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A influência da mídia no Tribunal do Juri Aluna Tassia Wiara Almeida da Silva 10 periodo

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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................08
2 CONSELHO DE SENTENÇA - TRIBUNAL DO JÚRI: ASPECTOS HSTÓRICOS E CONCEITO ...................................................................................................................................................09
3 O PODER INFUENCIADOR DA MÍDIA......................................................................................................................................14
4 MÍDIA E OPINIÃO PÚBLICA NO BRASIL..................................................................15
4.1 A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA NOS CASOS DE GRANDE REPERCUSSÃO......................................................................................................................17 
5 CONCLUSÃO......................................................................................................................23
 REFERÊNCIAS..................................................................................................................25
																
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise crítica a respeito da influência da veiculação de notícias sensacionalistas, realizadas pela mídia, frente a decisões do Conselho de Sentença do Tribunal do Júri. 
O Tribunal do Júri é a instituição responsável pelo julgamento de crimes contra a vida e tem como objetivo garantir direitos fundamentais aos acusados, previstos na Constituição Federal, caracterizado por uma atitude de democracia.
Sendo o Brasil um país democrático de direito, também em sua Carta Magna assegura a liberdade de imprensa, que na sociedade atual tornou-se o principal difusor de informações, muitas vezes formando a opinião pública, em diversos assuntos, inclusive nos de grande repercussão, como os crimes contra a vida.
Primeiramente, o trabalho irá abordar aspectos históricos, o que é, como é formado, e a função do Tribunal do Júri, 
Após isto, será analisado como a mídia é capaz de influenciar a sociedade e formar opiniões através de notícias divulgadas nos inúmeros meios de comunicação. Especialmente demonstrar o poder da mídia em determinar a formação da opinião dos membros do Conselho e o julgamento de um crime que conta com a participação direta da população. Não é desconhecido o papel da mídia na construção da realidade, visto que a televisão, através dos telejornais e programas policiais, representa hoje o maior e quase exclusivo meio difusor dos fatos pelo qual o homem médio, entendido como normal, tem acesso a notícia recheada de versões dos atores do evento criminoso e opiniões de especialistas, cumprindo a imprensa, o papel de formadora de opinião.
Contudo, o que transparece maior gravidade, principalmente no Júri, pois o jurado não precisa fundamentar sua decisão, atuam sem qualquer intenção de solucionar a questão da criminalidade, mas com intento cada vez mais comum de explorá-la para aprisionar a atenção e as tensões dos expectadores, em geral, fomentam o descrédito institucional e violam sistematicamente todo um sistema de garantias constitucionais, banalizando direitos e realizando graves ofensas ao núcleo fundamental da dignidade humana em vários de seus aspectos e antecipando julgamentos sem respeito a quaisquer garantias processuais. É, pois, significativo que se reflita sobre tal comportamento ofensivo que, se culturalmente aceito e generalizado, não há que ser tolerado pelo Estado que se declare Democrático de Direito.
E por fim, expor casos de grande repercussão nos quais a mídia teve impacto direto na opinião pública no Brasil.
2 CONSELHO DE SENTENÇA - TRIBUNAL DO JÚRI: ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITO
A origem do Tribunal do Júri perde-se no tempo como relata muitos autores, sendo remoto e sem data específica. Marcos Bandeira (2010) relata em seu livro “O Tribunal do Júri” que seus primeiros vestígios foram na Grécia, através do Tribunal de Heliastesque era composto por cidadãos que se reuniam em praça pública, traduzia o princípio da justiça popular. Pode-se dizer que o reconhecimento do Júri ocorreu de fato na Inglaterra, após pela Europa e América, passou por diversas transformações até que o povo começou a exercer o papel de juiz, podendo absolver ou condenar o acusado que cometesse crime contra a vida. O vocábulo júri, derivado embora do inglês jury, cuja grafia era antigamente adotada, onde a instituição teve origem, é de formação latina. Vem de jurare (fazer julgamento), pois, precisamente, em face do juramento que era prestado pelas pessoas que o iriam formar-se, derivou o vocábulo (PEREIRA,2007).
No Brasil, o Júri foi instituído em 1822. A elite brasileira da época, que conduzia administração da colônia brasileira, sofria grande influência do liberalismo político inglês, e por isso a iniciativa da criação do Tribunal do Júri coube ao Senado da Câmara do Rio de Janeiro, dirigindo-se ao Príncipe Regente D. Pedro, para sugerir-lhe a criação de um ‘juízo de Jurados’. A sugestão, atendida em 18 de junho, por legislação que criou os ‘Juízes de Fato’, tinha a competência restrita aos delitos de imprensa. Deviam ser homens bons, honrados, inteligentes e patriotas. Da sentença dos ‘Juízes de Fato’ cabia somente o recurso de apelação direta ao Príncipe. A Constituição do Império, outorgada em 1824, contemplou o instituto do Júri, aumentando sua competência para as infrações penais e os fatos civis.
