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31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 1/59 Eletromagnetismo - Parte II Capítulo 9 Linhas de Transmissão Eduardo Fontana, PhD Professor Titular Departamento de Eletrônica e Sistemas Universidade Federal de Pernambuco 1a. Edição - Versão 1.0 - 09/03/2013 Versão atual - 1.5 - 01/08/2013 Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Recife, 2011-2013 Índice Capítulo 9 - Linhas de Transmissão 9.1 Introdução 9.2 Modos TEM em linhas de transmissão sem perdas 9.2.1 Método formal de determinação de campos em linhas de transmissão 9.2.2 Grandezas representativas de linhas de transmissão A. Tensão e corrente B. Capacitância por unidade de comprimento da linha de transmissão C. Indutância por unidade de comprimento D. Impedância característica E. Velocidade de fase F. Fluxo de potência 9.2.3 Linhas de transmissão com perdas A. Perdas por condução B. Perdas dielétricas C. Obtenção da atenuação diretamente do teorema de Poynting D. Circuito equivalente de um trecho longitudinal diferencial de uma linha de transmissão 9.3 Modelagem de linhas de transmissão por parâmetros distribuídos 9.3.1 Equações diferenciais para tensão e corrente na linha de transmissão 9.3.2 Solução no regime harmônico 9.4 Análise de linhas de transmissão sem perdas no regime harmônico 9.4.1 Soluções para V e I 9.4.2 Linha de transmissão terminada em uma carga A. Coeficiente de reflexão B. Impedância de entrada 9.4.3 Características da função impedância e do coeficiente de reflexão A. Impedância e admitância normalizadas B. Coeficiente de reflexão 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 2/59 C. Tensão e corrente ao longo da linha 9.5 Transformação e casamento de impedâncias com a carta de Smith 9.5.1 A carta de Smith 9.5.2 O aplicativo SmartSmith 9.5.3 Exemplos com o emprego do aplicativo SmartSmith 9.5.4 Propriedades adicionais da carta de Smith A. Carga casada B. Curto circuito C. Circuito aberto D. Uso da carta de Smith como carta de admitâncias 9.5.4 Casamento de impedâncias com estube simples Problemas Capítulo 9 - Linhas de Transmissão 9.1 Introdução Linhas de transmissão e guias de onda são estruturas guiantes, longitudinais, utilizadas para o transporte de informação e energia. Linhas de transmissão formam uma classe especial de guias de onda, em que o campo eletromagnético se propaga na direção longitudinal da estrutura, sendo assim guiado por esta. A diferença de terminologias se dá em função dos tipos de modos que uma ou outra estrutura pode suportar. Linhas de transmissão, com estruturas típicas mostradas na Fig.9.1, compostas por uma configuração longitudinal de dois ou mais condutores imersos em um dielétrico homogêneo, podem suportar modos transversais eletromagnéticos (TEM) em que os campos elétrico e magnético são inteiramente contidos no plano ortogonal à direção de propagação. Esse regime de operação se dá até uma certa freqüência, acima da qual modos de ordem superior podem ser excitados na linha de transmissão. Outras estruturas guiantes que suportam exclusivamente modos eletromagnéticos em que os campos têm de ter uma componente longitudinal, são tratados separadamente no Capítulo 10. Linhas de transmissão são utilizadas em aplicações de baixa potência para o transporte de informação em sistemas de telecomunicações, no transporte de dados entre diferentes porções de circuitos integrados e processadores, e no caso de alta potência, para o transporte de energia em sistemas de alta tensão. Cabos paralelos Cabo coaxial Linha de fita - um dielétrico Fig.9.1 – Algumas estruturas típicas de linhas de transmissão. Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 3/59 9.2 Modos TEM em linhas de transmissão sem perdas No método formal de obtenção de campos em linhas de transmissão tratado a seguir, assume-se, em uma primeira aproximação que os condutores constituintes da linha de transmissão sejam condutores perfeitos, i.e., com condutividade infinita. Nesse regime, e no caso variante no tempo, a profundidade de penetração no condutor, que é inversamente proporcional à condutividade é nula e os campos eletromagnéticos não penetram nos condutores. A corrente elétrica que é proporcional ao campo elétrico fica assim confinada inteiramente na superfície dos condutores. 9.2.1 Método formal de determinação de campos em linhas de transmissão A Fig. 9.2 mostra a seção transversal da estrutura de dois condutores de uma linha de transmissão. Estruturas desse tipo suportam configurações de campos elétrico e magnético, inteiramente contidas no plano transversal. Esses modos são denominados de modos TEM, i.e., modos transversais eletromagnéticos. Seja portanto a existência de um modo TEM para a estrutura da Fig.9.2, i.e., com . Uma vez que a estrutura é ilimitada na direção z, a dependência com essa coordenada, corresponde a uma onda viajante no sentido +z, sendo do tipo exponencial complexa. Assim, os campos na estrutura podem ser postos nas formas , (9.1) , (9.2) em que é denominada de constante de propagação, um parâmetro ainda a ser determinado. Inserindo essas expressões em (7.213) vem . Decompondo o operador na forma , (9.3) e inserindo na expressão anterior, fornece . (9.4) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Igualando as componentes vetoriais de ambos os membros de (9.4) fornece (9.5) (9.6) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 4/59 Fig.9.2 – Estrutura de uma linha de transmissão de dois condutores. Observa-se dessa relação que uma vez obtido , pode ser determinado. Da Eq. de Maxwell em uma região livre de fontes, dada por (7.214) e para um meio de transmissão linear, homogêneo e isotrópico tem-se . (9.7) Utilizando (9.1) e (9.3) em (9.7) fornece Dado que , obtém-se . (9.8) De (9.5) a componente transversal do campo elétrico pode ser posta na forma , (9.9) que inserida em (9.8), fornece. (9.10) Ou seja, a função de duas variáveis satisfaz à Eq. de Laplace. Isso