paraná, Curitiba.
GONÇALVES, E. C. P. Fatores que determinam o sucesso na implantação da cultura da serigueira. Hevea Brasil, 2017.
INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA/CATI, 2018. Disponível em: <http: //www.iea.sp.gov.br/out/bancodedados.html>. Acesso em: MAIO. 2019.
LORRENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Plantarum: São Paulo, 1992, 385p.
NOGUEIRA, R. F.; CORDEIRO, S. A.; LEITE, A. M. P.; BINOTI, M. S. MERCADO DE BORRACHA NATURAL E VIABILIDADE ECONÔMICA DO CULTIVO DA SERINGUEIRA NO BRASIL. Nativa, Sinop/MT, v. 03, n. 02, p. 143-149, 2015.
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