A Constituição Política alocou o Júri na parte relativa ao Poder Judiciário, tendo os jurados competência para decidirem sobre o fato e o juiz, para aplicar a lei. Em 1832, entrou em vigor o Código de Processo Criminal do Império, alargando ainda mais a competência criminal do Júri, que passou a ser responsável pelo julgamento da maioria dos crimes. Consequentemente, somente seriam jurados os que tivessem uma boa situação econômica, já que estes é que podiam votar. Se a pessoa podia ser jurada, ela podia ser eleitora; se ela era eleitora, ela podia ser jurada. 
A primeira Constituição da República, promulgada em 1891, concedeu ao Júri o status de garantia individual. O passar dos anos não trouxe grandes inovações ao instituto. Contudo, nas palavras de Tubenchlak, o Júri sofreu “duro golpe” com o advento do Decreto-Lei 167/1938, que aboliu a soberania dos veredictos ao prever recurso de apelação com capacidade para alterar o mérito da decisão divergente às provas existentes nos autos, sendo lícito aos juízes ad quem, ao julgarem a apelação, aplicar outra pena ou absolver o réu. Com o término da ditadura Vargas, a Constituição Federal de 1946 restabeleceu a soberania dos veredictos, impossibilitando a reforma do decisum exarados pelos jurados em grau de recurso, bem como remodelou a competência do Tribunal, que passou a ser ratione materiae, a saber, privativa aos crimes dolosos contra a vida. 
Atualmente, o Tribunal do Júri tem previsão no art. 5.º, XXXVIII, da Carta da República de 1988 e permanece com suas disposições inalteradas, inclusive a soberania. É constituído por um juiz de direito ou federal, além de 25 jurados, dos quais, 7 serão sorteados para constituir o Conselho de Sentença. 
Dispõe o Código de Processo Penal, no artigo 74, §1º, que: “compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos artigo 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados”. Estes são os crimes: homicídio (exceto o homicídio culposo), induzimento ou favorecimento ao suicídio, infanticídio e aborto, seja na forma consumada ou tentada. Visando a compreensão do disposto nas alíneas do inciso XXVIII, do artigo 5, da Constituição da República Federativa do Brasil, onde reconhece a Instituição do Júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados; a) a plenitude de defesa, b) o sigilo das votações, c) a soberania dos veredictos e a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
Para ser juradoé necessário ser brasileiro, nato ou naturalizado, ter atingido a maioridade (menor emancipado não pode integrar o Júri), de notória idoneidade, alfabetizado e no pleno gozo dos direitos políticos, residente na comarca, e, em regra, que não sofre de qualquer tipo deficiências em qualquer dos sentidos ou das faculdades mentais. 
Em seu artigo 425, do CPP é estabelecido que todo ano, serão alistados pelo Juiz presidente de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor população. 
De acordo com a Constituição Federalde1988 e Código de Processo Penal, o júri é composto de homens e de mulheres, com idade mínima de 18 anos,de reputação ilibada,e tem como competência apenas o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados. 
Para Mirabete: 
É o jurado, em termos jurídicos, o leigo do Poder Judiciário, investido, por lei, na função de julgar em órgão coletivo a que se dá o nome de Júri. O cidadão é jurado por ter íntima ligação com o meio em que vive, em que o Conselho de Jurados que integra exerce a sua jurisdição.(MIRABETE, 2000, p.509)
O jurado é órgão leigo, incumbido de decidir sobre a existência da imputação para concluir se houve fato punível, se o acusado é o seu autor e se ocorreram circunstâncias justificativas do crime ou de isenção de pena, agravante ou minorante da responsabilidade daquele. Afirma ainda que, jurado é o cidadão incumbido pela sociedade de declarar se os acusados submetidos a julgamento são culpados ou inocentes.
Deste modo, é através do Tribunal do Júri que é dada a sentença aplicada pelo juiz a partir da prolação da decisão dada pelos jurados ao julgarem os acusados quando autores de crimes contra a vida. Há além da previsão legal, o dever de preservação dos direitos e garantias do acusado previsto na constituição. Um dos princípios que asseguram este direito é o Princípio da plenitude da defesa no júri. 