implica que no plano xy, o campo elétrico transversal tem características de um campo estático. Em particular a circulação do campo transversal ao longo de uma trajetória fechada no plano é nula, i.e., Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana (9.11) ou seja, a diferença de potencial entre dois pontos no plano independe do caminho de integração nesse plano. Uma segunda propriedade das expressões (9.5) e (9.8) é obtida da identidade vetorial 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 5/59 , que em vista de (9.5) e (9.8) reduz-se a (9.12) Essa expressão permite determinar o parâmetro . Para isso, vale lembrar que as equações de Maxwell no regime harmônico (7.213)-(7.216) levam à Eq. de Helmholtz (7.217) para os campos elétrico ou magnético. Para o campo elétrico (7.127) é da forma (9.13) com , , . O parâmetro , (9.14) que já foi introduzido no Capítulo 7, será denominado a partir deste ponto a permissibilidade do meio (não confundir com os parâmetros permissividade ou permeabilidade ). Correspondentemente, o parâmetro é a permessibilidade relativa do meio. Para o campo elétrico tem-se Dado que o laplaciano pode ser escrito na forma Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana , (9.15) e com o emprego de (9.1) obtém-se (9.16) Dada a condição (9.10) essa última relação reduz-se a . (9.17) Para , essa equação tem como solução (9.18) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 6/59 A solução de sinal positivo (negativo) corresponde a uma onda que se propaga no sentido +z . Ou seja, o modo TEM, que corresponde à solução de mais baixa ordem em uma linha de transmissão tem uma constante de propagação, ou número de onda, igual a de uma onda plana se propagando no mesmo sentido em um meio ilimitado tendo as mesmas propriedades eletromagnéticas, representadas pelo índice de refração n. Obtida a constante de propagação de (9.18), o campo pode ser obtido de (9.4). Após algumas manipulações algébricas obtém-se , (9.19) com (9.20) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana representando a impedância de onda do modo TEM. É importante observar que esse resultado implica que a impedância de onda dos campos associados ao modo TEM é a mesma de uma onda plana em um meio ilimitado. Assim, a determinação de campos em linhas de transmissão pode ser obtida da seguinte forma: 1. Obtém-se a função potencial resolvendo a Eq. de Laplace bidimensional (9.10) 2. Obtém-se o campo elétrico de (9.9) 3. Obtém-se o campo magnético de (9.19) As propriedades eletromagnéticas da linha de transmissão podem então ser obtidas das soluções para os campos, conforme mostrado no exemplo a seguir. Exemplo 9.1: Determinação dos campos do modo TEM em um cabo coaxial infinitamente longo. A Fig.9.3 mostra um pequeno trecho longitudinal de um cabo coaxial que consiste de um condutor central cilíndrico de raio a, e uma malha condutora cilíndrica externa de raio interno b. A região é preenchida com um meio de permissividade elétrica e permeabilidade magnética . Admite-se que a estrutura seja muito longa e que o cabo seja excitado na entrada com uma fonte com freqüência angular . De acordo com a formulação descrita nesta seção, essa estrutura pode suportar uma onda eletromagnética TEM. Em cada plano z = constante, pode-se obter uma função potencial que assuma valores constantes nas circunferências r = a e r = b. Seja por exemplo a solução de (9.10) em z = 0, sujeita às condições de contorno 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 7/59 Fig.9.3 – Trecho longitudinal de um cabo coaxial. , . Em coordenadas cilíndricas (9.10) assume a forma , (9.21) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana e tendo em vista a simetria de translação na direção z, esta última equação reduz-se a , (9.22) cuja solução já obtida no Capítulo 3 tem a forma geral . (9.23) Aplicando as condições de contorno, obtém-se A e B e (9.23) assume a forma . (9.24) Em (9.24), (Volts) pode ser determinado da potência de saída da fonte que alimenta o cabo coaxial. De (9.9), a amplitude do campo elétrico, pode ser escrita na forma , e de (9.24), obtém-se 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 8/59 . (9.25) O campo magnético transversal é obtido de (9.19), o que fornece . (9.26) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Os campos no cabo coaxial, obtidos de (9.1) e (9.2), são portanto , (9.27), (9.28) com e Z dado por (9.20). 9.2.2 Grandezas representativas de linhas de transmissão A. Tensão e corrente As grandezas elétricas características de uma linha de transmissão podem ser obtidas das grandezas de campo. Considere a seção transversal de uma linha de transmissão ilustrada na Fig.9.4, localizada no plano z = 0. Assume-se que um dos condutores esteja submetido ao potencial V0, e que o segundo esteja aterrado. Uma vez que em cada seção transversal de uma linha de transmissão a distribuição de potencial obedece à Eq. de Laplace, e está diretamente relacionada à solução para o campo elétrico, que varia longitudinalmente de acordo com (9.27), e dado que em z = 0, a tensão entre eletrodos é V0, a tensão ao longo do cabo é da forma . (9.29) Raciocínio análogo se aplica à corrente que flui, por exemplo, no sentido +z, considerado o condutor à esquerda na Fig.9.4. É importante observar que não há componente z do campo elétrico, e por conseguinte do vetor densidade de fluxo elétrico. Isso implica que não há componente z da densidade de corrente de deslocamento. Consequentemente, a corrente elétrica no condutor à esquerda na Fig.9.4 pode ser obtida da lei de Ampère, i.e., , (9.30) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 9/59 em que C é o caminho fechado aí indicado. Essa expressão mostra que a corrente varia longitudinalmente na forma , (9.31) com I0 dada por . (9.32) Fig.9.4 – Configuração da linha de transmissão no plano z = 0. B. Capacitância por unidade de comprimento da linha de transmissão A capacitância por unidade