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ANUAL FINS DE SEMANA DIREITO ADMINISTRATIVO Prof. Roberto Baldacci Data: 13/04/2013 Aula 04 ANUAL FINS DE SEMANA Anotador: Jaime Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 4.2. ADMINISTRAÇÃO DESCENTRALIZADA OU ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 4.2.1. AUTARQUIAS 4.2.1.1. TIPOS DE AUTARQUIAS 4.2.2. FUNDAÇÕES PÚBLICAS 4.2.3. ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS DECORRENTES DOS CONSÓRCIOS 4.2. ADMINISTRAÇÃO DESCENTRALIZADA OU ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Aquilo previsto na CF como “atividades essenciais” é delegado dentro da estrutura central de cada poder ou pessoa política, mediante lei de propositura do chefe de cada poder ou pessoa política, criando, assim, por desconcentração, um conjunto de órgãos sem personalidade jurídica e hierarquicamente subordinados que constituirão a administração direta. Já as atividades de relevante interesse estatal previstas na CF ou em leis serão delegadas através de lei especial de propositura do chefe de cada poder ou pessoa política para fora da estrutura central (delegar de um ente para outro é “descentralizar”) – através da lei de descentralização administrativa, serão criadas ou autorizadas as pessoas jurídicas autônomas que formarão a “administração indireta”. Estas pessoas jurídicas possuem patrimônio próprio, capacidade processual para ser autor ou réu, assumem em nome próprio direitos ou obrigações e não são alcançados pela “imputação volitiva” (atuam com autonomia e, portanto, não são impessoais, respondendo pelos danos que causam pessoalmente e quando sua capacidade financeira não for suficiente para indenizar todo o dano causado, a pessoa política a qual pertençam responderá subsidiariamente). A lei de descentralização confere para cada pessoa da administração indireta uma única atividade finalistica, que poderá ser executada com autonomia – assim, esta pessoa jurídica se torna especialista, otimizando a eficiência na prestação pública (logo, o objetivo final da descentralização é o ganho de eficiência pública). Como estas pessoas são autônomas, não estão sujeitas a subordinação hierárquica (não há administração direta sobre elas – não estão sujeitas a ordens, nem revisão de ofício de seus atos e decisões por outros órgãos ou poderes) e são fiscalizadas apenas de forma indireta pelos ministérios: é a tutela ou supervisão ministerial. Pessoas jurídicas da administração indireta não são subordinadas aos ministérios, mas são vinculadas aos ministérios. As pessoas jurídicas que formam a administração indireta são reguladas pelo Decreto 200/67, pela lei 11.107/05, pela CF e Código Civil – autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e associações públicas. 4.2.1. AUTARQUIAS Somente autarquias são diretamente criadas por lei (as demais pessoas descentralizadas são apenas autorizadas por lei). Prestam serviços públicos sem fins lucrativos, próprios do Estado (excluindo os serviços de natureza econômica). São sempre de regime público próprio do Estado e, portanto: a) podem titularizar poder de polícia; b) seus bens são todos públicos, conforme art. 98 do Código Civil, vejamos: 2 de 3 “Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”. Logo, não são penhoráveis nem oneráveis (não podem ser dados em garantia), não sofrem usucapião (imprescritíveis) e, como estão afetados para “uso especial do Estado”, para serem alienados, é necessário: desafetação, motivação, avaliação de mercado, autorização legislativa e licitação por concorrência para alienar imóveis e leilão para alienar móveis e, excepcionalmente, imóveis que a administração por “dação em pagamento”; c) estão sujeitas às obrigações orçamentárias (devem planejar, através de orçamento próprio, seus gastos, créditos e receitas para o próximo exercício); d) são mantidas por receitas públicas e, portanto, devem licitar contratos e gastos, prestar contas ao Tribunal de Contas e respeitar os limites da responsabilidade fiscal (inclusive o teto de remuneração); e) gozam, ainda, de privilégios públicos especiais, a saber: e.1) imunidade tributária recíproca para impostos; e.2) pagam seus credores conforme art. 100 da CF: condenadas a até certo valor, pagam em dinheiro, através de execução contra a fazenda pública (CPC, 730 e segtes.), mediante a expedição de R.P.V. (requisição de pequeno valor), por ordem do juiz da condenação. Condenada acima deste limite, a sentença está sujeita a reexame necessário ou