Assim Bandeira afirma: 
Entendemos que no júri a defesa não pode ser apenas ampla, mas plena, cabal, ou seja, prepondera o princípio da plenitude da defesa, conforme previsão constitucional. A plenitude da defesa no Tribunal do Júri é garantia constitucional estabelecida no art. 5º, LXXXVIII, ‘a’, da CF de 1988. Segundo oescólio de Guilherme Nucci (1999, p. 136): No plenário, certamente que está presente a ampla defesa, mas com um toque a mais: precisa ser, além de ampla, plena. Os dicionários apontam a diferença existente entre os vocábulos: enquanto amplo quer dizer muito grande, vasto, largo, rico, abundante, copioso, enfim, de grande amplitude e sem restrições, pleno significa repleto, completo, absoluto, cabal, perfeito. Na verdade, as peculiaridades do julgamento pelo tribunal popular, no qual jurados leigos julgam por convicção íntima, impuseram a necessidade de cercar a defesa do acusado de maiores garantias, mormente quando se sabe que, diante dos demais órgãos do Poder Judiciário, a garantia do acusado e dos jurisdicionados de uma forma geral está na motivação das decisões, o que não ocorre no Tribunal do Júri, devendo, por isso mesmo, a defesa ser a mais completa possível, plena. Destarte, além da garantia da ampla defesa conferida a todos os acusados no processo penal comum, existe particularmente no Tribunal do Júri a garantia da plenitude da defesa.(BANDEIRA, 2010 p. 176)
Ainda temos outros princípios que norteiam o Tribunal do Júri, que são: plenitude de defesa, sigilo das votações, soberania dos veredictos, competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
A respeito da competência pela natureza da infração, o CPP traz: 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.
Os jurados, não necessitam possuir preparo técnico-jurídico, são escolhidos na sociedade aleatoriamente, tornando-se juízes de fato e de direito, realizam o juramento de julgarem com imparcialidade e justiça, tendo as mesmas garantias e deveres dos juízes de fato, conforme o artigo 472, do Código de Processo Penal:
Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente, responderão: Assim o prometo.
O colegiado popular realiza o julgamento ao responder quesitos, que são as perguntas que o presidente do júri faz aos jurados sobre o fato criminoso e demais circunstâncias, essencial ao julgamento. Os jurados decidem sobre a matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido. Assim, o júri responde quesitos sobre materialidade do crime (se o delito aconteceu), autoria (se o acusado cometeu o delito que lhe está sendo imputado), se o acusado deve ser absolvido, causas de diminuição da pena e atenuantes, causas de aumento e qualificadoras etc. O juiz presidente exerce várias funções na condução dos trabalhos do Júri. Ele controla e policia a sessão, para que tudo transcorra em clima tranquilo, sem interferência indevida na atuação das partes. Antes da votação dos quesitos, cabe ao magistrado explicar aos jurados o significado de cada pergunta e prestar algum esclarecimento. 
Depois que os jurados dão o veredicto, por intermédio dos quesitos, o juiz, por meio da sentença, imporá a sanção penal. Assim, o presidente do Júri faz uma graduação da sanção estabelecida na lei, segundo circunstâncias elementares ou qualificadoras evidenciadas anteriormente pelos jurados. Ele declara o réu inocente ou culpado, de acordo com a vontade popular, e aplica a lei penal ao caso, que, por ser produto da atuação de representantes eleitos, também expressa a vontade da sociedade.
 Dessa forma, o Tribunal do Júri significa um mecanismo do exercício da cidadania e demonstra a importância da democracia na sociedade. Isso porque o órgão permite ao cidadão ser julgado por seus semelhantes e, principalmente, por assegurar a participação popular direta nos julgamentos proferidos pelo Poder Judiciário
Considerando a análise realizada sobre leis e doutrinas expostas constatamos que a Instituição do Júri deve ser um Tribunal democrático, pois através da participação da sociedade é possível julgar crimes que envolvam essa própria sociedade, que darão seu veredicto com base em provas apresentadas durante o processo, que decidirão por inocentar ou culpar o acusado.
3 O PODER INFLUENCIADOR DA MÍDIA 
É fato que a mídia, é uma tecnologia extremamente importante na globalização de notícias, principalmente as selecionadas do interesse da indústria da comunicação. Nesses casos, muitas programações que desejam certo nível de audiência utilizam meios imorais para difundir informações e não zelam pela veracidade.
Pode-se destacar como diferencial desta, a instantaneidade na transmissão de acontecimentos urgentes, porém em muitos casos são inverídicos. O público é atraído pelo aspecto fantasioso e fictício, Maria Léa Monteiro Aguiar identifica que são as de maior interesse para o público: 
O que faz vender notícias é a emoção, a surpresa, mas, sobretudo o peso das informações no dia-a-dia dos cidadãos. Geralmente estes elementos são encontrados nos fatos desagradáveis, que causam impacto e quebram a rotina. Por essa razão, os atos violentos, revoluções e revoltas serão sempre notícia, na medida em que afetam a vida e os sentimentos do público (AGUIAR, 2007, p.59).
Através dos meios de comunicação é disseminado um discurso de terror, causando insegurança na sociedade e sentimentode impunidade gerando nas pessoas o desejo de fazer “justiça” com as próprias mãos, o que através do Júri pode ocorrer, pois são essas mesmas pessoas aterrorizadas que tomam decisões parciais e tendenciosas.