de comprimento pode ser calculada com base na formulação desenvolvida no Capítulo 3, para obtenção da capacitância como solução de um problema de valores de fronteira. Basta apenas calcular a densidade superficial de cargas no condutor submetido ao potencial V0 indicado na Fig.9.4, que é simplesmente , (9.33) em que é o vetor unitário dirigido para o exterior do condutor, e é sua superfície. A carga de superfície em uma seção diferencial de comprimento do condutor submetido ao potencial V0 é simplesmente Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana , (9.34) ou alternativamente, em vista de (9.9) . (9.35) A capacitância por unidade de comprimento , (9.36) com o emprego de (9.34) é portanto 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 10/59 (9.37) Uma vez que o numerador dessa expressão é proporcional a V0, a capacitância por unidade de comprimento é função apenas da permissividade elétrica e da geometria transversal da linha de transmissão. Em essência a capacitância por unidade de comprimento é calculada com a formulação já desenvolvida no Capítulo 3 para a solução de problemas de valores de fronteira. Uma segunda forma de calcular a capacitância, que mostra a analogia com o cálculo de indutância, pode ser obtida por meio da energia elétrica armazenada em um comprimento diferencial longitudinal da linha de transmissão. Com base em (7.88) e (7.93) a energia elétrica média armazenada em um volume entre condutores tendo comprimento longitudinal diferencial é dada por , (9.38) em que é a área da seção transversal externa aos condutores, mostrada na Fig.9.4. A expressão (3.15) para a energia armazenada, no regime fasorial fornece , (9.39) e para um comprimento , (9.39), expressa em termos da capacitância por unidade de comprimento, assume a forma . (9.40) Combinando (9.39) e (9.40) obtém-se finalmente , (9.41) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana C. Indutância por unidade de comprimento Para um comprimento da linha de transmissão tem-se uma indutância série que pode ser obtida a partir das expressões para a energia magnética armazenada nesse comprimento diferencial. A energia magnética média armazenada no volume de comprimento longitudinal , obtida de (7.89) e (7.94) pode ser posta na forma , (9.42) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 11/59 ou equivalentemente, com emprego da relação constitutiva , e notando que a permeabilidade magnética é real, . (9.43) A energia magnética média do trecho de comprimento diferencial com emprego da indutância por unidade de comprimento, é obtida a partir de (6.34) e assume a forma . (9.44) Igualando (9.43) e (9.44) resulta em . (9.45) D. Impedância característica A impedância característica da linha de transmissão é a razão entre as ondas de tensão e corrente que se propagam em um dado sentido ao longo da linha, como por exemplo no sentido +z, i.e., , Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana ou equivalentemente, com o emprego de (9.29) e (9.31), . (9.46) Uma vez que o campo magnético transversal é proporcional ao parâmetro V0, a razão em (9.33) fica dependente apenas da geometria transversal da linha de transmissão e dos parâmetros eletromagnéticos do meio de imersão dos condutores. Uma conexão direta entre impedância característica, capacitância e indutância pode ser obtida com base nas relações entre campos elétrico e magnético e com o emprego de (9.41) e (9.45). Dessas expressões, tem-se , e utilizando (9.19) e (9.46) resulta em31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 12/59 , que em vista de (9.20) reduz-se a . Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Em vista de (9.19), (9.30) e (9.37) e do fato de Cl ser um parâmetro real, a impedância característica da linha de transmissão sem perdas também é real e a última expressão pode ser escrita na forma . (9.47) A expressão (9.47) mostra a importância dos parâmetros distribuídos Ll e Cl na determinação da impedância característica de uma linha de transmissão. E. Velocidade de fase Para uma onda plana em um meio linear sem perdas a velocidade de fase obtida de (7.224) é dada por . (9.48) Esse parâmetro em uma linha de transmissão é diretamente relacionado com a indutância e capacitância. Para verificar isso, seja a expressão para a corrente no condutor submetido ao potencial V0. Inserindo (9.19) em (9.32) vem , em que C é o caminho fechado indicado na Fig.3.4 e a orientação de corresponde à orientação do caminho. Em vista da propriedade (1.39) para o produto misto essa integral pode ser posta na forma . Da Fig.9.4 tem-se e portanto . (9.49) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 13/59 Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana De (9.34) e notando da lei de Gauss que , com C+ sendo o caminho fechado mostrado na Fig,9.4, (9.49) pode ser posta na forma . (9.50) Utilizando (9.36) e (9.46) em (9.50) fornece , (9.51) e de (9.48) a velocidade de fase também pode ser escrita na forma . (9.52) F. Fluxo de potência A potência eletromagnética transportada pela onda eletromagnética guiada pela linha de transmissão pode ser obtida por integração do vetor de Poynting na área da seção transversal da linha de transmissão, ou seja, , e de (9.19) (9.53) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Das relações anteriores, com alguma manipulação algébrica, e como já discutido no Capítulo 7, para meios sem perdas, pode-se mostrar que as energias elétrica e magnética em um comprimento diferencial da linha de transmissão são iguais, ou seja, , (9.54) em que (9.55) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 14/59 é a energia eletromagnética total armazenada no volume considerado. Com o emprego de (9.53) e (9.55), com o auxílio de (9.20), pode-se mostrar que . (9.56) Essa última relação pode ser utilizada para obtenção de uma expressão alternativa para a potência que flui na linha de transmissão em função da tensão e corrente no plano z = 0. Para isso, das