duplo grau obrigatório e caberá ao desembargador presidente expedir ordem para que o valor da condenação seja incluído no orçamento da autarquia, para pagamento do precatório (ordem expedida até 1º de julho inclui o precatório no orçamento seguinte, e, expedida após, inclui o precatório no orçamento posterior ao seguinte) – o desembargador presidente que viola a regra de expedição de precatório responde por crime de responsabilidade e processo no CNJ. A pessoa de direito público que frustrar o pagamento do precatório após vencido poderá sofrer sequestro de suas rendas públicas e o dirigente por crime de responsabilidade. e.3) não pagam nem custas, nem taxas processuais ou recursais; e.4) quando em revelia, não sofrem os efeitos da presunção de veracidade do alegado pelo autor, nem pena de confissão quando a causa envolver interesses públicos; e.5) gozam de contagem especial dos prazos legais para resposta (contestação, reconvenção e exceções), que é em quádruplo, e para recorrer, que é em dobro. Cuidado: na rescisória, o prazo de respostas é simples, pois é fixado pelo juiz e o prazo de contrarrazões de recursos é simples. 4.2.1.1. TIPOS DE AUTARQUIAS I – autarquias comuns: seus agentes são concursados e estatutários e seus dirigentes são nomeados sem concurso (destituível ad nutum), ex.: INSS e INCRA; II – autarquias especiais de ensino público superior (ex.: USP, Unicamp, Unifesp, etc) ou de fiscalização profissional (CRM, Conselho de farmácia, etc): seus agentes são concursados e, em regra, celetistas e seus dirigentes são eleitos pela classe ou categoria (destituível somente por processo); III – autarquias especiais, na forma de agências reguladoras: seus agentes são concursados e estatutários e seus dirigentes são nomeados sem concurso, porém, gozam de mandato fixo (destituíveis somente por processo). Observação: agência reguladora é autarquia especial criada por lei principalmente para fiscalização das concessionárias e regulação dos serviços públicos privatizados. Agências executivas, por sua vez, são autarquias comuns ou fundações públicas já existentes que assinam, mediante dispensa licitatória, um contrato de gestão com a administração direta. OAB Foi criada como autarquia especial. Porém, o STF definiu que não é mais, sendo apenas um ente estatal sui 3 de 3 generis e, com isso, não e mais obrigada a fazer licitação, concursar agentes e não é obrigada a prestar contas. Entretanto, a OAB perdeu os privilégios públicos processuais (prazos simples, sem duplo grau obrigatório e não pagam credores por precatórios). 4.2.2. FUNDAÇÕES PÚBLICAS Fundação é uma pessoa jurídica sempre sem fins lucrativos, formada a partir de “conjunto de bens” vinculados a um estatuto – fundação não possui capital social, nem expede cotas ou ações (fundação não tem sócios – fundação não tem dono, pois pertence a uma finalidade). Quando criada pelo Estado, será uma “fundação pública”. Esta dependerá de lei autorizativa. Quando adotarem regime público (fundação pública de direito público) são integralmenteequiparadas às autarquias comuns (doutrina: fundação autárquica ou autarquia fundacional). Porém, podem adotar regime privado (fundação pública de direito privado, ex.: Fundação Casa), adotando regras e características caso a caso. 4.2.3. ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS DECORRENTES DOS CONSÓRCIOS A lei 11.107 permite que as pessoas políticas possam se associar livremente para juntas prestarem grandes serviços ou grandes obras públicas de interesse comum (União com Estados, União com Estados e Municípios, Estados com Estados, incluindo ou não Municípios e Municípios com Municípios – a lei proíbe expressamente a associação direta de União com Município). Estes interessados assinam primeiro um “protocolo de intenções” e, em seguida, obtêm autorização legislativa e assinam “contrato de rateio”, dividindo os custos e gastos de cada um e “contrato de programa”, dividindo tarefas e obrigações de cada um. Todos estes contratos são reunidos em um grande consórcio público, do qual será criada uma associação pública, que é uma pessoa jurídica formada pelas pessoas políticas que irá gerir e executar o consórcio. Esta associação pública pode adotar regime privado, sendo, então sujeita caso a caso a regras públicas e privadas. Em regra, adotam o regime público, sendo, então, integralmente equiparadas às autarquias comuns (doutrina: associações autárquicas ou autarquias associativas).
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