Assim, Silva Sánchez adverte: 
Em todo caso, à vista do que vem acontecendo nos últimos anos, é incontestável a correlação estabelecida entre a sensação social de insegurança diante do delito e a atuação dos meios de comunicação. Estes, por um lado, da posição privilegiada que ostentam no seio da “sociedade da informação” e no seio de uma concepção do mundo como aldeia global, transmitem uma imagem da realidade na qual o que está distante e o que está próximo têm uma presença quase idêntica na forma como o receptor recebe a mensagem. Isso dá lugar, algumas vezes, diretamente a percepções inexatas; e, entre outras, pelo menos a uma sensação de impotência. Com mais razão, por outro lado, a reiteração e a própria atitude (dramatização, morbidez) com a qual se examinam determinadas notícias atuam como um multiplicador dos ilícitos e catástrofes, gerando uma insegurança subjetiva que não se corresponde com o nível de risco objetivo. Assim, já se afirmou com razão que os “meios de comunicação, que são o instrumento da indignação e da cólera públicas, podem acelerar a invasão da democracia pela emoção, propagar uma sensação de medo e vitimização e introduzir de novo no coração do individualismo moderno o mecanismo de bode expiatório que se acreditava reservado aos tempos revoltos. (SANCHEZ 2013, p.47)
Sendo assim, o jurado como mero espectador é bombardeado por falsas opiniões e tem um pré julgamento formado, através da propagação das cenas do fato criminoso exibidas na televisão. 
Por isso, Nucci afirma que “Um processo em julgamento não pode ter seu deslinde antecipado pela mídia, pois, especialmente no Tribunal do Júri, retira a imparcialidade do jurado”(NUCCI, 1999, p. 135).
O discurso realizado pela mídia, colabora de maneira considerável à seletividade penal, fazendo o Estado cúmplice deste sistema, tanto por sua letargia em regrar os meios de comunicação, quanto por seu descuidado na observância do devido processo legal, possibilitando que se realize um julgamento pela população já influenciados por uma rotulação do acusado. A pessoa que cometeu o ilícito penal tem sua pena transformada em punições, quando esta é proferida pelo Tribunal do Júri.
 Como ilustrou M. Foucault:
O prejuízo que um crime traz ao corpo social é a desordem que introduz nele: o escândalo que suscita, o exemplo que dá, a incitação a recomeçar se não é punido, a possibilidade de generalização traz consigo. Para ser útil, o castigo deve ter como objetivo as consequências do crime, entendidas como uma série de desordens que este é capaz de abrir (FOUCAULT, 1987, p.78). 
Deste modo, a própria comunidade cria o desvio, ou seja, o crime não existe como uma realidade pré-constituída, mas como fruto de uma reação social que atribui o rótulo de criminoso a determinados indivíduos. Facilmente, a mídia colabora expressivamente com a difusão do medo, pois a mídia é malévola e reproduz informações tendenciosas, que por consequência acaba influenciando o processo de criminalização ao invés de comunicar.
Logo, vê-se que por trás das exposições sociais e, por consequência, é criado um estereótipo do homicida, cria-se uma estratégia de criminalização feita pela mídia. Pode-se dizer que a cultura do medo é um somatório de valores morais e do senso comum, aceitos pela sociedade, que é influenciada pelos meios de comunicação, aliados à criminalidade. 
Sendo assim, pode-se definir a mídia como ratificadora da intervenção penal, pois exerce influência na sociedade, ditando, sorrateiramente, a sistematização do que é certo ou errado, do bem e do mal, da justiça e da injustiça, do cidadão e do criminoso. De fato, o acusado fica prejudicado quando julgado dos crimes cometidos contra a vida por meio do tribunal do povo, que tem como a finalidade garantir decisões democráticas, e julgamento imparcial. Quando a mídia cria o medo à criminalidade, as pessoas que fazem parte do Tribunal do Júri servem apenas para suprir ao clamor público por “justiça”. 
Nota-se que as desigualdades presentes na formação da sociedade de nosso país são os motivos que estimulam os processos de segregação ou etiquetamento, o que podemos denominar como Teoria do labbeling approach, como se as características pessoais e materiais do indivíduo fossem razões essenciais e suficientes para tornar um indivíduo criminoso. Portanto, o processo de criminalização, estimulado pela mídia, tem a ideia de realização de faxina social em relação aos excluídos. No que se refere aos “bons delinquentes”, estes tem mais sorte, pois por serem brancos, possuírem escolaridade e emprego muitas vezes passam inertes pelo processo do etiquetamento. 
Segundo Baratta, as teorias do Labeling Approach apresentam motivos comuns que precisam ser destacadas como alternativa critica á concepção da relação entre delinquência e valores, elas colocam a ênfase sobre as características particulares que distinguem a socialização e os defeitos da socialização as quais estão expostos muitos dos indivíduos que se tornam delinquentes e essa exposição depende mais dos fatos sociais e da participação na subcultura e não tanto da disponibilidade dos indivíduos. E sua incidência sobre a socialização do indivíduo segundo o conteúdo específico dos valores (positivo ou negativo), das normas e técnicas que se caracterizam dos fenômenos de estratificação, desorganização ligados à estrutura social e dentro de certos limites, a adesão a valores, normas, definições e uso de técnicas que motivam e tornam possível um comportamento criminoso, são fenômenos não diferentes do que se encontra no caso do comportamento conforme a lei. (BARATTA, 2011 p. 110).