expressões (9.40) e (9.44) tem-se . (9.57) Utilizando (9.52) e (9.56) em (9.57) resulta em . (9.58) Essa última expressão evidencia a conexão entre fluxo de potência e as grandezas tradicionais tensão e corrente, utilizadas na teoria de circuitos. Exemplo 9.2: Parâmetros característicos do cabo coaxial Para o cabo coaxial da Fig.9.3, a capacitância por unidade de comprimento, obtida de (9.37) com o auxílio de (9.25) é dada por , e portanto (9.59) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Para obtenção da indutância por unidade de comprimento, pode-se utilizar (9.51) em (9.59) por exemplo, o que fornece . (9.60) Note que esse resultado corresponde à indutância externa do cabo coaxial, dada por (6.44) para o caso . A impedância característica do cabo coaxial é obtida com o emprego de (9.59) e (9.60) em (9.47), o que fornece , (9.61) ou alternativamente 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 15/59 (9.62) 9.2.3 Linhas de transmissão com perdas A. Perdas por condução Uma questão importante ao se considerar o emprego de linhas de transmissão no transporte de informação ou energia é a atenuação introduzida pelas perdas dissipativas nos condutores, bem como, pelas perdas dielétricas ou magnéticas. O cálculo desse parâmetro é importante, pois impõe limitações de distância na transmissão seja de energia ou de informação entre pontos remotos. Nesta seção as perdas nos condutores são analisadas. A solução para os campos guiados por uma linha de transmissão no caso em que os condutores exibem perdas, é de difícil obtenção, uma vez que seria necessário resolver um problema de valores de fronteira em que os campos no interior dos condutores também teriam de ser determinados. No entanto, para o caso de pequenas perdas, em que os condutores têm alta condutividade, e no regime em que a penetração nestes é muito pequena relativamente às dimensões envolvidas, uma boa aproximação é utilizar a solução para os campos obtidas no caso de condutores perfeitos. Com base nessa solução, pode-se obter, com muito boa aproximação, a atenuação devido às perdas de condução. Uma forma de analisar essa questão é através do conceito de resistência de folha, desenvolvido no Capítulo 8. Alternativamente, o teorema de Poynting pode ser usado para determinaras perdas tanto de condução quanto dielétricas/magnéticas. De acordo com a discussão do Capítulo 8 os efeitos de dissipação em condutores imersos em uma região de campos variantes no tempo, na aproximação do condutor exibir alta condutividade, podem se levadas em conta com o emprego do conceito de resistência de folha. Esse conceito pode ser utilizado, de forma aproximada quando a profundidade pelicular é muito menor que o raio de curvatura do condutor. A solução para os campos guiados por uma linha de transmissão no caso em que os condutores exibem perdas tem uma dificuldade analítica, uma vez que seria necessário resolver um problema de valores de fronteira em que os campos no interior dos condutores também teriam de ser determinados. No entanto Para uma onda TEM a densidade de corrente superficial no condutor pode ser obtida de (8.175), i.e., , (9.63) em que é o vetor unitário normal à superfície do condutor e dirigido para o seu interior. A Fig.9.5 ilustra a disposição dos vetores que compõem (9.63), em cada superfície condutora de uma linha de transmissão. Como discutido no Capítulo 8, essa corrente de superfície é na realidade o efeito integral da densidade de corrente volumétrica no condutor, que por sua vez é paralela ao campo elétrico no condutor. Isso implica que existe uma componente longitudinal do campo elétrico, paralela ao vetor . Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 16/59 Fig.9.5 – Disposição dos vetores de campo nas superfícies condutoras. O campo elétrico longitudinal pode ser obtido na aproximação em que o raio de curvatura do condutor é grande comparado à profundidade de penetração . Nessas condições, pode-se admitir que o campo eletromagnético penetra no condutor na forma de uma onda plana com incidência frontal, exponencialmente decrescente conforme discutido no final do Capítulo 8. Essa situação está ilustrada na Fig.9.6. Fig.9.6 – Orientação relativa dos campos no interior de um condutor. No interior do condutor, o campo magnético é dado por (9.64) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana com representando o campo elétrico no condutor e, conforme (8.158), i.e., , a impedância do condutor, em que é a resistência de folha, dada por (8.159), i.e., , com representando a profundidade de penetração, dada por (8.157). 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 17/59 Note que, levando em conta que o campo de fato penetra no condutor, a condição de contorno original seria , (9.65) uma vez que o campo é aquele obtido na condição de condutores perfeitos, sendo portanto tangencial em cada ponto das superfícies condutoras. Fazendo o produto vetorial em ambos os membros tem-se . Usando a identidade vetorial (1.40), reproduziad abaixo , (1.40) obtém-se . Dado que vem ou equivalentemente o que fornece (9.66) De acordo com a discussão no final do Capítulo 8, a resistência de uma porção longitudinal de comprimento tendo segmento transversal atravessado pela corrente no condutor, conforme ilustrado na Fig.9.7, pode ser obtida pela relação (8.172), ou seja, Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 18/59 Fig.9.7 – Geometria para o cálculo da resistência de uma porção do condutor. O resultado (8.168), para a potência ativa dissipada no volume de penetração dos campos do condutor pode ser generalizado para determinar a potência dissipada em um volume diferencial do condutor, subtendido por um segmento diferencial atravessado ortogonalmente pela corrente de superfície , conforme ilustrado na Fig. 9.8. Essa porção fornece uma corrente . (9.67) Utilizando (8.168) e (8.172), obtém-se para um segmento longitudinal uma potência dissipada (9.68) Inserindo (9.67) em (9.68) obtém-se Essa expressão permite obter a atenuação da onda ao se propagar na linha de transmissão. Se as superfícies dos condutores têm perímetros , conforme mostrado na Fig.9.8, a potência dissipada em um comprimento , pode ser obtida de , (9.69) em que o sinal + está associado ao condutor em que a corrente flui no sentido +z . É importante observar que essas integrais são positivas definidas. Ou seja, o caminho de integração sempre é realizado de forma que o resultado seja positivo. Fig.9.8 – Geometria para cálculo da potência dissipada nos condutores de uma linha de transmissão. 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 19/59 Na situação simples em que a corrente de superfície tem densidade constante em cada condutor (9.969) reduz-se a , (9.70) com representando os perímetros dos caminhos . No caso em que os condutores são idênticos, i.e., , e notando que nessa hipótese , (9.70) reduz-se a , (9.71) com (9.72) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana representando um perímetro equivalente àqueles dos dois condutores. Resta determinar a atenuação da potência eletromagnética. De acordo com o teorema de Poynting, flui uma potência ativa, que em um ponto de coordenada z, é dada por .(9.73) A expressão (9.73) ou seus casos particulares, mostra que a potência ativa cai a uma taxa (9.74) Utilizando (9.70) obtém . (9.75) Devido às perdas, a potência deve decair exponencialmente com uma constante de atenuação , tal que (9.76) o que equivale a uma taxa de variação 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 20/59 , (9.77) ou equivalentemente, a uma constante de atenuação de amplitude . (9.78) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Substituindo (9.73) e (9.75) em (9.78), fornece a expressão procurada para a constante de atenuação . (9.79) Alternativamente, essa expressão pode ser escrita em termos do campo magnético tangencial, calculado para o caso ideal. É importante observar que , e portanto (9.79) pode ser escrita na forma . (9.80) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana em que representa o campo tangencial na superfície do condutor correspondente. É importante observar que o resultado independe da corrente, uma vez que o campo magnético é uma função linear da corrente em cada condutor. Por exemplo, na hipótese de os dois condutores forem de mesmo material e com distribuição de corrente superficial constante, em que é válida a expressão (9.67), (9.80) reduz-se a . (9.81) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 21/59 Essa expressão demonstra a importância dos conceitos de resistência de folha e impedância característica da linha, dada, entre outras coisas, a relação direta destes com a constante de atenuação da linha de transmissão. Exemplo 9.2 Determinação da constante de atenuação de um cabo coaxial devido às perdas de condução. Para o cabo coaxial ilustrado na Fig.9.3 em que os condutores interno e externo têm a mesma condutividade, e assumindo válida a hipótese , as correntes de superfície em ambos os condutores são uniformes. Assim, (9.81) pode ser utilizada. De (9.72), tem-se e (9.81) fornece . (9.82) B. Perdas dielétricas Levando em conta apenas o efeito de perdas de natureza dielétrica ou magnética, a constante de propagação na linha de transmissão assume a forma complexa , (9.83) em que o índice de refração complexo é dado, em termos da permissibilidade relativa , (9.84) com . (9.85) Como mostrado no Capítulo 7, para pequenas perdas, , (9.86) . (9.87) Assim, (9.83) assume a forma , (9.88) em que (9.89) é a constante de fase e 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 22/59 , (9.90) é a constante de atenuação devido às perdas dielétricas e magnéticas no meio de preenchimento. Note que na aproximação de pequenas perdas, e para o modo TEM em uma linha de transmissão, a constante de atenuação, devido às perdas materiais no meio de preenchimento, independe dos parâmetros geométricos da linha de tranmissão. A constante de atenuação na linha de transmissão, levando em conta tanto as perdas nos condutores, quanto aquelas no meio de preenchimento é obtida simplesmente pela adição de (9.79) e (9.90), i.e., . (9.91) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana C. Obtenção da atenuação diretamente do teorema de Poynting Para pequenas perdas, o teorema de Poynting permite obter a constante de atenuação, com base no emprego da solução para os campos obtidos no caso sem perdas. Essa forma de obtenção de parâmetros, a partir da solução não perturbada para os campos, é a essência da Teoria da Perturbação, válida no regime de pequenas perdas. A potência ativa que flui ao longo da direção de propagação, é assumida na forma (9.76), i.e, , (9.92) em que é a constante de atenuação e P0 é a potência obtida em z = 0, assumindo os campos obtidos para uma linha sem perdas, i.e., , o que equivale a uma das formas alternativas , (9.93a) . (9.94b) Nessas expressões, Z é a impedância de onda, obtida na ausência de perdas, i.e., ,. (9.95) A expressão (9.92), implica na relação 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 23/59 . Em z = 0, por exemplo . (9.96) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Seja a aplicação do teorema de Poynting dado por (7.93) para um comprimento da linha de transmissão, que encerra as superfícies e caminhos mostrados na Fig.9.9. A diferença entre potências ativas que fluem através das superfícies transversais localizadas em z e é dada por . (9.96) Em termos das potências ativas dissipadas no volume enos condutores, tem-se , (9.97) em que, de acordo com (7.93), Fig.9.9 – Geometria para cálculo de perdas em um trecho longitudinal de uma linha de transmissão. , (9.98) (9.99) e . (9.100) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 24/59 Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Em (9.99) e (9.100) os campos são aqueles obtidos no caso ideal. Em (9.98) os campos são aqueles no interior de cada