Quando o acusado já chega ao tribunal pré julgado, por suas características de acordo com o que a mídia o expõe, o principio da presunção de inocência é plenamente ignorado pela mídia, pode tornar alguém inocente a criminoso, simplesmente por suas características, taxada como típicas da conduta desviante, “criminosa”. Atribuindo perante a sociedade, outra identidade ao sujeito em foco, que, desprovido da sua personalidade é visto de forma negativa por uma única atitude, capaz de apagar sua trajetória de vida e suas perspectivas de futuro.
Como afirma Marília Budó:
Os acontecimentos negativos costumam ter um grau de incomparável de audiência. Isso depende da existência ou não de outros valores-notícia, como envolver países ou pessoas de elite, mas, de qualquer forma o jornal sempre tem espaço para a violência e a morte. Os crimes, dentre os acontecimentos negativos, possuem características ainda mais interessantes. Propiciam a busca por um culpado, contra quem a sociedade possa se voltar, ao mesmo tempo em que geram uma trama por vezes digna da ficção, com direito a novos capítulos a cada dia, propiciando um enquadramento linear.(BUDÓ, 2005, p. 24)
A força da imprensa é notável em tudo que divulga e tudo o que emudece. No que se diz respeito à esparzir ideias também é eficaz, tendo o elementar intuito de fazer parecer que vivemos no mundo estampado nas capas de revistas, nos programas de televisão, e na tela de computador ou celular.
4 MÍDIA E OPINIÃO PÚBLICA NO BRASIL
Nas últimas décadas, os meios de comunicação vem ampliando-se, e devido a isto, seus expectadores tornam-se cada vez mais influenciados, principalmente quando veiculam notícias sobre crimes dolosos contra a vida. Fato é, que a liberdade de imprensa é um direito fundamental, defendido na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso IX,o qual prevê que a “livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, instituindo-se como premissa indispensável à manutenção do próprio regime democrático”. 
Assim sendo, é preciso analisar o poder de influência da mídia quando esta divulga reportagens que envolvem matéria penal e/ou processual penal.Nota-se que o problema está na maneira como estas informações rápidas, e sem nenhum critério ou análise são veiculadas pelos meios de comunicação. Em muitos casos, a imprensa é parcial e sensacionalista, e sob a proteção do direito à liberdade de imprensa utiliza notícias como meio de manipular a opinião pública, com o intuito apenas de lucrar a partir da audiência obtida. 
A relação entre informação x formação de opinião, ou ainda, liberdade de imprensa e imparcialidade dos veredictos penais, é sobretudo, incoerente. É nítido como os meios de comunicação influenciam a percepção que o público possui de certas questões e condicionam de maneira relevante as decisões sociais e políticas. Percebe-se que se, por um lado, a mídia possui um papel importante na sociedade, já que sua atuação possibilita o acesso à informação, de outro, quando veicula informações que faltam com a verdade dos fatos, faz com que as pessoas acreditem fielmente naquilo que ouvem e veem, transformando o discurso social único, propagando visões de mundo e modos de vida como entendem.
Quando tomam ciência de determinados crimes, a mídia prontamente exerce, de maneira significativa, pressão sobre o poder judiciário, no sentido de que deve haver sem ponderações a condenação do acusado, para que todos se sintam seguros. A presença da mídia evidencia-se nestes tipos de casos, e como observa Marília Budó:
 Os acontecimentos negativos costumam ter um grau de noticiabilidade incomparável. [...] Os crimes, dentre os acontecimentos negativos, possuem características ainda mais interessantes. Propiciam a busca por um culpado, contra quem a sociedade possa se voltar, ao mesmo tempo em que geram uma trama por vezes digna da ficção, com direito a novos capítulos a cada dia. Violência e crime costumam estar, portanto, no topo de todos os valores-notícia (BUDÓ, 2007, p. 10). 
Deste modo, a maneira como as informações são veiculadas gera preocupação, pois isso permite a formação de pré-julgamentos, até mesmo antes das autoridades competentes investigarem o caso. A chamada “opinião pública”, que de acordo com Souza “teve origem na necessidade de se libertar a política dos vínculos com a verdade, que estavam embasados no direito natural difuso na antiga Europa” (SOUZA, 2010, p. 91), exerce comoção social. 
Assim, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, concomitantemente, passou a existir uma imagem estereotipada do sujeito propenso ao cometimento de delitos. O papel da mídia está para além da prestação de informações imparciais, pois o objetivo é causar a maior repercussão possível. Ao visualizar neste tipo de matéria jornalística a possibilidade de mobilização dos leitores, a mídia usa dos seus meios para instigá-los a investigar e solucionar estes impasses através de métodos punitivos, que nem sempre são, do ponto de visto ético e jurídico, corretos. 