metal, e calculados na respectiva superfície e é o vetor ortogonal ao segmento , dirigido para o interior do condutor correspondente, conforme ilustrado na Fig.9.9. Admitindo que o raio de curvatura mínimo de cada caminho seja grande relativamente à profundidade de penetração, pode-se admitir que os campos no condutor satisfaçam à condição de onda plana, i.e., . (9.101) Além disso, o campo magnético no metal, satisfaz à condição de contorno , (9.102) em que representa o campo tangencial na superfície do condutor correspondente, calculado no regime sem perdas. Utilizando (9.101) com o emprego de (9.102) e de (1.41), tem-se . (9.103) Substituindo (9.103) em (9.98), com o auxílio de (1.41) fornece . Com base em (8.158) essa relação pode ser posta na forma . (9.104) De (9.99) tem-se . Dado que e , e com base em (9.92) essa última expressão assume a forma 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 25/59 e . (9.105) De forma semelhante, para (9.100) obtém-se . Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Dado que , e com base em (9.92), obtém-se . (9.106) A soma de (9.105) com (9.106) fornece . (9.107) Considere o termo entre parêntesis no segundo membro dessa expressão. Dado que na aproximação de pequenas perdas , tem-se , e inserindo esse resultado em (9.107) obtém-se . (9.108) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Para identificar melhor o significado de (9.108), a permissibilidade relativa é re-escrita na forma , donde 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 26/59 . (9.109) Em primeira ordem , (9.110) . (9.111) e (9.108) pode ser posta na forma . (9.112) A constante de atenuação é obtida com base em (9.95)-(9.97), (9.104) e (9.112), o que fornece (9.91), reproduzida abaixo , com , (9.113) . (9.114) Utilizando (9.93a) e (9.104) em (9.113) obtém-se . (9.115) Note que (9.115) tem denominador diferente de (9.80), mas é fácil mostrar que ambas as formas são equivalentes. Utilizando (9.112) em (9.114), fornece , (9.116) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana que é o resultado expresso em (9.90). D. Circuito equivalente de um trecho longitudinal diferencial de uma linha de transmissão 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 27/59 A discussão das seções anteriores mostrou que um trecho longitudinal de uma linha de transmissão de comprimento contém os elementos de armazenamento de energia elétrica e magnética, representados, respectivamente por um capacitor em paralelo com capacitância entre os condutores e um indutor em série com indutância , conforme ilustrado na Fig.9.10. As expressões (9.41) e (9.45), por exemplo, permitem obter os parâmetros e . Dois canais de perdas estão presentes. Um deles é aquele devido às perdas nos condutores que equivale a um resistor série de resistência , com representando a resistência por unidade de comprimento. Além disso, há uma perda no meio de preenchimento, que corresponderia a um vazamento de corrente devido às perdas dielétricas e magnéticas. Isso equivale a um resistor conectado entre os condutores da linha de transmissão com condutância . Para obter a resistência por unidade de comprimento , note que . (9.117) Fig.9.10 – Circuito equivalente de um trecho longitudinal diferencial de uma linha de transmissão. Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Por outro lado, de (9.58), tem-se . Inserindo essa última expressão em (9.117), fornece . (9.118) Utilizando (9.113) em (9.118) obtém-se . (9.119) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 28/59 Para obtenção da condutância, note que a potência dissipada em um volume do meio de preenchimento de comprimento pode ser calculada de (9.120) De (9.58), tem-se , com, (9.121) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana representando a admitância característica da linha de transmissão. Inserindo a penúltima expressão em (9.120) fornece , e com base em (9.114) obtém-se . (9.122) As expressões (9.119) e (9.122) mostram a conexão entre os elementos de circuito representativos das perdas na linha de transmissão e as constantes de atenuação correspondentes. 9.3 Modelagem de linhas de transmissão por parâmetros distribuídos 9.3.1 Equações diferenciais para tensão e corrente na linha de transmissão Das seções anteriores, foi mostrado que associadas aos campos elétrico e magnético em uma linha de transmissão, existem ondas de tensão e corrente que se propagam ao longo da linha. Além disso, foi mostrado que a linha de transmissão pode ser considerada como consistindo de elementos de circuito distribuídos ao longo da linha, conforme ilustrado na Fig. 9.11. Essa equivalência permite o emprego de teoria de circuitos na análise de linhas de transmissão. As características da linha ficam estabelecidas totalmente em função de seus parâmetros distribuídos. Seja a aplicação das leis de Kirchoff de tensão e corrente para a malha da linha de transmissão da Fig. 9.11, localizada entre os pontos de coordenada z e z + dz, que fornece , (9.123) . (9.124) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 29/59 Equivalentemente, , (9.125) Fig. 9.11 – Representação de uma linha de transmissão por parâmetros distribuídos. Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana . (9.126) As equações (9.125) e (9.126) são equações acopladas, e podem ser combinadas para obtenção de uma equação diferencial em uma das variáveis. Para isso, derivando (9.125) em relação a z fornece , e utilizando (9.126) obtém-se , (9.127) com . (9.128) Derivando (9.125) em relação a z e utilizando procedimento semelhante fornece uma equação diferencial de segunda ordem para a corrente i, ou seja (9.129) Nota-se que (9.127) e (9.129) têm a mesma forma geral da equação da onda, com uma diferença devida a existência no segundo membro de termos lineares na variável e em sua derivada 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 30/59 temporal. Observe que esses termos estão presentes devido à inclusão das perdas condutoras e dielétricas, incluídas na análise. É de se esperar, portanto, que no regime de pequenas perdas, a solução dessas equações corresponda a uma onda viajante de tensão ou corrente, em consonância com o que foi discutido nas seções anteriores. 