É certo que determinados telespectadores possuem preferência por notícias que dizem respeito aos crimes contra a vida, há também ‘gosto’ dos meios de comunicação por notícias criminais, assim a aceitação daqueles dá subsídio à existência destes, passando “a ‘opinião pública’ a constituir-se em ‘opinião mediada’” (SOUZA, 2010, p. 93). Portanto, essa aproximação dos fatos à realidade através das informações veiculadas, que é feita pelo livre acesso às notícias, causa problemas ao sistema penal. Entende-se o termo “opinião pública” como sendo “o juízo coletivo adotado e exteriorizado no mesmo direcionamento por um grupo de pessoas com expressiva representatividade popular sobre algo de interesse geral”. (NERY, 2010, p. 32).
Neste sentido, Budó expõe: 
o discurso da manipulação orienta-se por uma redutora utilização da categoria marxista de ideologia, que lhe retira a perspectiva dialética: como se sabe, em Marx a ideologia é produto de interesses particulares que se fazem passar pelo interesse de todos, “mas essa ilusão engloba o próprio público. Dessa forma, a análise marxista não separa, pura e simplesmente, as ideias de quem produz a informação e as de quem recebe (ou ‘sofre’), porém o discurso da manipulação simplifica as coisas ao pensar a dominação jornalística como um entrave à manifestação do público, que estaria ‘a salvo’ da ideologia, ‘o que seria uma aberração para a visão marxista do mundo social’ (BUDÓ, 2014, p. 66).
Vemos a mídia como amplo espaço de comunicação, aquela que transmite realidades fáticas, formatadora do conhecimento a ser reproduzido nas demais esferas sociais, qual não atinge apenas pessoas no convívio comum, mas também os jurados escolhidos para o ato da audiência, realizadas no Tribunal do Júri. 
Nos casos de crimes contra a vida, que geram grande repulsa nas pessoas, quando o inquérito policial, ou o processo penal, ainda estão se desenvolvendo, a mídia se revela um inimigo ao processo legal. Ocorre um processo de “implantação do medo”, e uma tentativa de tornar o Tribunal do Júri como uma ‘instituição justiceira’’(SOUZA, 2010, p. 94). É claro, portanto, que a mídia não pode ser a fonte principal de formação da opinião pública, tampouco “determinar o modo como as instituições democráticas devem exercer os princípios democráticos” (SOUZA, 2010, p. 97). É certo que os meios de comunicação reproduzem de forma dramática os problemas sociais, e assim gera consequências significativas para o exercício da democracia nos julgamentos, que deixa de ser exercida quando há essa reprodução. 
É temeroso, da mesma forma, apoiar as atitudes do Estado em sintonia com a opinião pública, como demonstra mais uma vez Carvalho “é importante verificar também que o Estado sempre esteve sintonizado com a opinião pública e com o que hoje designamos “dramatização do crime” ou “dramatização da violência” (CARVALHO, 2003, p. 231)”. Ou ainda, segundo Silva Sánchez conclui que “também as próprias instituições públicas de repressão da criminalidade transmitem imagens oblíquas da realidade, que contribuem com a difusão da sensação de insegurança”(SANCHES, 2013, p.49). 
Tal discurso midiático propicia, sem dúvida, muitos danos à coletividade e ao indivíduo, pois é ele um dos fatores que deslegitima o sistema penal, fomentando ampliada sensação de impunidade, que diversas vezes, pede por respostas provindas do autoritarismo e da arbitrariedade, já que a pena capital encontra defensores fiéis e a tortura banaliza-se através de linchamentos a delinquentes ou suspeitos por populares ou até mesmo dentro do próprio sistema policial, vejam-se as inúmeras denúncias, processos reformados e nulidades de confissões colhidas no âmbito de inquéritos e, posteriormente retificadas no processo judicial. 
Nos casos de crimes contra a vida a súplica popular é maior face a outros crimes, devido a isso criou-se um novo formato de programas de tv com teor policial em diversos canais, fomentando um ódio cego ao crime e ao criminoso, gerando na sociedade sede por justiça, que se idealiza em forma de vingança.
Assim, Arianne Nery expõe:
A atuação política desempenhada pelos órgãos da mídia, através da exploração sensacionalista na divulgação de suas notícias sobre crimes, criminosos, e processos penais, origina necessariamente a formação de uma opinião favorável a políticas repressivas, desgastadas insistindo na aplicação rigorosa de um direito penal simbólico, emergencial e fracassado. (NERY, p.54, 2010)
 A atuação política desempenhada pelos órgãos da mídia, através da exploração sensacionalista na divulgação de suas notícias sobre crimes, criminosos, e processos penais, origina necessariamente a formação de uma opinião favorável a políticas repressivas, desgastadas insistindo na aplicação rigorosa de um direito penal simbólico, emergencial e fracassado. 