9.3.2 Solução no regime harmônico Admitindo o regime harmônico senoidal em que (9.130) e , as equações (9.125) e (9.126) assumem as formas , (9.131) . (9.132) Derivando (9.131) em relação a z e utilizando (9.132) fornece , (9.133) com , (9.134) representando a constante de propagação complexa associada à onda harmônica. Repetindo o procedimento, com a aplicação da derivação em z em (9.132) e com emprego de (9.131) fornece uma equação semelhante para I, ou seja, . (9.135) A solução de (9.133) é uma combinação de exponenciais da forma . (9.136) A constante de propagação complexa pode ser escrita na forma , (9.137) com representando a constante de atenuação e , a constante de fase, ambas positivas. Com essa decomposição do parâmetro , (9.137) assume a forma . (9.138) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 31/59 Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana O primeiro termo de (9.138) representa uma onda viajante no sentido +z que decai exponencialmente com atenuação caracterizada pelo parâmetro e oscilação determinada pela constante de fase . O segundo termo representa uma onda viajante se propagando no sentido oposto com decaimento nesse sentido tendo a mesma constante de atenuação e oscilação caracterizada pela mesma constante de fase. A solução para a corrente I tem a mesma forma geral de (9.136), mas sua conexão com a onda de tensão (9.138) pode ser obtida diretamente de (9.131), o que fornece , que em vista de (9.134) reduz-se a . (9.139) com , (9.140) representando a impedância característica da linha de transmissão com perdas. A expressão (9.140) mostra que a impedância característica de uma linha de transmissão com perdas é uma grandeza complexa. Além disso, a solução completa para as ondas de tensão e corrente, contendo ondas viajando em sentidos opostos, irá ocorrer se a linha de transmissão for terminada em uma carga que reflita parte da onda incidente, da mesma forma que uma onda eletromagnética sofre reflexão parcial ao incidir em uma interface entre meios materiais distintos. Finalmente, como já discutido em várias pontos de seções anteriores, a velocidade de fase é diretamente obtida a partir da razão entre freqüência angular e constante de fase, i.e., , (9.141) com obtidada parte imaginária (positiva) de (9.134). 9.4 Análise de linhas de transmissão sem perdas no regime harmônico A análise de linhas de transmissão no regime sem perdas fornece as características e propriedades básicas dessas estruturas, conforme descrito a seguir. 9.4.1 Soluções para V e I Para LT sem perdas a constante, tem-se e , e (9.134) fornece , 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 32/59 Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana e de (9.137) a constante de fase se torna . (9.142) De (9.140), a impedância característica fica puramente real e dada por . (9.143) Note que os resultados (9.142) e (9.143) são aqueles previstos pela análise de campos em linhas de transmissão tratada em seções anteriores. No regime sem perdas, e com base em (9.142) as ondas de tensão e corrente ao longo da linha assumem as formas (9.144) . (9.145) 9.4.2 Linha de transmissão terminada em uma carga A. Coeficiente de reflexão Na hipótese de a linha de transmissão ser infinitamente extensa ou altenativamente, ser terminada por uma carga que não produz reflexão de onda, admitindo que a propagação ocorra no sentido +z, as ondas de tensão e corrente se tornam (9.146) (9.147) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Se, por outro lado, a linha é terminada por uma carga arbitrária, um certo grau de reflexão de onda pode ocorrer e (9.144) e (9.145) devem ser utilizadas para as ondas de tensão em corrente. Para analisar essa questão assume-se que a carga esteja localizada em z = 0, e que o ponto onde se mede a tensão e corrente na linha esteja a uma distancia l da carga, tendo portanto coordenada , conforme ilustrado na Fig.9.12. De (9.144) e (9.145), em z = 0, a tensão e corrente na carga são, respectivamente, , (9.148) , (9.149) em que o subscrito L nessas expressões é a inicial da palavra carga (do inglês load ). 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 33/59 Definindo o coeficiente de reflexão na carga na forma , (9.150) as expressões (9.148) e (9.149) podem ser re-escritas nas formas , (9.151) . (9.152) Uma vez que sobre a carga tem-se , (9.153) pode-se determinar o coeficiente de reflexão, inserindo (9.151) e (9.152) em (9.153), o que fornece . (9.154) Fig.9.12 - Representação de uma linha de transmissão terminada por uma carga. Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Note que (9.154) tem a mesma forma da expressão obtida para o coeficiente de reflexão de uma onda plana com incidência normal sobre uma interface, conforme descrito no Capítulo 8, com as impedâncias de onda naquela formulação, substituídas pelas impedâncias convencionais da teoria de circuitos. B. Impedância de entrada A impedância de entrada Zin é calculada da razão entre tensão e corrente em . Utilizando (9.144) e (9.145), essa razão é , (9.155) que após algumas manipulações algébricas reduz-se a 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 34/59 . (9.156) Alternativamente, a de entrada pode ser calculada invertendo essa expressão, o que fornece , (9.157) em que (9.158) é a admitância característica da linha e (9.159) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana é a admitância da carga. Alternativamente a formulação pode ser feita relacionando diretamente a impedância (admitância) de entrada com o coeficiente de reflexão de entrada, definido como a razão entre ondas refletida e incidente em , i.e., . (9.160) Utilizando (9.150), essa expressão pode ser posta na forma , (9.161) que mostra que o coeficiente de reflexão de entrada tem o dobro da freqüência angular espacial das ondas de tensão e corrente. Em termos do coeficiente de reflexão de entrada dado por (9.161), a impedância de entrada expressa por (9.155) pode ser posta na forma . (9.162) Essa expressão pode ser re-escrita de forma a explicitar a dependência do coeficiente de reflexão em termos da impedância de entrada na forma , (9.163) que tem estrutura idêntica a (9.154). Em termos das admitâncias, tem-se 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 35/59 . (9.164) 9.4.3 Características da função impedância e do coeficiente de reflexão A. Impedância e admitância normalizadas Algumas propriedades e características da função impedância, do coeficiente de reflexão e das formas de onda de tensão e corrente são exploradas nesta seção. Essas características ficam melhorelucidadas com a normalização da função impedância. Para o caso da função impedância, define-se a impedância de entrada normalizada por , (9.165) e com isso as expressões (9.156), (9.163) e (9.162) fornecem, respectivamente, , (9.166) (9.167) e , (9.168) com , (9.169) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Para o caso da admitância normalizada, obtida invertendo (9.166) as expressões resultantes são . (9.170) B. Coeficiente de reflexão O coeficiente de reflexão na carga é um parâmetro complexo bem definido e pode ser escrito na forma , (9.171) em que (9.172) 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 36/59 é o módulo e é a fase. É importante observar que esses parâmetros dependem exclusivamente dos valores da impedância de carga e impedância característica e sendo assim, tem valores fixos em uma dada freqüência. De (9.171) e (9.172), o coeficiente de reflexão tem uma variação ao longo da linha de transmissão dada por . (9.173) Ou seja, o módulo do coeficiente de reflexão é constante ao longo da linha e sua fase varia linearmente com a distância à carga. Isso implica que pode ser representado por uma circunferência no plano complexo, como discutido mais detalhadamente na Seção 9.5. C. Tensão e corrente ao longo da linha É importante analisar de que forma a tensão e corrente variam ao longo da linha de transmissão, uma vez que essa variação pode ser medida em laboratório, permitindo assim caracterizar a carga alimentada pela linha de transmissão, um problema importante, por exemplo, em Engenharia de Microondas. De (9.144), com o emprego de (9.160) tem-se . (9.174) O módulo quadrado dessa expressão pode ser calculado de , ou equivalentemente, com o emprego de (9.173), . (9.175) Desenvolvimento semelhante para a forma de onda da corrente, obtida a partir de (9.145) com auxílio de (9.160) fornece . (9.176) Algumas características podem ser extraídas de (9.175) e (9.176), conforme detalhado a seguir. Pontos de máximo e mínimo de tensão ou corrente Valores extremos das funções (9.175) e (9.176) são obtidos determinando os extremos da função trigonométrica nessas expressões. Assim, os máximos de tensão, que correspondem aos mínimos de corrente ocorrem nos pontos , (9.177) com m = 0, 1, 2, .... Com , com representando o comprimento de onda no meio de preenchimento da linha de transmissão, (9.177) pode ser posta na forma 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 37/59 . (9.178) De (9.178), a distância entre máximos ou entre mínimos é simplesmente . (9.179) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana Localização do primeiro máximo de tensão O primeiro máximo de tensão, ocorre para m =0 em (9.178), o que fornece . (9.180) É importante observar que há linhas de transmissão e guias de onda especiais, denominados de linhas fendidas, que permitem deslocar de forma controlada uma ponta de prova ao longo da linha e assim medir as localizações dos máximos e mínimos de tensão. Assim, medindo-se a localização do primeiro máximo l0 de tensão permite obter a fase da carga de (9.180), i.e., . (9.181) Valores extremos de tensão, corrente e da impedância de entrada Os valores máximo e mínimo da tensão ao longo da linha são obtidos fazendo a função cosseno assumir os valores em (9.175), o que fornece (9.182) em que (não confundir com ) representa os dois valores extremos, com os sinais (+) e (–) associados ao máximo e mínimo, respectivamente. De forma semelhante, em um ponto de máximo de tensão ocorre um mínimo de corrente e vice-versa. Os extremos de corrente são dados por . (9.183) Copyright 2011/2012/2013 by Eduardo Fontana A Fig.9.13 mostra a variação de tensão e corrente com o comprimento ao longo da linha, admitindo uma carga fictícia tendo coeficiente de reflexão . Como pode ser aí observado a distancia entre máximos (ou entre mínimos) é e os máximos de tensão ocorrem nos pontos de mínimos de corrente e vice-versa. Além disso, o primeiro máximo de tensão ocorre no ponto , conforme previsto por (9.180). 31/05/2019 Eletromagnetismo - Parte 2 - Capítulo 9 - Linhas de Transmissão https://www3.ufpe.br/fontana/Eletromagnetismo2/EletromagnetismoWebParte02/mag2cap9.htm 38/59 Fig.9.13 – Ondas estacionárias de tensão e corrente em uma linha de transmissão. É importante observar na análise de linhas de transmissão que mesmo que esta esteja terminada por uma carga puramente resistiva, a impedância de entrada em um ponto arbitrário da linha de transmissão é uma grandeza complexa, conforme se pode concluir de (9.156). Correspondentemente, a reatância de entrada varia de um valor nulo, em cima da carga, para valores não nulos, tanto positivos (reatância indutiva) quanto negativos (reatância capacitiva). Além disso, de forma periódica, a impedância de entrada volta a ser puramente resistiva. Esses pontos, ocorrem na realidade nos pontos de máximo e mínimo da tensão na linha. Para verificar isso, considere por exemplo o cálculo da impedância de entrada em um ponto de máximo, i.e., para satisfazendo (9.178). Nesse
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