Deste modo, todos os direitos e garantias são excluídos, e substituem-se por desejo de pena perpétua e morte aos acusados. A partir disto, não existe presunção de inocência, já que grande parte dos telespectadores já foi contaminada por informações distorcidas. Não se realiza um julgamento a partir de conclusões precipitadas, haverá apenas uma aparentesatisfação popular diante da ignorância acerca dos direitos e garantias, no momento em que condena sem julgar o indivíduo já selecionado e etiquetado pelo sistema penal. A construção social da criminalidade e do criminoso, entendidas na criminologia social, atravessa pelas instâncias de comunicação e linguagem, e é marcante o papel da mídia na manipulação dos relatos que influenciam a opinião pública. 
Nucci (1999, p.104) corrobora:
O Juiz leigo [...], vai decidir, no júri, por íntima convicção, sem dar seus motivos e sem, necessariamente, vincular-se à lei. Daí porque é extremamente sensível à opinião pública. (...). Eis por que é maléfica a atuação da imprensa na divulgação de casos sub judice, especialmente na esfera criminal e, pior ainda, quando relacionados ao Tribunal do Júri. Afinal, quando o jurado se dirige ao fórum, convocado para participar do julgamento de alguém, tomando ciência de se tratar de “Fulano de Tal”, conhecido artista que matou a esposa e que já foi “condenado” pela imprensa e, consequentemente, pela “opinião pública”, qual isenção terá para apreciar as provas e dar o seu voto com liberdade e fidelidade às provas?
Isto posto, é utópico implantar um conselho de sentença totalmente imparcial pois, se for grande a repercussão do fato criminoso, é comum que se priorize o papel do acusado divulgado pela mídia do que os fatos apresentados no processo.
Joaquim Falcão, em um artigo intitulado “A imprensa e a Justiça”, publicado no jornal “O Globo”, de 06 de junho de 1993 bem esclarece a respeito: 
Ser o que não se é, é errado. Imprensa não é justiça. Essa relação é um remendo. Um desvio institucional. O Jornal não é fórum. Repórter não é juiz. Nem editor é desembargador. E, quando, por acaso, acreditam ser, transformam a dignidade da informação na arrogância da autoridade que não têm. Não raramente, hoje, alguns jornais, ao divulgarem a denúncia alheia, acusam sem apurar. Processam sem ouvir. Colocam o réu, sem defesa, na prisão da opinião pública. Enfim, condenam sem julgar (FALCÃO, 1993, p.01).
4.1 A FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA NOS CASOS DE GRANDE REPERCUSSÃO 
Ao longo da nossa história, a mídia sempre contribuiu de maneira subjetiva para construção dos indivíduos. A mídia possui poder sobre o povo, porém quando ela percebe que determinado crime pode gerir produtos rentáveis, começa a partir então a dramatização da situação.
Segundo Greco: 
O convencimento é feito por intermédio do sensacionalismo,da transmissão de imagens chocantes, que causam revolta e repulsa no meio social. Homicídios cruéis, estupros de crianças, presos que, durante rebeliões, torturam suas vítimas, corrupções, enfim, a sociedade, acuada, acredita sinceramente que o Direito penal será a solução para todos. (GRECO,2011,p.13).
Assim, Souza ressalta sobre o papel da mídia: ”O escopo dos meios de comunicação em massa é tocar a sensibilidade do público [...](SOUZA, 2010, p.85).”
Os jornais televisivos começam a fazer reconstrução do crime, e repetem por diversas vezes, até conseguirem formar uma opinião pública.Veremos alguns casos que chocaram o país e foram de grande repercussão, os quais a mídia atuou fortemente para formar a opinião da sociedade, que ocorreram no Brasil nos últimos anos.
Ocorreu em 2008 o caso de Isabella Nardoni, uma menina de 05 anos que foi morta, e jogada do sexto andar de onde morava com o pai e madrasta. O pai e a esposa eram os principais suspeitos, ambos foram a júri popular, sendo condenados. No entanto, o que se deve frisar é que os acusados já entraram na sala de audiência julgados e condenados pela mídia e clamor social. Este caso obteve muitas manchetes e fora noticiado durante dias e até semanas. O excesso do noticiário adentrava com um turbilhão de informações sensacionalistas na casa dos telespectadores, quais influenciaram o senso comum e condenaram previamente os acusados antes do Tribunal do Júri. Alexandre foi condenado a pena de 31 anos, 01 mês e 10 dias de reclusão, Ana Carolina, foi condenada a 26 anos e 08 meses de reclusão. E ambos a mais 08 meses de detenção. 
Em outubro de 2008, houve o caso de Eloá Cristina, o sequestro em cárcere privado mais longo registrado pela polícia do estado de São Paulo e que obteve alcance nacional e internacional dos meios de comunicação. Lindemberg, era ex-namorado da vítima e invadiu a casa da adolescente a mantendo em cárcere junto com sua amiga Nayara. Durante horas foram várias tentativas negociações, que foram inúteis, os policiais do Estado de São Paulo resolveram invadir o apartamento e entraram em confronto com o sequestrador, e o mesmo atirou e matou a vítima e causou lesão em Nayara. Houve transmissão ao vivo do caso em canais televisivos o que causou grande repercussão e chocou o país. O Tribunal do Júri, que como população e sociedade acompanharam todo o processo de investigação pela mídia e compareceu para com sede de “justiça”, o que gerou a condenação de Lindemberg a 98 anos e 10 meses de reclusão.
Outro caso a ser relatado é o do desaparecimento e morte da jovem Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno. A jovem lutava na justiça pelo reconhecimento da paternidade do filho, que ela dizia ser de Bruno. De acordo com o inquérito policial, Eliza foi forçada a ir para Minas Gerais, onde foi mantida em cativeiro e posteriormente morta a mando do goleiro, tendo o plano sido executado por outros envolvidos no caso. Entretanto, nenhum vestígio do corpo de Eliza foi encontrado até hoje. Bruno, goleiro do Flamengo na época, foi de ídolo a criminoso em pouquíssimos dias. Assim, como todos os outros crimes citados anteriormente, julgado e condenado pela sociedade antes mesmo de qualquer sentença penal condenatória. No decorrer do caso, é notória a presença e influência da pressão popular nos autores do caso, já que era manchete de vários jornais, e noticiado várias vezes durante o decorrer das investigações. Assim, fica claro que a propagação de notícias fantasiosas sobre crimes de grande repercussão social gera um processo paralelo, de juízo de valor manipulado pela mídia, e que pode vir a causar consequências e injustiças sociais. Bruno Fernandes, o principal foco da mídia, por ter sido goleiro de um clube de futebol famoso, foi condenado a 22 anos de reclusão.
A repercussão da mídia brasileira é tão ampla, que há casos de repercussão até em territórios internacionais, como foi o caso da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, que foi assassinada a tiros ano passado, juntamente com seu motorista Anderson. O motivo não se sabe ainda por se tratar de um crime recente e que está sobre investigação do poder judiciário, mas a mídia já se encarregou de transmitir, como por exemplo, a revista online EXAME (2018), que traz em uma de suas matérias a seguinte manchete: “Jungmann: Principal hipótese para caso Marielle Franco é atuação de milícias”. Nada se sabe de concreto a respeito desse crime, o que temos são informações extra-oficiais, mas que são transmitidas como oficiais.O crime ainda se encontra sob investigação e não houve julgamento, porém há diversos rumores sobre prováveis culpados, nos quais a mídia transmite como verdadeiros.
Diante dos casos apresentados no presente trabalho percebe-se a efetividade do sensacionalismo nas notícias que tenham vínculo a atos do âmbito criminal.
5 CONCLUSÃO
Através do que foi abordado e estudado neste trabalho, pode-se observar a relevância da mídia para a sociedade, não só com seu papel de informar, mas também como formadora de opinião. A mídia no Brasil, tem tido uma preferência para divulgar notícias criminais, pois estes são de alta audiência, no entanto junto com essas notícias são difundidos valores que buscam segregar determinados grupos sociais, produzindo o chamado “etiquetamento”, que foi explorado no trabalho. como se esta fosse a solução à criminalidade.
Vem existindo ao longo dos anos crimes midiáticos de grande repercussão, que acaba por realizar um pré-julgamento social dos indivíduos que podem chegar a ir a um julgamentojudicial, porém já estão julgados antecipadamente pela sociedade. Percebe-se que há no Brasil uma necessidade de controle midiático, devido a publicidade desenfreada e irresponsável. 
Em consequência, a opinião pública é formada com base em tudo que lê e assiste e resulta em desejo de vingança. A população alimenta sua indignação e sente-se atuante ao legitimar as punições midiáticas que as “burocracias” judiciais retardam, aos jurados convencidos de toda essa realidade, não restam dúvidas, convictos da decisão, lavam a alma trancafiando mais uma “mazela social” irrecuperável ao convívio. Ao Juiz Presidente, consciência limpa, a decisão foi democrática, tudo o que lhe atribuíram foi cumprido com lisura, o veredicto é soberano. Para a acusação, o orgulho do dever cumprido.
É importante ressaltar que não se fala de restrição da divulgação jornalística no direito penal, pois é importante a informação para a sociedade, até mesmo para que haja uma fiscalização aos órgãos públicos jurisdicionais, no entanto, que essas informações sejam publicadas com cautela e verdade, visando a proteção aos direitos assegurados ao que passará por um julgamento processual. Nada que se compare a censura, mas um controle que encontre uma proporcionalidade entre o direito de informação, de liberdade de expressão e a garantia ao devido processo legal e ao princípio da presunção de inocência sem que haja prejuízos irreparáveis. 
Entretanto, é preciso que a imprensa possa ser responsabilizada por seus atos de forma que todos possam ter conhecimento de tal fato, a ponto de ser questionado esse tipo de jornalismo sensacionalista. Além disso, crimes que alcançam grande publicidade podem influenciar diretamente nas sentenças criminais, haja vista a necessidade de acalmar e atender o clamor público, que por ora já julgou, sentenciou e condenou, ficando o encarcerado sujeito a pagar um preço mais alto do que o previsto.
REFERÊNCIAS
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